E-Book - Gestão de Empreendimentos Comunitários - 2023
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1. Apresentação do curso 5
1.1 Conceito de governança em cooperativas e associações 8
1.2 Atores da governança 10
1.2.1 Associados 11
1.2.2 Assembleia Geral 15
1.2.3 O Conselho Fiscal 19
1.2.4 O Conselho de Administração ou Diretoria 23
1.2.5 Assembleia Geral 23
Encerramento do módulo 1 26
2. Apresentação 28
2.1 Planejamento Estratégico 29
2.2 Etapas do Planejamento Estratégico 32
2.2.1 Definição da Visão e Missão 33
2.2.2 Análise dos ambientes externo e interno 36
2.2.3 Definição dos objetivos 37
2.2.4 Controle estratégico 39
Encerramento do módulo 2 40
3. Apresentação 43
3.1 Análise e desenvolvimento do mercado 44
3.1.1 Segmentação de mercados 45
3.1.2 Definição de clientes 46
3.1.3 Definição das necessidades e desejos dos clientes 50
3.1.4 Promoção 54
Encerramento do módulo 3 56
4. Apresentação 58
4.1 Avaliação de resultados econômicos e financeiros 59
4.2 Indicadores Sociais e Ambientais 70
Encerramento do curso 72
MÓDULO 1
BOAS PRÁTICAS
DE GOVERNANÇA
1. Apresentação do curso
Eu sou a Ana. Sou técnica extensionista e irei visitar uma comunidade que vive
da extração de produtos florestais e precisa de apoio para conduzir os trabalhos
comunitários.
A jovem Rita, nascida na mesma região que a Chica, concluiu os estudos e agora
participa dos cursos oferecidos em centro de desenvolvimento tecnológico e de cursos
de desenvolvimento de lideranças. Em vez de se mudar para a cidade, que é o destino
comum dos jovens da região, ela quer permanecer na sua comunidade e ajudar no
desenvolvimento local.
TÉCNICA
1
Princípios cooperativistas: são orientações normativas de conduta e procedimentos que
visam atender a coletividade e os objetivos propostos pela cooperativa. Vale destacar que
estes princípios não são aplicados a associações, pois estas, com base em lei, não possuem
finalidade econômica, no entanto, é necessário implantar, de forma similar, boas práticas de
gestão de governança para estas instituições.
TÉCNICA
Asorganizaçõesassociativas,comocooperativaseassociações,
adotam práticas de autogestão2, isto é, trabalham integrando
as boas práticas de governança³ com a finalidade de atender
os anseios da coletividade.
3
2
Autogestão é o processo pelo qual os próprios Governança é um modelo de
associados, de forma democrática e por meio de direção e controle da organização,
organismos de representatividade e autoridade fundamentado no senso de justiça
legítimos, assumem a responsabilidade pela e transparência, que estabelece
direção da organização e pela prestação de práticas éticas, visando contribuir
contas da gestão. As pessoas que dirigem a para a conquista dos objetivos
organização, eleitas de forma democrática nas sociais e assegurar uma gestão
assembleias gerais, são responsáveis pelas coletiva com os interesses dos
consequências de suas manifestações e não- associados.
manifestações.
Mas,afinal,quemsãoosenvolvidos
neste processo?
Participação Organização do
nas Assembleias Quadro Social
Gerais (OQS)
Ingresso de novos O ingresso nas cooperativas e associações é livre a todos que desejarem
associados utilizar os serviços prestados pela organização, com o compromisso de
aderir aos propósitos sociais e que preencham as condições estabelecidas
no estatuto.
EXEMPLO
É necessário o devido registro, pois na sua ausência seus atos podem ser
contestados, seus votos anulados, suas dívidas não podem ser cobradas
e seus herdeiros perdem direito de receber a devolução do capital (no
caso de cooperativas).
Destaca-se também a ordem de admissão, ou seja, não pode haver um cooperado mais
antigo registrado no livro depois de outro mais novo na sociedade. As datas devem ser
compatíveis com o número de registro, que deve ser sequencial e jamais ser reaproveitado.
Osassociadospodemserorganizadosemcomitês,comissões,núcleosououtrasformas.
