1 - A Importância Histórica Dos Puritanos
1 - A Importância Histórica Dos Puritanos
1 - A Importância Histórica Dos Puritanos
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Estudiosos do fenômeno da religião reformada na América observaram um elemento de mídia que
devem ser considerados no uso das mídias sociais. Vermulem notou que o movimento “neo-calvinista” na
América, em essência, é um movimento alinhado ao uso da internet. Movimentos como o TGC e outros
estão alinhados em torno de temas como as doutrinas da graça, questões de identidade e apologética cristã
tradicional. O movimento que faz o anteparo crítico a este modelo é denominado de “verdadeiros
reformados”. O termo tem uma conotação pejorativa, assim como a nomemclatura que relacionava os
irmãos da OPC como “filhos briguentos”. Esses termos passaram a ser assumidos e hoje indica um grupo
que não se identifica nem com o mundo evangélico calvinista (neo-calvinismo). A taxonomia dessas
palavras é crucial para que os presbiterianos entendam o que está em jogo em boa parte dos conflitos. Na
América, aqueles que popularizaram o calvinismo nas mídias desde a década de 90 são conhecidos como
neocalvinistas ou neopurtianos enquanto, os mais radicais são conhecidos como “verdadeiros
reformados”. No Brasil, o TGC reúne uma percepção mais abrangente do movimento reformado enquanto
a tendência mais ligada ao “verdadeiro reformado” está mais próxima ao uso do termo neopuritano usado
no Brasil. Sugestão de leitura – ver apêndice 1: “Evangélico, Reformado e Verdadeiro Reformado.”
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Quando se observa a disponibilidade de conteúdo midiático nas redes sociais deve-se considerar as
produções independentes e as que são supervisionadas por instituições sérias e respeitadas em todo
mundo reformado e evangélico. Nas produções não supervisionado há uma tendencia mais editada de
assuntos como salmodia exclusiva, masculinidade, feminilidade, educação domiciliar, estabelecimento de
um Estado religioso, cobertura da cabeça com o véu e suspensão de datas como Natal etc. Nas produções
supervisionados, tais como o curso “Puritanos, uma vida para a glória de Deus”, lançado no Brasil em
parceria com a mídia “Defesa do Evangelho” proporciona uma análise da importância feitas pelo
segmenta evangélicos mais amplo contando com batistas, presbiterianos e anglicanos. O curso também
enfatiza biografias dos puritanos e por fim elenca temas teológicos que foram objeto de entendimento dos
puritanos sem nenhuma menção a assuntos não essenciais. Tal contraste antecipa uma tese importante
sobre o assunto: onde há a presença de instituições eclesiásticas sérias, que primam pela ordem e decência
na obra de Deus, há uma recuperação saudável dos marcos do puritanismo em relação às conteúdos
independentes que divulgam informações fragmentadas, incompletas, difusas e sem a devida posição
percepção da comunhão dos santos em Cristo. Em termos mais básicos: as produções oficiais são
produzidas por líderes com reconhecido trabalho realizado pela Igreja de Cristo em denominações
históricas. As mídias independes oferecem cursos de baixo custo, conteúdos e literaturas que não
possuem supervisão de irmãos mais experientes e com histórico de trabalho eclesiástico.
Levando em conta a preciosa contribuição histórica3 dos puritanos para a piedade
cristã, a Igreja Presbiteriana do Brasil ressalta os seguintes pontos:
Por fim, o ministério do Dr. Joel Beeke tem ajudado a disseminar o ethos
experiencial puritano por meio de uma linha editorial bem editada para ressaltar as
contribuições de alguns puritanos como alternativa entre o liberalismo e o minimalismo
evangelical americano. No Brasil, embora haja uma grande diferença em relação ao
contexto americano que sofreu um forte impacto do liberalismo teológico, também há
uma plataforma midiática onde o legado dos puritanos é apresentado como alternativa
aos evangélicos brasileiros.
Com a mudanças dos reis a sorte dos puritanos também foi afetada. Infelizmente,
após a morte de Eduardo VI um tempo de grande dor se abateu sobre nossos irmãos
puritanos. Em 1553, Maria Tudor, também conhecida como “a sanguinária”, assumiu o
trono da Inglaterra e perseguiu ferozmente os puritanos. Aquele fora um tempo de pavor
e morte. Nossos irmãos do passado deram suas vidas por se manterem féis às Escrituras
e por se oporem a atitude intencional de Maria em restaurar o estado da igreja como
estava antes de Henrique VIII. A mão cruel da sanguinária pode ser na seguinte apelo de
Fox:
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Ressaltar os objetivos primeiros é de suma importância para a análise da atitude primitivista que
alinhavava os anseios puritanos. Não era apenas uma conexão com estilos litúrgicos próximos a reforma
de Zuínglio, mas a crença de que a descoberta da Escrituras traria o modo de vida primitivo – uma
restauração da religião verdadeira semelhante aos movimentos do AT nas renovações de aliança.
Rogamos fervorosamente que nenhum registro de qualquer pais, seja
católico ou pagão, jamais volte a ser machado com tal repetição de
sacrifícios humanos por causa do poder papal, e que o aborrecimento que
existe quanto ao caráter da rainha Maria possa ser um farol para os
posteriores monarcas, a fim de que os faça evitar os recifes do fanatismo!
