Organizacao Judiciaria Resumos
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O direito processual civil é o conjunto das normas, principalmente normas primárias (materiais
substantivas) de direito civil, que visam, direita ou indiretamente, regular as atuações dos sujeitos de direito
privado e dos tribunais conducentes à concretização da garantia dessas normas de conduta do direito civil.
Estas atuações inserem-se, num processo jurisdicional, segundo uma sequência predefinida na sua
estrutura essencial: os atos jurídicos aí praticados (pelas partes—autor, réu ou parte acessória--, pelo juiz,
pelos funcionários da secretaria ou pelos intervenientes acidentais no processo) são, naturalmente, atos
processuais.
Princípios gerais
Princípio do contraditório
Entende-se como garantia da participação efetiva das partes no desenvolvimento de todo o litígio,
mediante a possibilidade de, em plena igualdade, influírem em todos os elementos (factos, provas, questões
de direito) qe se encontrem em ligação com o objeto da causa e que em qualquer fase do processo
apareçam como potencialmente relevantes para a decisão.
1. Plano de alegação: o princípio contraditório exige que os factos alegados por uma delas (como
causa de pedir ou fundamento de exceção) possam ela outra ser contraditados (por impugnação ou
por exceção), sendo assim concedida a ambas as partes, em igualdade, a faculdade de sobre todos
eles se prenunciarem.
Constituindo os articulados as peças nas quais as partes alegam, em regra, a matéria de facto, o
princípio contraditório implica que haja tantos articulados quanto os necessários para que o direito de
resposta seja assegurado. (ver no livro CPC de 1961 vs CPC de 2013).
Na CPC 2013 reduziu-se as 3 formas de processo a um processo comum, a fase dos articulados
nunca tem mais do que 3 articulados, o último dos quais (a réplica) só se sucede se quando o réu
tenha reconvindo (Acção judicial em que um réu ou o seu defensor demanda o autor, por obrigação análoga ou
relativa àquela por que é demandado, e perante o mesmo tribunal), ou em ação de simples apreciação negativa, contestado
(art 584).
No princípio do contraditório é respeitado: exceções e contraexceções, ou seja, sempre que a
resposta a uma exceção em audiência encerra uma contraexceção, a parte contrária terá direito a
responder-lhe, sendo assim, por norma isto acontece no último articulado admissível e podem ter
resposta na audiência prévia ou, não havendo lugar a ela, no início da audiência final, como
expressamente resulta do art 3-4.
Também na medida em que, excecionalmente, o juiz pode introduzir factos principais no processo,
este princípio exige que ambas as partes se possam prenunciar sobre o exercício desse poder
funcional. Nos termos do art 3 e 4, às partes deve ser sempre facultada, antes da decisão, uma
tomada de posição sobre o facto que o juiz oficiosamente se propõem a introduzir.
2. No plano da prova: no plano da prova, o princípio contraditório exige:
a. Que às partes seja, em igualdade, facultada a preposição (requerimento de produção dos meios de
prova constituendos—a produzir no processo, como o testemunho, o depoimento de parte ou a prova pericial ou de
apresentação dos meios de prova preconstituídos—já produzidos extraprocessual, como o documento) de todos
os meios probatórios potencialmente relevantes para o apuramento da realidade dos factos
da causa.
b. Que lhe seja consentido fazê-lo até ao momento em que melhor possam decidir da sua
convivência, tidas em conta, porém, as necessidades de andamento do processo
c. Que a produção ou admissão da prova tenha lugar com audiência contraditória de ambas as
partes
d. Que estas possam prenunciar-se sobre a apreciação das provas produzidas por si, pelo
adversário ou pelo tribunal.
A primeira derivação deste direito à prova compadece-se com a limitação razoável do número de
testemunhas a ouvir por cada parte (ver pag 130 livro verde); mas é mais dificilmente conciliável
com a atribuição à discricionariedade judicial da admissão de certo tipo de meio de prova, como
acontecerá com a inspeção judicial (art 612 nº1) (ver pag 131 do livro verde), ou com a limitação a
um pequeno número das testemunhas a inquirir por cada facto (esta limitação não existe no CPC
2013).
A segunda derivação do direito à prova implica:
a) Que a proposição dos meios de prova preconstituídos, embora tenha o seu momento
preferencial na fase dos articulados (art 423-1), possa ter lugar, quando se faça por
apresentação no tribunal (é o caso do documento e de algumas coisas móveis), até ao
encerramento da discussão da causa em primeira instância ou, se tal for considerado
perturbador da audiência final, até data próxima da realização efetiva desta (art 423-2 e 416-
1) (a partir de 20 dias antes da data em que se realiza a audiência final, só é admissível propor o meio de prova,
cuja a necessidade ou possibilidade de junção ao processo seria posteriormente, mas estas normas são também
aplicáveis ao monumento isto é, ao objeto que constitua fonte de prova de factos indiciários)
b) Que os meios de prova (constituendos) cuja a produção deva—ou possa- ter lugar antes da
audiência de discussão e julgamento (a prova pericial (art 467 a 489), o depoimento a produzir fora do
tribunal da causa (art 456-1) e a prova antecipada (art 419) têm lugar antes da audiência. Antes dela, pode ter lugar
a inspeção judicial (art 490-1) e o depoimento da pessoa impossibilitada de comparecer (art 457 e 506) possam
ser propostos no início da instrução ao processo ( no novo código exige-se que a prova constituenda
seja propostas nos articulados (art 552-2 e 572-d), mas admite-se a alteração do respetivo requerimento na
audiência prévia (art 598-1).
A terceira derivação referida, implica que, proposta uma prova preconstituída, à parte contrária seja
facultado, antes da admissão, impugnar a sua admissibilidade e força probatória (documento: art 444
e 446) e que, estando em causa uma prova constituenda, lhe seja facultado impugnar a sua
admissibilidade e intervir no ato da sua produção (art 415) (ver pág 134 livro verde) . Mas implica também
que as mesmas faculdades sejam reconhecidas a ambas as partes quando a iniciativa da prova seja
oficiosa.
Por fim, cabendo ao juiz apreciar a prova, as partes têm o direito de, antes da apreciação final, isto é,
antes da decisão sobre a matéria de facto (integrada na sentenbça final), se pronunciarem sobre os
termos em que ela deve ser feita (art 3-3). É-lhes assim facultado, uma vez produzidas todas as
provas, discuti-las, pronunciando-se sobre a matéria de facto que consideram e aquela que não
consideram provada, em debates orais que têm lugar ainda na audiência. (art 604 nº 3-e e 5).
3. No plano do direito: no plano das questões de direito, o princípio do contraditório exige que, antes
da sentença, às partes seja facultada a discussão efetiva de todos os fundamentos de direito em que
a decisão se baseie.
Tratando-se de um fundamento de direito na disponibilidade exclusiva das partes, a possibilidade de
discussão resulta naturalmente da sua invocação (necessária) pelo interessado e do direito de
resposta da parte contrária. Mas a proibição da chamada decisão-surpresa tem sobretudo interesse
para as questões, de direito material ou de direito processual, de que o tribunal pode conhecer
oficiosamente: se nenhuma das partes as tiver suscitado, com concessão à parte contrária do direito
de resposta, o juiz, deve previamente convidar ambas as partes a sobre elas tomarem uma posição,
só estando dispensado de o fazer em casos de manifesta necessidade (art 3-3). (ver pág 135 livro verde)
Não basta, pois, para que esta vertente do princípio do contraditório seja assegurada, que às partes,
em igualdade, seja dada a possibilidade de, antes da decisão, alegarem de direito (art 604-3-e, em 1ª
instância; art 639, em instância de recurso). É preciso que, mesmo depois desta alegação, possam
fazê-lo ainda quanto a questões de direto novas, isto é, ainda não discutidas no processo.
Mas ao verificar se uma questão de direito é nova, o tribunal deve atender ao facto de as partes
terem dado ou não cumprimento ao disposto nos atuais art 552-1-d e 572-b, na parte em que impõem
que na petição inicial sejam expostos os fundamentos de direito da defesa por exceção. Estes
preceitos, a dever ser interpretados como impondo, respetivamente ao autor e ao réu, um ónus. Se
este não for observado no articulado respetivo, poderá o juiz convidar a parte a suprir a falta, no
momento do despacho pré-saneador (art 90-2)
Princípio do inquisitório
A prova dos factos da causa deixou de constituir monopólio das partes: de acordo com o art 411, o juiz tem o
dever de realizar ou ordenar oficiosamente as diligências necessárias ao apuramento da verdade. Ao juiz
cabe, no campo da instrução do processo, a iniciativa e às partes incumbe o dever de colaborar na
descoberta da verdade, respondendo ao que lhes for perguntado, submetendo-se às inspeções necessárias,
facultando o que for requisitado e praticando os atos que forem determinados (art 417-1) ( ver pág 178 do livro
verde). O juiz continuou a poder amplamente determinar a junção de documentos ao processo, quer estejam
em poder da parte contrária, de terceiros ou de organismo oficial (art 436), assim como ordenar a realização
de prova pericial (art 477 e 487-2 e 468-1-a), e só ele pode decidir efetuar inspeção judicial (art 490-1),
inquirir testemunhas ni local da questão (art 501) e ouvir as pessoas que entenda, ou ordenar outras
diligências probatórias ainda após as alegações sobre matéria da causa (art 607-1), passou a ter iniciativa do
depoimento de parte (452-2), e a ter o dever de ordenar o depoimento testemunhal de pessoa que haja
razoes para presumir, que tem conhecimento de factos importantes para a decisão da causa (art 526-1).
Quase todas as provas são requeridas pelas partes no momento processual em que tal lhes é facultado.
Este ónus, diverge do plano de alegação por, no campo da prova, o tribunal ter poderes de iniciativa que lhe
estão vedados no campo da alegação.
De qualquer modo, o ónus da prova só em princípio repousa nas mesmas regras distributivas do ónus da
alegação, pois tal deixa de acontecer quando se dá a sua inversão (art 344 CC e 345-1 CC), isto é, quando
passa a caber à parte contrária àquela que com ele estava originariamente onerada, por disposição da lei ou,
no campo do direito disponível, por convenção das partes.
Princípio da preclusão
Consideramos, o caso da contestação: o réu tem, por um lado, o ónus de contestar e o de impugnar e, por
outro, o de deduzir todas as exceções que, não sendo de conhecimento oficioso, tenha contra a pretensão do
autor (art 573). A inobservância de qualquer destes ónus dá lugar a preclusão (de contestar, de impugnar, de
excecionar); mas nos dois primeiros casos joga também, em princípio, a cominação da prova imediata dos
factos alegados na petição inicial, enquanto no último o réu apenas perde a possibilidade de, através da
prova do fundamento da exceção, vir a conseguir a sua absolvição, da instância ou do pedido.
Ónus, preclusões e cominações ligam-se entre si ao longo de todo o processo, com referência aos atos que
as partes, considerada a tramitação aplicável, nele têm de praticar dentro de prazos perentórios. Por prazo
perentório entende-se, precisamente, aquele cujo decurso preclude a possibilidade de praticar o ato (art 139-
3), sem prejuízo do justo impedimento (e ainda da possibilidade de, mediante pagamento de multa, a parte praticar o ato nos 3
dias subsequentes ao termo prazo art 139 nº5 a 8) , isto é, da ocorrência de caso fortuito ou de força maior que obste à
prática atempada do ato (art 140-1). Todos os prazos para a prática de atos de parte, sejam estabelecidos
por lei ou fixados pelo juiz (art 138-1), são, em princípio, salvo se forem dilatórios (art 139-2) ( é assim dilatório o
prazo que acresce ao da defesa nos casos indicados no art 245), prazos perentórios, só prorrogáveis, salvo disposição
especial (prorrogabilidade do prazo para contestar, a requerimento do autor ou do réu, nos termos do art 569 n 4,5,6), por acordo
das partes, por uma só vez e por período, no máximo, igual ao primitivo (art 141-2). As partes têm assim o
ónus de praticar os atos que devam ter lugar em prazo, perentório, sob pena de preclusão e, nos casos
indicados na lei, de cominações.
