Guia Da Disciplina NEUROCIÊNCIA
Guia Da Disciplina NEUROCIÊNCIA
Guia Da Disciplina NEUROCIÊNCIA
GUIA DA
DISCIPLINA
2018
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
1. INTRODUÇÃO À NEUROCIÊNCIA
Objetivo:
Conhecer os fundamentos da neurociência e da neuroanatomia, além de algumas
discussões sobre a neuroplasticidade.
Introdução:
Desde os primórdios, o homem vem querendo saber mais e mais sobre o
funcionamento cerebral. Até pouco tempo atrás, existiam apenas especulações sobre o
tema, mas com o passar dos anos, o cérebro passou a ser cada vez mais estudado, e
muitas teorias surgiram, com a intenção de desvelar seus mistérios.
Neurociências na Atualidade 1
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Como vimos, a neurociência é uma área de pesquisa muito complexa que está em
constante evolução, justamente por estudar o sistema nervoso e suas implicações na vida
dos seres humanos.
Um crânio do neolítico que passou por uma trepanação (foto: natural history museum, lausanne/rama) Disponível em:
http://s2.glbimg.com/sUbXH8AT6NosSNoMmaAjiqmK4vU=/e.glbimg.com/og/ed/f/original/2015/06/09/trepanacao2.jpg Acesso em:
21 ago. 2018.
No Egito, papiros com mais de 5 mil anos descreviam sintomas de lesão cerebral.
Na Antiga Grécia, o tratado de Hipócrates já relatava estudos de casos com pacientes
epiléticos.
Nos séculos XVII e XVIII foi descoberto o tecido cerebral, a substância cinzenta, a
substância branca e o sistema nervoso foi dissecado.
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Foi em 1970 que surgiu o termo “neurociência”, como área de estudo do sistema
nervoso, com a intenção de descrever como o cérebro físico possibilita a formação de
pensamentos e ideias. Assim, quando entendemos que todos os comportamentos,
pensamentos e sentimentos que experienciamos são fundamentados pelo cérebro,
começamos a refletir sobre os meios de aprender melhor.
Flor e Carvalho (2011, p. 221) afirmam que a neurociência “[...] pode oferecer
mudanças de paradigmas no sistema educacional.” Ela demostra que podemos inovar,
intensificar e facilitar a aprendizagem.
1.2. Neuroanatomia
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Cérebro
O cérebro humano, localizado no interior da caixa craniana, é considerado o núcleo
de inteligência e aprendizagem do organismo. Ele pode ser dividido em três partes: os
hemisférios cerebrais (o esquerdo e o direito, que estão conectados pelo corpo caloso,
uma estrutura formada por um espesso feixe de fibras nervosas), o tronco cerebral (que
é o centro de controle das funções vitais) e o cerebelo (relacionado à coordenação
motora e ao equilíbrio).
Medula espinhal
A medula é protegida pelos ossos da coluna vertebral. Ela controla o tronco e os
membros (movimentos motores) e deles recebe informação sensorial.
Meninges
São membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal. São classificadas em
dura-máter (mais externa e resistente), aracnoide-máter (mais fina e delicada, interna à
dura-máter) e pia-máter (a mais interna, aderida ao parênquima cerebral).
Hemisférios cerebrais
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http://www.neuroanatomia.uff.br/index.php/16-atlas-de-neuroanatomia
http://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/?p=3340
1.3. Neuroplasticidade
De acordo com estudos mais recentes, sabemos que o cérebro tem potencial para
mudar e melhorar suas funções ao longo de toda a vida. Assim como fazemos quando
exercitamos nosso corpo para ter um bom condicionamento, também podemos treinar
nosso cérebro a pensar, agir e refletir.
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Objetivo:
Conhecer as principais teorias do desenvolvimento infantil.
Introdução:
Conhecer o desenvolvimento infantil e compreender como acontece o processo de
aprendizagem é algo imprescindível ao educador, não apenas para atuar diante dos
problemas, mas também para potencializar o aproveitamento pedagógico.
