Resistência de Plantas A Patógenos
Resistência de Plantas A Patógenos
Resistência de Plantas A Patógenos
de Plantas
a Patógenos
Resistência
de Plantas
a Patógenos
Editores
Jonas Alberto Rios
Larissa Cavalcante Almeida
Elineide Barbosa de Souza
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Departamento de Agronomia
Reitor: Prof. Marcelo Brito Carneiro Leão
Vice-Reitor: Prof. Gabriel Rivas de Melo
Pró-Reitoria de Ensino de Graduação: Profa. Maria do Socorro de Lima Oliveira
Pró-Reitoria de Pós-Graduação: Profa. Maria Madalena Pessoa Guerra
Diretor do Departamento de Agronomia: Prof. José Luiz Sandes de Carvalho Filho
Coordenador de Agronomia: Prof. Antônio Francisco de Mendonça Júnior
Sobre a Obra
Conselho Editorial: Prof. Jonas Alberto Rios, Ms. Larissa Cavalcante Almeida e Profa. Elineide Barbosa de Souza
Projeto Editorial e Diagramação: @juliana.dias.designer - Juliana Dias
Imagem da Capa: Dr. Leonardo Araújo e Prof. Fabrício de Ávila Rodrigues
Apoio Financeiro: Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE,
Proc. ARC-0139-5.01/19)
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES, Proc. Nº 88881.471280/2019-01)
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Resistência de plantas a patógenos [livro eletrônico] / organização Jonas Alberto Rios ,
Larissa Cavalcante Almeida, Elineide Barbosa de Souza. -- 1. ed. -- Recife, PE :
Universidade Federal Rural de Pernambuco, 2021.e PDF
ISBN 978-65-00-20814-6
21-62459 CDD-635.9
Índices para catálogo sistemático:
1. Fitopatologia : Doenças e pragas : Controle 635.9
Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129
Apresentação
As doenças de plantas estão entre os principais fatores limitantes para o au-
mento da produção no cenário agrícola atual. Por isso, se torna fundamental que os
profissionais da área de ciências agrárias aprimorem seus conhecimentos para ga-
rantir um manejo eficiente e racional, considerando os conceitos de sustentabilida-
de, segurança alimentar, biotecnologia, manejo integrado entre outros. Inserido nesta
temática, a resistência de plantas constitui uma importante ferramenta na redução
dos danos causados por patógenos, garantido, via de regra, incrementos em produtivi-
dade. O livro, Resistência de Plantas a Patógenos, tem como objetivo propiciar aos lei-
tores uma visão geral e avançada sobre diferentes assuntos na área de resistência de
plantas, abordando aspectos como a indução de resistência, efeito da nutrição mineral
sobre a resistência de plantas, resistência genética, biotecnologia no melhoramento
genético de plantas. A presente obra aborda informações relevantes sobre o assunto,
organizada em 10 capítulos.
Essa obra, em parte, é resultado das palestras do III Colóquios em Fitopatologia
Tropical.
Acreditamos que as informações aqui contidas serão de grande valia para uti-
lização por produtores e técnicos, bem como para os professores e estudantes de
Fitopatologia.
Agradecemos sinceramente aos autores deste livro pelo empenho e comprome-
timento na elaboração dos capítulos, bem como a Fundação de Amparo à Ciência e
Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE) e Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo fomento concedido para elaboração desta
obra.
Alice Kazuko Inoue-Nagata, Pesquisadora Dra. Elaíne Welk Lopes Pereira Nunes, Dra.
Embrapa Hortaliças - Empresa Brasileira de Pesquisa UFERSA - Universidade Federal Rural do Semi-árido,
Agropecuária. Brasília, DF, Brasil. Departamento de Ciências Agronômicas e Florestais -
E-mail: alice.nagata@embrapa.br. Área de Fitossanidade, Mossoró, RN, Brasil.
E-mail: elaine.nunes@ufersa.edu.br.
Ana Paula Oliveira de Barros, Dra.
UFRPE - Universidade Federal Rural de Pernambuco, Eveline Teixeira Caixeta. Pesquisadora, Dra.
Programa de Pós-Graduação em Fitopatologia, Reci- EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-
fe, PE, Brasil. pecuária, Embrapa Café, Brasília, DF, Brasil. E-mail:
E-mail: barros-ana@hotmail.com. eveline.caixeta@embrapa.br.
Antônio Félix da Costa, Pesquisador Dr. Fabrício Ávila Rodrigues, Professor Dr.
IPA - Instituto Agronômico de Pernambuco, Recife – UFV - Universidade Federal de Viçosa, Departamento
Pernambuco, Brasil. de Fitopatologia, Viçosa, MG, Brasil.
E-mail: felix.antonio@ipa.br. E-mail: fabricio@ufv.br.
1. Introdução
A origem e evolução das plantas terrestres transformou a biosfera da Terra
(Morris et al., 2018). As plantas têm um papel fundamental na manutenção do equi-
líbrio em um ecossistema e na condução da maioria dos processos biológicos essen-
ciais para a vida terrestre (Fernando, 2012). Podemos destacar, como mais impor-
tante para a vida, o seu papel na liberação de oxigênio no ar, o que constituiu uma
força decisiva para a atual forma de vida existente na Terra, e o seu papel no ciclo da
água. O que torna as plantas tão valiosas e importantes é que, juntamente com algas,
elas são os únicos seres vivos capazes de sintetizar seu próprio alimento a partir da
energia proveniente do sol. Entretanto, as plantas sintetizam muito mais alimento
do que necessitam utilizar prontamente, e armazenam o excesso como reserva em
folhas, caules, raízes, frutos ou sementes, para uso futuro. A capacidade de arma-
zenamento dos fotosintetizados excedentes pelas plantas terrestres (Embryophyta)
coloca-as como responsáveis por aproximadamente 80% da biomassa existente no
planeta Terra (Bar-On et al., 2018).
Assim, a capacidade das plantas de remover dióxido de carbono do ar para
completar o ciclo do carbono, atualmente ajudando a mitigar o efeito estufa e as mu-
danças climáticas, e convertendo este em fotoassimilados os quais são utilizados pe-
los seres humanos de diferentes formas torna as plantas um dos recursos de maior
relevância para a humanidade. Basicamente, os produtos derivados das plantas são
utilizados como: fonte de energia renovável, na produção de fibras, cosméticos e pro-
dutos medicinais, e talvez o mais básico e marcante, como fonte de alimento. Essas
necessidades humanas básicas estão crescendo rapidamente por causa de uma po-
pulação mundial crescente, aumento de renda e urbanização.
Embora derivados do petróleo e produtos sintéticos possam suprir algumas
das demandas dos seres humanos, as plantas são recursos alimentares insubsti-
tuíveis. De fato, quase todos os alimentos humanos são plantas ou organismos que
consomem plantas. Os seres humanos obtêm 85% de suas calorias de 20 espécies
de plantas e, três espécies, trigo (Triticum aestivum), arroz (Oryza sativa) e milho (Zea
mays), suprem 60% dessa demanda (Bennett, 2015).
Parafraseando as palavras do Diretor Geral da FAO “As plantas fornecem a base
principal da vida na Terra e são o pilar mais importante da nutrição humana, mas plantas
saudáveis não são algo que podemos dar como certo” (Dongyu, Q, Diretor-geral da FAO,
2019), mostramos que mesmo com grande avanço no desenvolvimento de cultiva-
res com alta capacidade produtiva, incremento na palatabilidade e valor nutricional
dos produtos das principais plantas alimentícias, há uma ameaça constante que é o
ataque de patógenos. Por exemplo, considerando as cinco principais espécies vege-
8
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
tais utilizadas como alimento básico [arroz, batata (Solanum tuberosum), milho, trigo
e soja (Glycine max)], patógenos fúngicos (Fungos e Oomicetos) destacam-se como
os principais vilões podendo comprometer significativamente a produção e conse-
quentemente a segurança alimentar ao nível doméstico, nacional e global (Savary et
al., 2019).
O emprego de cultivares resistentes no manejo das doenças de plantas é a me-
dida mais eficiente e segura, a que apresenta a melhor relação custo-benefício, o me-
nor impacto ambiental e a maior aceitabilidade pelos consumidores. Assim, neste
capítulo, descreveremos os conhecimentos básicos da resistência de plantas a agen-
tes patogênicos, considerando aspectos evolutivos de planta e do agente, como os
diferentes tipos de resistência afetam o desenvolvimento de uma epidemia e como
podemos trabalhar a ferramenta da resistência genética para torná-la efetiva por
maior período tempo, isolada ou associada a outras medidas.
1 - Agente: bactéria, fungo, nematoide, oomiceto, vírus, viroide, fitoplasma, espiroplasma, etc. que possam tornar-se
patógenos de uma espécie vegetal.
sonegóta P l d icnêts eR 9
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
Sintoma de
uma doença
sonegóta P l d icnêts eR 10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
Tabela 1. Exemplos de mecanismos de ataque de agentes patogênicos e sua ação sob o hospedeiro.
sonegóta P l d icnêts eR 11
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
2 - Agente desafiador: qualquer agente que tente estabelecer relação parasitária com a planta.
3 - Resistência de planta hospedeira: capacidade da planta de evitar ou atrasar os processos de infecção e colonização
dos seus tecidos pelo patógeno
sonegóta P l d icnêts eR 12
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
imposta pela cutícula o agente necessita utilizar mecanismos que reduzam a resistência
da mesma, como, por exemplo, a secreção de enzimas cutinases e ou força mecânica.
Constituintes da cutícula criam um ambiente hidrofóbico o qual pode ser favorável
ao agente patogênico atuando como sinal para germinação de esporos fúngicos e formação
de estruturas infectivas; ou desfavorável, por reduzir a formação de um filme contínuo de
água livre na superfície da planta o qual é essencial para movimentação de certos agentes
patogênicos como bactérias e oomicetos. Contudo, a contribuição na resistência da planta
pela cutícula vai além da simples ação física. Pesquisa tem demonstrado a existência de
uma complexa inter-relação entre lipídeos cuticulares e a resposta imune da planta suge-
rido que a cutícula também participa das respostas de defesas dinâmicas com circuitos de
sinalização e moléculas elicitoras (Reina-Pinto & Yephremov, 2009).
A parede celular atua como uma barreira física aos agentes patogênicos devido a sua
constituição complexa englobando celulose, hemicelulose, pectina e lignina. Estes consti-
tuintes básicos da parede celular requerem por parte do agente patogênico a presença de
enzimas específicas (celulases, xilanases, poligalacturonases, pectato liase, pectina metil
esterase, entre outras) para degradação e a variação na complexidade de cada componente,
sua concentração em relação ao órgão da planta e idade do tecido vegetal irá afetar seu ní-
vel de suscetibilidade. Contudo, a parede celular das plantas é uma estrutura dinâmica e a
sua perturbação induz uma rápida reorganização da mesma, por mecanismos compensa-
tórios, para minimizar os danos (Caño-Delgado et al., 2003; Hamann, 2012). Por exemplo,
planta mutante deficiente em celulose exibe aumento na lignificação da parece celular. Esta
mudança na parede resultou em aumento na resposta de defesa contra agentes causais de
oídio, quando a mutação afetou a deposição de celulose na parede primária, e contra pa-
tógenos necrotróficos, quando afetou também a parede secundária (Caño-Delgado et al.,
2003; Ellis & Turner, 2001; Hamann, 2012; Hernández-Blanco et al., 2007). Adicionalmen-
te, proteínas quinases associadas à parede funcionam como sensores, monitorando a inte-
gridade dos constituintes da parece celular, e sinalizadoras para defesa quando detectam
dano aos seus constituintes, por exemplo a ação das poligalacturonases na pectina (Ferra-
ri et al., 2013; Galletti et al., 2009). Entretanto, nosso conhecimento da interação planta e
agente patogênico ao nível de parece celular e como isto afeta a sinalização para a expres-
são das defesas ainda é incipiente. Assim, a expansão no entendimento das modificações
na parede celular que ocorrem durante a interação planta - agente desafiador é necessário
para melhorar nossa compreensão (Malinovsky et al., 2014).
No citoplasma da célula temos o citoesqueleto composto por uma rede de filamentos
de proteínas (filamentos de actina), microtúbulos e pontes filamentosas interligadas que dão
forma, estrutura e organização ao citoplasma da célula vegetal. O citoesqueleto atua como
um componente estrutural das células eucarióticas para suporte as forças de compressão
e também como constituinte essencial na resposta da planta contra penetração de agentes
desafiadores por meio da formação de barreira fisiológica, reorganizando-se na agregação
citoplasmática e atuando no transporte de compostos antimicrobianos, calose e componen-
tes de fortificação da parede celular, no local da infecção (Day et al., 2011; Janda et al., 2014).
O citoesqueleto, em especial os filamentos de actina, também contribui para a resistência
por desempenhar um importante papel no movimento (fechamento e abertura) estomático
(Day et al., 2011; Porter & Day, 2016). O fechamento estomático em reposta a presença de
agentes desafiadores na superfície vegetal foi demonstrado ser um importante mecanismo
ativo limitando a entrada do agente nos tecidos da planta (Melotto et al., 2006; 2008).
sonegóta P l d icnêts eR 13
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
sonegóta P l d icnêts eR 14
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
al., 2008; Wang et al., 2005). Como exemplo, a ação da α-tomatina em tomate (Solanum
lycopersicum) e da avenacina A-1 em aveia (Avena spp.), compromete a bicamada lipídi-
ca da membrana de microrganismos levando a formação de poros e perda da funcio-
nalidade biológica (Armah et al., 1999; Piasecka et al., 2015).
As fitoalexinas são um grupo heterogêneo de compostos de baixo peso molecu-
lar, produzidas de novo a partir de um precursor remoto pelo metabolismo secundário
de plantas quando expostas a algum estresse, com atividade antimicrobiana contra
uma ampla gama de agentes patogênicos sendo, portanto, uma importante parte do
repertório de defesas das plantas (Ahuja et al., 2012; González-Lamothe et al., 2009;
Jeandet et al., 2014; Piasecka et al., 2015). A indução da produção de fitoalexina pode
ser desencadeada pelo reconhecimento pela planta da presença de um patógeno
adaptado, e também de um agente não patogênico. O modo de ação das fitoalexinas é
bastante variável e, semelhantemente as fitoantecipinas, para muitas moléculas ainda
desconhecido. Por exemplo, a camalexina – uma das fitoalexinas mais conhecida –
causa danos na membrana celular (fungo e bactéria), reduz a permeabilidade da pare-
ce celular (fungo), compromete o enovelamento de proteínas no reticulo endoplasmá-
tico (fungo) e induz a morte programada da célula (fungo) (Ahuja et al., 2012).
sonegóta P l d icnêts eR 15
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
MAMPs
Molécula/frag- Tipo de Espécie onde é en-
Microrganismo Fonte PRRs
mento PRR contrado
Proteína tipo
Npl20 RLP23 LRR-RLP Arabidopsis thaliana
Nep1
- eMAX ReMAX/LRP1 LRR-RLP Arabidopsis thaliana
raxX RaxX21 XA21 LRR-RLP Oryza sativa
Permease Xup25 XPS1 LRR-RLP Arabidopsis thaliana
csp22 CSPR LRR-RLP Nicotiana benthamiana
Proteína de
Solanum lycopersi-
choque frio csp22 CORE LRR-RLP
cum
Bactéria Epítopo fgl22 FLS2 LRR-RLP Plantas superiores
Flagelina Solanum pimpinelli-
Epítopo fglII-28 FLS3 LRR-RLP
folium
Fator de elonga-
Epítopo elf18 EFR LRR-RLP Arabidopsis thaliana
ção TU (EF-Tu)
Componente da Peptidoglícano LYM1/LYM3 LysM-RLK Arabidopsis thaliana
parede celu- Exopolissacarídeo EPR3 LysM-RLK Lotus japonicus
lar/ Membrana
Lipopolissacarí- Lectina-R-
externa LORE Arabidopsis thaliana
deo LK
sonegóta P l d icnêts eR 16
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
MAMPs
Molécula/frag- Tipo de Espécie onde é en-
Microrganismo Fonte PRRs
mento PRR contrado
Solanum lycopersi-
Ave1 Ve1 LRR-RLP
cum
Avr3-Six1 I-3 LEC-RLK Solanum pennellii
Solanum pimpinelli-
Avr2, Gr-VAP1 Cf-2 LRR-RLP
folium
Avr4 Cf-4 LRR-RLP Solanun hirsutum
Solanum lycopersi-
Proteína Avr5 Cf-5 LRR-RLP
cum
Solanum pimpinelli-
Avr9 Cf-9 LRR-RLP
folium
Avr4E Hcr9-4E LRR-RLP Solanun hirsutum
AvrLm1, AvrLm2 LepR3/RLM LRR-RLP Brassica napus
Solanum pimpinelli-
Fungo Avr1/Six4 I LRR-RLP
folium
Toxina SnTox1 Snn1 WAK-RLK Triticum aestivum
Xilanase indutora
Xilanase Eix1/Eix2 LRR-RLP Solanum lycopersicon
de etileno
Endopoligalactu- RLP42/
Pectinase LRR-RLP Arabidopsis thaliana
ronase RBPG1
CEBiP LsyM-RLP Oryza sativa
Componente da LYP4, LYP6* LsyM-RLP Oryza sativa
Quitina
parede celular LYM2 LsyM-RLP Arabidopsis thaliana
LYK5, CERK1 LsyM-RLK Arabidopsis thaliana
Sclerotinia culture
Componente
filtrate elicitor1 – RLP30 LRR-RLP Arabidopsis thaliana
proteináceo
SCFE1
Solanum microdon-
Elicitina INF1 ELR/RLP85 LRR-RLP
tum
Oomiceto Necrose e pep-
tídeo indutor de nlp20 RLP23 LRR-RLP Arabidopsis thaliana
etileno
DAMPs
Peptídeo RALF
Malectin-
(fator de rápida FER Arabidopsis thaliana
Peptídeo -RLK
alcalinização)
Sistemina SR160 LRR-RLK Solanum peruvianum
Componente da Oligogalacturoni-
WAK1 EGF-RLK Arabidopsis thaliana
parece celular deos
Planta Peptídeo elicitor Pep1-6 PEPR1 LRR-RLK Arabidopsis thaliana
de planta Pep1-2 PEPR2 LRR-RLK Arabidopsis thaliana
Lectina-R-
ATP extracelular eATP DORN1 Arabidopsis thaliana
LK
Peptídeos se-
cretados induzi- PIP1 RLK7 LRR-RLK Arabidopsis thaliana
dos por PAMP
Abreviações: EGF (epidermal growth factor): fator de crescimento epidermal; LRR (leucine-rich repeat);
região rica em leucina; LysM (lysine motif):motivo de lisina; PRR (pattern-recognition receptor): receptor de
reconhecimento de padrão; RLK (receptor-like kinase): receptor semelhante a quinase; RLP (receptor-like
protein): proteína semelhante a receptor. * reconhece também peptidoglicano. Adpatado de Dallagnol &
Araújo Filho, (2018), Noman et al., (2019) e Saijo et al., (2018).
sonegóta P l d icnêts eR 17
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
4 - Resposta de hipersensibilidade: morte celular rápida e localizada no local da infecção em interações resistentes
entre plantas e patógenos.
sonegóta P l d icnêts eR 18
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
sonegóta P l d icnêts eR 19
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
5 - Raça: um subgrupo ou biótipo dentro de uma espécie e que normalmente diferem em patogenicidade (virulência)
entre genótipos do hospedeiro, mas não por sua morfologia.
sonegóta P l d icnêts eR 20
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
Proteína R
R1
R2
R3
Hospedeiro Hospedeiro Hospedeiro Hospedeiro
R4
Patógeno produz Patógeno produz Patógeno falta o
um efetor (Avr1) o efetor (Avr1), Patógeno falta o efetor (Avr1) e a
para o qual a planta mas a planta NÃO efetor (Avr1), planta NÃO possui
possui a proteína possui a proteína mas a planta possui a proteína
correspondente (R1) correspondente a proteína R1 correspondente (R1)
genes R ativação
Planta proteína R das
defesas
HR
Resistência
Patógeno genes Avr interação das
proteína Avr
proteínas R - Avr
sonegóta P l d icnêts eR 21
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
possui um repertório de genes R, e dois dos quatro possuem o gene R1, que codifica a proteína
R1 que permite que as plantas reconheçam a proteína Avr1do patógeno. Uma planta é resistente
ao patógeno apenas quando um isolado portador do gene Avr1 interage uma planta portadora do
gene R1, desencadeando, assim, mecanismos de defesa mediados pelo gene R que culmina no im-
pedimento do desenvolvimento da doença (esquerda). Em todos os outros casos, a planta é inca-
paz de reconhecer o patógeno (devido à ausência no patógeno dos efetores que a planta possuiu
genes R correspondentes ou pela ausência na planta de genes R que reconheçam algum dos efe-
tores do repertório produzido pelo isolado desafiante) e, portanto, é suscetível a infecção e mani-
festa os sintomas de doenças. As fotografias mostram resultados resistentes e suscetíveis após a
inoculação de folhas de trigo (Triticum aestivum) com o fungo agente causal da ferrugem da folha
(Puccinia triticina). (B) Nas relações gene-a-gene, uma planta portadora de um gene de R (que é
expresso e codifica para a proteína R) resiste ao patógeno portador dos efetores correspondentes
(efetores codificados por genes Avr e que são reconhecidos pela (s) proteína (s) R da planta), por
meio da resposta de hipersensibilidade (HR) que é uma forma de morte celular programada. A HR
é o resultado da cascata de sinalização desencadeada pela proteína R quando reconheceu um dos
efetores do patógeno e envolve, entre outras repostas, o influxo de íons Ca2+ do espaço extracelular
e / ou fluxo de ânions, o acúmulo de espécies reativas de oxigênio e a ativação dos genes de de-
fesa, resultando finalmente no desenvolvimento da resistência ao patógeno invasor. Adaptado de
Gururani et al. (2012) e Hammond-Kosack & Jones (2015)
sonegóta P l d icnêts eR 22
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
Domínio LRR:
Interação proteína-proteína;
controla o reconhecimento di-
reto e indireto do patógeno bem
como a especificidade de raças.