Ónus e cominações podem ainda surgir fora do âmbito dos prazos perentórios e das consequentes
preclusões: a omissão continuada de atividade da parte, quando a esta cabe um ónus especial de impulso
processual subsequente, tem também efeitos cominatórios, que podem consistir, na deserção da instância
(art 281 nº 1 a 3) ou no levantamento da penhora (art 763-1).
Princípio da cooperação
1. O dever de cooperar: revestindo embora o ónus, no direito processual civil, uma importância muito
maior do que no direito civil, onde impera o direito subjetivo e o dever de conduta, não deixam as
partes de estar também sujeitas no processo a deveres processuais tais como o de boa-fé
processual (art 8), de cooperação (art 7 e 417), o de apresentar documentos (art 430), o de recíproca
correção (art 269). Também os terceiros intervenientes acidentais têm deveres para com o tribunal
(art 417, 432 a 434, 436 e 437). A violação destes deveres dá lugar a sanções pecuniárias. A
tendência no direito processual atual para acentuar esses deveres processuais e para os estender
aos próprios magistrados.
Partes e juízes devem cooperar entre si para que o processo realize a sua função em prazo razoável
(art 7-1). O apelo à realização da função processual aponta para a cooperação dos intervenientes no
processo no sentido de nele se apurar a verdade sobre a matéria de facto e, com base nele, se obter
a adequada decisão de direito.
2. Cooperação material (art 417 nº2 e 3 e art 7): o art 417-1, colocada em sede de instrução do
processo, faz recair sobre as partes e também sobre terceiros, o dever de prestarem a sua
colaboração para a descoberta da verdade, facultando objetos que constituam meios de prova (arts
428 a 431 e 416), submetendo-se elas próprias a inspeção judicial (art 490-1) e ao exame pericial,
prestando depoimento de parte (art 452) e praticando os demais atos que o tribunal determine. Este
verde tem, porém, de acordo com o art 417-3, dois limites: o respeito pelos direitos fundamentais (o
direito à integridade pessoal, o direito à reserva da vida privada e familiar e o direito à inviolabilidade
do domicílio) e eu respeito pelo direito o dever de sigilo (sigilo profissional ou dos funcionários
públicos, O Segredo de Estado). Em caso de colisão, povoa parte ou o terceiro deduzir escusa (ver
pág 189 livro verde).
O art 7-2, colocava no campo dos princípios gerais, consagra o poder de, em qualquer altura do
processo, o juiz ouvir as partes, se as representantes ou mandatários, pedindo lhes esclarecimentos
sobre a matéria de facto sobre a matéria de direito da causa.
a. Matéria de facto— este prevê-lo depoimento de parte, aquele ocupa-se do ato verbal ou
escrito, de prestação de informações e esclarecimento ao Tribunal, do qual pode igualmente
resultar prova por confissão (art 356-2).
b. Matéria de direito—Às partes pode ser pedido que esclareçam a sua posição quanto aos
fundamentos de direito do pedido e das exceções.
O momento mais adequado para o pedido e a prestação destes esclarecimentos é o de audiência
prévia, que tem entre os seus fins o de discutir as posições das partes, o art 7-2 incluí a possibilidade
de a prestação de esclarecimentos ter lugar fora da audiência prévia.
Também no âmbito do art 7 cabe às partes o dever de colaboração (dever de comparecer e prestar
os esclarecimentos), com os mesmos limites estabelecidos no art 417-3 (remissão).
3. Cooperação formal (art 7-4, 151) — o art 7-4 impõe ao juiz o dever de providenciar pelo suprimento
de obstáculos com que as partes se defrontem na obtenção de informação ou documento necessário
ao exercício de uma faculdade, à observância de um ónus ou ao cumprimento de um dever
processual. Assim, por exemplo, se, falecida uma parte, o autor invocar dificuldade séria em
identificar os seus herdeiros ou em provar a qualidade destes, deve o juiz notificar o terceiro familiar
do falecido para que para estas informações necessárias à observância do ónus de requerer a
habilitação para poder, seguidamente, prosseguir a causa (art 270 2 351-2)
Princípio da boa-fé
Todos os comportamentos dos intervenientes devem pautar-se pela boa-fé. E este princípio assume uma
particular relevância na sua faceta negativa: quando agindo de má-fé podem ser alvo de um instituto
denominado por litigância de má-fé (art 542).
Esta economia de meios exige que cada processo, por um lado, resolva o maior n úmero possível de litígios
(economia de processos) e, por outro, comporte só os atos e formalidades indispensáveis ou úteis (economia
de atos e formalidade).
As suas manifestações
Litisconsórcio
No caso de litisconsórcio: o mesmo pedido é formulado por ou/e contra várias partes, dando lugar,
respetivamente, ao litisconsórcio ativo ou passivo.
Ex: ação de indeminização por acidente de aviação, quando se faça valer a responsabilidade pelo risco,
limitada a determinante montante (art 508 CC), ou se demande a seguradora e o capital seguro seja limitado
(art 741 CC), impõem-se a coligação ativa de todos os titulares de direitos a indeminização, não obstante
estes serem autónomos e darem lugar a pedidos distintos.
O litisconsórcio é necessário quando a lei, o negócio jurídico ou a própria natureza da relação controvertida
exige a intervenção—ou citação—de todos os interessados (art 37). (vários exemplos pág 208 livro verde)
Cumulação simples: tem lugar quando o mesmo autor deduz contra o mesmo réu mais de um pedido. A sua
admissibilidade do ponto de vista material exige tão-só que os pedidos sejam entre si compatíveis (art 555
nº1), sob pena de se verificar a ineptidão da petição inicial.
A coligação tem lugar quando os pedidos cumulados não são deduzíveis por ou contra a mesma parte, mas
sim discriminadamente deduzidos por ou contrapartes distintas. A sua admissibilidade do ponto de vista
material exige, além da compatibilidade dos pedidos entre si, algum dos tipos de conexão referidos no art 36:
mesma causa de pedir, relação de dependência entre os pedidos, identidade de factos essenciais
integradores das causas de pedir, mesmas normas legais ou cláusulas contratuais aplicáveis.
A ampliação do objeto do processo pode ter também lugar por reconvenção, isto é, por via de pedido
dirigido pelo réu contra o autor (art 266 nº1).
A ampliação do objeto do processo pode ter também lugar por reconvenção, isto é, por via de pedido
dirigido pelo réu contra o autor (art 266-1). Para que a reconvenção seja admissível, tem de se verificar
algum dos elementos de conexão com o pedido do autor que vêm indicados no art 266 nº2.
A lei proíbe a prática de atos—do juiz, da secretaria ou das partes—que, não tendo essa utilidade, apenas
teriam o efeito de complicar o processo, impedindo-o de rapidamente atingir o seu termo (art 130).
O princípio da economia processual, na vertente que consideramos, implica ainda a simplificação das
formalidades dos atos praticados no processo, cuja forma, sempre que lei especial não determine as
formalidades a praticar, de ser a que, nos termos mais simples, melhor corresponde ao fim que visam atingir
(art 131-1), sem prejuízo da clareza do seu conteúdo e da garagem da sua genuinidade (art 131-3 e 4).
Necessidade de o processo ser organizado em termos que possibilitem que chegue rapidamente à sua
natural conclusão.
Encontramos manifestações deste princípio na brevidade dos prazos (art 162 n-1) e na repressão do dolo
instrumental.
Há que ter atenção, no entanto, que não se pode exagerar esta celeridade. Temos de assegurar à
contraparte o seu direito de defesa. Assim, temos como morosidade necessária o dispositivo no art 569
(prazo para a parte contestar).
Princípio da igualdade
O aumento exponencial do número de processos e a constatação de que, na sua maior parte, respeitam as
relações de consumo, cujo tratamento não carece da complexidade do processo comum de declaração, tem
levado, um pouco por toda a parte, à criação de formas legais simplificadas, mais adequadas do que as
tradicionais à composição eficiente dos litígios de massa, quando não à obtenção de títulos executivos
judiciais em processos de natureza não jurisdicional; e tem também conduzido, na ação declarativa, ao
reforço dos poderes funcionais dos juiz, a quem é concedida maior liberdade de atuação para uma melhor
consecução dos fins do processo.
Gestão processual é a direção ativa e dinâmica do processo, tendo em vista, quer a rápida e justa resolução
do litígio, quer a melhor organização do trabalho do tribunal. A satisfação do dever de gestão processual
destina-se a garantir uma mais eficiente tramitação da causa, a satisfação do fim do processo civil ou a
satisfação do fim do ato processual.
Ao falar-se em dever de gestão processual, e não em princípio de gestão processual, asseguram-se dois
objetivos. Primeiro, fica clara a ideia de que o juiz está (mesmo) vinculado a vem dirigir o processo, sendo
esta uma das vertentes que preenchem a sua atuação. Segundo, a ideia de que a gestão processual tem
natureza instrumental faze aos princípios estruturantes do processo.
Estrutura
No campo do direito, a sequência são factos jurídicos. O processo de formação da lei, o processo de
formação do ato administrativo, o processo da formação do contrato ou o processo dinâmico da obrigação,
desde que se constitua até à sua extinção, consiste numa ordenação não arbitrária de factos em função dum
resultado jurídico (lei, ato administrativo, contrato, realização da prestação). O mesmo acontece com o
processo jurisdicional (de constitucionalidade, administrativo, fiscal, penal, civil), que é sempre uma
sequência de atos jurídicos (das partes, do tribunal, de terceiros intervenientes) ordenados para um fim.
Estes atos ordenam-se, por sua vez, em fases sucessivas. Assim, o processo comum, tem, na ação
declarativa em 1ª instância, as seguintes fases:
fase dos articulados, ao longo do qual as partes alegam a matéria de facto e de direito relevantes
para a decisão (petição inicial, citação do réu, contestação, notificação desta ao autor)
fase da condensação, visando verificar e garantir a regularidade do processo, identificar o objeto do
litígio, decidir o que possa já ser decidido e enumerar os temas da subsequente prova para
julgamento (todos enumerados na pág 18 livro verde)
fase da instrução, repartida em diligências conducentes à prova dos factos alegados pelas partes,
tendencialmente concentradas na audiência final, mas podendo, por sua natureza, ter lugar antes
dela (implicando o requerimento das partes, despachos e notificações)
fase da discussão, em que as partes exprimem os seus pontos de vista sobre a decisão a proferir
mediante alegações sucessivas, de facto e de direito, dos mandatários judiciais do autor e do réu
fase do julgamento, mediante prolação da sentença, sua notificação às partes, eventuais
reclamações quando não seja admissível o recurso, notificação da contraparte para lhes responder e
decisão delas.
Função
Espécies de ações
A sequência processual dirige-se a finalidades diversificadas, consoante o tipo de pedido que o autor formula
ao tribunal instaurar o processo (o pedido deduzido pelo autor na petição inicial, com que abre a sequência processual, pode vir
a ser alterado, ampliado ou reduzido, nos termos dos art-264 e 265. Pode o réu, em reconvenção deduzida no ato da contestação,
deduzir por sua ver, um pedido/s contra o autor e até, em certos casos, contra terceiro chamado a intervir no processo (art-266 e 317-1)).