John Locke (1632 – 1704) já afirmava que um recém-nascido não pode ser
comparado a uma folha em branco: é a experiencia que molda o bebê, a criança, o
adolescente e o adulto como um indivíduo único. Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778)
dizia que as crianças tinham características próprias e que necessitavam de uma educação
que respeitasse suas fases de desenvolvimento, com professores capacitados para tal
entendimento.
Arnold Gesell (1880 – 1961) foi o criador de umas das primeiras teorias biológicas.
Ele a chamou de “teoria da maturação”.
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Uma outra teoria biológica também foi muito relevante, a “teoria etológica”. Etologia,
é um termo que provêm do grego êthos (conduta, costumes, comportamento) e lógos
(estudo, tratado). Ela encara o desenvolvimento de uma perspectiva evolucionista. Nessa
teoria muitos comportamentos são adaptativos, pois possuem valor de sobrevivência. São
exemplos desses comportamentos abraçar, chorar e agarrar, que têm como objetivo
aliciarem os cuidados dos adultos.
A “teoria da personalidade” foi variando à medida que seu desenvolvimento teórico foi
avançando. Para Freud, a personalidade humana é produto da luta entre nossos impulsos
destrutivos e a busca pelo prazer, sem deixar de lado os limites sociais como entidades
reguladoras. Sua teoria destaca-se pela separação da mente em três instâncias: id, ego e
superego.
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por meio da boca (fumar, comer demais, etc.). Do contrário, a frustração repentina se
relaciona com uma personalidade oral agressiva: procura o prazer sendo verbalment e
agressivo e hostil com os demais.
• Etapa anal: de 18 meses a 4 anos de idade. O foco de prazer é o ânus – reter e expulsar. Um
controle muito estrito da mesma se relaciona com a personalidade egoísta, mesquinha. Ou,
pelo contrário, uma personalidade relaxada, frouxa.
• Etapa fálica: de 4 a 7 anos de idade. O centro do prazer está concentrado nos genitais. A
masturbação é bastante comum nestas idades. Acontece a identificação com o pai ou com a
mãe. Nessa etapa resolve-se o complexo de Édipo. Esse complexo estrutura a personalidade
e serve para aceitar as normas sociais por parte do indivíduo.
• Etapa de latência: de 7 a 12 anos. Durante este período, Freud supôs que a pulsão sexual
era suprimida a serviço da aprendizagem para facilitar uma integração cultural do sujeito com
o seu entorno.
• Etapa genital: De 12 anos em diante. Representa a aparição da pulsão sexual na
adolescência, dirigida mais especificamente para as relações sexuais. A identidade sexual de
homem ou mulher é reafirmada.
Freud afirmava que a medida que o indivíduo cresce, o foco do prazer se desloca
para diferentes partes do corpo. Ele “[...]acreditava que o desenvolvimento é melhor quando
as necessidades das crianças em cada estágio são satisfeitas, mas não em excesso.”
(KAIL, 2004, p. 10) Segundo ele, os pais têm a difícil tarefa de satisfazer as necessidades
de seus filhos sem mimá-los.
Skinner afirmou que o reforço era uma consequência que aumentava a probabilidade
futura de ocorrer o comportamento que a gerou. O “reforço positivo” consistia em dar uma
recompensa quando o comportamento prévio se repetia. O “reforço negativo” era baseado
em recompensar alguém retirando coisas desagradáveis. A “punição” seria uma
consequência que diminuiria a futura probabilidade do comportamento que a gerou ocorrer.
Skinner afirmava também que as crianças aprendem apenas observando os que a cercam,
o que é conhecido como imitação ou aprendizagem observacional.
Albert Bandura (1925) baseou sua teoria “social-cognitiva” numa noção mais
complexa de recompensa, punição e imitação. “Bandura afirma também que a experiência
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Objetivo:
Conhecer as principais funções cognitivas do ser humano.