Domínio NB-ARC:
Ligação e hidrólise de ATP;
executa a fosforilação reversí-
vel intra- e inter-molecular da
proteína
Domínio CC/TIR:
Interações proteína-proteína e
dimerização de proteína
(A) Os patógenos secretam efetores que visam e modificam alvos moleculares, por exemplo as proteí-
nas do hospedeiro, para promover a suscetibilidade (S). As proteínas R, também chamadas de recep-
tor intracelular com ligação de nucleotídeos e domínios ricos em leucina (NLRs – nucleotide-binding,
leucine rich domanis), detectam efetores específicos dos patógenos através de diversos mecanismos
que podemos simplificadamente chamar de reconhecimento direto e indireto. No reconhecimento
direto, ocorre a interação direta da proteína NLR com o efetor induzindo a resposta de resistência (R)
na planta. No reconhecimento indireto as proteínas alvo dos efetores são “protegidas” pelas NLRs
(a proteína alvo é chamada de monitorada). Nos modelos indiretos, as NLRs detectam modificações
mediadas por efetores nas proteínas monitoradas ou isca (decoy). No modelo guarda, o NLR detecta
modificações induzidas pelo efetor um uma proteína (monitorada) e no modelo decoy o NLR detecta
alterações em uma proteína que mimetiza o alvo do efetor, mas que não apresenta uma função bio-
lógica clara. No modelo indireto há duas hipóteses de atuação da proteína NLR. Na primeira hipótese,
importantes alvos celulares do hospedeiro são monitorados pela proteína NLR e a indução da ETI
ocorre se o alvo monitorado for perturbado pela ação do efetor. Na segunda hipótese (representado
pelo decoy integrado), a proteína NLR e o alvo estão juntos (ligados fisicamente) e inativos. Durante a
infecção ocorre a modificação da proteína alvo (monitorada) pela ação do efetor liberando a proteína
NLR permitindo assim que a mesma inicie a cascata de sinalização que leva à indução da ETI.
(B) Uma proteína NLR típica é constituída por um domínio rico em leucina (LRR – leucine rich region), um
domínio de ligação e hidrólise de ATP (ARC-NB – nucletoide binding) e um domínio TIR (Toll interleukin-1
receptor) ou CC (coiled coil) formando as proteínas TIR-NB-LRR ou CC-NB-LRR, respectivamente.
sonegóta P l d icnêts eR 23
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
A resistência quantitativa pode ser quantificada com base nos processos monocí-
clicos (componentes de resistência): como eficiência de infecção (porcentagem de es-
truturas infectivas do patógeno que entram em contato com o hospedeiro e efetivamen-
te formam lesões), período de incubação (período de tempo entre a chegada do patógeno
no hospedeiro e a visualização dos sintomas da doença), período latente (período de
tempo entre a chegada do patógeno no hospedeiro e a produção de novas estruturas
infectivas), taxa de expansão da lesão (velocidade, expressa em mm por horas ou dias,
que o patógeno avança nos tecidos da planta causando danos ao tecido visualizado como
lesão), taxa de esporulação por lesão (produção diária de novas estruturas infectivas por
unidade de área afetada pela doença), ou como processo policíclico, especialmente em
condições de campo, como taxa aparente de infecção e área abaixo da curva de progres-
so da doença (Kushalappa & Gunnaiah, 2013).
Ainda do ponto de vista fenotípico, a resistência quantitativa exibe uma distribui-
ção continua de valores de resistência que não se ajusta nas proporções de segregação
Mendeliana. Embora na definição de Parlevliet (1978) não contenha a noção de que a
herança seja poligênica, os resultados de pesquisa atuais demonstram que a resistência
quantitativa normalmente é poligênica (Niks et al., 2015). Genotipicamente a resistên-
cia quantitativa é baseada na junção do efeito combinado de vários (ou muitos) genes
cada um contribuindo quantitativamente para o nível de resistência da planta podendo
ser influenciados pelo ambiente e entre si (Niks et al., 2015). Ademais, os mecanismos
que atuam na resistência quantitativa também podem estar relacionados as caracterís-
ticas associadas à regulação de crescimento e desenvolvimento, defesa basal, produção
de compostos de defesa, tradução de sinal, ou fraca ETI ativada por proteínas “R” defei-
tuosas ou outros mecanismos ainda não identificados (Poland et al., 2009).
Considerando que genes de defesa contribuem para resistência quantitativa, e
que patógenos secretam efetores que tem como alvos de ação mecanismos de defesa da
planta, as variações genéticas entre diferentes acessos dos hospedeiros nos genes alvos
de ação dos efetores são argumentos que suportam a hipótese que muito da resistência
quantitativa também é devido à variação (variantes alélicos) nos genes de defesa. Estes
variantes podem levar a altos níveis de resistência por que eles são expressos em altos
níveis ou no momento mais apropriado, ou porque podem ser mais difíceis de serem
manipulados pelos efetores (Niks et al., 2015). Segundo Niks et al. (2015), é amplamen-
te reconhecido que a capacidade do patógeno em suprimir PTI depende da espécie de
planta atacada, mas pouca atenção tem sido dada a possibilidade que dentro da espécie
hospedeira, indivíduos diferem na facilidade pelo qual efetores de um certo patógeno ou
raça do patógeno pode suprimir a PTI. Se as diferenças na resistência quantitativa entre
genótipos do hospedeiro são devido a diferenças no grau pelo qual o patógeno consegue
suprimir a PTI, esta diferença na resistência quantitativa deve resultar da variação no
alvo do efetor entre os genótipos do hospedeiro.
Seguindo nessa linha de facilidade de acesso e/ou disponibilidade de alvo no hos-
pedeiro, também podemos abordar, embora haja pouco relatos, a resistência completa
conferida por genes recessivos. Estes genes, que podemos chamar de genes de susceti-
bilidade (genes S), de fato são reguladores negativos das defesas, e quando bloqueada
sua expressão leva a resistência (Pavan et al., 2010). Alguns exemplos de resistência go-
vernada por genes recessivos são: mlo em cevada (Hordeum vulgare) – confere resistência
sonegóta P l d icnêts eR 24
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
a oídio; xa5 e xa13 em arroz – confere resistência a certas raças de Xanthomonas oryzae
pv. oryzae; edr1 em Arabidopsis (Arabidopsis thaliana) – confere resistência a vários pató-
genos; eIF4 em várias espécies de cereais – confere resistência a vírus de RNA, princi-
palmente da família Potyviridiae (Hammond-Kosack & Jones, 2015). O gene Mlo codifica
uma proteína de membrana plasmática a qual é essencial para a infecção de agentes cau-
sais de oídios. Homólogos do gene Mlo de cevada, os quais quando nocauteados levaram
a aumento de resistência, foram encontrados em Arabidopsis, tomate, ervilha (Pisum
sativum), pimentão (Capsicum annuum) e trigo (Niks et al., 2015). Nestes casos, diferen-
temente da resistência governada por genes dominantes, o fenótipo de suscetibilidade
ocorre quando há reconhecimento da proteína na planta pelos fatores de virulência do
patógeno. Veja o modelo simplificado na figura 2. Semelhantemente ao apresentado na
figura 2, temos também os genes de insensibilidade a toxinas de patógenos necrotrófi-
cos, em que a ausência da proteína sensível a toxina, confere insensibilidade a toxina,
resultando em redução da doença e em algumas situações até resistência ao patóge-
no. Como exemplo podemos citar o gene Tsn1 em trigo. Os patógenos fúngicos do trigo
Parastagonospora nodorum e Pyrenophora tritici-repentis, que produzem toxina seletiva de
hospedeiro ToxA a qual induz suscetibilidade apenas em genótipos que possuem o cor-
respondente gene de sensibilidade à toxina Tsn1. Interessantemente, a proteína Tsn1
possui características que lembram uma proteína R o que indica que esses patógenos
necrotróficos podem subverter os mecanismos de resistência adquiridos pelas plantas
para combater outros tipos de patógenos, como biotróficos, produzindo moléculas que
provocam a morte. Não se enquadra no modelo da figura 2, o gene Hm1 do milho, o qual
confere resistência a Cochliobolus carbonum como uma característica dominante, pois co-
difica uma redutase que inativa a toxina HC produzida pelo fungo.
Proteína alvo
Figura 2. Modelo de interação planta-patógeno com resistência governada por gene recessivo.
No modelo a planta possui uma molécula alvo, a qual é codificada por um gene de suscetibilidade
(gene S), de um efetor do patógeno. A ação do efetor na molécula alvo é crucial e decisivo para
que o patógeno consiga estabelecer a relação parasitária com a planta. Assim, a doença (esquer-
sonegóta P l d icnêts eR 25
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
da) somente se manifesta quando o patógeno codifica o efetor e a planta produz a molécula alvo
permitindo que uma reação de suscetibilidade seja promovida. Nos demais caso, a ausência do
efetor específico no patógeno ou a ausência da molécula alvo na planta, devido o gene recessi-
vo (gene s) evita a infecção e consequentemente o fenótipo será de resistência. As fotografias
mostram resultados resistentes e suscetíveis após a inoculação de folhas de cevada (Hordeum
vulgare) com o fungo agente causal do oídio (Blumeria graminis f. sp. hordei).
sonegóta P l d icnêts eR 26
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
sonegóta P l d icnêts eR 27
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
Limite para HR
Efetores do Efetores do
Amplitude da defesa
patógeno patógeno
Avr-R Avr-R
Limite para
resistência efetiva
BAIXA
MAMPs
sonegóta P l d icnêts eR 28
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
No modelo, fica evidente que a ETI (resistência completa) conferida pelos genes R
leva a uma corrida armamentista entre planta e patógeno. Estes ciclos interativos de adap-
tações do efetor e receptor é que governam a coevolução de genes R em plantas e efetores
no patógeno. Pelo lado do patógeno há o potencial de produção de inúmeros efetores, mui-
tos dos quais apresentam função redundante, fato que permite que alguns dos efetores
possam ser perdidos ou modificados sem grande efeito na virulência do patógeno (Win et
al., 2012).
A corrida armamentista existente entre plantas e seus agentes patogênicos cria uma
interação estreita, com a planta ativando respostas de defesa que impedem o crescimento
do patógeno, enquanto estes empregam armas moleculares especializadas que agem den-
tro da planta para fornecer uma base para infecção. Essa dinâmica cria fortes pressões se-
letivas e levou a exemplos impressionantes de rápidas mudanças evolutivas adaptativas.
As plantas estão continuamente moldando a evolução dos patógenos, promovendo mu-
danças recorrentes e sustentadas nos genomas microbianos (Raffaele & Kamoun, 2012;
Croll & McDonald, 2012; Dong et al., 2015). No balanço coevolucionário entre patógenos e
plantas, os patógenos também moldam a evolução de seus hospedeiros, deixando marcas
nos genomas vegetais. Para superar alelos de genes R individuais, os patógenos podem
modificar seus efetores reconhecidos para uma forma que não é detectada; a seleção na-
tural então favorece essas novas raças virulentas. Portanto, as plantas devem desenvolver
novas variantes de proteína R para detectar o efetor modificado ou outro componente pa-
togênico. Assim, a expansão e neofuncionalização da NLR é um mecanismo que permite
que as plantas acompanhem os patógenos. O repertório de efetores altamente adaptáveis
dos patógenos moldam o sistema de detecção da planta, levando na maioria dos casos a
um repertório de receptores extremamente diversificado. A pista mais informativa sobre
a evolução dessa diversidade é a organização genômica dos genes R, especialmente os
que pertencem a classe de proteínas NLR, que variam consideravelmente em número e
estrutura, e estão presentes em todas as plantas terrestres (Xue et al., 2012; Jones et al.,
2016). Os genes NLR geralmente estão localizados em aglomerados (clusters) de genes e
em regiões genômicas que sofrem taxas excepcionais de mutagênese, fatores que atuam
como um reservatório de diversidade genética (Zhou et al., 2004; Meyers et al., 2005; Jupe
et al., 2012; Karasov et al., 2014; Upson, et al., 2018). O mesmo ocorre com os genes que
codificam efetores no patógeno. Como resultado, a diversidade de novo é gerada rapida-
mente, fornecendo material para permitir uma rápida adaptação por parte de cada espé-
cie envolvida na interação.
Na coevolução da planta e seus patógenos podemos considerar dois ambientes: ecos-
sistema natural (onde a natureza é a responsável pela criação do ambiente e pela evolução
da comunidade – condição descrita anteriormente) e agroecossistemas (ecossistema com
presença de pelo menos uma população agrícola: onde há a interferência humana).
Nos agroecossistemas, a reciprocidade que é uma marca registrada da coevolução
não existe verdadeiramente. Na agricultura, os seres humanos controlam a parte da plan-
ta na interação, determinando quais genótipos são cultivados no campo. O patógeno evo-
lui em resposta aos alelos de resistência presentes no genótipo cultivado, mas a população
de plantas não tem a chance de responder naturalmente às mudanças na frequência dos
alelos de virulência que ocorrem na população de patógenos. Quando um gene de resis-
tência é superado, os melhoristas o substituem por outro gene de resistência, criando o
ciclo de expansão e retração (também conhecido por Boom and Bust6). Assim, podemos
dizer que a coevolução realmente não ocorre nos sistemas agrícolas. Pelo contrário, a
sonegóta P l d icnêts eR 29
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
6 - Ciclos Boom and bust: o conceito refere-se as flutuações, em curto prazo, no uso de determinado gene R em genótipos
cultivados. Por exemplo, melhoristas lançam nova cultivar resistente (gene R) a determinada doença, no entanto, alguns anos
após a sua introdução na produção comercial, o gene pode parar de proteger a cultura, e ocorre epidemia grave da doença. O
termo boom refere-se ao período (anos) de crescimento do uso da cultivar ou gene R porque oferece controle eficaz da doen-
ça (quando a população do patógeno consiste inteiramente em raça(s) que expressam o gene Avr funcional que é reconheci-
do pela proteína R). O termo bust refere-se ao período de retração do uso da cultivar ou gene R devido a falha no controle da
doença o que ocorreu pelo surgimento de mutante no avr evadindo da detecção pela proteína R. A introgressão de outro alelo
do gene R normalmente inicia outro ciclo de crescimento e retração do uso do gene.
sonegóta P l d icnêts eR 30
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
novas cultivares com novas fontes de resistência e a suplantação, da mesma, pelo rápido
surgimento de novas raças na população do patógeno, torna-se fundamental a adoção de
estratégias que evitem ou retardam o desenvolvimento desta situação (Camargo, 2018;
Thurow et al., 2018). Com o intuito de prolongar o tempo que um gene de resistência
(gene R) permanece efetivo7, são propostas algumas estratégias para utilização (Fig. 4).
Figura 4. Estratégias para longevidade de genes R. Rotação de genes (A), cultivo de cultivares com di-
ferentes genes de resistência no mesmo local. Piramidação (B), vários genes de resistência na mesma
planta. Multilinhas e mistura de cultivares (C), se resume na utilização no mesmo local, de plantas que
diferem em relação aos genes de resistência. A diversificação espacial de genes de R (D), visa a desace-
lerar a dispersão de elevada densidade populacional do patógeno virulento, tanto em escala de lavoura,
fazenda, região ou estado.
7 - Efetivo: não se refere a capacidade da proteína R detectar a cognata proteína Avr, mas sim a utilização efetiva do gene
na(s) cultivar(es) em uso.
sonegóta P l d icnêts eR 31
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
8 - Seleção por carona: O gene Avr reconhecido pelo novo gene R já foi previamente selecionado na população e
aumentou sua frequência por estar ligado (segregando juntamente, ou seja, a seleção de um gene em um locus pode
levar ao aumento da frequência de genes em loci ligados) com o gene Avr mutado que suplantou a resistência do
gene R em uso.
sonegóta P l d icnêts eR 32
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
5.3. Multilinha
Multilinha, pode ser definido, como o cultivo de uma mistura de linhagens, que
possuem a mesma aparência e similaridade genética (isogênicas), mas que diferem
entre si por possuírem cada qual um gene R diferente, que é transferido por retrocru-
zamento (Matiello et al., 1997). Dessa forma, nas multilinhas, as plantas resistentes ao
patógeno, além de não serem infectadas, atuam como uma barreira, interferindo na
dispersão do inóculo oriundo da infecção na planta suscetível. Assim, ocorre uma di-
minuição da multiplicação do patógeno e consequentemente no progresso da doença
na lavoura. Essa técnica tem sido adotada, principalmente no controle de doenças em
plantas autógamas como aveia, trigo e arroz (Ashkani et al., 2015; Thurow et al., 2018).
Em arroz, o desenvolvimento de cultivares multilinhas, visa principalmente a resis-
tência à brusone (Magnaporthe oryzae) (Ashkani et al., 2015).
Entretanto, vale ressaltar, que a heterogeneidade de genes entre as linhagens que
compõem a multilinha, deve ser significativa para aumentar a sua durabilidade no
campo, e ao mesmo tempo evitar o surgimento de uma super-raça de um determina-
do patógeno. No entanto, obter plantas nestas condições torna-se muito custoso e de-
morado, sendo considerado até desvantajoso em comparação ao método da pirâmide
gênica (Camargo, 2018).
sonegóta P l d icnêts eR 33
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
relação a plantios puros, sugerindo que pode ser possível aumentar a diversidade
dentro do campo combinando mais cultivares contrastantes em misturas (Vidal et
al., 2020).
sonegóta P l d icnêts eR 34
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
sonegóta P l d icnêts eR 35
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
resistência alcançado não seja suficiente para proteger suficientemente a cultura, depen-
dendo da região ou condição climática, a resistência quantitativa é útil devido à redução
no número nas aplicações requeridas de fungicidas (Naerstad et al., 2007).
Não obstante, mesmo nas cultivares mais resistentes, há situações, que há res-
postas positivas à aplicação de fungicidas, pois a resistência em uma única cultivar
raramente cobrem todas as doenças, ou a resistência é apenas parcial ou devido al-
guns fungicidas poderem aumentar o rendimento por efeitos fisiológicos diretos (Jør-
gensen et al., 2017). Portanto, o efeito da resistência do hospedeiro, na maioria das
vezes é reduzir, em vez de eliminar, a necessidade de fungicidas. Algumas cultivares
são altamente resistentes às doenças e podem não requerer tratamento com fungi-
cidas se a pressão da doença for baixa. Entretanto, sob alta pressão da doença, cul-
tivares resistentes podem exigir apenas entrada moderada de fungicida. Na maioria
das safras, as cultivares suscetíveis requerem uma alta contribuição do fungicida para
atingir seu potencial produtivo. Por exemplo, do Reino Unido, França e Dinamarca,
o uso de cultivares resistentes reduziram em até 50% a necessidade de fungicida no
trigo (Jørgensen et al., 2017, Loyce et al., 2008). Outros exemplos de uso da resistência
do hospedeiro para limitar os danos ou reduzir a dependência de fungicidas incluem
a mudança de variedades suscetíveis para moderadamente resistentes para o contro-
le da queima das folhas (Exserohilum turcicum) do milho e a diminuição do número de
aplicações de fungicidas em variedades de trigo com resistência à mancha amarela
(Pyrenophora tritici-repentis) (Jørgensen & Olsen, 2007; Debela et al., 2017).
Outros benefícios, como incremento no controle ou no rendimento, podem ser
obtidos pela associação dos métodos. Por exemplo, o controle químico de Pseudopero-
nospora cubensis em pepineiro (Cucumis sativus) foi influenciada pelo nível de resistência
dos genótipos (Call et al., 2013). O genótipo classificado como resistente obteve índices
superiores de controle e de produtividade, mesmo associado a fungicidas menos efi-
cazes, enquanto que no genótipo suscetível, independente da eficácia dos fungicidas
utilizadas, os índices de controle e de produtividade foram insatisfatórios. Assim, os
autores não descartam o uso combinado dos dois métodos de controle, no entanto afir-
mam que quanto maior o grau de resistência da planta, menor a necessidade de uti-
lização de um programa de manejo químico, composto por misturas de moléculas de
maior custo financeiro (Call et al., 2013). Do mesmo modo, estudo em batata demons-
trou que dependendo do nível de resistência da cultivar ao patógeno Phytophthora in-
festans, a demanda de aplicação de fungicidas pode ser reduzida em até 50%, para se
atingir índices satisfatórios do controle da doença (Naerstad et al., 2007). Para giberela
do trigo (Fusarium graminearum complexo de espécies), uma metanálise comparando
40 ensaios indicou que a eficiência do controle químico sobre a severidade da doen-
ça e o acúmulo de deoxinivalenol (DON) foi influenciado pelo nível de resistência do
genótipo, e que aplicação de fungicida no período da antese, associado com cultivares
com resistência moderada é a prática mais eficaz e estável para reduzir os problemas
com a giberela (Willyerd et al., 2012).
Entretanto, no controle de doenças de plantas os métodos químicos e genéticos
são vistos, algumas vezes, como dicotômicos: utilizar controle químico independente-
mente do nível de resistência da cultivar ou utilizar cultivar resistente para não em-
pregar agroquímicos. Em situações ou nichos de mercado específicos essa dicotomia
sonegóta P l d icnêts eR 36
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
pode até ser válida, no entanto, na grande parte das áreas cultivadas o uso de resistên-
cia genética associado ao controle químico tem sido estimulado visando proteger as
duas tecnologias, bem como ganhos na eficiência de controle de ambas. Teoricamen-
te, para resistência genética, o uso de fungicidas auxilia na redução da população do
patógeno, indistintamente da suas raças, o que pode favorecer a maior longevidade
de uso do gene R por reduzir a população do patógeno e consequentemente o número
de indivíduos que consegue suplantar o gene R. Para o controle químico, a resistên-
cia genética reduz a taxa de progresso da doença, consequentemente o fungicida será
aplicado em um ambiente de menor pressão de doença; ou dependendo da efetividade
da resistência genética, o número de pulverizações com fungicida pode ser reduzido,
reposicionando-as para os momentos mais críticos da cultura e, assim reduzindo as
chances de seleção de indivíduos resistentes ou insensíveis ao ingrediente ativo do
fungicida. Ademais, considerando que a vida efetiva (durabilidade) de um modo de
ação fungicida é determinada pela taxa de seleção para de indivíduos insensíveis e
pelo período de tempo em que a seleção ocorre devido à exposição da população de
patógenos ao modo de ação (Van Den Bosch et al., 2014), a diferença entre indivíduos
sensíveis e insensíveis a fungicidas pode ser reduzida diminuindo a taxa de aumento
de ambos. A resistência parcial do hospedeiro, que é eficaz independentemente da
sensibilidade do fungo ao fungicida, também pode retardar a seleção no patógeno
para insensibilidade a fungicidas (Jørgensen et al., 2017).
7. Considerações finais
Embora muitas lacunas ainda estejam incompletas, considerável progresso tem
sido realizado no conhecimento sobre os mecanismos de detecção de agentes pato-
gênicos pelas plantas e os mecanismos de defesa envolvidos. Esse conhecimento dos
mecanismos de detecção presente em plantas já está sendo utilizado para obtenção de
genótipos de plantas cultivadas com resistência a patógenos. Entretanto é importante
enfatizar que a efetiva durabilidade da resistência não está somente na forma que a
planta detecta o patógeno, mas dependerá do potencial evolucionário do patógeno, e
não menos importante de forma que será utilizada a resistência. O emprego de cultiva-
res resistentes deve ser entendido como uma ferramenta a ser aliada a outras medidas
de manejo que envolvem os princípios mais básicos, método cultural, até o emprego
do controle químico. Nesse sentido, o manejo de doenças da uma cultura deve ser pla-
nejado de forma que grande parte, senão todas, das medidas de manejo possíveis de
serem empregadas sejam contempladas, fato que reduzirá a pressão sobre as culti-
vares resistentes, e por conseguinte, aumentará as chances de maior durabilidade da
resistência genética.
sonegóta P l d icnêts eR 37
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
8. Referências bibliográficas
ABDALLAH, N.A.; SHAH, D.; ABBAS, D.; MADKOUR, M. Stable integration and expression of a
plant defensin in tomato confers resistance to Fusarium wilt. GM crops, v. 1, p. 344-350, 2010.
