Clínica de Pequenos Animais
Clínica de Pequenos Animais
Clínica de Pequenos Animais
pequenos animais
DERMATOPATIAS BACTERIANAS
IMPETIGO
É uma doença bacteriana causada por
bactérias do Staphylococcus.
gênero
Acomete principalmente cães jovens de 8
semanas de idade à puberdade (sadios ou
DIAGNÓSTICO:
Histórico, aspectos clínicos e culturas
doentes).
bacterianas, histopatologia da pele -
Fatores predisponentes: ambientes sujos,
pústulas subcorneanas não-foliculares
má nutrição, presença de ectoparasitas,
contendo neutrófilos e cocos bacterianos.
doenças infecciosas.
Diferencial: demodicose, piodermatite
superficial, picadas de inseto, estágio inicial
SINAIS CLÍNICOS:
da sarna.
Os filhotes infectados apresentam-se com
pústulas subcorneais com uma borda
eritematosa presentes na pele glabra (ou TRATAMENTO:
Os casos leves (brandos) podem
seja, sem pêlos) das regiões abdominal
apresentar resolução espontânea, ou seja,
ventral, inguinal e axilar, mas também
desaparecer espontaneamente. Banhar o
podem ser encontradas em outras partes
filhote canino com um xampu à base de
do corpo. Essas pústulas tendem a se
clorexidina a 2-4% duas vezes por semana
romper com facilidade, deixando uma
até a remissão costuma ser uma medida
pequena crosta ou, potencialmente, um
adequada; os xampus à base de peróxido de
colarete epidérmico.
benzoíla também são eficazes, mas tendem
As pústulas podem formar crostas
a ser muito agressivos (irritantes) para a
amareladas extensas. Comumente a
pele do filhote. Lesões isoladas podem ser
desordem não é pruriginosa.
tratadas com solução tópica de clorexidina
Afecções cutâneas
ou pomada de mupirocina duas vezes ao dia. Dobras labiais: normalmente a queixa está
Os casos graves talvez necessitem de relacionada ao hálito fétido devido ao
antibióticos por via oral para alcançar a acúmulo de saliva na dobra labial inferior
remissão. eritematosa e macerada. Tártaro, gengivite
Aplicação tópica de mupirocina, neomicina, e salivação excessiva contribuem para uma
unguento ou Clorexidina a cada 12h por 7 a halitose.
10 dias. Dobras caudais: apresenta-se macerada,
eritematosa e fétida.
INTERTRIGO Dobras vulvares: sintomas incluem dobras
Também conhecido como piodermatite de vulvares eritematosas, maceradas e
dobras cutâneas, é uma infecção bacteriana fétidas, lambedura vulvar frequentemente
comum da superfície cutânea que ocorre fétida e micção dolorosa. Pode haver
em cães com excessiva dobras de pele. infecção urinária secundária.
Essas dobras cutâneas criam um ambiente Dobras corporais: dobras eritematosa,
úmido, escuro e aquecido, com má seborreia, frequentemente fétidas e, às
circulação de ar e crescimento bacteriano e vezes, discretamente pruriginosas
inflamação subsequentes. localizadas no tronco e nos membros.
Acomete as pregas da face de cães
braquicefálicos, como os da raça Pug,
Pequinês, Bulldog, Boxer, etc e pregas
pregas labiais, peri-vulvares, caudais,
axilares, inter-mamárias ou de outras
regiões corpóreas em raças que possuem
excesso de pele, como shar Pei, Basset
Hound, etc.
A obesidade é um fator que auxilia a
ocorrência do intertrigo.
SINAIS CLÍNICOS:
Dobras faciais: dobras faciais eritematosas,
indolores e não pruriginosas que podem
apresentar odor fétido. É comum a
ocorrência simultânea de ceratite
traumática ou úlcera de córnea.
Afecções cutâneas
necessário. Para cães que envolvem
resposta inflamatória mais severa, o uso de
cremes antibióticos/esteróides também é
indicado.
FURUNCULOSE ACRAL
A dermatite acral por lambedura trata-se
de uma lesão de pele auto induzida, causada
pela lambedura excessiva do animal,
DIAGNÓSTICO: principalmente nas extremidades dos
Baseia-se no histórico, achados clínicos e
membros torácicos como também nos
exclusão de diferenciais. Citologia imprint
membros posteriores.
cutâneo – nota-se mistura de bactérias,
A origem da lambedura excessiva pode ser
também pode haver fungos. Urinálise
decorrente de uma causa física que gere
(Cistocentese) em cães com dermatite de
dor, desconforto ou coceira como: artrite,
dobras vulvares e infecção urinária
fraturas, neuropatias, alergopatias e
secundária pode haver bacteriúria.
dermatites infecciosas de distintas
Diagnóstico diferencial: Piodermatite
etiologias, porém na maioria das vezes, é
superficial, demodicose, dermatofitose e
associada a distúrbios emocionais (solidão,
malassezíase. Como diferencial de
ansiedade, tédio, estresse, frustração,
dermatite de dobras vulvares incluem-se
situações de conflito, alterações na rotina,
também, assaduras causadas por urina e
no ambiente, no convívio de pessoas e
cistite ou vaginite primária.
animais, ambiente com poucos estímulos e
sedentarismo), sendo por isso também
TRATAMENTO: conhecida como dermatite psicogênica.
No caso de cães obesos, é indicado fazer
dieta. A extirpação cirúrgica de excesso de
SINAIS CLÍNICOS:
dobras na face, lábio ou vulva ou amputação
Queda de pêlo, formação de um nódulo ou
da cauda, em caso de dermatite de dobras
lesão em placa inflamada com eritema, às
caudais, normalmente é curativa.
vezes secreção purulenta, erosões e
O objetivo do tratamento é limpar e
úlceras, que podem inclusive alcançar
desinfetar a região da dobra cutânea a cada
tecidos musculares e ósseos dependendo
1 a 3 dias, impedindo a recidiva da
da intensidade e frequência da lambedura.
piodermite. Um shampoo com peróxido de
benzoíla pode ser utilizado para tal fim, em
intervalos de 3 a 7 dias, conforme
Afecções cutâneas
apareçam na superfície. Este material é
examinado citologicamente.
Diagnóstico diferencial: pitiose,
leishmaniose, esporotricose e tumor.
TRATAMENTO:
É definido conforme a causa do problema.
Os cuidados podem envolver o uso de
anti-inflamatório e antibiótico para
dermatite canina. Além de antifúngico e
mudanças no estilo de vida do cachorro.
Existem diversos fármacos que auxiliam no
controle de distúrbios comportamentais em
animais, como ansiolíticos, florais,
antidepressivos, bloqueadores ou
substitutos de endorfina, entre outros.
ABCESSOS SUBCUTÂNEOS
Acomete principalmente gatos machos,
adultos, não castrados, de vida livre ou que
vivem em comunidade (abrigos e
acumuladores), devido a disputa por
território e fêmeas. As brigas resultam em
O hábito constante de lamber impede a cicatrização e culmina na
lesões por mordidas e arranhaduras, que se
permanência da lesão. Normalmente, a lambedura das patas associada a
não tratadas, podem evoluir para a
distúrbios emocionais ocorre na altura dos metacarpos e metatarsos.
formação de abscesso, principalmente as
causadas por gatos, acometendo
DIAGNÓSTICO: principalmente a cabeça, pescoço, cauda e
Imprint, citologia e antibiograma. membros.
Na avaliação citológica: a superfície deve O abscesso é uma inflamação local, com
ser raspada para remover todos os debris acúmulo de pus, bem delimitada por um
e bactérias superficiais. Após secar a tecido fibroso. Pode acometer órgãos,
superfície, a lesão é pinçada firmemente cavidades, glândulas, pele e/ou tecido
entre o polegar e o indicador até que subcutâneo (tecido abaixo da pele). É
gotículas de exsudato serohemorrágico consequência de uma resposta do
Afecções cutâneas
organismo contra um agente infeccioso,
geralmente, bactérias.
SINAIS CLÍNICOS:
Após uma mordedura, a natureza elástica e
forte da pele dos gatos permite uma
cicatrização rápida de feridas, fechando o
ponto de entrada e favorecendo o
desenvolvimento das bactérias inoculadas.
A multiplicação bacteriana no local e a DIAGNÓSTICO:
resposta inflamatória desencadeada, Associação entre exame clínico, histórico e
provocam uma acumulação de pus que anamnese.
caracteriza os abcessos. - Citologia - Punção Aspirativa por
Os abcessos podem surgir sem Agulha Fina (PAAF).
sintomatologia associada, ou podem ser Diagnóstico diferencial: abscesso causado
acompanhados de febre, depressão, perda por corpo estranho outras bacterioses
do apetite e aumento dos gânglios (actinomicose, nocardiose e
linfáticos que drenam a região do abscesso. micobacteriose).
Os abcessos são dolorosos, quentes e de
consistência flutuante. O pus que contêm TRATAMENTO:
pode ser branco ou creme, de aspecto A nível local é necessário drenar e
sanguinolento e sujo e com odor muito desinfetar regularmente o acesso. Na
desagradável. drenagem (eliminação do pus e detritos
acumulados) poderá ser necessário
puncionar o abcesso, lancetá-lo ou
desbridá-lo por via cirúrgica. Na
desinfecção, o local de onde foi removido o
pus deve ser irrigado com água oxigenada,
soluções iodadas ou de clorexidina.
A abordagem sistêmica consiste na
administração de antibióticos que irão
combater as bactérias envolvidas na
infecção. Os antibióticos eficazes incluem
Amoxicilina 20 mg/kg VO, SC ou IM
intervalo de 8 a 12h. Amoxicilina com
Afecções cutâneas
clavulanato 20 mg/kg VO intervalo de 8h => Os gatos podem ser assintomáticos.
a 12h. Clindamicina 10 mg/kg VO ou IM
intervalo de 12h.
Alternativa: castração.
DERMATOPATIAS FÚNGICAS
DERMATOFITOSE
É causada pelos fungos dermatófitos
Microsporum canis, Microsporum gypseum
e Trichophyton mentagrophytes, M. canis e
T. mentagrophytes.
A doença é considerada uma
antropozoonose e os gatos são mais
predispostos, além disso, acomete
principalmente animais mais jovens.
A transmissão pode acontecer pelo
contato direto com um paciente infectado
ou através de fômites contaminados. Os
esporos fúngicos podem permanecer
viáveis por meses no ambiente, podendo DIAGNÓSTICO:
promover infecções tardias. - Tricograma;
Os dermatófitos em contato com a pele - Raspado de pele;
colonizam o tecido queratinizado (camada - Lâmpada de wood: os pelos
córnea, pêlos e unhas). contaminados com o Microsporum canis
fluorescem com a exposição a esta
SINAIS CLÍNICOS: lâmpada;
Áreas de alopecia isoladas ou multifocais, - Cultura fúngica.
assimétricas e geralmente esfoliativas que
podem ou não estar acompanhadas de
eritema.
As lesões podem estar presentes na
cabeça, tronco e membros.
Caso haja onicomicose, as unhas podem
apresentar-se distróficas, tortuosas,
frágeis e quebradiças.
Afecções cutâneas
auditivo externo, nas áreas periorais, em
regiões perianais, dobras cutâneas úmidas,
vagina e cavidade oral. A doença é rara em
felinos.
Sua manifestação patogênica pode estar
associada a mudanças no microclima, como
temperatura, pH, umidade e microbiota ou a
distúrbios nas barreiras químicas, físicas e
imunológicas do hospedeiro (infecções
cutâneas pré existentes, seborreia,
imunossupressão).
TRATAMENTO: O uso prolongado de antibióticos e
A combinação dos tratamentos tópicos e glicocorticóides também favorece o
sistêmicos bem como o rígido controle surgimento do fungo e influência na forma
ambiental e de contactantes são como tratar malassezia em cães.
indispensáveis para a resolução da doença. Existem raças predispostas geneticamente a ter a malasseziose, como
=> Corte do pêlo, isolamento apropriado, Pastor Alemão, Golden Retriever, Shih Tzu, Dachshund, Poodle, Cocker
terapia tópica e administração sistêmica de Spaniel e West Highland White Terrier.
antifúngicos e fungistáticos (pelo menos 30
dias) e medidas sanitárias (limpeza do SINAIS CLÍNICOS:
ambiente com água sanitária). Seborreia oleosa ou seca, prurido intenso,
piodermite bacteriana, otite externa
DROGA DOSE E hiperplásica e hiperceruminosa, eritema,
FREQUÊNCIA hiperceratose e odor desagradável.
MALASSEZIOSE
A Malassezia pachydermatis é uma
levedura comensal, normalmente
encontrada em baixa quantidade no canal
Afecções cutâneas
ESPOROTRICOSE
É uma micose subcutânea causada por um
fungo dimórfico do complexo Sporothrix
schenckii que acomete cães e gatos, além
do homem, sendo considerada uma
zoonose. Esse fungo habita solo e resíduos
orgânicos.