Introdução:
Todos nós somos capazes de pensar, memorizar, aprender, falar, entre outras
capacidades da atividade mental – cognição. Somos habilitados para captar informações
através dos sentidos e armazená-las na memória, envolvendo processos de percepção,
atenção, memória, linguagem, comportamentos físicos e emocionais.
Assim, as funções cognitivas podem ser entendidas como habilidades que o nosso
cérebro possui. Elas são divididas em: memória, percepção, linguagem, funções executivas
e atenção. “As funções cognitivas compreendem as operações de registro e
armazenamento (input), bem como de processamento e produção (output).” (FERREIRA,
2014, p. 88).
Você deve entender que as funções cognitivas trabalham em conjunto, como uma
orquestra, em que cada uma delas são interdependentes umas das outras. Cada uma deve
ser entendida separadamente, mas não podem funcionar sem estarem trabalhando de
forma integrada. Juntas elas dão corpo aos nossos pensamentos, sentimentos e ações,
das mais simples às mais abstratas.
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A relação do nosso cérebro com as funções cognitivas funciona, por exemplo, como
o hardware e o software: precisamos de um computador para processar uma informação,
e isso envolve estágios de entrada, codificação, armazenamento, decodificação e saída da
informação.
3.2. Memória
Esta é uma das funções que mais utilizamos ao longo de nossa vida. A memória
pode ser entendida como um mecanismo que criamos para registrar informações, lembrar-
se delas e posteriormente termos condições de tirar proveito desses registros. “É um
processo complexo através do qual um indivíduo codifica, armazena (consolida) e recupera
informações.” (STRAUSS et al., 2006)
São várias as etapas na memória, como por exemplo a memória de curto prazo, que
faz uso dos nossos sentidos e a memória de longo prazo, que são os conhecimentos que
classificamos como os mais importantes e que ficam presentes no nosso cérebro por mais
tempo.
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3.3. Atenção
A atenção é uma das funções cognitivas mais complexas, pois depende que seja
mantido o foco. Deve ser entendida como a “capacidade de filtrar informações relevantes e
irrelevantes em função das demandas internas e intenções, sustentar e manipular
representações mentais e monitorar/ modular respostas aos estímulos”. (STRAUSS et al.,
2006).
3.4. Percepção
3.5. Linguagem
Esta é uma função que também utilizamos ao longo de todos os dias de nossa vida,
como também durante a maior parte do nosso tempo. Utilizamos a linguagem de várias
maneiras, por exemplo, a linguagem oral (conversando), a linguagem escrita (lendo ou
escrevendo um texto), a linguagem gestual (acenando, gesticulando).
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Disponível em:
https://steemitimages.com/DQmdAzcV3WzxGStCZrniM9TANQy8kUgvMSPvUw awWBz17sJ/emotionheader7242466875_1.jpg Acesso
em: 17 set. 2018.
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4. NEUROCIÊNCIA E APRENDIZAGEM
Objetivo:
Entender de que forma as neurociências podem contribuir com a aprendizagem
escolar.
Introdução:
De acordo com José e Coelho (2004, p. 11) a aprendizagem “é o resultado da
estimulação do ambiente sobre o indivíduo já maturado, que se expressa, diante de uma
situação-problema, sob a forma de uma mudança de comportamento em função da
experiência.”
Assim, vemos que a aprendizagem é influenciada por muitos fatores, tais como o
aspecto intelectual, o psicomotor, o físico, o emocional e o social. Precisamos entender
também que aprender resulta da inter-relação entre as estruturas mentais e o meio
ambiente.
“A neurociência busca estudar temas sobre o sistema nervoso que contribuem para
entender como aprendemos e como podemos potencializar o ensino. Por exemplo: para
compreender como funciona o sono nas crianças e como ele pode impactar na sua
aprendizagem”, explica o professor.
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Assim, vemos que para conseguir atingir a todos esses objetivos da aprendizagem,
podemos utilizar os conhecimentos da neurociência como potencializador desse processo.
José e Coelho (2004, p. 11) afirmam que “uma aprendizagem mecânica, que não vai
além da simples retenção, não tem significado para o aluno.” Assim, devemos estimular o
raciocínio, a análise e a imaginação no ato de aprender.