(Fox, 2001, p. 356)
Diante de tamanho retrocesso muitos líderes, da mais alta cepa teológica, “que
haviam abraçado o protestantismo nos reinados de Henrique e Eduardo descobriram,
com a chegada da nova rainha ao trono, que a Inglaterra não era mais um lugar de
seguro para eles.” (Brown, 1910, p. 9) Os que deixaram a Inglaterra ficaram conhecidos
como os “exilados marianos” e, de certa forma, pode-se dizer que “a reforma inglesa se
preservava pela fuga”. (Walker, 2006, p. 579) Além da espera por melhores condições
para a Reforma, os exilados tiveram uma profícua experiência ao cumprirem exílios em
cidades como Frankfurt, Strasbourg, Zurique e Genebra. Essa experiência fez com que
os puritanos tivessem uma visão ainda mais forte sobre a necessidade da reforma da
religião na Igreja da Inglaterra.
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Historiadores tendem a dar destaque ao jeito de Elizabeth em ser discreta nas suas intenções amorosas.
Da mesma forma, ela conseguiu ser muito discreta quanto à sua fé. Ainda que os protestantes tenham
recebido atenção em seu reinado, os católicos romanos também não foram esquecidos. Dito isto, o modo
como Elizabeth conduzia o padrão via-média anglicano era, de certa forma, encenado no modo de ser da
Rainha, especialmente no tocante a ambiguidade religiosa.
os 42 Artigos foram revisados, com a supressão dos artigos que
condenavam antinomianos, anabatistas e milenistas, e a reorganização de
outros artigos até que ficassem reduzidos a 39. Os 29 Artigos foram
aceitos pelo Parlamento em 1563 como o credo da Igreja Anglicana, de
subscrição obrigatória a todos os pastores. (Cairns, 1995, p. 271)
Deve-se notar que, na percepção da rainha, o partido dos pastores puritanos não
negava que sua intenção era uma religião pura para a igreja estabelecida. Preocupada
com a causa da uniformidade externa a rainha, com certo espanto e resignação, notou
que o movimento puritano crescente seguiria o que a Escritura diz em primeiro lugar.
Neste ponto da história, ainda que pareça uma digressão, deve-se resgatar outras
ações em prol da reforma estavam em curso e a despeito de parecerem um tanto difusas.
Tais impulsos pela piedade ajudaram a fermentar um tipo de “puritanismo genérico” 7.
7
Alguns pesquisadores usam o termo “espectro” ao invés de genético, o que pouco importa em termos de
definição. A questão mais importante é que o puritanismo que cresceu no contexto elizabetano possuía
várias cores, a saber: puritanos que se conformavam ao acordo confessional anglicano para com isso
contribuir para o crescimento espiritual. Entre eles também estavam os puritanos mais fervorosos que
protestaram contra as vestes, adoração e sistema de governo. Outros, cansados da falta de afeição dos reis
pela reforma decidiram “separar” da igreja estabelecida em busca da experiência primitiva. Por em relevo
este aspecto mais “espectral” ou “genérico” do puritanismo elisabetano lança mais luz sobre o assunto
para contrastar a visão popular e mítica, corrente nas mídias sociais, sobre um puritanismo totalmente
unificado, harmonizado e coeso ao ponto de se extrair uma unidade especial em prol da Reforma. Tal
espelho é importante porque às críticas feitas a Igreja Presbiteriana do Brasil focaliza sua diversidade
ministerial, especialmente as questões de foro litúrgico como a proibição dos corais, a adoção ampla e
Dotados de zelo santo, amor pela igreja estabelecida, sedentos pela frutificação
espiritual os pastores puritanos lutaram em várias frentes o que levou a estratégias
diferentes. Alguns foram mais moderados, outros mais fervorosos na crítica a Igreja da
Inglaterra, enquanto outros se degeneraram em conceitos estranhos. Também aqui, em
vista de todo esse contexto, deve-se reconhecer que o termo “puritanismo” foi aceito
entre os pastores elisabetanos com alguma ressalva, já que a criação do termo possuía
motivações pejorativas. Um exemplo do caráter espectral do termo “puritano” pode ser
notado em William Perkins, denominado o pai do puritanismo, em um dos seus debates
sobre a santificação, quando ele disse:
irrestrita da salmodia exclusiva, bem como a remoção dos instrumentos musicais. Outros tópicos seriam
levantados necessariamente, como por exemplo, a adoção dos padrões subordinados oficiais antes de suas
modificações em 1729, o uso do véu, a proibição de medicações anticoncepcionais sob a juízo que
relações sexuais nesse contexto são comparáveis à luxuria etc. Guardadas as devidas proporções, em
nosso tempo, também existem vários “puritanismos” que hora agregam virtudes em torno da piedade
puritana sem considerar a denominação presbiteriana apóstata, outros permanecem na denominação mas
se recusam a cantar os hinos históricos, suprimem os corais, cancelam as aulas de escola dominical,
fiscalizam qualquer atividade econômica dos membros sem considerar se foram necessárias ou não, e os
mais radicais fustigam a denominação de fora para dentro levantando suspeitas sobre a piedade puritana
caso a Ceia não seja com mesa fechada, pão único, uso do véu e outras idiossincrasias.