Aorganizaçãopodeserporregiãogeográfica,porprodutoouporespecialidade,visando
agrupamento dos associados em grupos mais homogêneos. Dentre as finalidades:
DIRETORIA
FISCAL FISCAL
Regras de
Ordem do Dia votação
Edital de Regimento
Pré-assembleias Convocação Eleitoral
Estas reuniões têm como objetivos: discutir, socializar as possíveis pautas e elaborar as
prestações de contas.
Edital de
Convocação A convocação da Assembleia Geral deve considerar:
É recomendável que a convocação da assembleia ocorra com tempo superior aos 10 (dez)
dias e que se aproxime aos 30 (trinta) dias, assim como previstos na Lei nº 5.764/1971,
conhecida como Lei das Cooperativas.
A divulgação do edital deve ser feita nos meios de comunicação com ampla escala, com o
objetivo de alcançar o maior número de associados.
Odiretorouassociadoque,emqualqueroperação,tenhainteresseopostoaodaorganização
associativa, não pode participar das deliberações referentes a essa operação, cumprindo-
lhe acusar tal impedimento.
TÉCNICA
Apoio Técnico
TÉCNICA
Agenda de trabalho do Conselho Fiscal
Apoio Técnico
O Conselho Fiscal deve ter o direito de fazer consultas a profissionais externos habilitados e
independentes, pagos pela organização, para obter subsídios em matérias de relevância, tais
como:
É o profissional que lida com a Este profissional oferece assessoria É um profissional que
área financeira, econômica e jurídica em situações que realiza uma auditoria em
patrimonial.Eleéresponsável necessitam de maior segurança conformidade com as leis ou
técnico pela elaboração das jurídica nas atividades praticadas regras específicas sobre as
demonstrações contábeis e pela organização. Segurança de que demonstrações contábeis
pelo estudo dos elementos sejam praticados de modo a não de uma organização, e que
que compõem o patrimônio acarretar penalidades pelo Poder é independente da entidade
monetário das organizações. Público e prejuízos frente a terceiros. que está sendo auditada.
O Conselho Fiscal deve ter uma agenda mínima de trabalho, que inclua o foco de suas
atividades no exercício. Essa agenda deve conter uma relação das reuniões ordinárias,
assim como as informações que serão enviadas periodicamente aos conselheiros.
Este Conselho deve buscar uma assessoria técnica para elaborar seu próprio Regimento
Interno que discipline o funcionamento do órgão e o planejamento das atividades. O
regimento deve conter plano de trabalho e a forma de divulgação dos resultados de sua
atuação, que poderá ser por pareceres, opiniões, recomendações e encaminhamento de
denúncias recebidas.
Preparação Interação
de materiais com o
Relatório Conselho
para as
de Gestão Fiscal
reuniões
Para isso, os conselheiros devem, como boa prática de gestão, compilar e organizar os
dados que possuem antes das reuniões, em planilhas, gráficos ou textos explicativos ou
comentados, a fim de socializarem entre si os conhecimentos elaborados.
Encerramento do módulo 1
TÉCNICA
Não se esqueça de
fazer os exercícios.
Vamos lá?
Até aqui, foram apresentados os conceitos de algumas boas práticas vinculadas aos atores
envolvidos na governança das associações e cooperativas, além do papel de cada um deles.
A partir de agora, vamos mostrar como os associados podem participar da elaboração e
implementação de estratégias e planos para a organização. Serão apresentadas noções
gerais de planejamento estratégico.
TÉCNICA
Vejamos:
1ª 2ª 3ª
• O que fazer;
• Para que fazer;
• De que maneira fazer;
• Para quem fazer;
• Quando fazer;
TÉCNICA
• Quem deve fazer;
• Onde deve ser feito.
Começamos com o conceito de Visão. A Visão projeta uma ideia de como a organização
será no futuro, normalmente de 10 a 20 anos. Deve refletir as aspirações, sonhos e crenças
do grupo de associados, e expressar as necessidades da comunidade, considerando o seu
papel, sua motivação e planejamento do futuro coletivo.
EXEMPLO
Visão
Ser referência no beneficiamento e comercialização da castanha para o exterior,
com alta qualidade e segurança alimentar até 2030.
A Missão estabelece a razão de ser da organização hoje. Está diretamente ligada aos
objetivos que foram definidos no estatuto social e aos motivos pelos quais foi criada, na
medida em que representa a finalidade de ser um grupo organizado.