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Para que o docente elabore uma aula significativa ele deve seguir alguns passos,
que o ajudarão a promover a aprendizagem. Inicialmente, precisamos ajudar o aluno a
construir sentido, por meio de processos que exploraram as aprendizagens anteriores; que
possibilitem a inclusão conceitual e que aumentem a “segurança para aprender”.
Após essa etapa, chegou o momento de verificar se houve aprendizagem. Isso pode
ser realizado por meio da construção de argumentos; da reconciliação integradora em
níveis mais profundos; do retorno à fase da organização prévia e da ampliação e aplicação
do conceito.
De acordo com Poppovic (1980, p. 116-117), existem alguns princípios que podem
auxiliar na aprendizagem:
1. A motivação é um fator de grande importância para a aprendizagem.
2. O aluno tem mais motivação para aprender quando as coisas têm um
significado para ele.
3. A história pessoal do aluno precisa ser levada em conta.
4. O aluno aprende melhor quando participa ativamente do processo de ensino.
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É preciso haver uma maior articulação entre as disciplinas escolares com o saber
cotidiano. O uso das tecnologias deve ser feito de modo integrado com o projeto curricular
e com o desenvolvimento de competências.
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Objetivo:
Introdução:
A aprendizagem depende da intensidade da atenção; isto é, para aprender,
precisamos prestar atenção ao objeto de conhecimento. Assim, precisamos entender que
a atenção e a aprendizagem estão ligadas a um conceito estudado na psicologia cognitiva
que se refere à forma como processamos informações presentes em nosso ambiente.
O psicólogo e filósofo William James, descreve a atenção como
[...] à tomada de posse pela mente, de forma clara e
vívida, de um entre diversos objetos ou esquemas de
pensamento simultaneamente possíveis. Para termos
atenção devemos retirar algumas coisas da mente com a
finalidade de lidar efetivamente com outras. Neste sentido, o
que ocorre é uma seleção de muitos estímulos, com registro
de curto e longo prazo. Mostrando que nossa atenção tem
limites, e com capacidade de duração, sendo seletiva e
respondendo bem a estímulos. Implica-se afastar-se de
algumas situações para lidar efetivamente com outras. Isso
acontece pela experiência. E a experiência do sujeito é
aquilo que ele concorda em prestar atenção. (JAMES, 1980).
Assim, como educadores, devemos reunir as informações que são essenciais para
a aprendizagem. Infelizmente, em muitos casos, a escola aparenta não estar muito
preocupada para que a atenção seja gerada, quando oferecemos aulas desinteressantes,
fora de contexto. Por isso, devemos rever nossas propostas e passar a observar e a avaliar
o interesse dos nossos alunos. As informações chegam para nós através de vários órgãos
dos sentidos, logo devemos usar um tema que seja proveitoso, relevante e que estimule o
planejamento e a autonomia.
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5.1. Atenção
Durante uma aula, diversas coisas estão ocorrendo: pessoas entram e saem da sala;
alunos conversam entre si; sons de papéis sendo amassados; a temperatura da sala pode
estar alta ou baixa; o professor falando. Todas essas informações são processadas ao
mesmo tempo por um aluno, e como vemos, são muitos os itens que podem tirar o foco da
atenção da aula.
Segundo Ladewig (2000, p. 63) quando ensinamos algo, o que desejamos é que o
indivíduo assimile a informação, retendo-a para uso posterior. Aprendizagem neste caso, é
conseguirmos realizar uma atividade, mesmo após muitos anos sem a termos praticado,
como por exemplo, andar de bicicleta ou nadar. A atenção exerce uma função muito
importante na capacidade de retenção de informações relevantes, pois é através dela,
associada aos processos de controle, que guardamos informações na memória de longa
duração.
Para William James (1980), a atenção é o processo pelo qual a mente se ocupa dos
objetos (como algo que vemos e ouvimos) ou das correntes do pensamento, o que implica
em se afastar de algumas coisas para poder lidar efetivamente com outras.