O hábito natural de gatos afiarem as unhas
e cavarem solo para enterrar seus dejetos
facilitou o contato dos felinos com os
agentes e a autoinoculação.
A doença possui maior prevalência em
gatos machos não castrados, devido a briga
frequente por território e fêmeas.
DIAGNÓSTICO:
SINAIS CLÍNICOS:
- Raspado de pele profundo e em diversos
A forma localizada é mais frequente em
locais do corpo, evitando áreas fragilizadas.
cães jovens (3-11 meses), com uma ou
- Tricograma.
diversas áreas de alopecia, sendo
- Histopatologia.
pequenas, eritematosas, circunscritas,
escamosas, com prurido ou não,
principalmente na região periocular e
TRATAMENTO:
• Banhos com clorexidine 2-4% ou
comissuras bucais.
peróxido de benzoíla a cada 5-7 dias
=> Aproximadamente 90% dos casos
• Antibiótico sistêmico:
curam por si só, no entanto 10% do
• Amoxicilina + ácido clavulânico
restante progridem para e enfermidade
• Cefalexina
generalizada.
• Moxidectina (VO/SC 0,5 mg/kg 72/72
A forma generalizada aparece como uma
hrs/30 dias)
progressão das lesões localizadas.
• Ivermectina (VO/SC 0,6 mg/kg/30 dias)
Geralmente a forma generalizada acomete
• Fluralaner (1 x), afoxolaner (administração
grandes áreas do corpo, tendo diversas
mensal, até 2 raspagens negativas)
lesões na cabeça, membros e tronco.
Afecções cutâneas
=> O prognóstico é reservado.
ESCABIOSE CANINA
Também chamada de sarna sarcóptica, é
uma enfermidade parasitária contagiosa
causada pelo ácaro Sarcoptes scabiei. É
considerada uma zoonose.
Os filhotes são mais suscetíveis, mas
O processo inflamatório da epiderme
podem ocorrer em animais adultos.
favorece o surgimento de eritema no início
Os agentes etiológicos possuem a
da infestação. Pápulas, disqueratinização e
característica de serem escavadores da
alopecia normalmente ocorrem. A intensa
epiderme do animal parasitado e realizam
exsudação promove o surgimento de
toda a sua biologia sobre o hospedeiro,
crostas espessas e a cronicidade pode
porém podem infestar o ambiente ou
favorecer alopecia generalizada e
fômites por algumas semanas. Sendo assim,
liquenificação
a principal via de transmissão se dá pelo
contato direto com animais infestados ou
DIAGNÓSTICO:
por meio de fômites contaminados.
Raspado de pele -> as bordas das orelhas
são os locais de maior parasitismo (onde o
SINAIS CLÍNICOS:
material deve ser colhido).
As lesões se desenvolvem principalmente
nos pavilhões auriculares, região abdominal,
TRATAMENTO:
articulações úmero-rádio-ulnares e
• Higienização e desinfecção do ambiente e
tíbiotarso-fibulares.
de objetos que o animal parasitado entre
em contato.
• Prednisona 1,1 mg/kg/3 dias → reação de
hipersensibilidade.
• Enxofre 2 – 3 % banhos semanais.
• Ivermectina 0,2 a 0,4 mg/kg/VO/SC a
cada 14 dias.
• Selamectina pour-on.
Afecções cutâneas
ESCABIOSE FELINA TRATAMENTO:
Também chamada sarna notoédrica, é uma Similar à canina.
enfermidade causada pelo ácaro
Notoedres cati. OTOCARÍASE
A incidência é maior em locais onde existem Também conhecida como sarna otodécica, a
aglomerações de animais. otocaríase tem como principal agente
etiológico o ácaro Otodectes cynotis.
SINAIS CLÍNICOS: Os filhotes são mais predispostos e
As regiões mais acometidas são pavilhões ninhadas inteiras podem apresentar o
auriculares, cabeça e região cervical. parasitismo com poucas semanas de vida,
Pele espessada, crostas densas e aderidas, pois animais adultos podem ser
alopecia na ponta da orelha, face, assintomáticos. Não há predileção por
pálpebras, pescoço, prurido intenso. raça, sexo ou formato da orelha de animais
acometidos. É muito comum a
transmissibilidade entre animais que vivem
em comunidade como gatis, canis e abrigo
de animais. Sendo assim, o contato direto é
a principal fonte de infestação, mas objetos
de uso comum também podem carrear
ácaros de animais doentes para os sadios.
SINAIS CLÍNICOS:
Os animais acometidos possuem um
prurido expressivo na região das orelhas e
face, que podem resultar em escoriações e
alopecia na região da face, base de orelha e
patas.
Causa otite externa, eritema auricular,
Em gatos, a doença raramente é otorreia castanho escura (devido ao
generalizada e, quando acontece, fatores aumento produção de cerúmen).
de imunossupressão precisam ser
investigados.
DIAGNÓSTICO:
Raspado de pele.
Afecções cutâneas
DERMATITE ALÉRGICA À PICADA DE PULGA
(DAPP)
É uma reação de hipersensibilidade cutânea
à antígenos presentes na saliva de pulgas.
Ctenocephalides canis e C. felis são as
espécies de pulgas mais comuns no Brasil.
=> A dermatite é sazonal, não possui
predileção por raça ou espécie,
acometendo principalmente animais de 3 a
5 anos.
SINAIS CLÍNICOS:
O prurido é o sinal clínico mais prevalente,
com a presença de pápulas crostosas,
seborreia, eritema, escoriações e
DIAGNÓSTICO: hiperceratose.
Aspecto clínico, visualização por otoscópio => Podem ocorrer nas regiões dorsal,
ou swab. lombar, axilar e pescoço.
TRATAMENTO:
- Ceruminolítico: a frequência de utilização
varia de acordo com a necessidade de cada
paciente.
- Selamectina.
- Moxidectina.
- Controlar contactantes.
HIPERSENSIBILIDADE
As doenças alérgicas são multifatoriais. O
aparecimento da doença depende de uma
combinação entre fatores predisponentes e
desencadeadores (predisposição genética,
exposição ambiental e desregulação
imunológica).
Afecções cutâneas
DIAGNÓSTICO: É uma doença incurável e de caráter
Baseado na história clínica, exame físico e genético e alguns fatores intrínsecos da
exclusão de outras dermatopatias Barreira epidérmica do cão atópico são
pruriginosas. importantes para a patogênese da
Por ser parasita temporário, não precisam necessariamente ser enfermidade.
encontrados no corpo do animal no momento da consulta. A pele desses cães possuem
características genéticas que definem uma
TRATAMENTO: barreira cutânea pobre em matriz
Pacientes com prurido intenso precisam de extracelular. Sendo assim, pode haver
terapia adjuvante para alívio dos sinais perda excessiva de água, contribuindo para
clínicos. Dessa forma, o uso de o ressecamento da pele e permitindo ainda
glicocorticóides como a prednisolona na mais a sensibilização alergênica num
dose de 0,5 mg/Kg em cães e 1 mg/Kg em processo de retroalimentação.
gatos a cada 24h por poucos dias, pode ser Além disso, todas essas alterações da
utilizado. Felinos com lesões do complexo integridade da pele associadas à diminuição
granuloma eosinofílico podem precisar de dos peptídeos antimicrobianos podem
maiores doses de glicocorticoide. É resultar num evento denominado disbiose.
importante que esse período seja mínimo É uma condição em que Staphylococcus
para que não interfira no plano diagnóstico. pseudintermedius e Malassezia
Em cães, pode-se utilizar também o pachydermatis que habitam
oclacitinib na dose de 0,4 a 0,6mg/Kg a fisiologicamente a pele dos cães,
cada 12h, também por poucos dias. oportunizam-se do microclima favorável
Além disso, deve-se fazer o controle das para se multiplicarem, causando
pulgas. piodermites e/ou malasseziose,
respectivamente.
ATOPIA Predileção: Pastor alemão, Boxer,
A dermatite atópica (chamada também de Labrador, Golden, Fox terrier, Boston
atopia) é uma inflamação crônica de fundo terrier, Schnauzer, White terrier, Lhasa
alérgico que atinge a pele, devido a defeitos apso, Poodle, sharpei, shih tzu.
da barreira cutânea. Acomete animais entre 4 meses a 7 anos.
Causada por sensibilidade percutânea,
inalatória ou ingestão de alérgenos do ar SINAIS CLÍNICOS:
(poeira, pólen). Também pode ocorrer Prurido, automutilação, piodermite,
devido a infecções cutâneas ou seborreia, otite externa e conjuntivite.
microbianas.
Afecções cutâneas
HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR
É causada por alergia à antígenos da dieta.
De maneira geral, as reações adversas ao
alimento acometem cães e gatos de idades
diversas, sendo que cães podem manifestar
os primeiros sinais clínicos próximo de um
ano de idade e em gatos, eles costumam ser
mais tardios.
A barreira do trato gastrointestinal está
suprimida e possui incapacidade de quebra
das proteínas em fragmentos não
antigênicos.
DIAGNÓSTICO:
Clínico. Pode acontecer por reações imediatas
(IgE) ou retardadas (tipo IV).
Diagnóstico diferencial: DAPP e
As proteínas são as principais
hipersensibilidade alimentar.
responsáveis por essas reações e a carne
bovina, derivados do leite, frango e
TRATAMENTO:
cordeiro são alguns alimentos listados
- Identificar o problema e eliminar a causa.
como trofoalérgenos.
- Reduzir exposição antigênica.
- Reforçar a barreira intradérmica (ômega
3 e 6). SINAIS CLÍNICOS:
Prurido, pápulas, lambedura intensa das
- Hidratação e higienização da pele.
patas, eritema, escoriações, caspa, crostas,
- Controlar infecções secundárias.
otite externa, seborréia, piodermatite e
- Imunoterapia.
angioedema.
- Reduzir inflamação.
Sinais gastrointestinais: diarréia (mais
comum nos cães), vômito (mais comum nos
gatos), êmese, flatulências.
Afecções cutâneas
Locais: olhos, boca, orelha, abdome e hormônios tireoidianos (Tiroxina, T4 e
membros. triiodotironina, T3) pela glândula tireóide,
portanto é uma doença de redução da
atividade metabólica.
O hipotireoidismo canino é classificado em:
Primário: forma mais comum da doença,
resultante da perda de tecido funcional da
tireóide. Pode estar relacionada a
síndrome poliglandular nos cães, é
hereditária no Beagle e no Borzoi e nos
cães das raças Golden Retriever e os Old
English Sheepdog existem evidências de
aumento de anticorpos anti tiroglobulina.
Secundário: ocorre em menos de 5% dos
casos, decorrente da diminuição na
secreção de hormônio tireoestimulante.
Pode se originar a partir de malformações
congênitas na hipófise que promovem
disfunção hipofisária, deficiência na
secreção de TSH e defeito na síntese e
secreção dos hormônios da tireoide.
DIAGNÓSTICO:
Também pode ocorrer devido à destruição
• Dieta de eliminação (HA) - fraca
hipofisária por neoplasias ou traumas, ou à
resposta à corticoterapia
supressão da função tireotrópica por
• HP
hormônios ou drogas como os
• ELISA
glicocorticóides.
• Teste intradérmico
DIAGNÓSTICO: eletrolítico.
Achados Laboratoriais:
• Sedimento inflamatório – piúria, DOENÇA DO TRATO INFERIOR DE FELINOS
hematúria, proteinúria, bacteriuria. É um termo utilizado para descrever
• Ph da urina – estruvita (alcalino – qualquer desordem que possa acometer a
ITU); cistina (ácido). Oxalato variável. uretra e a vesícula urinária dos gatos.
• Cultura: Colheita por Esse tipo de distúrbio é mais frequente em
cistocentese. Staphylococcus e Proteus – gatos machos de 1 a 10 anos de idade.
estruvita. Negativa nos gatos. ITU Em grande parte, a DTUIF acomete gatos
secundária em cães. machos, obesos, castrados, sedentários,
Achados radiográficos: alimentados com ração seca e que bebem
• Do mais radiopaco para o mais pouca água. Normalmente esses gatos
radioluscente: convivem com outros animais e podem ou
fosfato de cálcio -> oxalato de cálcio -> não ter acesso a rua. Gatos confinados,
silicato -> estruvita -> cistina -> urato. obesos, que trocaram de ambiente
recentemente, ou que receberam outro
TRATAMENTO: animal em seu ambiente, são animais
=> O tratamento para urolitíase canina e predispostos a desenvolver.
felina varia conforme a composição do
Afecções do sistema urinário
SINAIS CLÍNICOS: Antibioticoterapia pode ser
Disúria, hematúria, polaciúria, periúria, necessária em casos de sondagem uretral
iscúria, mudanças de comportamento, persistente e manutenção de fluidoterapia.
distensão vesical, desidratação, apatia, Seguir indicação de cultura e antibiograma.
hálito urêmico, anorexia. - Reduzir estresse -> reduzir medo,
agressividade, garantindo bem estar físico
DIAGNÓSTICO: e psicológico.
- Histórico; - Proporcionar enriquecimento ambiental.