AHUJA, I.; KISSEN, R.; BONES, A.M. Phytoalexins in defense against pathogens. Trends in Plant
Science, v. 17, p. 73-90, 2012.
ALBERT, M. Peptides as triggers of plant defense. Journal of Experimental Botany, v. 64, p.
5269-5279, 2013.
AN, C.; MOU, Z. Non-host defense response in a novel Arabidopsis-Xanthomonas citri subsp. citri
pathosystem. Plos One, v. 7, p. e31130, 2012.
ARMAH, C.N. et al. The membrane-permeabilizing effect of avenacin A-1 involves the reorgani-
zation of bilayer cholesterol. Biophysical journal, v. 76, p. 281-290, 1999.
ASHKANI, S. et al. Molecular breeding strategy and challenges towards improvement of blast
disease resistance in rice crop. Frontiers in Plant Science, v. 6, p. 886, 2015.
BAR-ON, Y.M.; PHILLIPS, R.; MILO, R. The biomass distribution on Earth. Proceedings of the
National Academy of Sciences of the United States of America, v. 115, p. 6506-6511, 2018.
BAXTER, A.; MITTLER, R.; SUZUKI, N. ROS as key players in plant stress signalling. Journal of
Experimental Botany, v. 65, p. 1229-1240, 2014.
BEDNAREK, P. et al. A glucosinolate metabolism pathway in living plant cells mediates broad-s-
pectrum antifungal defense. Science, v. 323, p. 101-106, 2009.
BEER, A.; VIVIER, M. Four plant defensins from an indigenous South African Brassicaceae spe-
cies display divergent activities against two test pathogens despite high sequence similarity
in the encoding genes. BMC Research notes, v. 4, p. 459, 2011.
BENNETT, B.C. Plants as Food. In Economic Botany, Brad Bennett, Ed.; In Encyclopedia of Life
BIGEARD, J.; COLCOMBET, J.; HIRT, H. Signaling mechanisms in pattern-triggered immunity
(PTI). Molecular Plant, v. 8, p. 521-539, 2015.
BOLLER, T.; FELIX, G. A renaissance of elicitors: perception of microbe-associated molecular
patterns and danger signals by pattern-recognition receptors. Annual Review of Plant Bio-
logy, v. 60, p. 379-406, 2009.
BOUTROT, F.; ZIPFEL, C. Function, discovery, and exploitation of plant pattern recognition re-
ceptors for broad-spectrum disease resistance. Annual Review of Phytopathology, v. 55, p.
257-286, 2017.
BOYD, L.A.; RIDOUT, C.; O’SULLIVAN, D.M.; LEACH, J.E.; LEUNG, H. Plant–pathogen interactions:
disease resistance in modern agriculture. Trends in Genetics, v. 29, p. 233-240, 2013.
BROWN, J.K.M.; TELLIER, A. Plant-Parasite Coevolution: Bridging the Gap between Genetics and
Ecology. Annual Review of Phytopathology, v. 49, p. 345-367, 2011.
BRUNETTO, A.E.; MULLER, C.; PAZDIORA, P.C.; DALLAGNOL, L.J. Mistura de cultivares de dois
componentes no manejo de múltiplas doenças do trigo. Agrária - Revista Brasileira de Ciên-
cias Agrárias, v. 12, n. 3, p. 269-276, 2017.
BURDON, J.J.; BARRETT, L.G.; REBETZKE, G.; THRALL, P.H. Guiding deployment of resistance in
cereals using evolutionary principles. Evolutionary Applications, v. 7, n. 6, p. 609-624, 2014.
BUSCHHAUS, C.; JETTER, R. Composition and physiological function of the wax layers coating
Arabidopsis leaves: β-amyrin negatively affects the intracuticular water barrier. Plant Phy-
siology, v. 160, p. 1120-1129, 2012.
sonegóta P l d icnêts eR 38
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
CALL, A. D.; WEHNER, T. C.; HOLMES, G. J.; OJIAMBO, P. S. Effects of host plant resistance and
fungicides on severity of cucumber downy mildew. Hortscience, v. 48, n. 1, p. 53-59, 2013.
CAMARGO, L.E.A. Controle genético. In: AMORIM, L.; REZENDE, J.A.M.; BERGAMIN FILHO,
A. (org.). Manual de fitopatologia: princípios e conceitos. 5. ed. Piracicaba: Ceres, 2018. p.
325-341.
CAÑO-DELGADO, A.; PENFIELD, S.; SMITH, C.; CATLEY, M.; BEVAN, M. Reduced cellulose synthe-
sis invoker lignifications and defense response in Arabidopsis thaliana. The Plant Journal, v.
34, p. 351-362, 2003.
CAO, X. et al. Identification and validation of a major quantitative trait locus for slow-rusting re-
sistance to stripe rust in wheat. Journal of Integrative Plant Biology, v. 54, p. 330-344. 2012.
CASTRO, A. Cultivar mixtures. The plant health instructor. St. Paul: American Phytopathological
Society, 2001. https://doi.org/10.1094/PHI-A-2001-1230-01.
CHENG, Y. et al. Characterization of non-host resistance in broad bean to the wheat stripe rust
pathogen. BMC Plant Biology, v. 12, p.96-107, 2012.
COUTO, D.; ZIPFEL, C. Regulation of pattern recognition receptor signalling in plants. Nature
Review Immunology, v. 16, p. 537-552, 2016.
COX, C.M. et al. Cultivar mixtures for the simultaneous management of multiple diseases: tan
spot and leaf rust of wheat. Phytopathology, v. 94, n. 9, p. 961-969, 2004.
CROLL, D.; MCDONALD, B.A. The accessory genome as a cradle for adaptive evolution in patho-
gens. PLoS Pathogens, v.8, p.8-10, 2012.
DALLAGNOL, L.J.; ARAUJO FILHO, J.V. Uma visão geral da resistência de plantas a microrganis-
mos. In: Leandro José Dallagnol. (org.). Resistência genética de plantas a patógenos. Pelotas,
RS: Editora UFPel, 2018, p. 13-64.
DAY, B.; HENTU, J.L.; PORTER, K.J.; STAIGER, C.J. The pathogen actin connection: a platform for
defense signaling in plants. Annual Review of Phytopathology, v. 49, p. 483-506, 2011.
DEBELA, M.; DEJENE, M.; ABERA, W. Management of Turicum leaf blight [Exserohilum turicum
(Pass.) Leonard & Suggs] of maize (Zea Mays L.) through integration of host resistance and fun-
gicide at Bako, Western Ethiopia. African Journal of Plant Science, v. 11, p. 6-22, 2017.
DESLANDES, L.; RIVAS, S. The plant cell nucleus. A true arena for the fight between plant and
pathogens. Plant Signaling & Behavior, v. 6, p. 42-48, 2011.
DIXON, R.A. Natural products and plant disease resistance. Nature, v. 411, p. 843-847, 2001.
DODDS, P.N.; RATHJEN, J.P. Plant immunity: towards an integrated view of plant–pathogen inte-
ractions. Nature Review Genetics, v. 11, p. 539-548, 2010.
DONG, S.; RAFFAELE, S.; KAMOUN, S. The two-speed genomes of filamentous pathogens: Waltz
with plants. Current Opinion in Genetics and Development, v. 35, p. 57-65, 2015.
DONGYU, Q. Plants, the ‘core basis for life on Earth’, under increasing threat, warns UN food
agency. 2019. Disponível em: https://news.un.org/en/story/2019/12/1052591. Acesso em
25/06/2020.
DRAKE, J.W.; CHARLESWORTH, B.; CHARLESWORTH, D.; CROW, J.K. Rates of spontaneous mu-
tation. Genetics, v. 148, p. 1667–1686, 1998.
DU, J. et al. Elicitin recognition confers enhanced resistance to Phytophthora infestans in potato.
Nature Plants, v. 1, p.15034, 2015.
sonegóta P l d icnêts eR 39
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
ELLIS, C.; TURNER, J.G. The Arabidopsis mutant cev1 has constitutively active jasmonate and
ethylene signal pathways and enhanced resistance to pathogens. Plant Cell, v. 13, p. 1025-
1033, 2001.
FERNANDO, W.G. Plants: An international scientific open access journal to publish all facets of
plants, their functions and interactions with the environment and other living organisms.
Plants, v. 1, p. 1-5, 2012.
FERRARI, S. et al. Oligogalacturonides: plant damage-associated molecular pat- terns and regu-
lators of growth and development. Frontiers in Plant Science, v. 4, p. 49, 2013.
FINCKH, M.R.; GACEK, E.S.; CAEMBOR, H.J.; WOLFE, M.S. Host frequency and density effects on
powdery mildew and yield in mixtures of barley cultivars. Plant Pathology, v. 48, n. 6, p. 807-
816, 1999.
FLOR, H.H. Current status of the gene-for-gene concept. Annual Review of Phytopathology, v.
9, p. 275-296, 1971.
FRESCATADA-ROSA, M.; ROBATZEK, S.; KUHN, H. Should I stay or should I go? Traffic control for
plant pattern recognition receptors. Current Opinion in Plant Biology, v. 28, p. 23-29, 2015.
GALLETTI, R.; DELORENZO, G.; FERRARI, S. Host-derived signals activate plant innate immuni-
ty. Plant Signaling Behavior, v. 4, p. 33-34, 2009.
GIRALDO, M.C.; VALENT, B. Filamentous plant pathogen effectors in action. Nature Review Mi-
crobiology, v. 11, p. 800-814, 2013.
GONZÁLEZ-LAMOTHE, R. et al. Plant antimicrobial agents and their effects on plant and human
pathogens. International journal of molecular sciences, v. 10, p. 3400-3419, 2009.
GRAYER, R.J.; KOKUBUN, T. Plant-fungal interactions: The search for phytoalexins and other
antifungal compounds from higher plants. Phytochemistry, v. 56, p. 253-263, 2001.
GURURANI, M.A. et al.. Plant disease resistance genes: current status and future direction. Phys-
iological and Molecular Plant Pathology, v. 78, p.51-65, 2012.
HAMANN, T. Plant cell wall integrity maintenance as an essential component of biotic stress re-
sponse mechanisms. Frontiers in Plant Science, v. 3, A.77, 2012.
HAMMOND-KOSACK, K.E.; JONES, J.D.G. Responses to plant Pathogens. In: Buchanan, B.B.; Gru-
issem, W.; Jones, R.L. (eds) Biochemistry & Molecular Biology of Plants. John Wiley & Sons,
Ltd, UK, 2015, p. 984-1050.
HERNÁNDEZ-BLANCO, C.et al. Impairment of cellulose synthases required for Arabidopsis se-
condary cell wall formation enhances disease resistance. Plant Cell, v. 19, p. 890-903, 2007.
HOU, S.; LIU, Z.; SHEN, H.; WU, D. Damage-associated molecular pattern-triggered immunity in
plants. Frontiers in Plant Science, v. 10, A.646, 2019.
INOUE, Y. et al. Evolution of the wheat blast fungus through functional losses in a host specificity
determinant. Science, v. 357, p. 80-83, 2017.
IWAI, T. et al. Enhanced resistance to seed-transmitted bacterial diseases in transgenic Rice
plants overproducing on oat cell-wall-bound thionin. Molecular Plant-Microbe Interaction,
v. 15, p. 515-521, 2002.
JANDA, M.; MATOUŠKOVÁ, J.; BURKETOVÁ, L.; VALENTOVÁ, O. Interconnection between actin
cytoskeleton and plant defense signaling. Plant Signaling & Behavior, v. 9, p. e976486, 2014.
JANZEN, D.H. When is it coevolution? Evolution, v. 34. p.611-612, 1980.
JEANDET, P. et al. Deciphering the role of phytoalexins in plant-microorganism interactions and
human health. Molecules, v. 19, p. 18033-18056, 2014.
sonegóta P l d icnêts eR 40
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
JETTER, R.; KUNST, L.; SAMUELS, A.L. Composition of plant cuticular waxes In: RIEDERER, M.;
MÜLLER, C. (org) Biology of the Plant Cuticle. United Kingdom, Blackwell Publishing Ltd, v.
23, p. 145-181, 2006.
JONES, J.D.G.; DANGL, J.L. The plant immune system. Nature, v. 444, p. 323-329, 2006.
JONES, J. D.G.; VANCE, R.E.; DANGL, J.L. Intracellular innate immune surveillance devices in
plants and animals. Science, v. 354, p. aaf6395-aaf6395, 2016.
JØRGENSEN, L.; OLSEN, L. Control of tan spot (Drechslera tritici-repentis) using cultivar resistance,
tillage methods and fungicides. Crop Protection, v. 26, p. 1606–1616, 2007.
JØRGENSEN, L.N.; VAN DEN BOSCH, F.; OLIVER, R.P.; HEICK, T.M.; PAVELEY, N.D. Targeting Fungi-
cide Inputs According to Need. Annual Review of Phytopathology, v. 55, n.1, p. 181-203, 2017.
JUPE, F. et al. Identification and localization of the NB-LRR gene family within the potato geno-
me. BMC Genomics, v. 13, p. 75, 2012.
KAMOUN, S. Nonhost resistance to Phytophthora: Novel prospects for a classical problem. Cur-
rent Opinion in Plant Biology, v. 4, p. 295-300, 2001.
KANYUKA, K.; RUDD, J. J. Cell surface immune receptors: the guardians of the plant’s extracellu-
lar spaces. Current Opinion in Plant Biology, v. 50, p. 1–8, 2019.
KARASOV, T.; HORTON, M.W.; BERGELSON, J. Genomic variability as a driver of plant–pathogen
coevolution? Current Opinion in Plant Biology, v.18, p. 24-30, 2014.
KIM, N.H.; HWANG, B.K. Pepper pathogenesis related protein 4c is a plasma membrane localized
cysteine protease inhibitor that is required for plant cell death and defense signaling. Plant
Journal, v. 81, p. 81-94, 2015.
KRATTINGER, S.G. et al. A putative ABC transporter confers durable resistance to multiple fun-
gal pathogens in wheat. Science, v. 323, p. 1360-1363, 2009.
KUSHALAPPA, A.C.; GUNNAIAH, R. Metabolo-proteomics to discover plant biotic stress resis-
tance genes. Trends in Plant Science, v. 18, p. 522-531, 2013.
KUSHALAPPA, A.C.; YOGENDRA, K.N.; KARRE, S. Plant innate immune response: qualitative and
quantitative resistance. Critical reviews in Plant sciences, v. 35, p. 38-55, 2016.
LASSERRE-ZUBER, P. et al. Pyramiding quantitative resistance with major resistance gene in
apple: from epheremal to enduring effectiveness in controlling scab. Plant Disease, v. 102, p.
2220-2223, 2018.
LEE, S.J.; ROSE, J.K.C. Mediation of the transition from biotrophy to necrotrophy in hemibiotro-
phic plant pathogens by secreted effector proteins. Plant signaling & Behaviour, v. 5, p. 769-
772, 2010.
LI, S.; SMITH, J.R.; RAY, J.D.; FREDERICK, R.D. Identification of a new soybean rust resistance
gene in PI567102B. Theoretical and Applied Genetics, v. 125, p. 133-142, 2012.
LI, X.; KAPOS, P.; ZHANG, Y. NLRs in plants. Current opinion in Immunology, v. 32, p. 114-121, 2015.
LO PRESTI, L. et al. Fungal effectors and plant susceptibility. Annual review of Plant biology, v.
66, p. 513-545, 2015.
LOBO, D.S. et al. Antifungal Pisum sativum defensin 1 interacts with Neurospora crassa cyclin F re-
lated to the cell cycle. Biochemistry, v. 46, p. 987-996, 2007.
LOYCE, C. et al. Interaction between cultivar and crop management effects on winter wheat dis-
eases, lodging, and yield. Crop Protection, v. 27, p. 1131–1142, 2008.
MACHO, A.P.; ZIPFEL, C. Targeting of plant pattern recognition receptor-triggered immunity by bac-
terial type-III secretion system effectors. Current Opinion Microbiology, v. 23, p. 14-22, 2015.
sonegóta P l d icnêts eR 41
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
MALINOVSKY, F.G.; FANGEL, J.U.; WILLATS, W.G.T. The role of the cell wall in plant immunity.
Frontiers in Plant Science, v.5, p. 178, 2014.
MATIELLO, R.R.; BARBIERI, R.L.; CARVALHO, F.I.F. Resistência das plantas a moléstias fúngicas.
Ciência Rural, v. 27, n. 1, p.161-168, 1997.
MEYERS, B.C.; KAUSHIK, S.; NANDETY, R.S. Evolving disease resistance genes. Current Opinion
in Plant Biology, v. 8, p. 129-134, 2005.
McDONALD, B.A. Population Genetics of Plant Pathogens. The Plant Health Instructor. doi:10.1094/
PHI-A-2004-0524-01, 2004.
MELOTTO, M.; UNDERWOOD, W.; KOCZAN, J.; NOMURA, K.; HE, S.Y. Plant stomata function in
innate immunity against bacterial invasion. Cell, v. 126, p. 969-980, 2006.
MELOTTO, M.; UNDERWOOD, W.; HE, S.Y. Role of stomata in plant innate immunity and foliar
bacterial diseases. Annual Review of Phytopathology, v. 46, p. 101-122, 2008.
MORRIS, J.L. et al. The timescale of early land plant evolution. Proceedings of the National Aca-
demy of Sciences of the United States of America, v. 115, n. 10, p. E2274–E228, 2018.
MOURA, F.T. et al. Effects of a chitin-binding cicilin from Enterolobium contortisiliquum seeds on
bean bruchid pests (Callosobruchus maculates and Zabrotes subfasciatus) and phytopathogenic
fungi (Fusarium solani and Colletotrichum lindemuthianum). Journal of Agricultural and Food
Chemistry, v. 55, p. 260-266, 2007.
MUNDT, C.C. Durable resistance: a key to sustainable management of pathogens and pests. In-
fection. Genetics and Evolution, v. 27, p. 446-455, 2014.
MUNDT, C.C. Use of multiline cultivars and cultivar mixtures for disease management. Annual
Review of Phytopathology, v. 40, p. 381-410, 2002.
MYSORE, K.S.; RYU, C.M. Nonhost resistance: how much do we know? Trends in Plant Science,
v. 9, p. 97-104, 2004.
NAERSTAD, R.; HERMANSEN, A.; BJOR, T. Exploiting host resistance to reduce the use of fungi-
cides to control potato late blight. Plant Pathology, v. 56, p. 156-166, 2007.
NARUSAKA, Y. et al. Cytological and molecular analyses of non-host resistance of Arabidopsis
thaliana to Alternaria alternata. Molecular Plant Pathology, v. 6, p. 615-627, 2005.
NAWROT, R. et al. Plant antimicrobial peptides. Folia Microbiologica, v. 59, p. 181-196, 2014.
NEWMAN, M.A.; SUNDELIN, T.; NIELSEN, J.T.; ERBS, G. MAMP (microbe-associated molecular
pattern) triggered immunity in plants. Frontiers in Plant Science, v. 4, p. 139, 2013.
NIKS, R.; LI, X.; MARCEL, T.C. Quantitative resistance to biotrophic filamentous plant pathogens:
concepts, misconceptions, and mechanisms. Annual Review of Phytopathology, v. 53, p.
445–470, 2015.
NOMAN, A.; AQEEL, M.; LOU, Y. PRRs and NB-LRRs: from signal perception to activation of plant
innate immunity. International Journal of Molecular Sciences, v. 20, p. A. 1882, 2019.
NTAHIMPERA, N.; DILLARD, H.R.; COBB, A.C.; SEEM, R.C. Anthracnose development in mixtures
of resistant and susceptible dry bean cultivars. Phytopathology, v. 86, n. 6, p. 668-673, 1996.
OLIVER, R.P.; SOLOMON, P.S. New developments in pathogenicity and virulence of necrotrophs.
Current Opinion in Plant Biology, v. 13, p. 415-419, 2010.
OSBOURN, A. Saponins and plant defence - a soap story. Trends in Plant Science, v. 1, p. 4-9, 1996.
PARLEVLIET, J.E. Race-specific aspects of polygenic resistance of barley to leaf rust, Puccinia
hordei. Netherlands Journal of Plant Pathology, v. 84, p. 121-126, 1978.
sonegóta P l d icnêts eR 42
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
PAVAN, S.; JACOBSEN, E.; VISSER, R.G.; BAI, Y. Loss of susceptibility as a novel breeding strategy
for durable and broad-spectrum resistance. Molecular Breeding, v. 25, p. 1-12, 2010.
PELEGRINI, P.B.; FRANCO, O.L. Plant γ-thionins: novel insights on the mechanism of action of
a multi-functional class of defense proteins. The International Journal of Biochemistry &
Cell Biology, v. 37, p. 2239-2253, 2005.
PHAM, T.A.; MILES, M.R.; FREDERICK, R.D.; HILL, C.B.; HARTMAN, G.L. Differential responses of re-
sistant soybean entries to isolates of Phakopsora pachyrhizi. Plant Disease, v. 93, p. 224-228, 2009.
PIASECKA, A.; JEDRZEJCZAK-REY, N.; BEDNAREK, P. Secondary matabolites in plant innate immu-
nity: conserved function of divergent chemicals. New Phytologist, v. 206, p. 948-964, 2015.
PILET-NAYEL, M.L. et al. Quantitative resistance to plant pathogens in pyramiding strategies for
durable crop protection. Frontiers in Plant Science, v. 8, p. 1838, 2017.
PINOSA, F. et al. Arabidopsis phospholipase dd is involved in basal defense and nonhost resis-
tance to powdery mildew fungi. Plant Physiology, v. 163, p. 896-906, 2013.
PRITCHARD, L.; BIRCH, P.R.J. The zigzag model of plant–microbe interactions: is it time to move
on? Molecular Plant Pathology, v.15, p. 865-870, 2014.
POLAND, J.A.; BALINT-KURTI, P.J.; WISSER, R.J.; PRATT, R.C.; NELSON, R. J. Shades of gray: the
world of quantitative disease resistance. Trends in Plant Science, v. 14, p. 21-29, 2009.
PORTER, K.; DAY, B. From filaments to function: The role of the plant actin cytoskeleton in pa-
thogen perception, signaling and immunity. Journal of Integrative in Plant Biology, v. 58, p.
299-311, 2016.
PUSZTAHELYI, T.; HOLB, I.J.; PÓCCSI, I. Secondary metabolites in fungus-plant interactions.
Frontiers in Plant Science, v. 6, p. 573, 2015.
QI, D.; INNES, R.W. Recent advances in plant NLR structure, function, localization, and signaling.
Frontiers in immunology, v. 4, p. 348, 2013.
RABOIN, L.M. et al. Two-component cultivar mixtures reduce rice blast epidemics in an upland
agrosystem. Plant Pathology, v. 61, n. 6, p. 1103-1111, 2012.