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Para Ferreira, (2014, p. 107) a atenção pode ser distribuída de forma ampla ou
específica no cérebro; ela funciona de vários modos e está relacionada a vários processos:
Alerta: controla o nível geral de responsividade;
Orientação: alinha os órgãos sensoriais para determinado estímulo;
Atenção seletiva: dá preferência a determinado estímulo entre outros
conteúdos definidos que estão em nossa consciência;
Atenção sustentada: mantem a vigilância;
Atenção dividida: possibilita que o foco atencional seja dividido em vários
estímulos ao mesmo tempo.
5.2. Memória
A memória é a capacidade que temos de lembrar o que vivemos, de conectar o
passado ao presente. Ela “[...] agrega nossos pensamentos, impressões e experiências
pela sua capacidade de arquivar informações e utilizá-las para propósitos adaptativos.”
(FERREIRA, 2014, p. 127)
A memória pode ser dividida em memória de curto e de longo prazo. A de curto prazo
faz a retenção temporária de pequenas quantidades de material sobre breves períodos. E
a memória de longo prazo, que faz codificações profundas.
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primeiras vezes que nos ensinaram a andar de bicicleta, mas não precisamos evocar essas
informações todas as vezes que formos pedalar.” (FERREIRA, 2014, p. 132)
Quando não há nenhuma pessoa disponível para ouvir a “aula” sobre o conteúdo
que precisamos memorizar, podemos fazer isso sozinhos. Para tornar esse exercício
solitário mais estimulante, podemos fazer perguntas a nós mesmos sobre o material. De
acordo com especialistas em educação da Universidade de Michigan, falar em voz alta,
seja para fazer perguntas, seja para respondê-las a si mesmo, ajuda muito.
Uma outra técnica útil é escrever o que precisamos lembrar. Em tempos dominados
por computadores e smartphones, cada vez menos pessoas cultivam o hábito de registrar
informações à mão. O antigo método, contudo, é excelente para a memorização.
Estudiosos das universidades de Princeton e da Califórnia afirmam que ao usar o teclado
ou a tela touch de um celular, processamos a escrita de forma mais superficial do que
quando desenhamos as palavras com um lápis.
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E uma última técnica para memorizar é transformar tudo em música. Quando envolta
em melodia, qualquer informação pode ser gravada mais facilmente. Um estudo de
pesquisadores norte-americanos e alemães mostrou que a criação de um padrão rítmico e
melódico é um excelente auxiliar das funções cognitivas.
Chedid (2016) cita Marilee Sprenger, que apresenta sete aspectos que unem a
memória e a aprendizagem:
Atingir: envolver os alunos no processo de aprendizagem, tornando-os
protagonistas. Basear a aprendizagem em problemas e usar estratégias
colaborativas e cooperativas. Lembrar de considerar a atenção, os estilos de
aprendizagem, a motivação e o significado, além de utilizar estratégias que envolvam
diversos estímulos sensoriais.
Refletir: dar tempo aos alunos para relacionar o novo aprendizado com o que já
sabem. Deixar o aluno participar, dar exemplos, contar suas histórias. Existem
estratégias para garantir que todos relacionem o novo conceito com seu
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Objetivo:
Introdução:
6.1. Emoções
De acordo com Fonseca (2016)
As emoções no seu aspecto mais abrangente encerram, em paralelo,
aspectos comportamentais positivos e negativos, conscientes e
inconscientes, e podem equivaler semanticamente a outras expressões,
como a afetividade, a inteligência interpessoal, a inteligência emocional; a
cognição social; a motivação, a conação, o temperamento e a personalidade
do indivíduo, cuja importância na aprendizagem e nas interações sociais é
de crucial importância e relevância.
Vemos, então, que são as emoções que nos orientam a investigar fatos, habilitando -
nos a ter uma ágil tomada de decisão. Entretanto, existem situações em que não
conseguimos associar a emoção com a cognição: nossos julgamentos acabam interferindo
em nossos sentimentos, gerando assim conflitos internos.
