O Uso Do Chat GPT No Processo de Ensino e Aprendizagem

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 19

O USO DO CHAT GPT NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM: VILÃO

OU ALIADO?

THE USE OF GPT CHAT IN THE TEACHING AND LEARNING PROCESS: VILLAIN OR
ALLY?

JOSIANE LUIZA DA SILVA


UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

MARCELO AGENOR ESPÍNDOLA


FACULDADE DE NOVA SERRANA (FANS)

FREDERICO CESAR MAFRA PEREIRA


UFMG

Agradecimento à orgão de fomento:


Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG).

Anais do XI SINGEP-CIK – UNINOVE – São Paulo – SP – Brasil – 25 a 27/10/2023


O USO DO CHAT GPT NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM: VILÃO
OU ALIADO?

Objetivo do estudo
O estudo teve como objetivo identificar a percepção do uso do Chat GPT® junto aos públicos
envolvidos nos processos de ensino e aprendizagem, tendo como proposta identificar em que medida o
Chat GPT® pode colaborar ou comprometer os processos de ensino.

Relevância/originalidade
Contribuição para o conhecimento científico por meio de uma abordagem teórico-empírica, o que
possibilita a reflexão sobre a temática em questão de forma mais aprofundada. Na dinâmica
operacional por oferecer uma avaliação quanto ao uso do Chat GPT® no processo de ensino.

Metodologia/abordagem
Estudo de caso de natureza descritiva e caráter qualitativo Para tanto aplicou-se um roteiro de
entrevistas junto aos docentes e discentes dos cursos de engenharia da UEMG. Após a coleta os dados
foram analisados por meio da análise de conteúdo.

Principais resultados
Os resultados permitiram compreender a contribuição da ferramenta no processo educacional. Como
aspectos positivos destacaram a facilidade de acesso às informações e ganho de tempo. Quanto às
limitações, destacaram-se a falta de fonte da informação e a solução de cálculos avançados.

Contribuições teóricas/metodológicas
Como contribuição teórica, colabora para a ampliação do campo de estudos e melhor compreensão da
aplicação do Chat GPT no processo de ensino e aprendizagem associados aos cursos de engenharia.
Como contribuição prática permitiu compreender aspectos contributivos e limitantes do Chat GPT.

Contribuições sociais/para a gestão


Como contribuição prática, consolida a aplicação da ferramenta como instrumento colaborativo no
âmbito educacional, e não como substituição às práticas pedagógicas já implantadas Sua dimensão
construtiva permite a ampliação dos estudos da ferramenta, sobretudo por se tratar de uma temática
nova.

Palavras-chave: Inteligência Artificial, Chat GPT, Ensino e Aprendizagem

Anais do XI SINGEP-CIK – UNINOVE – São Paulo – SP – Brasil – 25 a 27/10/2023


THE USE OF GPT CHAT IN THE TEACHING AND LEARNING PROCESS: VILLAIN OR
ALLY?

Study purpose
The study aimed to identify the perception of the use of the Chat GPT® among the public involved in
the teaching and learning processes, with the aim of identifying to what extent the Chat GPT® can
collaborate or compromise the teaching processes.

Relevance / originality
Contribution to scientific knowledge through a theoretical-empirical approach, which makes it
possible to reflect on the subject in question in more depth. In operational dynamics for offering an
evaluation regarding the use of Chat GPT® in the teaching process.

Methodology / approach
Descriptive and qualitative case study For that purpose, a script of interviews was applied to
professors and students of engineering courses at UEMG. After collecting the data, they were analyzed
using content analysis.

Main results
The results allowed understanding the contribution of the tool in the educational process As positive
aspects, they highlighted the ease of access to information and saving time As for the limitations, the
lack of source of information and the solution of advanced.

Theoretical / methodological contributions


As a theoretical contribution, it contributes to the expansion of the field of studies and a better
understanding of the application of Chat GPT in the teaching and learning process associated with
engineering courses.

Social / management contributions


As a practical contribution, it consolidates the application of the tool as a collaborative instrument in
the educational field, and not as a replacement for pedagogical practices already implemented.

Keywords: Artificial Intelligence, Chat GPT, Teaching and learning

Anais do XI SINGEP-CIK – UNINOVE – São Paulo – SP – Brasil – 25 a 27/10/2023


O USO DO CHAT GPT NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM: VILÃO
OU ALIADO?

1. Introdução

A inteligência artificial (IA) está promovendo grandes e significativos impactos na vida


do ser humano, transformando a forma de desenvolvimento de suas tarefas e interação com
outras tecnologias. Ela consiste em um conjunto de algoritmos e técnicas que permitem às
máquinas o aprendizado e o desempenho de tarefas que normalmente requerem inteligência
humana (Silva, 2019; Garcia, 2020). Na mesma linha, Lobo (2018) sustenta que a IA pode ser
entendida como um ramo da ciência da computação que se propõe a desenvolver sistemas que
simulem a capacidade humana na percepção de problemas, sobretudo na identificação de
componentes e tomada de decisões. O autor afirma que esses sistemas são capazes de executar
tarefas sem a intervenção instrucional humana, evidenciando os robôs que desenvolvem
movimentos e ações por meio de uma programação computadorizada. Neste sentido, a IA tem
a capacidade de propor ações e auxiliar nas tomadas de decisões, com base na estratégia,
algoritmos e volume de dados. Identifica-se a aplicação da IA na logística, com o
impulsionamento de veículos autônomos sem a necessidade de intervenção humana, na
medicina, com o amplo uso em diagnósticos, análise de imagens, descoberta de medicamentos
e cirurgias assistidas por robôs, no processo de comunicação, com o uso em larga escala dos
assistentes virtuais, como chatbots e assistentes de voz, e nos serviços financeiros, para
automatizar processos, detectar fraudes, realizar análises de crédito e oferecer recomendações
personalizadas aos clientes (Lobo, 2018).
Na educação, a aplicação da IA tem se evidenciado como uma tendência promissora
com grande potencial de transformar significativamente os métodos de ensino e aprendizagem.
Um dos benefícios desta aplicabilidade consiste na capacidade de personalizar o ensino para
atender as necessidades discentes. Com a utilização de algoritmos de machine learning e análise
de dados, emerge a oportunidade de criação de sistemas educacionais inteligentes capazes de
adaptar conteúdos e metodologias de acordo com as características, ritmo e desempenho de
cada aluno. Esta personalização torna a experiência de aprendizagem mais efetiva e envolvente,
alcançando os objetivos propostos (Webber, Flores & Fracasso, 2021; Santos, Lúcio, Barbosa,
Barreto, Alberti, Silva, Joerke, Plácido, Plácido & Saraiva, 2023).
Avançando na dinâmica educacional, a IA também desempenha um importante papel
nos processos de avaliação e feedback aos alunos, trazendo eficiência e precisão nestas tarefas.
A utilização de sistemas de correção automática de provas e atividades permite que os
professores otimizem tempo, oportunizando maior dedicação à elaboração de atividades e ao
acompanhamento do progresso dos alunos. No entanto, vale ressalvar que o uso desta
tecnologia também traz desafios. É fundamental considerar as implicações sociais e éticas dessa
automação para garantir a equidade e evitar discriminação ou exclusão, além do investimento
em infraestrutura e capacitação docente, garantindo a utilização plena dos recursos tecnológicos
(Vanlehn, 2011; Santos et. al. 2023). Santos et. al. (2023) ratificam que a aplicação da IA no
ambiente educacional consiste numa tendência promissora, com o potencial de transformar o
processo de aprendizagem e desenvolvimento pessoal, sendo fundamental o uso responsável e
adequado das ferramentas disponíveis. a fim de criar ambientes de aprendizagem mais
inclusivos, interativos e eficientes, atendendo às expectativas dos envolvidos.
Com os avanços da IA, emerge a ferramenta de processamento de linguagem natural
denominada Chat GPT® (Generative Pre-Trained Transformer). Radford, Narasimhan,
Salimans e Sutskever (2018) sustentam que a ferramenta é capaz de gerar textos de forma
autônoma e ampla variedade, abrangendo desde notícias e resenhas de produtos, até poesias e