RAFFAELE, S.; KAMOUN, S. Genome evolution in filamentous plant pathogens: why bigger can
be better. Nature Review in Microbiology, v.10, p. 417-430, 2012.
RAVENSDALE, M.; NEMRI, A.; THRALL, P.H.; ELLIS, J.G.; DODDS, P.N. Co- evolutionary interac-
tions between host resistance and pathogen effector genes in flax rust disease. Molecular
Plant Pathology, v. 12, p. 93-102, 2011.
REINA-PINTO, J.J.; YEPHREMOV, A. Surface lipids and plant defenses. Plant Physiology and
Biochemistry, v. 47, p. 540-549, 2009.
SAIJO, Y.; LOO, E.P.; YASUDA, S. Pattern recognition receptors and signaling in plant-microbe
interactions. The Plant Journal, v. 93, p. 592–613, 2018.
SAMUELS, L.; KUNST, L.; JETTER, R. Sealing plant surfaces: cuticular wax formation by epider-
mal cells. Annual Review in Plant Biology, v.59, p. 683-707, 2008.
SARRIS, P.F. et al. A plant immune receptor detects pathogen effectors that target WRKY trans-
cription factors. Cell, v. 161, p. 1089-1100, 2015.
SAVARY, S. et al. A. The global burden of pathogens and pests on major food crops. Nature Eco-
logy and Evolution, v. 3, 430-439, 2019.
SERRANO, M.; COLUCCIA, F.; TORRES, M.; L’HARIDON, F.; MÉTRAUX, J.P. The cuticle and plant
defense to pathogens. Frontiers in Plant Science, v. 5, p. 274, 2014.
sonegóta P l d icnêts eR 43
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
STAEL, S. et al. Plant innate immunity - sunny side up?. Trends in Plant Science, v. 20, p. 3-11, 2015.
STAM, R.; MCDONALD, B.A. When resistance gene pyramids are not durable-the role of
pathogen diversity. Molecular Plant Pathology, v.19, p.521-524, 2018.
STASSEN, J.H. M.; ACKERVEKEN, G.V. How do oomycete effectors interfere with plant life? Cur-
rent Opinion in Plant Biology, v. 14, p. 407-414, 2011.
SUN, J.Y. et al. Characterization and antifungal properties of wheat nonspecific lipid transfer
proteins. Molecular Plant-Microbe Interaction, v. 21, p. 346-360, 2008.
THOMMA, B.P.H.J.; NURNBERGER, T.; JOOSTEN, M.H.A.J. Of PAMPs and Effectors: the blurred
PTI-ETI dichotomy. Plant Cell, v. 23, p. 4-15, 2011.
THUROW, L.B.; CASTRO, C.M.; PEREIRA, A.S. Melhoramento de plantas visando à resistência a
patógenos. In: DALLAGNOL, L.J. (org.). Resistência genética de plantas a patógenos. Ed. UF-
Pel, Pelotas, 2018. p. 65-93.
TRDÁ, L. et al. Perception of pathogenic or beneficial bacteria and their evasion of host immunity:
pattern recognition receptors in the frontline. Frontiers in Plant Science, v. 6, A. 219, 2015.
TRUJILLO, M.; KOGEL, K.H.; HÜCKELHOVEN, R. Superoxide and hydrogen peroxide play diffe-
rent roles in the nonhost interaction of barley and wheat with inappropriate formae speciales
of Blumeria graminis. Molecular Plant-Microbe Interaction, v.17, p.304-312, 2004.
TSUDA, K.; KATAGIRI, F. Comparing signaling mechanisms engaged in pattern-triggered and
effector-triggered immunity. Current Opinion in Plant Biology, v. 13, p. 459-465, 2010.
UMA, B.; RANI, T.S.; PODILE, A.R. Warriors at the gate that never sleep: non-host resistance in
plants. Journal of Plant Physiology, v. 168, p. 2141-2152, 2011.
UPSON, J.L.; ZESS, E.K.; BIAŁAS, A.; WU, C.H.; KAMOUN, S. The coming of age of EvoMPMI: evo-
lutionary molecular plant-microbe interactions across multiple timescales. Current Opinion
in Plant Biology, v. 44, p. 108-116, 2018.
VAN DEN BOSCH, F.; OLIVER, R.; VAN DEN BERG, F.; PAVELEY, N. Governing principles can guide fun-
gicide resistance management tactics. Annual Review Phytopathology, v. 52, p. 175–95, 2014.
VANETTEN, H.D.; MANSFIELD, J.W.; BAILEY, J.A.; FARMER, E.E. Two classes of plant antibiotics:
Phytoalexins versus “phytoanticipins”. Plant Cell, v. 6, p. 1191-1192, 1994.
VIDAL, T. et al. Cultivar mixture effects on disease and yield remain despite diversity in wheat
height and earliness. Plant Pathology, v. 69, p. 1148-1160, 2020.
WANG, S. et al. First report of a novel plant lysozyme with both antifungal and antibacterial ac-
tivities. Biochemical and Biophysical Research Communication, v. 327, p. 820-827, 2005.
WASZCZAK, C. et al. Oxidative post-translational modifications of cysteine residues in plant sig-
nal transduction. Journal of Experimental Botany, v. 66, p. 2923-2934, 2015.
WILLYERD, K.T. et al. Efficacy and stability of integrating fungicide and cultivar resistance to ma-
nage Fusarium head blight and deoxynivalenol in wheat. Plant Disease, v. 96, p. 957-967, 2012.
WIN, J. et al. Effector biology of plant-associated organisms: concepts and perspectives. Cold
Spring Harbor Symposia on Quantitative Biology, v. 77, p. 235-247, 2012.
WIRTHMUELLER, L.; MAQBOOL, A.; BANFIELD, M. J. On the front line: structural insights into
plant-pathogen interactions. Nature Reviews Microbiology, v. 11, p. 761-776, 2013.
XUE, M. et al. Comparative analysis of the genomes of two field isolates of the rice blast fungus
Magnaporthe oryzae. PLoS Genetics, v. 8, p. e1002869, 2012.
sonegóta P l d icnêts eR 44
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 1 - RESISTÊNCIA GENÉTICA DA PLANTA A AGENTES PATOGÊNICOS
YAMANAKA, N. et al. Multiple Rpp-gene pyramiding confers resistance to Asian soybean rust
isolates that are virulent on each of the pyramided genes. Tropical Plant Pathology, v. 40, p.
283–290, 2015.
YUN, B.W. et al. Loss of actin cytoskeletal function and EDS1 activity, in combination, severely
compromises non-host resistance in Arabidopsis against wheat powdery mildew. The Plant
Journal, v. 34, p. 768-777, 2003.
ZHANG, H. et al. Histological and molecular studies of the non-host interaction between wheat
and Uromyces fabae. Planta, v. 234, p. 979-991, 2011.
ZHOU, T. et al. Genome-wide identification of NBS genes in japonica rice reveals significant ex-
pansion of divergent non-TIRNBS-LRR genes. Molecular and Genetics Genomics, v. 271, p.
402-15, 2004.
sonegóta P l d icnêts eR 45
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2
CAPÍTULO 2
RESISTÊNCIA GENÉTICA E MELHORAMENTO DE PLANTAS
À DOENÇAS
1. Introdução
A resistência genética de plantas é uma das medidas de grande importância no
manejo integrado de doenças, sendo hereditária na natureza e controlada por um ou
mais genes que expressam esse controle genético. Em um programa de melhoramen-
to, o primeiro trabalho a ser realizado é a identificação de genótipos resistentes, nor-
malmente por meio de inoculações com diferentes isolados ou raças do patógeno em
condições controladas, além das avaliações do banco de germoplasma em plantios
conduzidos no campo. Em seguida, a natureza genética da resistência encontrada é in-
vestigada por meio de estudos de herança, envolvendo cruzamentos entre um genitor
resistente e outro contrastante suscetível. A herança da característica pode orientar o
método de melhoramento a ser usado. Como exemplo, se a herança observada for mo-
nogênica, para desenvolvimento de cultivar resistente, o método do retrocruzamen-
to tem sido largamente utilizado, enquanto para herança poligênica um dos métodos
mais utilizado é a seleção recorrente.
Visando dar suporte ao melhoramento genético, após o estudo da herança da re-
sistência, marcadores moleculares associados aos genes caracterizados são localizados
em mapas genéticos de ligação. A localização permite conhecimento da região física do
cromossomo a qual os marcadores flanqueiam os genes de resistência, possibilitando a
seleção de plantas assistida por marcadores moleculares. Dessa forma, o melhoramento
genético realizado atualmente tem sido resultado da aplicação dos métodos tradicionais
e moleculares. Essa estratégia apresenta as vantagens de ser aplicada nos estágios ini-
ciais de desenvolvimento das plantas, reduzir o tempo para obter o genótipo desejado,
permitir a piramidação de genes de resistência, além de eliminar testes de progênies no
método do retrocruzamento quando o gene desejado é recessivo. O uso da seleção as-
sistida por marcadores para obtenção de cultivares resistentes tem sido eficientemente
aplicado nos patossistemas como trigo x Puccinia sp. e nematoides, arroz x Xanthomonas
oryzae pv. oryzae e Magnaporthe oryzae, soja x Soybean mosaic virus e Phakopsora pachyrhizi,
café x Hemileia vastatrix, entre outros.
Além desses trabalhos, para o desenvolvimento e lançamento de cultivares resis-
tentes a doenças, o melhorista deve considerar a variabilidade do patógeno e adotar di-
ferentes estratégias visando a maior durabilidade da resistência no campo. Dentre as
estratégias adotadas estão a rotação de genes de resistência no tempo e espaço, pirami-
dação dos genes, multilinhas e ou misturas de cultivares contendo diferentes genes de
resistência ao patógeno.
46
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2
O L U T Í P A C S A Ç N E O D À T NL AP E D O M R H L E A C I T É N G Ê S R -
sonegóta P l d icnêts eR 47
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2
O L U T Í P A C S A Ç N E O D À T NL AP E D O M R H L E A C I T É N G Ê S R -
sonegóta P l d icnêts eR 48
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2
O L U T Í P A C S A Ç N E O D À T NL AP E D O M R H L E A C I T É N G Ê S R -
F1 100 0 1:0 - -
* RCR (retrocruzamento entre plantas F1 e parental resistente), RCS (retrocruzamento entre plantas F1 e
parental suscetível); ** Probabilidade relacionada ao qui-quadrado (χ 2), não rejeitando a proporção espe-
rada R:S quando o valor P ≥ 5%.
sonegóta P l d icnêts eR 49
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2
O L U T Í P A C S A Ç N E O D À T NL AP E D O M R H L E A C I T É N G Ê S R -
tância econômica, os chamados QTL – Quantitative Trait Loci (Crittenden et al., 1993).
Assim, os resultados de ligação entre marcador e gene\QTL e também entre os pró-
prios marcadores são essenciais no contexto da seleção genética no melhoramento
genético de plantas.
Os mapas genéticos de ligação tem sido fundamentais para estudos de genética
populacional e estrutura e evolução genômica. Na resistência de plantas a doenças, os
mapas têm contribuído principalmente para estudo da arquitetura genética da resis-
tência (Dodia et al., 2019) e localização de locos associados à resistência (Wen et al.,
2018; Sapkota et al., 2019). Marcadores ligados aos locos identificados são utilizados
na seleção assistida para obtenção de cultivares resistentes. Esses trabalhos não ape-
nas fornecem informações e ferramentas importantes para a transferência do gene
da resistência para materiais genéticos de interesse, mas também servem como base
para a clonagem dos genes e ampliam o conhecimento da interação planta-patógeno
(Pandey et al., 2016; Agarwal et al., 2018; Dodia et al., 2019; Neelam et al., 2020).
A obtenção dos mapas genéticos de ligação é baseada na taxa de recombinação
de segmentos de DNA de cromossomos homólogos durante a meiose. Essas trocas de
segmentos são denominadas de crossing-over ou recombinação. Esse fenômeno foi ob-
servado por Thomas Morgan em 1910, e, em 1913, o pesquisador A.H. Sturtevant su-
geriu o uso da porcentagem de recombinantes entre genes ligados como indicador
quantitativo da distância linear entre os dois genes na construção de mapas genéticos.
Como os eventos de crossing-over ocorrem ao acaso, a probabilidade de recombinação é
maior para locos mais distantes. Com base nessa taxa de recombinação entre os locos
gênicos, são calculados a distância e ordenamento dos genes e marcadores molecula-
res nos cromossomos (Schuster & Cruz, 2004).
O cálculo da distância entre os genes/marcadores deve ser estimada adequada-
mente para que ocorra o ordenamento correto e sejam estabelecidos os grupos de li-
gação (GL) que representem o número básico de cromossomos da espécie. Para isso, é
necessário definir a frequência máxima de recombinação e o LOD (logarithm of the odds)
mínimo para inferir se dois locos estão ligados (Liu, 1998; Schuster & Cruz, 2004). Atu-
almente, diferentes métodos estatísticos estão disponíveis e incorporados em softwares
(Xu et al., 2017).
Inicialmente os mapas genéticos eram formados por marcadores morfológicos
e citológicos, mas tinham baixa abrangência das espécies. Posteriormente, surgiram
os marcadores bioquímicos e os mapas genéticos passaram a ser construídos a partir
desses marcadores, permitindo a obtenção de mapas genéticos, potencialmente, em
todas as espécies de plantas. Contudo, foi devido ao advento dos marcadores mole-
culares baseados em DNA que o mapeamento genético abrangeu inúmeras espécies
de plantas de interesse agronômico. Os mapas genéticos são fundamentados princi-
palmente em marcadores do tipo Random Amplified Polymorphic DNA (RAPD), Amplified
Fragment Length Polymorphism (AFLP) e Simple Sequence Repeats (SSR). Mais recentemen-
te, com os avanços das técnicas de sequenciamento e análise de bioinformática, os
marcadores Single Nucleotide Polymorphism (SNPs) estão sendo incorporados aos ma-
pas, permitindo a obtenção de mapas genéticos de alta densidade. Entretanto, a dis-
ponibilidade de um mapa genético confiável depende de vários fatores como o tipo de
marcador utilizado, o tipo de população analisada e o tamanho da população, além de
sonegóta P l d icnêts eR 50
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2
O L U T Í P A C S A Ç N E O D À T NL AP E D O M R H L E A C I T É N G Ê S R -
sonegóta P l d icnêts eR 51
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2
O L U T Í P A C S A Ç N E O D À T NL AP E D O M R H L E A C I T É N G Ê S R -
sonegóta P l d icnêts eR 52
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2
O L U T Í P A C S A Ç N E O D À T NL AP E D O M R H L E A C I T É N G Ê S R -
sonegóta P l d icnêts eR 53
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2
O L U T Í P A C S A Ç N E O D À T NL AP E D O M R H L E A C I T É N G Ê S R -
sonegóta P l d icnêts eR 54
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2
O L U T Í P A C S A Ç N E O D À T NL AP E D O M R H L E A C I T É N G Ê S R -
sonegóta P l d icnêts eR 55
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2
O L U T Í P A C S A Ç N E O D À T NL AP E D O M R H L E A C I T É N G Ê S R -
sonegóta P l d icnêts eR 56
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2
O L U T Í P A C S A Ç N E O D À T NL AP E D O M R H L E A C I T É N G Ê S R -
sonegóta P l d icnêts eR 57
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2
O L U T Í P A C S A Ç N E O D À T NL AP E D O M R H L E A C I T É N G Ê S R -
sonegóta P l d icnêts eR 58
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2
O L U T Í P A C S A Ç N E O D À T NL AP E D O M R H L E A C I T É N G Ê S R -
Nesta geração, a colheita em bulk é substituída pela seleção e trilha individual das
plantas agronomicamente superiores e as sementes de cada planta selecionada em
Fn formarão uma fileira de plantas, ou famílias, da geração Fn+1. Esta etapa é chamada
de abertura do bulk. Deve ficar claro ao leitor que, plantas de uma geração n qualquer
(Fn), quando sofrem autofecundação, formam sementes Fn+1 e, estas, quando planta-
das, formam a geração de plantas também chamadas de Fn+1. Para fins de ilustração,
foi assumido que o grau de homozigose desejado foi alcançado na sexta geração (F6). O
melhorista selecionará as melhores plantas F6 que serão colhidas e trilhadas individu-
almente para não haver mistura das sementes. As sementes F7 de cada uma das plan-
tas selecionadas anteriormente serão semeadas em fileiras diferentes, garantindo que
cada fileira contenha apenas sementes de uma única planta. Assim, se forem selecio-
nadas 200 plantas individuais em F6, por exemplo, serão plantadas 200 fileiras em F7,
tendo cada fileira as sementes de uma única planta F6 anteriormente selecionada.
Em Fn+1, no exemplo F7, a seleção de plantas dentro de cada fileira é pouco eficien-
te dado ao maior grau de homozigose das plantas dentro, propiciado pelas sucessivas
gerações de autofecundação nas gerações anteriores. Entretanto, o melhorista ainda
faz a seleção entre as melhores fileiras, ocasião em que todas as plantas de uma mes-
ma fileira selecionada são colhidas em bulk, suas sementes misturadas e amostradas
aleatoriamente para o plantio das novas gerações que serão avaliadas no ensaio pre-
liminar de linhagem (EPL), ensaio intermediário de linhagem (EIL) e ensaio final de
linhagem (EFL), sendo F8, F9 e F10, respectivamente. Nesses ensaios são usados deline-
amento experimental e testes de médias apropriado para comprovação estatística da
superioridade das médias para as características agronômicas de interesse do progra-
ma de melhoramento.
Deve ser observado no método que uma vez que o melhorista só faz seleção após
a população de plantas atingir certo grau de homozigose, F6 neste exemplo, antes dis-
so as plantas ficam submetidas apenas à seleção natural. Consequentemente, aque-
las plantas que mais se adaptam ao meio e apresentam maior produção de grãos têm
maior chance de serem amostradas para o plantio em cada geração. Algumas variações
no método podem ser realizadas de acordo com o interesse do programa. A inoculação
artificial de patógenos pode ser usada nas gerações iniciais a fim de serem eliminadas
plantas suscetíveis (Costa et al., 2006). Faria et al., 2003; Peloso et al., 2003; Peloso et
al., 2004; Faria et al., 2004) utilizaram do método do bulk para o desenvolvimento de
importantes cultivares de feijão-comum, inclusive resistentes a algumas doenças cau-
sadas por vírus e fungos. O método foi usado durante a seleção de famílias resistentes
ao mofo branco no feijoeiro por Ferreira et al. (2018).
sonegóta P l d icnêts eR 59
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2
O L U T Í P A C S A Ç N E O D À T NL AP E D O M R H L E A C I T É N G Ê S R -
interesse. Como feito no método do bulk, pode-se cruzar um genitor muito produtivo,
mas que é suscetível a uma nova raça de patógeno, com outro genitor pouco produti-
vo, porém resistente à nova raça do patógeno, obtendo os indivíduos F1. A partir desta
geração, as plantas sofrem autofecundação naturalmente, no caso das autógamas, ou
são autofecundadas artificialmente, no caso das alógamas. Para fins didáticos, as no-
menclaturas das gerações de autofecundação serão aquelas designadas para plantas
autógamas (Fn).
Após o plantio das sementes F1 e maturação dessas plantas, as sementes F2 são
colhidas em conjunto, mas semeadas individualmente, de tal forma que cada uma po-
derá originar uma linhagem no final do processo. O número de sementes F2 semeadas
deve representar a máxima variabilidade possível do cruzamento, de acordo com o
interesse e a capacidade do programa de melhoramento. Em seguida, o objetivo é ga-
rantir o avanço de cada planta F2 até a geração Fn, em que o grau de homozigose de in-
teresse é obtido. Assim, se foram plantadas, por exemplo, 400 sementes F2, espera-se
que este número seja mantido a cada geração.
Em seguida, uma semente F3 é colhida de cada planta F2, em ocasião da matu-
ração, e semeada individualmente. Semelhantemente, uma semente F4 é colhida de
cada planta F3, e semeada individualmente. Este processo de colheita de semente in-
dividual e plantio é repetido até F5 ou F6, quando o grau de homozigose para cada loco
individualmente é elevado. Agora em homozigose, não apenas uma semente, mas to-
das as sementes F7 de cada planta F6 serão usadas para formar uma fileira de plantas
na geração F7, etapa chamada de abertura de linhagens ou famílias. Cada fileira de
plantas agora é uma RIL (Recombinant Inbred Line, ou linhagem endogâmica recombi-
nante). Somente a partir desta etapa é que as melhores fileiras/RILs são selecionadas
e colhidas individualmente em bulk para compor os diversos ensaios de avaliação de
linhagens, como feito no método do bulk, até o lançamento do novo cultivar (Borém &
Miranda, 2009).
Para garantir a manutenção do número de plantas em cada geração, recomen-
da-se que sejam plantadas duas a três sementes de cada planta por cova e, após a
germinação, seja feito o desbaste mantendo apenas uma planta. É comum a morte de
plantas, ainda que esta estratégia seja adotada. Assim, nem todas as plantas F2 serão
representadas na população de RILs, mas toda RIL obtida representa uma planta F2,
de tal forma que toda a variabilidade existente na população F2 está representada nas
RILs, desde que um tamanho de população adequado tenha sido inicialmente utilizado
e mantido. Essa população de RILs pode, alternativamente aos ensaios de competi-
ção para lançamento de um novo cultivar, ser genotipada e fenotipada para estudos
de detecção de marcadores moleculares associado a genes qualitativos e/ou QTLs de
resistência as doenças e as outras características agronômicas, como produtividade
de grãos, permitindo a seleção de genótipos de interesse assistida por marcadores
moleculares.
Agarwal et al. (2018) detectaram 35 QTLs associados a mancha-castanha (Cercos-
pora arachidicola), mancha-preta (Cercosporidium personatum) e ao Tomato Spotted Wilt
Vírus (TSWV) em uma população formada por 91 RILs de amendoim (Arachis hypogaea)
derivadas de um genitor resistente e outro suscetível para essas doenças. Quatro QTLs
relacionados a resistência à canela preta (Phytophthora nicotianae) e três relacionados
sonegóta P l d icnêts eR 60
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2
O L U T Í P A C S A Ç N E O D À T NL AP E D O M R H L E A C I T É N G Ê S R -
sonegóta P l d icnêts eR 61
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2
O L U T Í P A C S A Ç N E O D À T NL AP E D O M R H L E A C I T É N G Ê S R -
sonegóta P l d icnêts eR 62
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2
O L U T Í P A C S A Ç N E O D À T NL AP E D O M R H L E A C I T É N G Ê S R -
sonegóta P l d icnêts eR 63
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2
O L U T Í P A C S A Ç N E O D À T NL AP E D O M R H L E A C I T É N G Ê S R -
A GWAS possibilita inferir sobre as relações das variações genéticas com caracte-
rísticas fenotípicas de importância econômica, em nível populacional, por meio de tes-
tes de hipóteses e objetivando detectar efeitos significativos (Huang & Han, 2014). Dessa
forma, essa ferramenta demonstra grande relevância nos programas de melhoramento,
tendo como principal objetivo identificar regiões genômicas e genes candidatos para o
controle genético de determinada característica (Yang et al., 2011), como as várias regi-
ões associadas a resistência a doenças.