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O início do movimento puritano pode ser encontrado numa comunidade espiritual de capacitados
pastores/pregadores que surgiram em 1580 e 1590. Entre os mais conhecidos então Richard Greenham,
Henry Smith, Richard Rogers, Laurence Chaderton, Arthur Hildersam, John Dod, John Rogers e William
Perkins (Hulse, 2000, p. 47).
igreja “conformando-se” ao que era possível “conformar” para manter o foco nas
demandas mais importantes, a saber: o despertamento espiritual, a piedade experiencial,
o avivamento da alma diante de Deus. 9 Esse modo de agir, mantendo-se fiel à uma
consciência enraizada na Palavra, afastando-se de atitudes sectárias ou disputas sobre
coisas indiferentes a salvação foi uma marca proeminente de parte do movimento
puritano, especialmente a Fraternidade Espiritual. Paul R. Schaefer escreveu um
parágrafo altamente relevante considerando o legado desta comunhão espiritual nos
puritanos do período elisabetano. Sobre isto, ele disse:
9
No caso de Perkins eis outra nota importante: Este famoso divine foi um puritano completo, tanto em
princípio quanto na prática, e foi convocado mais de uma vez perante seus superiores por não-
conformidade; todavia, ele foi um homem de paz e de grande moderação. Ele estava preocupado com
uma reforma mais pura da igreja; e, para promover este objeto tão almejado, ele se uniu a seus irmãos em
suas associações privadas e na assinatura do "Livro da Disciplina". (Brook, 1813, p. 131)
mas de uma forma mais moderada focando em tópicos como a doutrina da justificação e
na vida santificada diante de Deus. Isto não quer dizer que as polêmicas não foram
importantes ou que deixaram de existir naquele momento crítico para a Igreja da
Inglaterra, antes deseja-se acentuar que jeito de ser da Fraternidade Espiritual também
foi poderosamente usada pelo Senhor para preservar a ortodoxia ainda que isso
sugerisse um tipo de puritanismo mais genérico que sabia dar peso e dimensão sobre
quais batalhas deveriam consumir mais energia.10
10
Esta nota sobre a Fraternidade Espiritual e a maneira como alguns dos seus aderentes se relacionavam
com o apelido “puritano” deve prover uma grande ajuda aos oficiais e membros da Igreja Presbiteriana do
Brasil no ato de discernir o puritanismo saudável que é interessado na piedade experiencial daquele
puritanismo sectário e anônimo que existiu no passado, e com em nossos dias, com a internet e os
fenômeno das redes sociais, também se repete. No passado, os escritos satíricos e ácidos que circulavam
com o pseudônimo de “Martin Marprelate” tinha como objetivo “arruinar a respeitabilidade dos prelados
ingleses” (Pastoor & Johnson, 2009, p. 195), porém tais escritos só “deram ainda mais força ao
ressentimento” (Brown, 1910, p. 98) contra os puritanos. Em nossos dias, lamentavelmente, nota-se que a
criação de perfil virtuais, alguns deles até usando o nome de “Martin Marprelate” para incitar os jovens a
ofenderem pastores presbiterianos e batistas honrados por seus pares. Curiosamente o ataque nem se dá
até mesmo contra os líderes que são rigorosamente estritos em suas subscrição confessional, mas por
votarem, cantar hinos não inspirados ou acompanharem datas como Natal e não incentivarem o uso do
véu são vistos como falsos reformados. A história mostra que esse comportamento irresponsável, belicoso
e desprovido de apreço pelo Nono Mandamento só trará dano aos envolvidos.
11
Mesmo depois do Acordo elisabetano “eles tinham permissão para usar seu Saltério métrico antes e
depois de orações e sermões, a Bíblia de Genebra foi publicada e distribuída, bem como as orações e
confissões na Forma de Oração, que eles tinham usado no exílio, foram frequentemente anexadas ao
Saltério e orações prescritas foram feitas. Somente a partir de 1564 foi necessária uma rígida
uniformidade.” (Letham, 2009, p. 15) Além das reuniões de profecia, os puritanos conseguiram abrir
várias frentes para que a obra da reforma pudesse prosperar na Inglaterra.
escassos que seu Assentamento se desfez, mas foi preciso uma geração
para que isso acontecesse. (Bray, 2021, p. 312)
Um pedido importante neste documento é que ele ainda refletia ecos do espírito
elisabetano, por assim dizer, tendo que em vista que os pastores puritanos não estavam
explicitamente pleiteando uma igreja presbiteriana de acordo com os moldes da Escócia.
Pelo contrário, “eles reconheciam integralmente o sistema episcopal” e pleiteavam que
apenas “Os Trinta e Nove Artigos” e “A Supremacia do Rei” fossem objeto de
subscrição obrigatória e que “os indivíduos não fossem excomungados por assuntos
triviais.” (Campbell, 1893, p. 225).