Ferreira (2014, p. 157) afirma que “as emoções prendem nossa atenção e ajudam a
memória. É muito mais difícil desviar a atenção de algo que nos inflige uma alta carga
emocional. Da mesma maneira, é muito mais fácil recordar aquilo que evoca uma emoção.”
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intensidades e frequência, o que mostra que são adaptativas. São elas que nos preparam
e orientam para que tenhamos comportamentos motivados.
Como os seres humanos são seres sociais, as emoções nos permitem entender,
reconhecer e antever as reações de outras pessoas, nos auxiliando assim, em nossas
relações interpessoais.
Diferentes emoções podem nos aproximar ou afastar de uma situação. Por exemplo,
quando estamos alegres e surpresos, acabamos nos aproximando de uma determinada
situação, ao passo que quando estamos com medo, acabamos nos afastando.
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6.2. Motivação
Podemos entender a motivação como um conjunto de fatores psicológicos,
conscientes ou não, de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, que determinam certo tipo
de conduta em alguém. (FERREIRA, 2014, p. 178)
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Isso prova que se o aluno recebe um elogio do professor por determinada situação,
com certeza irá querer repetir a ação para receber novos elogios.
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Objetivo:
Conhecer as principais dificuldades de aprendizagem na fala, leitura, escrita e
matemática.
Introdução:
De acordo com José e Coelho (2004, p. 23) existem inúmeros fatores que podem
desencadear um problema ou distúrbio de aprendizagem:
Fatores orgânicos: saúde física deficiente, falta de integridade neurológica
(sistema nervoso doentio), alimentação inadequada etc.
Fatores psicológicos: inibição, fantasia, ansiedade, angústia, inadequação à
realidade, sentimento generalizado de rejeição etc.
Fatores ambientais: o tipo de educação familiar, o grau de estimulação que a
criança recebeu desde os primeiros dias de vida, a influência dos meios de
comunicação etc.
José e Coelho (2004, p. 24) citam as formas de distúrbios que podem ocorrer no
processo de aprendizagem:
Distúrbios de aprendizagem condicionados pela escola:
a) Os condicionados pelo professor;
b) Os condicionados pela relação professor-aluno;
c) Os condicionados pela relação entre os alunos;
d) Os condicionados pelos métodos didáticos.
Distúrbios de aprendizagem condicionados pela situação familiar.
Distúrbios de aprendizagem condicionados por características da
personalidade da criança.
Distúrbios de aprendizagem condicionados por dificuldades de educação.
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Neurociências na Atualidade 33
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Erros de formulação e sintaxe “são casos em que a criança consegue ler com
fluência e apresenta linguagem oral perfeita, compreendendo e copiando palavras, mas
não consegue escrever textos.” (JOSÉ; COELHO, 2004, p. 97) As crianças com desordem
de formulação escrita têm dificuldade em colocar seu pensamento em símbolos gráficos
(letras). Nos distúrbios de sintaxe, ocorrem erros como omissão de palavras, ordem errada
de palavras, uso incorreto de verbos e pronomes, terminações incorretas das palavras e
falta de pontuação.
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Objetivo:
Conhecer as principais dificuldades psicomotoras e na saúde física.
Introdução:
Segundo José e Coelho (2004, p. 108) psicomotricidade é “a educação do movimento,
com atuação sobre o intelecto, numa relação entre pensamento e ação, englobando
funções neurofisiológicas e psíquicas.”
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Falta de equilíbrio;
Hiperatividade;
Deficiências na formulação de conceitos e no processo de percepção;
Alteração na comunicação e atrasos na linguagem;
Alteração na função motora;
Alterações emocionais;
Perturbações durante o sono;
Alterações no processo do pensamento;
Dificuldades de leitura, escrita e na matemática;
Dificuldades sociais;
Problemas disciplinares graves.