EXEMPLO 1
EXEMPLO 2
Éverdade!Melhoramosasnossasações,comtransparência,
e conquistamos a confiança de mais pessoas. E ainda mais,
todos participam.
• O primeiro passo é definir o setor onde vamos atuar para entender o tamanho desse mercado e seu
comportamento: se está em alta ou em baixa, por exemplo.
→ Temos que ter acesso às informações sobre o setor em que a organização pretende atuar. Isso pode ser
feito com o auxílio de entidades governamentais, entre elas:
• O passo seguinte é selecionar as informações com base nos objetivos estratégicos do empreendimento e
relacionar com os produtos que serão comercializados.
• Por último, devemos utilizar essas informações para monitorar as mudanças e tendências do mercado, de tal
forma que a organização passe a ter uma visão das oportunidades a serem aproveitadas. Isso é muito importante
porque o mercado está sempre mudando e devemos estar atentos para podermos identificar tendências futuras
e até mesmo nos adiantarmos em relação aos concorrentes.
potenciais clientes
TÉCNICA
Mapeamento dos
potenciais clientes COOPERATIVA
• Características do produto;
• Perfil do comprador;
• Disponibilidade do produto;
• Outros fatores que afetam de maneira direta o consumo.
Decisão de Compra: definição do que comprar, quanto comprar, onde comprar e como
pagar.
Quandoadquirimosumprodutocomumabaixaexpectativa,
podemos ter uma surpresa com o seu desempenho,
provocando desta forma um certo encantamento quanto a
ele. Por outro lado, se a expectativa for alta, geramos uma
maior criticidade quanto ao seu desempenho e com isso
estabelecemos um alto padrão de requisitos para garantir
a satisfação do produto, portanto, a probabilidade de
atender às expectativas pode ser menor.
Se não houver ao menos uma pequena expectativa que chame a atenção do cliente, ele não
comprará o produto. Por outro lado, o produto deve ter uma performance ou qualidade
superior que provoque o encantamento de seus consumidores, podendo gerar uma
fidelização. Não se trata do atendimento, mas de avaliar os atributos e benefícios de suas
ofertas que precisam ser aperfeiçoadas.
Agora vem o ponto principal que fecha este triângulo, o cliente! Este
ator deve ser o foco da nossa estratégia, pois sua fidelidade pode
garantir o sucesso e o crescimento sustentável do empreendimento.
Adiversificaçãodosprodutoseserviçosampliaapossibilidade
do cliente em reconhecer o nosso empreendimento.
TÉCNICA
Produto
Preço: “a quantia em dinheiro que se cobra por um produto ou serviço, é a soma de todos
os valores que os consumidores trocam pelos benefícios de obter ou utilizar um produto ou
serviço”.
Promoção
Promoção: “o conjunto de ações que estarão incidindo sobre certo produto e/ou serviço, de
forma a estimular a sua comercialização ou divulgação.
Praça
Praça: definida também como canal de distribuição, diz respeito ao caminho que o
produto percorre desde sua produção até o consumo. É “um conjunto de organizações
interdependentes envolvidas no processo de oferecimento de um produto ou serviço para
uso ou consumo de um consumidor final.
6 6)Compostodecomunicaçãooucompostopromocionalaserutilizado:compreendem
o composto promocional ferramentas de comunicação, como propaganda,
promoção de vendas, eventos e experiências, relações públicas, marketing direto e
vendaspessoais.Todasessasferramentassãodistintas,poispossuemcaracterísticas
exclusivas, objetivos específicos e custos próprios.
Encerramento do módulo 3
Nossa!Quantasorientaçõesinteressantes.Agora
precisamos reunir com a nossa comunidade
para discutir como vamos trabalhar daqui pra COOPERATIVA
frente.
Avaliação
TÉCNICA
dos
resultados
TÉCNICA
Ponto
de
Equilíbrio
A
Custos fixos:
Custos variáveis:
São os custos que aumentam quando a entidade está produzindo, por exemplo, aumento
das contas de água e energia, insumos usados na produção e remuneração dos cooperados.
É o preço cobrado dos clientes pelo produto ou serviço oferecido pela organização.
Vamos a um exemplo.
A Cooperativa não tem muitos custos fixos, pois tem sede própria na comunidade, não precisando pagar aluguel.