Pelo que foi visto até o momento, pode-se dizer que tanto o assentamento
elisabetano como a postura de James I quanto ao estado de coisas na Igreja estabelecida
ajudaram a desenvolver, espelhar e aguçar o modo como os puritanos, em toda a sua
diversidade, experimentaram o projeto de Reforma. Os desenvolvimentos da era
elizabetana e do período de James I não apenas preparam o palco para a Assembléia de
Westminster, mas indicavam a direção que o movimento reformado tomaria, sobretudo
no Novo Mundo especialmente em termos de igrejas fora do contexto de religião
estabelecida.12
Quando rei Carlos I ascendeu ao poder em 1625 para marcar seu reinado por
decisões políticas atrapalhadas e por condutas religiosas incapazes de unir o povo
inglês. Assim como os outros monarcas, Carlos não teve um relacionamento pacífico
com os puritanos, antes tudo que poderia ser feito para levantar polêmicas foi feito. Ao
longo de dez anos, por causa da ferrenha oposição do rei, muitos puritanos emigraram
para a Nova Inglaterra entre 1629 e 1640. Para entender melhor essa situação é preciso
entender, dentre outras coisas, o programa “beleza da santidade” supervisionado pelo
arcebispo Laud (1573-1645). Ele restaurou
12
Tudo que foi levantado até este ponto tenciona mostrar aos oficiais e membros da Igreja Presbiteriana
do Brasil que o movimento puritano não agiu com uma estratégia unificada e nem trouxe os mesmos
resultados por onde se espalhou. No contexto da Igreja estabelecida, até o reinado de James I, todos os
esforços em reformar a Igreja e movê-la seja na direção do presbiterianismo de Cartwright ou do
congregacionalismo inicial de Henry Jacob não lograram êxito, mas alcançaram outras vitórias como a
organização de conferências e reuniões de profecia que mesmo duramente perseguidas deram frutos. Até
mesmo a frustração que muitos tiveram com James I, pela providência de Deus, foi revertida em ganho
para a formação do que viria a ser o protestantismo americano, do qual a IPB é herdeira direta. Estas
observações servem para confrontar narrativas alternativas que colocam nossa denominação fora do
escopo histórico do presbiterianismo robusto e ortodoxo, como se no novo mundo, mesmo de modo
diferenciado, a fé não tivesse causado um profundo impacto nas gerações futuras o que inclui os pioneiros
do presbiterianismo no Brasil.
Contudo, num arroubo de grande ousadia, em 1638 Laud tentou impor o Livro de
Oração aos escoceses que já havia estabelecido um programa de reforma que era um
espelho referencial para os puritanos ingleses. O emblemático episódio envolvendo
Jenny Gedds remonta este período. A ação de Laud suscitou algo muito além do que a
reprovação de uma mulher. A Escócia se uniu contra Carlos I e lhe impôs uma dura
derrota em 1639. Esse contexto também remonta uma memória especial dos chamados
Covenanters. Esses presbiterianos escoceses marcharam contra Carlos uma bandeira
azul onde estava escrito: “Pelo coroa de Cristo e seu Pacto” (McGoldrick, 2012, p. 118).
Carlos governou muito tempo sem o parlamento, mas em vista da derrota imposta
pelos escoceses, ele tentou buscar apoios para financiar uma resposta contra os
pactuantes. Pode-se dizer que pactuantes “destruíram a autoridade de Carlos” e o
“foçaram a convocar o Parlamento.” (Needham, 2016, p. 219) Sem conseguir apoio em
torno da sua causa, Carlos decidiu invadir a Casa dos Comuns para prender seus
desafetos políticos. Já em 1642 a Inglaterra estava em Guerra Civil. Conforme a
situação se deteriorava a figura do Parlamento crescia. Em 1643, foi assinado um
acordo chamado de “Liga Solene e Aliança”. Na prática, este acordo
13
O tema da subscrição confessional será abordado no capítulo 2 desta pesquisa –
14
A relação dos puritanos com a tradição bem como o grau de coerência interna entre as confissões
reformadas será tratada com mais profundidade no capítulo 3 desta pesquisa –
como “a liturgia puritana”, “a doutrina puritana” ou “o pensamento puritano” como se o
entendimento dos puritanos fosse único e sistematizado em quase todos os detalhes.
Desta forma, de forma inadequada, não poucas vezes as pessoas são confundidas
quando o termo puritano é usado para depreciar aqueles que apreciam a piedade
experiencial que os puritanos buscaram e quando se usa o termo para “fechar” questões
pontos da doutrina como se eles pensassem a mesma coisa em quase tudo. Dito isto,
este tópico visa levantar pontos de diferença entre os puritanos para que fique
demonstrado a fragmentação que existia entre eles em doutrinas importantes. Uma vez
que mito da unidade doutrinária e prática entre os puritanos for confrontada abre-se
espaço para direcionar o melhor uso possível do que legado que eles deixaram.
