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BOLETIM @GEOGRAFICO INFORMACOES NOTICIAS BIBLIOGRAFIA LEGISLACAO CONSELHO NACIONAL DE GEOGRAFIA INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA ANO XXII - Novembro—Dezembro de 1963 Ne 177CONSELHO NACIONAL DE GEOGRAFIA SECRETARIA-GERAL (OncKo Exxcuzrvo CENTRAL DE FINALIDADE ADMINISTRATIVA E CULTURAL) Secretdrio-Geral SPERTDIAO FAISSOL tario-Assistente Wrson TAvora Mata Consultor Juridico AtsERTO Raga GABAGLIA DIVISAO DE ADMINISTRAGAO Diretor — Epwatvo Mareus DIVISAO DE CARTOGRAFIA Diretor — C@uato Rosento DE HoLANDA OLIVEIRA DIVISAO DE GEODESIA E TOPOGRAFIA | Diretor — Donrvat, Ferrart DIVISAO DE GEOGRAFIA Diretor — AwtOnto Terxera GUERRA DIVISAO CULTURAL Diretor — Antéwto Terxera GUERRA BOLETIM GEOGRAFICO Responsdvel SpERrrio Farssou Diretor Antonio Terxerra GUERRA Secretério JbL0 Romo pa Siva Encarregado da Redagdo Auvaro DA SiILvERA FILHO ° O “BOLETIM” ndo insere matéria remunerada, nem aceita qualquer espécte de publicidade comercial, néo se responsabilizando também pelos conceitos emitidos em artigos assinados. ASSINATURA ADO oo eeeeeeeee eee ereeee see Cr$ 360,00 REDAGAO CONSELHO NACIONAL DE GEOGRAFIA Avenida Beira-Mar, 436, telefones 42-5704 — 42-4466 Edificlo Iguacu Rio de Janeiro ESTADO DA GUANABARA (Enderéco telegréfico) — SECONGEO. We ask for exchange On démande Péchange Oni potas interéangan ‘Man bittet wn Austausch ‘Si richiede le scambioBOLETIM GEOGRAFICO NOVEMBRO-DEZEMBRO LE 1963 | Ne 177 ONA XXII Sumario TRANSCRICOES: Problemas na geomorfologia brasileira suscitados por pesquisas efetuadas no vero de 1951 — JOHN LYON RICH (p. 685) — A nogdo do género ae — MAX SORRE (p. 711). ida e seu valor atual TEXTOS RAROS: Tratado Descriptivo do Brazil em 1587 — GABRIEL SOARES DE SOUZA (p. 721). - RESENHA E OPINIOES: Estudo Estatistico da Distribuigio Cronolégica das “Sécas” no Cearé — JOSE ALBERTO MAGALHAES CASTRO — (p. 736) ~ Producdo Mineral, Conservacéo de Minérios ¢ a Situacio Atual — SYLVIO FROES ABREU (p. 744) — 0 Vale do Parana ERNESTO MONTENEGRO (p. 752) — © Iémen (p. 754) — © sol ajuda a desvendar os mistérios da Antartida (p. 755). CONTRIBUICAO AO ENSINO: O Ensino de Coordenadas Geogrificas — FERNANDO ARAUJO PADILHA (p. 758) — Como Ensinar Geografia — PROF. JAMES B. VIEIRA DA FONSECA (p. 768) — © Bstudo Dirigido em Geogtafia — PROF..PERNANDO ARAUJO PADILHA (p. 161) — Sugestdes para o Desenvolvimento da Unidade Didatica “A Ciéneia Geog — 19 ano colegial, —- PROF. MAURICIO SILVA SANTOS (p. 770). : fica” NOTICIARIO: Presidéncia da Repiblica — Instituto Brasileiro de Geografia ¢ Estatistica (p. 777) — Ministerio. das Relagdes Exteriores (p. 762) — Ministério da Agricultura (p. 782) — Ministério da Guerra (p. 782) — Ministério da Marinha (p. 782) — Instituigdes Particulares (p. 782) — UNIDADES FEDERADAS — Amazonas (p. 783) — Espirito Santo (p, 783) — Guanabara (p. 783) —, Mato Grosso (p. 785) — Minas Gerais (p. 786) — Para (p. 786) — EXTERIOR — Estados Unidos (p. 706). : BIBLIOGRAFIA E REVISTA DE REVISTAS: Registros e Comentérios Bibliogréficos — Livros (p. 189) — Periéaicos (p. 790). LEIS E RESOLUCOES: Legislagio Federal — tntegra da Legislagao de Interésse Geografico — Atos do Poder Executive (p. 793) — Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistiea — Con- setho Nacional de Geografia — Resolugdes da Assembl6la Geral (p. 796). 1 — 33907Transcrigées Problemas na geomorfologia brasileira suscitados por pesquisas efetuadas no verdo de 1951 Fonte: Boletim n° 146 da Faculdade de Filosofia, Ciencias e Letras da Uni- Tchonal ener onset versidade de Sfo Paulo * INTRODUGAO No decurso de trés meses de permanéncia no Brasil meridional, um. visi- tante estrangeiro ébviamente nfo pode fazer muito para solucionar os diversos problemas geologicos apresentados em téda a parte désse fascinante pais, mas, tendo um ponto de vista atualizado, pode, talvez, prestar servico, assinalando alguns dos proeminentes problemas que Ihe chamem a atencdo, e acrescentando algumas. observagdes pessoais sobre os mesmos. Nas excursdes de campo a varias regides, numa estensio de 800 quilémetros dentro de Sao Paulo, sob a eficiente direcdo dos Drs. Josué Camargo Mendes, Rui Osorio de Freitas, Joao Dias da Silveira e Reinhard Maack, assim como nas excursées do Quinto Congresso Brasileiro de Geologia, no Parana, muitos dés- ses problemas se apresentaram para discussio. Nas paginas seguintes, alguns dos mais interessantes déles serao apresen- tados e comentados em resumo. Seré mais conveniente fazer os comentarios com referéncia as varias excursdes de campo e as varias regides visitadas para ésse fim, mais ou menos na ordem em que as excursdes foram realizadas. EXCURSAO A PARTE CENTRAL DO ESTADO DE SAO PAULO a) Superficie desnuda pré-carbonifera perto de Itu Entre Itu e Salto de Itu, na estrada Itu-Indaiatuba, o granito encontra-se amplamente exposto a leste da estrada, em ambas as margens do Tieté. O aspecto da rea granitica é de terraco ou banco de t6po relativamente plano, entre as planicies a oeste, com rochas permocarboniferas subjacentes e colinas de rochas cristalinas pré-paleozdicas a leste. Este terraco rochoso é cortado em vale jovem pelo Tieté, e um tanto dissecado pelos seus pequenos tributarios. O. que ha de mais notavel a respeito dessa area “granitica”, além de sua formacao em terraco de tépo achatado, circundando uma regido de colinas a leste, é a condicao comparativamente recente do granito. O profundo solo residual que cobre a maior parte da area cristalina do Sul do Brasil, néo so desenvolveu aqui. Por qué? “A sugestiao feita aqui é a de que a 4rea sob discussio seja uma superficie pré-cambriana despida de, sua primitiva capa de sedimentos glaciais relativa-' mente fracos, tao