Os custos fixos são:
• Contador;
• Custos de água, energia e limpeza;
• Registro de atas de assembleia em cartório; e
• O transporte para resolver os assuntos da cooperativa na sede do município.
Por enquanto, todos os trabalhos da Diretoria e do Conselho fiscal estão sendo feitos de forma voluntária, sem
remuneração.
Após o levantamento, chegamos à conclusão que o custo fixo anual da Cooperativa é de R$ 3.000,00, ou seja,
R$ 250,00 por mês.
Custos Variáveis
Existe certa discussão sobre a remuneração do trabalho dos coletores. A remuneração do coletor raramente é
feita pelas entidades de base florestal.
Mas ainda assim, é importante estimar este custo, inclusive para se ter ideia de qual atividade produtiva remunera
melhor as pessoas. Vale notar o trabalho de todos, inclusive daqueles que trabalham depois da colheita do
produto, por exemplo, revirando a castanha no processo de secagem.
Os comunitários têm vendido a castanha pelo valor de R$ 12,00 a lata. Esse é o preço médio do mercado local,
contudo, eles podem buscar outros mercados e com isso avaliar o preço de venda mais interessante.
Total: R$ 11.000,00.
O preço de venda da lata de castanha é de R$ 12,00 e seu custo de produção é R$ 11,00, logo, temos R$ 1,00
de lucro por lata (MCU).
Para ficar mais fácil de compreender esse exemplo de acordo com os valores acima, 0,75 é equivalente a uma
porcentagem de 75%. Ou seja, a cooperativa se banca, não dará prejuízo, quando tiver vendido 75% da receita,
ou seja, R$ 9.000,00, ou 750 latas de castanha.
O ponto de equilíbrio não é igual ao total de despesas porque a maior parte das despesas está relacionada à
coleta da castanha, ou seja, eles sobem conforme as vendas sobem. Nesse ponto, elas já pagam os custos fixos
e cobrem as despesas da produção e venda das 750 latas.
Ponto de Equilíbrio
(Custo Fixos)
PE =
(Receitas - custos variáveis)
• Custo de produção;
• Lenha;
• Transporte da mandioca;
• Embalagem;
• Mão de obra.
O total de custos de produção da farinha foi de R$ 2.156,50. Essas três toneladas de mandioca renderam 1800 Kg
de farinha, ou 36 sacos de 50 Kg.
A farinha pode ser vendida por R$ 90,00 o saco. Com a produção de 36 sacos, temos o valor estimado de R$ 3.240,00.
Para calcular a MCU, resgatamos o cálculo dos custos e lembramos que se divide esta soma pelo número de sacos
produzidos. Dessa forma, saberemos quanto cada saco custou para ser produzido e se diminui do valor de venda o
custo de produção.
Minha sugestão é usar a metade dos custos fixos para este cálculo.
E para calcular o MCU, vamos usar o valor de R$ 1.500,00 para os
custos fixos, portanto:
TÉCNICA
TÉCNICA
É isso! O diálogo entre os cooperados é o
caminho para chegarem a uma solução.
• PE= 1500/(3240-2156,50)
• PE = 1500/1083,5
• PE = 1,38
Transformando isso em porcentagem, temos 138%. Lembrando que 100% é onde os custos se igualam com
as despesas, isso quer dizer que os cooperados teriam que reduzir os custos em 38%, ou aumentar as receitas.
Como fazer isso? Buscar novos mercados? Certificação? Diminuir os custos de transporte?
Considerando:
• Vendas da castanha: R$ 12.000,00
• Venda da farinha: R$ 3.240,00
Total das vendas: R$ 15.240,00
R$ 15240,00 -------------100%
R$ 3.240,00------------------x
X= 21,24%
Neste caso, pode ser interessante cobrar a porcentagem de 21% dos custos fixos da cooperativa para quem
trabalha exclusivamente com a produção da farinha. Com isso, teríamos:
R$ 3.000,00 (custos fixos)-------------100%
X ----------------------------------------21%
X = R$ 630,00
A cooperativa cobre os custos da produção da farinha e não tem prejuízo quando atingir a venda de 58% da
produção, ou seja, 21 dos 36 sacos.
Desta forma, os 15 sacos restantes ficariam como lucro para os cooperados.
Número de benefícios dos Os benefícios obtidos pela sociedade com programas sociais
programas sociais (aumento do acesso a políticas públicas).