- Sinais clínicos;
- Urinálise;
- Cultura e antibiograma (cistocentese);
- Exame de imagem (raio x e ultrassom).
TRATAMENTO:
Nos casos onde há desobstrução, o
tratamento é considerado emergência,
portanto deve-se checar os parâmetros
cardiorrespiratórios e temperatura.
Instituir oxigenoterapia e aquecer o animal
se necessário.
Iniciar fluidos endovenosos para corrigir
desidratação, volemia e azotemia
pós-renal.
Terapia medicamentosa: controle da
inflamação, da dor e da contaminação
bacteriana secundária são os alvos da
terapia medicamentosa.
Pode ser utilizada dexametasona
(0,1 mg/kg, SID).
Analgésicos como dipirona
(25mg/kg, TID) e tramadol (1-3 mg/kg,
TID), e relaxante muscular como o
diazepam (0,1-0,5 mg/kg) são boas
opções.
Afecções oculares
ANATOMIA autotraumatismo, xampus, irritação
O sistema visual é composto por bulbo mecânica, anormalidades nos cílios, na
ocular, pálpebras, terceira pálpebra e estrutura e função palpebral e
conjuntiva. O bulbo ocular é composto por ceratoconjuntivite seca. Já as complicadas
3 camadas: a túnica externa ou fibrosa, que cicatrizam lentamente, e são chamadas
compreende esclera e córnea; a túnica também de persistentes ou indolentes,
média, que abrange a úvea (coróide, corpo tendendo a recidivar.
ciliar e íris); e a túnica interna onde estão As úlceras corneais superficiais não
localizadas a retina com disco do nervo complicadas geralmente ocorrem
óptico e nervo óptico. secundárias a um trauma menor,
autotraumatismo, xampus, irritação
mecânica, anormalidades nos cílios, na
estrutura e função palpebral e
ceratoconjuntivite seca. Já as complicadas
cicatrizam lentamente, e são chamadas
também de persistentes ou indolentes,
tendendo a recidivar.
Raças braquicefálicas são mais
predispostas a ulcerações corneais pela
LESÕES ULCERATIVAS CORNEANAS maior exposição ocular, pela presença de
A ulceração corneal consiste na perda de pregas cutâneas nasais, e pela lagoftalmia.
uma ou mais camadas da córnea. É uma das Estas características tornam os olhos mais
doenças oculares mais comuns no cão. expostos a traumas acidentais.
Podem ter diversas origens como traumas,
corpos estranhos, distiquíase, distúrbios Importante!
dos cílios (distiquíase e cílios ectópicos), Uma lesão superficial tratada, dificilmente
ceratoconjuntivite seca, tumores na rima evoluirá de maneira negativa, todavia, uma
palpebral, substâncias cáusticas/irritantes. lesão profunda, mesmo com tratamento,
pode evoluir para descentocele com
Classificação progressão para perfuração.
SINAIS CLÍNICOS:
As úlceras corneais superficiais não Clinicamente o animal pode apresentar dor,
complicadas geralmente ocorrem sinalizado pelo blefaroespasmo, epífora,
secundárias a um trauma menor, secreção ocular purulenta e fotofobia.
Afecções oculares
Pode ocorrer hiperemia conjuntival, uveíte Outra opção é o rosa bengala, que também
reflexa, miose e por fim neovascularização é hidrossolúvel, porém, liga-se às células
corneal. epiteliais desprovidas de proteínas corando
A dor é mais acentuada nas úlceras tecidos necróticos ou células epiteliais em
superficiais, pois nesta parte da córnea as degeneração.
terminações nociceptivas são mais
numerosas. TRATAMENTO:
Pode ser dividido em três etapas conforme
a necessidade e evolução. A primeira etapa
consiste na determinação da etiologia e
consequente correção ou eliminação,
inclusive de infecção bacteriana. A segunda
etapa consiste na prevenção de sua
progressão, através de inibidores de
proteases, e a terceira consiste em
promover condições ótimas para a sua
cicatrização, seja através de medicamentos
ou procedimentos cirúrgicos como a
realização de flaps de terceira pálpebra,
conjuntivais, transposição córneo-escleral,
aplicação de membranas biológicas ou de
adesivos cirúrgicos e suturas. É necessário
também promover analgesia corneal, pois a
DIAGNÓSTICO: superfície desta estrutura é rica em
Algumas vezes a úlcera de córnea é terminações nociceptivas.
facilmente identificada, porém, em outras 1. Antibióticos - O ideal é fazer cultura
situações precisaremos de recursos como com antibiograma para direcionar o
a luz azul cobalto associada ao uso de tratamento, foi descrito que as principais
corantes como a fluoresceína, que é um bactérias isoladas nas córneas de cães com
corante hidrossolúvel com apresentação ceratite ulcerativa são Clostridium,
comercial sob a forma de colírio ou de fitas Peptostreptococcus, Actinomyces,
de papel impregnadas pelo corante que se Fusobacterium e Bacteroides. Diante
dissolve na porção aquosa da lágrima, este dessa gama de possibilidades, indica-se no
tende a impregnar lesões com exposição do período inicial o uso de antibióticos de
estroma corneal. amplo espectro como tobramicina,
Afecções oculares
ciprofloxacina, devendo ser instilados de A terapia cirúrgica consiste basicamente
três a seis vezes ao dia. O uso dessa em recobrir a úlcera, fornecendo boa
classe farmacológica por via oral fica proteção mecânica, subsídios tróficos e
indicado quando estiver associado a elementos de defesa para a córnea
quadros de infecção grave das pálpebras, injuriada. Inúmeras são as técnicas
conjuntiva, órbitas e ductos nasolacrimais. utilizadas, entre elas os flaps conjuntivais,
2. Midriáticos - Agem provocando inibição os flaps de terceira pálpebra,
da ação parassimpática de contração da transposições córneo-esclerais, aplicação
musculatura da íris que é estimulada pela de membranas biológicas, suturas e
via parassimpatolítica ou através do aplicação de adesivos cirúrgicos.
estímulo da contração do músculo dilatador
da pupila. O representante dessa classe CONJUNTIVITE
mais utilizado é a tropicamida. É a inflamação inespecífica da conjuntiva
3. Cicloplégicos - Agem na musculatura bulbar e/ou palpebral e pode ser
ciliar reduzindo a dor provocada pela uveíte desencadeada por vários agentes.
que pode se instalar em função da úlcera de Pode ser classificada de diversas formas
córnea. A indicação dessa classe é a pautadas no tempo de evolução, tipo de
atropina que tem ação lenta e seu efeito secreção, aparência e etiologia. Nesse
pode perdurar por até 120 horas, podendo sentido, pode-se afirmar que há
provocar sialorréia e vômitos. conjuntivites agudas, subagudas e crônicas.
Inibidores da metaloproteinase - são Com relação ao tipo de secreção,
indicados em quadros de ceratomalácea, observa-se mucosidade ou catarral,
pois tem o intuito de impedir a evolução da purulenta, mucopurulento, hemorrágica,
úlcera, acelera o reparo tecidual e cicatriz folicular, membranosa, pseudomembranosa.
corneana. Nesse sentido, um estudo No quesito etiologia, tem-se pela ação de
recente reafirma a indicação do uso de bactérias, fungos, vírus, parasitas,
inibidores de proteinases no tratamento de alérgicas, tóxicas ou químicas, pela
cães com ceratite associada a presença de corpos estranhos e por
Pseudomonas aeruginosa. Com relação à deficiência do filme lacrimal.
aplicação tópica de soro heterólogo não A maneira mais útil de classificar a
diluído, estudos revelam que é uma conjuntivite é tendo em conta a etiologia.
alternativa bem tolerada por cães com Existem múltiplas causas possíveis de
defeitos corneanos superficiais, todavia, inflamação conjuntival e podem-se dividir
não houve redução do tempo de em primárias (incluindo infecções, alergias
reepitelização corneana. e ambientais) e secundárias (incluindo
Afecções oculares
uveíte, patologia de anexos, traumatismos,
corpos estranhos, patologias SINAIS CLÍNICOS:
imunomediadas e neoplasias). Em cães, a Olhos vermelhos, dor na região ocular,
conjuntivite é normalmente secundária, em inchaço, lacrimejamento ou secreção,
consequência de alterações nos anexos ou dificuldade em abrir os olhos, coceira e
em consequência de queratoconjuntivite fotofobia.
seca. Por outro lado, nos gatos, o mais
frequente são as doenças infecciosas
primárias.
CONJUNTIVITE EM CÃES
Em cães, as conjuntivites são normalmente
secundárias. Geralmente não há uma
doença primária conjuntiva que determine o
processo.
Causas:
1. Substâncias químicas irritantes: contato
com produtos de limpezas e conservantes
de alguns colírios.
2. Reações de hipersensibilidade do tipo I,
II, III e IV: frequentemente ocorre após a
entrada de antígenos para o interior do
saco conjuntival. A resposta é
desencadeada por vários tipos de
antígenos como pólen, poeira, picadas por
DIAGNÓSTICO:
O diagnóstico é feito por meio de exame
insetos, toxinas bacterianas, e pode
físico e observação da conjuntiva, que é o
ocorrer em todas as espécies.
tecido dos olhos.
3. Irritação mecânica: anormalidades
Alguns testes podem ser feitos para ajudar
palpebrais, déficit lacrimal, estado imune,
no diagnóstico, como o exame de lágrima,
fatores irritantes e dermatopatias.
contraste no olho, fundoscopia,
Dentre as conjuntivites de causas
biomicroscopia ocular etc. Tudo dependerá
primárias as bacterianas (Staphylococcus
do caso específico de cada animal.
sp. e Streptococcus sp.) e viral, causada
pelo vírus da cinomose, são as mais
comuns. TRATAMENTO:
Afecções oculares
O tratamento se deve, principalmente, ao tarsais em casos crônicos,
que deve ter causado a conjuntivite. antibioticoterapia sistêmica em casos
Medicamentos como colírios (com graves ou crônicos ou se a conjuntivite for
antibióticos ou sem) e pomadas são secundária a piodermite ou seborréia.
recomendados para esses casos. Recomenda-se colar elizabetano para
Substâncias químicas irritantes: limpeza prevenção da automutilação.
exaustiva do olho com NaCl 0,9%, colírios
de antiinflamatórios esteroidais por 7 a 10 CONJUNTIVITE EM GATOS
dias e antibiótico (colírio ou pomada) em Geralmente é desencadeada por causas
casos de infecção bacteriana secundária. primárias (vírus ou bactérias). Os agentes
Reações de hipersensibilidade do tipo I, II, causadores do complexo respiratório
III e IV: consiste na administração de superior felino (herpes vírus, clamídia e
corticosteróides tópicos e sistêmicos, micoplasma) são frequentemente
anti-histamínicos tópicos, antibióticos para associados à conjuntivite felina.
infecção bacteriana secundária, tratamento Causas:
dos sinais clínicos e evitar um novo contato 1. Chlamydia psittaci: causa conjuntivite
com os alérgenos. São frequentemente significativa em gatos, e há um potencial
associados a atopia, pênfigo foliáceo ou zoonótico. Esta doença inicialmente
eritematoso e outras dermatopatias unilateral pode atingir o olho contralateral
alérgicas. Em longo prazo pode-se utilizar em até sete dias, a quemose é marcante e
colírio de ciclosporina de 0,2 a 1%. pode estar associada à rinite.
Irritação mecânica: correção da causa 2. Herpes vírus felino 1 (HVF-1): causa
determinante e administração de colírio de mais comum de conjuntivite em gatos. O
glicocorticóide. dano ao tecido ocorre devido à lise celular
Para o tratamento das conjuntivites quando o vírus deixa a célula.
bacterianas recomenda-se antibióticos de 3. Mycoplasma felis: é uma bactéria da
amplo espectro, bacitracina, neomicina e microbiota conjuntival dos gatos e pode
polimixina B (para as bactérias ocorrer de forma oportunista ou
Gram-positivas), e cloranfenicol, secundária a outras conjuntivites.
gentamicina e tobramicina (para as
bactérias Gram-negativas), deve-se SINAIS CLÍNICOS:
também remover as crostas e exsudatos 1. Chlamydia psittaci: Os principais sinais
com algodão úmido embebido em solução oculares dessa doença são conjuntiva
salina ou com materiais comerciais para a rosa-acinzentada, epífora purulenta,
limpeza do olho, extravasar as glândulas
Afecções oculares
hiperplasia conjuntival e formação dos
folículos linfóides.