recentemente que o granito abaixo désse capeamento nao teve tempo ainda de sofrer profundamente os efeitos da meteorizacio. Dirigindo-se a leste de Sorocaba para Sao Paulo, julguei ter reconhecido um terraco semelhante orlando as colinas mais altas a leste de Sorocaba. Seria interessante verificar a extensio désse fendmeno e confirmar ou néo a ex- planacéo acima exposta. Alids, descobri que De Martone, 1940, p. 5, fig. 2 ep. 8 e no mapa oposto A pagina 80, discute e apresenta em mapa ésse ter- raco desnudado e da essencialmente a mesma explanacéo. © ‘Tradugho de Joaquim Franca.666, BOLETIM GEOGRAFICO Fig. 1 — Varvitos da pedreira de Itu. Leitos de silte separados por delgade lamina de argila zistosa. Fig. 2 — Detathe de leitos no varvito de Itu. Em “B” e “C" leitos de silte, mostrando enrugamento ou encarocamento como o apresentado na fig. 5 Estratificagdo cruzada em pequena escala 6 visivel a direita de “A”; indica movimento da agua da diretta para a esquerda, ou grosseiramente NW 75°. Comprimento do canivete 87 mm. b) Varvitos a oeste de Itu A poucos quilémetros a sudoeste de Itu, encontra-se um lajeado com um tipo de rocha conhecido por “varvito”, por causa de sua semelhanca com as varves glaciais. Esta pedreira apresenta interessantes aspectos sedimenta- res que, quando interpretados com propriedade, poder&o esclarecer as con-TRANSCRICGGES Fig. 3 — Face da pedreira de varvito mostrando as marcas das ondulagées, indicando movimento da corrente da esquerda para a direita (aprorimada- mente NW 80°.) Os pontos escuros vistos em “A” slo areias depositadas na parte céncava das ondulacdes. Notar que a posigéo das _ondulagoes deslocou-se ligetramente no sentido da corrente, a cada deposicio sucessiva das camadas, eausando, assim, distintas marcas que se elevam em diagonal nd face da pedreira, Fig. 4 — Outra vista da mesma pedreira, tomada de cérea de 2 metros de @ltura. Em “A” so marcas que se acreditam terem sido feitas por ondu- lagdes que se _moveram mais rapidamente na sentido da corrente do que os da figura anterior, elevando-se aqui em Gngulo menor. Em “B”, outra cumada ondulada, mostrando a mesma direedo de movimento de todos os ‘outros leitos vistos na pedreira.03, BOLETIM GHOGRAFICO digdes sob as quais os varvitos foram depositados. Em primeiro lugar, sua notavel estratificacio plana (fig. 1) indica deposicio efetuada por grande extensdo de 4gua parada nao perturbada por ondas. A rocha é quase totalmente um silte, indicando que o sedimento que a decompée foi levado principalmente em suspensao. A maioria dos leitos de siltes contém delgadas laminacées (fig. 6) marcadas por ligeiras mudanvas na textura ou cOr, as quais, por sua horizontalidade, indi- cam sedimentac&o ou deposicao vertical, mas, em alguns lugares, o silte apre- senta camadas oriundas de pequenas correntes, como as da fig. 2 “A”, indicando que, em determinada época, uma leve corrente perpassou pelo leito, neste caso, na direcdo sudeste (a face da pedreira fotografada inclina-se aproximadamente na direcio NW 175°). Em outra parte da pedreira (figs. 3 e 4, ambas da mesma face, estenden- do-se da esquerda para a direita no sentido de Nw 80°), direcao idéntica ao movimento da Agua durante a deposi¢io, é apresentada por interessante tipo de corrente ondulada, cujas ondulacdes parece terem migrado muito ligeiramente corrente abaixo (para a direita), & medida que sucessivamente se iam deposi- tando, Estas condigdes permaneceram durante a deposicdo de cérea de 1 metro de camadas e, em seguida, deram lugar a uma deposicao peculiar de agua pa- rada, sem ondulagées ou sinais de corrente no leito. Um segundo periodo de Agua uniforme da mesma direcdo aproximada este-sudeste, esta indicado por cérca de 1,5 a 2 metros de altura na mesma face da pedreira (fig. 4), especial- mente pelos leitos A e B. Outro aspecto interessante observado na mesma pedreira é a super- ficie peculiar de algumas placas de silte, mostradas na figura 5. A super- ficie fotografada é composta de argila xistosa negra, mas a camada de argila 6 de apenas um milimetro de espessura entre os siltes que jazem acima e embaixo Vistos de seus bordos, os leitos que apresentam esta superficie peculiar, pa-- recem ter sido enrugados ou encrespados ligeiramente. Dois déles aparecem na fig. 2 em B e C. Um corte vertical através da amostra de uma placa, fig. 5, mostra claramente como uma fina camada de silte foi encrespada entre dois leitos muito delgados de argila negra (fig. 6). Esta condicdo parece indicar ligeiro movimento de fluicdo e adaptacao promovido pelo delgado e escorrega- dio leito de argila xistosa negra. Tal fluicdo sugere, pelo menos, leve inclina~ cao da camada no periodo da deposi¢éo, mas nenhum componente direcional consistente aparece na fig. 5. Colocando todos ésses aspectos juntos, concluimos 0 seguinte: a) deposi cdo em Agua parada, provavelmente numa superficie ligeiramente inclinada; b) periodos intermitentes de passagem de correntes fracas por sobre o fundo, com velocidade suficiente para produzir camadas de correntes e camadas ondu- ladas nos siltes, mas sempre fluindo essencialmente na mesma direcdo e com G0 pequena velocidade que as correntes onduladas, na direcao da corrente, pos- sam permitir o aumento de espessura do depésito, resultando na deposi¢ao dia- gonal dos ripplemarks, através das camadas a um Angulo de cérea de 45°, como © sugerido no desenho. anexo (fig. 7); ¢) indicacao de leve deslizamento de sedimentos montanha abaixo, depois da deposicdo, por sébre os planos lubrifi- cados por delgada lamina de argila negra, A combinac&o désses aspectos sugere que os sedimentos que compédem as rochas foram depositados nessa pedreira ou (1) na parte mais baixa do meio “clino” (Rich, 