Documento 3 06042016

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Nunes, Bossi & Calarga ADVOGADOS ASSOCIADOS EXCELENTISSIMO SENHOR PRESIDENTE DO SENADO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, SENADOR RENAN CALHEIROS. Dcecby ho & 64/14 a wx No sistema presidencialista de governo, deve ez) i competir a0 Judiciério a defesa de Constitui¢éo e Lie Ferbando Bandeira de Mello do proprio principio da separegéo dos poderes.* Sovretaio-Geral da M eee ee (Ruy Barbosa) RUBENS ALBERTO GATTI NUNES, brasileiro, solteiro, advogado, regularmente inscrito na OAB/SP sob 0 n.° 306.540, portador da cédula de identidade RG n.° 35.159.137-0, inscrito no CPF/MF sob 0 n.° 369.073,308-14, com enderego comercial sito a Rua Monteiro de Barros, n.° 513, Centro, na cidade de Vinhedo, estado de ‘Sao Paulo, vem, respeitosamente a presenga de Vossa Exceléncia, com supedaneo no artigo 52, II da Constituicao Federal c.c. artigo 39, IV e V da Lei 1.079/1950, REPRESENTAR © Senhor Doutor Ministro do Supremo Tribunal Federal, MARCO AURELIO MENDES DE FARIAS MELLO, com endereco comercial sito & Praca dos Trés Poderes, Brasilia, Distrito Federal, CEP 70175-900, consoante assertivas faticas e legais abaixo aduzidas. [- ESCLARECIMENTO PREAMBULAR Em que pese a relevancia dos servigos prestados pelo ‘Supremo Tribunal Federal, sua atuaco, como guardiao constitucional nao possui condéo de "BARBOSA, Ruy. Collectanea Juridica. S8o Paulo: Companhia Editora Nacional, 1928, p. 166. Rua Monteiro de Barros, 513 - Piso Superior — Centro, Vinhedo/SP AD) 3836-2205 // www.nbcadvogados.com.br 1 Nunes, 4% Bossi & 4) Calarga ADVOGADOS ASSOCTADOS ‘sobrepor a consagrada separacdo de poderes, tampouco intervir em atos discricionérios estritos do Presidente da Camara dos Deputados. ‘Ao determinar a abertura de comissdo especial para apuracao de Crimes de Responsabilidade do entéo Vice-Presidente da Republica, Sr. Michel ‘Temer, em pedido j arquivado pelo Presidente da Camara dos Deputados, houve notéria atuagao desidiosa, quiga politico partidaria, na forma exposta pelo artigo 39, Ill e IV da Lei 1.079/1950. - DO FATO TiPICO Assevera 0 artigo 39, Ill e IV da Lei 1.079/1950: Art. 39. So crimes de responsabilidade dos Ministros do Supremo Tribunal Federal: () 4- ser patentemente desidioso no cumprimento dos deveres do cargo; 5- proceder de modo incompativel com a honra dignidade e decéro de suas fungées, Pois bem, como tornou-se de conhecimento publico e notorio, o Representado na data de 05 de abril de 2016, prolatou decisdo oriunda do Mandado de Seguranga n.° 34.087 cujo objeto consiste no desarquivamento do Pedido de Impeachment do atual Vice Presidente da Republica, o qual havia sido sumariamente arquivado pelo atual Presidente da Camara dos Deputados. Foi o dispositivo da deciséo: Ante o quadro, defiro parcialmente a liminar. im determinar imento da _dentncia, vindo a desaquar na formacao da Comissao Especial, a qual emitira parecer, na \ Rua Monteiro de Barros, 513 — Piso Superior ~ Centro, Vinhedo/SP__|_| 3836-2205 // www.nbcadvogados.com.br fe Nunes, Bossi& Calarga ADVOGADOS ASSOCIADOS forma dos artigos 20, cabega, da Lei no 1.079/1950 e 218, § 50, do Regimento interno da Camara dos Deputados. (negrito e grifo nosso) Tal decisdo sobrepée o ato interna corporis do Presidente da Camara e, como consequéncia, culmina na abertura de Comisséo Especial para apurar ‘eventual crime responsabilidade, Dispensadas maiores delongas a respeito do que teria motivado @ prolagao da citada deciséo, salienta-se contréria ao ordenamento juridico, o