2. Herpes vírus felino 1 (HVF-1): A
manifestação clínica depende da idade do
animal e de sua competência imunológica,
sendo mais grave em filhotes que sofrem
uma infecção primária. Em filhotes a
replicação viral é intensa e pode
determinar o desenvolvimento da oftalmia DIAGNÓSTICO:
neonatal (a Clamídia também pode estar 1. Chlamydia psittaci: é formulado pelos
presente). Nos gatos jovens a infecção sinais clínicos, histórico do animal, cultura e
manifesta-se geralmente de forma teste de PCR, raspado de células epiteliais
bilateral, sendo comum a infecção e a demonstração de corpos elementares
concomitante do trato respiratório intracitoplasmáticos.
superior, com sinais de espirros e secreção 2. Herpes vírus felino 1 (HVF-1):
serosa nasal. Também é possível o isolamento do antígeno viral, pela
desenvolvimento de úlceras dendríticas, fluorescência indireta e pelo teste de
que são observadas com colírio de rosa PCR.
bengala. Nos casos mais crônicos, a 3. Mycoplasma felis: cultura bacteriana.
conjuntivite pode desenvolver simbléfaro.
Em animais adultos ocorre mais TRATAMENTO:
comumente a manifestação unilateral da 1. Chlamydia psittaci: cloranfenicol e
doença não sendo obrigatória a presença tetraciclina (colírio ou pomada a cada 8h
concomitante de sinais de replicação viral por 21 a 30 dias). Em casos severos ou
no trato respiratório superior. para eliminar o estado de portador,
3. Mycoplasma felis: A cronicidade resulta deve-se associar a doxiciclina na dose de 5
em espessamento da conjuntiva e formação mg/Kg a cada 12 h por 30 dias.
de pseudomembrana. 2. Herpes vírus felino 1 (HVF-1):
administração de pomadas de antivirais
como idoxuridina, trifluridina ou aciclovir (a
cada 12h por 21 dias) e tratamento
convencional para úlcera de córnea (de
preferência para antibióticos a base de
cloranfenicol ou tetraciclina). Estudos
demonstram bons resultados com
Afecções oculares
interferon alfa 10.000 UI/mL, a cada 8h SINAIS CLÍNICOS:
tópico e L-lisina, 230 a 500 mg, por via Presença de secreção mucóide ou
oral, a cada 12h por 30 dias. purulenta, vascularização e pigmentação
3. Mycoplasma felis: pode ser feito com corneana, ulceração crônica, eritema
pomadas ou colírios de tetraciclina, conjuntiva, narina ipsilateral seca,
cloranfenicol ou gentamicina a cada 6h por blefaroespasmo por causa da dor,
21 a 30 dias. hiperplasia do epitélio da córnea.
SINAIS CLÍNICOS:
Como manifestações clínicas da uveíte
Possíveis sequelas são sinéquia posterior e
anterior temos dor evidenciada por
anterior periférica, catarata e glaucoma,
lacrimejamento e blefaroespasmo,
descolamento da retina, atrofia da úvea e
fotofobia, hiperemia conjuntival e injeção
formação de membranas ciclísticas.
ciliar, além de redução da capacidade visual
em função da opacificação de estruturas
DIAGNÓSTICO:
importantes como a córnea.
O diagnóstico baseia-se nos achados de
Como sinais clínico temos edema corneano
anamnese e exame físico.
e irídico, alterações na coloração da íris,
Alterações bilaterais sugerem doenças
mios hifema, hipópio que podem ser vistos
sistêmicas, recomendando-se a realização
sem necessariamente usarmos um sistema
de hemograma, bioquímica sérica, urinálise
de magnificação, todavia, existem sinais que
e radiografia torácica. Pode-se realizar
Afecções oculares
ainda paracentese ocular, exames contra-indicada a medicação sistêmica por
citológicos (em casos de neoplasias), tempo prolongado) sugere-se a via
cultura em suspeitas de infecções subconjuntival. A prednisolona na dose de
bacterianas e dosagens dos níveis de 2,5 a 10 mg ou a dexametasona na dose de
imunoglobulinas (leptospirose ou 0,5 a 1,0 mg é uma excelente escolha nesta
toxoplasmose). É importante considerar a ocasião. Os corticosteróides são
aferição de pressão. contra-indicados quando a uveíte está
Dentre os diagnósticos diferenciais estão associada a úlceras corneais e ceratites
conjuntivite, episclerite ou esclerite, micóticas. Os antiinflamatórios não
glaucoma, ceratite não ulcerativa e esteroidais (AINES) são utilizados quando
Síndrome de Horner. os corticosteróides forem
contra-indicados. Os AINES são
TRATAMENTO: contra-indicados em casos de uveíte com
O tratamento deve ser realizado tendência a sangramento ou hifema.
precocemente para se evitar o Recomenda-se o uso de agentes
comprometimento permanente da visão, antiprostaglandina de ação tópica, como o
lembrando que a causa gênica deve ser diclofenaco sódico 0,1%, 4 vezes ao dia, ou
tratada apropriadamente. Para a uveíte o flurbiprofeno 0,03%, uma gota em
propriamente dita, recomenda-se o uso de intervalos de 6 horas. Porém, estes
antiinflamatórios esteróides e não fármacos podem atrasar a cicatrização de
esteróides para inibir a inflamação e a feridas corneais, mas não potencializam a
resposta imunomediada, reduzir a ação da colagenase como os
congestão dos vasos e fazer com que os corticosteróides. Outro AINE utilizado é o
capilares tornem-se impermeáveis às flunixin meglumine, na dose de 0,5 a 1,0
moléculas protéicas e às hemácias. Os mg/kg pela via intravenosa, a cada 24
corticosteróides são preferidos para casos horas. A aspirina pode ser prescrita em
mais agudos e graves da doença. A uveítes crônicas na dose de 10 mg/kg, a
prednisona na dose de 1-2 mg/kg por via cada 12h, para o cão e 10 mg/kg a cada
sistêmica a cada 12h, por 7 dias, diminuindo 48h, para o gato. Os imunossupressores
a dose gradativamente é medicamento são prescritos para pacientes não
eficaz. Associa-se ao tratamento responsivos a uma terapia convencional e
sistêmico a prednisolona ou dexametasona recomenda-se o uso da azatioprina
0,1% tópica a cada 4 ou 6 horas . Quando (Imuran®) na dose de 1-2 mg/kg/dia, até
não for possível a utilização da via recuperação do quadro. Os fármacos
sistêmica (casos em que está midriáticos são eficientes para ocasionar
Afecções oculares
midríase e diminuir a permeabilidade dos Este quadro leva a alterações
vasos inflamados da barreira degenerativas no nervo óptico e retina com
aquo-sanguínea, reduzindo o perda visual subsequente.
extravasamento de humor aquoso. O glaucoma desenvolve-se quando o
Utiliza-se atropina a 1% em intervalos de 2 escoamento normal do humor aquoso é
a 3 horas até a pupila dilatar, seguindo prejudicado. Pode ser classificado quanto à
administrações BID a TID. É midriática, etiologia (primário, secundário ou
cicloplégica e descongestiona a íris, porém congênito) e quanto ao ângulo de drenagem
é contra-indicada em casos de glaucoma. (aberto, fechado ou estreito), podendo ter
Drogas adrenérgicas são indicadas quando evolução aguda ou crônica.
houver risco de glaucoma secundário, e
prioriza-se o uso da epinefrina 1-2% ou Glaucoma primário
fenilefrina 2,5-10%. Quando houver Neste o aumento da PIO se deve à
significativa formação de coágulos ou diminuição ou obstrução da drenagem,
fibrina na câmara anterior utiliza-se ocorre sem alterações intra oculares pré
agentes fibrinolíticos, como o Ativador do existentes, todavia algumas raças são
Plasminogênio Tecidual – Activase (tPA), predispostas como o Basset hound,
na dose de 25µg intracâmara. Os Beagle, Cocker Spaniel e o Poodle.
antibióticos deverão ser usados em casos
de infecção secundária devido às doses Glaucoma secundário
altas e duradouras de imunossupressores, Ocorre em função de doença ocular
ou como profiláticos. Recomenda-se o uso preexistente que seja capaz de produzir a
do cloranfenicol por sua eficiente obstrução física na drenagem como uveíte,
penetração na córnea. Outros cuidados, trauma e complicações decorrentes de
como manter o animal em sala escura, usar cirurgias intraoculares. Em geral é
compressas mornas, realizar exame ocular unilateral, não é hereditário, todavia, pode
completo a cada 5-7 dias e avaliar pressão estar relacionado a uma doença cujo seu
intraocular periodicamente fazem parte do fundo seja hereditário como sub ou luxação
tratamento. da lente com catarata.
Em felinos está relacionado a neoplasias,
GLAUCOMA uveítes, decorrentes de doenças
Conjunto de alterações que tendem à infecciosas como leucemia, toxoplasmose,
elevação da PIO associadas à neuropatia peritonite infecciosa felina imunodeficiência
óptica. Em cães e gatos os valores de felina.
referência estão entre 15 e 25 mmHg. O Glaucoma secundário às afecções da
lente está relacionado a mudanças em seu
Afecções oculares
posicionamento, uma vez que pode haver músculo constrictor, atrofia de íris,
luxação superior, esta condição é a mais disfunção das células ganglionares da
comum, pode provocar bloqueio pupilar retina que pode contribuir para a
completo; em felinos essa é a forma menos ocorrência de midríase, no vítreo em razão
frequente. As luxações posteriores do influxo de células inflamatórias podendo
induzem poucas alterações, contribuem haver degeneração, suscitando em
pouco para a formação do glaucoma. sínerese.
Pode se estabelecer pela presença de
neoplasia independente do tipo se maligna
ou benigna. Ocorrem comumente
linfossarcomas, há relatos também da
ocorrência de carcinoma, melanoma,
adenocarcinoma.
Com relação a outras classificações de
glaucomas é importante identificar no
sentido de balizar o tratamento clínico.
DIAGNÓSTICO:
SINAIS CLÍNICOS: É estabelecido através de metodologias
Aumento da pressão intraocular, presença como a oftalmoscopia direta ou indireta,
de vasos episclerais ingurgitados, gonioscopia, tonometria, ultrassonografia
hiperemias conjuntival, dor, (USG) e eletrorretinograma (ERG) e
neovascularização superficial e angiografia fluoresceínica.
pigmentação corneana, megalocórnea, O diagnóstico é firmado através da
perda da sensibilidade corneana, estrias de aferição da pressão intraocular com
Haab, câmara anterior rasa, expansão da tonômetro digital de aplanação (Tonopen®)
esclera de maneira irreversível, dilatação ou de indentação (Schiötz®), sendo
das pupilas ou midríase não responsiva que considerados os valores entre 15 e 25
pode ser associadas à lesões nervosas na mmHg normais. A gonioscopia, procedida
zona central da íris ou a paralisação do com Gonioscópio®, avalia o ângulo
Afecções oculares
iridocorneal, sendo importante para • Em cães produz midríase e em gatos
diagnóstico de glaucomas por ângulos miose;
estreitos ou obstrução por precipitados. • Efeitos colaterais nos cães:
Blefaroespasmos e palidez conjuntival.
TRATAMENTO:
1. Diuréticos Osmóticos => Tartarato de brimonidina
=> Manitol e Glicerol| • É um agonista dos receptores
• São usados em emergências: alfa-2-adrenérgicos;
• Prévio a procedimentos cirúrgicos; • Em cães induz significativa queda na PIO,
• A intenção não é a diurese e sim a miose e queda na FC;
diferença de gradiente osmótico entre • Deve ser usado associado a
vasos sanguíneos, humor aquoso e vítreo; hipotensores.
• A iridociclite reduz o efeito dos
diuréticos. 4. Antagonistas
Causam queda na PIO por bloquearem
2. Agentes colinérgicos receptores beta presentes no corpo ciliar,
=> Pilocarpina 2% diminuindo a produção do humor aquoso.
• Age estimulando receptores muscarínicos => Betaxolol 0,5%
do músculo ciliar da íris fazendo miose, • Menos potente que o Timolol;
abrindo o ângulo iridocorneal; • Menos efeitos colaterais;
• É indicada no controle do glaucoma • Alternativa em pacientes com alterações
primário em cães; cardíacas.
• Provoca quebra da barreira
hematoaquosa ocular, levando a altas => Maleato de timolol 0,25% a 0,5%
concentrações de proteínas no humor É um Beta-bloqueador não seletivo, inibe
aquoso; os receptores beta ou ativação de
• É contra indicada nos casos que haja receptores alfa-adrenérgicos no músculo
uveíte associada. esfíncter da íris, causando miose, pode ser
usado combinado com lACs. Seus efeitos
3. Agentes adrenérgicos - agonistas colaterais estão relacionados a decréscimo
=> Apraclonidina da frequência cardíaca e na pressão
• É seletivo para receptores alfa-2 no sanguínea, bloqueio cardíaco associados a
epitélio pigmentado do bloqueio de receptores beta-1, além de
ciliar; alterações pulmonares como
broncoespasmo e obstrução de vias aéreas.
Afecções oculares
5. Inibidores da anidrase carbônica • Pacientes com luxação anterior da lente.
=> Dorzolamida Não surtem efeito nenhum na PIO de
• É utilizado na concentração de 2% duas a felinos, fazendo apenas miose, uma vez que
três vezes ao dia, em pacientes 3% do humor aquoso do gato é drenado
veterinários é bastante eficaz. pela via uveo-escleral. A maioria dos
• Reações adversas: Blefarite que cessa análogos de prostaglandinas são
com descontinuidade do tratamento e isso específicos para receptores F e não para
acontece por conta do pH 5,6. E1 que são os receptores mais abundantes
no músculo ciliar dos felinos.