1951), onde o angulo da encosta era tao pequeno que a velocidade da corrente jamais foi suficiente para erodir o lédo préviamente depositado e, assim, fazer flowarks; ou (2) no jondoform contiguo ao clinoform, onde den- sas correntes levando 1édo .em suspensdo ainda existem, mas com velocidade de deflivio muito reduzida. Meios como éstes descritos acima podem ocorrer nas partes mais baixas da 4rea frontal de um delta (foreset), ou nas areas de fundo (bettomset), adja- centes & base do aclive frontal. A. deposicho de lédo e a quase completa auséncia de argila nas tochas da pedreira, indicam que o material mais fino na agua, levado para a bacia de sedi- mentagao seguiu mais adiante, antes de se depositar, enquanto'o material maisTRANSCRICOES 609 Fig. 5 — Superficie mais daiza de uma placa de varvito, mostrando, um tipo de enrugamento como os vistos na seccdo transversal em "A" da figura 2, Esta superficie € composta de uma camada de argila ristosa negra de cérea de 1 a 2 milimetros de espessura. Na fig. 6 apresenta-se em secgdo transversal, Dimensfo do canivete, 87 miltmetros. Fig. 6 — Detaihe da secedo em corte da placa da fig. 5. Notar a evidéneia do movimento do leito de silte enrugado, Noter também como o silte fot revolvido, tomando a forma de bolas aihatadas. ~ Posigdes sucessivas dos ripples - 1,2, efc. Fig. 7 — Desenho mostrando 0 efeito da migragdo das ondulagdes no sentido da corrente, @ ‘medida que a sedimentacdo se processava.670 BOLETIM GEOGRAFICO grosseiro, componente de areia, nao podendo ser levado em suspensio, foi depo- sitado sobre 0 unddjorm ou ‘em suas bordas, antes de aleangar 0 sitio da pedreira de Itu. ‘As camadas de silte, tais como as encontradas nesta pedreira, podem ter sido originadas de correntes densas, geradas por aguas lamacentas revolvidas sobre 0 undaform (baixio) adjacente, por tempestades, enquanto a argila xis- tosa representa o material depositado durante o periodo da calmaria entre as tormentas. Ou, as variacdes do lédo para a argila pode representar a diferenca de material fornecido no verao, daquela do material de inverno, por causa da fusie do gélo no verdo. Fig. 8 — Parte mais batza da formapéo Irati numa pedretra perto de Assisténcia, tomada de uma distancia de 6 metros. Os 1,75 m mais daizos ado constituidos de fatzas de calcdrio siticoso macico. Logo acima aiternam-se camadas déste calcdrio com o zisto negro Detuminoso, Comprimento do martelo, 30 centimetros. ©) Formacéo Irati e suas possibilidades como. matriz de -petréleo __, 4 formacdo Irati, como a encontrada em Assisténcia, sul de Rio Claro, con- siste de leitos de calcério escuro e argila xistosa (figs. 8 e 9), Concrecdes deTRANSCRICOES on silex e substituigéo déste pelo calcério sio comuns. Ocorrem, com freqiiéncia, cavidades nas concrecées ou em volta destas, e a maioria delas esta repleta de denso petrdleo. Fig. 9 — Mesma posicéo da fig, 8 tomada de uma distancia de 15 metros, mostra céroa de 13 metros de leitos planos alternados de ‘ealedrio ¢ zisto betuminoso, ‘A consideravel espessura e dbvia natureza betuminosa desta, formagio me faz crer num leito capaz de gerar petroleo, mais profundo na bacia do Parana, 0 fato de que o dleo no extremo do veio é denso no significa um indicio desta- vordvel, porque todo o dleo nessas condicdes tende a ser denso, devido a um processo de oxidacdo. A formagao Irati me parece apresentar tédas as caracteristicas para um fondo, depésito feito em bacia fechada, sem arejamento, suficientemente pro- undo de modo a no permitir que ondas revolvam o fundo. Se esta bacia foi maritima ou um lago, parece-me ser ainda uma questao a discutir. © conglomerado na base da formacio Irati esta exposto no leito do rio em Assisténcia, a pouca distancia a leste da estrada (fig. 10). Estabelece interes- sante problema quanto & possibilidade de ser um conglomerado basal de um lagoor BOLETIM GEOGRAFICO adiantado, ou de um mar, ou se foi depositado no leito de um rio. © conglome- rado contém numerosos seixos de varios tamanhos, consistindo a maioria de grande variedade de silex, embutida numa matriz de tipo aluvional, contendo Erdos finos de areia e lédo de grande variedade, assim como consideravel quan- tidade de caulim, que pode ter vindo da decomposicéo de gréos de feldspato. © conglomerado de cérca de um metro de espessura esta coberto por uma cama- da de cérea de 46 metros de areia bem estratificada, que parece ter sofrido a agdo do movimento ondulante das Aguas. Essa areia, por sua vez, esta sobre- posta por uma camada de argila cinza e xistosa, da qual apenas a parte’ mais baixa esta exposta, Nao vi a secedo entre esta argila e a base da parte calcaria da formacdo Irati. Fig. 10 — Conglomerado na dase da formacde Irati. Céroa de 200 metros rio acima da estrada em Assisténcta, Em “A” € conglomerado; “B” areia ‘estratificada em ondulagdes; ¢ “C” argila xistosa. Quanto ao meio de deposicao, a seqiiéncia exposta no leito do rio indica que 0 depésito basal teve origem num mar avangado, ou lago, que aprofundou um pouco mais rapidamente, de modo que apenas 46 centimetros de arcia estrati- ficada acima do conglomerado representam o tempo durante o qual a profundi- dade foi suficientemente pequena de modo a permitir que o fundo fésse traba- Thado pelas ondulagées de agua. A argila xistosa no tépo da exposicao é interpre- tada como de tipo fondo, depositada antes de a agua ter-se tornado acida como resultado, ou do aumento na profundidade, de modo a nao ser mais arejada pela acéo das ondas, ou de uma condi¢&o de bacia fechada. A seceao indica submersio t&o répida que nao houve tempo para depésitos clino serem construidos fora déste local, antes que as condicées de fondo sobre- viessem. Se o conglomerado na base da formacdo Irati