Imperios Coloniais
Imperios Coloniais
Imperios Coloniais
Marcelo Andrade
IMPÉRIOS COLONIAIS
Parte 1
Sumário
1. INTRODUÇÃO
Os impérios coloniais europeus surgiram dentro do contexto das
grandes navegações. Portugal foi a primeira nação a se
aventurar no mar com objetivo de estabelecer colônias em áreas
remotas, processo este iniciado no século XV. E a ele,
seguiram-se outras nações, principalmente Espanha, Inglaterra,
Holanda e França. O ciclo findou no século XX. É verdade que a
ideia de colonização já existia no mundo antigo, várias
cidades gregas, por exemplo, fundaram colônias. Mas, somente
a partir do século XV foi possível o surgimento de impérios
coloniais que varriam grandes extensões de terra sem
contiguidade, que continham partes em porções isoladas nos
continentes, com as comunicações entre a metrópole e a colônia
realizadas por meio de longas navegações, nos mais variados
mares. Analisaremos sinteticamente os impérios coloniais da
Inglaterra, Holanda, Espanha, Portugal e França, nesta ordem.
E as análises dos dois primeiros formam uma “primeira parte” e
as dos restantes uma “segunda parte”.
3.3. PIRATARIA
Pirataria é o ato de se roubar navios nos mares. Os
piratas que exerciam esta atividade eram normalmente
violentos e assassinos. Uma atividade correlata era a de
saquear cidades a beira-mar. A Pirataria sempre existiu e
ainda existe hoje em dia e foi muito comum na época
colonial. Corsário era um pirata que, por missão ou carta de
corso (ou “de marca”) expedida por um governo, era
autorizado a pilhar navios de outra nação (guerra de corso),
ou seja, era uma “pirataria oficializada”. Piratas se
transformavam em corsários e vice-versa. A Inglaterra foi a
“rainha” da pirataria, sempre se utilizou muito dos
corsários. Essa atividade era para ela uma grande fonte de
renda ( APPLEBY, 2013, p. 40). Havia uma extensiva
infraestrutura para apoiar e dar aparência de “operação
comercial” à pirataria (APPLEBY, 2013, p. 8). Entre 1688 e
1815, 25.000 “carta de marca” foram expedidas na Inglaterra.
(HILLMANN, 2007, p.5) Durante certa época, o principal
objetivo militar da Inglaterra era saquear os navios
espanhóis. De 1585 a 1604, entre 100 e 200 embarcações foram
enviadas para assediar barcos espanhóis (FERGUSON, 2003, p.
33) Era muito utilizado um tipo de “perdão real” no qual a
Inglaterra anistiava piratas para fazê-los servir à Coroa,
como corsários, contra os inimigos dela. A atividade
imperial e colonial inglesa era indistinta da pirataria.
Houve “heróis” nacionais, parlamentares, colonizadores,
funcionários das companhias e governadores coloniais que
foram piratas. Boa parte dos piratas na História Moderna,
muitos deles famosos, eram ingleses. A Inglaterra
transformou Francis Drake (1540-1596), pirata, assassino,
pilhador e traficante de escravos em herói nacional.
Igualmente, fez de Lord Cochrane (1775-1860), corsário e
pilhador, um herói. Ele chegou a servir a outras nações,
incluindo o Brasil. Certa vez saqueou violentamente São Luis
do Maranhão. Henry Morgan (1635-1688), corsário, foi
governador da Jamaica. Thomas Cavendish (1555-1592)
participou da fundação da Virgínia e assaltou a costa
brasileira várias vezes. James Lancaster (1554-1618) foi
diretor da Companhia das Índias Orientais Inglesa. Certa
vez, foi tão cúpido no saque a Recife em 1595 que afundou
vários barcos devido ao excesso de peso do butim. Henry
Mainwaring (1587-1653) foi membro do Parlamento e da marinha
inglesa e se especializou em assaltar navios portugueses,
espanhóis e franceses, na costa européia. Black Bart
(1682-1722) aterrorizou vários lugares. Barba Negra
(1680-1718), um dos mais famosos, atuou em New Providence e
em outros lugares, servindo a Inglaterra em várias
oportunidades. Calico James (1682-1720) também atuou em New
Providence. Capitão Kidd (1645-1701) atuou na costa do
Madagascar contra os franceses. Port Royal na Jamaica
inglesa era um grande centro de bucaneiros (piratas do
caribe). New Providence em Bahamas era outro centro da
pirataria inglesa, local estratégico para assaltar navios
espanhóis, pois, situa-se perto da Flórida, que era
espanhola. As Treze Colônias também foram usadas para
entrepostos de corsários, assim como a Bermudas. Depois da
Inglaterra, a Holanda foi a potência que mais usou os
piratas. As Companias majestáticas holandesas, a WIC e a VOC
não deixaram de ser empresas de pirataria. Houve também
piratas famosos holandeses: Jan Janz (começo do séc. XVII)
foi presidente de uma curiosa “República dos Piratas do Bu
Regregue” na costa norte africana. Roc Braziliano
(1630-1673) foi um pirata cruel que odiava espanhóis e
atacava a costa brasileira, daí sua alcunha. Jacob Wilckens,
a serviço da Companhia das Índias Ocidentais, invadiu
Salvador em 1624. A França vem em terceiro lugar na relação
com piratas, mas se utilizou dos corsários em um grau muito
menor. Jean Angó (sec. XVI), a serviço da França,
aterrorizou o Brasil. Jean Bart (1651-1702) atuou na América
do Norte. Espanha e Portugal fizeram muito pouco uso em toda
a sua história dos corsários. Em Portugal, os saques a
cidades eram proibidos. Bartolomeu Portugês (séc. XVII) foi
o único pirata lusitano famoso e escreveu o “código da
pirataria”. A pirataria ocorria em vários locais no mundo
inteiro. O Mediterrâneo era infestado de piratas,
principalmente muçulmanos que atacavam embarcações
católicas. Mas, o apogeu da pirataria aconteceu no Caribe e
a sua “idade de ouro” foi entre 1690 e 1730, os piratas lá
eram conhecidos como bucaneiros. O tratado de Paris (1856)
pôs fim aos corsários. Nesta ocasião, a Inglaterra dominava
os mares e era a grande potência do mundo, logo ela só teria
a perder com a manutenção do corso, já que seria mais vítima
dele do que patrocinadora, por isso, advogou seu fim junto
com outras potências.
_________
NOTAS
[1] Wikipedia, verbete colonização de povoamento.
[2] Wikipedia, verbete colonização de exploração.
[3] Wikipedia, verbete escravidão.
[4] Nos países islâmicos houve escravidão no século XX.
[5] O Concílio Regional de Lyon (567-570), por exemplo,
proibia a escravidão de homens livres. No século VII, a
rainha da França Santa Batilde, que fora escrava ela mesma,
proibiu a comercialização de escravos.
[6] Wikipedia, verbete “Sati”. Existem relatos de
ocorrências nas últimas décadas.
[7] Ainda há poligamia hoje em alguns países muçulmanos.