=> Brinzolamida
• É utilizada na concentração de 1% e tem 7. Anti-inflamatórios
efeito semelhante a dorzolamida em cães, o São recomendados como adjuvantes no
mesmo efeito não é relatado em gatos; controle da inflamação secundária a uveite,
• O ph é 7,5 próximo da neutralidade, assim Eles podem promover o aumento da PIO
trás menos desconforto. em cães lá alau-comatosos, após 2 a 3
semanas de uso, todavia, em algumas
6. Análogos das prostaglandinas condições se associados podem inibir a
São substâncias que agem como agonistas capacidade hipotensora, como é o caso do
em receptores específicos para latanoprost com flurbiprofeno.
prostaglandinas. Têm importantes efeitos
colaterais como a hiperemia conjuntival,
hiperpigmentação da pálpebra e da íris
também sendo observado que acontece
com mais intensidade no travaprost, mas é
importante frisar que se deve à liberação
de óxido nitroso endotelial e não de
eventos inflamatórios relacionados à
inflamação pelas prostaglandinas.
Em glaucomas secundários a uveíte, fica
contraindicado o uso dos análogos das
prostaglandinas, porque nesta condição o
humor aquoso já é rico nessas substâncias.
• Em pacientes afácicos (sem lente);
• Pseudofácicos (com lente artificial)
porque são potencialmente mióticos;
Afecções do sistema gastrointestinal
ANATOMIA sabe-se que as fibras aferentes captam o
estímulo de passagem do alimento, envia a
mensagem para o centro da deglutição no
bulbo, através do nervo vago, e responde
com estímulos aos nervos eferentes para
contrair o músculo liso e estriado do
esôfago. Logo, qualquer alteração nesta
rota pode resultar em distensão e redução
da motilidade esofágica.
Megaesôfago congênito
O megaesôfago congênito ocorre devido a
uma falha sensorial nos nervos aferentes,
dessa forma, impedindo o início do
peristaltismo com a presença do bolo
alimentar na entrada do esôfago proximal.
Com isso, o peristaltismo primário é tão
reduzido que o secundário não é iniciado.
Essa sugestão de mecanismo é evidenciada
MEGAESÔFAGO pela normalidade na função dos nervos
É a alteração mais comum que causa eferentes nesses quadros. Nessa condição,
regurgitação em cães e é caracterizada o animal já nasce com a alteração, e os
pelo hipoperistaltismo e dilatação esofágica sinais clínicos mais evidentes são, ainda
difusa ou focal. Essa condição pode ser filhote, de regurgitação durante a fase de
congênita ou adquirida, e tem predisposição amamentação ou logo após o desmame.
genética sugerida nos cães da raça Dogue
Alemão, Pastor Alemão, Golden Retriever,
Megaesôfago adquirido
Shar-Pei, Terra Nova, Labrador, Fox
O megaesôfago adquirido pode ser de
Terrier, Schnauzer miniatura, Setter
origem idiopática ou secundário a outras
Irlandês e Greyhound. Nos gatos, o
doenças. O mecanismo fisiopatológico do
megaesofago é pouco comum, porém
idiopático também é o defeito nas vias
observam-se os siameses com maior
aferentes, e não possui causa justificável de
frequência de acometimento.
seu acometimento. Pode ocorrer em
Os mecanismos fisiopatológicos do
animais de qualquer idade, sendo mais
megaesôfago ainda não são elucidados, mas
comum em cães a partir de 8 anos de idade.
Afecções do sistema gastrointestinal
O megaesôfago adquirido secundário a uma a radiografia simples e suficiente para
doença base geralmente ocorre por identificar o megaesôfago, porém, pode ser
disfunções neuromusculares ou no centro necessária a utilização de contraste
da deglutição. (esofagograma) para diferenciar de corpo
Nesses animais a causa primária é estranho, identificar causas locais, ou
identificada, e geralmente são: avaliar a motilidade esofágica.
a) Neuromusculares: Polimiopatias,
miastenia gravis, disautonomia, TRATAMENTO:
traumas ou neoplasias no tronco O tratamento do megaesôfago consiste em
encefálico e botulismo; tratar a causa primária dos casos que
b) Endódrino: Hipoadrenocorticismo possuem e, assim como o idiopático
e hipotireoidismo; congênito ou adquirido, devem receber
c) Intoxicações: Por terapia sintomática e de suporte quando
organofosforados e chumbo; não respondem a instituição de medicações
d) Alterações locais: Estenose específicas. O principal manejo desses
esofágica ou pilórica e esofagites animais é alimentar para evitar as
graves. regurgitações, e a recomendação é o
fornecimento das refeições em porções
SINAIS CLÍNICOS: pequenas e frequentes, como o alimento em
A suspeita de megaesôfago começa com a posição elevada para a gravidade auxiliar a
queixa de regurgitação constante do sua passagem no esôfago do animal. A
animal. Geralmente, esse animal também consistência da alimentação é variável
apresenta polifagia com emagrecimento (líquido, pastoso ou sólido), pois depende da
progressivo devido à ingestão insuficiente tolerância individual a cada tipo de
do alimento. Também é possível perceber fornecimento.
sinais de pneumonia devido a aspiração do Nos casos de extrema desnutrição, não
conteúdo durante as regurgitações. Além adaptação ao manejo ou recorrentes
disso, o animal também pode apresentar os quadros de pneumonia aspirativa, pode ser
sinais clínicos das doenças bases, no caso necessária a colocação de uma sonda de
megaesôfago secundário. gastrostomia temporária ou
permanentemente.
DIAGNÓSTICO: Porém, apesar de essa intervenção
É realizado através da radiografia de diminuir os riscos de pneumonia por
pescoço e tórax, qual observa-se dilatação aspiração, alguns animais ainda podem
esofágica pontual ou difusa. Normalmente, desenvolver por aspirar saliva ou o
Afecções do sistema gastrointestinal
conteúdo de refluxo gastroesofágico. possui dois tipos: a aguda, que surge de
Através da sonda podem ser administrados repente e pode sumir sozinha, e a crônica,
alimentos, água e medicações. que pode durar de semanas a meses e vai
A terapêutica medicamentosa do se complicando com o tempo.
megaesôfago pode ser realizada com As causas podem ser virais, parasitárias,
algumas drogas pró-cinéticas, como a bacterianas, alergias, presença de corpo
metoclopramida, domperidona, cisaprida e estranho, resultado de intoxicações em
eritromicina, apesar de ser pouco eficaz na geral, de ordem obstrutiva ou, ainda,
maioria das vezes. Esses agentes agem na alimentares como a ingestão de alimentos
musculatura lisa e, por diferença anatômica, estragados ou crus.
podem demonstrar melhores resultados Entre as causas virais, pode-se citar o
nos felinos, visto que esses possuem Parvovírus canino etiológico mais
músculo liso na porção distal do esôfago importante das afecções gastrointestinais
torácico. Como os cães apresentam e coronavírus e rotavírus, responsáveis por
músculos estriados em quase toda formas leves ou assintomáticas de
extensão esofágica, também podem sofrer enterites.
com a exacerbação dos sinais clínicos. As espécies Ancylostoma caninum;
Além do uso de antibióticos para tratar as Toxocara canis e Dipylidium caninum são os
pneumonias secundárias devido às principais agentes causadores de
regurgitações, também é comum a helmintoses gastrintestinais.
necessidade de utilizar protetores Em relação aos protozoários, os do gênero
gástricos para diminuir a esofagite causada Isospora também é conhecido por
pela frequente passagem retrógrada de Cystoisospora, incluem a I. canis e I.
conteúdo no esôfago. Devido a essas ohioensis, acometendo cães e a I. felis e a I.
complicações, o megaesôfago pode ter um rivolta, acometendo gatos.
prognóstico reservado ou ruim, mas
animais que se adaptam bem ao manejo SINAIS CLÍNICOS:
podem viver com êxito por anos. Os cães são mais comumente afetados.
Entre os sinais clínicos mais observados,
GASTROENTERITE pode-se ter: Apatia, vômito, diarreias (com
É uma inflamação no aparelho digestivo e ou sem sangue, com ou sem pus) dores
sua origem pode ser variada, afeta a abdominais, desidratação e quadro febril em
mucosa que reveste o tubo digestivo do alguns tipos. Além disso, o animal também
animal, podendo afetar desde o estômago pode ficar mais abatido e com falta de
até os intestinos delgado e grosso. Ela
Afecções do sistema gastrointestinal
apetite, além de desidratado, como fármacos anti-inflamatórios não
consequência da diarreia. esteroidais [AINEs]).
TRATAMENTO: DIAGNÓSTICO:
A cirurgia imediata é necessária. Os Histórico do animal, exame físico,
intestinos devem ser devidamente diagnóstico de imagem (raio x e ultrassom)
reposicionados e o intestino desvitalizado e exames laboratoriais.
deve ser resseccionado. Diagnóstico diferencial: alergia ou
O prognóstico é extremamente ruim, pois a intolerância alimentar, neoplasia, Trichuris,
maioria dos animais morre, apesar dos Trichomonas, histoplasmose, prototecose,
grandes esforços. pitiose, colite clostridiana, vírus da
Os animais que vivem podem desenvolver imunodeficiência felina (FIV) vírus da
síndrome do intestino curto, nos casos em leucemia felina (FeLV), síndrome do
que a ressecção intestinal maciça foi intestino irritável (ou seja, a doença
necessária. responsiva à fibra) e intussuscepção
ileocólico ou cecocólico.
COLITE
É uma inflamação do cólon, causada por TRATAMENTO:
uma variedade de organismos, dietas e Na fase aguda, a terapia é inicialmente
síndromes. sintomática, com jejum de 24 a 48 horas e,
Há interrupção da secreção normal e as em seguida, uma dieta branda, de fácil
funções de absorção no cólon, causando o digestão, com pouca gordura e não
aumento da secreção de líquido e alérgicos.
Afecções do sistema gastrointestinal
Pacientes com doença crônica primeiro TRATAMENTO:
devem receber doses terapêuticas de A constipação é difícil de tratar.
anti-helmínticos, dietas hipoalergênicas, As fezes impactadas devem ser removidas.
dietas suplementadas de fibra, Tratamentos múltiplos com enemas de
metronidazol e/ou antibióticos eficazes retenção e limpeza com água morna por 2 a
contra Clostridium spp. 4 dias geralmente apresentam um bom
Tratamento cirúrgico: a biópsia e a resultado.
colectomia podem ser indicadas em animais Uma futura impactação fecal é prevenida
acometidos. adicionando-se fibras à dieta úmida,
certificando-se de que as liteiras sempre
MEGACÓLON estejam limpas e em número adequado,
É o termo utilizado para explicar o aumento utilizando-se de laxantes osmóticos
do diâmetro do intestino grosso (lactulose) e/ou medicações pró-cinéticas
persistente e a hipomotilidade associados à (cisaprida).
constipação intestinal grave. Tratamento cirúrgico: remoção de todo o
Possui causa desconhecida, podendo ser cólon, exceto um segmento distal curto
causado por problemas comportamentais necessário para restabelecer a
(defecação difícil ou pouco frequente com a continuidade intestinal. Gatos
passagem do material fecal excessivamente normalmente apresentam fezes moles por
duro e seco) ou alterações dos algumas semanas no pós-operatório, antes
neurotransmissores colônicos. de recuperar a consistência normal e, em
É mais comum a ocorrência em gatos. alguns casos, para o resto de suas vidas.
SINAIS CLÍNICOS:
Constipação, depressão, anorexia,
tenesmo, fraqueza, letargia, vômito, perda
de peso, diarreia aquosa, mucosa e
sanguinolenta.
DIAGNÓSTICO:
Histórico do animal + sinais clínicos, exame
físico, diagnóstico por imagem (raio x).
Diagnóstico diferencial: causas congênitas,
obstrutivas, neurológicas e sistêmicas do
megacólon.
Afecções do sistema cardiovascular
O sistema cardiovascular é composto por: A doença é rara em felinos, podendo
coração e vasos sanguíneos (artérias, veias ocorrer pela falta de taurina na dieta ou em
e capilares). caso de hipertireoidismo.
SINAIS CLÍNICOS
Fraqueza, letargia, taquipneia, dispneia,
tosse, anorexia, ascite, síncope,
intolerância a exercícios, caquexia cardíaca,
Os animais acometidos apresentam
sons cardíacos abafados, sopros sistólicos,
diminuição da contratilidade ventricular
pulso fraco e rápido.
(disfunção sistólica) pelo comprometimento
do músculo cardíaco, com consequente
DIAGNÓSTICO
diminuição no bombeamento sistólica e no
- Radiografia torácica;
débito cardíaco, resultando em aumento do
- Eletrocardiograma;
volume e diâmetro sistólica final (dilatação
- Ecocardiograma (fecha o diagnóstico).
do miocárdio).