De forma geral, José e Coelho (2004) afirmam que crianças com debilidades
psicomotoras apresentam:
Distúrbios de linguagem
Hábitos manipuladores
Tremores na língua, lábios ou pálpebras
Disciplina difícil
Atenção deficiente
Coordenação motora pobre
Afetividade e intelectualidade comprometidas
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Sonolência
Enurese
Isolamento social
Dificuldades de leitura, escrita e na matemática
8.1.5. Imperícia
Crianças com imperícia não apresentam comprometimento cognitivo e suas
principais características são: dificuldade na coordenação motora fina; quebra constante de
objetos; letra irregular; movimentos rígidos; alto índice de fadiga.
É importante destacar que crianças com problemas psicomotores devem passar por
uma rigorosa avaliação, feita por profissionais especializados. Normalmente, são realizados
exercícios específicos que verificam aspectos como: qualidade tônica e gestual; agilidade;
equilíbrio; coordenação; lateralidade; organização temporoespacial; grafomotricidade.
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9. A OBSERVAÇÃO DO ALUNO
Objetivo:
Reconhecer a importância da observação do aluno.
Introdução:
Como vimos, as condições físicas, mentais, psicológicas e socioculturais interferem
no desenvolvimento da criança e, consequentemente, em seu desempenho escolar.
José e Coelho (2004) afirmam que são várias as razões pelas quais o professor deve
observar seus alunos:
A identificação de problemas de saúde que possam estar influindo no
desenvolvimento da criança e, consequentemente, em seu desempenho
escolar;
O êxito na busca de soluções para os problemas encontrados;
Evitar a disseminação de doenças em casos de patologias transmissíveis;
Garantir o respeito ao desenvolvimento individual de cada aluno.
Vemos também que a observação “é uma das técnicas de que o professor dispõe
para melhor conhecer o comportamento de seus alunos, identificando suas dificuldades e
avaliando seu desempenho nas várias atividades realizadas e seu progresso na
aprendizagem.” (HAYDT, 2002, p. 123)
Isso reforça a ideia de que por meio da observação direta, no momento em que os
alunos realizam suas atividades cotidianas, de forma espontânea, sem pressão externa que
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interfira em sua conduta, o professor pode colher e registrar informações preciosos sobre
o rendimento escolar.
Devido às grandes mudanças que ocorrem em nossa sociedade, muitas das funções
educacionais da família vem sendo delegadas para a escola. Podemos dizer que hoje a
instituição escolar tem dupla função social: “é transmissora de cultura e transformadora das
estruturas sociais, adequando seu trabalho às necessidades da criança, da família e da
comunidade.” (JOSÉ; COELHO, 2004, p. 210)
Portanto, podemos dizer que cabe à escola, com toda sua equipe:
Analisar todas as situações escolares que possam agravar os problemas de
saúde física e mental dos alunos;
Procurar sanar todos esses problemas, conhecendo os recursos assistenciais
da comunidade e os de fora dela;
Orientar as famílias no desenvolvimento de atividades educativas ligadas a
saúde do aluno (campanhas de vacinação, higiene etc).
A reunião de pais e mestres é um bom momento para que a família tenha ciência
das observações feitas pela escola. Assim, providências necessárias poderão ser tomadas
e isso trará benefícios ao desenvolvimento e/ou reestabelecimento da criança.
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Como vimos, são múltiplos os aspectos a serem observados pelo professor, bem
como são várias as informações que devem ser registradas sobre a vida do aluno, tanto
antes de sua entrada na escola como durante o tempo em que permanece nela.
Precisamos lembrar que a observação assistemática deve ser feita com cautela, pois
devemos evitar fazer interpretações apressadas, que conduzam a julgamentos falsos,
baseados em ideias preconcebidas.
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Como as anotações são feitas de forma escrita, e não gravadas em áudio ou vídeo,
os registros devem ser feitos logo após o fato ter ocorrido, pois nossa memória não é
infalível, e podemos não recordar com exatidão dos comportamentos observados. Também
é importante ressaltar que não devemos misturar opiniões pessoais com a descrição dos
acontecimentos, precisamos ser objetivos e imparciais no registro.
Já a ficha cumulativa
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