__________________________________________________________________________________________
Anais do XI SINGEP-CIK – UNINOVE – São Paulo – SP – Brasil – 25 a 27/10/2023 1
diálogos. O modelo é treinado a partir de uma grande quantidade de dados de texto. Esta ação
permite que a ferramenta desenvolva a capacidade de produzir textos de forma coerente e coesa,
além de reconhecer padrões. O excesso de dados não rotulados sobre os quais a ferramenta é
treinada permite o aprendizado da linguagem natural sem intervenção de registros manuais. De
acordo com Brown et. al. (2020), o Chat GPT® é capaz de executar uma extensa variedade de
tarefas relacionadas ao processamento de linguagem natural. Essas tarefas incluem tradução
automática, resumo automático de texto, geração de texto, preenchimento de lacunas em textos,
entre outras. Além disso, o modelo pode ser adaptado para desempenhar funções específicas,
como os chatbots para atendimento ao cliente, assistentes virtuais e análise de sentimentos em
redes sociais. Essa flexibilidade do modelo permite sua aplicação em diversas áreas, fornecendo
soluções eficientes e adaptadas às necessidades específicas de cada contexto.
A partir de todo o contexto supracitado surgem duas realidades distintas. No campo da
literatura, enquanto Ouyang, Zheng e Jiao (2022) sustentam que o Chat GPT® pode ser uma
plataforma eficaz para o desenvolvimento de habilidades de escrita, leitura e comunicação,
Blikstein e Blikstein (2021) evidenciam a preocupação legítima em relação ao impacto da
dependência excessiva de tecnologias inteligentes na criatividade e habilidade crítica dos
alunos, tornando-os passivos em relação ao processo de aprendizagem. Diante destes cenários
opostos, emergem algumas questões reflexivas que motivam este estudo: Qual a percepção do
uso do Chat GPT® pelos públicos envolvidos nos processos de ensino e aprendizagem? Os
envolvidos nos processos de ensino e aprendizagem percebem a ferramenta como um ‘vilão’
ou como ‘aliado’? Em que medida o Chat GPT® pode colaborar ou comprometer os processos
de ensino e aprendizagem?
Diante desta inquietude, este paper teve como objetivo identificar a percepção do uso
do Chat GPT® junto aos públicos envolvidos nos processos de ensino e aprendizagem. A
relevância deste estudo reside na sua contribuição para o avanço do conhecimento científico
por meio de uma abordagem teórico-empírica, o que possibilita a reflexão sobre a temática em
questão de forma mais aprofundada e significativa. Ressalta-se ainda que, devido ao caráter
relativamente novo dessa temática, há uma carência de literatura de impacto, sobretudo no
âmbito brasileiro. Este cenário abre espaço para inúmeras possibilidades e recortes de pesquisa.
Na dinâmica educacional, justifica-se por oferecer aos envolvidos e demais interessados a
oportunidade de autoavaliação e benchmarking comparativo, quanto ao melhor método de uso
da ferramenta Chat GPT® no processo de ensino e aprendizagem. Para tanto, realizou-se uma
pesquisa descritiva de natureza qualitativa, tendo como unidade de análise a Universidade
Estadual de Minas Gerais (UEMG) - Campus Divinópolis – MG. Para a coleta dos dados
aplicou-se um roteiro de entrevistas semiestruturado junto aos docentes e discentes, a fim de
avaliar a percepção sobre a ferramenta Chat GPT®, bem como identificar possíveis
oportunidades e desafios. Após a coleta, os dados foram organizados, categorizados e
analisados por meio da técnica de análise de conteúdo, conforme proposto por Bardin (2016).
Este artigo está organizado em seções que abordam diferentes aspectos da pesquisa.
Nesta seção 1 apresentou-se a introdução deste estudo científico. Na seção 2, são discutidos os
referenciais teóricos que fornecem embasamento para o estudo. Na seção 3, são apresentados
os procedimentos metodológicos adotados para a coleta e análise dos dados. Os resultados
empíricos do estudo são apresentados e analisados na seção 4. Por fim, na seção 5, são
apresentadas as considerações finais à luz dos objetivos propostos, seguidas pelas referências
utilizadas no trabalho. Ressalta-se que essa estrutura permite uma abordagem sistemática e
completa da pesquisa, garantindo uma maior clareza e integridade dos resultados obtidos.

__________________________________________________________________________________________
Anais do XI SINGEP-CIK – UNINOVE – São Paulo – SP – Brasil – 25 a 27/10/2023 2
2. Referencial Teórico
2.1. O Uso da Inteligência Artificial na Educação
A IA se dedica ao estudo do fenômeno da inteligência e o ramo da engenharia que
desenvolve ferramentas e sistemas capazes de auxiliar a inteligência humana. Essas ferramentas
podem se manifestar por meio de mecanismos físicos ou softwares avançados (Kerckhove,
2003). Hassabis, Kumaran, Summerfield e Botvinick (2017) afirmam que a IA ainda pode ser
considerada como uma ferramenta poderosa para aprimorar as capacidades humanas,
proporcionando às pessoas acesso a informações e soluções de problemas de maneira ainda
mais eficiente e eficaz. Baker et. al. (2019, p. 10) ainda sustentam que a IA consiste em
“computadores que executam tarefas cognitivas, geralmente associadas a mentes humanas,
particularmente aprendizagem e resolução de problemas”.
As primeiras propostas de utilização da IA como ferramenta de aprendizagem surgiram
com os chamados Sistemas de Instrução Assistida por Computador. Porém, com o
desenvolvimento acelerado das capacidades gráficas dos computadores, foi possível a criação
de sistemas que oferecem interações complexas, fundamentadas em recursos audiovisuais
(Bittencourt, Pozzebon & Frigo, 2004). Este avanço permitiu diversas aplicações da IA na área
da educação, incluindo aprendizagem adaptativa, mundos virtuais, Sistemas de Tutores
Inteligentes (STI’s), gamificação, ferramentas de diagnósticos, classificação de estilos de
aprendizagem, sistemas de recomendação e mineração de dados (Vicari, 2018; Tavares, Meira
& Amaral, 2020). Essas soluções podem oferecer suporte tanto aos professores quanto aos
alunos, sem negligenciar o aspecto humano e as habilidades essenciais, como ética,
responsabilidade, trabalho em equipe e flexibilidade. Além disso, ressalta-se que a IA pode
complementar e fortalecer as competências relacionadas ao pensamento crítico, resolução de
problemas, criatividade e gestão do conhecimento (Bates, 2015).
O relatório "Tendências em Inteligência Artificial na área da Educação" revela que, no
período de 2017 a 2030, sua aplicação será reconhecida como um campo de estudos multi e
interdisciplinar, abrangendo o uso de mecanismos tecnológicos de IA em sistemas cujo objetivo
principal será o aprimoramento do processo de ensino e aprendizagem (Vicari, 2018). Ainda
com base em uma matéria divulgada no jornal da USP - Universidade de São Paulo, no ano de
2018, pesquisadores e professores do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação
(ICMC) de São Carlos destacaram que os mecanismos tecnológicos da IA têm a capacidade de
ampliar a inteligência humana. Além disso, ressaltaram a possibilidade de identificar estratégias
educativas que possuem um maior potencial de auxiliar a aprendizagem e apoiar os professores
na tomada de decisão pedagógica (Santos, Zimmermann & Guimarães, 2022).
A utilização da IA na educação é um tema que gera controvérsias, especialmente quando
analisado sob uma perspectiva objetivista. Nesse contexto, há argumentos de que a IA possui
potencial para substituir tarefas desempenhadas por seres humanos. Esta reflexão também foi
ponderada pelo filósofo Vilém Flusser: “A escola não mais será lugar de ensino e de elaboração
de dados. A escola alternativa será o lugar no qual inteligências artificiais serão programadas
para que façam funcionar máquinas automatizadas” (Flusser, 2005, p. 6). Porém, ao avançar na
análise, é possível compreender que a IA empregada não busca substituir os professores, mas
sim oferecer ferramentas e recursos adicionais que podem aprimorar o processo educacional
(Tavares, Meira & Amaral, 2020). Na mesma linha de investigação, estudos de Gardin e
Oliveira Wolowski (2021) concluíram que a presença crescente da IA nos processos
educacionais é inevitável, porém é essencial garantir que a tomada de decisões continue a ser
supervisionada e controlada pelos seres humanos, preservando sua presença e soberania.