15
Esta pesquisa cobrirá o tópico sobre os assuntos indiferentes no terceiro capítulo –
As coisas que a lei de Deus deixou ao arbítrio e à liberdade estão todas
debaixo das leis positivas dos homens, as quais, para o benefício comum,
cerceiam a liberdade de certos homens em tais coisas (...). Isto precisamos
manter ou subverter o mundo e fazer de cada homem o seu próprio
comandante. (Littlejohn, 2017, p. 130)
Desta forma, apelando para o melhor consenso possível entre teólogos sábio, com
a devida segurança jurídica de acordo com a ordem legal vigente na era Tudor poderia
se chegar a um liberdade com restrições visando sobretudo o bem comum. A tentativa
de Hooker em se colocar entre Roma e o precisionismo puritano não era uma mera ação
pragmática da prelazia, mas uma forma de lidar com aquilo que não estava claro nas
Escrituras apresentando uma tese segura, a saber, a autoridade dos magistrados e seu
dever para com o bem comum. Contudo, em um contexto de leis vistas como sem
sempre “justas”, a tese de Hooker não seria acolhida pelos puritanos por causa de
“caprichos” dos mais radicais, mas por “diferenças de opiniões.” (Littlejohn, 2017, p.
178)
não encerraria o assunto?” (Hill, 1970, p. 120) Esse pequeno recorte serve como amostra da fina lâmina
de harmonia entre os grupos que pensavam diferente.
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Em 1646, Thomas Edwards, afirmou: "Se uma tolerância for permitida, toda pregação não manterá as
heresias afastadas. Nenhum homem sabe onde estes sectários irmão parar ou ficar, ou a que princípios
eles vão manter". (Hill, 1972, p. 69) Este ambiente conflituoso, politicamente instável e enriquecido pela
pólvora da guerra civil fomentava um forte clima de censura. Por outro lado, a razão fortalecida com os
poderes do método escolástico e a escatologia lida em linha fortemente distintiva acentuava ainda mais os
casos de divisão.
Enquanto ele governava o país, existiu pela primeira vez na história
inglesa algo que se aproximava da tolerância religiosa. O Exército insistiu
nisso, e eles alcançaram seu objetivo. Esta tolerância, seguramente, não
abraçou os católicos, pois eles eram vistos como inimigos públicos,
embora Cromwell os protegesse sempre que possível. Entretanto, ela
abraçou todas as outras seitas, inclusive os judeus ilegais, que haviam
sido excluídos do reino desde os dias de Eduardo I. (Campbell, 1893, p.
398)
Em suma, o poder das chaves não surge da membros da igreja em comunhão, mas
de Cristo. O poder dos presbíteros “deriva imediatamente de Cristo e não da igreja.”
(Beeke & Jones, 2016, p. 884).
Este assunto, na maioria dos casos, andava junto com o fervor escatológico dos
puritanos. Em vista disso, os debates sobre o governo da igreja foram vistos como sinal
da reversão edênica e dos sinais de pureza do mundo vindouro. Dito isto, não se deve
estranhar porque o tema do governo da igreja gerou tanto desacordo entre os puritanos.
Por conta disso, os debates usavam termos fortes e pouco fraternos em algumas
situações, de fato, tornando-se em “uma barreira intransponível para [essa] unidade
visível.” (Beeke & Jones, 2016, p. 905) O poeta John Milton, por exemplo, resistia aos
presbiterianos afirmando que “o novo presbítero era somente um velho sacerdote”
(Hall, 2011, p. 123) Por outra lado, presbiterianos como Baile, pelos de idos 1644,
afirmava que o “mal da independência” era “a verdadeira mãe de todas os desvios da
igreja.” (Hall, 2019, p. p. 277)
à medida que a terra Natal dos puritanos ia se tornando cada vez mais
hostil a eles, suas esperanças de que a Inglaterra se encheria de glória foi
diminuindo à medida que iam cansando de “lutar com bravura, porém,
sem êxito.” (Beeke & Jones, 2016, p. 1094)
Tal ambiente juntado com as expectações restauracionistas fez com que alguns
puritanos passassem do ponto em seus ensinos. O puritano Cotton Mather, por exemplo,
afirmava receber revelações dos anjos e obras sobrenaturais que vieram por meio de
sonhos – como o conhecimento de remédios. Ele chegou a afirmar, com base em uma
suposta aparição angélica, que “Cristo voltaria em 1716” (Beeke & Pederson, 2010, p.
523).20
18
Os estudos de Crawford Gribben em “The Puritan Millennium” são um auxílio indispensável no trato
deste assunto. Sobre o uso da literatura não bíblica sobre contos apocalípticos, nota-se que alguns
escritores daquele tempo entediam que não eram tão "autênticos, de modo a citá-los nas matérias das
Escrituras, mas também nem tão profanos, a ponto omiti-los completamente" (Gribben, 2000, p. posição
608). Outros criticavam tal interesse condenando a “a excessiva credulidade de alguns nas escatologias
dos ‘Targuns e Talmuds judaicos, Oráculos Sibilinos, o Alcorão e astronomia" (Gribben, 2000, p. posição
622).
19
Um nota sempre enfatizada pelos estudiosos do pensamento dos puritanos é que, não somente em
matérias escatológicas, mas em muitos outros temas devem-se ter o cuidado de não proceder de modo
anacrônico. As questões relacionadas ao milênio de Apocalipse são um bom exemplo disso, pois ainda
que as crenças sejam próximas ao pré-milenismo e pós-milenismo esses sistemas não estavam
desenvolvidos.