O art 10 distingue as ações declarativas das ações executivas e, dentro das primeiras, as ações de simples
apreciação, de condenação e constitutivas.
Ações de simples apreciação, o autor pede ao tribunal que declare a existência ou inexistência de um
direito ou dum facto jurídico. É uma ação de utilização rara, cuja admissibilidade geral foi durante
muito tempo discutida, que reveste manifesta utilidade em certos casos em que se pretende obter o
reconhecimento dum direito
o “Inexistência de um direito” —o autor pretende ser declarado proprietário de determinada
coisa contra alguém que anda afirmando que ele não o é, ou porque de outro modo não pode
registar o seu direito, ou que seja declarado que o réu não é proprietário de certa coisa que o
autor possui
o “Facto jurídico” —o autor pretende que seja declarado que a celebração de determinado
contrato de empreitada, que o réu afirma ter tido lugar, na realidade não se verificou; ou que
determinado contrato, que celebrou, é nulo, ou pelo contrário válido; ou que ocorreu
simulação processual; ou ainda que certo documento, que o réu afirma ter sido por ele, autor,
assinado, na realidade não foi, ou que a sua assinatura foi aposta em outro texto,
seguidamente falsificado. A mera declaração de existência (ou inexistência) ou da validade
(ou nulidade) dum ato jurídico, ou da simulação do litígio, bem como a da genuinidade ou da
falsidade dum documento, com abstração dos respetivos efeitos, constituem apreciação da
existência/inexistência dum facto produtor de efeitos de direito, isto é, dum facto jurídico.
Ações de condenação, sem prejuízo de o tribunal dever ainda emitir aquele juízo declarativo, dele se
pretende também que, em sua consequência, condene o réu na prestação duma coisa ou dum facto.
O pedido de declaração prévia do direito ou do facto jurídico pode ser expresso, caso em que se
verifica uma cumulação de pedidos (art 555); mas pode o autor limitar-se a pedir a condenação do
réu e então o juízo prévio de apreciação mais não é do que pressuposto lógico do juízo condenatório
pretendido.
Ação de condenação pode, com efeito, ter lugar na previsão da violação do direito, dando então lugar
a uma intimação ao réu para que se abstenha de o violar (1276 CC) ou à condenação a satisfazer a
prestação no momento do vencimento (art 557 a 610).
o “Ação de condenação” —o autor afirmando-se proprietário ou possuidor, pretende que o réu
seja condenado a restituir-lhe a coisa própria ou possuída; ou, afirmando-se credor, pretende
que o réu seja condenado a efetuar a prestação devida
o “O facto jurídico pode ser expresso” —o autor pede que o tribunal declare que ele é
proprietário ou possuidor e que, consequentemente, condene o réu na restituição; ou que o
tribunal declare que o contrato que invoca como causa de pedir é válido e,
consequentemente, que o réu seja condenado a cumpri-lo.
Ação constitutiva, exerce-se um direito potestativo. Perante o pedido de alteração das situações
jurídicas das partes, o juiz, pela sentença, cria novas situações jurídicas entre elas, constituindo,
impedindo, modificando ou extinguindo direitos e deveres que, embora fundados em situações
jurídicas anteriores, só nascem com a própria sentença.
o “direito potestativo” —o autor pede ao tribunal que, com determinado fundamento, declare a
dissolução, por divórcio, do seu casamento com a ré; que seja fixada uma pensão de
alimentos; que, com fundamento em erro, seja anulado um negócio jurídico que celebrou
com o réu; que, por contrária à lei ou aos estatutos da sociedade, seja anulada uma
Procedimentos cautelares
São meios ou instrumentos jurídico-processuais que são disponibilizados pelo legislador do CPA ou pelo
legislador de legislação avulsa que é disponibilizado ao requerente (autor), destinado a cautelar o efeito útil
da ação principal de que aparentemente ele depende). O réu não pode requerer um procedimento cautelar
Porque que é que podemos dizer que o procedimento cautelar não é uma ação?
o Na ação tenho obrigatoriedade de provar que o direito existe, no procedimento não se tem de
provar a existência do direito
o Numa ação tenho a autonomia, ou seja, temos um instrumento jurídico processual, no
procedimento cautelar temos uma ação já instaurada na pendência ou ainda a instaurar-se.
Vamos utilizar estes procedimentos cautelares, se não queremos que a situação de facto se altere
drasticamente.
Providencia cautelar vs. procedimento cautelar
o Não são sinónimos sendo as diferenças as seguintes:
Art 373 nº1 alínea a e c—o legislador faz alusão à extinção do procedimento e à
caducidade do procedimento
O procedimento cautelar é um instrumento jurídico processual, este instrumento
tem o objetivo de permitir que o tribunal atribua ao requerente uma determinada
medida destinada a cautelar o efeito útil da ação.
Temos uma ação que recorre sobre a forma da ação, dentro do processo temos de
ter um pedido (pretensão que estamos a dirigir ao tribunal). A providencia cautelar
é o pedido que é dirigido.
Características:
Procedimentos cautelares têm falta de autonomia porque dependem de uma ação que vai ser
proposta ou ainda vai ser proposta, porém, em certas circunstâncias os procedimentos cautelares
podem compor por si só os litígios (falta de autonomia sem prejuízo da inversão do contencioso)
Instrumentalidade hipotética—os procedimentos cautelares são instrumentais relativamente às
ações, visam preparar os efeitos a obter no âmbito da ação principal. O procedimento só vai ser
julgado procedente na mera hipótese de vir a ser julgado favoravelmente ao requerente no processo
principal. Temos de fazer o juiz de prognose póstuma—tenho que ver ao longo se este direito no
âmbito da ação principal vai ser acautelado por via de ação, esta vai ser acautelada, é necessária
uma previsão positiva.
Provisoriedade—só se mantem enquanto não houver uma decisão definitiva no âmbito da ação
principal. Quando houver esta, deixa de fazer sentido a sua existência.
Estrutura (processual) simplificada—só comportam 2 peças, uma por cada uma das partes.
Celeridade ou urgência—os procedimentos cautelares precedem qualquer outro serviço judicial não
urgente, o tribunal tem que dar tratamento especial a estes. Imediatamente á audiência há uma
decisão e, por isso, eles são céleres (art ??) tem natureza urgente, correm durante as férias judicias.
Requisitos ou pressupostos:
1. Probabilidade séria da existência do direito (fummus bónus iuris) — art 368 nº1 primeira parte
2. Perigo da demora judicial (pericullum in mora) — art 362 nº1 e 368 nº1 segunda parte. As lesões têm
de ser atuais e dificilmente reparáveis.
Estes 2 requisitos têm de se verificar em todos os procedimentos cautelares
Os outros 3 são requisitos dos procedimentos cautelares comuns (art 362 a 376), são aqueles que não são
especificados. Os procedimentos cautelares especificados constam nos art 377 a 409.
3. Adequação (art 362 nº1 segunda parte) —a providencia conservatória ou antecipatória é a finalidade
que se pretende obter no âmbito da providência cautelar, a diferença entre estes dois é da
providencia cautelar comum e especial.
a. Antecipatórios: ex: arbitramento da reparação provisoria, sei que vou ter direito a uma
indeminização porque sofri uma lesão corporal grave porque decorreu a morte de um
determinado acidente e os seus herdeiros vão ter direito a uma indeminização quando a
ação for julgada favorável, através da atribuição aos lesados de uma quantia sobre a forma
de renda mensal que esta a ser antecipada.
b. Conservatórios:
i. A providencia cautelar é ou não idónea
4. Proporcionalidade (art 368n nº2): traduz-se no facto de o prejuízo que derivar da conceção da
providência não poder implicar um prejuízo consideravelmente superior ao dano que se pretende
evitar com a concessão da providência, ou seja, não podemos causar ao requerido da providência
cautelar um prejuízo, mas este não deve ser consideravelmente superior ao dano que se pretende
evitar com a conceção da providência.
5. Subsidiariedade (art??): diz respeito ao facto de o procedimento cautelar comum ter natureza
subsidiária, ou seja, não posso ir diretamente para o procedimento cautelar comum, sem ver que a
ação que importa cautelar não está prevista nos procedimentos cautelares especificados. Em todos
os aspetos que o legislador não diz como se vai processar, temos de ingressar pelos procedimentos
cautelares especificados
O procedimento cautelar a nível do momento deve ser requerido, em qualquer uma das
circunstâncias, como preliminar (antes da ação principal da qual vai depender ter sido instaurada
alínea a nº1 art 373), a par (corre como incidente, dou entrada da ação e no momento posterior
instauro o procedimento) ou depois da ação.
Art 364 nº1—é possível requer procedimentos cautelares já no âmbito da ação executiva, por
exemplo, caso do arresto, a penhora tardia.
Art 364 nº2 e 3—em alguns dos casos temos recurso e se o processo tiver subido, só vai haver
procedimento cautelar quando os autos baixam
Art 365 nº2—sanção pecuniária compulsória, o tribunal vai notificar o requerente para que adote ou
abstenha um comportamento, mas o requerido não o faz, podemos condená-lo ao pagamento de
determinada quantia por cada dia que se recuse a efetuar o que o tribunal lhe diz
o Se o requerido não cumpre, pratica um crime de desobediência qualificada
Quando é que o requerido toma posição/exerce o seu direito quanto ao procedimento cautelar?
Art 366—o requerido toma posição quanto ao procedimento cautelar, logo no momento ulterior de
apresentação destas peças. Da entrada e a secretaria pode fazer 2 coisas:
o Citar o requerido para este deduzir oposição no próprio momento da apresentação das peças
o Quando a ação já esta instaurada, dá-se a notificação do requerido
Dois momentos para ele se opor:
o Art 366 nº1—depois do decretamento da providência. O tribunal dispensa a audiência do
requerido, quando o requerente vai ter que no seu requerimento principal de dizer que a
oposição do requerido só devera ser levado a cabo depois do decretamento da providencia.
No arresto o juiz sabe da providencia antes do requerente dizer
o 367 (audiência final) – 365 nº3—10 dias para ele se opor—o art 294 nº1 as partes não
podem trazer mais do que 4 testemunhas
Inversão do contencioso
Art 364 nº3 (art 637 e 645) —vamos tomar como base, o recurso mais usual, que é o recurso da relação, ou
seja, quando não nos conformamos com a decisão do tribunal de 1ªinstancia e vamos impugnar essa decisão
de 1ªinstancia junto do tribunal da relação, normalmente, fazemo-lo através do recurso da relação. O que
pode acontecer é que a ação da qual o procedimento cautelar depende pode estar em fase de recurso e se
esse recurso subir nos próprios autos, se não subir em separado (ou seja, temos de requerer uma certidão
das peças processuais que nos interessam para efeitos de demonstração de recurso e só sobem essas
peças processuais para o tribunal da relação, portanto, em 1ªinstancia o processo fica disponível e aí não há
problema, porque o procedimento cautelar é apensado à ação que está na 1ªinstancia; quando o recurso
sobe nos próprios autos, todos os autos sobem ao tribunal da relação, o que significa que enquanto não
houver acórdão os autos não estão na primeira instancia, se dizemos que o procedimento cautelar está
dependente e corre por apenso aos autos de primeira instancia, não estando esses autos na primeira
instancia, ele não pode ser apensado).
Sendo assim, o art 364 nº3 diz-nos que só quando os autos descerem à 1ªinstancia é que o procedimento
cautelar vai ser apensado aos mesmo.