__________________________________________________________________________________________
Anais do XI SINGEP-CIK – UNINOVE – São Paulo – SP – Brasil – 25 a 27/10/2023 3
2.2. Chat GPT®: Conceitos e versões
No âmbito da IA, emerge a ferramenta Chat GPT® (Conditional Hierarchical Attention
Transformer - Generative Pre-Trained Transformer), a qual consiste num sistema de
Processamento de Linguagem Natural (NPL), desenvolvido pela OpenAI®, em novembro de
2022. A ferramenta é treinada a captar o contexto de uma conversa e gerar respostas que
apresentam um tom confiável (Radford, Narasimhan, Salimans & Sutskever, 2018; Borji, 2023;
Olite, Suarez & Ledo, 2023; Santos et. al. 2023). A OpenAI® define que o Chat GPT® é uma
ferramenta de IA que gera conteúdo de alta qualidade, utilizando aprendizado de máquina
(OPENAI, 2020). Como estrutura de desenvolvimento, a ferramenta é fundamentada em uma
arquitetura avançada de rede neural chamada Transformer. Essa arquitetura possui uma alta
capacidade de processar sequências textuais de maneira altamente eficiente, superando
inclusive arquiteturas anteriores, como as redes neurais recorrentes (RNNs) e as redes neurais
convolucionais (CNNs). Além disso, o Chat GPT® é treinado com uma quantidade significativa
de dados não rotulados, o que permite que ele aprenda a linguagem natural sem depender de
anotações manuais. Em outras palavras, é um sistema que está em constante evolução e
aprimoramento, de forma sistemática e consistente (Santos et. al., 2023).
Silva (2023) sustenta ainda que o Chat GPT® corresponde a um modelo de linguagem
que passou por um treinamento extensivo com o objetivo de responder perguntas e executar
tarefas em texto natural. Utilizando técnicas avançadas de Deep Learning, o Chat GPT® foi
alimentado com milhões de exemplos de textos provenientes da Internet. Essa abordagem
permitiu que o modelo adquirisse a habilidade de compreender o contexto e o significado das
perguntas, fornecendo respostas precisas e coerentes que imitam o comportamento humano
durante uma conversa. A técnica Deep Learning, amplamente utilizada no Chat GPT®, é
definida como um conjunto de técnicas de aprendizado de máquina que viabilizam a construção
de modelos de redes neurais profundas, capacitados a resolver desafios complexos relacionados
ao reconhecimento de padrões (Deng, 2019).
Olite, Suarez e Ledo (2023) afirmam que se trata de uma chatbot de conversação
baseado na arquitetura de ‘transformers’, possuindo a habilidade de gerar textos em resposta às
perguntas dos usuários. Diferentemente de apenas reproduzir informações de uma base de
dados, o Chat GPT® tem a capacidade de criar conteúdo "original" e altamente preciso com
base nas questões colocadas. Vale ressaltar que, de acordo com a OpenAI®, o Chat GPT® não
é uma linguagem de programação, mas sim um modelo de linguagem treinado através de
aprendizado de máquina. Sua funcionalidade não requer o uso de códigos de programação, mas
é possível solicitar exemplos de scripts com códigos para diversos programas de computador,
como Python e R, através do chat. Os autores ainda declaram que o Chat GPT® tem
experimentado um notável processo de evolução, impulsionado por sua arquitetura estruturada
que integra várias camadas e parâmetros. Essa estrutura avançada permite que o Chat GPT®
processe uma vasta quantidade de informações existentes na Internet, contando com milhões
de dados para aprimorar suas capacidades, resultando em respostas mais abrangentes e precisas.
O Quadro 1a apresenta uma síntese das principais características do Chat GPT®, contemplando
versão, ano de lançamento e características e/ou funções, conforme versões publicadas.

Quadro 1 – Características do Chat GPT®, segundo versões publicadas


Ano de
Versão Características e/ou funções
Lançamento
GPT 2018 117 milhões de parâmetros
GPT 2 2019 1,5 bilhões de parâmetros
GPT 3 2020 12 a 96 camadas, e 175 bilhões de parâmetros
Novembro de Modelo de linguagem autorregressivo, aberto, público e gratuito, capaz de
GPT 3.5
2022 programar, projetar, "falar" sobre política, economia e assuntos diversos.
__________________________________________________________________________________________
Anais do XI SINGEP-CIK – UNINOVE – São Paulo – SP – Brasil – 25 a 27/10/2023 4
Baseia-se em 100 trilhões de parâmetros, quase 600 vezes mais do que seus
antecessores. Suas capacidades estão diretamente relacionadas à linguagem,
15 de Maço de para que ela alcance respostas mais seguras e úteis; maior precisão em
GPT 4
2023 tarefas como gerar de textos, resumos, tradução automática, respostas
complexas e simulação da linguagem humana. Incorpora diferentes plugins
que dão maior versatilidade à "ferramenta", interpretando textos e imagens.
Estima-se que será capaz de alcançar Inteligência Artificial Geral (AGI) ou
GPT 5 Dezembro 2023
IA forte, e execute tarefas mais personalizadas como seres humanos.
Fonte: Olite, Suarez e Ledo (2023)