é um depésito basal disperso, lembrando a invasao de grande volume d’4gua, ou um depésito local de rio, podia * provavelmente ser determinado definitivamente pelo estudo daquele contacto basal em outros lugares adjacentes. Se feito por um rio, deve ser decididamente local a sua ocorréncia; se por extenso volume de agua, deve ser disperso. d) Indicagéo de um bloco falhado entre Indaiatuba e Campinas Ao longo da estrada entre Indaiatuba e Campinas, e mais préximo a esta ‘iltima cidade, notamos interessante aspecto geomorfolégico, que parecia ter importante ponto de apoio no problema da histéria geoldgica da regido: umaTRANSCRICOES 13 conspicua, longa, abrupta e relativamente reta topografia de ruptura, com um relévo de cérea de cem metros entre o terreno mais baixo nos depésitos glaciais do permocarbonifero e o topo aplainado das terras altas de rochas cristalinas pré-paleozdicas. A retido e o tipo angular destas linhas de rupturas no relévo parece excluir a possibilidade de sua representacdo na topografia erosional nor- mal nas ‘rochas uniformes. : Varias alternativas de possiveis explicacdes tém-me ocorrido, as quais sio comentadas resumidamente a seguir: relévo acidentado de erosio fluvial normal no granito pode ter sido soterrado por depésitos glaciais e mais tarde exumado. Mas a retiddo da linha de ruptura e sua’ angulosidade na topografia se opde a esta explicacdo. A area pode ter sofrido uma falha na sua estrutura, soterrada por depésitos glaciais, peneplanada e depois erodida diferencialmente, deixando as reas cristalinas na sua elevacio primitiva; ou a area pode ter sido coberta por depésitos glaciais, em seguida falhada, peneplanada e, finalmente, sofrido a erosdo diferencial originando a atual topografia. A terceira explicac’o parece-me a que melhor se coaduna com os fatos ob- servados. Opina pela falha pos-glacial e posterior peneplanizacio. Parece pro- vavel que uma anilise cuidadosa da geomorfologia da regiao que limita a mar- gem oriental das rochas paleozéicas, lancaria muita luz na historia geologica dos bordos orientais da ‘bacia do Parana. Consideravel grupo de mesas de capeamento magmatico situadas nas terras baixas drenadas pelo rio Piracicaba, a oeste da pequena vila de Pérto J. Alfredo, parece indicar se é uma estrutura deprimida naquela Area ou uma sinclinal. Se for esta ultima, pode haver um encerramento estrutural a oeste dessas me- sas, que pode ser de interésse no que se refere 4 exploragao de petrdleo. e) Notas sébre a geomorfologia da parte central leste do estado de Séo Paulo Estas notas so resultantes de um percurso de automével feito nas estradas Itu-Campinas-Limeira-Rio Claro-Sio Pedro-Piracicaba-Campinas. Os rios da regiao nao estéo ainda nivelados, pois correm em leito de rochas em muitos lugares, em vales de fundo relativamente estreito. Tanto as pequenas quanto as correntes maiores apresentam éste aspecto. As corredeiras no rio em Piracicaba sdo tipicas destas correntes. maiores (fig. 11). Ai e em muitos outros lugares as quedas d’agua sio causadas pela passagem do rio sObre sills de diabasio, mas Fig. 11 — Corredeiras do rio Piracicaba formadas pelo seccionamento da corrente por um sill em diabésio.om BOLETIM GEOGRAFICO mesmo rochas tio duras como o diabasio podem ser nivéladas com rapidez pelas grandes caudais, Portanto, estas condigdes indicam uma retomada de erosio na regio. © nivel geral do planalto entre 700 e 800 metros acima do nivel do mar, sugere que um peneplano mais ou menos completo foi uma vez formado naquele nivel. Isto 6 bem demonstrado pelos topos planos das rochas cristalinas circun- jacentes a sudoeste e sul de Campinas. @ ilustrado pela fig. 12 tomada da escarpa de Botucatu, norte de Rio Claro. Na fig. 12, a superficie do planalto ea linha de horizonte 4 direita pertencem, ao que penso representar, o peneplano, ea mesa A esquerda é parte da escarpa de derrame magmético de Botucatu, a que se eleva como uma cuesta acima do nivel do peneplano. O mesmo aspecto apa- rece na fig. 13, tomada da escarpa de Botucatu para noroeste de Rio Claro. As mesas a distancia, situam-se no peneplano e séo capeadas por lavas tridssicas Os topos das mesas de lavas, localmente mais ou menos planos, nao me parecem ter nenhum significado com relacko ao peneplano mencionado acima, mas po- dem ser referidos como 0 mais recente ciclo de erosio. Abaixo do nivel do peneplano, nitidos bancos aparecem nes lados do vale, onde quer que aflorem rochas resistentes. Pig. 12 — Oihando na direedo NE 82° da estrada vé-se 0 capeamento mag- * mético sobre a escarpa do arenito Botucatu, norte de Rio Claro — Sao Paulo. A escarpa é a face da cuesta que se eleva acima do nivel geral do ‘peneplanc, vistvel a direita ao fundo. Fig. 18 — Othendo ng diregtio SW 43° da estrada, véem-se as mesas capeadas da esoarpa de Botucatu. Aa meoas situam-se no peneplano = ‘mencionado no texto. f) Possiveis arenitos de Furnas (Faxina) a oeste de Sorécaba De volta de nossa viagem a Iguape, na estrada de Itapetininga para Soro- caba (creio que muito mais perto desta ultima cidade), passamos por cortesTRANSCRIGOES ors recentes e muitas pedreiras ao longo da estrada, abertos no mais puro leito de arenito de estratificacha cruzada, em estado de meteorizacdo semi-incoerente Nossos guias nesta viagem, Drs. Osério de Freitas e Dias da Silveira, pareciam crer que o arenito possuia a maioria das caracteristicas fisicas (granulacdo, esfericidade e cardter do leito) dos arenitos devonianos, mais que dos permo- carboniferos. Parece-me uma idéia muito mais recomendavel, eriquanto os cortes das estradas e as pedreiras estejam recentes, proceder a ‘um cuidadoso estudo da- queles arenitos, a fim de determinar se sao mais uma fase dos arenitos desagre- gados