20
Beeke e Pederson descrevem Cotton Mather como um puritano “enigmático.” Reconhecendo que se
pode tirar boas lições do seu ministério deve-se reconhecer que “a propensão mística e seu ascetismo
1.4 O fim do movimento puritano
Enquanto movimento histórico os puritanos tiveram seu ocaso. Não existe uma
versão definitiva sobre o fim do movimento senão que após o reinado de Carlos II, onde
milhares de pastores puritanos foram depostos e perseguidos, nunca mais aconteceu um
movimento de reforma da igreja estabelecida como aquela revolução puritana.
estrito, que por vezes quase acabaram com sua vida, certamente são desvios da corrente principal do
pensamento puritano.” (Beeke & Pederson, 2010, p. 529) Em outro texto, Beeke e Jones explicam que
“para os puritanos, a cessação da revelação especial não implica que Deus tenha deixado sua igreja sem
uma palavra oportuna para a hora presente. Pelo contrário, mediante um estudo cuidado da Palavra os
crentes encontram tudo que precisam para fazer predições falíveis sobre sua própria época.” (Beeke &
Jones, 2016, p. 1092) Mais adiante encontramos a segunda ressalva: “todos os interpretes [do Apocalipse]
precisam de uma dose saudável de autoconsciência e devem ter o cuidado de não interpretar a profecia
apenas segundo seu próprio conhecimento da história e dos acontecimentos atuais, ou no que diz respeito
a suas próprias esperanças e sonhos pessoais.” (Beeke & Jones, 2016, p. 1156) De fato, algumas
abordagens escatológicas promovidas pelos puritanos destoam do melhor consenso possível resumido nas
confissões reformadas. Visto por esse ângulo pode-se dizer que as predições “falíveis” eram um ponto
fora da curva, ainda que muitos puritanos proeminentes, e não apenas figuras como Cotton Mather,
fizeram predições sobre a vinda de Jesus. Fesko observa que puritanos da cepa de Thomas Goodwin,
Edmund Calamy também fizeram predições de datas sobre o retorno de Cristo e o fim do mundo.
Goodwin esperava que o mundo terminaria em 1666 e Calamy pregou que em 1641 Cristo retornaria
(Fesko, 2014, pp. 366-367). Talvez, os arroubos preditivos não fossem algo tão incomum entre os
puritanos, mas independente disso fica demonstrado que alguns pontos da escatologia revelam que eles
possuíam posições distintas e no mínimo inconsistentes com o princípio do somente as Escrituras. Os
novos estudos que estão sendo publicados reforçam o anseio puritano pelo céu e as benesses do Reino de
Cristo e, ao mesmo tempo, estimulam o estudo criterioso dos seus escritos para reter a boa piedade na
medida que ela acompanha as Escrituras.
O breve resumo deste autores é um indicativo de como as divisões internas do
movimento puritano foram decisivas para o ocaso da revolução. Se o foco estiver no
processo de divisão de opiniões ao invés do por o peso sobre o separatismo a
responsabilidade todos os grupos será mais bem dividida, afinal, a unidade sempre
oscilante no contexto inglês fez com que muita energia para que a Reforma acontece
dentro de um script confessional particular. Como se viu no levantamento histórico e na
afirmação das diferenças, cada puritano, ao seu modo, dentro da ortodoxia e da vida de
piedade contribuiu para a Reforma da Igreja estabelecida cujo efeitos reverberam até os
dias de hoje.
21
O parágrafo do Ato Constitutivo do Sínodo de 1888 afirma o seguinte: “Os símbolos da Igreja assim
constituída serão a Confissão de Fé e os Catecismos da Assembléia de Westminister, recebidos pelas
igrejas presbiterianas dos Estados Unidos.” (Reily, 2003, p. 139) Na história recente, o Rev. Onézio
Figueiredo, comantando nossos Símbolos de Fé, afirmou: “embora o SC tenha atribuições de emendar ou
reformar a Confissão de Fé de Westminster, o Catecismo Maior e o Breve Catecismo, entendemos que
um documento histórico pode ser reinterpretado, quando não se adequar aos princípios confessionais da
Igreja ou se tornarem anacrônicos em decorrência das mudanças culturais no campo comportamental, mas
sem eliminação do original. As modificações vão enfraquecendo a historicidade do documento,
colocando no olvido a sua integralidade. No meu entendimento, deve-se manter o texto original
contestado, com a observação de que a IPB não assume semelhante posição confessional. A IPB aceitou e
incorporou (pelo Sínodo de 1888) ao seu credo confessional o acréscimo americano e algumas supressões
(Ig. Presb. do Norte do E.U.A, 1788/ 1887). Devíamos ter, sem modificações, o documento original, para
conhecimento histórico e mais nítida evidência de nossa atual posição. Reinterpretar, sim; modificar,
não.” (http://www.ebenezer.org.br/wp-content/uploads/2015/09/Constitui%C3%A7%C3%A3o-da-Igreja-
Presbiteriana-do-Brasil.pdf – acessado em 14 de janeiro de 2022) Desde a memoria fundacional do
Sínodo primitivo e as batalhas que sobrevieram aos lideres da denominação nascente nota-se que os
padrões subordinados para lutar contra os ataques as doutrinas essenciais do cristianismo, não havendo
debates graves sobre uniformidade da religião em torno da salmodia exclusiva, por exemplo. Os
presbiterianos do Brasil receberam e adotaram uma Confissão modificada, especialmente na relação entre
a esfera da Igreja e Estado, afastando-se da ideologia da religião oficial e da uniformidade da religião.