Conforme evidenciado no quadro supracitado, o Chat GPT® vem em grande evolução


desde o período de sua implantação. A ferramenta tem ganhado destaque por compreender um
sistema de diálogo de perguntas e respostas, sendo empregado inclusive como uma ferramenta
assessória por vários profissionais. Estas respectivas respostas podem ser tão convincentes que
se torna desafiador discernir se foram geradas por um ser humano ou não. Em função da
qualidade das respostas, o Chat GPT® provou ser um concorrente em potencial ao amplamente
utilizado motor de busca Google®. Em termos numéricos, em apenas cinco dias, o ChatGPT®
atraiu 1 milhão de usuários e, até a data desta pesquisa, contava com aproximadamente 100
trilhões de parâmetros. É treinado utilizando a arquitetura de “transformers" em uma vasta
quantidade de dados, resultando em sua notável capacidade (Biswas, 2023; Borji, 2023).
2.3. Chat GPT na Educação: oportunidades e desafios
A adoção de tecnologias baseadas em IA oferece aos alunos oportunidades inovadoras
de interação e aprendizado, capacitando-os a aprimorar suas habilidades cognitivas e sociais
(Yazdani & Lawler, 1986). Dicheva et al. (2015) sustentam que o uso de sistemas de
aprendizagem adaptativa desempenha um papel fundamental ao ajudar os alunos a
identificarem seus pontos fortes e fracos, fornecendo conteúdos e atividades que sejam mais
adequados às suas necessidades individuais. Na mesma linha, Veiga e Andrade (2019)
defendem que a adoção de tecnologias digitais em sala de aula proporciona uma série de
benefícios significativos, que vão desde o aumento da interatividade e da participação dos
alunos até a promoção da colaboração e do trabalho em equipe, resultando em uma melhoria
geral da aprendizagem.
Diante deste cenário, a implementação do Chat GPT® na prática pedagógica tem sido
alvo de debates e discussões entre pesquisadores. Santos et al. (2023) declaram que a adesão
dos alunos e professores ao uso da ferramenta do Chat GPT® nas instituições de ensino é um
tema de extrema relevância na contemporaneidade, visto que a tecnologia tem se tornado cada
vez mais presente e influente em diversas áreas da educação. Na dimensão das oportunidades e
benefícios, Ouyang et al. (2022) enfatizam que a IA, ao desempenhar um papel significativo
no processo educacional, oferece uma série de benefícios ao fornecer feedbacks personalizados
e adaptar-se ao ritmo de aprendizado de cada aluno, e que, nesta proposta, o Chat GPT® oferece
uma plataforma que possibilita o desenvolvimento e aprimoramento de habilidades de escrita,
leitura e comunicação por meio da interação com o sistema. Sjöström, Aghaee, Dahlin e
Ågerfalk (2018) ainda ressaltam que a incorporação do Chat GPT® em atividades colaborativas
pode estimular ativamente a participação dos alunos, promovendo um ambiente propício ao
diálogo e à troca de ideias. Isso, por sua vez, contribui significativamente para o
desenvolvimento de habilidades socioemocionais essenciais.
O Chat GPT®, como uma ferramenta versátil, desempenha um papel fundamental na
educação aberta ao oferecer suporte personalizado, orientação e feedback para os alunos
autodidatas. Isso resulta em um aumento significativo na motivação e no engajamento dos
estudantes. A ferramenta ainda pode ser utilizada para adaptar exercícios e jogos de acordo com
as necessidades específicas de cada aluno, além de recomendar materiais e recursos de
__________________________________________________________________________________________
Anais do XI SINGEP-CIK – UNINOVE – São Paulo – SP – Brasil – 25 a 27/10/2023 5
aprendizagem adequados. Além disso, o Chat GPT® pode desempenhar o papel de tutor ou
mentor, fornecendo feedback e assistência ao longo do processo de aprendizagem, além de
também auxiliar os alunos autodirigidos na definição de seus objetivos e estratégias de
aprendizagem, servindo como ferramenta de autorreflexão e avaliação (Biswas, 2023).
Além de ressaltar que a adoção do Chat GPT® no âmbito educacional pode ter impactos
substanciais no processo de ensino-aprendizagem, é necessário considerar cuidadosamente as
limitações e desafios associados a essa implementação. De acordo com Kumar (2021) e Celik,
Dindar, Muukkonen e Järvelä (2022), a implementação de tecnologias baseadas em IA, no
contexto educacional, requer preparação e treinamento mais aprofundados por parte dos
professores. É essencial que os educadores adquiram conhecimentos e habilidades necessárias
para utilizar essas ferramentas de forma eficaz, incluindo também a adaptação das práticas
pedagógicas existentes às características da tecnologia. Além disso, é preciso ficar atento
quanto à exclusão digital, que se refere à falta de acesso equitativo à tecnologia por parte de
alguns alunos. Na linha da qualificação docentes, Voogt, Knezek, Cox, Knezek e Ten
Brummelhuis (2019) e Santos et al. (2023) também defendem que é essencial que os
professores estejam devidamente preparados para utilizar essa tecnologia de maneira eficaz. Os
educadores devem ser capazes de integrar o Chat GPT® em seu planejamento de aula,
selecionando tarefas e atividades que sejam compatíveis com a tecnologia e que permitam aos
alunos aproveitá-la ao máximo.
Outro desafio que também merece destaque está associado à privacidade e segurança
dos dados, devendo o potencial da ferramenta ser explorado de forma ética e responsável,
considerando as realidades e necessidades do corpo discente. Olite, Suarez e Ledo (2023)
alertam que a capacidade de criar conteúdo deve ser abordada com cautela tanto por professores
quanto por alunos, reconhecendo que seu uso extensivo requer a implementação de
regulamentos éticos e acadêmicos que assegurem a aquisição de conteúdo para o exercício
profissional. É crucial que haja uma atenção especial à formação integral dos estudantes,
incluindo seus valores e comportamento ético, para prepará-los como futuros profissionais
competentes. Pokhrel e Chhetri (2021) também propõem que as instituições de ensino adotem
políticas claras de privacidade e segurança de dados, e que os desenvolvedores do Chat GPT®
forneçam garantias de que a tecnologia está em conformidade com as regulamentações de
proteção de dados. Na mesma abordagem, Santos et al. (2023) ainda complementam que é
fundamental encontrar um equilíbrio entre o uso responsável da tecnologia e a interação
humana, a fim de garantir os objetivos acadêmicos propostos.
Gallo (2023) apresenta uma preocupação em relação à autoria dos textos gerados pelo
Chat GPT®. Uma das principais funções da IA é buscar a próxima palavra mais provável em
um determinado contexto linguístico. Essa probabilidade é determinada pelo histórico de
ocorrências anteriores, levando em consideração tanto a frequência de uma palavra como
próxima quanto o contexto linguístico em que ela está inserida, ou seja, as palavras vizinhas. A
IA utiliza essas informações para oferecer a palavra mais adequada e coerente em relação ao
que foi observado anteriormente. Neste sentido, os textos gerados no Chat GPT® são
produzidos sob as mesmas condições, e são, geralmente, descontextualizados, uma vez que são
retirados de suas condições originais de circulação e tornados uniformes. Independentemente
do contexto em que são utilizados, todos os textos têm as mesmas condições de produção.
Blikstein e Blikstein (2021) apresentam também uma preocupação de que o uso
excessivo de tecnologias inteligentes possa diminuir a criatividade e a capacidade crítica dos
estudantes, tornando-os passivos em relação ao processo de aprendizagem. Na mesma
abordagem, Halverson e Sheridan (2014) já enfatizavam que as ferramentas tecnológicas
devem ser vistas como aprimoramento e complemento do processo de ensino e aprendizagem,
e não como uma solução mágica aos desafios educacionais. Nesta vertente, Santos et al. (2023)

__________________________________________________________________________________________
Anais do XI SINGEP-CIK – UNINOVE – São Paulo – SP – Brasil – 25 a 27/10/2023 6
destacam a importância de se garantir uma integração coerente entre o Chat GPT®, a estrutura
curricular e os objetivos educacionais. A implantação da ferramenta não pode ser realizada de
forma aleatória e como substituição às práticas pedagógicas já implantadas. Requer um
planejamento detalhado e a integração entre desenvolvedores de tecnologia e educadores.
Borji (2023) apresenta uma série de outras limitações e desafios associados ao Chat
GPT®, enumerando as seguintes falhas: i) não possui compreensão abrangente do mundo físico
e social, nem a capacidade de raciocinar sobre as conexões entre conceitos e entidades; ii)
possui carência de raciocínio para pensar em um problema e chegar a uma conclusão; iii) possui
limitação de cálculo envolvendo expressões matemáticas; iv) contém erros factuais em relação
à imprecisão das informações; v) produz estereótipos pelos vieses gerados pelo modelo de
linguagem; vi) geram palavras que muitas vezes assumem formas de piadas, sátiras ou ironia,
em vez de traduzir o humor; vii) produz códigos imprecisos ou inferiores ao desejado; vii)
apresenta falhas na estrutura sintática, ortografia e gramática e; ix) não é autoconsciente. O
autor ainda afirma que o Chat GPT® não possui conhecimento detalhado sobre sua própria
arquitetura, o que inclui as camadas e parâmetros específicos do seu modelo.
Em uma análise mais avançada, Borji (2023) elencou ainda alguns cenários em que o
Chat GPT® pode não atender a demanda, conforme o esperado. Dentre esses: i) dificuldade do
uso de expressões idiomáticas; ii) carência de criação de termos que traduzem emoções e
pensamentos reais; iii) condensação de assunto, não permitindo uma perspectiva distinta sobre
ele; iv) tendência a ser excessivamente abrangente e detalhado, explorando um tópico sob várias
perspectivas, já que, em algumas situações, isso pode levar a respostas inadequadas quando
uma resposta direta e concisa é necessária; v) por sua natureza, carece da capacidade humana
de interpretação e divergências, o que pode resultar em respostas excessivamente literais e,
consequentemente, erros em certas situações e; vi) geralmente produz respostas formais devido
à sua programação para evitar o uso de linguagem informal. Todas essas propostas mencionadas
ratificam a importância do uso da ferramenta tecnológica com cautela, considerando-a como
um recurso complementar ao processo de ensino e aprendizagem. É fundamental evitar o uso
excessivo e indiscriminado, sem critérios, tornando-a um recurso padronizado e amplamente
difundido (Halverson & Sheridan, 2014; Olite, Suarez & Ledo, 2023).
Portanto, o Chat GPT® oferece inúmeras vantagens em comparação a outros recursos
tecnológicos utilizados na educação, principalmente devido à sua habilidade de compreender e
produzir linguagem natural, bem como sua capacidade de personalizar a experiência de
aprendizagem. No entanto, é crucial estar ciente dos desafios e limitações associados a essa
tecnologia, assegurando seu uso adequado e responsável para impulsionar a qualidade do ensino
e da aprendizagem (Santos et al., 2023)

3. Metodologia
No intuito de atingir os objetivos propostos neste artigo, os procedimentos
metodológicos se sustentaram em uma pesquisa descritiva e de caráter qualitativo. Optou-se
por um estudo descritivo por permitir a identificação de informações e características associadas
a um problema específico. A escolha por uma abordagem qualitativa deu-se por proporcionar
reflexões acerca da temática em estudo, além de permitir a avaliação de percepções e a obtenção
de um entendimento mais aprofundado das variáveis envolvidas (Collis & Hussey, 2005).
Como unidade de análise, selecionou-se a Universidade do Estado de Minas Gerais
(UEMG) – Campus Divinópolis – MG – em decorrência da representatividade universitária na
região e acessibilidade. A instituição oferece 18 cursos de graduação, distribuídos entre as
modalidades de bacharelado e licenciatura, e conta com 238 colaboradores no corpo docente e
2.098 alunos. Os cursos oferecidos são: Ciências biológicas, Comunicação Social (Publicidade
e Propaganda), Educação Física (Bacharelado), Educação Física (Licenciatura), Enfermagem,
__________________________________________________________________________________________
Anais do XI SINGEP-CIK – UNINOVE – São Paulo – SP – Brasil – 25 a 27/10/2023 7
Engenharia Agronômica, Engenharia Civil, Engenharia da Computação, Engenharia de
Produção, Fisioterapia, História, Jornalismo, Letras (Português e Inglês), Matemática,
Pedagogia, Psicologia, Química (Licenciatura) e Serviço Social.
Como unidades de observação, foram entrevistados 03 professores e 03 alunos dos 04
cursos de engenharia (Engenharia Agrônoma, Engenharia Civil, Engenharia da Computação, e
Engenharia de Produção), mais diretamente envolvidos com a ferramenta em análise (Chat
GPT®) nos processos de ensino e aprendizagem. A escolha dos envolvidos se deu, portanto,
por critérios de intencionalidade e de acessibilidade dos autores. Como instrumento de coleta
de dados, utilizou-se um roteiro de entrevistas semiestruturado aplicado aos docentes e
discentes. A coleta dos dados ocorreu em formato presencial nos períodos de junho e julho de
2023. Após a coleta, os dados foram organizados, categorizados e analisados por meio da
análise de conteúdo, conforme sustentado por Bardin (2016).