de Furnas ou se sio permocarboniferos. A composicio mineral da areia pode, certamente, tornar possivel estabelecer a questao. A direedo geomérfica geral do veio de tal estrato arenoso pode muito bem determinar se a areia se tornaria desagregada pela aco do tempo ou se perma- neceria como formadora de escarpa, como em Furnas, no Parana, NOTAS SOBRE A GEOMORFOLOGIA DAS PLANICIES DE JUQUIA-IGUAPE-XIRIRICA E DAS PARTES ADJACENTES : DA SERRA DO MAR Sob a orientagio dos Drs. Joio Dias da Silveira e Rui Osorio de Freitas, visitamos as planicies de Juquid-Registro-Iguape, vindo pela estrada de Piedade e voltando por Sete Barras e Sio Miguel Arcanjo, com um desvio de itinerario de Pariquera-Acu a Xiririca, em Ribeira do Iguape. Descendo a encosta da serra do Mar, do divisor de drenagem, sul de Piedade a Juquid, esperava ver algumas indicacdes geomorficas da falha que se supoe a responsavel pelo grande escarpamento da serra do Mar,.mas, para minha surprésa, ndo pude achar nenhuma indicacdo defintiva dela. Em certo lugar nas vizinhangas de Taipiri, passamos o divisor de Aguas, entre a drenagem para o rio Parana e déste para a costa, numa regiéo maturamente dissecada, de relévo moderado, na qual a atual posiedo do divisor de Sguas nao podia’ ser determinada com um simples passeio pela estrada. Mas, finalmente, onde a estrada comeca a descer abruptamente, seguindo o vale, as dreas interfluviais também descem, mais ou menos no mesmo grau de inclinacio que a estrada. Em certo ponto, cérca da metade do caminho entre Tapirai e Capela do Porto, © declive da corrente que estamos seguindo se aplaina e se torna muito pequeno, abrindo-se em vale moderadamente amplo. Na parte final mais baixa déste trecho aberto, a corrente comeca a entalhar profundamente, formando uma garganta, enquanto téda a frente da montanha se apresenta mais intensa- mente dissecada. Mas as Areas interfluviais continuam ainda descendo na dire- ¢4o sul, aproximadamente na mesma. inelinago que a estrada. ‘Um olhar para sudeste do esporio montanhoso nesta seccio da estrada, mostra uma topografia madura. com picos inclinando-se gradualmente para sudeste no primeiro plano, e massas de altas montanhas, possivelmente in- cluindo a serra dos Itatins, ao longe no horizonte. Finalmente a estrada sai nas terras baixas maturamente dissecadas, com relevos de apenas 15 a 100 metros, os quais seguem, n&o longe do rio Juquid, para a cidade de Juquid. Em parte alguma dessa seccdo foi possivel reconhecer qualquer indicacao geo- mérfica de uma recente falha na escarpa, ou mesmo uma antiga linha de falha na encosta. Qual é a razio de ser do baixo declive désse trecho aberto no vale, que a estrada segue escarpa abaixo e das condi¢des de “suspensao” déste vale com relae&o ao declive muito acentuado da corrente, depois de entrar na garganta? Esta modificacdo no declive supunha-se, a principio, ter sido causada por falha, mas poderia ter causado ruptura no declive, em geral completamente plano, das terras altas (interfluviais) em ambos os lados.daquele vale. Naturalmente estande no fundo do vale, ndo nos achavamos bem situados para observar tal ruptura na topografia, mas se existe, escapou A nossa percepedo, embora esti- véssemos conscienciosamente & procura del: Outra possibilidade que explicaria as condigdes de “vale suspenso” observada, sem a necessidade de falha, é que a corrente, na parte de baixo declive do seue768 BOLETIM GEOGRAFICO curso, onde flui em vale aberto, pode ter sido contida por uma massa de rocha muito resistente, a qual ndo foi capaz de cortar com suficiente rapidez para manter as condigdes de declive. Tenho notado tais “vales suspensos” em muitos lugares no sul dos montes Apalachianos, onde nao ha possibilidades ‘de glaciacdo ou fatha recente para explicar as condicées de suspenséo, Em cada exemplo 14 pode ser mostrado claramente que a massa de rocha extremamente resistente no curso do rio é responsavel pelas condigdes de suspensio. Em Chimny Rock, poucos quilémetros a sudeste de Asheville, Carolina do Norte, um rio do mesmo tamanho que o que estamos discutindo’e tendo acima um vale aberto, verte por sébre os bordos de uma resistente massa granitica intrusiva, em um vale, cérca de 250 metros mais baixo, sem haver corte algum, nem mesmo um entalhe na resistente intrusiva, no tépo. da queda d’4gua, A minha opinido é de que tais diferencas em resisténcias de rochas tém sido muito importantes no que dizem respeito ao desenvolvimento do relévo, em muitos lugares, com Areas de rochas cristalinas, da parte sudeste do Brasil. Os rios séo surpreendentemente ineficazes em entalhar um canal através de uma rocha intrusiva resistente que nfo seja fendida por encaixe. Uma breve parada em Juquid deu-nos oportunidade de documentar, foto- graficamente, interessante e significativa feicio geomérfica da regido. Estas séo claramente reveladas nas duas vistas (figs. 15 e 16), a ultima tomada. de perto da igreja, na colina, e a primeira, dos degraus da’ escadaria, proximo a estrada. Os aspectos significativos revelados por estas vistas séio: a planicie de inun- dagao'e 0 baixo terraco aluvial do rio Juquia ocupando o terreno mais baixo; © préximo, acima, um maduro ou submaduro terraco rochoso dissecado, de va- rios quilémetros de extensdo, cujos picos remanescentes jazem aproximadaménte a cingiienta ou sessenta metros acima da planicie; e ao longo da borda sul, relativamente reta, do terraco, uma cadeia de montanhas de tipo antigo, ele- vando-se em picos de 800 metros ou mais acima do terraco A linha de contacto relativamente reta entre o terraco dissecado e as antigas montanhas, dé origem a questao de se saber se aquela linha é o resulado de uma falha, ou simplesmente.do contacto de rochas de diferentes