representado descumpriu frontalmente preceitos basilares, incorrendo, data maxima vénia, em patente crime de responsabilidade. A priori denota-se a atuago de forma negligente ao emitir © que foi apontado como minuta da decis&o, & qual deu publicidade midiatica extemporanea deciséo posteriormente publicada, 0 que faz cova rasa aos principios processuais elementares, em especial na instrumentalidade da forma Conforme se depreende das matérias anexas, cujos links sao ora informados, a atuacdo desidiosa deu conta a boatos que, posteriormente ‘sacramentaram-se como verdadeiros, no tocante a decisao proferida, sendo vejamos: ttp:/Nnw.folha. uol.com. br/poder/2016/04/1756694-por-engano-stf- divulga-minuta-que-manda-camara-analisar-impeachment-de-temer. shtml http:Hexame.abril.com.bi/brasil/noticias/mpeachment-de-temer-stf- divulga-minuta-de-voto-por-engano Superadas ilagdes conspiratorias sobre o citado vazamento, 0 qual por si expde negativamente a maxima corte do Brasil, importa observar a irregularidade do citado voto, a qual é sustentaculo primordial do pedido ora apresentado. Rua Monteiro de Barros, 513 — Piso Superior - Centro, Vinhedo/SP 3836-2205 // www.nbcadvogados.com.br Nunes, am Bossi& «) Calarga ADVOGADOS ASSOCIADOS Pois bem, o recebimento, ou no, da abertura de comissao especial para investigagdo de crime de responsabilidade do Vice-Presidente da Repiiblica (Pedido de Impeachment) consiste em ato discricionério do Presidente da Camara dos Deputados, conforme determina o regimento intemo da Camara dos Deputados (doc. anexo): Art. 218. E permitido a qualquer cidad&o denunciar 4 Camara dos Deputados 0 Presidente da Repiblica, 0 Vice-President da Republica ou Ministro de Estado por crime de responsabilidade. § 10 A dentincia, assinada pelo denunciante e com firma reconhecida, deveré ser ecompanhada de documentos que a comprovem ou da declaracéo de impossibilidade de apresenté-los, com indicagao do local onde possam ser encontrados, bem como, se for 0 caso, do rol das testemunhas, em niimero de cinco, no minimo. § 20 Recebida a denincia pelo Presidente, verificada a existéncia dos requisitos de que trata 0 paragrafo anterior, seré lida no expediente da sesso seguinte e despachada 4 Comiss&o Especial eleita, da qual participem, observada a respectiva proporeao, representantes de todos os Partidos. 30 Do despacho do Presidente que indeferir mento da dentincia, caberé recurso ao Plenério. (negrito ¢ grifo nosso) Ora, 0 Regimento Interno da Camara dos Deputados traz consigo a disposi¢ao expressa a ser adotada em dentincias de crime de responsabilidade, inclusive exposto a possibilidade de recurso ao plenério. Patente que o ato que indeferi o recebimento da dentincia, ato discriciondrio do Presidente da Camara, esta sujeito 4 andlise do plenério, o qual possui soberania. E mais, salta aos olhos 0 absurdo emanado da citada decisdo, que simplesmente dribla o exposto no artigo 5°, | da Lei n.° 12.016/2009, vulgarmente conhecida como Lei do Mandado de Seguranca, a qual assevera: \ Rua Monteiro de Barros, 513 - Piso Superior ~ Centro, Vinhedo/SP |) 3836-2205 // www.nbcadvogados.com.br \ 7 Nunes, Bossi& us Calarga ADVOGADOS assoctADos Nao se mandado de "a quando se tratar: 1+ de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caugao; (negrito e grifo nosso) Notadamente haveria a possibilidade de apresentagao de recurso, na forma prevista pelo Regimento Interno da Camara dos Deputados, o qual foi simplesmente dispensado pelo Autor do Mandado de Seguranga e, amesquinhado pelo Representado, que se