Árvore - Uma Antologia Poética
Árvore - Uma Antologia Poética
Árvore - Uma Antologia Poética
Arvore
Uma Antologia Poética
LIVRO GRATUITO
Não pode ser vendido
Organização e edição de
Sammis Reachers
São Gonçalo
2018
Árvore Uma Antologia Poética | 2
Índice
Apresentação ............................................................................... 10
ÁRVORE
Manoel de Barros ......................................................................... 12
A ÁRVORE DA SERRA
Augusto dos Anjos ....................................................................... 13
VELHAS ÁRVORES
Olavo Bilac ................................................................................... 14
CADA ÁRVORE É UM SER PARA SER EM NÓS
António Ramos Rosa .................................................................... 15
ÁRVORES
Sophia de Mello Breyner Andresen .............................................. 16
ESTA ÁRVORE É PERFEITA!
Nicolas Behr ................................................................................. 17
ÁRVORE
Newton Messias .......................................................................... 18
FOLHAGENS
Jorge Sousa Braga ........................................................................ 19
A ÁRVORE
Ricardo Gonçalves ........................................................................ 20
RAÍZES
Jorge Sousa Braga ........................................................................ 22
ÁRVORES DO ALENTEJO
Florbela Espanca .......................................................................... 23
ÀS ÁRVORES NOVAS
Oliveira Ribeiro Neto ................................................................... 24
ÁRVORE, CUJO POMO, BELO E BRANDO
Luís Vaz de Camões ...................................................................... 25
CONTRASTE
Aristeu Bulhões ............................................................................ 26
ÁRVORE RUMOROSA
Ruy Belo ....................................................................................... 27
A ÁRVORE
Júlia e Afonso Lopes de Almeida .................................................. 28
À MODA MAO
Paulo Leminski ............................................................................. 29
ENSINAMENTOS DA ÁRVORE
René Juan Trossero ...................................................................... 30
TODAS AS ÁRVORES APAZIGUAM O ESPÍRITO
Fiama Hasse Pais Brandão ............................................................ 31
ERA UMA ÁRVORE
Carlos Drummond de Andrade ..................................................... 32
Sammis Reachers
Manoel de Barros
Olavo Bilac
Nicolas Behr
pena que
não seja
um ipê
roxo com
flores
amarelas
Newton Messias
Ricardo Gonçalves
Florbela Espanca
Aristeu Bulhões
Ruy Belo
Paulo Leminski
O pinheiro
cresceu
ao lado da árvore
de flor amarela
ele
eu você
ela
quem passa
pensa
flores
dele não
dela
Aprende da árvore
E deixa que os ventos da vida
Te despojem dos ramos secos
Para deixar lugar aos brotos novos.
Aprende da árvore
E deixa cair as folhas secas do passado
Para que adubem o solo,
Onde tuas raízes preparam o futuro.
Aprende da árvore
E não faças do inverno
Um tempo de tristeza e morte,
Mas um tempo de esperança, para enraizar-te melhor
E reviver mais forte como primavera.
Na sombra os frémitos
acalentam o pensamento
até ao não pensar. Depois
até sentir a vacuidade
no halo de flores que o envolve.
Sob as oliveiras, por fim,
que não se movem contorcendo-se,
concebe o não conceber.
Filemon Martins
Nicolas Behr
Nicolas Behr
despedaçado,
o espírito da floresta
sobrevive nas tábuas
é na escola de tábuas
que se aprende
a ler árvores
casa de madeira
mesa de madeira
cadeira de madeira
lápis de madeira
caderno de madeira
professor cara-de-pau
alfabetizada, a árvore
sobrevive a si mesma
Joyce Kilmer
Trad. de Olegário Mariano
Ruy Belo
Max Michelson
Trad. de Zulmira Ribeiro Tavares
Querida, amada,
Não irei falar sobre isso entre os tolos –
Contarei apenas aos não corruptos:
Revele-me o teu ser.
Maurice Rollinat
Trad. de Antônio Sales
Manuel Gusmão
Nicolas Behr
Carlos de Oliveira
Chamo
a cada ramo
de árvore
uma asa.
E as árvores voam.
É o outro lado
da magia.