resisténcias & erosio. Se for o caso da primeira, surge a questdo: se a falha é recente, a linha de contacto seria uma escarpa de falha; se antiga, teriamos uma linha de fatha. A evidéncia, pelo que.se pode deduzir das fotografias, sugere ambas as coisas: diferenca de resisténcia das rochas, sem falha, ou’ uma linha de frente falhada, porque se a linha em questo for o produto de uma falha rela- tivamente recente, a escarpa de falha deve aparecer como uma parede mais ou menos continua, limitando 0 terraco dissecado de terras baixas; mas nenhum indicio de tal “parede” aparece nas fotografias. Esta questdo pode, provavel- mente, ser resolvida por cuidadoso trabalho de campo, dando especial atencao & natureza das rochas, nos dois lados da linha de contacto. : Na extrema esquerda da vista (fig. 16), situa-se uma escarpa relativamente reta, elevando-se a uns 100 metros, mais ou menos, acima do nivel geral dos cumes do terrago 'rochoso mencionado acima. Da idéia de ser uma escarpa falhada, mas no foi suficientemente analisada para se chegar a uma conclusdo segura. Interpretando a histéria fisiografica desta regio, como as reveladas nas vistas panordmicas, achamos na presente planicie de inundacio e baixos terracos aluviais, indicio de ligeiro e recente abaixamento em relacdo ao nivel do mar, talvez de quatro a cinco metros; em seguida, na elevacéo de cérca de 50 a 75 metros acima dos terracos .aluviais recentes, 0 amplo terraco rochoso dissecado, de topo relativamente plano, discutido acima, indica local de pene- planacdo ‘ou equivaléncia ao nivel geral do topo daquele ‘terraco, a uma posicio relativa mais alta que o nivel do mar, levando muito tempo para se transformar em amplo vale, presumivelmente sobre rochas relativamente fracas. Acredita-se que éste terraco rochoso tenha continuacao no que iremos descrever na regiao de Registro, entre Registro e Pariquera-Acu e ao longo do vale do Ribeira do Iguape para além de Sete Barras, ~_ O desenho anexo (fig. 14) expressa graficamente os aspectos essenciais tmnostrados nas fotografias e descritos sucintamente acima.TRANSCRIGOES on De Juquia para Registro viajamos a noite, mas parecia estarmos seguindo as terras baixas dissecadas ja descritas (“X” da fig. 14) em téda sua exten- sao. Estes terracos rochosos dissecados ou peneplanos locais acham-se dispersos na regiao, Estendem-se continuamente de Registro a Pariquera-Acu e dai para o sul, por longo trecho do caminho para Iguape; sao bem desenvolvidos ao longo do rio Ribeira de Iguape, nas vizinhancas de Sete Barras; e, em forma modificada, aparecem na topografia, mais longe pelo menos do que aquéle rio, como em Xiririca. SECGAO TRANSVERSAL EM JUQUIA Fig. 14 — Diagrama em perfil do vale do Juquié, mostrando aspectos geomérficos descritos @ ilustrados pelas vistas precedentes. De Registro a Pariquera-Acu, a estrada atravessa ésse terrago, que se apre- senta aqui modernamente dissecado e continuo, exceto para o trecho mais re- cente do rio Jacupiranga. A linha de horizonte da superficie dissecada € nota- yelmente uniforme em seus cumes, mas pata o sul do Pariquera-Acu, monta- nhas de granita residual elevam-se acima do nivel do peneplano. Cortes na estrada mostram que a rocha subjacente é um xisto profundamente meteo- rizado, aparentemente de resisténcia razoavelmente uniforme a decomposicao e & erosao. Entre Registro e Pariquera-Acu, nos cortes ao longo da estrada, onde esta cruza o divisor de drenagem local desta area moderadamente dissecada, nume- rosas exposigoes de aspecto notavel aparecem nos niveis mais elevados, mos- trando cascalhos de antigas rochas resistentes, ocupando canais rasos no divisor. A ampla distribuicéo de tais cascalhos e sua ocorréncia nesta linha, indica que outrora estas terras baixas, cujos picos estio agora a cérca de 50 metros acima da atual réde de drenagem, foram, em determinada época, cobertas por um lengol de cascalho, £ste cascaiho & semelhante aquele que Dias da Silveira descreveu (1950) e que virnos em um terraco na vila de Registro. Mas ereio que no “peneplano” éle jaz geralmente em nivel um tanto mais alto que aquéle terrago. ‘A titulo de explicagao: a presenga dessa extensa area, que aparentemente foi, em alguma época, coberta por cascalhos e estende-se acima do Ribeira do'Iguape e do vale do Juquid, certamente indica uma permanéncia longa e continua da terra ao nivel da atual superficie dissecada do terraco. Surge aqui um problema com referéncia & origem dessa superficie biselada, outrora coberta de seixos. £0 produto do aplainamento ondular originado pela presenga do mar em nivel mais elevado do que o atual, ou foi produzida pelo aplainamento lateral feito pelo rio Ribelra e possivelmente também pelo Ju- quia (2). No trecho entre Registro e Pariquera-Acu, as terras baixas sao bas- tante extensas, de modo que é concebivel supor-se produto de ‘aplainamento ondular. Mas tal explicacdo seria escassamente suficiente para 0 terraco rocho- so em é acima de Juquié, pois qualquer baia teria sido ai, necessariamente, muito estreita e muito protegida para permitir a existéncia de aplainamento ondular extensivo. No conjunto, estou inclinado a aceitar a interpretacdo de que esta superficie de erosao é, principalmente, produto de aplainamento lateral, pelas grandes caudais de uma época em que o mar permaneceu por longo perio-“DHOL p svyuDjuow op DopDE 1av.epsuco 9 ‘opsoNdse Y sHOOUPEUOM sHYUDZUOW $b ODI99 BbuD OD saA}S}A ajUoULNSN{UoD “ndy-DLONbIIDd 2 OL; bo 2ujue sojanby 2 ynbns ap op opuapuodsa.soo ‘1000 Ourjdauad no ‘odnsi01 O 6-DNZC ‘DDlaNded D2 DI124IP Y DIDUPIID DITULD 9 Vital P OUD OsoUL cE ow poate ‘amjund mp ousoY “sounA oF9g wo DUNOO DUNX viai6 BP DUO, ‘DIU}OD adend] Op DusGT OP o1DA “ezsoopNS Opp DU DIA — LT “BL “out 9p yur op rdsnose Dun no BYID/ 9p vdsnesa DUN 198 Opod DIEg “DINIID ap SOLOW YZT 7 B8-opUDAsIe ‘DsaL 90D/ ap vdsnose v “vpianbse y ‘ooyoos O3n119} Op souyou 4-08 9P Tfsad 0 ‘MOUDIS Dew Y “PInbRP 2p DUI 0 Duin Bfoube VP DPpUO? DISIA — OT “BLE eynpsas spuumruou 198 avoid ond wrapro v . ‘opunf oy ‘syunid vp vuroD souou ¢2 0 05 wo vPPUIIED DINTID DUN D ODIGaL DISoU Osiadsyp ‘OpDoVsSYp ‘Os0YOOs OSvi492 O B-DNIIS eDIEOP spy “OL © wPisssou opdvpuNU ep sa}uDId SOULAPOM “PInbME WI Bleu, Mp BUFO Du BULDPHIGa UP sMDIBop Sop DPW} ‘axsopNS ODdaxD DP UIs!2 — STTRANSCRICOES 679 do em nivel de cérca de 50 metres mais elevado do que agora. (Nao possuo numeros exatos quanto as elevagées na regiéo ora em discussio) . Em Sete Barras, a igreja situa-se sobre o terrago rochoso capeado de cas- valho de que estamos tratando, a uma elevacao de 60 metros, de acérdo com Dias da Silveira, A vista (fig. 17), representando um aspecto do rio tomado daquela igreja, salienta claramente éste terrago, ou peneplano local, que jaz acima da atual planicie de inundacao do rio e abaixo das montanhas residuais, confusamente visiveis, a distancia. Em Xiririca, o nivel de erosio em discussio parece ndo existir como uma superficie’ de topo plano. O que se acredita ser 0 produto do mesmo periodo de permanéncia com respeito & erosio 6 indicado pelos extensos meandros nfo desenvolvidos dos rios e pelas terras baixas, um tanto amplas, oriundas de deslizamentos das encostas, relacionados com aquéles meandros O rio em Xiririca flui agora em trecho com pouca probabilidade de ser planicie de inundagao. Na borda sul das terras baixas acima mencionadas, a poucos quilémetros ao sul de Xiririca, na estrada para Pariquera-Acu, antigos seixos (fig. 18), aparentemente relacionados ao antigo curso meandrico do rio Ribeira, estdo nitidamente expostos, preenchendo um canal raso, agora situado sobre o divi sor de drenagem, e em seco no corte da estrada. Os seixos neste corte nao foram, provavelmente, depositados pelo rio Ribeira mas, de preferéncia, recon- duzidos de velhos terragos daquele rio, por correntes menores, ha bastante tempo atras, de modo que o reiévo local sofresse inversio, deixando os seixos relativa- mente resistentes no local da linha de drenagem. Sua ocorréncia em canal raso, claramente entalhado em rochas cristalinas decompostas, evidencia-se na fotografia. & interessante notar que a cobertura do solo, de cérca de meio metro de espessura, tem-se desenvolvido sobre seixos desde sua decomposigao. fisses -seixos encontrados no divisor de drenagem atravessado pela estrada, so do mesmo tipo daqueles anteriormente mencionados na estrada de Registro a Pariquera-Acu. Intrigante probiema bem ilustrado na regiéo de Iguape, assim como no planalto em redor de S40 Paulo e Piedade, é 0 aluvionamento dos fundos dos vales atuais. Este fendmeno é especialmente conspicuo na estrada de Pariquera- Acu a Xiririca e também entre Pariquera~Acu e Registro. Estende-se comu- mente por todo caminho acima, para o anfiteatro formado pelas nascentes dos pequenos vales. Nas terras baixas de Iguape, os fundos dos vales aluvionados 40 comumente pantanosos e cobertos de gramineas ou pirizais. Os rios néles parecem totalmente ineficientes como agentes de alargamento dos vales na sua atual amplitude, durante o presente ciclo de eroséo. Se tal aluvionamento fésse confinado as terras baixas do Iguape, podia-se acreditar que foi causado por recente afundamento da terra em relacio 20 nivel do mar, mas, uma vez que ocorre também, notavelmente, no Planalto, pode- ria parecer que algumas mudaneas climaticas ou culturais seriam provavelmente as responsaveis. As correntes parecem haver talhado e alargado seus vales e em seguida perdido seu poder de penetragéo e comecado a encher o fundo dos seus vales. ‘Uma possivel explicag&o, indicada pelas proprias condigées locais, é a de que os vales foram abertos e alargados durante um periodo de clima mais séco, quando a densa cobertura florestal atual nao existia e que, com o crescimento da floresta e modificacab na drenagem, os rios perderam sua eficiéncia, permi- tindo que os vales fOssem aluyionados por material fino trazido das vertentes e pelo crescimento da vegetacdo no fundo pantanoso do vale. Uma outra pos- sibilidade, quase diametralmente oposta, é que o aluvionamento pode ter sido © resultado do entuihamento dos rios pela aluvido oriunda da erosia do solo, como conseqiiéncia do desflorestamento. A éste respeito, notei que os rios dos vales pareciam normais, sem aluvionamento, no trecho da estrada entre Guapiara é Ribeira (na estfada para Curitiba), onde a terra nao tinha ainda sido, desflorestada, Nao tivemos oportunidade de estudar suficientemente ésse problema, a fim de tomar qualquer decisio para determinar as causas de aluvionamento.80 BOLETIM GEOGRAFICO Fig. 18 — Seizos rolados enchendo canal na crista do divisor de dguas, a poucos quilémetros a sudeste de Xiririca. Constituem produto de inversao de drenagem de um tipo comumente visto nos cortes das estradas, entre Registro e Pariquera-Acu. Fig. 19 ~ Exposipao do tilito pré-Purnas (?) a oérea de 16 quilémetros @ nordeste de, Castro, na estrada Tibaji-Castro. Os 6,1 metros mais baizos (A) sdo tilito macico. Os prozimos 49 metros mais alios (B) so tilito, mos= trando vaga sedimentacdo, eos 4,9 metros superiores (C) so tilito macizo como em (A). A base do arenito de Furnas no topo em faizas broncas, no aito @ diréita e a drea ciroulada em branco é a que estd ineluida na fig. 24. Saindo das tertas baixas de Iguape pela estrada de Sete Barras e Sdo Miguel, tive esperanga de ver a evidéncia geomérfica definitiva da falha ao longo da serra do Mar, mas novamente me fol negada esta oportunidade. A impressio geral