ateve a conceder a ordem, em sede liminar, para intervir em ato estrito. do Presidente da Camara dos Deputados. Fica evidente a usurpacdo de competéncia, haja vista que © remédio para o indeferimento é claramente o recurso, sendo que o Mandado de Seguranga impetrado (MS 34.087) buscou sobrepor a competéncia do plenério e, uma vez despachado Pelo Representado, em sede liminar para determinar 0 desarquivamento ocorrido o qual culmina na abertura de comisséo especial, houve notéria atitude desidiosa. Como exposto, a decisio do Representado atentou claramente contra a separacao dos poderes, interferindo mortalmente em ato estrito do Poder Legistativo, cuja matéria é de interpretagdo exclusiva do Congreso Nacional, consiste no que ‘se denomina ato intema corporis, 0 qual é notadamente imune a anélise e/ou interferéncia do judiciario. Neste sentido é a jurisprudéncia: “MANDADO DE SEGURANGA. PROCESSO LEGISLATIVO NO CONGRESSO NACIONAL.'INTERNA CORPORIS' Matéria relativa a interpreta¢ao, pelo presidente do congresso nacional, de normas de regimento legislativo é imune a critica judiciaria, circunscrevendo-se n@ dominio ‘interna corporis’. Pedido de seguranga no conhecido.” (MS 20.471/DF , Rel. Min. FRANCISCO REZEK ) (\ | Rua Monteiro de Barros, 513 ~ Piso Superior ~ Centro, Vinhedo/SP 3836-2205 // www.nbcadvogados.com.br Nunes, Bossi & Calarga ADVOGADOS ASSOCTADOS “Mandado de seguranga que visa a compelir a Presidéncia da Céma 1a dos Deputados a acolher requerimento de urgéncia - urgentissima para discussdo votagao imediata de projeto de resolugdo de autoria do impetrante, - Em questées andlogas & presente, esta Corte (assim nos 'MS20.247 20.471) nao tem admitide mandado de ‘Segurang¢a contra atos do Presidente das Casas Legislativas, com base em regimento interno delas, na condugao do processo de feitura de leis. Mandado de ‘seguranga indeferido.” (MS 21.374/DF , Rel, Min. MOREIRA ALVES ) A vexatoria intervencao do Judiciério no Legislative, por meio da decisdo proferida pelo Representado culminou por amesquinhar principios do Estado consagrados por séculos. A diviséo segundo © oritério funcional é a célebre “separago de poderes’, que consiste em distinguir trés funcdes estatais, quais sejam, legislacao, administrago e jurisdigéo, que devem ser atribuidas a trés 6rgao auténomos entre si, que as exercerao com exclusividade, foi esbogada pela primeira vez por Aristételes, na obra “Politica”, detalhada posteriormente, por John Locke, no Segundo Tratado de Governo Civil, que também reconheceu trés fungées distintas, entre elas a executiva, consistente em aplicar a forga piiblica no interno, para assegurar a ordem e o direito, e a federativa, consistente em manter relacbes com outros Estados, especialmente por meio de aliancas. E, finalmente, consagrada na obra de Montesquieu O Espirito das Leis, a quem devemos a divisao € distribuigao classicas, tormando-se principio fundamental da organizacZo politica liberal e transformando-se em dogma pelo art. 16 da Declaracao dos Direitos do Homem e do Cidad&o, de 1789, e € prevista no art. 2° de nossa Constituicao Federal”? E, Pedro Vieira em tradugao a Montesquieu expos: “Estaria tudo perdido se um mesmo homem, ou um mesmo corpo de principais ou nobres, ou do Povo, exercesse esses trés poderes: o de fazer ®MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 21* ed, Sao Paulo: Atlas, 2007. p. 385, Rua Monteiro de Barros, 513 - Piso Superior - Centro, Vinhedo/SP | 3836-2205 // www.nbcadvogados.com.br \ Nunes,

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