Nesse ponto, a denominação continua com a maior parte da compreensão da Confissão Original, porém
seguindo o melhor entendimento que prevaleceu no contexto colonial americano, que permanece até hoje,
no sentido da separação entre a esfera da Igreja e do Estado.
nosso Padrões subordinados22, fruto precioso do trabalho dos puritanos e refinada do
cadinho do presbiterianismo colonial americano, como expressão simples de uma
confessionalidade saudável mantida até hoje em nossa denominação com
reconhecimento internacional. Nosso testemunho internacional pode ser exemplificado
nesse breve relato:
Contudo, nem tudo são apenas vitórias. Nos últimos anos, junto com a
recuperação da tradição reformada ao redor do mundo, expressamos nossa preocupação
com respeito a algumas condutas extremistas que indevidamente se apoiam em
expressões históricas do puritanismo, mais especificamente na ideologia histórica da
uniformidade da religião nacional, tal como foi experimentado no passado presbiteriano
escocês ou na ethos de algumas denominações americanas que sofreram com a
infiltração de posições reconstrucionistas.25 Amamos e reconhecemos os irmãos que
continuam aspectos peculiares tradição reformada escocesa e nos juntamos com eles na
orações, bem como na manutenção integral sã doutrina expressa por nossos padrões
subordinados comuns, porém reafirmamos que nas questões litúrgicas, políticas e
missionais, em amor, nos distinguimos de posições algumas opiniões identificadas com
24
“Na atualidade, a diferença mais imediatamente visível entre as igrejas antigas e novas é que os cristãos
do Sul são muito mais conservadores, no que se refere a suas crenças e seus ensinamentos morais. As
denominações que vem triunfando em todo o Sul do planeta são resolutamente tradicionalistas ou até
reacionárias, pelos padrões das nações economicamente avançadas.” (Jenkins, 2014, p. 23)
25
O reconstrucionismo é um teoria de ação pública que procura resgatar a lei civil para Israel para o
contexto jurídico pós-iluminsmo e post-bellum americano. No Brasil, muitos desses escritos foram
divulgados pela editora Monergismo. Em alguns casos, o reconstrucionismo serviu como uma porta de
entrada para uma renovação das percepções Covenanters do passado, especialmente o entendimento
escocês de uniformidade religiosa. Atualmente, um pequeno grupo trabalho para recuperar tal percepção
como único remédio para uma denominação que, segundo eles, se afastou de suas raízes originais
escocesas. Para Alex Castro, em um prefácio ao livro A Bandeira Azul de Robert Pollok Kerr, traduzir e
fazer conhecido o passado Covenanter “apresenta-se como um pequeno raio de luz brilhando sobre as
trevas dessa ignorância. Contudo, não se trata apenas de trazer mais conhecimento histórico, e sim uma
tentativa de fazer o testemunho desses santos, contemplado através da doutrina e piedade deles,
influenciar a nossa geração.” (Kerr, 2021, p. 12) Nós, presbíteros desta denominação louvamos a Deus
pela história dos Covenanters e por sua coragem na luta contra a imposição da falsa religião feita por
autoridade ímpias. Sem eles, o presbiterianismo não teria se espalhado pelo mundo. Contudo, o tempo e o
desenvolvimento doutrinário dentro do consenso denominacional que temos desde 1888 não contempla a
uniformidade religiosa em um contexto de Igreja nacional. Essas mesmas convicções se encontram no
corpo basilar das práticas da Igreja Puritana Reformada fundada por Elmir de Oliveira Júnior.
os Covenanters, razão pela qual toleramos pequenas qualificações em nossos padrões
subordinados e, por isso, não exigimos a prática da salmodia exclusiva, não defendemos
um Estado religioso estabelecido ou formas teonômicas da restauração da lei civil de
Israel, não proibidos instrumentos musicais, não removemos corais e não exigimos a
cobertura da cabeça das mulheres. Entendemos que, embora essas posições tenham sido
defendidas com maior ou menor uniformidade entre os puritanos, elas não representam
a essência do ser reformado representado em sentido lato nos Cinco Solas da Reforma e
de forma mais estrita nos Padrões subordinados que está denominação recebeu em
1888.
Lamentamos que o termo “puritano” ainda seja usado em nossos dias como forma
de destruir reputações, perseguir ou achacar irmãos sinceros de coração e servos de
Cristo dentro da nossa denominação. Entretanto, reconhecemos que temos focos
regionais de conflitos que, maximizado pelas mídias sociais, causam prejuízo e
desavença em alguns presbitérios e sínodos de nossa denominação. Esses casos mais
radicais podem ser objetivamente exemplificados na percepção de que a verdadeira
igreja subiste onde se pratica há a salmodia exclusiva, o canto à capela, cobertura da
cabeça com o véu, a abstenção do voto e de vida política dentro do Estado democrático
de direito, e de expectação de uma nova ordem mundial com a restauração da lei civil
mosaica.