A incorporação de novas tecnologias tem permitido incrementar a dinâmica e a
capacidade de resposta dos programas de melhoramento. Os avanços da biotecnologia,
ocorrido nos últimos anos, certamente concorrerão para dinamizar esse processo. O po-
tencial do uso de marcadores moleculares no melhoramento está, não só na redução do
tempo de condução do programa, mas também na base científica sólida que pode expli-
car a genética e a bioquímica das mudanças que ocorreram ou que poderão ocorrer no
processo de melhoramento genético. Mesmo não conhecendo todos os componentes ge-
néticos envolvidos em uma característica, marcadores moleculares podem ser impor-
tantes para manipular genes ou blocos gênicos desejáveis com maior precisão e rapi-
dez. As novas tecnologias, com destaque ao uso de marcadores moleculares, vêm então
associar aos procedimentos de melhoramento denominados tradicionais, dotando os
mesmos de maior versatilidade na solução dos mais variados problemas agronômicos,
incluindo a resistência de plantas a diversas doenças.
sonegóta P l d icnêts eR 65
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2
O L U T Í P A C S A Ç N E O D À T NL AP E D O M R H L E A C I T É N G Ê S R -
dos fitopatógenos (Mcdonald & Linde, 2002; Mcdonald, 2014). Portanto, a coevolução
patógeno-hospedeiro deve ser considerada pelo grupo de fitopatologistas e melhoris-
tas, e fontes de resistência precisam ser exploradas na identificação e incorporação
em materiais comerciais, buscando inserir essas estratégias de manejo para maior
durabilidade da resistência no campo.
4. Referências bibliográficas
ADHIKARI, S. et al. Application of molecular markers in plant genome analysis: a review.
Nucleus, v. 60, p. 283-297, 2017.
AGARWAL, G. et al. High-density genetic map using whole-genome resequencing for fine ma-
pping and candidate gene discovery for disease resistance in peanut. Plant Biotechnology
Journal, v. 16, p. 1954-1967, 2018.
ALZATE-MARIN, A.L.; CERVIGNI, G.D.L.; MOREIRA, M. A.; BARROS, E. G. Marker assisted se-
lection in the development of disease resistant plants, with emphasis on common bean and
soybean. Fitopatologia Brasileira, v.30, p. 333-342, 2005.
AMARO, G.B.; ABREU, A.F.B.; RAMALHO, M.A.P.; SILVA, F.B. Phenotypic recurrent selection in
the common bean (Phaseolus vulgaris L.) with carioca-type grains for resistance to the fungi
Phaeoisariopsis griseola. Genetics and Molecular Biology, v. 30, p. 584-588, 2007.
ARANTES, L.O.; ABREU, A.F.B.; RAMALHO, M.A.P. Eight cycles of recurrent selection for resistan-
ce to angular leaf spot in common bean. Crop Breeding and Applied Biotechnology, v. 10, p.
232-237, 2010.
AZZIMONT, G.; LANNOU, C.; SACHE, I.; GOYEAU, H. Components of quantitative resistance to
leaf rust in wheat cultivars: diversity, variability and specificity. Plant Pathology, v. 62, p. 970-
981, 2013.
BATISTA, R.O. et al. Inheritance of resistance to fusarium wilt in common bean. Euphytica, v.
213, p. 133-144, 2017.
BRANHAM, S.E. et al. QTL mapping of resistance to Fusarium oxysporum f. sp. niveum race 2
and Papaya ringspot virus in Citrullus amarus. Theoretical and Applied Genetics, v. 133, p.
677–687, 2020.
BOREM, A.; MIRANDA, G.V. Melhoramento de plantas. 5. ed. Viçosa: UFV, 2009. 529 p.
CAMARGO, L.E.A. Controle genético. In: AMORIM, L.; REZENDE, J.A.M.; BERGAMIN-FILHO, A.
(eds.). Manual de fitopatologia: princípios e conceitos. 4. ed. São Paulo: Agronômica Ceres,
v.1, 2011. p. 325-341.
CAIXETA, E.T.; ZAMBOLIM, E.M. Melhoramento genético de plantas visando resistência a doen-
ças. In: ZAMBOLIM, L.; JESUS-JÚNIOR, W.C.; RODRIGUES, F.A. (eds.). O essencial da fitopato-
logia: controle de doenças de plantas. Viçosa: Suprema Gráfica e Editora, 2014. p. 553-576.
CHENG, L. et al. High-density SNP genetic linkage map construction and quantitative trait lo-
cus mapping for resistance to cucumber mosaic virus in tobacco (Nicotiana tabacum L.). The
Crop Journal, v. 7, n. 4, p. 539-547, 2019.
CRITTENDEN, L.B. et al. Characterization of a Red Jungle Fowl by White Leghorn backcross re-
ference population for molecular mapping of the chicken genome. Poultry Science, v. 72, n.
2, p. 334-348, 1993.
sonegóta P l d icnêts eR 66
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2
O L U T Í P A C S A Ç N E O D À T NL AP E D O M R H L E A C I T É N G Ê S R -
CORWIN, J.A.; KLIEBENSTEIN, D.J. Quantitative resistance: more than just perception of a patho-
gen. The Plant Cell, v. 29, p. 655-665, 2017.
COSTA, J. G. C. et al. BRS 7762 Supremo – a black common bean cultivar with erect plant type.
Crop Breeding and Applied Biotechnology, v. 6, p. 182-184, 2006.
COSTA, R.V.; ZAMBOLIM, L.; SILVA, D.D.; COTA, L.V.; CASELA, C.R. Utilização de multilinhas di-
nâmicas para o manejo da antracnose do sorgo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 47, p.
173-180, 2012.
DÍAZ-LAGO, J.E.; STUTHMAN, D.D.; ABADIE, T.E. Recurrent selection for partial resistance to
crown rust in oat. Crop Science, v. 42, p. 1475-1482, 2002.
DODIA, S.M. et al. Genotyping-by-sequencing based genetic mapping reveals large number of
epistatic interactions for stem rot resistance in groundnut. Theoretical and Applied Genetics,
v. 132, p. 1001–1016, 2019.
DRAKE-STOWE, K. et al. Multiple disease resistance loci affect soilborne disease resistance in
tobacco (Nicotiana tabacum). Phytopathology, v. 107, p. 1055-1061, 2017.
FEHR, W.R. Principles of cultivar development. Vol. 1 – theory and technique. Macmillian Pu-
blishing Company, New York, NY, 1987.
FARIA, L.C. et al. ‘BRS Radiante’ – sugar common bean. Crop Breeding and Applied Biotech-
nology, v. 3, p. 307-310, 2003.
FARIA, L. C. et al. ‘BRS Requinte’: new common bean Carioca cultivar with delayed grain darkness.
Crop Breeding and Applied Biotechnology, v. 4, p. 366-368, 2004.
FERREIRA, L.U. et al. Combining ability as a strategy for selecting common bean parents and
populations resistant to white mold. Crop Breeding and Applied Biotechnology, v. 18, n. 3,
p. 276-283, 2018.
GARRIDO-CARDENAS, J.A.; MESA-VALLE, C.; MANZANO-AGUGLIARO, F. Trends in plant resear-
ch using molecular markers. Planta, v; 247, p. 543–557, 2018.
GONÇALVES-VIDIGAL, M.C. et al. New Andean source of resistance to anthracnose and angular
leaf spot: Fine-mapping of disease-resistance genes in California Dark Red Kidney common
bean cultivar Plos One, v. 15, n. 6, p. e0235215, 2020.
GURURANI, M.A. et al. Plant disease resistance genes: Current status and future directions. Phy-
siological and Molecular Plant Pathology, v. 78, p. 51-65, 2012.
HUANG, X.; HAN, B. Natural Variations and Genome-Wide Association Studies in Crop Plants.
Annual Review of Plant Biology, v. 65, n. 1, p. 531–551, 2014.
JAIN, P. et al. Deciphering signalling network in broad spectrum Near Isogenic Lines of rice re-
sistant to Magnaporthe oryzae. Scientifica report, v. 9, p. 16939, 2019.
JENA, K.K.; HECHANOVA, S.L.; VERDEPRADO, H.; PRAHALADA G.D.; KIM, S.R. Development of
25 near-isogenic lines (NILs) with ten BPH resistance genes in rice (Oryza sativa L.): produc-
tion, resistance spectrum, and molecular analysis. Theoretical and Applied Genetics, v. 130,
p. 2345–2360, 2017.
JONES, J.D.G.; DANGL, J.L. The plant immune system. Nature, v. 444, p. 323-329, 2006.
KARHOFF, S. et al. Phenotypic characterization of a major quantitative disease resistance locus
for partial resistance to Phytophthora sojae. Crop Science, v. 59, p. 968–980, 2019.
KAWASHIMA et al. A pigeonpea gene confers resistance to Asian soybean rust in soybean. Natu-
re Biotechnology, v. 34, p. 661-665, 2016.
sonegóta P l d icnêts eR 67
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2
O L U T Í P A C S A Ç N E O D À T NL AP E D O M R H L E A C I T É N G Ê S R -
KIM, S.M.; REINKE, R.F.A novel resistance gene for bacterial blight in rice, Xa43(t) identified by
GWAS, confirmed by QTL mapping using a bi-parental population. Plos One, v. 14, n. 2, p.
e0211775, 2019.
LANDER, E.S.; BOTSTEIN, D. Mapping mendelian factors underlying quantitative traits using
RFLP linkage maps. Genetics, v. 121, n. 1, p. 185-199, 1989.
LEWIS, R.S.; KERNODLE, S.P. A method for accelerated trait conversion in plant breeding. Theo-
retical and Applied Genetics, v.118, p. 1499-1508, 2009.
LIN, H. et al. QTLs and candidate genes for downy mildew resistance conferred by interspecific
grape (V. vinifera L. × V. amurensis Rupr.) crossing. Scientia Horticulturae, v. 244, p. 200-
207, 2019.
LIU, B.H. Statistical genomics: linkage, mapping and QTL analysis. Boca Raton: CRC Press, 1998.
611p.
MAROOF, M.A.S. et al. Pyramiding of soybean mosaic virus resistance genes by marker-assisted
selection. Crop Science, v. 48, p. 517-526, 2008.
MCDONALD, B.A.; LINDE, C. Pathogen population genetics, evolutionary potential, and durable
resistance. Annual Review of Phytopathology, v. 40, p. 349-379, 2002.
MCDONALD, B.A. Using dynamic diversity to achieve durable disease resistance in agricultural
ecosystems. Tropical Plant Pathology, v. 39, p. 191-196, 2014.
MEUWISSEN, T.H.E.; HAYES, B.J.; GODDARD, M.E. Prediction of total genetic value using geno-
me-wide dense marker maps. Genetics, v. 157, p. 1819-1829, 2001.
MUNDT, C.C. Pyramiding for resistance durability: theory and practice. Phytopathology, v. 108,
p. 792-802, 2018.
NEELAM, K. et al. High-resolution genetic mapping of a novel bacterial blight resistance gene
xa-45(t) identified from Oryza glaberrima and transferred to Oryza sativa. Theoretical and
Applied Genetics, v. 133, p. 689–705, 2020.
NVSVROT, T. et al. Combining QTL Mapping with Genome Resequencing Identifies an Indel in an
R Gene that is Associated with Variation in Leaf Rust Disease Resistance in Poplar. Phytopa-
thlogy, v. 110, 900-906, 2020.
PANDEY, M.K. et al. Genetic dissection of novel QTLs for resistance to leaf spots and tomato spot-
ted wilt virus in peanut (Arachis hypogaea L.). Front Plant Science, v. 8, p. 25, 2017.
PELOSO, M.J.D. et al. ‘BRS Valente’ – black common bean. Crop Breeding and Applied Biotech-
nology, v. 3, p. 311-314, 2003.
PELOSO, M.J.D. et al. ‘BRS – Pontal’: new common bean cultivar with Carioca grain type. Crop
Breeding and Applied Biotechnology, v. 4, p. 369-371, 2004.
PRIYADARSHAN, P.M. Backcross Breeding. In: Plant Breeding: Classical to Modern. Springer,
Singapore, 2019.
PUKALENTHY, B. et al. Incorporation of opaque-2 into ‘UMI 1200’, an elite maize inbred line,
through marker-assisted backcross breeding, Biotechnology & Biotechnological Equip-
ment, v.33, n. 1, p. 144-153, 2019.
PURCELL, S.; CHERNY, S.S.; SHAM, P. C. Genetic Power Calculator: design of linkage and asso-
ciation genetic mapping studies of complex traits. Bioinformatics, v. 19, p. 149–150, 2003.
RABOIN, L.M. et al. Two-component cultivar mixtures reduce rice blast epidemics in an upland
agrosystem. Plant Pathology, v. 61, p. 1103-1111, 2012.
sonegóta P l d icnêts eR 68
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2
O L U T Í P A C S A Ç N E O D À T NL AP E D O M R H L E A C I T É N G Ê S R -
RAJPUROHIT, D. et al. Pyramiding of two bacterial blight resistance and a semidwarfing gene in
Type 3 Basmati using marker-assisted selection. Euphytica, v. 178, p. 111-126, 2011.
RESENDE, M.D.V. Matemática e Estatística na Análise de Experimentos e no Melhoramento
Genético. Colombo: Embrapa Florestas, 2007. 561 p.
SAPKOTA, S. et al. Genetic mapping of a major gene for leaf rust resistance in soft red winter
wheat cultivar AGS 2000. Molecular Breeding, v.39, A. 8, 2019.
SAVADI, S.; PRASAD, P.; KASHYAP, P. L.; BHARDWAJ, S.C. Molecular breeding technologies and
strategies for rust resistance in wheat (Triticum aestivum) for sustained food security. Plant
Pathology, v. 67, p. 771-791, 2017.
SCHUSTER, I.; CRUZ, C.D. Estatística genômica aplicada a populações derivadas de cruza-
mentos controlados. Viçosa: UFV, 2004. 568p.
SCOTT, M.F. et al. Multi-parent populations in crops: a toolbox integrating genomics and genetic
mapping with breeding. Heredity, 2020. https://doi.org/10.1038/s41437-020-0336-
SEMAGN, K.; BJORNSTAD, A.; NDJIONDJOP, M. N. Principles, requirements and prospects of ge-
netic mapping in plants. African Journal of Biotechnology, v. 5, p. 2569-2587, 2006.
SILVA, L.C. Caracterização fenotípica de RIL’s de feijão derivadas da população Rudá x And
277. Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Viçosa, 2017.
SHEN, F. et al. Mapping gene markers for apple fruit ring rot disease resistance using a multi-o-
mics approach. G3: Genes, Genomes, Genetics, v. 9, n. 5, p. 1663-1678, 2019.
SILVA, D.D. et al. Genotype rotation for leaf anthracnose disease management in sorghum. Crop
Protection, v. 67, p. 145-150, 2015.
SING, S.P. Alternative methods to backcross breeding. Annual Report Bean Improvement Coo-
perative, v. 25, p. 11-12. 1982.
THABUIS, A. et al. Phenotypic and molecular evaluation of a recurrent selection program for a
polygenic resistance to Phytophthora capsici in pepper. Theoretical and Applied Genetics,
v. 109, p. 342-351, 2004.
WEN, A. et al. Genetic mapping of a major gene in triticale conferring resistance to bacterial leaf
streak. Theoretical and Applied Genetics, v. 131, p. 649–658, 2018.
XU, Y.; LI, P.; YANG, Z.; XU, C. Genetic mapping of quantitative trait loci in crops. The Crop Jour-
nal, v. 5, p. 175-184, 2017.
YAMANAKA, N. et al. Multiple Rpp-gene pyramiding confers resistance to Asian soybean rust
isolates that are virulent on each of the pyramided genes. Tropical Plant Pathology, v. 40, p.
283-290, 2015.
YANG, J.; LEE, S. H.; GODDARD, M. E.; VISCHER, P. M. GCTA: A tool for genome-wide complex trait
analysis. The American Journal of Human Genetics, v.88, n.1, p. 76-82, 2011.
YANG, Y. et al. Identification of blast resistance genes in 358 rice germplasms (Oryza sativa L.)
using functional molecular markers. European Journal Plant Pathology, v. 148, p. 567-576,
2017.
ZHU, Y. et al. Genetic diversity and disease control in rice. Nature, v. 406, p. 718-722, 2000.
ZHU, C.; GORE, M; BUCKLER, E.S.; YU, J. Status and prospects of association mapping in plants.
Plant Genome, v. 1, p. 5–20, 2008.
sonegóta P l d icnêts eR 69
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
3
CAPÍTULO 3
A BIOTECNOLOGIA APLICADA AO MELHORAMENTO GENÉTICO DE
PLANTAS A PATÓGENOS
1. Introdução
Toda e qualquer cultivar, mesmo com elevada produtividade e qualidade de pro-
dução, pode ser afetada por estresses bióticos e abióticos. Dentre os estresses bióticos,
aqueles provocados por patógenos de diversas naturezas são responsáveis, histori-
camente, pela redução de produtividades em lavouras de todas as partes do mundo.
Em casos mais extremos, a perda no rendimento pode ser total. Um dos casos mais
dramáticos da humanidade ocorreu no período de 1845 a 1849 na Irlanda. Nessa oca-
sião houve uma redução de 80% da produção de batata inglesa (Solanum tuberosum L.)
ocasionada pelo fungo oomiceto Phytophthora infestans, agente causal da requeima da
batata. A doença trouxe consequências como a redução da população do país e a imi-
gração de um grande contingente de irlandeses, em especial para os Estados Unidos e
Canadá. No Brasil, também há exemplos de doenças causadas por agentes de diversas
natureza como fungos, bactérias, vírus e nematoides, que acarretaram muitos preju-
ízos a agricultura nacional, tais como a tristeza dos citros, ferrugem asiática da soja,
vassoura de bruxa no cacaueiro, mancha-aquosa em meloeiro, nematoides de galhas
em frutíferas, dentre outras.
Uma das alternativas para o controle de patógenos é o uso de cultivares resis-
tentes. Os programas de melhoramento genético de uma determinada espécie utili-
zam, basicamente, os conceitos da genética e métodos tradicionais para promover a
seleção e obtenção dos cultivares resistentes aos principais patógenos das culturas.
No entanto, nas últimas décadas, tem sido observada a aplicação cada vez maior de
técnicas biotecnológicas que permitem melhor eficiência em termos de tempo, recur-
sos e resultados. Em algumas situações, quando há ausência de alelos que conferem
resistência à determinados patógenos, apenas o uso de ferramentas biotecnológicas
pode gerar cultivares resistentes.
O avanço do melhoramento genético e o aumento da produtividade e qualidade
dos produtos passam pelo desenvolvimento de ferramentas biotecnológicas. Uma das
fortes evidências está no incremento do número de cultivares geneticamente modifi-
cadas nas últimas duas décadas. Mais especificamente no fitomelhoramento voltado
ao combate de patógenos, também há uma ampliação nos esforços científicos envol-
vendo técnicas biotecnológicas. Isso pode ser visualizado na Figura 1. Percebe-se uma
tendência de aumento do número de artigos científicos que abordam alguma ferra-
menta biotecnológica em atividades de melhoramento visando resistência a patóge-
nos nos últimos dez anos.
70
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
SONEGÓ T 3
O A L U T Í P C S NL A E D O C I T É G N E M A R O H L D C I P A G O L N E T I B A -
Figura 1. Porcentagem de trabalhos publicados com biotecnologia na Web of Science que abordam
o tema resistência de plantas a patógenos (ABD) em relação ao total de artigos publicados (TAB)
com biotecnologia no período de 2010 a 2019. Fonte: Web of Science.
2. Conceitos
O melhoramento genético pode ser definido como a arte e ciência, com métodos
definidos, para exploração do potencial de plantas em benefício da humanidade. São
muitos os objetivos dos programas de melhoramento genético como aumento de produ-
tividade, qualidade nutricional, biofortificação, aumento pós-colheita, tolerância a es-
tresses abióticos como salinidade, déficit hídrico e eficiência do uso de nutrientes como
fósforo e nitrogênio. Além dos referidos objetivos, um dos principais intentos dos me-
lhoristas é a obtenção de cultivares resistentes aos principais patógenos.
A Biotecnologia é definida pela Organização das Nações Unidas (ONU) como qualquer
aplicação tecnológica que utilize sistemas biológicos, organismos vivos, ou derivados, para
fabricar ou modificar produtos ou processos para utilização específica (ONU, Convenção
de Biodiversidade 1992, Art. 2). No contexto do melhoramento de plantas a biotecnologia
envolve métodos e técnicas que visam a seleção e a obtenção de novas cultivares.
sonegóta P l d icnêts eR 71
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 3 - A BIOTECNOLOGIA APLICADA AO MELHORAMENTO GENÉTICO DE PLANTAS A PATÓGENOS
4. Variabilidade Patogênica
A variabilidade genética na população do fitopatógeno é um dos aspectos mais
importantes em um programa de melhoramento genético. As populações de deter-
minados patógenos são formadas de raças fisiológicas que são variantes do patóge-
no com diferentes combinações de genes de virulência e, por conseguinte, diferentes
capacidades para infectar distintos genótipos da espécie hospedeira (Hosoya et al.,
1999). Portanto, a identificação de raças é feita a partir da interação diferencial entre
isolados e genótipos do hospedeiro denominado de diferenciadoras. A ocorrência de
várias raças fisiológicas é um problema para os programas de melhoramento genético,
pois a variação na população do patógeno reduz a durabilidade da resistência presente
nas cultivares (Hosoya et al., 2000; Kuzuya et al., 2006). Além disso, muitas técnicas
moleculares e genômicas têm sido utilizadas para identificação de novas espécies e
detecção de variabilidade dentro das espécies, em especial devido aos avanços da ge-
nômica e da bioinformática.
a um gene de interesse econômico como por exemplo um gene que confere resistência
a determinado patógeno. Embora muitos populares no início da era de marcadores de
DNA, métodos baseados em hibridação, atualmente, perderam sua importância com
advento de marcadores baseados em reação em cadeia da polimerase (PCR).
A criação revolucionária da reação em cadeia da polimerase (Polimerase Chain
Reaction) permitiu a visualização de fragmentos específicos de DNA após a sua mul-
tiplicação em grande quantidade (Mullis & Falona, 1987). Um fragmento específico é
amplificado com o auxílio de iniciadores (primers) curtos de dez nucleotídeos de sequ-
ência arbitrária. As diferenças no comprimento dos fragmentos amplificados podem
ser utilizadas como marcadores da mesma maneira que é feito com marcadores como
RFLP. Os marcadores mais utilizados são RAPD (Random Amplified Polymorphisms of
DNA) (Williams et al., 1990), SSR (Simple Sequence Repeats), AFLP (Amplified Frag-
ment Lenght Polymorphisms) (Vos et al., 1995) e ISSR (Inter SSR Amplification) (Zie-
tkiewics et al., 1994).