4. Apresentação e discussão dos resultados


4.1. Caracterização do corpo docente
O Quadro 2 apresenta a caracterização dos docentes envolvidos, bem como os
respectivos cursos e disciplinas lecionadas.
Quadro 2 – Caracterização do corpo docente
Docente Curso Disciplinas Lecionadas
1 Engenharia Agronômica Olericultura, Produção de Ruminantes e Manejo e Conservação do
Solo e Água
2 Engenharia Agronômica Floricultura, parques e jardins, Hidráulica Agrícola e Zoologia Geral
3 Engenharia Agronômica Microbiologia Geral e Ecologia I e II
4 Engenharia Civil Introdução à Engenharia Civil e Metodologia Científica
5 Engenharia Civil Topografia Aplicada à Engenharia Civil, Projeto de Edificações e
Geoprocessamento Aplicado
6 Engenharia Civil Mecânica Vetorial
7 Engenharia da Arquitetura de Computadores e Circuitos Elétrico-Eletrônicos I
Computação
8 Engenharia da Microcontroladores, Microprocessadores e Aplicações, Modelagem e
Computação Simulação
9 Engenharia da Sistemas de Automação
Computação
10 Engenharia de Produção Fenômenos de Transporte e Logística I
11 Engenharia de Produção Resistência dos Materiais I e II
12 Engenharia de Produção Gestão Ambiental
Fonte: Dados da pesquisa (2023).

Os docentes envolvidos no processo de coleta de dados estão vinculados a disciplinas


diversas, envolvendo unidades curriculares básicas, profissionalizantes e específicas.
4.2. Avaliação da percepção do corpo docente
Para a coleta dos dados qualitativos junto ao corpo docente utilizou-se um roteiro de
entrevistas semiestruturado composto por questões envolvendo aspectos associados ao Chat
GPT®, como experiência, qualidade, confiabilidade, utilização, planejamento e uso em sala de
aula, vantagens, oportunidades de melhoria e recomendação. No constructo associado à
experiência quanto ao uso do Chat GPT®, todos os docentes entrevistados avaliaram de forma
positiva a ferramenta. Os fragmentos a seguir revelam este cenário:
A minha experiência com o Chat GPT tem sido positiva. É uma plataforma simples
de uso e que traz respostas rápidas atendendo as minhas necessidades de pesquisa
rápida. Já vem tudo sintetizado dentro daquilo que eu busco. Sempre preciso fazer
__________________________________________________________________________________________
Anais do XI SINGEP-CIK – UNINOVE – São Paulo – SP – Brasil – 25 a 27/10/2023 8
uma conferência porque tem respostas que não são confiáveis, mas no geral tem
atendido bem as necessidades básicas de informação rápida. Considero que tem sido
uma experiência positiva (Docente 2 – Engenharia Agronômica).

Para consultas rápidas tenho usado com frequência o Chat GPT. É rápido, prático e
atende aos requisitos de pesquisa, sobretudo na disciplina que trabalho aqui na
universidade. É um ganho de tempo no momento das pesquisas e sempre quando
pesquiso a plataforma tem devolvido respostas coerentes ao conteúdo solicitado. Um
detalhe importante é saber usar a ferramenta. Para que ela seja eficaz e assertiva é
preciso filtrar e detalhar bem o que deseja no prompt de busca (Docente 10 –
Engenharia de Produção).
O fragmento declarado pela docente 10 remete a importância do conhecimento quanto
ao uso da ferramenta, conforme sustentado por Celik, Dindar, Muukkonen e Järvelä (2022). Os
autores destacam que a utilização eficaz de ferramentas tecnológicas baseadas em IA só é
possível a partir da preparação e treinamento dos docentes. Somente por meio de uma
capacitação sólida e abrangente, os educadores estarão aptos a extrair todo o potencial dessas
tecnologias inovadoras para enriquecer o processo de ensino e aprendizagem.
Num segundo momento, avaliou-se a qualidade, confiabilidade e utilização das
respostas geradas pelo Chat GPT®. Neste quesito de análise identificou-se um equilíbrio entre
os docentes entrevistados; enquanto alguns se manifestaram de forma satisfatória, outros,
porém, relataram ressalvas, sobretudo na confiabilidade das respostas geradas pelo Chat GPT®.
Confesso que estou admirada com a capacidade do GPT. Eu conheci há praticamente
1 mês e o que eu tenho percebido é que em muitas pesquisas que eu faço o Chat GPT
tem devolvido respostas confiáveis, inclusive até utilizo para o meu contexto
pedagógico. Apesar da limitação ser até setembro de 2021, tem me ajudado bastante
em minhas pesquisas (Docente 1 – Engenharia Agronômica).

A rapidez de respostas é algo incrível. É melhor que o Google, porém não é confiável.
Inclusive eu já estou deixando de usar essa ferramenta. Existem cálculos e linguagem
de programação que não são confiáveis e que a ferramenta não consegue te responder.
Um exemplo desta limitação é a linguagem Assembly. Por mais que detalhemos no
prompt de busca não dá pra confiar integralmente. Tem muita informação que é
correta, porém nem tudo é confiável (Docente 7 – Engenharia da Computação).