Pedro Tamen
António Gedeão
As árvores, não.
Solitárias, as árvores,
exauram terra e sol silenciosamente.
Não pensam, não suspiram, não se queixam.
Estendem os braços como se implorassem;
com o vento soltam ais como se suspirassem;
e gemem, mas a queixa não é sua.
Octávio Paz
Amanhece
na noite do corpo.
Ali dentro, à minha frente,
a árvore fala.
Nicolau Saião
Jules Supervielle
Trad. de Cláudio Veiga
José de Alencar
Luís Delfino
Manoel Penna
A Primeira
Segunda Árvore
Simões Pinto
Aristeu Seixas
Edgard Rezende
Suavita Martino
Leoncio Correia
Antônio Salles
Suavita Martino
CRIANÇA!
Tu que és a esperança
De um mundo melhor, de paz,
Ouve o apelo que te faz
Esta amiga dedicada:
E transformada em madeira,
Sou o fogo em que te aqueces,
O leito em que adormeces
Descansando dos folguedos.
Sou teu livro, teus brinquedos.
CRIANÇA!
Tu que és a esperança
De um mundo melhor, de paz,
Ouve o apelo que te faz
Se me vires maltratada,
Detenha o inconsciente;
Pagando assim meu amor
Hás de me ver renovada,
Pois sou obra abençoada
Do Eterno Criador.
Arnaldo Barreto
Fábio Montenegro
Amadeu Amaral
Gumercindo Fleury
Franklin Magalhães
Arlindo Barbosa
Luiz Guimarães
A. F. Castilho
Basílio de Magalhães
F. Varela
Alberto de Oliveira
II
Alberto de Oliveira
Reboa o machado,
No seio umbroso da floresta,
Num assíduo fragor monótono, vibrado
Pela força brutal do homem rústico e bronco;
E, pancada a pancada, a lâmina funesta
Golpeia o rijo tronco
De uma árvore copada.
É a derrubada!
Tomba cortada,
Desarvorada
Aos embates da derrubada.
Morre...
E o homem que, sem piedade, a desmorona,
Certo não vê no caule o sangue que lhe escorre
Em resina aromal sobre a nodosa tona
Da planta maternal, que produzira, outrora,
Flores para adornar a cabeça de Flora
E frutos para encher o colo de Pomona.
O machado reboa... E pancada a pancada,
Prossegue, mata a dentro, a derrubada.
Rasgam-se clareiras
Na cerrada espessura
Da mata, agora exposta aos inclementes
Rigores das soalheiras,
Enquanto sob a verdura
Martins D’Alvarez
Olavo Bilac
Myrtes Mathias
A segunda arvorezinha,
pequena aventureira,
falou:
– Eu quero ser um barco, grande e forte,
desses que singram os mares do norte,
levando tesouros e riquezas.
O tempo passou.
Vieram os homens,
e levaram a primeira arvorezinha.
Mas não fizeram dela
nenhum berço trabalhado.
Pelo contrário, mãos rudes a cortaram
transformando-a numa manjedoura,
onde os animais vinham comer.
E, ao ver-se ali,
no fundo da estrebaria,
a pobre árvore gemia:
– Ai de mim! tantos sonhos transformados
num simples tabuleiro de capim!
Mas, lá do Alto, uma voz chegou:
– Ai de mim!
Que foi feito dos grandes sonhos meus?
Viagens, tesouros,
alto-mar?
Sammis Reachers
Torre transterna,
Transuterina
Verde malha de açambarcar
Estaca que a vida finca
Patamarizado playground,
Estação clorofila
Biopilar da paz
Terramáter véu
Usina alquímica
A nutrir o sistema-Terra
Salomão Jorge
Raul de Roberto
Paulo Setúbal
Lélio Graça
Árvore amiga
Toda enfeitada
E ornamentada
Qual dama antiga:
À sombra amiga
Dessa ramada,
A alma cansada
Seu mal mitiga.
Doce cantiga
Sincronizada
Desde a alvorada
Teu seio abriga.
Árvore amiga,
Verde, esgalhada,
Toda ensombrada,
Deus te bendiga!