TRATAMENTO
PATOGENIA
Na maioria dos casos, a cardiomiopatia
Acomete principalmente animais grandes e
dilatada em cães não apresenta cura ou
gigantes, com idade média de 5 a 7 anos e
regressão significativa da condição.
machos. As raças mais acometidas são:
Os animais que são diagnosticados com
Doberman, Boxer, Fila brasileiro, São
essa patologia devem ser tratados com o
Bernardo, Terra Nova, Mastim Napolitano,
objetivo de corrigir os distúrbios causados
Cocker Spaniel, Dinamarquês e
pela condição e a fim de proporcionar:
Wolfhound irlandês.
Afecções do sistema cardiovascular
- Aumento da força de contração do Devon red, pelo longo americano, pelo
músculo do coração; curto britânico e pelo curto americano.
- Diminuição do acúmulo de sangue nos Os felinos machos, jovens ou idosos são os
pulmões; mais acometidos, sendo de maior incidência
- Alívio do desconforto; entre 5 a 7 anos.
- Melhoria da qualidade de vida; A doença é rara em cães.
- Mais tempo de sobrevida.
SINAIS CLÍNICOS
MIOCARDIOPATIA hipertrófica Taquipneia, intolerância ao exercício,
É uma doença cardíaca mais comum em dispneia, tosse, anorexia e letargia, sopros
felinos e é caracterizada por hipertrofia do sistólicos e ritmo de galope na diástole,
ventrículo esquerdo, podendo ser primária arritmias cardíacas, pulso forte e ausência
(idiopática) ou secundária, sendo resultado de pulso em casos de tromboembolismo que
de doenças primárias (hipertireoidismo, pode aparecer em qualquer doença.
hipertensão sistêmica e estenose
subaórtica). DIAGNÓSTICO
- Radiografia torácica;
- Eletrocardiograma;
- Ecocardiograma.
=> Diagnóstico diferencial para as
principais causas de cardiomiopatia
hipertrófica secundária: hipertireoidismo,
hipertensão sistêmica e estenose
Os animais afetados apresentam subatórtica.
espessamento da parede ventricular
esquerda (hipertrofia miocárdica TRATAMENTO
concêntricos), com diminuição da cavidade O objetivo do tratamento é permitir o
do ventrículo esquerdo, redução da preenchimento ventricular, diminuir os
distensibilidade da parede ventricular sinais da congestão, controlar arritmias,
esquerda e áreas de fibrose no endocárdio. minimizar isquemia miocárdica e prevenir o
tromboembolismo. Em animais sintomáticos
ETIOLOGIA e com risco de formação de trombos ou
A doença tem maior incidência em animais insuficiência cardíaca congestiva, o uso de
de raça pura, como Ragdolls, Maine coon, betabloqueadores, diuréticos, inibidores da
Himalaia, Birmanesa, Sphynx, Persa, ECA e medicações antitrombóticas devem
Afecções do sistema cardiovascular
ser empregados. Além da intervenção os membros posteriores, resultando em
farmacológica, devem-se minimizar as paralisia, dor intensa e outras
situações de estresse e o nível de atividade complicações.
dos animais acometidos. Para a prevenção
de tromboembolismo é recomendado o uso
de bissulfato de clopidogrel.
Tromboembolismo arterial
É decorrente das cardiomiopatias felinas.
O tromboembolismo aórtico felino (TAF) é
uma enfermidade grave, de etiologia
multifatorial, que afeta os gatos.
Geralmente, o problema está associado a SINAIS CLÍNICOS
uma cardiopatia pré existente, mas pode Agudos: dependem da área embolizada,
ocorrer em animais com déficit de extensão e duração.
coagulação. Dispneia, taquipneia, sopro cardíaco ou
Acomete principalmente animais machos de arritmia, anorexia, letargia/fraqueza, sons
meia idade. de galope e efusões.
Em felinos com tromboembolismo arterial
(TEA), a formação das massas ocorre
devido a alterações nos fatores de
coagulação sanguíneos, estase circulatória
e lesões nos endotélios vasculares e de
tecidos. A ocorrência de TEA em felinos
está correlacionada com cardiomiopatias e
apresenta alta morbidade e mortalidade.
ETIOLOGIA
Há formação de um coágulo sanguíneo no
coração do animal acometido, que se
desprende e se desloca rumo a artéria
aorta abdominal. O trombo formado, então,
aloja-se na parte mais estreita da
bifurcação da aorta, na região da pelve,
impedindo o fluxo sanguíneo adequado para
Afecções do sistema cardiovascular
DIAGNÓSTICO nas quais o acometimento de outros
- Exame físico: paraparesia/paraplegia, sistemas orgânicos pode ocultar o
extremidades frias, ausência de pulso envolvimento cardíaco. Raramente o
femoral, dor de início agudo; coração é a localização primária da
- Ecocardiograma (fecha o diagnóstico). infecção nos animais afetados.
=> Diagnóstico diferencial: neoplasias, Mecanismos: invasão direta dos agentes
traumas, DDIV, neuropatia diabética e infecciosos, toxinas e respostas imunes do
miastenia gravis. hospedeiro.
Começa com arritmias cardíacas
TRATAMENTO persistentes e piora progressiva na função
- Suporte: do miocárdio com sinais de insuficiência
Analgésicos (butorfanol, morfina) cardíaca congestiva (ICC).
Monitorar desidratação Agentes:
Função renal e eletrólitos Virais: parvovírus canino, vírus da
- Medicamentoso: cinomose e da panleucopenia felina.
Bacterianas: Bartonella vinsonii, Borrelia
burgdorferi, Ehrlichia canis, Rickettsia
rickettsii. - E. canis: não há tantos relatos.
Fúngicas: Aspergillus, Cryptococcus,
histoplasma.
Parasitárias: Toxoplasma gondii,
=> O prognóstico depende do estágio em
histoplasma.
que o animal se encontra, quanto tempo
está acometido (reservado a desfavorável).
TRANSMISSÃO
A via de transmissão depende do agente
PREVENÇÃO
etiológico da miocardite, podendo ser:
- Antiagregador plaquetário: ácido
-Idiopática;
acetilsalicílico;
-Transplacentária;
- Anticoagulantes: heparina não
-Transfusão sanguínea;
fracionada/varfarina.
-Fezes;
-Picada de artrópodes;
Miocardite
-Fômites;
É uma doença inflamatória que geralmente
-Congênita.
resulta de infecções disseminadas, por via
hematógena (sangue), ao miocárdio,
ocorrendo em diversas doenças sistêmicas
Afecções do sistema cardiovascular
FASES Doenças valvares e endocárdicas adquiridas
Aguda: parasitemia intensa, inflamação do
miocárdio Endocardiose
Latência: diminui a parasitemia Também conhecida como degeneração
Crônica: fibrose - cardiomiopatia dilatada mixomatosa valvar, degeneração valvular
mucosidade, doença degenerativa crônica
SINAIS CLÍNICOS ou fibrose valvular crônica, é a doença
Sinais inespecíficos (isolados ou em cardiopatia valvar adquirida mais comum em
conjunto): cães.
-Apatia; Cerca de 70% dos casos ocorrem na válvula mitral.
-Arritmia;
-Dispneia;
ETIOLOGIA
-Letargia; A enfermidade acomete cães de todas as
-Perda de peso; raças, mas há maior prevalência em animais
-Pirexia; de pequeno porte de meia idade a idosos,
-Síncope; em especial os da raça Poodle, Yorkshire,
-Sopro; Spitz-alemão-anão, Chihuahua e Cavalier
-Morte súbita. King Charles Spaniel, este último
Lado direito: pulso jugular positivo, efusão apresentando sinais clínicos mais
pleural e pericárdica, ascite; precocemente.
Evolução para o lado esquerdo: edema Lesões: nódulos valvares, coalescência e
pulmonar. distorção valvar, espessamento de folhetos
e regurgitação (baixo débito cardíaco)
DIAGNÓSTICO A endocardiose é caracterizada pela
- Esfregaço na fase aguda (só acha o desorganização estrutural dos
parasito no esfregaço sanguíneo na fase componentes da valva mitral, dilatação
aguda); anular e fraqueza das cordoalhas
- Sorologia na fase latente; tendíneas. Causa aumento no átrio
- PCR. esquerdo e volume circulante.
TRATAMENTO
Aguda: benzimidazol e alopurinol;
Crônica: sem tratamento.
Afecções do sistema cardiovascular
O tratamento clínico para animais
acometidos tem como objetivo a melhora
dos sinais clínicos provocados pela
insuficiência cardíaca, sendo, portanto,
paliativos.
Para o manejo terapêutico adequado dos
cães com a enfermidade, há uma
classificação de acordo com a fase da
doença, levando em consideração,
principalmente, a ocorrência de sinais
clínicos inerentes ao sistema
SINAIS CLÍNICOS
- Fraqueza;
- Dispneia;
- Ascite;
- Hepatomegalia;
- Derrame pleural;
- Colapso;
- Morte súbita.
DIAGNÓSTICO
- Sons cardíacos abafados;
- Distensão de jugular;
- Hipotensão arterial;
- Raio X;
- Ecocardiograma;
- Atb + cult - se suspeita de infeção
bacteriana, pesquisa de clas tumorais,
pericardiectomia.
Afecções e cirurgia da orelha
ORELHA Caracterizam-se pelo processo
A orelha é um órgão vestibulococlear, inflamatório, infeccioso e/ou parasitário
desempenhando função de audição e das orelhas de cães e gatos.
equilíbrio. A maioria das otites é secundária a
inúmeras doenças ou condições
preexistentes como alergopatias, distúrbios
endócrinos, pólipos, neoplasias, parasitos
ou corpos estranhos. É comum que causas
perpetuantes como as infecções ocorram,
piorando o quadro clínico do paciente.
Animais que ficam em contato constante
com ambientes muito úmidos ou que nadem
Divisão:
frequentemente, também podem estar
=> Orelha externa: composta pelo pavilhão
predispostos, pois a umidade excessiva
auricular e seus ramos vertical e
causa a maceração do estrato córneo e
horizontal. Vai do pavilhão auricular até a
estimula as glândulas ceruminosas, o que
membrana timpânica. Possui folículos
pode levar ao desencadeamento do quadro.
pilosos, glândulas sebáceas e ceruminosas.
Além disso, a higienização incorreta ou uso
=> Orelha média: é um pequeno espaço
de produtos inadequados podem causar
cheio de ar, conhecida como cavidade
processos inflamatórios da orelha interna e
timpânica e está inserida no osso temporal.
externa.
Nesse espaço, também é possível
encontrar a membrana timpânica, os
CLASSIFICAÇÃO DAS OTITES
ossículos auditivos e a tuba auditiva.
Lateral: uni ou bilateral;
=> Orelha interna: constituída do labirinto
Evolução: aguda, crônica ou crônica
ósseo, onde estão os canais semicirculares,
recidivante;
a cóclea e o nervo coclear e o labirinto
Localização: externa, média ou interna.
membranáceo.
OTITE Importante
A otite é uma inflamação no ouvido, mais A idade de maior predisposição vai variar
comum nos cães do que nos gatos. As de acordo com alguns fatores como a
raças de cães mais acometidas são as que etiologia da otite ou a raça do cão
possuem orelhas longas, como Cocker acometido. Otites externas são mais
Spaniel, Cocker Americano, Basset Hound comuns em cães, enquanto as otites médias
e Golden Retriever. ocorrem com maior frequência nos felinos.
Afecções e cirurgia da orelha
MICROBIOTA NORMAL A utilização de alguns fármacos quando há lesão no conduto auditivo causa
Bactérias: lesão vestibular.
Staphylococcus sp. Fatores perpetuantes:
Streptococcus sp. - Bactérias;
Leveduras: - Fungos;
Malassezia pachydermatis (principal - Alterações proliferativas no interior dos
causadora de otite de origem tópica). canais;
- Otite média;
Em condições de trauma, endocrinopatias, - Hipersensibilidade por contato.
imunossupressão, alergia ou presença de
parasitos, vai ocorrer quebra da simbiose, Otite ceruminosa
com crescimento de microrganismos É caracterizada pela produção excessiva
oportunistas e desencadear a otite. de cerúmen e o paciente pode apresentar
graus variados de inflamação e prurido,
OTITE EXTERNA além de infecções secundárias.
Etiologia A principal causa da otite ceruminosa é a
Fatores primários: otoacaríase que é desencadeada mais
- Corpo estranho; frequentemente pelo parasitismo por
- Hipersensibilidade (de contato, atopia, Otodectes cynotis e, eventualmente por
alimentar); ácaros do gênero Demodex. A presença
- Presença de ectoparasitos (Otodectes dos ácaros no meato acústico em sua
cynotis); superfície ou dentro dos folículos pilosos,
- Distúrbios de queratinização; respectivamente, gera um processo
- Afecções imunomediadas; inflamatório que resulta no aumento da
- Malassezia pachydermatis. produção de cerúmen. Fatores anatômicos
ou relacionados a padrões raciais também
Fatores predisponentes: podem gerar otite ceruminosa. Raças como
- Anatômico: orelhas pendulosas, grande Cocker Spaniel e o Persa podem
número de glândulas seruminosas, pelagem apresentar distúrbios seborreicos
densa no conduto auditivo, condutos primários. Eles proporcionam maior
estenosados. produção de cerúmen que pode predispor a
- Irritação iatrogênica; orelha a otorreia e infecções secundárias,
- Afecção otológica obstrutiva; principalmente por Malassezia
- Doença sistêmica (imunossupressão). pachydermatis.