Quanto à avaliação satisfatória observada no relato da docente 1, ao envolver a


ferramenta no contexto pedagógico, sustenta a proposta de Ouyang et al. (2022), que asseveram
que as ferramentas baseadas na IA desempenham um papel significativo no âmbito educacional.
Por outro lado, o testemunho do docente 7 ratifica a opinião de Olite, Suarez e Ledo (2023),
que alertam que a capacidade de criar conteúdo na ferramenta do Chat GPT® deve ser abordada
com cautela por todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem.
Em seguida, questionou-se aos docentes sobre o uso do Chat GPT® no planejamento
das aulas e no uso em sala de aula. Em relação ao planejamento das aulas identificou-se de
forma satisfatória o uso da ferramenta, porém com ressalvas.
Utilizo no planejamento das aulas, mas sempre com ressalvas. Não confio totalmente
na ferramenta. Há poucos dias descobri que a ferramenta Copyleaks está detectando
trechos originários do GPT. Repassei aos alunos essa informação até mesmo para frear
o uso excessivo do GPT nos trabalhos. Porém, por mais que eu tento evitar o uso do
GPT pelos alunos, eu sei que eles conseguem outros meios para chegar ao mesmo
objetivo. Lutar contra a tecnologia e IA é algo impossível. Por isso que ultimamente
estou valorizando menos a entrega da atividade em si e estou focando mais na análise
e na discussão do tema pesquisado (Docente 12 – Engenharia de Produção).
Tenho utilizado no planejamento sim. Há praticamente 01 mês criei inclusive até uma
apostila de Microbiologia com o apoio da ferramenta GPT e que atualmente utilizo-a
__________________________________________________________________________________________
Anais do XI SINGEP-CIK – UNINOVE – São Paulo – SP – Brasil – 25 a 27/10/2023 9
em sala de aula com os alunos. Criar conteúdo com o auxílio do GPT nos ajuda a
ganhar tempo. No Google eu teria que acessar diversas páginas para se chegar ao
mesmo objetivo. Porém, um ponto importante que eu gostaria de ressaltar é sempre
realizar uma conferência no resultado que a ferramenta entrega. A ferramenta é
excelente, mas não dá pra confiar cegamente (Docente 3 – Engenharia Agronômica).
Os relatos dos docentes supracitados confirmam novamente as opiniões de Halverson e
Sheridan (2014), Olite, Suarez e Ledo (2023) e Borji (2023), que destacam a importância da
ferramenta no processo de ensino e aprendizagem, porém alertam quanto ao uso excessivo e
demasiado, ignorando critérios de análise prévia. Já em relação ao uso da ferramenta em sala
de aula, os docentes 6 (Engenharia Civil), 7 (Engenharia da Computação), 9 (Engenharia da
Computação) e 11 (Engenharia de Produção) afirmaram que ainda não têm usado o Chat GPT®,
somente no planejamento. Neste questionamento, novamente o docente 7 relatou a limitação da
ferramenta em relação à linguagem, utilizando-a somente como apoio no desenvolvimento de
atividades avaliativas. Quanto aos docentes que utilizam a ferramenta em sala de aula, merece
destaque a consideração da docente 5 (Engenharia Civil):
Utilizo o Chat GPT em sala de aula para discutir ideias, estratégia e soluções. Trabalho
com Projetos e Geoprocessamento Aplicado na Engenharia Civil e sempre levo um
seminário para a sala de aula para promover a interação e a participação. Por duas
oportunidades, realizamos debates em sala de aula a partir de resultados apresentados
pelo GPT. Eu tenho utilizado com frequência a ferramenta, mas com consciência e
responsabilidade pedagógica. Sempre procuro alinhar o uso da ferramenta com o
objetivo de aprendizagem e não usar de forma casual simplesmente para trazer um
recurso tecnológico para dentro de sala de aula (Docente 5 – Engenharia Civil).
O relato da docente 5 confirma a teoria proposta por Yazdani e Lawler (1986), que
declaravam que a adoção de tecnologias sustentadas em IA tem a capacidade de oferecer aos
alunos oportunidades de interação e aprendizado em sala de aula. Já na dinâmica associada à
integração coerente entre o Chat GPT® com a estrutura curricular e os objetivos educacionais,
confirma a proposta de Santos et al. (2023). Os autores ainda sustentam que a implantação da
ferramenta não pode ser realizada de forma aleatória e nem mesmo como substituição às
práticas pedagógicas já implantadas.
A seguir, avaliou-se sobre as vantagens e desvantagens associadas ao uso Chat GPT®.
Como vantagens, os docentes, de forma geral, citaram a facilidade de acesso às informações,
ganho de tempo, fornecimento de respostas precisas, completas e rápidas e a capacidade de
simplificar e agilizar tarefas. Neste aspecto, novamente o docente 3 (Engenharia Agronômica)
ratificou a importância do uso com cautela, ao afirmar que “é uma excelente ferramenta de
pesquisa e que veio para facilitar a vida dos acadêmicos. Mas é sempre bom o uso com cautela
e responsabilidade”. Em relação às desvantagens, os docentes mencionaram a falta de fonte da
informação, o impacto negativo na educação, como no caso de plágio, a solução de códigos
computacionais mais detalhados, resultados superficiais e inconsistentes em assuntos de alta
complexidade, informações desatualizadas. Vale mencionar, ainda, 4 aspectos: o docente 6
(Engenharia Civil) alertou sobre o risco elevado de funcionários de empresas tomarem decisões
relevantes com base na resposta do Chat GPT®; a docente 9 (Engenharia da Computação)
ressaltou um problema de atualização que pode impactar nas pesquisas, informando que
pesquisadores da Universidade de Standford já identificaram uma redução na precisão do GPT-
4 em relação ao GPT-3.5; o docente 11 (Engenharia de Produção) alertou que, em função da
facilidade e rapidez das respostas, o uso excessivo pelos alunos pode torná-los verdadeiros
‘reféns’ da ferramenta, comprometendo sua capacidade de análise e; a docente 4 (Engenharia
Civil) relatou problemas associados aos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC’s).
Na minha opinião a maior desvantagem é a dificuldade de avaliação. Aqui na UEMG
eu oriento TCC e é difícil identificar se realmente foi o próprio aluno que transcreveu
__________________________________________________________________________________________
Anais do XI SINGEP-CIK – UNINOVE – São Paulo – SP – Brasil – 25 a 27/10/2023 10
ou retirou do Chat GPT. Por algumas vezes eu desconfio, mas não consigo confirmar
a origem da autoria. Já percebi também que tem alunos que reescrevem trechos de
autores e solicita ao GPT para transcrever alterando as palavras, mas sem mudar o
sentido. Em um processo de orientação presencial com um tempo maior, eu até
conseguiria identificar essas anomalias, porém esbarramos na limitação de tempo e na
quantidade de orientandos (Docente 4 – Engenharia Civil).
Os aspectos associados às vantagens sustentam os achados de Salimans e Sutskever
(2018) e Brown et al. (2020), que defendem que a ferramenta é capaz de gerar textos de forma
autônoma e de grande variedade, de forma coerente e coesa, além de reconhecer padrões,
fornecendo soluções eficientes e adaptadas às necessidades específicas de cada contexto. No
âmbito das desvantagens, vale destacar os relatos dos docentes 4 e 11. A evidência da docente
4 em relação às fontes de texto confirma a visão de Gallo (2023), que enfatizou uma
preocupação em relação à autoria dos textos gerados pelo Chat GPT®. Já a preocupação do
docente 11 corrobora a opinião de Blikstein e Blikstein (2021).
Por fim, questionou-se aos docentes se os mesmos recomendariam o uso do Chat GPT®,
com base em suas experiências, para outros profissionais da educação. Apesar das limitações
elencadas, todos o recomendariam, porém com cautela e responsabilidade. O docente 8
(Engenharia da Computação) relatou o aspecto de evolução da ferramenta, sustentando que,
com o passar do tempo, a OpenAI® irá corrigir as possíveis falhas e limitações, oportunizando
uma maior disseminação da ferramenta de forma mais segura e confiável.
Com base nos relatos supracitados, fica evidente que vários aspectos destacados pelos
docentes corroboraram os fatores contemplados na fundamentação teórica deste estudo,
confirmando a proposta deste estudo teórico-empírico, que embora trate de uma temática
relativamente nova, demonstra seu movimento teórico e prático a partir do instrumento de
coleta de dados utilizado, e das respectivas respostas obtidas.
4.3. Caracterização do corpo discente
Na segunda etapa, envolveu-se também os discentes (3) dos cursos de Engenharia (4)
da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) – Campus Divinópolis – MG. O Quadro
3 apresenta sua caracterização, bem como os respectivos cursos, duração, idade e período atual.
Quadro 3 – Caracterização do corpo discente
Discente Curso Duração do Curso Idade Período Atual
1 Engenharia Agronômica 5 anos 22 3º
2 Engenharia Agronômica 5 anos 19 2º
3 Engenharia Agronômica 5 anos 25 4º
4 Engenharia Civil 5 anos 28 10º
5 Engenharia Civil 5 anos 31 7º
6 Engenharia Civil 5 anos 29 9º
7 Engenharia da Computação 5 anos 30 6º
8 Engenharia da Computação 5 anos 23 5º
9 Engenharia da Computação 5 anos 22 3º
10 Engenharia de Produção 5 anos 34 7º
11 Engenharia de Produção 5 anos 24 5º
12 Engenharia de Produção 5 anos 21 3º
Fonte: Dados da pesquisa (2023).

Os discentes entrevistados correspondem a um público relativamente jovem, com média


de 25,6 anos de idade. Em relação aos períodos, evidenciou-se uma diversidade, contemplando
praticamente todos os períodos, sendo 1 discente cursando o 10º período, 1 discente cursando
o 9º período, 2 discentes cursando o 7º período, 1 discente cursando o 6º período, 2 discentes
cursando o 5º período, 1 discente cursando o 4º período, 3 discentes cursando o 3º período e 1

__________________________________________________________________________________________
Anais do XI SINGEP-CIK – UNINOVE – São Paulo – SP – Brasil – 25 a 27/10/2023 11
discente cursando o 2º período. Ressalta-se que os cursos em análise possuem uma duração de
05 anos, na modalidade presencial e com regimes de matrícula semestral.
4.4. Avaliação da percepção do corpo discente
Nesta segunda etapa da coleta dos dados qualitativos, envolvendo os discentes, utilizou-
se novamente um roteiro de entrevistas semiestruturado composto por questões relacionadas
aos aspectos associados ao Chat GPT®, como experiência, qualidade, confiabilidade,
utilização, planejamento e uso em sala de aula, vantagens, oportunidades de melhoria e
recomendação. No constructo associado à experiência quanto ao uso do Chat GPT®, todos os
discentes entrevistados avaliaram a ferramenta de forma positiva.