Mais recentemente, com os avanços dos métodos de sequenciamento de DNA foi
possível a criação do marcador SNPs (Single Nucleotide Polymorphisms). Marcadores
SNPs são produzidas por variações resultantes da alteração de uma única base na se-
quência de DNA entre indivíduos. Não é toda variação nucleotídica que é considerada
SNP, mas apenas aquelas cuja variação ocorra em 1% da população para ser consi-
derada com SNP (Fita et al., 2008, Caixeta et al., 2006). A redução do preço dos méto-
dos de sequenciamento genético de alto rendimento tem proporcionado a execução
de muitas pesquisas na área de genômica para melhorar a eficiência de seleção em
programas de melhoramento de várias espécies.
Os marcadores moleculares podem ser utilizados em diversas aplicações de pré-
-melhoramento e de seleção. Aqui serão abordados os usos mais comuns na literatura
dentro do contexto de resistência de plantas à patógenos. Os principais usos são na
identificação de marcadores associados a genes de resistência, introgressão de alelos
e seleção genômica ampla.
Um dos principais usos dos marcadores de DNA tem sido na construção de mapas
ligação. O processo de construir mapas de ligação e conduzir análise de QTL para iden-
tificar regiões genômicas associadas com caracteres de importância econômica é deno-
minado como mapeamento de QTL. Os mapas de ligação têm sido utilizado para identi-
ficar regiões cromossômicas que contêm genes que controlam características simples
(controlado por um único gene) e características quantitativas usando QTL. O termo QTL
(em inglês Quantitative Trait Loci) corresponde à uma região do genoma relacionada a
um caráter de herança quantitativa (Tanksley, 1993, Collard & Mackill, 2008).
Os mapas de ligação indicam a posição e as distâncias genéticas relativas entre
marcadores ao longo dos cromossomos. O Mapeamento de QTLs é baseado no prin-
cípio que genes e marcadores segregam pela recombinação cromossômica (crossing-
-over) durante a meiose permitindo assim sua análise na descedência. Genes ou mar-
Resistência de Plantas a Patógenos 76
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 3 - A BIOTECNOLOGIA APLICADA AO MELHORAMENTO GENÉTICO DE PLANTAS A PATÓGENOS
A principal vantagem do uso de marcadores está nas situações nas quais o inte-
resse é a introgressão de vários genes que afetam a um mesmo caráter. Nesse caso, a
fenotipagem não permite distinguir entre os indivíduos portadores do alelo de interesse
para um único gene daqueles que contém alelos favoráveis para mais de um dos genes
a introduzir. Uma segunda vantagem é evitar a necessidade de fenotipar os indivíduos
para cada uma das características de interesse. Assim sendo, se o método de fenotipa-
gem é destrutivo, seria necessário dispor de descendência de cada planta previamente à
sua destruição. Por outro lado, se o fenotipado para mais de um caráter é destrutivo, em
determinados casos não seria possível analisar por cada indivíduo para todos os carac-
teres. Porém, no caso de caracteres dominantes o fenotipado não permite distinguir os
indivíduos homozigotos para o alelo de interesse dos heterozigotos, enquanto mediante
a utilização de marcadores codominantes é possível esta distinção.
A utilização de marcadores moleculares para a piramidação de genes tem sido
explorada em culturas como batata, algodão, trigo, arroz e outras de importância eco-
nômica (Dormatey et al., 2020).
Nas aplicações descritas nos itens 5.1.2.1 e 5.1.2.2, o passo prévio da aplicação de
SAM consiste na determinação dos marcadores empregados no processo seletivo, isto
é, a determinação dos marcadores moleculares associados a regiões do genoma com
efeito sobre o fenótipo. Em um artigo publicado no início do presente século, Meuwis-
sen et al. (2001) apresentaram a seleção genômica (Genome Wide Selection - GWS)
que consiste na predição simultânea, sem o uso de testes de significância para marcas
individuais, dos efeitos genéticos de grande número de marcadores genéticos disper-
sos em todo o genoma de um organismo, de forma a capturar os efeitos de todos os
locos, de pequenos e grandes efeitos, e explicar grande parte da variação genética de
um caráter quantitativo (Collard & Mackill, 2008).
A aplicação de seleção genômica ampla exige informações de um conjunto de
indivíduos fenotipados para o caráter ou caracteres de interesse e de que disponha da
informação a nível de genótipo para todos os marcadores a empregar no programa.
Esta é uma população de referência e permitirá estimar os parâmetros do modelo.
Este modelo tratará de explicar as diferenças a nível de fenótipo em função exclusi-
vamente de marcadores moleculares analisados e será empregado na população de
melhoramento para estimar o valor genômico dos indivíduos. Por simulação realizada
em experimentos em milho, foi observada a superioridade entre 18 e 43% da resposta
a seleção empregando a seleção genômica frente ao emprego de seleção recorrente
mediante marcadores moleculares (Bernardo & Yu, 2007; 2009).
A vantagem do emprego da seleção genômica ampla é que o modelo inclui infor-
mações de todos os marcadores disponíveis, isto é, não é necessário determinar os
marcadores que estão relacionados com um caráter (Meuwissen & Goddard, 2010). O
principal requisito para executar este tipo de análise é dispor de marcadores suficien-
tes para conseguir uma boa cobertura do genoma, de forma que se possa assumir que
todos os QTLs envolvidos em um caráter estejam em desequilíbrio de ligamento com
quais sejam, transformação indireta por vetores e transformação direta. Com relação
ao método indireto existem duas espécies do gênero Agrobacterium (A. tumefaciens e
A. rhizogenes) capazes de transferir parte de seu material genético para o genoma de
vegetais. A maior parte das transformações genéticas pelo método indireto são feitas
com base na patogenicidade da Agrobacterium tumefaciens. A referida bactéria é o agen-
te causal da galha-da-coroa, doença que se caracteriza pelo crescimento de tumores
na junção entre o caule e a raiz (coroa). A formação desses tumores é o resultado de
um processo natural de transferência de genes contidos em uma região específica do
plasmídio Ti (tumor inducing), denominada T-DNA (transferred DNA) (Andrade, 2003).
Dentre os métodos diretos de transformação, o mais comum é a biobalística, des-
crita por Klein et al. (1987) e Sanford et al. (1987). Esse sistema consiste em quebrar a
barreira da parede celular e da membrana plasmática para a livre penetração do DNA na
célula. É feito bombardeando células ou tecidos vegetais intactos com microprojéteis de
um material inerte recoberto com DNA que se quer transferir. Os microprojéteis de ouro
ou tungstênio são impulsionados, em alta velocidade (> 400 m/s), por um aparelho de-
nominado acelerador de partículas ou bombardeador. Há outros métodos diretos como
a eletroporação e microinjenção de DNA (Fita et al., 2008; Picó & Díez, 2009).
Convém ressaltar que somente um pequeno número de células-alvo recebem e
integram de forma estável o DNA exógeno, sendo necessário o uso de um eficiente sis-
tema de seleção e regeneração para recuperação das células transformadas. Portanto,
o passo seguinte é regenerar plantas transformadas inteiras a partir de poucas células
transformadas por meio do cultivo in vitro. Uma vez regeneradas plantas transgênicas,
deve-se comprovar que o gene integrado se expressa corretamente e que possui uma
herança mendeliana.
A transformação genética é uma ferramenta extraordinária que tem sido utiliza-
da para introduzir nova variação e possui um grande espectro de utilidades no melho-
ramento genético. O aperfeiçoamento de técnicas de engenharia genética tem promo-
vido avanços significativos na obtenção de cultivares transgênicos com resistência à
patógenos (Dong & Ronald, 2019).
5.4. Crispr-Cas-09
Nos últimos anos da década de 80, um grupo de pesquisadores japoneses liderados
por Yoshizumi Ishino identificou um loco no genoma da bactéria Escherichia coli, forma-
do pela seguinte configuração: sequências repetidas e sequências espaçadoras interca-
ladas (Figura 7). No início do século, 2002, foi utilizada a sigla CRISPR (Clustered Regularly
Interspaced Short Palindromic Repeats), traduzida, em português, por Repetições Palindrô-
micas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas) (Jansen et al., 2002).
Figura 7. Sistema CRISPR-Cas em bactérias. Os sistemas CRISPR-Cas são usados para de-
fesa de ataques de bacteriófagos. Parte do genoma do vírus é integrado ao genoma bac-
teriano por meio da etapa de “aquisição espaçadora”. Em seguida, o vírus tendo a mesma
sequência com espaçador é interferida pelo sistema CRISPR-Cas. (Adaptado de Sugano et al., 2018).
Rice tungro spherical virus Oryza sativa L. japonica eIF4G Macovei et al., 2018
5.5. Ômicas
As denominadas Ômicas têm como objeto de estudo o entendimento do funcio-
namento celular dos organismos e suas alterações biológicas. As ciências que com-
põe as Ômicas são a genômica, a transcriptômica, a proteômica e a metabolômica. A
genômica estuda a alteração dos genes, a transcriptômica estuda as alterações dos
transcritos, a proteômica estuda as alterações das proteínas, e a metabolômica estuda
as alterações dos metabólitos (Canuto et al., 2018).
A genômica que trata do DNA é denominada de genômica estrutural e correspon-
de ao estudo de regulação epigenética, variação somática, variações cromossômicas
e transmissão de caracteres. As técnicas de transcriptoma, também denominada de
genômica funcional, geram informações associadas à expressão gênica, sendo a sín-
tese do DNA complementar (cDNA) a partir da fita do mRNA a mais comum. Para isto,
muitas técnicas são utilizadas como Northernblot, diferencial display, PCR em tempo
real (rtPCR), bibliotecas full-lenght, entre outras. A técnica RNASeq tem se destacado
pela geração rápida de uma grande quantidade de informação (Bunnik & Roch, 2013).
A proteômica tem sido utilizada em estudos de regulação pós-transcricional e
pós-traducional. A técnica permite estudos para identificar proteínas relacionadas à
reação ou susceptibilidade a um agente causal de uma doença e os processos intera-
tivos de proteínas com DNA, RNA ou produtos matebólicos. A metabolômica permite
estudar produtos de metabólitos, que são produtos intermediários ou finais do meta-
bolismo de baixa massa molecular (até 1500 Da) (Canuto et al., 2018).
Todas essas ferramentas Ômicas têm ampliando seus espectros de atuação e
podem ser usadas para o entendimento das relações patógeno-hospedeiro, com uma
aplicabilidade potencial no melhoramento genético para resistência de plantas e, ou,
desenvolvimento de produtos.
6. Considerações finais
O melhoramento genético de plantas iniciou-se quando o homem passou a selecio-
nar as plantas de maior interesse. Esse momento foi fundamental para história porque
permitiu a fixação das pessoas e a formação das primeiras cidades, evitando a vida nô-
made. Com o surgimento da genética, a síntese moderna da evolução, os conceitos de
genética populacional, aliados aos conhecimentos de estatística e a melhoria das condi-
ções ambientais de cultivo, o melhoramento genético proporcionou o aumento da pro-
dutividade nas principais culturas de importância econômica. O advento das técnicas
biotecnológicas e suas primeiras aplicações, em especial no campo da engenharia gené-
tica, tem auxiliado os pesquisadores a obter cultivares cada vez mais produtivas.
Com aumento populacional, o desafio da ciência é produzir cada vez mais alimen-
tos dentro das exigências dos consumidores por produtos mais saudáveis e com menor
agressão ao meio ambiente. Nesse sentido, o melhoramento genético para resistência à
patógenos precisará de todas as ferramentas biotecnológicas disponíveis. Espera-se que
a biotecnologia auxilie os pesquisadores a alcançar níveis elevados de produtividade e
qualidade associados com o menor uso de defensivos para garantir maior qualidade de
vida para a humanidade.
7. Referências bibliográficas
ANDRADE, S.R.M. Transformação de plantas. Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, 2003. 28 p.
(Documentos/Embrapa Cerrados, 102).
BALBINO, T.C. et al.Introdução. In: PEREIRA, T.C. (org.). Introdução à técnica de CRISPR. Ribei-
rão Preto: Sociedade Brasileira de Genética, 2016. p. 29-38.
BALTES, N.J. et al. Conferring resistance to geminiviruses with the CRISPR–Cas prokaryotic
immune system. Nature Plants, v. 1, A. 15145, 2015.
BERNARDO, R.; YU, J. Genomewide selection for rapid introgression of exotic germplasm in mai-
ze. Crop Science, v. 49, p. 419-425, 2009.
BERNARDO, R.; YU, J. Prospect for genome wide selection for quantitative traits in maize. Crop
Science, v. 47, p. 1082-1090, 2007.
BUNNIK, E.M.; ROCH, K.G.L. An Introduction to Functional Genomics and Systems Biology. Ad-
vances in Wound Care, v. 2, p. 490-498, 2013.
BURRUEZO, A.R.; FITA, A.M.; TOMÁS, J.P. A primer of genetics and plant breeding. Valencia:
Universidad Politécnica de Valencia, 2009, 177p.
CAIXETA, E.T.; OLIVEIRA, A.C.B.; BRITO, G.G.; SAKIYAMA, N.S. Tipos de Marcadores moleculares.
In: CAIXETA, E.T.; BORÉM, A. Marcadores Moleculares. Viçosa: Editora UFV, 2006. p. 9-78.
CHANDRASEKARAN, J. et al. Development of broad virus resistance in non-transgenic cucum-
ber using CRISPR/Cas9 technology. Molecular Plant Pathology, v. 17, p. 1140–1153, 2016.
COLLARD, B.C.Y.; MACKILL, D.J. Marker-assisted selection: an approach for precision plant bre-
eding in the twenty-first century. Philosophical Transactions of the Royal Society, v. 363, p.
557-572, 2008.
COLLARD, B.C.Y; JAHUFER, M.Z.Z; BROUWER, J.B; PANG, E.C.K. An introduction to markers,
quantitative trait loci (QTL) mapping and marker-assisted selection for crop improvement:
the basic concepts. Euphytica, v. 142, p. 169-196, 2005.
DIOUF, D. Genetic transformation of forest trees. African Journal Biotechnology, v.2, p.328-
333, 2003.
DONG, O.X.; RONALD, P.C. Genetic Engineering for Disease Resistance in Plants: Recent Progress
and Future Perspectives. Plant Physiology, v. 180, p. 26-38, 2019.
DORMATEY, R. et al. Gene Pyramiding for Sustainable Crop Improvement against Biotic and
Abiotic Stresses. Agronomy, v. 10, p. 1-21, 2020.
EDUARDO, I., ARÚS, P.; MONFORTE, A.J. Development of a genomic library of near isogenic lines
(NILs) in melon (Cucumis melo L.) from the exotic accession PI161375. Theoretical Applied
Genetic, v. 112, p. 139-148, 2005.
FERREIRA, M.E.; RANGEL, P.H.N. Aporte biotecnológico ao pré-melhoramento vegetal. In: LO-
PES, M.A.; FÁVERO, A.P.; FERREIRA, M.A.J.F.; FALEIRO, F.G.; FOLLE, S.M.; GUIMARÃES, E.P. In:
Pré-melhoramento de plantas: estado da arte e experiências de sucesso. Brasília: Embra-
pa Informação Tecnológica, 2011. p. 59-84.
FEUILLET, C.; LANGRIDGE, P.; WAUGH, R. Cereal breeding takes a walk on the wild side. Trends
in Genetics, v. 24, p. 24-32, 2008.
FISTER, A.S.; LANDHERR, L.; MAXIMOVA, S.N.; GUILTINAN, M.J. Transient expression of CRIS-
PR/Cas9 machinery targeting TcNPR3 enhances defense response in Theobroma cacao.
Frontiers in Plant Science, v. 9, n. 268, 2018.
FITA, A.M.; BURRUEZO, A.R.; TOMÁS, J.P. Genética y Mejora vegetal. Valencia: Universidad Po-
litécnica de Valencia, 2008. 190p.
FLOR, H.H. The complementary genic systems in flax and flax rust. Advanced Genetics, v. 8, p.
29-54, 1956.
GORKA, P.; ESTERAS, C.; GIBON, Y.; MONFORTE, A.J.; PICÓ, B. A new genomic library of melon
introgression lines in a cantaloupe genetic background for dissecting desirable agronomical
traits. BMC Plant Biology, v. 16, p. 1-21, 2016.
Resistência de Plantas a Patógenos 88
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CAPÍTULO 3 - A BIOTECNOLOGIA APLICADA AO MELHORAMENTO GENÉTICO DE PLANTAS A PATÓGENOS
HANSON, P.M. et al. Mapping a Wild Tomato Introgression Associated with Tomato Yellow Leaf
Curl Virus Resistance in a Cultivated Tomato Line. Journal American Society Science, v. 125,
p. 15-20, 2000.
HOSOYA, K.; NARISAWA, K.; PITRAT, M.; EZURA, H. Race identification in powdery mildew
(Sphaerotheca fuliginea) on melon (Cucumis melo) in Japan. Plant Breeding, v. 118, p. 259-
262, 1999.
HOSOYA, K. et al. Impact of resistant melon cultivars on Sphaerotheca fuliginea. Plant Bree-
ding, v. 119, n. 3, p. 286-288, 2000.
JANSEN, R.; EMBDEN, J.D.; GAASTRA, W.; SCHOULS, L.M. Identification of genes that are asso-
ciated with DNA repeats in prokaryotes. Molecular Microbiology, v. 43, p. 1565-1575, 2002.
JI, Y.F.; SCOTT, J.W.; MAXWELL, D.; SCHUSTER, D. Molecular mapping of Ty-4, a new tomato
yellow leaf curl virus resistance locus on chromosome 3 of tomato. Journal of the American
Society for Horticultural Science, v. 134, p. 281-288, 2009.
JIA, H. et al. Genome editing of the disease susceptibility gene Cs LOB1 in citrus confers resistan-
ce to citrus canker. Plant biotechnology journal, v. 15, p. 817-823, 2017.
KLEIN, T.M.; WOLF, E.D.; WU, R.; SANFORD, J.C. High-velocity microprojectiles for delivering nu-
cleic acids into living cells. Nature, v. 327, p. 70-73, 1987.
KUZUYA, M.; YASHIRO, K.; TOMITA, K.; EZURA, H. Powdery Mildew (Podosphaera xanthii) re-
sistance in melon is categorized into two types based on inhibition of the infection processes.
Journal of Experimental Botany, v. 57, p. 2093-2100, 2006.
MACOVEI, A. et al. Novel alleles of rice eIF4G generated by CRISPR/Cas9-targeted mutagenesis
confer resistance to Rice tungro spherical virus. Plant Biotechnology Journal, v. 18, p. 1918-
1927, 2018.
MALNOY, M. et al. DNA-free genetically edited grapevine and apple protoplast using CRISPR/
Cas9 ribonucleoproteins. Frontiers in Plant Science, v. 7, A. 1904, 2016.
MEUWISSEN, T.; GODDARD, M. Accurate prediction of genetic values for com-plex traits by who-
le-genome resequencing. Genetics, v.185, p. 623-631, 2010.
MEUWISSEN, T.; HAYES, B.; GODDARD, M. Prediction of total genetic value using genome-wide
dense marker maps. Genetics, v. 157, p. 1819-1829, 2001.
MULLIS, K.B.; FALONA, F.A. Specific synthesis of DNA in vitro via a polymerase catalyzed chain
reaction. Methods Enzymology, 155 , p. 335-350, 1987.
NEKRASOV, V. et al.Rapid generation of a transgene-free powdery mildew resistant tomato by
genome deletion. Scientific reports, v. 7, n. 482, 2017.
NUNES, E.W.L.P. et al. Brazilian melon landraces resistant to Podosphaera xanthii are unique
germplasm resources. Annual Applied Biology, v. 171, p.214-228, 2017.
PICÓ, M.B.; DIÉZ, M.J. Práticas de Biodiversidad y Marcadores Moleculares. Valencia: Universi-
dad Politécnica de Valencia, 2009, 172p.
PRIGGE, V.; MELCHINGER, A. Production of haploids and doubled haploids in maize. Plant Cell
Culture Protocols, v. 877, p. 161-172, 2012.
SÁNCHEZ, M.A.; CORONADO, Y.M.; CORONADO, A.C.M. Androgenic studies in the production of
haploids and doubled haploids in Capsicum spp. Revista Facultad Nacional de Agronomia de
Medellín, v. 73, p. 9047-9056, 2020.
SANFORD, J.C.; KLEIN, T.M.; WOLF, E.D.; ALLEN, N. Delivery of substances into cells tissues using
a particle bombardment process. Particulate Science Technology, v. 5, p. 27-37, 1987.
SERVIN, B.; MARTIN, O.C.; MÉZARD, M.; FRÉDÉRIC, H. Toward a Theory of Marker-Assisted Gene
Pyramiding. Genetics, v. 168, p. 513-523, 2004.
SUGANO, S.S.; OSAKABE, K.; OSAKABE, Y. Crop Breeding Using CRISPR/Cas9. In: PRASAD, R.;
GILL, S.S.; TUTEJA, N. Crop Improvement Through Microbial Biotechnology. Amsterdam:
Elsevier, 2018. p. 451-463.
TANKSLEY, S.D. Mapping polygenes. Annual Review of Genetic, v. 27, p. 205-233, 1993.
VOS, P. et al. AFLP: a new technique for DNA fingerprinting. Nucleic Acids Research, v. 23, p.
4407-4417, 1995.
WANG, W.; PAN, Q.; HE, F.; AKHUNOVA, A.; CHAO, S.; TRICK, H.; AKHUNOV, E. Transgenerational
CRISPR-Cas9 activity facilitates multiplex gene editing in allopolyploid wheat. The CRISPR
Journal, v. 1, p. 65-74, 2018.
WANG, Y.; CHENG, X.; SHAN, Q.; ZHANG, Y.; LIU, J.; GAO, C.; QIU, J.L. Simultaneous editing of
three homoeoalleles in hexaploid bread wheat confers heritable resistance to powdery mil-
dew. Nature biotechnology, v. 32, p. 947-951, 2014.
WILLIAMS, J.G.K.; KUBELIK, A.R.; LIVAK, K.J.; RAFALSKI, J.A.; TINGEY, S.V. DNA polymorphisms
amplified by arbitrary primers are useful as genetic-markers. Nucleic Acids Research, v.18,
p. 6531-6535, 1990.
ZHANG, Y. et al. Simultaneous modification of three homoeologs of Ta EDR1 by genome editing
enhances powdery mildew resistance in wheat. The Plant Journal, v. 91, p. 714-724, 2017.