Quando não nos conformamos com uma decisão prolatada por um tribunal de 1ªinstancia, podemos reclamar
da mesma, ou seja, estamos no âmbito do mesmo tribunal que proferiu a decisão; ou vamos interpor recurso,
quando se interpõem recurso, interpomos para o tribunal superior, para o tribunal da relação, há duas formas,
no que diz respeitos aos efeitos do recurso:
Pode subir nos próprios autos, o que significa que os autos sobem ao tribunal da relação, para o Sr.
desembargadores (magistrado dos tribunais de 2ªinstancia) terem conhecimento de tudo aquilo que
se passou no processo e, se sobem ao tribunal da relação, não estão no tribunal de 1ªinstancia,
portanto, o procedimento cautelar não pode ser apensado.
Os procedimentos cautelares, via de regra, são proferidos na 1ªinstancia, mas são passíveis de
recurso para o tribunal da relação, coisa diversa é se é possível recurso para o supremo tribunal de
justiça, aí nos termos do nº2 do art 370, das decisões proferidas nos procedimentos cautelares,
incluindo a que determina a inversão do contencioso, não cabe recurso para o STJ, por norma, o
recurso é para o tribunal da relação.
Se não recorrer da decisão do procedimento cautelar, para que é que ele vai subir para o tribunal da
relação? O procedimento cautelar só sobe ao tribunal da relação se eu interpuser um recurso de uma
decisão proferida no âmbito do procedimento cautelar. O que o legislador diz é que, se os autos
principais a que devem de ser apensados os procedimentos cautelares não estiverem em
1ªinstancia, se tiverem no tribunal da relação, eles só serão apensados a ação, quando esta descer à
1ªinstância.
Art 364 nº1—o legislador está-nos a dizer que, o procedimento cautelar depende de um processo principal,
exceto se for decretada a inversão do contencioso.
Não tenho obrigatoriedade de instaurar uma ação se tiver sido decretada a inversão do contencioso.
Quem é que requer a inversão do contencioso? É o requerente/autor, se o requerido a quem vai ser
transmitido o ónus de propositura de ação de condenação, nada faz, aquilo que foi decidido no
âmbito do procedimento cautelar consolida-se como solução definitiva do litígio. Logo, o requerente
não tem necessidade de instaurar a ação principal, logo, o procedimento cautelar, nesse caso, não é
dependência de nenhuma causa.
Inversão do contencioso
Pode acontecer uma coisa diversa que é a seguinte: o requerido, não querendo que a decisão decretada
faça a composição definitiva do litígio, instaura a ação a impugnar a existência do direito acautelar (art 371).
Nesta circunstância, vamos ter a apreciação se, de facto, esse direito existe ou não.
Exemplo: se há alguém que está a levar a cabo um ato de corte de arvores no âmbito de um terreno que é
minha propriedade e se eu instauro um procedimento cautelar comum pedindo ao tribunal que notifique essa
pessoa para que ela para de imediato esse ato de desflorestação e se eu requeri a inversão do contencioso,
significa que, se o tribunal tiver todos os elementos de prova necessários a ver que há uma violação do meu
direito, pode notificar o requerido para ele de um momento para o outro para com esses atos. Pode também,
se eu tiver requerido, inverter o contencioso, ou seja, dizer que “tu que estas a proceder ao corte das árvores,
se achas que tens direito a proceder a esse corte, se quiseres, instaura uma ação a impugnar a existência do
direito que eu acautelei, por via da concessão da providencia cautelar ao requerendo”. Sob pena de: ele não
o fazendo, e passando 30 dias, haver a composição definitiva do litígio, ou seja, eu requerendo, não tenho de
instaurar uma ação principal para nada porque através do procedimento cautelar já foi observado que eu
tinha direito de propriedade daquele terreno, que aquelas arvores me pertenciam e que o individuo que anda
a proceder ao corte das arvores não o queria fazer, sendo assim, não preciso da ação principal para nada.
A ação acaba aqui a não ser que o, requerido, viesse alegar, por exemplo: “eu ando a cortar as arvores
porque fruto da existência de um direito de arrendamento eu tenho o arrendamento rural daquele terreno e,
por isso, tudo o que esta lá pertence-me”. Então ele instaura uma ação para impugnar o direito acautelado,
sendo assim, não se consolida o litígio.
A ação de inversão do contencioso só faz sentido se não houver necessidade de instaurar a ação principal,
se a ação principal já esta instaurada, não faz sentido inverter o contencioso.
Em qualquer circunstância, havendo ação principal, ela tem sempre que ser decidida (ir para a frente) porque
o objetivo no âmbito de uma ação principal é obter uma decisão final.
Os procedimentos cautelares, excetuada a inversão do contencioso, por estarem sempre na dependência de
uma ação principal, são provisórios, significa que, eles só subsistem enquanto não houver a decisão
principal. Logo, vou ter sempre que ter a decisão principal, dessa ação principal.
Ao falar do procedimento cautelar comum, vimos que para determinadas situações especificas, o legislador
criou meios específicos de tutela cautelar. Esses meios específicos assumem a designação de
procedimentos cautelares especificados, estes procedimentos assumes várias especificações:
Podem ser procedimentos de garantia: garantem ou visam garantir a realização de um direito
o Arresto (art 391 a 396): visa garantir patrimonialmente um crédito (art 391 nº1), porque o
credor que tenha justo receio de perder a garantia patrimonial do seu crédito, pode requerer
o arresto de bens do devedor.
Exemplo: A e B celebram um contrato, B recebe um bem, mas não procedeu ao pagamento
do mesmo, por isso, fica a dever ao A quantia de 25000€, A está constantemente a notificar o
devedor para que este pague e B não o faz. A apercebesse que B começa a vender os bens
de A, ou seja, há uma televisão que esta em casa que foi vendida a um terceiro, a par disso
havia obras de arte que também começaram a ser vendidas, o A não sabe quando vai
receber o dinheiro, portanto, tem que se agarrar ao património de B, mas se esse património
começa a desaparecer, vou ter aqui um chamado crédito incobrável. Sendo assim, vou
arrestar os bens do devedor, ou seja, nos termos do art 391 nº2, vou querer que alguém vá
apreender judicialmente os bens, que devera ser um funcionário judicial ou um agente
judicial, que se desloca às instalações para pegar nos bens e apreendê-los. Vamos
apreendê-los abstratamente, ou seja, fazer um auto de apreensão (lista de bens com valor
estimado que ficam aprendidos). No caso concreto, é quando não se tem confiança que o
devedor fique com os mesmos bens então peço que se remova os bens do interior da
moradia e se coloquem ou num armazém (constitui um depósito publico ou se tiver uma
garagem), à espera de haver uma conversão do arresto em penhora e que os bens serem
vendidos e, com o produto da venda dos bens, ser restituído com os 25000€.
o Quer no arresto, quer na penhora, os valores que são atribuídos aos bens, são sempre
cautelados por baixo, estamos perante uma situação de depreciação
o Arrolamento (art 403 a 409): Tanto o arresto como o arrolamento tem por objeto bens, mas
o posicionamento quanto aos bens é diferente porque no arresto quero os bens do arrestado
para garantir parcialmente o meu crédito, ou seja, quero que eles se vendam para com o
produto da venda, eu receber o montante da qual sou credor.
No arrolamento por ser também proprietário do bem em conjunto com a pessoa que vai ser
alvo do arrolamento, quero que na pendencia de uma ação, que pode ser de divorcio, de
partilha, etc; para que os bens não se dissipem eles fiquem arrolados, ou seja, sei que fazem
parte de uma herança uma série de vens e, com o auxílio do tribunal vou fazer um role de
todos os bens que existem para no fim, não virem dizer que afinal os bens não existia.
Exemplo: quando foi arrolado um conjunto de moedas e de selos, ela existia, e portanto, o
valor do conjunto de moedas e de selos tem que ser dividido entre aqueles que são
proprietários dos mesmos. Nos temos do art 403 nº1, quando eu tenho justo receio de
extravio, de ocultação ou de dissipação de bens, móveis ou imóveis, inclusivamente
documentos, posso requer o arrolamento.
Exemplo 2: a coleção de moedas é composta por moedas francesas do ano de 1700,
moedas portuguesas de 1980 que tem o valor de 5000€, no final do processo, essa coleção
de moedas pode ter desaparecido, mas uma coisa eu sei, elas existiam quando foram
arroladas e tem um valor de 5000€, logo esse montante tem que ser distribuído por quem
tem direito.
Exemplo 3: A divorciou-se de B, mas estes têm uma conta em conjunto que ambos podem
movimentar, mas B tem um justo receio que A desapareça com o dinheiro, B pode requer o
arrolamento dessa conta bancaria.
Restituição provisoria de posse: Têm que estar verificados 3 requisitos (art 377):
1. Posse
2. Esbulho—ato que priva alguém no exercício dessa posse
3. Violência—pode ser exercida contra pessoas ou bens
Quando não temos previstos estes requisitos, não temos possibilidade de lançar mão do
procedimento cautelar de restituição provisória. Em alternativa temos o procedimento
cautelar comum, que por vontade expressa do legislador, nos termos do art 379, esta
situação é peculiar porque normalmente, o facto de haver um incumprimento por parte do
requerente relativamente aos requisitos de um procedimento cautelar especificado, não
permite que se lance mão de um procedimento cautelar comum. Quando falamos da
subsidiariedade do procedimento cautelar comum, não é nesse âmbito.
Exemplo: vamos partir do pressuposto que eu tenho 5 dias para lançar mão de um
determinado procedimento cautelar especificado. Não o faço dentro desses 5 dias, faço ao
fim de 10 dias. O simples facto de um requerimento ser indeferido ou não aceite por
extemporaneidade, não posso lançar mão de um procedimento cautelar comum.
Caso diferente é o que acontece na restituição provisória de possa que não tendo a
verificação de determinados requisitos, ainda assim, posso lançar mão de um procedimento
cautelar comum.
Esta restituição provisoria de posse depende das ações possessórias ou de uma ação de
reivindicação de propriedade. Estas ações em princípio existem sem prejuízo de poder haver,
por vontade do legislador, a inversão do contencioso, ou seja, podemos ter o procedimento
cautelar a servir como composição definitiva do litígio. Há uma grande similitude entre o
objeto processual da ação possessória e o objeto processual do procedimento cautelar, e
dada a identificação desses objetos podemos ter uma decisão definitiva no âmbito do próprio
procedimento cautelar. É um dos casos que farão mais sentido no que diz respeito ao
requerimento da inversão do contencioso.
o Suspensão de deliberações sociais (art 380): pode ser tomada por uma sociedade, em
princípio comercial, uma associação ou um condomínio (art 383).
Qualquer sócio, ou associado que esteve presente ou não, nessa dita assembleia de
condóminos decide impugnar essa deliberação, de modo definitivo, através de uma ação, ou
de modo provisório, através da suspensão de deliberações sociais. Ou seja, o tribunal vai
apreciar se de facto, ainda que de forma suspensória, se aquela deliberação está ou não a
contrariar os instrumentos normativos, estando, vai suspender a mesma. A suspensão não é
produtora de eficácia enquanto o tribunal não verificar se de facto contraia ou não os ditos
estatutos.
Art 382 e art 376 nº4—é uma figura que pode recorrer à inversão do contencioso
Antecipação: quando visam antecipar para o procedimento cautelar determinados efeitos que se vão
levar a cabo no âmbito do processo principal
o Alimentos provisório: atribuição aquele que tem direito a alimentos, tem direitos a eles em
casos de, por exemplo, filhos menores ou maiores desde que ainda estejam em formação ou
os conjugues. Só que os alimentos demoram algum tempo a serem fixados, como é que vão
sobrevivem durante esse tempo? Podem requerer ao tribunal que se arbitre uma
determinada quantia mensal sobre a forma de alimentos provisórios, para poderem enfrentar
a vida.
