Cultura Do Pequizeiro
Cultura Do Pequizeiro
Cultura Do Pequizeiro
ORIGEM
O fruto do pequizeiro apresenta gosto inconfundível, tendo seu nome ligado às suas
características botânicas, e etimologicamente ligado à língua tupi: py = casca e qui = espinho.
O pequizeiro distribui-se por quase 2.000 municípios. Estima-se que cerca de 40.000
coletores sobrevivam do extrativismo de seus frutos (KERR et al., 2007), representando uma
importante atividade econômica geradora de renda e emprego (FERNANDES et al., 2004;
SILVA; MEDEIROS FILHO, 2006).
Segundo Lorenzi (2002) o pequi é o fruto do pequizeiro (Caryocar brasiliensis),
árvore que possuir grande valor econômico a mais abundante dentre as nativas do cerrado.
No Brasil, sua distribuição geográfica se estende pelas cinco regiões do país,
ocorrendo nos estados da Bahia, Maranhão, Ceará, Pará, Piauí, Tocantins, Distrito Federal,
Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo
(BRASIL, 2012a). O pequizeiro tem ocorrência natural no cerradão distrófico e mesotrófico,
cerrado denso, cerrado stricto sensu e cerrado ralo. Essas formações do Cerrado estão
tipicamente em solos de baixa fertilidade natural, profundos e bem drenados, em regiões de
muita luminosidade, com estação seca bem definida, sob clima tropical. Além do bioma
cerrado, o pequizeiro ocorre também nos biomas mata atlântica e pantanal, em regiões de
clima subtropical, porém com menor frequência de indivíduos (CARVALHO, 2008; VIEIRA;
CAMILLO; CORADIN, 2018).
fósforo, ferro e cobre. O pequi é fonte de fibra. O consumo da polpa melhora os quadros
de constipação, cólicas e desconfortos gastrointestinais, a importância do pequi na redução
dos radicais livres, formadores de doenças crônicas, inflamatórias e até o no tratamento do
câncer. (VERA et al., 2005, OLIVEIRA et al., 2008).
As frutas nativas na região Centro-Oeste, assim como o pequizeiro se revestem de
grande importância social, sendo utilizadas tradicionalmente pela população local. Contudo,
estas espécies ainda não fazem parte do agronegócio brasileiro, devido a fatores
socioculturais, a exploração extrativista e desconhecimento de sua qualidade para utilização
(AGOSTINI-COSTA et al., 2010). O pequi consumido no país é advindo majoritariamente de
produção extrativista e o cultivo desta espécie é ainda incipiente, pela falta de manutenção de
programas de pesquisa em todo segmento de produção, dentre outros fatores (NAVES,
NASCIMENTO E SOUZA, 2010).
A exploração de frutos do Cerrado é importante para a renda familiar da comunidade
rural, ela pode representar até 57% da renda anual do trabalhador, o que corresponde a 500
reais por safra. No caso de Goiás a renda obtida com a venda do pequi corresponde de 2 a
80% da renda do agricultor familiar (GOMES, 2000; OLIVEIRA, 2006).
O pequi, além de prover serviços ecossistêmicos, faz parte das tradições e cultura da
população rural, utilizado na culinária e também como um fruto compropriedades medicinais
(BRASIL, 2016; BRASIL, 2019). Por esses motivos é considerada uma árvore protegida, o
que garante que a mesma não seja cortada e nemcomercializada, conforme a Portaria n.
54/1987 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBDF), hoje Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio) (BRASIL, 2016). No Estado de Goiás, a aprovação
do Projeto de Lei n 1519/2016 tornou o pequizeiro árvore símbolo do cerrado. Assim, torna-
se necessária o manejo sustentável do pequizeiro, o que possibilitaria o seu uso como produto
florestal não- madeireiro (PFNM).
VARIEDADES
O gêneroCaryocar, segundo Franco et al. (2004) possui 16 espécies, das quais, 12 são
encontradas no território brasileiro. A espécie de maior presença no Cerrado do Planalto
Central é C. brasilienseCamb., dividida em duas subespécies: C. brasiliensesubsp.
Brasiliense, de porte arbóreo e com ampla distribuição, e C. brasiliensesubsp. Intermedium,
de porte arbustivo, com ocorrência restrita a algumas partes desse ecossistema (SILVA et al.,
2001)
Diversas espécies do gênero Caryocarsão conhecidas popularmente pelos nomes de
pequi, piqui, piqui-docerrado, amêndoa-de-espinho, grão-de-cavalo, pequiá. A espécie de
maior incidência no Brasil é o Camb, porém C. villosum, C. coriaceum, C. barbinerve, C.
crenatum e C. edulis também são encontradas no país(HERINGER, 1962; ALMEIDA &
SILVA, 1994; ARAÚJO, 1995; MACEDO, 2005).
PROPAGAÇÃO
As mudas podem ser propagadas por via sexuada (Bernardes et al., 2008; Naves et al.,
2010) ou assexuada (Pereira et al., 2002; Pereira et al., 2006), porém existe o predomínio do
plantio por sementes.
As sementes do pequizeiro apresentam taxa e velocidade de emergência reduzida que
dificultam a propagação em viveiros, aumentando o custo de produção das mudas e,
principalmente, prejudica o planejamento dos plantios definitivos (SILVA e LEONEL, 2017).