É muito bom. Já vem tudo prontinho. Na minha turma nós falamos que o Chat GPT é
‘vida’. A IA nos ajuda muito em nosso contexto universitário. No meu curso por
exemplo temos um volume muito grande de trabalhos avaliativos e o Chat GPT nos
ajuda no desenvolvimento e inclusive na conferência para identificarmos se estamos
desenvolvendo de maneira correta (Discente 3 – Engenharia Agronômica).

Em muitas pesquisas parei de usar o Google. Se detalharmos bem o que realmente


precisamos o Chat GPT nos devolve respostas mais assertivas. Durante o
desenvolvimento de trabalhos aqui da universidade eu já deixo em aberto a aba do
Chat GPT. É muito prático e rápido. Não tem necessidade de ficarmos abrindo link
por link conforme fazemos no Google (Discente 9 – Engenharia da Computação).
Os relatos acima evidenciam a opinião de Biswas (2023), que enfatizou a importância
do Chat GPT® ao desempenhar o papel de tutor ou mentor, fornecendo feedback e assistência
ao longo do processo de aprendizagem. O autor ainda enfatizou que a ferramenta tem a
capacidade de servir como autorreflexão e avaliação.
A seguir, avaliou-se a qualidade, confiabilidade e utilização das respostas geradas pelo
Chat GPT®. Nesta avaliação, identificou-se também 02 realidades, cenário também
evidenciado durante a avaliação do corpo docente. Houve discentes que se manifestaram de
forma satisfatória e outros de forma insatisfatória.

Por enquanto não tive problemas. Confesso que utilizei poucas vezes, mas sempre que
utilizei nas minhas pesquisas procurei detalhar bem o que eu queria e ele me devolveu
respostas confiáveis e com qualidade, sendo possível a utilização destes resultados
nos trabalhos da universidade (Discente 2 – Engenharia Agronômica).

Depende. Eu por exemplo sou do curso de Engenharia da Computação e o que eu


percebo é que nem sempre as respostas geradas pelo Chat GPT não são confiáveis.
Percebo que a ferramenta não compreende bem algumas linguagens de programação.
Um exemplo é a Linguagem Assembly que o Chat GPT não consegue dar uma
resposta correta, inclusive até o nosso professor já alertou essa limitação pra gente em
sala de aula (Discente 8 – Engenharia da Computação).
Nas dimensões analisadas acima percebeu-se, também, um equilíbrio entre os discentes
entrevistados. Enquanto alguns se manifestaram de forma satisfatória, outros, porém, relataram
ressalvas, sobretudo na confiabilidade das respostas geradas pelo Chat GPT®. Esta realidade
ratifica novamente a importância da ferramenta no ambiente educacional (Ouyang et al., 2022),
destacando a sua utilização com cautela, sobretudo na capacidade de criar conteúdo (Olite,
Suarez & Ledo, 2023).
A seguir, questionou-se aos discentes sobre as vantagens e desvantagens relacionadas
ao uso do Chat GPT®. Como vantagens, todos evidenciaram a rapidez das informações, a
praticidade da ferramenta, o ganho de tempo em relação ao desenvolvimento dos trabalhos

__________________________________________________________________________________________
Anais do XI SINGEP-CIK – UNINOVE – São Paulo – SP – Brasil – 25 a 27/10/2023 12
acadêmicos, a qualidade das respostas, o uso em sala de aula, sobretudo para pesquisas rápidas
e estímulos ao debate e a complexidade das respostas em pesquisas de cunho mais teórico.

Uma das maiores vantagens do Chat GPT é a rapidez das respostas. Isso torna a
ferramenta mais atrativa, trazendo um ganho de tempo na realização de pesquisas que
são exigidas no curso. Em pesquisas mais teóricas, a ferramenta devolve respostas
completas e com alto nível de detalhamento e variáveis, enriquecendo a pesquisa.
Inclusive a professora de Geoprocessamento Aplicado tem usado a ferramenta em sala
de aula para pesquisas rápidas e debates. As aulas têm se tornado atrativas e
enriquecedoras (Discente 5 – Engenharia Civil).
Quanto às vantagens, identificou-se praticamente as mesmas considerações feitas pelo
corpo docente, com destaque para a rapidez das informações e praticidade da ferramenta. Já em
relação às desvantagens, os discentes, em sua maioria, evidenciaram a dificuldade da
ferramenta em trazer soluções em assuntos complexos, apresentando resultados superficiais,
inconsistentes e informações desatualizadas, principalmente em conteúdos que envolvem
cálculos, códigos e linguagens computacionais.

Tenho percebido que conteúdos mais simples o Chat GPT tem atendido de forma
muito positiva, porém quando se trata de um assunto mais complexo e mais atual ele
não tem gerado resultados satisfatórios. Na disciplina de arquitetura de computadores
é um caso sério. Muitas pesquisas complexas que envolvem códigos e linguagens o
Chat GPT não consegue responder. Por mais que detalhemos no prompt de busca ele
ainda deixa a desejar (Discente 7 – Engenharia da Computação).

A versão do GPT que utilizamos é muito boa para a geração de textos. Para cálculos
mais complexos não dá pra confiar na ferramenta. O curso de Engenharia Civil por
exemplo tem muitas disciplinas que envolve cálculos. Na disciplina de Mecânica
Vetorial por exemplo nem precisa perder tempo com GPT. A ferramenta não consegue
trazer resultados corretos (Discente 6 – Engenharia Civil).
Além das desvantagens supracitadas, o discente 4 relatou também o mesmo problema
evidenciado pela docente que orienta os TCC’s no curso de Engenharia Civil, ao sustentar que
o Chat GPT® é uma ferramenta de grande auxílio, porém não traz consigo a origem das
autorias, ratificando novamente o uso da ferramenta com cautela e responsabilidade.
E como últimos aspecto, questionou-se aos discentes se os mesmos recomendariam o
uso do Chat GPT®, com base em suas experiências, para outros alunos. Novamente os dados
coletados evidenciaram que, apesar das limitações elencadas, todos recomendariam seu uso,
porém com cautela e responsabilidade, principalmente em conteúdos que envolvem cálculos,
códigos e linguagens computacionais, contexto evidenciado também na percepção do corpo
docente avaliado.
Os resultados supracitados revelam que, na maioria dos resultados, as percepções do
corpo discente confirmaram e se alinharam às avaliações evidenciadas pelo corpo docente.
Percebe-se que o uso do Chat GPT® no processo de ensino e aprendizagem é uma ferramenta
que traz muitos benefícios aos envolvidos, porém o uso de maneira correta e responsável, com
cautela, é essencial para o alcance dos objetivos acadêmicos.

5. Considerações finais
Este paper teve como objetivo identificar a percepção do uso do Chat GPT® junto aos
públicos envolvidos nos processos de ensino e aprendizagem. Para atingir esta proposta,
realizou-se uma pesquisa descritiva e de caráter qualitativo com os públicos envolvidos no
processo de ensino e aprendizagem (docentes e discentes). Sua realização ratifica a importância

__________________________________________________________________________________________
Anais do XI SINGEP-CIK – UNINOVE – São Paulo – SP – Brasil – 25 a 27/10/2023 13
do Chat GPT®, ferramenta baseada em IA, no sentido de avaliar a contribuição da ferramenta
no âmbito educacional, sobretudo por se tratar de uma temática relativamente nova.
Os resultados alcançados permitiram compreender os aspectos contributivos da
ferramenta no processo de ensino e aprendizagem, bem como suas limitações. Quanto aos
aspectos positivos, destacaram-se a facilidade de acesso às informações, ganho de tempo,
fornecimento de respostas precisas, completas e rápidas, capacidade de simplificar e agilizar
tarefas além do feedback e assistência ao longo do processo de aprendizagem. Quanto às suas
limitações, destacaram-se a falta de fonte da informação, o impacto negativo na educação, como
no caso de plágios, a solução de cálculos, linguagens e códigos computacionais mais
detalhados, resultados superficiais e inconsistentes em assuntos de alta complexidade e
informações desatualizadas. Ressalta-se que aspectos associados à exclusão digital e à
privacidade dos dados não foram evidenciados pelos envolvidos durante as entrevistas.
Como contribuição teórica, o estudo colabora para a ampliação do campo de estudos e
compreensão do uso do Chat GPT® nos processos de ensino e aprendizagem. Como
contribuição prática, consolida a aplicação da ferramenta como um instrumento aliado e
colaborativo no âmbito educacional, e não como substituição às práticas pedagógicas já
implantadas. Portanto, confirma-se que o presente trabalho cumpriu integralmente com os
objetivos propostos, se mostrando inovador em sua essência e resultados apresentados, e
confirmando as contribuições teóricas sustentadas.
Para futuras pesquisas, sugere-se um número maior de unidades de observação,
envolvendo outros cursos, tanto do corpo docente e como discente, permitindo um estudo de
caráter mais estatístico, além de estudos que se aprofundem nos diversos aspectos
característicos da ferramenta, permitindo avaliar os benefícios gerados a partir de futuras
atualizações. Sugere-se ainda que a ferramenta seja avaliada por outras instituições
educacionais com cursos semelhantes, permitindo estudos comparativos sobre as percepções
do corpo docente e discente. Por fim, espera-se que a temática em questão seja fomentada por
novas investigações que estimulem o conhecimento sobre o assunto e promovam aplicações
práticas da ferramenta como instrumento colaborativo ao processo de ensino e aprendizagem.