São devidos a partir do 1º dia do mês subsequente à data da dedução do respetivo pedido—
art 386 nº1
Art 386 nº2—se eventualmente os alimentos não vierem por qualquer motivo a ser fixados
definitivamente, o montante que se recebeu a título de alimentos provisórios, não tem que
ser restituído.
Art 2007, 2009 CC, 2013 e ss—alimentos definitivos, servem para saber quem tem direito a
alimentos devo recorrer ao Código civil
São aqueles que se apresentam alternativamente aos meios judiciais/comum. Quando temos um litígio entre
2 ou mais partes, podemos resolvê-lo através do recurso ao tribunal. No entanto, os tribunais muitas vezes
ficam inundados de trabalho e, portanto, o legislador nessa sequência decidiu criar determinados sistemas
que se apresentam algumas vantagens, razão pela qual, muitas vezes os cidadãos preferem, ir para os
meios alternativos do que os tribunais judiciais. As vantagens são as seguintes:
1. Celeridade: por exemplo, uma situação que seja alvo de mediação pode resolver-se num espaço de
3 meses; uma situação que seja resolvida com recurso à arbitragem tem um limite máximo de 11
meses
2. Economia—arbitragem ad hoc, o preço que as partes pagam é muitas vezes superior ao preço que
iriam pagar por recurso aos tribunais judiciais. Pelo contrário, a arbitragem institucionalizada o custo
será mais acessível ao cidadão e a quem recorre a ele.
Neste aspeto, podemos falar da conciliação que por vezes é levada a cabo por outra
entidade, também administrativa, também no domínio laboral que é a ACT (autoridade para
as condições do trabalho). Quando a ACT, na sequência de uma ação fiscalizadora ou
inspetiva deteta a existência de um conflito entre as partes, ela pode fazem com que as
partes cheguem a uma conciliação.
2. Conciliação jurisdicional—no âmbito de processos judiciais há sempre a possibilidade, desde
que estejamos sob direitos disponíveis, de proporcionar às partes que elas se conciliem,
sendo assim, podemos falar:
Audiência prévia— tem como um dos seus fins essenciais, a realização de uma
tentativa de conciliação (art 591 nº1 alínea a, 594—não são iguais, uma coisa é a
tentativa de conciliação que é levada a cabo no âmbito da audiência prévia, outra
coisa pode ser a tentativa de conciliação que é levada a cabo num momento externo
a essa audiência prévia e a possibilidade que é conferida ao tribunal de convocar as
parte para uma tentativa de conciliação desde que o faça uma única vez, ou seja, o
art 591 é no âmbito da audiência prévia, desde que existam outros fins que não
apenas esta tentativa de reconciliação, e o art 594, desde que seja especificamente
para o dito fim.
Negociação—é levada a cabo pelas partes, apesar de não ser comum de acontecer, porque
normalmente as partes têm um litígio elas vão extremar esse litígio ao máximo e será muito difícil
chegar a um acordo. Normalmente, essa negociação, por norma, é feita pelos mandatários
(advogado), apesar de estarem a representar os interesses do seu próprio cliente, uma vez que eles
não são diretamente interessados, em princípio, têm mais condições para fazer com que as partes
cheguem a acordo. O objetivo da negociação é que as partes cheguem a um acordo, a partir da
transação (1250 CC). É um contrato através do qual as partes chegam a acordo mediante recíprocas
concessões, significa que, nenhuma delas pode ter a pretensão de receber a totalidade daquilo que
almeja, portanto, uma das partes vai prescindir de algo e a outra também vai prescindir de algo,
então em princípio estarão reunidas as condições para chegarem a acordo e para celebrarem o dito
contrato de transação.
Mediação (anexo ao CC: lei 29/2013 de 19 de abril) — possibilidade da mediação se levar a cabo
de:
1. Um modo pré judicial: as partes antes de recorrer ao tribunal decidem lançar mão da
mediação, o que caracteriza esta mediação é o facto de haver um terceiro imparcial
(mediador de conflitos) que vai tentar que as partes cheguem a um acordo, tenta mediar as
partes, esta mediação pode, quando as partes não cheguem a acordo gerar um processo
judicial.
Esta medicação tem por efeito a suspensão de prazos de caducidade ou de prescrição que
possam estar em curso, isto é relevante, porque por vezes as partes têm prazos apertados
para instaurarem ações judiciais, por exemplo, processo de trabalho, um trabalhador que
seja alvo de um despedimento comunicado por escrito tem apenas 60 dias para instaurar a
ação.
Como é que é possível um trabalhador lançar mão da mediação pré judicial se esta tem um
limite máximo de conclusão de 3 meses e a ação que ele vai instaurar tem um prazo de
caducidade de 60 dias?
Só se justifica o recurso à mediação pré judicial se o trabalhador tiver a certeza que
enquanto está a recorrer a este sistema de mediação resolutiva de litígio, o prazo de
caducidade encontra-se suspenso, por que se não, o trabalhador não tendo garantia
alguma que se vai chega a acordo no âmbito da mediação recorreria logo ao tribunal.
Sempre que tivermos prazos de caducidade em curso, o simples facto de se recorrer
à mediação vai determinara. Suspensão desses prazos.
2. Pós judicial: ocorre quando já instaurei a ação e o juiz deteta que com a sua intervenção as
partes não chegaram a acordo, mas com a intervenção de um mediador de conflitos as
partes podem chegar a acordo.
O processo judicial que se encontra em curso vai suspender-se (suspensão da instância), o
juiz vai remeter esse processo e as partes para a mediação e na mera eventualidade de as
partes não chegarem a acordo no âmbito dessa mediação, vão ser novamente reconduzidas
desse tribunal e os prazos que se encontravam suspensos vai retomar o seu decurso ou a
sua tramitação normal.
3. Pré judicial vs. pós judicial—no pós judicial já há uma ação instaurada, no caso da primeira
ela antecede a ação judicial que pode nunca chegar a existir
Art 273—a mediação só pode ter lugar quando ambas as partes estão de acordo, basta uma
das partes não estar de acordo, essa mediação é inviabilizada.
Sistema públicos de mediação penal, existe a par do sistema familiar e a par do sistema de
mediação laboral.
Julgado de paz— (lei 78/2001 de 13 de julho art 6, 8, 9, 10 a 14 da lei) porque dizem respeito às
regras de competência dos julgados de paz.
Competência dos julgados de paz: Ações declarativas (art 6 alínea a) se estivermos perante um
cumprimento e uma obrigação pecuniária emergente de contrato temos a intervenção do decreto-lei
acima referido e não do julgado de paz
Competência em razão da hierarquia: Ações contratuais ou extracontratuais, Ações de reivindicação,
ações de resolução de litígio entre proprietários, etc, caí no âmbito de aplicação dos julgados de paz.
Competência territorial (art 10 e ss): regra geral
Pressupostos processuais
A absolvição do pedido diz respeito ao fundo da causa ou ao mérito, a absolvição da instância diz
respeito à forma, quando estamos a falar destas questões de forma estamos a aludir aos
pressupostos processuais.
Exemplo—no âmbito de uma ação que têm, o valor de 150000€, a parte decide instaurar uma ação
sem estar acompanhado por um advogado (pressuposto do patrocínio judiciário), art 40 alínea a,
constatamos que esta ação é admissível ao recurso ordinário porque ultrapassa o valor da alçada do
tribunal de 1ªinstância que é 5000€. Neste caso, a parte não constituiu advogado, a consequência da
falta de advogado art 41e nos termos do art 278 nº1 alínea e e 577 aliena h, vamos ter uma
absolvição da instância, porque o pressuposto processual que era obrigatório não está verificado.
Exceções: Só há um caso em que podemos estar perante uma situação que não reconduza à
absolvição da instância, que é o caso da incompetência, esta sendo territorial pode implicar a
remessa do processo para tribunal competente.
Os pressupostos processuais positivos, são aqueles que têm que estar verificados no processo
para o juiz se pronunciar quanto ao mérito:
o A personalidade judiciária
o A capacidade judiciária
o A legitimidade
o O interesse processual
o O patrocínio judiciário
o A competência
Pressupostos processuais negativos, são aqueles que não podem existir num processo:
É importante porque ao conjunto dos tribunais está atribuído um poder, que é o chamada poder jurisdicional.
Portanto, quando falamos da jurisdição estamos a falar daquele poder que é genericamente atribuído aos
tribunais de julgar as causas, mas o problema está no facto de no âmbito da nossa organização judiciária
existirem imensos tribunais e, por isso, temos que saber qual é a fração do poder jurisdicional que está
atribuído a cada um dos tribunais em concreto, esta é a questão da competência.
Quando falamos em competência temos que estabelecer uma divisão daquilo que é a competência
internacional, daquilo que é a competência interna. Se tivermos algum elemento de conexão com uma ordem
jurídica estrangeira, nesse caso em concreto, nós começamos a ter um problema de competência
internacional.
Elemento de conexão é: por exemplo, quando uma das partes intervenientes no processo tem
nacionalidade estrangeira, tem domicílio em território estrangeiro, é proprietária de um bem imóvel situado no
estrangeiro, quando o contrato tem que ser comprimido no estrangeiro, etc.
Fruto do facto de existirem cada vez mais transações comerciais celebradas entre o nosso país e o
estrangeiro, pelo simples facto de haver uma liberdade de circulação de pessoas, trabalhadores e de
mercadorias dentro da EU, é muito vulgar acontecerem competências de caráter internacional. Exemplo, se
um contrato de compra e venda de um imóvel que se situa em território português, mas os compradores são
um cidadão chinês e norte-americano, temos um problema de competência internacional; se tivermos um
casamento que se celebre em Portugal entre um cidadão espanhol e uma cidadã francesa temos um
problema de competência internacional. Na prática, qualquer litígio que daqui decorra temos que saber se vai
ser apreciado pelo um tribunal português ou se vai ser apreciado pelo um tribunal estrangeiro.
Art 59—o nosso legislador está-nos a chamar a atenção, dizendo que a nível da competência dos tribunais
portugueses a nível internacional, nós temos um sistema dual, significa que a par das previsões legais,
designadamente do art 62 e 63, nós temos que tomar em consideração a existência de regulamentos
comunitários ou a existência de instrumentos internacionais que estabelecem regras especificas para a
competência internacional.
o Art 62:
Alínea a—princípio da coincidência, ou seja, os tribunais portugueses serão
internacionalmente competentes no seu conjunto quando essa competência derive
da competência territorial previsto nos arts 70 a 84. Temos que ver se nestes artigos
se há alguma regra que atribua competência territorial aos tribunais portugueses que
por arrastamento vai atribuir competência aos tribunais portugueses a nível
internacional.
Por exemplo, casamento celebrado entre um cidadão espanhol e uma cidadã
francesa que foi celebrado em Portugal, neste caso em concreto, podemos
equacionar o facto de se pretender anular esse casamento por uma suposta coação
física sobre o cidadão espanhol. Logo, podemos estabelecer que os factos que
serviram de fundamento à ação de anulação do casamento foram praticados em
território português, mas posso, no âmbito da alínea a, alterar os dados do problema
e dizer o seguinte “o cidadão espanhol vai querer divorciar-se da cidadã francesa” e
o cidadão espanhol reside em Portugal, então neste caso, através do art 72,
chegamos à conclusão que os tribunais portugueses são internacionalmente
competentes. Quem diz a situação do divórcio e separação diz, por exemplo, a
situação da responsabilidade contratual (art 71 nº1): há um determinado contrato que
tem que ser cumprido em Portugal ou então diz a situação do art 71 nº2, o facto
ilícito que serve de base à responsabilidade civil extracontratual também foi praticado
em território português.