Afecções e cirurgia da orelha
O excesso de cerúmen precisa ser Otite bacteriana
removido e a melhor opção terapêutica são É caracterizada pela presença de pus
os produtos otológicos ceruminolíticos que visível no conduto auditivo que, em geral, é
devem ser utilizados com frequência até a o resultado da proliferação bacteriana
melhora clínica e o tratamento específico oriunda da não resolução de otites
para otoacaríase também deve ser ceruminosas ou eczematosas.
preconizado quando for diagnosticada. É um quadro grave que cursa com dor,
erosões ou ulcerações na epiderme do
meato acústico. Há possibilidade de
comprometimento do tímpano, podendo
favorecer o estabelecimento de otite
média.
Os condutos auditivos de cães normais
contêm pouca quantidade de bactérias.
Otite eczematosa Muitas delas são patogênicas e colonizam a
Pacientes caninos podem apresentar orelha quando as condições se alteram.
eczema na face interna do pavilhão
auricular e eritema ao longo do conduto
auditivo, caracterizando uma otite
eczematosa. Poderá haver excesso de
cerúmen e supercrescimento de
Staphylococcus e/ou M. pachydermatis.
É a otite mais comum na rotina
dermatológica, sendo as dermatites Otite hiperplásica e estenosante
alérgicas apontadas como as mais É a consequência de uma cronificação
importantes causas desse tipo de otite e a acentuada ou ao insucesso de terapias
estabilização do quadro alérgico e o exaustivas sem correção das causas
controle das infecções secundárias são primárias, possivelmente alérgicas.
imprescindíveis para o sucesso da terapia Clinicamente, a face interna do pavilhão
ótica. auricular e/ou meato acústico
demonstram-se edemaciados,
liquenificados e a melanose por existir.
Muitas vezes não é possível realizar a
inspeção através da otoscopia pelo
estreitamento do conduto auditivo.
Afecções e cirurgia da orelha
Dependendo da gravidade, poderá haver DIAGNÓSTICO
calcificação e, muitas vezes, a ablação - Sinais clínicos + anamnese;
cirúrgica parcial ou total é recomendada. - Exame otológico;
- Exame dermatológico;
- Exame citológico;
- Cultura + antibiograma;
- Raio x do crânio.
TRATAMENTO
Objetivo:
- Remoção do exsudato , enzimas e toxinas
SINAIS CLÍNICOS
bacterianas;
- Meneios cefálicos;
- Redução do processo inflamatório;
- Dor ótica ou prurido na orelha;
- Maior eficácia dos medicamentos
- Secreção;
tópicos.
- Odor;
- Coceira constante;
Para um tratamento efetivo a identificação do agente primário causador
- Irritabilidade.
da doença é extremamente importante.
Antibioticoterapia: 3 semanas
- Neomicina, gentamicina (em casos de
Staphylococcus spp, Streptococcus spp e
Enterococcus spp).
- Gentamicina, amicacina, tobramicina,
enrofloxacina (em caso de Pseudomonas
spp e Proteus spp).
Anti-inflamatórios: 2 semanas
- Fluocinolona, betametasona,
dexametasona, hidrocortisona, prednisona.
Antifúngicos: mínimo 4 semanas
Afecções e cirurgia da orelha
- Nistatina, miconazol, itraconazol, haver sinais neurológicos que incluem
cetoconazol (em caso de Malassezia spp e inclinação da cabeça, ataxia, nistagmo,
Candida spp). síndrome de Horner e paralisia de nervo
facial.
=> As apresentações otológicas Pode haver dor óptica, tumefação ou
apresentam em sua maioria antibiótico, estenose do canal auricular
anti-inflamatório e antifúngico. (linfadenomegalia localizada).
=> O tratamento é realizado SID ou BID,
durante 15 a 30 dias.
=> Lavagem ótica: utiliza solução
fisiológica morna (clorexidina 2% ou água
oxigenada).
A utilização de solução gelada causa nistagmo.
otite média
É a inflamação dentro dos limites da orelha
média e na imensa maioria dos casos,
resulta de uma extensão da otite externa
do que de uma via ascendente. Os felinos
podem desenvolver otite média por via
ascendente decorrente da formação de
pólipos inflamatórios orofaríngeos ou
doenças respiratórias crônicas. Em geral, a
DIAGNÓSTICO
bula timpânica fica repleta por pus.
- Histórico clínico;
Há perda da integridade parcial ou total da
- Exame físico;
membrana timpânica.
- Otoscopia;
Agentes: Pseudomonas, Staphylococcus
- Citologia;
intermedius, Proteus, Escherichia coli,
- Cultura e antibiograma;
Malassezia pachydermatis, Streptococcus
- Raio x;
B- hemolítico, Candida, Corynebacterium,
- Tomografia.
Enterococcus, Aspergillus.
TRATAMENTO
SINAIS CLÍNICOS - Acessar a orelha média;
Os mais frequentes são aqueles
- Citologia e cultura;
relacionados à otite externa, mas poderá
Afecções e cirurgia da orelha
- Lavagem da bula timpânica (utilizando otite interna
solução fisiológica morna); É uma doença inflamatória do conduto
- Infusão de drogas tópicas dentro da bula auditivo de cães e gatos.
timpânica: uso de antibióticos, Normalmente é uma extensão do processo
anti-inflamatórios e antifúngicos a fim de inflamatório/infeccioso da orelha média.
acelerar o processo de recuperação.
- Reduzir a inflamação com CAUSAS
anti-inflamatórios: - Ácaros;
Meloxicam 0,1 mg/kg, VO, SID, 4 a - Corpos estranhos;
7 dias; - Traumas;
Carprofeno 2,2 mg/kg, VO, BID ou - Pólipos e neoplasias;
4,4 mg/kg, VO, SID até 14 dias; - Iatrogênico;
Prednisona 0,5 a 1 mg/kg, VO, - Streptococcus sp, Proteu sp,
SID/BID por 1 a 2 semanas. Pseudomonas sp, pasteurella sp, E. coli;
- Administração de antibióticos tópicos e - Malassezia sp, Candida sp. Aspergillus
sistêmicos: sp.
Cefalexina 30mg/kg, VO, BID por
21 dias; SINAIS CLÍNICOS
Metronidazol 15 mg/kg, VO, BID A sintomatologia vai depender da extensão
por 10 a 15 dias; e da gravidade da infecção.
Sulfa + trimetoprim 15 mg/kg, VO, - Dor ao abrir a boca (relutância em
BID por 15 dias. mastigar);
=> Em caso de leveduras: - Meneios cefálicos;
Cetoconazol 5 mg/kg, VO, SID; - Head tilt;
Itraconazol, 5 mg/kg, VO, SID. - Alterações de equilíbrio (déficit
- Considerar intervenções cirúrgicas (em vestibular);
casos de otites refratárias, pólipos ou - Surdez;
quando há importante perda da anatomia. - Náusea e vômito;
Ablação do canal auditivo: retirada - Paralisia do nervo facial;
cirúrgica parcial ou completa das - Síndrome de Horner;
estruturas auditivas do pet no ouvido - Nistagmo;
acometido; - Estrabismo posicional.
Osteotomia da bula timpânica.
Afecções e cirurgia da orelha
Sulfa + Trimetoprim 15 mg/kg, VO,
BID por 15 dias.
AINES:
Meloxicam 0,1 mg/kg, VO, SID por
4 a 7 dias;
Carprofeno 2,2 mg/kg, VO, BID
por ou 4,4 mg/kg, VO, SID por até 14 dias.
Vestibulossedativos:
Meclizina 1-2 mg/kg, VO, SID por
3 a 5 dias.
COMPLICAÇÃO DA OTITE
Otohematoma
Também chamado de hematoma auricular, é
uma doença otológica que costuma
aparecer no pavilhão auricular de cães e
DIAGNÓSTICO gatos.
- Citologia; Trata-se de um inchaço e acúmulo de líquido
- Otoscopia convencional; inflamatório, sangue, coágulos ou outras
- Videotoscopia; secreções no espaço entre a pele e cartilagem
- Cultura; da orelha. Normalmente ocorre devido à
- Biópsia; ruptura de pequenos vasos no interior da
- Testes de susceptibilidade (antibiograma, orelha, devido a traumatismos ou
antifungigrama); chacoalhamento de cabeça por cães ou gatos.
- Raio x;
- Tomografia computadorizada; SINAIS CLÍNICOS
- Pneumotoscopia; - Meneio de cabeça;
DIAGNÓSTICO
- Histórico clínico;
- Meneios cefálicos;
- Prurido ótico intenso;
- Evidência do aumento do volume
auricular.
TRATAMENTO
- Investigar a causa base;
- Correção da causa;
- Cirurgia: técnica de incisão em “S”.
A drenagem do conteúdo também pode ser
feita, mas é preciso levar em conta em qual
estágio a afecção se encontra para que ela
seja associada ao tratamento da otite.
Outra técnica empreendida é a colocação
de drenos de silicone e revestimento de
borracha, porém não é muito satisfatória.
Isso porque ela possui riscos de formação
de seroma e deformação.
Afecções e cirurgias do sistema respiratório
COMPOSIÇÃO DO TRATO RESPIRATÓRIO Deformidade facial: abscessos
O trato respiratório é composto por: dentários, neoplasias, criptococose);
SUPERIOR: focinho (narinas), cavidade Distúrbios do trato respiratório
nasal, faringe, laringe e traqueia. inferior: pneumonias,
INFERIOR: brônquios, bronquíolos, traqueobronquite.
pulmões e pleura.
Distúrbios da cavidade nasal
PREVENÇÃO
- Vacinação;
- Prevenção de ambientes estressantes;
- Reduzir a densidade populacional elevada
em alguns ambientes;
- Quarentena de animais novos;
- Manejo higiênico sanitário.
Criptococose
O QUE É?
É uma zoonose oportunista, causada pelo
DIAGNÓSTICO
fungo Cryptococcus neoformans,
- Anamnese;
encontrada em solos, frutos e vegetais em
- Exame físico;
decomposição. Causa comprometimento de
- Isolamento viral;
cavidade nasal, tecidos paranasal, pulmões,
- Sorologia;
SNC, olhos, cutâneo e outros órgãos.
- PCR;
Afecções e cirurgias do sistema respiratório
O fungo é eliminado nas fezes das aves,
principalmente os pombos. As aves
dificilmente se infectam pelo fungo, na
maioria das vezes são apenas portadoras,
devido à alta concentração de nitrogênio
em suas fezes que favorece o
desenvolvimento e a manutenção fúngica
no solo.
TRANSMISSÃO
Inalação de partículas fecais dispersas no
ar ou de aves ressecadas que vão se
instalar na cavidade nasal. A infecção se
estende para os tecidos adjacentes e se
disseminam por via hematógena.
Atinge olhos, sistema nervoso, linfonodo,
pulmões e órgãos abdominais.
A criptococose está relacionada ao acometimento de pacientes
imunossuprimidos, já em pacientes saudáveis ela pode passar como
assintomática ou até autolimitante.
SINAIS CLÍNICOS
- Apatia e anorexia;
- Aumento do volume do nariz (“nariz de
palhaço”);
- Espirros; DIAGNÓSTICO
- Secreção nasal (mucopurulenta ou - Anamnese;
hemorrágica); - Sinais clínicos;
- Úlceras e áreas enrijecidas; - Citologia (aspirados de massas cutâneas,
- Alterações neurológicas; líquido cerebroespinhal e secreção nasal);
- Alterações oftálmicas; - Cultura fúngica;
- Otite média; - Histopatologia.
- Dispneia inspiratória.
TRATAMENTO
- Fluconazol (SID/BID);
Afecções e cirurgias do sistema respiratório
- Itraconazol (SID); I. Narinas: a estenose de narinas é uma
- Cetoconazol (tratamento de 6 a 8 alteração comum e facilmente observada
meses/BID); durante a inspeção.
- Anfotericina B (3x por semana/via IV); A entrada da cavidade nasal dos
- Flucitosina (tratamento de 1 a 9 meses, braquicefálicos é uma pequena fenda, tanto
TID ou QID). vertical quanto horizontal.
O tratamento é longo e caro.
ALTERAÇÕES ANATÔMICAS
As malformações dessa síndrome levam a
distúrbios respiratórios devido a
alterações das narinas, cavidade nasal,
nasofaringe, laringe e/ou traqueia. III. Nasofaringe: as obstruções da
nasofaringe ocorrem por um desequilíbrio
anatômico causado pelo excesso de tecidos
moles em relação ao compartimento
maxilomandibular.