Referências

Baker, T. (2019). Smith with Nandra Anissa. L., Sheehan, K., Ward, K., Waters, A.,
Berditchevskaia, A., Van Den Berg, C., Campbell, N., Candsell, O., Casasbuenas, J.,
Cinnamon, J., Copeland, E., Duffy, E., Hannon, C., John, J., Grant, J., Klinger, J., Latham, M.,
Macken, C.,… Ward-Dyer, G. Educ-AI-tion Rebooted? Exploring the future of artificial
intelligence in schools and colleges. www.nesta.org.uk
Bardin, L. (2016). Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70.
Bates, A. W. (2015). Teaching in a Digital Age: Guidelines for Designing Teaching and
Learning Vancouver BC: Tony Bates Associates Ltd.
Biswas, S. (2023). Role of Chat GPT in Education. Available at SSRN 4369981.
Bittencourt, G., Pozzebon, E., & Frigo, L. B. (2004). Inteligência Artificial na educação
universitária: quais as contribuições?Revista do CCEI, Bagé, RS, 8(13).
Blikstein, P., & Blikstein, I. (2021). Do educational technologies have politics? A semiotic
analysis of the discourse of educational technologies and artificial intelligence in
education. Algorithmic rights and protections for children.
Borji, A. (2023). A categorical archive of ChatGPT failures. arXiv preprint arXiv:2302.03494.
__________________________________________________________________________________________
Anais do XI SINGEP-CIK – UNINOVE – São Paulo – SP – Brasil – 25 a 27/10/2023 14
Brown, T., Mann, B., Ryder, N., Subbiah, M., Kaplan, J. D., Dhariwal, P., ... & Amodei, D.
(2020). Language models are few-shot learners. Advances in neural information processing
systems, 33, 1877-1901.
Cardin, V. S. G., & Oliveira Wolowski, M. R. (2021). Implicações jurídicas do uso da
inteligência artificial no processo educacional: pode a máquina substituir um professor
humano?. Revista Jurídica, 1(63), 198-220.
Celik, I., Dindar, M., Muukkonen, H., & Järvelä, S. (2022). The promises and challenges of
artificial intelligence for teachers: A systematic review of research. TechTrends, 66(4), 616-
630.
Collis, J., & hussey, R. (2005). Pesquisa em administração: um guia prático para alunos de
graduação e pós-graduação. Bookman.
Deng, L. (2019). Deep Learning: Methods and Applications. Berlim: Springer.
Flusser, V. (2005). Para uma escola do futuro. Facom. Revista FAAP. 15(1), 4-7. Disponível
em: http://www .faap.br/revista_faap/revista_facom/facom_15/_flusser.pdf Acesso em: 1 jul.
2022.
Gallo, S. M. L. (2023). ChatGPT: hiperautor ou não autor?. Traços de Linguagem-Revista de
Estudos Linguísticos, 7(1).
Garcia, A. C. (2020). Ética e inteligencia artificial. Computação Brasil, (43), 14-22.
Halverson, E. R., & Sheridan, K. (2014). The maker movement in education. Harvard
educational review, 84(4), 495-504.
Hassabis, D., Kumaran, D., Summerfield, C., & Botvinick, M. (2017). Neuroscience-inspired
artificial intelligence. Neuron, 95(2), 245-258.
Kerckhove, D. D. (2003). A arquitetura da inteligência: interfaces do corpo, da mente e do
mundo. Arte e vida no século XXI-tecnologia, ciência e criatividade. São Paulo: Editora
UNESP.
Kumar, J. A. (2021). Educational chatbots for project-based learning: investigating learning
outcomes for a team-based design course. International journal of educational technology in
higher education, 18(1), 1-28.
Lobo, L. C. (2018). Inteligência artificial, o Futuro da Medicina e a Educação Médica. Revista
Brasileira de Educação Médica, 42, 3-8.
Olite, F. M. D., Suárez, I. D. R. M., & Ledo, M. J. V. (2023). Chat GPT: origen, evolución,
retos e impactos en la educación. Educación Médica Superior, 37(2).
Openai, A. Como funciona o ChatGPT. 2020a. Disponível em: https://openaichatgpt.com.br/.
Acesso em: 30 jan. 2023.
Ouyang, F., Zheng, L., & Jiao, P. (2022). Artificial intelligence in online higher education: A
systematic review of empirical research from 2011 to 2020. Education and Information
Technologies, 27(6), 7893-7925.
Pokhrel, S., & Chhetri, R. (2021). A literature review on impact of COVID-19 pandemic on
teaching and learning. Higher education for the future, 8(1), 133-141.

__________________________________________________________________________________________
Anais do XI SINGEP-CIK – UNINOVE – São Paulo – SP – Brasil – 25 a 27/10/2023 15
Radford, A., Narasimhan, K., Salimans, T., & Sutskever, I. (2018). Improving language
understanding by generative pre-training. Blikstein, P. (2021). AI in education: Promises and
pitfalls. Technology, Mind, and Behavior, 2(2), 133-136.
Santos, A. A., Lucio, E. O., Barbosa, V. G., Barreto, M. S., Alberti, R., da Silva, J. A., ... &
Saraiva, M. D. S. G. (2023). A aplicação da inteligência artificial (ia) na educação e suas
tendências atuais. Cuadernos de Educación y Desarrollo, 15(2), 1155-1172.
Santos, L. A., Zimmermann, J. A. T., & Guimarães, U. A. (2022). A inteligência artificial na
educação. RECIMA21-Revista Científica Multidisciplinar-ISSN 2675-6218, 3(7), e371714-
e371714.
Silva, J. A. S., & Mairink, C. H. P. (2019). Inteligência artificial. LIBERTAS: Revista de
Ciênciais Sociais Aplicadas, 9(2), 64-85.
Silva, V. L. D. (2023). Ética e responsabilidade na era da inteligência artificial: aprendizagem
digital no chat GPT.
Sjöström, J., Aghaee, N., Dahlin, M., & Ågerfalk, P. J. (2018). Designing chatbots for higher
education practice. Proceedings of the 2018 AIS SIGED International Conference on
Information Systems Education and Research. 4.
Tavares, L. A., Meira, M. C., & do Amaral, S. F. (2020). Inteligência Artificial na Educação:
Survey. Brazilian Journal of Development, 6(7), 48699-48714.
VanLehn, K. (2011). The relative effectiveness of human tutoring, intelligent tutoring systems,
and other tutoring systems. Educational psychologist, 46(4), 197-221.
Veiga, F., & Andrade, A. (2019). Inteligência Artificial e Educação: uma revisão sistemática
de literatura. II Seminário Internacional EXPRESSA: Re-imaginar a Comunicação Científica
em Educação.
Vicari, R. M. (2018). Tendências em inteligência artificial na educação no período de 2017 a
2030: sumário executivo. In Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento
Nacional, 1–52.
Voogt, J., Knezek, G., Cox, M. J., Knezek, D., & Ten Brummelhuis, A. (2019). Under which
conditions does ICT have a positive effect on teaching and learning? A Call to action. Journal
of Computer Assisted Learning, 29(1), 4-14.
Webber, C. G., Flores, D., & Fracasso, D. (2021). Inteligência Artificial na Escola: Rumo às
Novas Experiências Computacionais. Scientia Cum Industria, 9(3), 27-32.
Yazdani, M., & Lawler, R. W. (1986). Artificial intelligence and education: an overview.
Instructional Science, 14(3), 197-206.

__________________________________________________________________________________________
Anais do XI SINGEP-CIK – UNINOVE – São Paulo – SP – Brasil – 25 a 27/10/2023 16

Você também pode gostar