Alínea b—a coação física enquadra-se nesta alínea, mas aqui já não estamos no
âmbito do princípio da coincidência, estamos perante o princípio da causalidade.
vamos atender aos factos que servem de fundamento à pretensão do autor e sempre
que esses factos tiverem sido levados a cabo em território português os nossos
tribunais são internacionalmente competentes.
Aliena c—por exemplo, dois cidadãos portugueses têm um litígio num determinado
país e os tribunais desse país não dão garantias de imparcialidade, independência
ou isenção, porque é um país ditatorial e eles ao invés de estarem a apreciar esse
litígio no âmbito esse país onde estão apenas temporariamente, vão esperar o
regresso a tribunal e vão instaurar a ação nos tribunais português ou então, porque
simplesmente esses países não tem um sistema jurisdicional. Temos aqui presente o
princípio da necessidade.
o Se pela aplicação das alíneas a, b ou c, derivar a competência dos tribunais portugueses,
nos vamos ter a competência internacional resolvida, logo temos a atribuição da competência
aos tribunais portugueses.
o Art 59—“sem prejuízo...internacionais”, a afirmação que o nosso sistema é um sistema dual,
significa que antes de nós recorrermos ao art 62 devemos tomar em consideração se há
previamente algum regulamento europeu sobre a competência judiciária, já existe desde a
aprovação do regulamento 44/2001 e agora existe o regulamento 1215/2012 de 12 de
dezembro.
Os regulamentos europeus são aplicáveis quando temos uma questão que versa aos
estados-membros, logo se nós tivermos cidadãos de estados-membros que residem fora
Competência interna
Quatro critérios que são fundamentais para a determinação da competência do tribunal, nos termos
do art 60 nº2, que são:
a. Tribunais judiciais vs. tribunais não judiciais: dentro dos não judiciais temos, por
exemplo, os tribunais administrativos e fiscais, como tenho categorias especiais de
tribunais, designadamente: o tribunal constitucional, o tribunal de contas, entre outros.
Os tribunais judiciais têm competência residual ou genérica, o que significa que, se eu
não tenho a atribuição de competência a qualquer outra ordem, a competência é da
ordem judicial. Os tribunais judicias que existem são:
Repartição i. 1ªinstância/ Comarcas
vertical da ii. Tribunal da relação
competência
iii. Supremo tribunal de justiça
Nos termos da CRP temos que ter pelo menos um duplo grau de jurisdição, o que não
significa um duplo grau de recurso, ou seja, quando temos uma decisão de um tribunal
de 1ªinstância em que uma das partes não se conforma e recorre para o tribunal da
relação e quando têm a mesma decisão da primeira instância da relação, isso veda a
possibilidade da STJ, forma-se a dupla conforme. Isto não é inconstitucional, porque
existe um duplo grau de jurisdição, foi verificado pelo tribunal da relação e pelo tribunal
de 1ªinstância.
Temos tribunais que são hierarquicamente superiores em relação a outros, ou seja, a
relação é hierarquicamente superior aos da 1ªinstância e o STJ é superior ao tribunal da
relação. Mão são os tribunais que são hierarquicamente superiores, eu não posso,
contaminado pela organização judiciária dizer que um juiz do tribunal da relação é
superior hierárquico relativamente a um juiz do tribunal da 1ªinstância, porque todos os
juízes são irresponsáveis, independentes, inamovíveis e irremovíveis, portanto, todos
eles têm uma cota parte da jurisdição nas suas mãos e, por isso, não há juízes
superiores hierárquicos. O que há é a possibilidade dos tribunais superiores revogarem
ou reformarem as decisões dos tribunais inferiores e é nisso que consiste o recurso, ou
seja, eu não me conformei com a decisão da 1ªinstância, vou impugnar essa decisão
junto do tribunal da relação, eu não me conformando com o acórdão da relação vou
impugnar esse acórdão junto do STJ e o STJ e o tribunal da relação vão ou revogar a
decisão do tribunal a quo (tribunal recorrido, quando interponho um recurso da
1ªinstância para a relação, o tribunal a quo é o tribunal de 1ªinstância e o tribunal ad
quem é o tribunal da relação) ou então vão reformar a decisão do tribunal ad quem
(tribunal recorrente). Isto é importante porque normalmente o recurso é interposto no
tribunal recorrido, eu não interponho o recurso junto do tribunal da relação ou o STJ,
interponho um recurso junto do tribunal de 1ªinstância e o juiz de 1ªinstância é que vai
ver se os pressupostos de recorribilidade estão verificados e vai ordenar a subida dos
autos ao tribunal da relação.
Se a ação que tenhamos deve ser instaura num tribunal de 1ªinstância ou em alternativa
no tribunal da relação ou no STJ.
É possível instaurar uma ação diretamente no tribunal da relação ou no STJ?
Há exceções, por exemplo, se tivermos uma ação de indeminização instaura contra
um magistrado judicial ou de MP junto da 1ªinstância, por causa do exercício as suas
funções, essa ação tem que ser instaurada diretamente no tribunal da relação. Se
em vez de ser instaura no tribunal da 1ªinstância for instaura no tribunal da relação
eu tenho que instaurar junto do STJ. Nos casos do Sr. concelheiro tem que ser junto
do STJ porque não há nenhum acima. Nestes casos, o tribunal da relação e o STJ
funcionam como tribunais de 1ªinstância.
Mas há outro caso, art 55 alínea c da LOSJ, o art 73 alínea b LOSJ e art 979 CPC,
mas há mais.
Os juízes de 1ªinstância são os juízes de direito; os juízes da relação são juízes
desembargadores e os juízes do STJ são juízes concelheiros.
a. Art 117 nº1 alínea a LOSJ—ver no caso das ações declarativas cíveis com valor
superior a 50000€ e que sigam a forma de processo comum, as mesmas são da
competência de um juízo central cível. Significa que, independentemente do valor, se
estiver perante um processo especial nunca é da competência de um juízo central cível
(espécie de juízo de competência especializada), pois este não tem qualquer limite de
valor.
i. Juízo central cível vs. juízo local cível: o que os diferencia é haver matérias que
só devem ser instauradas e apreciadas por uns e matérias que só devem ser
conhecidas por outros e para isso tenho que ir ao art 117 e ao art 130,
estabelece uma competência por exclusão, ou seja, são da competência dos
juízos locais cíveis e os juízos de competência genérica o que não for atribuído a
outros tribunais, designadamente, os juízos centrais cíveis.
O que acontece quando a ação é instaurada num tribunal que não é o competente?
Art 577 al.a), verificamos que temos a incompetência do tribunal, ou seja, sempre que uma ação for
instaurada num tribunal que não é o competente, temos uma situação de incompetência.
Incompetência absoluta: o art 96 al.a)se eu instauro uma ação num tribunal português e chego à
conclusão que era competente um tribunal espanhol, tenho uma situação de violação das regras da
competência internacional, logo tenho uma situação de incompetência absoluta; se eu instauro uma ação
num tribunal de 1ªinstancia quando afinal era daqueles caso excecionais de instauração de ação num tribunal
da relação, tenho uma incompetência em razão da hierarquia, logo tenho uma incompetência absoluta; se
instauro uma ação num juízo central cível quando deveria ser instaurada num juízo do trabalho, tenho uma
incompetência em razão da matéria, logo tenho uma incompetência absoluta.
uma coisa é a relação substantiva, essas são classificações do direito substantivo, no direito
processual nós temos a classificação de partes e costumamos utilizar as classificações que está no
exemplo a baixo.
Exemplo: processo declarativo sobre a forma de processo comum, quem é parte é o autor e o réu;
num procedimento cautelar quem é parte é o requerente e o requerido; oposição mediante embargos
de terceiros quem é parte é o embargante e o embargado; processo executivo quem é parte é o
exequente e o executado; demandante e demandado.
Se eu tiver personalidade jurídica, tenho personalidade judiciária (art 11 nº2—princípio da
equiparação), sendo assim, quem tem personalidade judiciária todo aquele que esteja nascido e com
vida e, portanto, em abstrato todos nós podemos instaurar uma ação ou podem instaurar uma ação
contra todos nós.
Exceções: há casos em que a personalidade judiciária é atribuída a entes que não têm
personalidade jurídica, ou seja, todos os que têm personalidade jurídica, têm personalidade judiciária,
mas pode haver casos em que exista personalidade judiciária, mas não exista personalidade jurídica,
são as situações do art 12.
o Quando estamos fora das duas circunstâncias referidas anteriormente, o menor tem que
estar representado pelos pais, inexistindo os pais pelos tutores ou pelo administrador de
bens
o No caso dos maiores acompanhados é o acompanhante que tem que representar o maior.
o Arts 16, 19, 29 nº2, 27 nº1 CPC Arts 124, 1877, 1921, 1922 CC Art 143 CC (maiores
acompanhados)
O que é um mandato?
É uma pessoa que confere a outrem determinados poderes de representação, o mandante, e o outro
é o mandatário.
o Os atos que são praticados no mandato—atos jurídicos
o Os atos que são praticados na empreitada—atos materiais
o Quer o mandato, quer a empreitada são modalidades que parte da avença de um contrato de
prestação de serviços
Transação
Quando eu confio uma procuração com poderes essenciais a um mandatário ele estando desacompanhado
do mandante, pode confessar nos termos da ação, pode desistir da ação ou inclusive do pedido, ou pode
transigir, ou seja, chegar a acordo com a parte contrária.
Exemplo: tenho um cliente que está em Portugal porque vem passar as férias de Natal, mas em
princípio vai voltar em janeiro ao sítio onde se encontra imigrado e o processo vai continuar a
decorrer e não é necessário ele vir para que a diligencia possa prosseguir, então passa uma
procuração com poderes especiais.
Exemplo: posso não ter interesse em ir a tribunal, passo a procuração com poderes especiais.
Os mandatários também têm outro poder que deriva da possibilidade de eles poderem representarem em
juízo as próprias partes através da elaboração dos articulados.
Art 46—o mandatário judicial através do que vai colocar no articulado pode estar a vincular a própria
parte, sem poderes especiais apenas pela mera feitura dos articulados.
Se o mandatário através de um determinado artigo aceitar algo que possa ser desfavorável ao seu
cliente, temos que retirar os ditos efeitos jurídicos. Na prática há uma confissão feita pelo mandatário
e, por isso, muitas vezes o que acontece é que a parte contraria quando deteta que existe uma
confissão no meio do articulado pois vai vincular o mandante.
Poderes de substabelecimento
A possibilidade de eu me fazer substituir por outro colega, ou seja, se o advogado é notificado para
aparecer numa diligencia num dia e nesse dia tem outra diligencia, este não vai estar nas duas, há
duas hipóteses:
o Ou tenta junto do tribunal requerer a remarcação da data dessa diligencia
o Ou vai substabelecer num colega, ou seja, vai se fazer representar desse outro colega no
âmbito da diligencia judicial.
o Art 44 nº2—se o cliente nada disser quanto ao substabelecimento parto do princípio que os
poderes que dei aquele advogado podem ser por ele transmitidos para outro advogado, mas
caso o cliente não quiser é necessário que na procuração faça menção à exclusividade do
substabelecimento.
Há outra hipótese, no caso de não ter procuração, o cliente não está presente na diligencia judicial para fazer
uma declaração verbal para os autos no sentido de me conferir poderes e ainda assim ter que levar a cabo a
representação dos mesmo, posso fazer o patrocínio a título de gestão de negócios, nessa circunstancia (art
49) vou ter que acautelar a necessidade de o cliente vir à posteriori ratificar tudo aquilo que fiz como gestores
de negocio, o que significa que é bom ter a certeza antes de me apresentar como gestor de negócios que
aquilo que acabei de fazer vai ser ratificado pelo mandante, porque se não for, o mandatário pode ser
responsabilizado por todos os atos que tiver praticado em sentido contrário aos interesses do mandante.