adquirida nesta viagem fol a de que a esearpa da serra do Mar, na regido yisitada, nfo é produto de falha recente. Parece ter sido produzida ou por arqueamento do Planalto, com possiveis falhas locais aqui e ali, ou ser mero produto, como a Blue Ridge no sudeste dos Estados Unidos, da diferenca nos efeitos da erosio entre um longo curso para o mar, como aquéle seguido pela bacia do Parana e um curto e abrupto, como os da vertente sul da serra do Mar. Este. problema sera discutido pienamente nas paginas seguintes.TRANSCRIGOES ea PROBLEMAS ENCONTRADOS NA EXCURSAO AO PARANA a) Pré-Furnas? — Tilitos? Completamente exposto num corte (fig. 19) a cérea de-16 quilémetros a noroeste de Castro, na estrada para Tibaji, encontra-se importante veio do que parece ser tilito, jazendo imediatamente abaixo do arenito Furnas (?). Este material sobrepde rochas vuleanicas de Castro, que ai parece ser ou lavas ou aglomerados vulcdnicos. A espessura total da seceio de tilito é de 158 Pig. 20 — Detathe do tilito prézimo a base da secedo, olhando na vertical de 91 centtmetros, Comprimento do canivete, 87 milimetros. Fig. 21 — Parte média da secede de tilito (B da fig. 19). Vaga sedimen~ tagéo, mas o material nGo apresenta modificacdo de estratificagdo pela agua.632 BOLETIM GEOGRAFICO metros contendo 6,1 metros de tilito nao estratificado, um tanto pedregoso na base (fig. 20 e “A” da fig. 19), seguido de 43 metros de tilito, mostrando vaga estratificacdo (fig. 21 e “B” da-fig. 19), tornando-se outra vez nao estrati- fieado, por 4,9 (“C” da fig. 19), agudamente biselado no tépo, pelo contacto basal com o arenito Furnas (?) (fig. 22). ‘Ao notar-se 0 tilito estratificado no meio da secedo, tem-se a idéia de que deve ter sido material depositado pela 4gua, mas um exame mats acurado mos- trou que nao era éste o caso. Em seu lugar, a estratificagao foi do tipo amitide encontrado nos tilitos pleistocénicos dos Estados Unidos, os quais parecem ter sido produzidos por um, processo de amalgamento durante a deposic&éo debaixo ‘da camada de gélo em movimento. A fig, 20 mostra claramente a fatureza dos 6,10 metros mais baixos da seceao. O material inclui seixos de rochas de muitas espécies, entre elas, rochas lembrando as vulcdnicas de Castro, numerosos quarizitos, granitos e outras. Alguns dos seixos sio estriados e muitos déles so facetados como rochas que sofreram acio glacial. Naturalmente o facetamento em si ndo é indicacio certa de origem glacial, porque rochas partidas em suas junturas e moderada- mente erodidas, lembram muito, com freqiiéncia a blocos erraticos glaciais face- tados. Muitas das rochas sfo de arestas vivas e algumas arredondadas. Estas caracteristicas sio mostradas na fig. 20, tomada préximo ao fundo da seccio de tilito, e na fig. 22, proximo do topo. Na ultima figura tédas as pedras sdltas no primeiro plano, assim. como as que estéo no seu lugar, sio rochas erraticas de tilito. Formas angulares e facetadas sdo comuns. Em térno do assunto levanta-se a questo de se o material que estou deno- minando tilito pode, atualmente, nao ser um coltivio (material acumulado numa encosta, por meteorizacio ou desmoronamento), ou depésito aluvionar. A ex- plicagdo dada como colivio me parece estar excluida, pela grande variedade de materiais; pela espessura (15.8 metros); e pela estrutura essencialmente horizontal, vagamente estratificada, do depésito. A interpretacio do material como se fora sedimento aluvionar é objetada. por sua falta total de leito do tipo produzido pela deposi¢éo na.ou pela agua e sua falta completa de classificacio. \ Todo 0 aspecto de composig&o e estrutura corresponde ao tilito glacial do tipo formado debaixo da massa de gélo em movimento, e nao vi como escapar da conclusio de que o material, atualmente, é tilito de idade pré-Furnas (?). Annelise Caster, Kenneth E. Caster e Reinhard Maack, que visitaram esta drea em meados de 1940, acreditaram na possibilidade de ser tilito. Surge aqui a questo de se o arenito que se sobrepée ao tilito é 0 Fur- nas, ou se seria, possivelmente, um arenito glacial da série Itararé. Em vis- ta da natureza do arenito e sua distribuicio geolégica, parece-me certo que seja, realmente, 0 Furnas Como mostram as figs. 19, 22, 23 e 24, o arenito sobrepée-se imediatamente ao tilito, possui o leito de tipo plano trabalhado por movimento ondular da 4gua, tipico de Furnas. A fig. 24 mostra, em detalhe, a frea circulada em branco na fig. 19, revela leito de estratificacao cruzada, inclinada na “direeéo de oeste ou nordeste, o qual, de acérdo com Maack, é a direc&o caracteristica dos leitos nos arenitos Furnas. Tal evidéncia, simente, podia nfo ser convincente, mas a evidéncia geomorfica me parece ser indiscutivel. © arenito macico que se sobrepSe aos depésitos glaciais em questao ¢ parte de uma continua e grande cuesta, estendendo-se através de quase todo 0 estado do Parana, desde proximo de sua fronteira, no sul, para o norte e dai para Teste, até o estado de Sio Paulo. Esta cuesta, em qualquer outra parte, é reconhecida como sendo causada e capeada pelo arenito Furnas. Grande e espéssa camada de arenito basal marinho, provavelmente nao descontinua, como formadora da escarpa, tem seu lugar tomado, repentinamente, por outro arenito de idade bem mais recente, sem interrupeio na continuidadé da escarpa. Depois de deixar o local em questo, a esttada para Tibaji galga o tépo désse arenito espésso; em seguida, segue sua encosta ingreme, descendo na diregéo de Tibaji. A paisagem tipica ao longo desta estrada é ilustrada pela fig. 25, e mostra um canyon de um dos tributdrios do rio Iapo, que abriu uma garganta através da cuesta a poucos quilémetros para o norte. Recordo-me de
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