ZIETKIEWICS, E.; RAFALSKI, A.; LABUDA, D. Genome fingerprint by sequence repeat (SSR)-an-
chored polymerase chain reaction amplification. Genomics, v. 20, p. 176-183, 1994.
sonegóta P l d icnêts eR 90
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
4 CAPÍTULO 4
NUTRIÇÃO MINERAL E A RESISTÊNCIA A DOENÇAS DE PLANTAS
Daniel Debona
1. Introdução
Historicamente, as doenças de plantas têm cobrado pesado tributo da humani-
dade. Em escala mundial, são dignas de nota as epidemias da requeima da batateira,
causada por Phytophthora infestans, na Irlanda e da mancha parda do arroz, causada
por Bipolaris oryzae, em Bangladesh em meados dos séculos XIX e XX, respectivamen-
te, que resultaram na morte de milhões de pessoas por falta de alimento. No Brasil,
grandes empreendimentos com plantas de Seringueira (Hevea sp.) estabelecidos nas
primeiras décadas do século XX visando à produção de borracha por Henry Ford fa-
liram em função do ataque de Pseudocercospora ulei. Mais recentemente, a ferrugem
asiática da soja, causada por Phakopsora pachyrhizi, têm causado grandes impactos na
sojicultura brasileira devido ao elevado potencial de dano, alto custo de controle, su-
plantação de genes de resistência do hospedeiro e resistência do fungo a fungicidas.
Esses exemplos ilustram a importância das doenças de plantas e a necessidade da
adoção de múltiplas práticas de controle, e não somente daquelas baseadas em ferra-
mentas genéticas e químicas, com o intuito de reduzir o dano causado pelas doenças
que ocorrem atualmente, bem como minimizar o risco de emergência de doenças hoje
consideradas secundárias. Dentro desse contexto, a nutrição mineral é um fator am-
biental que influencia as doenças de plantas e que pode ser manipulado com relativa
facilidade.
Treze elementos minerais são reconhecidos como essenciais às plantas, apresen-
tando diferentes funções na sua fisiologia (Tabela 1). A nutrição mineral normalmente
tem sido estudada em função do aumento na produtividade e qualidade dos produtos
vegetais. Contudo, os efeitos secundários da nutrição, incluindo nas doenças de plan-
tas, têm sido largamente negligenciados. Fatores como dose, forma, modo e momento
de aplicação influenciam a resposta de determinada doença a um dado nutriente. As
condições edafoclimáticas, como pH, temperatura, umidade e microrganismos, tam-
bém exercem grande influência na disponibilidade de nutrientes e, por conseguinte,
nas doenças de plantas. Alguns nutrientes, a exemplo do potássio, cálcio e magnésio,
competem entre si pelos sítios de absorção pelas plantas, e o aumento na dose de um
nutriente pode acarretar deficiência do outro. Além disso, um nutriente pode reduzir
a intensidade de uma doença e aumentar a de outra, evidenciando a complexidade de
estabelecer relações dos nutrientes com as doenças de plantas.
91
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
4
O L U T Í P A C S A T NL P E D Ç O A I C Ê T S E R L N I M O Ã Ç T U -
Tabela 1. Nutrientes essenciais, símbolo químico e abundância relativa (%) requerida em plan-
tas de citros para o seu crescimento e desenvolvimento normal. (Adaptado de Spann & Schu-
mann, 2010).
Abundância
Nutriente Símbolo químico Função na Planta
relativa (%)
Nitrogênio N 100 Aminoácidos e proteínas
Potássio K 25 Catálise e transporte de íons
Cálcio Ca 12,5 Componente da parede celular
Magnésio Mg 8 Clorofila e fotossíntese
Fósforo P 6 Ácidos nucleicos e ATP
Enxofre S 3 Aminoácidos
Cloro Cl 0,3 Fotossíntese
Ferro Fe 0,2 Síntese da clorofila
Boro B 0,2 Componente da parede celular
Manganês Mn 0,1 Ativação de enzimas
Cobre Cu 0,01 Componente de enzimas
Zinco Zn 0,03 Ativação de enzimas
Molibdênio Mo 0,0001 Fixação de nitrogênio
sonegóta P l d icnêts eR 92
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
4
O L U T Í P A C S A T NL P E D Ç O A I C Ê T S E R L N I M O Ã Ç T U -
Figura 1. Dinâmica das interações que influenciam as doenças de plantas, com ênfase no papel da
nutrição mineral. (Adaptado de Zambolim et al., 2012).
2. Macronutrientes
2.1. Nitrogênio
O nitrogênio (N) é o elemento mineral requerido em maior quantidade pelas
plantas. Ele é constituinte de aminoácidos, ácidos nucléicos, proteínas, enzimas, nu-
cleotídeos, hormônios, fitoalexinas, fenóis, entre outros componentes celulares. O ci-
clo do N é bastante complexo. A mineralização biológica do N orgânico a amônio (NH4)
inorgânico e sua subsequente oxidação (nitrificação) a nitrato (NO3) são processos di-
nâmicos, resultando em diferentes formas de N disponíveis à absorção pelas raízes
das plantas (Huber & Thompson, 2007).
As diferentes formas de N metabolizadas pelas plantas têm um impacto profun-
do nas doenças por alterarem características de crescimento, metabólitos intermedi-
ários, exsudatos radiculares e o controle biológico. Por outro lado, processos como a
desnitrificação, lixiviação ou imobilização biológica reduzem a disponibilidade desse
elemento. O N é o elemento com o maior número de relatos sobre a influência em do-
enças. O efeito do N sobre as doenças é influenciado pela quantidade, forma e época de
aplicação do elemento (Huber & Thompson, 2007).
A quantidade de N disponível relativa à necessidade da planta pode ter grande
impacto sobre a intensidade de doenças. A deficiência de N pode fornecer um am-
biente nutricional inadequado a parasitas obrigatórios, porém o excesso de N inibe a
produção de compostos de defesa. Além disso, o crescimento vigoroso promovido por
elevadas doses de N pode resultar em microclima favorável à ocorrência de doenças.
Tem sido reconhecido que a severidade de ferrugem e oídio em cereais é aumentada
sonegóta P l d icnêts eR 93
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
4
O L U T Í P A C S A T NL P E D Ç O A I C Ê T S E R L N I M O Ã Ç T U -
Tabela 2. Efeito de altos e baixos níveis de nitrogênio (N) na intensidade de doenças causadas por
patógenos com diferentes estilos de vida. (Adaptado de Zambolim et al., 2012).
Nível de nitrogênio
Estilo de vida Patógeno Doença
Baixo Alto
1
+ = baixa severidade; +++ = alta severidade.
sonegóta P l d icnêts eR 94
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
4
O L U T Í P A C S A T NL P E D Ç O A I C Ê T S E R L N I M O Ã Ç T U -
sonegóta P l d icnêts eR 95
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
4
O L U T Í P A C S A T NL P E D Ç O A I C Ê T S E R L N I M O Ã Ç T U -
sonegóta P l d icnêts eR 96
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
4
O L U T Í P A C S A T NL P E D Ç O A I C Ê T S E R L N I M O Ã Ç T U -
2.2. Fósforo
O fósforo (P) é constituinte dos ácidos nucléicos (DNA e RNA), das membranas ce-
lulares (na forma de fosfolipídeos), de proteínas, entre outras moléculas, sendo um nu-
triente essencial em reações de transferência de energia (como ATP, ADP e PPi) (Rice,
2007). O efeito do P sobre as doenças de plantas é variável, havendo relatos de redução
na sua intensidade em alguns casos e aumento em outros.
O P reduz o progresso de ferrugens e outras doenças foliares por encurtar o pe-
ríodo vegetativo e é particularmente benéfico em contraposição a elevados níveis de
N. Estudos realizados em casa de vegetação mostraram que a variação de 0 a 170 kg
ha-1 de P reduziu a taxa de progresso da ferrugem asiática da soja de 0,42 para 0,29
(Balardin et al., 2006). Contudo, altos níveis de P no solo aumentaram a severidade da
ferrugem da cana (Puccinia melanocephala), fato que foi relacionado à redução no pe-
ríodo latente e aumento na esporulação do fungo (Andrade, 1991). O P isoladamente
ou combinado com K aumentou a resistência do trigo ao oídio (Blumeria graminis f. sp.
tritici) através do aumento no nível de fenóis e na atividade da enzima polifenoloxidase
(Yurina et al, 1997). A investigação de quatro genótipos de arroz mostrou variação no
acúmulo de nutrientes e na suscetibilidade à brusone na panícula; as concentrações
de P, N e Mg foram positivamente correlacionadas com a severidade da brusone, en-
quanto que as concentrações de K e Ca tiveram correlação negativa com a severidade
da doença (Prabhu et al., 2007a).
O efeito do P parece ser maior em doenças causadas por fungos de solo. O aumen-
to na regeneração das raízes de plantas conferida por um adequado suprimento com P
permite escape à doença, eliminando perdas na produtividade causadas por Pythium
spp. em trigo (Zambolim et al., 2012). A aplicação de P também aumenta a resistência
a nematoides devido ao aumento no volume radicular. É importante ressaltar, contu-
do, que o suprimento com N também deve ser adequado, pois o P foi pouco eficiente
em limitar o dano causado pelo mal do pé em trigo sob deficiência de N. Plantas defi-
cientes em P apresentam menor quantidade de fosfolipídeos e maior permeabilidade
da membrana celular, resultando em exsudação radicular, que está relacionada à ati-
vidade de patógenos. Esse fato pode explicar o aumento na suscetibilidade a R. solani
em plântulas de soja deficientes em P (Castano & Kernkamp, 1956).
Murchas vasculares causadas por diferentes formas especiais de Fusarium oxys-
porum normalmente são intensificadas com o aumento na dose de P. O aumento no
nível de P aumentou a murcha de Fusarium em tomateiro, enquanto que a combina-
ção da calagem com baixo P reduziu a severidade da doença (Woltz & Jones, 1973). A
incidência do mal do Panamá (F. oxysporum f. sp. cubense) em bananeira aumentou com
a elevação da dose de P aplicada ao solo (Bolfarini et al., 2015). A disponibilidade de
P é fortemente influenciada pelo pH do solo. Em solos ácidos, o elemento reage com
óxidos de Al, Fe e Mn, o que reduz o P disponível. Em solos alcalinos, o P reage com
Ca, o que também limita a disponibilidade de P. Portanto, a manutenção de uma faixa
de pH adequada torna-se primordial para maximizar a quantidade de P disponível e a
sanidade radicular. Alguns relatos de aumento na suscetibilidade de plantas a doenças
decorrentes da aplicação de doses elevadas de P estão relacionados à sua interação e
conseqüente redução na disponibilidade de outros elementos no solo, particularmente
sonegóta P l d icnêts eR 97
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
4
O L U T Í P A C S A T NL P E D Ç O A I C Ê T S E R L N I M O Ã Ç T U -
2.3. Potássio
O potássio (K) é um elemento vital em diversas funções fisiológicas das plantas. O
K promove o crescimento radicular e melhora a absorção de água e nutrientes; está en-
volvido na síntese de celulose e resistência ao acamamento; regula a atividade de mais
de 60 enzimas envolvidas no crescimento da planta; reduz a respiração, prevenindo a
perda de energia; auxilia na fotossíntese; ajuda na translocação de açúcares e amido;
resulta na produção de grãos ricos em amido; aumenta o teor de proteína; mantém o
turgor, reduzindo a perda de água e murcha; está envolvido na síntese e prevenção da
degradação da clorofila (Rice, 2007).
O K, em combinação com N, P e outros nutrientes é reconhecido por afetar as do-
enças de plantas, exercendo um efeito positivo, negativo ou neutro sobre a resistência
do hospedeiro. Embora o efeito do K não possa ser generalizado, a maioria dos estudos
tem demonstrado redução na intensidade de doenças em plantas com um suprimento
adequado de K (Prabhu et al., 2007b; Figura 3). As respostas mais consistentes têm sido
obtidas à medida que o nível de K aumenta da faixa de deficiência para a de suficiência.
Figura 3. Número de relatos do efeito do potássio (K) sobre doenças de plantas causadas por
diferentes grupos de patógenos. (Adaptado de Prabhu et al., 2007b).
Tanto as doenças de solo quanto as da parte aérea são afetadas por K. Plantas
deficientes em K normalmente são mais suscetíveis a patógenos do que plantas que
apresentam níveis adequados do elemento. As murchas vasculares do algodoeiro,
causadas por Verticillium albo-atrum e F. oxysporum f. sp. vasinfectum, são reduzidas
pelo K, especialmente em solos deficientes no elemento e quando a população de ne-
matoides é baixa (Prabhu et al., 2007b). O aumento na dose de K reduziu a incidência
de Phomopsis sp. e aumentou a produtividade da soja; doses acima de 80 kg ha-1 de K,
entretanto, não influenciaram a doença e a produtividade (Borkert et al., 1985 citado
por Zambolim et al., 2012; Figura 4), mostrando que o efeito benéfico do K foi restrito
à faixa de deficiência.
sonegóta P l d icnêts eR 98
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
4
O L U T Í P A C S A T NL P E D Ç O A I C Ê T S E R L N I M O Ã Ç T U -
sonegóta P l d icnêts eR 99
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
4
O L U T Í P A C S A T NL P E D Ç O A I C Ê T S E R L N I M O Ã Ç T U -
sp. glycines, em 36%, mas a severidade da doença aumentou em 45, 32 e 43% quan-
do foram utilizados KNO3, K2PO4 e K2SO4, respectivamente (Sanogo & Yang, 2001). O
efeito das diferentes fontes de K na PVR foi correlacionado com seu efeito linear no
crescimento micelial do fungo.
Diferentes mecanismos estão envolvidos na supressão de doenças mediada pelo
K. Alterações na disponibilidade de aminoácidos e proteínas e decréscimo na perme-
abilidade celular reduzem a suscetibilidade do tecido do hospedeiro à penetração e
maceração. A arginina inibe a germinação de esporângios de Phytophthora infestans e
o K aumenta os níveis de arginina em plantas de batata, explicando o aumento na re-
sistência à requeima em função do aumento no suprimento com K (Zambolim et al.,
2012). O K aumenta a silicificação da parede celular, que está associada ao aumento
na resistência. A falta de K decresce o acúmulo de Si nas células da epiderme foliar
do arroz, aumentando a suscetibilidade à brusone. A combinação de K e P aumenta
a espessura da cutícula e da parede celular, que atuam como barreiras mecânicas à
penetração por patógenos. Além disso, alguns sais de K, incluindo K2HPO4, KH2PO4 e
KNO3 são capazes de induzir a resistência sistêmica adquirida em diferentes espécies
de plantas (Reuveni et al., 2000; Becot et al., 2000; Orober et al., 2002).
2.4. Cálcio
O cálcio (Ca) é essencial para o crescimento radicular e o desenvolvimento foliar.
É um elemento estrutural importante; pelo menos 60% do Ca total da célula é encon-
trado na lamela média da parede celular, na forma de pectatos, conferindo rigidez ao
tecido. O Ca também é importante na estabilidade e manutenção da integridade das
membranas celulares. Além disso, o Ca é capaz de se ligar à proteína calmodulina, for-
mando o complexo Ca-calmodulina; nesse complexo, o Ca atua como mensageiro se-
cundário, regulando a transdução de sinal em respostas de defesa vegetal (Rice, 2007).
Numerosos estudos têm demonstrado que a aplicação de Ca no solo, folhas e fru-
tos reduz a intensidade de doenças causadas por diversos patógenos de importância
econômica (Rahman & Punja, 2007; Tabela 3). Um dos exemplos mais antigos é o con-
trole da hérnia das crucíferas através da calagem, praticado há mais de 200 anos. A
aplicação calcário (4,5 t ha-1) foi tão eficiente quanto baixas doses de calcário associa-
das ao fungicida pentacloronitrobenzeno (PCNB) no controle da hérnia das crucíferas
(Anderson et al., 1976). De maneira similar, o tombamento de plântulas de pepino em
solo artificialmente infestado com Pythium splendens foi 50% menor seguindo a cala-
gem em experimentos realizados em campo e em casa de vegetação. O aumento na
dose de Ca na solução nutritiva de 5 para 500 ppm também reduziu a severidade da
murcha de Fusarium em tomateiro (Edgington & Walker, 1958). A severidade da podri-
dão mole da batata, causada por Erwinia carotovora subsp. atroseptica, foi inversamente
correlacionado com teor de Ca nos tubérculos (McGuire & Kelman, 1986).
Tabela 3. Efeito do cálcio na intensidade de doenças causadas por diferentes patógenos. (Adapta-
do de Zambolim et al., 2012).
1
+ = baixa severidade; +++ = alta severidade.
Figura 5. Sintomas da brusone, severidade e concentração foliar de cálcio (Ca) em plantas de trigo
crescidas em solução nutritiva contendo diferentes concentrações de Ca e inoculadas com Pyri-
cularia oryzae. (Adaptado de Debona et al., 2017a).
2.5. Magnésio
O magnésio (Mg) é componente da lamela média e constitui o elemento central
do anel tetrapirrólico da clorofila, molécula essencial na fotossíntese. O Mg é necessá-
rio para a preservação da estrutura e integridade dos ribossomos. Ademais, o Mg está
associado com crescimento rápido, mitose, altos níveis de proteína, metabolismo de
carboidratos e fosforilação oxidativa em células fisiologicamente jovens (Rice, 2007).
Diferentemente de outros macronutrientes, o papel Mg em intensificar ou mi-
nimizar o desenvolvimento de doenças tem sido pouco documentado, existindo pou-
cos relatos da relação direta do Mg com doenças. A aplicação de Mg em combinação
com fertilizante amoniacal é determinante na redução do mal do pé e aumento na
produtividade do trigo em solos deficientes em Mg. Contudo, a aplicação de calário
dolomítico (CaCO3 + MgCO3) com o intuito de neutralizar a acidez e aumentar os ní-
veis de Mg do solo pode aumentar a severidade do mal do pé devido ao decréscimo
na disponibilidade de Mn. A inibição da utilização de Mg por var pela avenacina dos
exsudatos radiculares parece estar relacionada à tolerância de cultivares de aveia ao
mal do pé (Huber, 1989; Jones & Huber, 2007).
Altos níveis de Mg estão associados ao aumento no desenvolvimento da man-
cha bacteriana (Xanthomonas campestris pv. vesicatoria) em pimentão e tomateiro; em
ambos hospedeiros, a doença foi menos severa quando o Mg estava no limite inferior
da faixa nutricional adequada de Mg do que quando o Mg estava no limite superior
da faixa (Woltz & Jones, 1979). Aplicações de calcário dolomítico no solo ou de Mg
foliar resultaram em maior severidade da mancha bacteriana em pimentão do que o
controle sem correção do solo ou do solo corrigido com CaCO3 (Jones et al., 1983). O
cloreto de Mg aumentou a severidade da murcha de Fusarium em tomateiro e pode
se contrapor ao benefício do Ca na redução da doença (Jones et al., 1989). Tem sido
reconhecido que Mg e K predispõe os legumes de amendoim ao ataque por Pythium
e Rhizoctonia por reduzirem o conteúdo de Ca dos legumes. Debona et al. (2016) ob-
servaram que o aumento na concentração de Mg na solução nutritiva reduziu a con-
centração de Ca foliar e aumentou a severidade da brusone em trigo. Em contraste,
2.6. Enxofre
O enxofre (S), na forma reduzida, é incorporado em aminoácidos, proteínas, en-
zimas, vitaminas, óleos aromáticos e ferredoxinas. Além disso, o elemento promove
o crescimento de raízes e a nodulação em leguminosas (Rice, 2007).
O S elementar foi o primeiro fungicida empregado pelo homem e permaneceu
como o mais importante até o desenvolvimento dos fungicidas orgânicos. Ele tem
sido bem sucedido no controle de ferrugens, oídios, míldios em cereais, sarna co-
mum em batata e mancha de Alternaria em canola. O S elementar também apresenta
atividade acaricida, sendo recomendado no controle de ácaros. A despeito de seu
efeito fungicida, o S pode atuar indiretamente, intensificando respostas de defesa de
plantas a patógenos, fenômeno descrito pelo termo “resistência induzida pelo enxo-
fre” (do inglês, sulfur-induced resistance ou SIR). Outro modo de ação indireto do S é o
aumento na atividade de antagonistas a patógenos. Em abacateiro, o S foi demons-
trado favorecer o desenvolvimento de Trichoderma viridae, que atua como micopara-
sita de Phytophthora cinnamomi (Haneklaus et al., 2007; Zambolim et al., 2012).
Os metabólitos contendo S, como cisteína, glutationa, emissões de S gasoso, fi-
toalexinas, glicosinolatos e deposições de S elementar têm sido investigados para
elucidar o seu papel na defesa vegetal e na manipulação da nutrição com S para
potencializar a resistência de plantas a doenças (Bloem et al., 2015). A cisteína é o
principal precursor dos compostos sulfurados e o conteúdo de cisteína no citosol é
determinante na imunidade vegetal a patógenos por seu envolvimento na reação de
hipersensibilidade (Alvarez et al., 2012).
Algumas proteínas ricas em S, fitoalexinas, como a camalexina, S elementar e
produtos da degradação dos glicosinolatos apresentam uma ação antifúngica direta.
Tem sido reconhecido que proteínas ricas em S, a exemplo das tioninas, são capazes
de gerar canais iônicos nas membranas celulares de patógenos, perturbando gra-
dientes de concentração e a homeostase celular (Bloem et al., 2015).
O caráter lipofílico ajuda a explicar o modo de ação antifúngico de S0. A oxidação
de grupos sulfidril devido à entrada de S0 na parede celular compromete reações re-
dox, sendo responsável pela ação fungicida de S0. De fato, a deposição de S0 no sistema
vascular foi associado à resistência do cacau a Verticillium dahliae (Resende et al., 1996).
Numerosos estudos têm demonstrado a importância do S em reduzir a inten-
sidade de doenças em diversas culturas. Observações feitas em casa de vegetação
demonstraram que o aumento no suprimento com S reduziu a severidade da doença
causada por S. sclerotiorum em canola, Bipolaris maydis em milho e Rhizoctonia solani
em trigo em 5, 21 e 44%, respectivamente, oito a 20 dias após a inoculação (Wang et
al., 200).
A correção de solos com baixo nível de S com sulfato reduziu a mancha clara
foliar em canola, causada por Pyrenopeziza brassicae. Além disso, o S elementar apli-
cado em folhas de canola foi demonstrado ter atividade fungicida sobre o fungo. Em
batata, a taxa e a severidade da infecção por R. solani foram reduzidas em 41 e 29%
pela aplicação de S no solo.
Análises geoestatísticas foram utilizadas para adquirir informações sobre a
variabilidade espacial de características de plantas de canola e a probabilidade de
infecção por Leptospaeria maculans. A infecção das plantas pelo fungo variou espa-
cialmente; a probabilidade de infecção severa foi maior para a cultivar Lipton (susce-
tível) do que para a cultivar Bristol (resistente). Os padrões de variabilidade espacial
para infecção severa coincidiram com o estado nutricional de S nas plantas, em que
um risco maior de infecção por L. maculans foi relacionado a menores níveis de S e ao
menor conteúdo de glicosinolatos (Salac et al., 2004).
3. Micronutrientes
3.1. Ferro
O ferro (Fe) é essencial para a atividade biológica de muitas proteínas mediando
a transferência de elétrons e reações redox devido à sua capacidade de passar por
diferentes estágios de oxidação. O Fe é requerido para importantes funções meta-
bólicas, incluindo respiração, síntese de DNA, fotossíntese e fixação de nitrogênio.