● Palato mole prolongado;
● Palato mole espesso;
● Tonsilas hipertróficas;
Afecções e cirurgias do sistema respiratório
● Macroglossia (língua DIAGNÓSTICO
demasiadamente grande); É baseado nas queixas e achados de
● Tecido adiposo adicional. distúrbios respiratórios associados a raças
IV. Laringe: o esqueleto da laringe e as predispostas.
estruturas intralaríngeas podem estar A estenose de narina é uma alteração que
afetados, levando a uma redução da rima da pode ser conformada na inspeção durante o
glote, com consequente aumento da exame físico, enquanto as demais podem
resistência do fluxo de ar pela região e ser sugeridas na avaliação direta das
perda progressiva no suporte das demais estruturas.
cartilagens laríngeas, ocorrendo o colapso Exames como endoscopia das vias aéreas,
de laringe. radiografias, tomografia computadorizada e
V. Traqueia: a hipoplasia de traqueia é ressonância magnética podem ser úteis
observada em cães da raça buldogue, para identificar adequadamente as
caracterizada por estreitamento do lúmen modificações.
traqueal, porém rígido e redondo.
TRATAMENTO
SINAIS CLÍNICOS Consiste na correção cirúrgica das
Dependem das alterações presentes e da alterações anatômicas e instituição
gravidade de cada uma. medicamentoso com corticosteróides para
Manifestações respiratórias: tosse, tratar a eversão dos sacos laríngeos ou
espirros reversos, estridores, estertores, para controlar os demais sinais clínicos.
engasgos, respiração ruidosa e até dispneia É importante minimizar os exercícios
severa, levando a cianose e síncope (principalmente em dias muito quentes).
(principalmente em caso de estresse, Tratamento emergencial: repouso,
exercícios físicos e contenção). oxigenoterapia, corticoides.
Sinais gastrointestinais também são
comuns devido a anatomia, como aerofagia,
levando a dilatação esofágica e/ou gástrica,
flatulências, refluxo gastroesofágico,
disfagias, vômito e regurgitação.
A hipertermia também pode ocorrer, já que
a termorregulação encontra-se
comprometida, pois os cornetos
responsáveis por essa função estão
anatomicamente mal conformados.
Afecções e cirurgias do sistema respiratório
SINAIS CLÍNICOS
- Tosse produtiva ou improdutiva (suave ou
ruidosa);
- Secreção nasal;
- Anorexia;
- Dispneia;
Distúrbios da traqueia e brônquios - Engasgos;
- Febre.
Traqueobronquite infecciosa
canina DIAGNÓSTICO
O QUE É? - Sinais clínicos;
Também conhecida como “Tosse dos canis”, - Histórico de contato e vacinação;
é uma doença do trato respiratório de - Hemograma;
caráter contagioso, sendo uma das doenças - Radiografias torácicas (descartar outras
infecciosas de maior prevalência em cães. causas não infecciosas de tosse);
Normalmente, os animais mais acometidos - Isolamento viral;
são aqueles que têm maior contato com - Sorologia;
outros cães, seja em canis, hotéis, pet - PCR.
shops, mas pode também afetar animais => Diagnóstico diferencial para cinomose.
mantidos em domicílio. Nem sempre há alteração no hemograma ou na radiografia.
A doença ocorre geralmente em períodos
frios. TRATAMENTO
- Repouso e isolamento;
ETIOLOGIA - Supressores da tosse: butorfanol,
Adenovírus tipo 2; hidrocodona, codeína;
Parainfluenza; - Pneumonia associada: antibióticos de
Bordetella bronchiseptica. amplo espectro;
- Xaropes fitoterápicos para quadros
TRANSMISSÃO leves.
Contato direto ou indireto. Casos leves não necessitam de tratamentos agressivos.
A transmissão ocorre principalmente em ambientes superpopulosos e em
não vacinados. PREVENÇÃO
- Vacina;
- Limpeza e desinfecção de canis;
- Quarentena de animais recém chegados.
Afecções e cirurgias do sistema respiratório
ETIOLOGIA
O colapso traqueal tem como causa
alteração degenerativa dos anéis
cartilaginosos.
Entre os principais fatores com potencial
de iniciar o colapso estão a obesidade,
infecções respiratórias, trauma local,
cardiopatias e inalação de substâncias
Colapso de traqueia alergênicas ou irritantes.
O QUE É?
É caracterizado pelo achatamento SINAIS CLÍNICOS
dorsoventral dos anéis traqueais, levando a - Tosse seca crônica, podendo haver
um estreitamento ou deformidade da produção de muco transparente ou
traqueia. esbranquiçado;
- Dificuldade respiratória;
- Intolerância a exercícios;
- Cianose.
DIAGNÓSTICO
- Anamnese;
- Sinais clínicos;
- Exame físico (palpação da traqueia);
- Radiografias cervicais e torácicas;
- Traqueobroncoscopia.
SINAIS CLÍNICOS
- Tosse intensa e seca;
- Perda de peso;
- Febre;
- Produção de muco e respiração ruidosa;
- Vômito;
- Dificuldade para respirar;
- Intolerância a exercícios e brincadeiras;
- Letargia;
- Angústia respiratória e síncope;
- Anorexia.
Afecções e cirurgias do sistema respiratório
Clinicamente é difícil diferenciar da asma felina.
DIAGNÓSTICO
- Histórico do animal;
- Exame clínico;
- Citologia broncopulmonar;
- Cultura de lavado traqueobrônquico;
- Broncoscopia;
- Biópsia com histopatológico.
TRATAMENTO PATOGENIA
- Corticoides; Se manifesta com a inalação de alérgenos
- Broncodilatadores; em animais com predisposição genética,
- Antibióticos (guiador por cultura + levando a uma reação de hipersensibilidade.
antibiograma). Os alérgenos mais comuns causadores da
asma são: poeira, fumaça e produtos de
Asma felina limpeza. Também há correlação entre
O QUE É? infecções por Mycoplasma spp., parasitas e
É uma doença brônquica comum em felinos, vírus no trato respiratório.
de origem alérgica e sendo a causa mais
frequente de dispneia em gatos. SINAIS CLÍNICOS
Causa a inflamação das vias respiratórias Variam de acordo com a gravidade de
posteriores. acordo com o indivíduo e no período entre
Com a limitação reversível do fluxo de ar, as crises podem ser assintomáticas.
vai ter aumento da produção de muco, - Tosse;
causando hipertrofia de músculo liso, - Espirro;
gerando inflamação das vias aéreas - Respiração com boca aberta;
posteriores. - Taquipneia;
Gatos jovens, de meia idade são os mais - Dispneia;
afetados. - Sibilos;
- Intolerância ao exercício;
- Dificuldade respiratória.
=> Em alguns casos pode haver cianose,
síncope e até óbito. Em outros, as
Afecções e cirurgias do sistema respiratório
alterações notadas podem ser apenas promover o conforto respiratório) - não
vômito e letargia. deve ser utilizado nos animais que se
estressam com essa terapêutica;
DIAGNÓSTICO - Corticosteróides (utilizados para diminuir
- Exame físico (podem ser observados a resposta inflamatória e podem ser
sibilos e/ou crepitação na auscultação administrados nos casos agudos
pulmonar, expiração prolongada e tórax refratários a instituição de
com conformação de barril por acúmulo de broncodilatadores, ou prescritos e
ar); períodos prolongados para diminuir a
- Radiografia torácica (pode ser observado frequência de crises asmáticas);
padrão brônquico e intersticial, - Imunoterapia (hipossensibilização do
hiperinflação dos pulmões e pode haver animal a alérgenos específicos, através da
atelectasia de lobo pulmonar); administração destes em contrações
- Broncoscopia; graduais).
- Lavado broncotraqueal (para colheita de
material para citologia, onde é observada Dispneia exacerbada - emergência
predominância de eosinófilos);
- Terapia broncodilatadora (terbutalina
- Hemograma;
(0,01 mg/kg/SC),
- Tomografia.
- Aminofilina (5 mg/kg)
- Oxigenioterapia
TRATAMENTO
- Dexametasona (0,2 - 2,2 mg/kg)
O tratamento da asma tem o objetivo de
- Nebulização com albuterol
evitar e de tratar as crises causadas pela
exacerbação da inflamação.
- Oxigenoterapia (nos casos de dispneia Crônica = Fármacos + manejo
grave); ambiental
- Broncodilatadores: necessária nos - Controle de peso
pacientes com crise asmática podendo ser - Retirar o gato do ambiente hiperalergico
realizada por via venosa ou inalatória. Além - Corticoides por longo período
disso, também pode ser recomendado nos (prednisolona 1 - mg/kg/BID/7-10 dias)
períodos entre as crises para diminuir a - Broncodilatadores: aminofilina (6,6
dose dos corticóides; mg/kg/BID)
- Nebulização (utilizada tanto para - Aerossóis (Albuterol/ Fluticasona)
administrar broncodilatadores e
corticosteroides inalatórios quanto para
Afecções e cirurgias do sistema respiratório
- Intolerância a exercícios;
Doenças do parênquima pulmonar - Dispneia;
- Letargia;
Pneumonia bacteriana - Anorexia;
O QUE É? - Perda de peso.
É uma doença infecciosa pulmonar comum
que acomete cães e gatos, sendo muitas DIAGNÓSTICO
vezes resultado da associação de bactérias - Hemograma completo;
da cavidade oral e faringe. - Exame físico (nota-se crepitação e/ou
Os principais agentes são Streptococcus sibilos expiratórios);
spp., Pasteurella spp., Bordetella - Radiografia torácica;
bronchiseptica, Escherichia coli, - Citologia de lavado broncoalveolar;
Staphylococcus spp. e Mycoplasma spp., e - Cultura bacteriana.
geralmente agem como oportunistas.
Vias de infecção: inalação de aerossóis, TRATAMENTO
microbiota orofaríngea, conteúdo - Antibioticoterapia: guiado por cultura
esofágico, via hematógena. bacteriana (antes - amplo espectro) -
amoxilina com clavulanato, cefalexina e
FATORES DE RISCO sulfonamida com trimetoprima.
Idade, estado nutricional, resposta - Hidratação das vias aéreas
imunológica, ambiente superlotado e/ou - Tapotagem (caudal para cranial)
sem saneamento, coinfecção e outras - Troca de decúbito
comorbidades. - Broncodilatadores
- Mucolíticos
FATORES PREDISPONENTES Não usar diurético: não tira a secreção (muco) do pulmão e pode piorar o
Infecções virais, bacterianas, fúngicas, estado do animal.
regurgitação, disfagia ou vômito, desordens
metabólicas, traumas, imunodeficiências, Neoplasia pulmonar
desordens anatômicas ou funcionais O QUE É?
A ocorrência de neoplasias pulmonares
SINAIS CLÍNICOS primárias em cães é rara, acomete
- Tosse produtiva de aspecto principalmente cães idosos.
mucopurulento; => Metatástico: tumor de mama, hepático,
- Descarga nasal; cerebelo.
- Angústia respiratória;
Afecções e cirurgias do sistema respiratório
=> Multicêntricos: linfoma, histiocitose - Lobectomia (quando não apresentar
maligna, mastocitoma. metástase);
A morfologia de um tumor pulmonar - Quimioterapia.
primário é variável; este pode surgir como => Prognósticos
uma ou múltiplas massas no parênquima. • Benigna - excelente
• Maligno - variável
SINAIS CLÍNICOS • Metastático - desfavorável
ESPECÍFICOS: esforço respiratório,
intolerância a exercícios, tosse seca Doenças de pleura
crônica, dispneia.
INESPECÍFICOS: sistêmicos (taquipneia, Piotórax
sibilos respiratórios, letargia, perda de O QUE É?
peso). É o acúmulo de material purulento séptico
Os sinais são mais fáceis de observar quando a doença já está mais dentro do espaço pleural.
avançada. Além disso, cada tipo de tumor pode dar um sinal clínico Felinos domésticos de qualquer raça, sexo
diferente. ou idade podem ter piotórax, mas
geralmente animais mais jovens (entre 4 e
DIAGNÓSTICO 6 anos de idade) são acometidos.
- Radiografias torácicas;
- Tomografia; ETIOLOGIA
- Broncoscopia; Idiopática em felinos, infecções sistêmicas,
- Punção aspirativa com agulha fina; traumatismos penetrantes por objetos
- Biópsia. (com envolvimento bacterianos).
=> Diagnóstico definitivo: citologia ou
exame anatomopatológico. SINAIS CLÍNICOS
- Taquipneia;
- Dispneia;
- Redução dos sons pulmonares;
- Febre;
- Inapetência;
- Perda de peso;
- Desidratação;
- Respiração superficial.
DIAGNÓSTICO
TRATAMENTO
Afecções e cirurgias do sistema respiratório
- Exame físico;
- Radiografia torácica;
- Toracocentese;
- Citologia;
- Cultura bacteriana;
- Hemograma.
TRATAMENTO
Irá depender da causa do piotórax.
- Antibioticoterapia;
- Toracocentese;
- Terapia suporte.