II
J. E. Prado Kelly
pitangas encarnadas
biris floridos
vestindo de branco as várzeas,
bela e pura açucena,
encontram-se camadas estranhas:
o macadame – esteira dura –
de negras massas coloridas
cobrindo vielas e avenidas.
Pablo Neruda
Nicolas Behr
Hermes Fontes
Leopoldo Braga
Manoel Penna
Da Costa e Silva
Lúcia Fadigas
Ana Amélia
José Firmo
Palmira Wanderley
Ricardo Gonçalves
Joaquim Cardoso
Cajueiros de setembro,
Cobertos de folhas cor de vinho,
Anunciadores simples de estios
Que as dúvidas e as mágoas aliviam
Àqueles que, como eu, vivem sozinhos.
Jorge Jobim
Rodrigo Júnior
Reynaldo Steudel
Emilio de Menezes
Esguia e rumorejante
A ramalhar na amplidão,
Com seu gemer soluçante
Parece ter coração!
Aristeu Seixas
Augusto Meyer
Pereira da Silva
– Quem virá?
Severino Silva
Joachim Du Bellay
Miguel Torga
Paul Éluard
Trad. de Manuel Bandeira
O jacarandá florido
Brando cantar trazia
Branda a viola da noite
Branda a flauta do dia
O Jacarandá florido
Brando cantar trazia
O vinho doce da noite
A água clara do dia
Vitorino Nemésio
Cassiano Ricardo
P. Bandeira
Helena Kolody
Araucária. Araucária
Nasci forte e altiva,
Solitária.
Ascendo em linha reta
– Uma coluna verde-escura
No verde cambiante da campina.
Estendo braços hirtos e serenos
Sebastião da Gama
Jorge de Lima
Nuno Júdice
Alexandre O´Neill
- Generosa figueira,
quando estiveres doente quem te deita?
C. Paula Barros
Que, do fundo da terra, subindo ao céu, com a força das tuas raízes,
Rompeste o chão, brilhaste ao sol, sofreste a dor e ardeste em brasas,
Na glória de inspirar o nome do Brasil!
Valfredo Martins
J. G. de Araújo Jorge
Abguar Bastos
“Quem vai
Ao Pará
Parou,
Bebeu
Açaí
Ficou...”
A lua crescente
Na mata florida
É arco recurvo
De luz,
Quase
Renda.
Palmeira açaí,
Chamada açaizeiro,
É flecha comprida
Alçada
Entre
As nuvens.
A flecha-palmeira
Fincada no chão
Do chão tira sangue:
É
Sangue
O açaí.
Cabeça virou,
O barco perdeu
... ficou!
Cleómenes Campos
Cacique jequitibá
Onde está tua tribo?
Em teu redor,
Os soldados nanicos dos cafezais
Cercam-te com filas de talhões
Como pelotões de polícia,
Prendendo um caudilho libertador
Que vê findar seu drama heroico
No episódio ridículo de uma tocaia...
Onde estão tuas amantes gigantescas:
A caviúna de canitar altaneiro,
A paineira enflorada e redonda,
Como as ancas de uma fêmea fecunda,
E as palmeiras esbeltas e adolescentes?
Cacique jequitibá
Preso entre as ramas de café,
Onde está tua tribo?
Soares de Azevedo
Pedro Uzzo
Humberto de Campos
Carlyle Martins
Franklin Magalhães
Amaryllis Schloenbach
Aloysio de Castro
Cecília Meireles
Andrew Marvell
Trad. de Aíla de Oliveira Gomes
Luiz Delfino
Guerra Junqueiro
Silvino Netto
CANTO I.
A DERUIBADA.
Sorri-se tripudiando,
O negro falquejador,
E para o selvagem canto,
E o golpe destruidor,
E limpa do brônzeo rosto
Com a mão o alvo suor.
O ferro prosternativo,
Novos prodígios mostrando
Sobre a coma dos gigantes,
Que na terra estão rolando.
De Flora novos mimos denuncia,
Que de nácar se adornam, de ambrosia.
CANTO II.
A QUEIMADA.
CANTO III.
MEDITAÇÃO.
Nossa fé se reanime
N'esta luta grandiosa;
Que uma ideia gloriosa
Exalta o nosso labor.