Ações que pesa embora tenham um valor até 5000€ ainda assim obrigam à constituição de
advogado, são as situações que se encontram no art 629
Situações de recurso ou de ações propostas perante tribunais superiores
O que sair das alíneas a,b e c, não implicam a constituição de advogado o que significa que, as
partes podem argumentar por si só ou apenas serem representados por advogados estagiários ou
por solicitadores.
Mesmo nas causas em que seja obrigatório a constituição de advogado, os advogados estagiários e
os solicitadores poderão representar a parte desde que seja em situações onde não se levantem
situações de direitos (art 40 nº2, 42º)
Consequência de estar perante as alíneas a,b e c do art 40 nº1 e não ter constituído advogado:
Em princípio a absolvição do réu da instância quando a falta for do autor porque se a falta disser
respeito ao réu, este não pode beneficiar dessa falta de constituição de advogado, por isso, a sua
defesa ficará sem efeito.
Art 41—o juiz ainda vai dar possibilidade à parte que não esta devidamente acompanhada por
advogado de ela constituir dentro de praxo certo a constituição de advogado, este prazo é dado pelo
juiz, se este notificar a parte para ela não constituir advogado não dando prazo temos que recorrer
ao art 149º, ou seja, prazo de 10 dias.
Legitimidade
Importante: se perguntar aprecie a legitimidade ativa e passiva, temos que dizer que o réu tem
personalidade passiva e o autor ativa, mas para além disso teremos que falar sobre se as partes que estão
presentes são ou não aquelas partes que deveriam estar presentes.
A personalidade e a capacidade são qualidades pessoais das partes, enquanto a legitimidade não é
uma qualidade pessoal das partes. A legitimidade está relacionada com a posição que as partes vão
assumir no âmbito de uma ação processual.
Quando referimos à posição que as partes assumem pretende-se averiguar
Exemplo: no âmbito de uma determinada ação podemos ter um autor e um réu, mas isso não
significa que esse autor e esse réu sejam partes legitimas. Uma coisa é certa, se temos um autor e o
réu em princípio estes têm personalidade judiciária, a suscetibilidade de fazerem parte de um
processo e têm capacidade judiciária, mas não significa que são parte legitima porque qualquer
relação jurídico-processual está subjacente uma relação jurídica-material
Exemplo: duas pessoas estavam casadas no regime de comunhão de adquiridos e por esse motivo,
uma vez que estava em causa uma situação relacionada com um imóvel que constituía casa de
morada de família, a ação deveria ter sido instaurada pelos dois ou contra os dois, porque a nível do
direito substantivo (comunhão de adquiridos) os interessados em figurar nessa relação jurídico-
processual eram o marido e a mulher e não apenas o marido.
Recorrendo ao direito substantivo, ou seja, se as partes que foram intervenientes non âmbito da relação
material subjacente são exatamente as mesmas partes que estão presentes no âmbito da relação jurídico-
processual então em princípio há legitimidade, mas por exemplo, se um autor ou um réu não esteve
presente no âmbito da relação material subjacente e aparece na relação jurídico processual então em
princípio há ilegitimidade, é em princípio porque há sempre exceções.
Exceções
Exemplo: se instaurarmos uma ação emergente acidente de viação quem vai figurar como parte no
âmbito desse processo em princípio são os intervenientes no acidente, ou seja, o causador do
acidente e o lesado. É em princípio porque fruto de uma regra de direito substantivo havendo
obrigatoriedade de transferência da obrigatoriedade civil para uma companhia de seguros, a
companhia seguradora é parte legitima na ação, mas não podemos dizer que ela teve uma
intervenção no âmbito da relação material subjacente (no âmbito do acidente).
A legitimidade não é um requisito de procedência da ação, ela é um requisito necessário para que o juiz se
possa prenunciar quando à procedência ou improcedência da ação.
Art 30—terá legitimidade quem é interessado no âmbito da ação, mas há exceções, ou seja, não é
necessário ter interesse no âmbito da ação. Na prática terá legitimidade o interessado no litígio, nessa
medida o legislador no art 30 nº1 estabelece que o autor será parte legitima quando tiver interesse direto em
demandar e o réu será parte legitima quando tiver interesse direto em contradizer.
Art 30 nº3—o legislador estabelece um critério supletivo, dizendo que na falta de indicação da lei em
contrário, são considerados titulares do interesse relevante para a legitimidade os sujeitos da relação
controvertida, ou seja, em princípio quem têm intervenção no âmbito da relação jurídico processual, tem essa
intervenção porque é parte legitima.
Para saber se há legitimidade ou não devo atender à petição inicial e ver se o autor configurou a relação
jurídico-processual nos mesmos moldes que configurou a relação material, ou seja, se na petição inicial ele
tiver dito expressamente que celebrou um contrato com B e instaurou uma ação contra B então eu tenho a
questão da legitimidade arrumada, independentemente de ter que saber da questão relativamente ao mérito.
Se A teve um acidente de viação com B porque motivo deve instaurar a ação contra C? (sendo que B é o
interveniente no acidente e C é a companhia seguradora)
O A instaura a ação contra a companhia seguradora, mas esta vem dizer que é parte ilegítima da
ação porque não se encontrava pago o prémio do seguro, então não havendo seguro válido e eficaz
a ação deveria ter sido instaurada contra B. A ação foi instaura contra C porque presumivelmente ela
seria a responsável da ação, mas só com o decorrer da ação é que vão surgindo argumentos.
Legitimidade plural
Temos uma pluralidade ativa (mais que um autor) e uma pluralidade passiva (mais que um réu) ou
então uma pluralidade mista (mais que um autor e um réu).
Saber se a pluralidade se enquadra num litisconsórcio ou de uma coligação
Litisconsórcio
. Litisconsórcio necessário de fonte legal ou fonte natural ou fonte provocada (art 33): Esta é a regra
especial
a. Por vezes há uma obrigatoriedade da ação ser instaurada por todos ou contra todos, quando
isso sucede temos as situações de litisconsórcio necessário, que são as situações que na
sua esmagadora maioria estão publicadas no art 33 apesar de uma delas não estar neste
artigo, isto é, se o litisconsórcio necessário é a exceção como é que posso identificar que
estão perante uma situação de litisconsórcio necessário?
i. Temos que ter a identificação da fonte que dá origem ao litisconsórcio necessário
então precisamos de saber com recurso ao art 33 que umas das fontes que dá
origem ao litisconsórcio necessário é a fonte legal, por vezes, o legislador diz
expressamente que aquela pretensão tem que ser exercidas por todos ou contra
todos. Porque é que a ação tem que ser instaurada pelo dois ou contra os dois?
(esta pergunta deriva de um caso prático)
jurídica não vai acautelar o efeito útil normal, os seja, neste caso em
concreto a ação só vincula as próprias partes, normalmente as
decisões judiciais não vinculam terceiros que não tenham
intervenção na ação.
O E e o F não estando eles na ação, eles não eram acautelados
pelos efeitos da decisão judicial, logo neste caso, iriamos ter uma
ilegitimidade porque perante uma situação de litisconsórcio
necessário de fonte natural por via do art 33 nº2, o facto de não
estarem presentes todos os interessados na ação implicaria que os
que estão na ação teriam que ser absolvidos na instância
b. Situações de constituição de servidões
3. Fonte provocada, art 316 a 320, que está relacionada com os incidentes de
intervenção de terceiros, designadamente com o incidente da intervenção
principal provocada que é uma forma de ultrapassar situações de potencial
ilegitimidade. O juiz perante a ilegitimidade por parte do B, C, D, E e F
poderia convidar as partes a suprir uma exceção dilatória que fosse sanável,
neste caso, esta ilegitimidade era sanável através da intervenção das partes
que estão em falta, designadamente do E e do F, podíamos chamar a juízo o
E e o F e a partir do momento que eles compareciam à ação, estava sanável
a ilegitimidade. E e F são terceiros porque no início não foram chamados a
processo.
A possibilidade na absolvição da instância de se vir instaurar uma outra ação para se apreciar o direito que
estava em causa porque se a ação termina através de uma absolvição da instância, ou seja, perante uma
decisão de natureza puramente processual, não se averiguou no caso em concreto se de facto há ou não
motivos para o A pedir a decisão de coisa comum, logo há possibilidade no âmbito de uma outra ação de
instaurando uma mesma ação contra B,C,D, E e F de atingir o prepósito dessa ação.
A absolvição da instância implica que o réu seja absolvido deste processo em concreto o que não impede
que ele volte a ser réu no âmbito de um outro processo ou de uma outra ação, para apreciação do mesmo
objeto ou da mesma relação material controvertida. Normalmente há uma verificação da exceção dilatória,
esta pode ser: uma ilegitimidade, falta de capacidade judiciária, a nulidade do processo, exceção dilatória
atípica ou inominada. Mas para ter uma absolvição da instância em princípio tenho a verificação de uma
exceção dilatória, em princípio porque, por exemplo, no âmbito da ação de impugnação judicial da
regularidade e ilicitude de despedimento, uma das consequências que estava prevista para o simples facto
de a parte ter instaurado essa ação quando devia ter instaurado a ação sobre forma de processo comum, era
a absolvição da instância, mas este caso não está previsto no art 577 CPC apesar disto tenho que considerar
que neste caso há uma exceção dilatória.
Normalmente quando estamos perante a absolvição da instância, em princípio é sempre uma questão
processual que não foi sanada no âmbito daquele processo.
Absolvição do pedido o réu é absolvido não só neste processo como em qualquer processo futuro porque
se apreciou o próprio objeto ou o mérito da causa, não pode haver a apreciação 2 vezes sobre a mesma
questão jurídica por via do chamado caso julgado (efeito material do caso julgado).
Coligação
Art 36—causas ou circunstâncias que dão aso à coligação, que também são designadas por
requisitos substantivos ou positivos, ou seja, pelo menos uma das 4 circunstâncias que estão
previstas no art 306 tem que estar verificadas para que nós possamos ter uma situação de coligação.
Os requisitos são:
A par dos requisitos substantivos tenho que ter os requisitos adjetivos e tenho que ter uma
cumulação entre eles, ou seja, tenho que ter os requisitos adjetivos mais os requisitos
substantivos, estes não têm que estar todos verificados basta um deles, portanto associada a
essa circunstância substantiva tenho que ter os requisitos/circunstâncias adjetivos, aí é que
há cumulação. Para ter uma cumulação posso ter o art 36 nº1 1ºparte ou o 36 nº1 2ºpoarte
ou o 36 nº2 e 3, o que tenho que ter é que somado a um destes os requisitos adjetivos.
o Art 37—normalmente falasse nos obstáculos à coligação. Na coligação temos mais que um
pedido, quando estamos sob formas de processos diferentes isso é um obstáculo à
coligação, a não ser que se considere que a tramitação é compatível, por exemplo, se tiver
um processo comum e um processo especial, a tramitação do processo especial deve ser
similar à que é adotada no processo comum e se assim for a diversidade do processo pode
ser ultrapassada, mas normalmente poderíamos chegar à conclusão que a diversidade de
valores poderia impedir a coligação, por exemplo, a diversidade do processo comum de
declaração (processo ordinário, sumário ou sumaríssimo) normalmente não era possível ter
coligações entre estas 3 formas processuais porque a diversidade do valor impedia que isso
sucedesse, agora se tiver um individuo a reclamar 100 000€ porque os danos foram
avultados e o outro vai reclamar apenas 1000€ porque o único azar que teve foi a televisão
ter-se estragado isso não é impedimento à coligação.