Em condições normais, os pequizeiros, quando oriundos de propagação sexuada
(sementes), entram em produção de cinco a dez anos após o plantio no campo, dependendo
das condições ambientais e dos tratos culturais recebidos (Naves et al., 2010). O cultivo do
pequizeiro exige técnicas adequadas de propagação, para assim obter uma produção
sustentável e com mudas de qualidade, possibilitando assim uma padronização comercial
(PEREIRA et al., 2002).
Através da propagação via sexuada Guimarães et al (2019) afirmam que a propagação
do pequi por estaquia é viável, desde que mantidas as folhas e que se obtenha estacas de
plantas jovens. PEREIRA et al (2002) avaliaram diferentes técnicas de enxertia para produção
de mudas, obtendo 60% de índice de pegamento por garfagem lateral à inglesa simples e 90%
por borbulhia de placa sem lenho e com janela aberta.
EXIGENCIAS CLIMATICAS
SOLO
NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO
IMPLEMENTAÇÃO DA CULTURA
TRATOS CULTURAIS
Apesar das informações relativas ao plantio e aos tratos culturais do pequizeiro serem
ainda incipientes, vale ressaltar algumas recomendações em relação à condução das plantas
nativas no ambiente de ocorrência bem como para a implantação de pequenos pomares.
Plantas nativas: a) Melhorar as condições para conservação da diversidade de tipos de
pequizeiro a campo, incluindo o manejo adequado de unidades de conservação públicas e
privado, para permitir a propagação natural das populações; b) nas áreas manejadas para
coleta de frutos, manter uma cobertura de espécies arbóreas em cerca de 50%, permitindo a
adequada insolação das plantas para garantir uma boa produção (Santana e Naves, 2003;
Rosa, 2004; Ferreira et al., 2015),
INSETOS-PRAGAS
A maioria das plantas de pequizeiro sofre intenso ataque por insetos que causam danos
aos troncos, folhas, flores e frutos, limitando e comprometendo sua produção. Existem várias
informações sobre insetos associados ao pequizeiro em condições naturais (Naves et al.,
2010).
A broca dos frutos do pequizeiro Carmentasp. (Lepidoptera: Sesiidae) é uma séria
praga, pois a lagarta penetra no fruto até a semente, alimentando-se do embrião, tornando os
frutos imprestáveis para o consumo. Os frutos mais atacados são os mais jovens, sendo mais
comum encontrar uma só lagarta em seu interior (Lopes et al., 2003).
As formigas cortadeiras constituem uma importante praga do pequizeiro, podendo
atacar as plantas no campo e mudas em viveiros (Macedo, 2005). Ferreira (2007) observou
grande quantidade de pequizeiros totalmente desfolhados decorrente do ataque de formigas e
identificou diversas espécies de formigas forrageadoras, Camponotussp, Cephalotessp,
Pachycondylavillosa, Pseudomyrmexsp, Tapinomasp e Zacryptocerussp, interagindo com a
planta do pequizeiro.
COLHEITA
BENEFECIAMENTO
Durante o período da colheita são apanhados diariamente os frutos que caem ao solo,
sendo ensacados e colocados em pontos de embarque para serem transportados por caminhão,
se possível no mesmo dia (FERREIRA, 2007).
Os frutos destinados à indústria, muitas vezes percorrem distâncias menores que, em
sua maioria, estão localizadas próximas às regiões de produção. Um dos gargalos da produção
sustentada de frutos oriundos de plantas nativas de pequi é justamente a coleta de frutos
indiscriminada, comprometendo a renovação das populações de plantas e sobrevivência de
muitos animais silvestres (FERREIRA, 2007).
CONSERVAÇÃO PÓS-COLHEITA
COMERCIALIZAÇÃO
Normalmente, o período entre a coleta dos frutos no chão e o transporte até as centrais
de abastecimento, demora de dois a três dias e são vendidos em locais abertos, beira de
estrada (FERREIRA, 2007).
Após a colheita dos frutos, o aproveitamento alimentar do pequi, seu uso de maior
destaque, compreende uma extensa lista de receitas da culinária regional, em que se aproveita
não só a polpa, como também o óleo e as amêndoas nas preparações; a exemplos, arroz e
carnes com pequi, farofas, molhos, doces e licores. É um alimento difundido em especial no
Centro-Oeste, compondo pratos típicos e, em geral, de grande aceitação (CARVALHO, 2008;
ALMEIDA, 1998).
A partir da polpa também é extraído o óleo de pequi, utilizado na culinária e na
produção de sabão com potencial para lubrificantes e biocombustível. A castanha ou amêndoa
é consumida em farofas ou doces in natura ou torrada (SANTOS et al., 2013).
O fruto pode ser utilizado na alimentação de animais domésticos, é palatável para
ovinos, suínos e bovinos, os quais se alimentam também das folhas. É fonte de alimento em
especial para animais silvestres, como veados, araras e cutias, sendo o marsupial
Didelphisalbiventris e o corvídeo Cyanocoraxcristatellus os principais vetores de dispersão
dos frutos e sementes (CARVALHO, 2008; ALMEIDA; SILVA, 1994).
Na medicina popular regional, é disseminada a utilização do óleo do pequi para tratar
doenças do aparelho respiratório, como bronquite e gripes (ALMEIDA; SILVA, 1994).
Pesquisas com óleo da polpa de pequi em experimentos com animais têm apresentado efeitos
antioxidante, anti-inflamatório, cardioprotetor, hepatoprotetor e anticarcinogênico
(NASCIMENTO-SILVA; NAVES, 2019).
Recentemente, estudos realizados por Antunes et al. (2006) apontam ainda o óleo do
pequi como adequado para a produção de biodiesel.