Flamboyants floridos -
até a luz do céu
parece mais bela.
Paulo Franchetti
Mamonas estalam.
Os cachos da acácia
Parecem imóveis.
Paulo Franchetti
Lua nublada
No alto da montanha
A solitária árvore.
Alonso Alvarez
Acácia em flor
Em mel e esplendor
A primavera sangra.
Sammis Reachers
Amendoeira outonando
O garotinho triste
Vassoreia as folhas.
Sammis Reachers
Jameloeiro abarrotado
Ebúrneos moleques devoram
Ebânicas uvas solares
Sammis Reachers
no parque vazio
duas árvores abraçam-se
A melhor época para plantar uma árvore foi há 20 anos. A segunda melhor
é agora.
Provérbio Chinês
Aos olhos do homem a árvore é o sinal tangível da força vital que o Criador
difundiu na natureza.
Pierre Émile Bonnard
Onde houver uma árvore para plantar, planta-a tu. Onde houver um erro
para emendar, emenda-o tu. Onde houver um esforço de que todos fogem,
fá-lo tu. Sê tu aquele que afasta as pedras do caminho.
Gabriela Mistral
Plantar árvores não para ter sombra, flores, oxigênio, fruto ou madeira –
plantar árvores pelas árvores.
Nicolas Behr
Tal como acontece com a árvore, não podes saber seja o que for do homem
se o desdobras pela sua duração e o distribuis pelas suas diferenças. A
árvore não é semente, depois caule, depois tronco flexível, depois madeira
morta. Para a conhecer é bom não a dividir. A árvore é essa força que
desposa a pouco e pouco o céu.
Saint-Exupéry
Árvores são poemas que a terra escreve para o céu. Nós as derrubamos e
as transformamos em papel para registrar todo nosso vazio.
Khalil Gibran
Criar uma floresta é enriquecer a Pátria com uma conquista que não custa
nem uma lágrima, nem uma gota de sangue.
M. Charlot
Uma árvore é uma ideia que cresce; uma ideia é uma árvore que dá a
verdade por fruto.
Gil Dayo Sanchez
Se não é a Árvore, que outra coisa poderá ser a alma dos campos?
Ernesto Dias
Os poemas são feitos por tolos como eu; somente Deus é que sabe fazer
árvores.
Joyce Kilmer
Sem árvores não pode haver água e sem água a humanidade não pode
subsistir.
Jorge Schmidke
Todo jardim começa com um sonho de amor. Antes que cada árvore seja
plantada, antes que cada lago seja construído, eles têm que existir dentro
da alma. Quem não tem jardim por dentro, não cria jardim por fora, e nem
passeia por ele.
Rubem Alves
Perguntaram a uma árvore cheia de frutos: “Por que não fazes nenhum
barulho?” Respondeu: “Meus frutos são uma propaganda suficiente para
mim.”
Saadi
Não é do mesmo azul, o céu visto pelo vão de uma árvore derrubada pela
mão do homem. Eis aí um azul em matiz diferente: ele reflete, em nossos
olhos, a tristeza de um ser que se foi.
Lude Mendes
Se você está pensando um ano a frente, semeie uma semente. Se você está
pensando dez anos a frente, plante uma árvore.
Poeta Chinês, 500 AC
Para mim, a natureza é sagrada, árvores são o meu templo e florestas são
as minhas catedrais.
Mikhail Gorbachev
Elas são bonitas em sua paz, elas são espertas no seu silêncio. Elas
sobreviverão enquanto nós viraremos poeira. Elas nos ensinam e nós
cuidamos delas.
Galeain ip Altiem MacDunelmor
Endereços eletrônicos
POESIA
Uma Abertura na Noite (2006).
A Blindagem Azul (2007).
CONTÉM: ARMAS PESADAS (2012).
Poemas da Guerra de Inverno (2012).
Deus Amanhecer (Editora VirtualBooks, 2013).
Poemas da Guerra de Inverno - Edição revista e ampliada (Clube
de Autores, 2014).
PULSÁTIL – Poemas canhestros & prosas ambidestras (2014).
GRÃNADAS (2015).
CONTOS
O Pequeno Livro dos Mortos (Letras e Versos, 2015 / Amazon,
2017).