Por outro lado, recomentamos ao presbitérios para que velem pela nossa
integridade confessional lembrando que nossos votos de ordenação também
contemplam a paz e unidade no seio da igreja. Por isso, rogamos aos nossos pares
procurem viver em comunhão de fé nas materiais essenciais dispostas em nossos
padrões subordinados tratando com a disciplina proporcional os oficiais e os membros
que incorrem em práticas estranhas às Escrituras e aos fiel símbolos de Fé recebido em
1888. Sejam quais forem as faltas, quer sejam liberais, fundamentalistas,
neopentecostais ou manifestações do legalismo que se vale do puritanismo como
plataforma que elas sejam tratadas em amor visando a restauração da comunhão dos
santos. Assim como é danoso desprezar os irmãos que desejam cantar os salmos
também é danosa a postura que incentiva o desprezos que tem uma posição diferente
sobre o uso dos cânticos sagrados em nossas liturgias – desde que tais cânticos
expressem o significado das Escrituras. Porém quando a atitude sectária está presente
acontece o que disse João:
Por fim, nós presbíteros desta igreja, rogamos que a Junta de Educação Teológica
e a Conselho Editorial da Cultura Cristã, bem como o Brasil Presbiteriano continuem
pais presbiterianos do passado, à semelhança de John Knox, não praticavam tais coisas, não poderíamos
chamar com precisão os que tais coisas praticam de Neo-Presbiterianos?”
(http://www.iphr.org.br/2008/11/neo-puritanismo-ou-neo-presbiterianismo/ acessado em 16 de agosto de
2018). Outra crítica ao termos foi feita pelo Rev. Ewerton Tokashiki. Ele afirma, numa nota editorial, que
o termo “neopuritano” foi atribuído “àqueles reformados que admiram os puritanos, defendem a prática
da subscrição integral dos Padrões de Westminster e zelam por uma vida santificada como resposta
apropriada à salvação pela graça.” (Beeke & Reeves, 2021, p. 15)
29
SC - 2010 - DOC. LXXVI: Quanto aos documentos: 027 - Sobre Práticas Neopuritanas; 028 - Proposta
quanto a Práticas Neopuritanas; 229 - Consulta quanto Práticas Litúrgicas: O SC/IPB - 2010 RESOLVE:
1. Referendar a decisão da CE-SC/IPB 2008, contida no documento 193: "CE-SC/IPB-2008 - Doc.
CXCIII - Quanto ao documento 202 - Proveniente do Presbitério Sul Paulistano - Sínodo de Piratininga -
Ementa: Consulta do Presbitério Sul Paulistano Sobre Práticas Neo-Puritanas. Considerando: 1. Que as
práticas elencadas pelo PSPA tais como: cântico exclusivo de salmos, proibição de mulheres cristãs de
orarem nos cultos da Igreja, proibição de instrumentos musicais e de corais nos cultos não encontram
amparo nos símbolos de fé da Igreja e nem nos Princípios de Liturgia que regem o culto na Igreja
Presbiteriana do Brasil; 2. Que a Igreja Presbiteriana do Brasil é historicamente uma Igreja litúrgica, e
que tem primado por um culto solene, embasado nas Sagradas Escrituras conforme interpretado pelos
seus símbolos de fé; A CE-SC/IPB 2008 RESOLVE: 1. Lamentar que as restrições esposadas por aqueles
que defendem tais práticas estejam trazendo confusão no seio do povo presbiteriano; 2. Determinar aos
pastores que observem os "Princípios de Liturgia" da Igreja Presbiteriana do Brasil como parâmetro
litúrgico para os cultos em suas igrejas, bem como os fundamentos teológicos do culto esposados pela
Confissão de Fé de Westminster e seus Catecismos Maior e Breve como norteadores para uma sadia
teologia do culto; 3. Determinar aos concílios da Igreja Presbiteriana do Brasil que velem pela execução
da liturgia reformada, conforme expressa nos Símbolos de Fé e Princípios de Liturgia adotados pela IPB,
repelindo todas as práticas estranhas a eles, quer sejam elas "Neo-Puritanas" de restrição de genuínos atos
litúrgicos, quer sejam de acréscimos de práticas antropocêntricas "Neo-pentecostais"."
trabalhando para trazer ao povo presbiteriano os melhores exemplos puritanos, bem
como livros e artigos que enfatizem a prática da confessionalidade saudável. Rogamos
aos nossos irmãos pastores e presbíteros desta denominação que façam uso do material
que já dispomos, muitos deles já citados na redação desta carta. Entendemos que o
ensino correto dos nosso padrões, apoiado na exposição clara e sistemática das Escritura
neutralizará todos os tipos de ataques a unidade e a paz desta denominação.
Desta forma, olhando firmemente para a expressão do Salmo 133, rogamos que a
métrica da unidade e a piedade autêntica amparada na Palavra seja nossa vida diante de
Deus cantada para sua honra e glória. Cantemos em nossas igrejas:
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