Exemplo: o temporal originou ventos fortes, os ventos foram os causadores do telhado ter sido
levantado, originou um relâmpago e este foi embater em casa de outro (é o facto) e um outro caso é
que a água entrou na loja de um terceiro (é um facto), apesar de tudo o facto não é o mesmo, o facto
é o temporal. Neste caso em concreto existem 3 contrato de seguro, um por cada um dos
intervenientes, por isso, é que associamos esta questão ao art 36 nº2.
Quer na coligação, quer no litisconsórcio temos apenas um processo, mas na coligação existe uma
cumulação de ações no sentido de direito de ação, ou seja, o direito que eu tenho de intervir no
tribunal quando há uma violação do direito, mas estas 2 ações só existem no âmbito de um processo.
Na prática, quando instauro uma ação de coligação vou ter que adicionar o valor do pedido que está
a ser instaurado por A, ao valor do pedido que está a ser formulado por B (=pedido cumulativo).
Normalmente quando temos a responsabilidade contratual o que está na génese da ação é o próprio
contrato de seguro, a causa de pedir é o próprio contrato, é o facto de existir contrato porque não
existindo não existe responsabilidade.
o Exemplo: celebração de um contrato de trabalho entre A e B, o A é trabalhador e não recebe
determinadas quantias pecuniárias, este pode avançar para o tribunal com a base na causa
de pedir do contrato de trabalho e o facto é não estar a ser pago.
Na coligação, quem tem poder para coligar as partes é o mandatário, ou seja, o advogado e, neste
caso, o advogado tem que ser o mesmo, porque se não fosse o caso teríamos uma apensação do
processo. No caso acima, cada uma das pessoas lesadas instaura um processo autonomamente e o
juiz deteta que o que está em causa é a apreciação de uma clausula que tem haver com as
condições atmosféricas.
Exemplo: exclusão de responsabilidade quando estamos perante tempestades, se o tribunal vai apreciar se
há ou não responsabilidade por parte da companhia seguradora partindo do pressuposto que naquele
tribunal estão 3 ações com o mesmo pressuposto então o tribunal pode ordenar a apensação, ou seja, o juiz
oficiosamente pode ter um papel essencial a desempenhar em termos de apensação dos processos. Mas a
nível e coligação temos o mesmo mandatário que está a representar 3 pessoas diversas e que fruto de uma
circunstância que as aproximou vai instaurar a ação demandando a mesma companhia seguradora.
Interesse processual
É o único pressuposto que não está expressamente escrito na lei e traduz-se na necessidade de tutela
judiciária, ou seja, sempre que recorro a tribunal tenho que ter um motivo para o fazer.
Exemplo, ação declarativa de condenação tenho interesse processual quando existe uma violação de um
direito, ou seja, quando eu tenho uma violação de um direito tenho automaticamente interesse processual no
âmbito de uma ação declarativa de condenação.
Exemplo 2, ação declarativa constitutiva tenho interesse processual quando eu tenho ou quero exercer um
direito potestativo com necessidade de recurso à via judicial porque caso não tenha necessidade de recorrer
à via judicial eu posso não ter esse interesse processual. É a diferença entre uma ação de divórcio com
consentimento de ambos os conjugues ou uma ação de divórcio sem consentimento de ambos os conjugues,
se a outra parte não concordar com esse divórcio então eu vou ter de recorrer a tribunal então no caso da
ação declarativa constitutiva eu posso dizer que o que é exigível para efeitos de interesses processuais é que
o direito potestativo seja exercido pela via judicial.
Exemplo 3, ação declarativa de simples apreciação tenho interesse processual quando (ele não completou)
A ação de condenação gera absolvição do pedido em vez da absolvição da instância, as outras geram
absolvição do réu da instância. A especificidade da falta de interesse processual é essa.
Casos práticos
António casado com Fernanda propôs contra Ernesto de 16 anos de idade uma ação de
reivindicação de propriedade que Ernesto dizia ser sua. A propriedade situava-se em Guimarães e
tinha o valor de 122 000 000€. A ação foi proposta no juízo central cível de Penafiel. Esta ação foi
proposta por uma solicitadoria amiga de António.
R: o valor da ação é de 122 000€ art 302º nº1
Neste caso temos vários problemas: a menoridade do réu, o facto de o autor ser casado e só ele ter
proposta ação e ainda o facto da ação ter sido proposta em Penafiel quando a propriedade se
situava em Guimarães.
O pressuposto que esta em causa é da legitimidade
Art 34 remissão para o art 1682 CC, esta ação tinha que ser proposta por ambos os conjugues ou
por um com o consentimento do outro, neste caso não tivemos o consentimento dela portanto,
temos uma ilegitimidade processual ativa, isto configura uma exceção dilatória/processual porque
falta o pressuposto processual que é o da legitimidade (art 577 alínea e)
A consequência da falta do pressuposto da legitimada é a absolvição do réu da instância (art 576
nº2 1º parte e art 278 nº1 alínea d). A exceção é suprível através do conjugue prestar o seu
consentimento ao António (art 6 nº1 e 590 nº2 alinea a) o juiz está obrigado a convidar o autor a
suprir essa ilegitimidade mediante a obtenção do consentimento da mulher para aquela ação.
Quanto ao réu (16 anos), carece de capacidade de exercício, é uma exceção dilatória que é sanável
(art 15 remissão para o art 27) (art 577 alínea c) (art 578 nº1 alínea c ; art 576 nº2 1 parte) o juiz
está obrigado a convidar os representantes do menor para intervirem na ação e ratificarem o
processado, se não fizerem isso o juiz tem que absolver o réu da instância.
Patrocínio judiciário—art 40, nas ações que admitam recurso ordinário é obrigatório a constituição
de advogado (remissão para o art 629), desde que a ação tenha valor superior à alçada do tribunal a
que se recorre e a parte em que a decisão e desfavorável tem que ser superior aos valores que está
no art. Neste caso, quem perder pode recorrer porque o seu decaimento é total (valor do caso
122 000 000€), temos aqui uma exceção dilatória (art 577 aliena h) que é sanável (art 41) sob pena
de absolvição do réu da instância
Competência do tribunal—art 70 nº1 tem que ser em Guimarães, esta pertence à comarca de
Braga, atendendo ao valor da ação e da forma de processo o juízo competente seria o juízo central
cível de Guimarães (mapa III ROFTJ)
Incompetência em razão do território nos termos do art 102, incompetência relativa do tribunal art
105 nº3 art 577 alínea a, a consequência era a remessa do processo para o tribunal competente.
2) O juiz que não morre de amores por E faz queixa do mesmo pela prática de crime de
procuradoria ilícita. Considera que o juiz agiu corretamente?
Estamos perante uma questão quanto aos pressupostos processuais, mais
precisamente o pressuposto processual do patrocínio judiciário, que implica a
representação em juízo por um profissional do foro em determinadas matérias em
determinadas ações.
Quando é que sabemos se numa determinada matéria é necessário a constituição de
advogado? Art 40 Neste caso é obrigatório a constituição de advogado com base no
art 40 alínea a), sendo assim, não era um advogado que estava a patrocinar a autora,
mas sim um estagiário. O advogado estagiário não está incluído no art 40 nº2, pois
este não fez apenas um requerimento, subscreveu a petição inicial.
O mandato judicial podia ser exercido plenamente por advogados e podia ser
exercido restritamente por advogados estagiários ou solicitadores, significa que,
neste caso ele era advogado estagiário, por isso, podia exercer restritivamente o
mandato judicial, por exemplo, pode fazer requerimentos, mas quanto ao restante,
designadamente, assumir patrocínio na sua plenitude não o pode fazer. A
consequência legal é um crime de procuradoria ilícita.
O juiz não agiu corretamente pois não houve a prática de um crime de procuradoria ilícita.
Qual é a consequência jurídico-processual da subscrição da petição inicial pelo E
desacompanhado de advogado ou patrono? É uma exceção dilatória (art 577 alínea h), a
consequência da verificação de uma exceção dilatória é a absolvição do réu da instancia (por
norma), mas neste caso há uma previsão legal, ou seja, no âmbito do regime que regula o
patrocínio judiciário há uma disposição legal que concede uma oportunidade ao autor de
sanar esta falta de pressuposto de patrocínio judiciário, art 41 “notificação para constituir
advogado dentro de um prazo certo”, ou seja, o juiz detetando falta de verificação do
pressuposto processual iria notificar o autor para ele dentro de determinado prazo
(normalmente 10 dias) sob pena de absolvição do réu da instância.
Quanto à competência interna temos que averiguar a, hierarquia, matéria, valor e território.
Art 60 nº2 CPC, art 37 nº1, 40, 41, 42 e 43
Quanto à hierarquia: temos os tribunais de 1ªinstancia, tribunais da relação e o Supremo
tribunal de justiça (a nível da repartição vertical da competência) —via de regra os tribunais
de acesso são os de 1ªinstância, mas há algumas exceções que prescrevem que certas ações
devem ser instauradas junto dos tribunais superiores, neste caso em concreto não tínhamos
nenhuma dessas exceções, logo, seria instaurada junto de um tribunal judicial de
1ªinstância.
Quanto à matéria: especialização está patente não só nos tribunais de 1ºinstância, mas
também nos tribunais superiores, por exemplo, para efeitos de recurso temos juntos dos
tribunais superiores secções especializadas.
Tribunais de competência especializada (art 81 nº3 LOSJ) vs. competência genérica: os
tribunais de competência especializada são tribunais que conhecem de determinadas
matérias determinadas independentemente da forma de processo, apesar de no art 117 já
implica que um tribunal de competência especializada conheça de matéria especializada
mas atendendo à forma processual, por isso, é que o legislador ao abolir os tribunais de
competências especifica em bom rigor não os aboliu porque na prática os juízes centrais e
locais cíveis são tribunais de competência especifica, ou seja significa que os tribunais de
competência especifica eram aqueles tribunais que conheciam de determinadas matérias
atendendo á forma de processo aplicável. Ex: eu se tiver uma forma de processo especial
automaticamente vou ter o conhecimento por parte de um juízo local cível, ou não havendo
juízo local cível, um juízo de competência genérico, mas se tiver um processo comum
acoplado a um determinado valor, vou ter um juízo central cível.
Neste caso, vamos ter que ir ao art 81 nº3 alínea a e b, estamos perante um juízo local cível,
para isso temos que ir ao critério da competência em razão do valor porque se for ao art 117
nº1 a LOSJ) deteto que o juízo central cível é aquele que conhece de processos comuns com
valor no mínimo de 5000,1€. Sendo assim, o valor desta ação é superior, logo o critério da
matéria acompanhado do critério do valor permite-nos chegar à conclusão que será um
juízo local cível (se existir).
Quanto ao território: mapa III, a nível territorial vais nos permitir saber se no foro em
concreto, que era o foro real que é no foro das situações dos bens (art 70 nº1 CPC- ação de
divisão de coisa comum), o bem localizava-se em Celorico de Bastos, que pertence à
comarca de Braga. Temos que ir ao tribunal judicial da comarca de Braga e procurar onde é
que esta ação seria instaurada, temos que ir ao tribunal da comarca de Braga e ver se
Celorico de Bastos tem um juízo local cível, neste caso, não tem, temos que ir ao juízo de
competência genérica
Quanto ao valor: art 66 CPC, art 41 LOSJ, art 117 e art 130
R: O tribunal competente para esta ação seria o tribunal judicial da comarca de Braga, mais
precisamente o juízo de competência genérica de Celorico de Bastos