Igualmente importantes são algumas hemeproteínas, como catalases, peroxidases
e lipoxigenases, envolvidas na eliminação de espécies reativas de oxigênio, síntese
de lignina e biogênese de membrana, respectivamente. Por outro lado, o Fe catalisa
a redução do oxigênio para formar radicais que são altamente danosos a biomolécu-
las. A toxidez por Fe resulta em peroxidação de lipídeos, degradação de proteínas e
mutações no DNA, ao passo que deficiência de Fe reduz a concentração de clorofilas
e carotenóides, bem como a atividade da ribulose-1,5-bisfosfato carboxilase/oxige-
nase (Rice, 2007).
Um dos principais efeitos do Fe em doenças de plantas é através de sideróforos,
compostos de baixo peso molecular secretados por microrganismos que são capa-
zes de sequestrar Fe reduzindo sua disponibilidade para outros microrganismos na
rizosfera (Expert, 2007). Dessa forma, a manipulação da disponibilidade de Fe no
solo desempenha um papel crucial no controle biológico de doenças. A análise da
capacidade de 2.150 bactérias de 80 microbiomas, cobrindo as principais linhagens
filogenéticas, de suprimir a bactéria fitopatogênica Ralstonia solanacearum, mostrou
que membros do microbioma rizosférico com sideróforos inibidores de crescimento
3.2. Manganês
O manganês (Mn) está envolvido integralmente em importantes funções bio-
químicas e fisiológicas das plantas. O elemento desempenha um papel fundamental
durante as reações redox e transferência de elétrons na fotossíntese, que resulta na
separação da água e captação de luz durante a reação da fase clara. O Mn é com-
ponente da superóxido dismutase, enzima envolvida na remoção de espécies rea-
tivas de oxigênio. No entanto, o Mn atua primariamente como ativador de enzimas,
a exemplo de desidrogenases, transferases, hidroxilases e descarboxilases. Grande
parte dessas enzimas está envolvida no metabolismo do C e do N. O Mn também ativa
diversas enzimas envolvidas na síntese de metabólitos secundários que resultam na
produção de compostos de defesa, incluindo fenóis, glicosídeos cianogênicos e ligni-
na (Rice, 2007; Thompson & Huber, 2007; Figura 6).
Figura 6. Rotas bioquímicas importantes em que o manganês (Mn) está envolvido. IAA = ácido
indol acético. CoA = coenzima A (Adaptado de Thompson & Huber, 2007).
Tabela 4. Doenças de plantas que foram demonstradas terem sua intensidade decrescida com o
aumento na disponibilidade de manganês. (Adaptado de Thompson & Huber, 2007).
Grupo de pató-
Doença Patógeno
geno
Aspergillus niger, Curvularia ramosa, Fomes
annosus, Fusarium culmorum, Fusarium
Tombamento de plantas, podri-
oxysporum, Gaeumannomyces graminis, Pythium
dões radiculares e de caule
spp., Rhizoctonia solani, Sclerotinia sclerotiorum,
Sclerotium rolfsii
devido ao menor potencial redox do solo inundado. Genes presentes em milho e soja
que conferem tolerância ao glifosato reduzem a absorção e o uso de Mn pelas plantas,
o que pode predispô-las ao ataque por patógenos. Em adição, existem algumas linhas
de evidência de que o glifosato reduz a população de bactérias redutoras do Mn+4 no
solo, reduzindo a disponibilidade de Mn+2 para ser absorvido pelas plantas. Uma vez
no interior da planta, o glifosato também pode atuar como agente complexante de Mn,
reduzindo sua disponibilidade para o metabolismo vegetal. O mal do pé em cereais
raramente é severo em solos ácidos, exceto em solos naturalmente deficientes em Mn.
Contudo, a aplicação demasiada de calcário e o conseqüente aumento do pH, aumenta
o mal do pé por reduzir a absorção de Mn pelas plantas. Práticas culturais, como di-
minuição do pH, irrigação e fertilização com Mn aumentam a disponibilidade do nu-
triente às plantas, mitigando a sarna comum da batata. O cultivo de gramíneas, como
a braquiária, nas entrelinhas de citros e o subseqüente corte forma um mulching que
inibe a nitrificação e aumenta a absorção de Mn pelas plantas de citros. Essa prática
apresenta um papel chave na redução da severidade da clorose variegada do citros
causada por Xylella fastidiosa (Thompson & Huber, 2007).
A aplicação de Mn para corrigir deficiências reduz a severidade de diversas do-
enças, mas sua eficiência depende da doença e do método de aplicação do nutriente. O
Mn aplicado no solo pode ser rapidamente imobilizado devido à atividade de micror-
ganismos oxidantes, porém a aplicação foliar do nutriente pode ter um efeito limitado
em patógenos de solo devido à imobilidade do Mn na planta. De qualquer maneira, a
manipulação de práticas culturais e o suprimento com Mn para aumentar a quanti-
dade do elemento nos tecidos das plantas tem mostrado efeito positivo na redução de
doenças. Aplicações foliares de Mn reduziram a severidade de oídio e ferrugem em
cereais de inverno e a mancha parda do arroz. O Mn combinado com fosfito aplicado
foliarmente suprimiu a antracnose e o crestamento bacteriano comum em feijoeiro, a
manca de olho pardo e a ferrugem em cafeeiro e o mofo branco em soja (Costa et al.,
2018; Monteiro et al., 2016; Novaes et al., 2019). O tombamento de plântulas de soja,
causado por Pythium, também foi reduzido quando as sementes foram tratadas com
fosfito de Mn (Carmona et al., 2018).
Devido ao seu envolvimento no metabolismo do C, N e metabolismo secundário,
existem diversos mecanismos potenciais pelos quais o Mn pode atuar direta ou indi-
retamente na supressão de doenças de plantas. Diretamente, o Mn pode inibir o cres-
cimento, esporulação, replicação e a produção de enzimas e toxinas pelos patógenos.
Os efeitos indiretos incluem a modificação nos exsudatos radiculares e no metabolis-
mo vegetal, alterando a atividade do patógeno. No entanto, talvez o principal efeito do
Mn seja devido ao seu papel no aumento da produção de barreiras químicas (fenóis
e fitoalexinas) e físicas (calose e lignina) pelo hospedeiro em resposta ao ataque por
patógenos (Thompson & Huber, 2007).
3.3. Zinco
A despeito de constituir menos de 1% da massa das plantas e microrganismos, o
zinco (Zn) desempenha um papel crucial como centro catalítico de centenas de enzi-
3.4. Cobre
O cobre (Cu) participa de vários processos fisiológicos, incluindo fotossíntese,
respiração, distribuição de carboidratos, redução e fixação de N, metabolismo de pro-
teínas e da parede celular, além de influenciar a permeabilidade dos vasos do xilema à
água e a produção de DNA e RNA. O Cu é o componente metálico de três tipos de prote-
ínas: plastocianinas, envolvidas na transferência de elétrons; peroxidases, que oxidam
fenois; e proteínas multi-Cu, que atuam como oxidases (Rice, 2007).
O Cu tem um logo histórico de uso como pesticida. A calda bordalesa, que consiste
numa combinação de cal hidratada e sulfato de cobre, foi um dos primeiros fungicidas
empregados na agricultura, originalmente usado no controle do míldio da videira. Ou-
tros compostos à base de Cu foram desenvolvidos mais tarde para uso na agricultura,
chamados de compostos fixos de cobre. Esses compostos incluem o óxido, hidróxido e
oxicloreto de Cu e têm sido empregados no controle de doenças bacterianas em citros,
feijoeiro e tomateiro, mancha de Cercospora em beterraba açucareira, pinta preta e
requeima em batata e, mais recentemente, no controle da ferrugem asiática da soja em
combinação com fungicidas sítio-específicos.
A despeito da ação fungicida do Cu, o nutriente também pode intensificar a re-
sistência das plantas a doenças, conforme evidenciado observações de que doses sub-
-biocidas de Cu aplicado no solo reduziram a intensidade de doenças foliares. Folhas
de macieira resistentes a Erwinia amylovora apresentaram maior conteúdo de Cu do
que folhas suscetíveis. Flavonoides constituem uma classe de compostos químicos im-
portantes na resistência de plantas a doenças, e a chalcona sintase, uma enzima chave
na rota metabólica para a produção de flavonóides foi induzida por cloreto de cobre. O
Cu também é requerido para a produção de peróxido de hidrogênio via amino oxidases
em ervilha em resposta à infecção por Aschochyta rabiei. Peroxidases inibidas pelo Cu
também contribuem para aumento nos níveis de espécies reativas de oxigênio, au-
mentando a resistência de plantas a patógenos. A anormalidade de flores de trigo e
cevada decorrente da baixa disponibilidade de Cu diminuem a produtividade e predis-
põe as plantas ao ataque de Claviceps purpurea, agente causal do ergot. A ativação da po-
lifenol oxidase por Cu tem um papel crucial para a geração de quinonas, que possuem
elevada atividade antimicrobiana. Por outro lado, o Cu é importante para a virulência
de patógenos; a deficiência de Cu tornou Colletotrichum lindemuthianum avirulento ao
feijoeiro. Portanto, o Cu influencia a interação planta-patógeno de três formas: apre-
sentando efeito fungicida, intensificando a resistência do hospedeiro ou reduzindo a
virulência do patógeno (Evans et al., 2007; Zambolim et al., 2012).
3.5. Cloro
Muito tempo antes do reconhecimento do seu papel no crescimento das plantas
e no manejo de doenças, o cloro (Cl) foi utilizado como íon acompanhante de fertili-
zantes contendo N-NH4, K e Ca. Devido à elevada disponibilidade de Cl na maioria dos
solos, sua essencialidade como um micronutriente na fotossíntese demorou a ser con-
clusivamente demonstrada.
A influência do Cl sobre doenças de plantas tem sido negligenciada devido ao
efeito ser atribuído somente ao cátion acompanhante. Por exemplo, enquanto o be-
nefício do K na supressão de doenças de plantas tem sido bem documentado, estudos
que examinaram diferentes fontes de K mostraram que somente KCl teve efeito su-
pressor sobre doenças. Tem sido demonstrado que a fertilização com Cl tem um im-
portante papel no aumento da resistência ou tolerância de plantas a estresses bióticos
e abióticos, com limitado efeito na ausência de estresse. No solo, doses elevadas de Cl
inibem a nitrificação, aumentam a disponibilidade de Mn e aumentam a população de
microrganismos benéficos, mudanças que podem explicar parcialmente o controle de
doenças derivado do Cl (Elmer, 2007).
A maioria dos relatos de supressão de doenças pelo Cl envolve monocotiledône-
as, como aspargo, coqueiro, milheto, milho, tamareira e trigo embora dicotiledôneas
como o algodoeiro e a soja também possam ser beneficiadas. Uma combinação de NO3
e NaCl reduziu a porcentagem de lesões nas raízes e a colonização por Fusarium spp.
em raízes de aspargo. A aplicação de KCl (188 kg ha-1) reduziu a podridão radicular
causada por Bipolaris sorokiniana e Fusarium culmorum em trigo; K2SO4 teve pouco efeito
sobre a doença, enquanto que NaCl foi mais efetivo do que KCl. A aplicação foliar de
KCl (0,64M) controlou em 50% o oídio do trigo e a ferrugem da cevada. O Cl também
foi o íon envolvido no controle da podridão do colmo do milho; os sintomas de doenças
decresceram cerca de 50% com o aumento de 0 para 54 kg ha-1 de KCl, mas não houve
efeito do K2SO4. De maneira similar, KCl decresceu o número de cistos de Heterodera
glycines em raízes de soja. Fertilizantes cloretados aplicados em faixa decresceram o
mal do pé e aumentaram o vigor de plantas de trigo (Elmer, 2007).
3.6. Molibdênio
A importância do molibdênio (Mo) na fisiologia da planta está relacionada à sua
habilidade de passar por mudanças na valência (transferência de elétrons), atuando
como cofator enzimático. O Mo possui papel vital no metabolismo do N. O nutriente
está envolvido na redução do NO3- a NO2- por atuar como cofator da enzima nitrato
redutase, bem como na fixação biológica e assimilação de N por ser constituinte das
enzimas nitrogenase e xantina desidrogenase (Rice, 2007).
O Mo pode ter um efeito direto sobre patógenos. Pelo fato de o elemento ser um
metal pesado, o Mo pode inativar proteínas essenciais a patógenos, causando a sua
desnaturação. Tem sido reconhecido que o metal inativa a proteína do capsídeo em
vírus e algumas proteínas em zoósporos de Phytophthora, nesse caso resultando em
3.7. Boro
Cerca de 90% do boro (B) encontra-se na parede celular, onde o elemento confere
ligações estruturais devido à sua facilidade de formar complexos diéster na parede ce-
lular com grupos hidroxil de dióis e polióis da parede celular para formar complexos de
polissacarídeos pécticos. O B é indispensável para a manutenção da funcionalidade da
membrana celular e da atividade de ATPases bombeadoras de prótons ligadas a mem-
brana. O B, em associação com o Ca está envolvido com a reprodução, particularmente
com o crescimento do tubo polínico. Ademais, o B está envolvido na síntese de uracila,
influenciando os processos de transcrição e tradução da célula e, por conseguinte, a sín-
tese de proteínas e processos de crescimento meristemático (Rice, 2007).
A importância do B na resistência de plantas a patógenos está relacionado ao efeito
do elemento na síntese de lignina e compostos fenólicos. Além disso, devido ao seu pa-
pel de estabilização da membrana plasmática, a exsudação de açúcares e aminoácidos
pelas raízes é limitada, diminuindo a infecção por patógenos de solo. A fertilização com
B reduz a infecção por Xanthomonas campestris pv. campestris em couve-flor, Sclerospora
graminicola em milheto, Rhizoctonia solai em feijoeiro mungo e Plasmodiophora brassicae
em Brassica spp. (Stangoulis & Graham, 2007).
Combinações de B e Fe suprimiram o mal do panamá em bananeira através de
múltiplos mecanismos (Dong et al., 2016). Altas concentrações de B e de Fe inibiram a
taxa de germinação de conídios e o crescimento de F. oxysporum, decrescendo o número
de plantas infectadas. Além disso, altas concentrações de B e Fe decresceram a produ-
ção de ácido fusárico por F. oxysporum e aumentaram o conteúdo de manitol nas plantas,
que, por sua vez, decresceu a produção da toxina em plantas infectadas e reduziu o ín-
dice de doença devido ao fator de virulência da toxina. Plantas de tomateiro crescidas
em solução nutritiva com doses elevadas de B e inoculadas com Ralstonia solanacearum
tiveram menor severidade da murcha, maior concentração de H2O2 e maior atividade da
peroxidase e polifenoloxidase do que plantas crescidas em doses reduzidas de B (Jiang
et al., 2016). O B foi sugerido como um potencial fungicida para o controle de doenças
causadas por Phytophthora nicotianae, pois o elemento foi encontrado afetar dramatica-
mente o esporângio e inibir o crescimento micelial do oomiceto (Qiao et al., 2017). Esse
efeito foi atribuído à inibição do gene csn4 de P. nicotianae pelo B, resultando em estresse
oxidativo no patógeno.
3.8. Níquel
O níquel (Ni) é requerido para a atividade catalítica de enzimas, incluindo urea-
se, superóxido dismutase, NiFe hidrogenases, metil coenzima-M redutase, monóxido de
carbono desidrogenase, acetil coenzima A sintase e RNase A (Harasim & Filipek, 2015)
e também esta envolvido no metabolismo de ureídeos e aminoácidos (Bai et al., 2006).
O Ni influencia as doenças de plantas por mecanismos diretos e indiretos. Exis-
tem evidências de que o Ni apresenta atividade fungicida quando aplicado em soluções
aquosas contendo concentrações maiores que 200 mg L-1. Contudo, a potencialização
das defesas vegetais parece ser o principal mecanismo. Baixas concentrações de sais
de Ni reduziram a intensidade da mancha parda e da brusone em arroz e da ferrugem
em amendoim (Wood & Reilly, 2007).
Os sais de Ni são particularmente efetivos no controle de ferrugens. O número de
pústulas da ferrugem em hemerocallis, causada por Puccinia hemerocallidis, foi redu-
zido lineamente com o aumento na concentração de sulfato de níquel aplicado foliar-
mente; houve supressão da doença em 90% pelo Ni aplicado a 200 mg L-1, concentra-
ção que não afetou a germinação dos uredósporos, indicando que o Ni intensificou a
resistência do hemerocallis à ferrugem (Wood & Reilly, 2007). A aplicação foliar de Ni
(0,19 g de NiSO4.6H2O L-1) três dias antes da inoculação com P. pachyrhizi reduziu em
35% a severidade da ferrugem asiática da soja. Análises bioquímicas e moleculares
mostraram que o Ni aumentou a concentração de lignina, a atividade da β-1,3-gluca-
nase e a expressão dos genes da urease, fenilalanina amônia liase, quitinase e proteína
1 relacionada à patogênese, indicando o potencial do Ni para aumentar a resistência
da soja à ferrugem asiática e complementar outros métodos de controle dentro do con-
texto de agricultura sustentável (Einhardt et al., 2020). De maneira similar, a aplicação
de Ni (40 g ha-1) combinado com fungicida reduziu a severidade do oídio da soja, cau-
sado por Microsphaera diffusa, em 99% e aumentou a atividade das enzimas catalase,
peroxidase, superóxido dismutase e urease (Barcelos et al., 2018).
4. Elemento benéfico
4.1. Silício
O silício (Si) é o segundo elemento mais abundante da crosta terrestre. Embora
ele não seja considerado um elemento essencial ao crescimento das plantas, existem
Tabela 5. Gêneros de patógenos causadores de doenças de sementes, de solo e foliares que têm sua
infecção limitada pelo suprimento com silício. (Adaptado de Debona et al., 2017b).
Grupo de Patógeno Gênero
5. Conclusões e Perspectivas
A necessidade de aumento na produtividade das culturas para alimentar uma po-
pulação sempre crescente associado à demanda da sociedade por práticas de produ-
ção mais sustentáveis tornam a nutrição mineral um fator chave para satisfazer essas
necessidades. Dentro desse contexto, o suprimento adequado com nutrientes é deter-
minante para a redução da intensidade de doenças de plantas, reduzindo a demanda
por defensivos agrícolas. Fatores como dose, forma, momento e modo de aplicação dos
nutrientes são determinantes no efeito que a nutrição exerce sobre as doenças. Assim,
um nutriente pode reduzir a intensidade de uma doença e aumentar a intensidade de
outra. Condições edafoclimáticas, como pH, temperatura, umidade e microrganismos
também interferem nessa resposta. Os nutrientes apresentam diversos mecanismos de
atuação sobre as doenças, incluindo seu efeito no hospedeiro (fortalecimento ou inten-
sificação de barreiras estruturais e bioquímicas), patógeno (efeito fungicida), ambiente
(alterações no microclima) e microrganismos (sinergismo com agentes de controle bio-
lógico). O aumento na eficiência da nutrição mineral é um desafio a ser enfrentado. Nes-
se particular, diferentes estratégias devem ser perseguidas. Primeiro, o melhoramento
genético, via métodos tradicionais ou biotecnologia, visando o aumento na capacidade
de absorção e assimilação dos nutrientes parece fundamental. A seleção de microrga-
nismos capazes de transformar formas inacessíveis dos nutrientes em formas acessíveis
pelas plantas também será de suma importância. Finalmente, o avanço na formulação
de nutrientes através da nanotecnologia e do emprego de formas mais eficientes visan-
do à redução de perdas para o ambiente, aumentará o benefício da nutrição mineral às
plantas e minimizará o uso de recursos e a contaminação ambiental.
6. Referências bibliográficas
ALVAREZ, C.; BERMUDEZ, M.A.; ROMERO, L.C.; GOTOR, C.; GARCIA, I. Cysteine homeostasis
plays an essential role in plant immunity. New Phytologist, v. 193, p. 165-177, 2012.
ANDERSON, W.C.; GABRIELSON, R.L.; HAGLUND, W.A.; BAKER, A. Clubroot control in crucifers
with hydrated lime and PCNB. Plant Disease Reports, v. 60, p. 561-565, 1976.
ANDRADE, P.M.J. Efeito do nitrogênio, fósforo e potássio sobre o desenvolvimento da ferru-
gem da cana de açúcar (Puccinia melanocephala H. & P. Sidow). Dissertação de Mestrado,
Universidade Federal de Viçosa (UFV), 1991.
ARFAOUI, A.; HADRAMI, A.E.; ADAM, L.R.; DAAYF, F. Pre-treatment with calcium enhanced de-
fense-related genes’ expression in the soybean’s isoflavones pathway in response to Scleroti-
nia sclerotiorum. Physiological and Molecular Plant Pathology, v. 93, p. 12-21, 2016.
ARFAOUI, A.; HADRAMI, A.E.; DAAYF, F. Pre-treatment of soybean plants with calcium stimula-
tes ROS responses and mitigates infection by Sclerotinia sclerotiorum. Plant Physiology and
Biochemistry, v. 122, p.121-128, 2018.
BAI, C., REILLY, C.C.; WOOD, B.W. Nickel deficiency disrupts metabolism of ureides, amino acids,
and organic acids of young pecan foliage. Plant Physiology, v. 140, p. 433-443, 2006.
BALARDIN, R.S., DALLAGNOL, L.J., DIDONÉ, H.T., & NAVARINI, L. Influência do fósforo e do po-
tássio na severidade da ferrugem da soja Phakopsora pachyrhizi. Fitopatologia Brasileira, v.
31, p. 462-467, 2006.
BARCELOS, J.P.Q. et al. Impact of foliar nickel application increase urease activity enhances an-
tioxidant metabolism, and control powdery mildew (Microsphaera diffusa) in soybean plants.
Plant Pathology, v. 67, p. 1502-1513, 2018.
BECOT, S.; PAJOT, E.; LECORRE, D.; MONOT, C.; SILUE, D. Phytogard (K2HPO3) induces localized
resistance in cauliflower to downy mildew of crucifers. Crop Protection, v.1 9, p. 417-425,
2000.
BLOEM, E.; HANEKLAUS, S.; SCHNUG, E. Milestones in plant sulfur research on sulfur-induced-
-resistance (SIR) in Europe. Frontiers in Plant Science, v. 5, A. 779, 2015.
BOLFARINI, A.C.B.; LEONEL, S.; LEONEL, M.; FERREIRA, R.B; SILVA, M.S. Incidência do “mal-do-
-panamá” e aspectos nutricionais da bananeira maçã, cultivada sob doses de fósforo. Revista
Raízes e Amidos Tropicais, v. 11, p. 33-45, 2015.
BORRERO, C.; TRILLAS, M.I.; DELGADO, A.; AVILÉS, M. Effect of ammonium/nitrate ratio in nu-
trient solution on control of Fusarium wilt of tomato by Trichoderma asperellum T34. Plant
Pathology, v. 61, p. 132-139, 2012.
CARMONA, M.A.; SAUTUA, F.J.; GRIJALBA, P.E.; CASSINA, M.; PÉREZ-HERNÁNDEZ, O. Effect of
potassium and manganese phosphites in the control of Pythium damping-off in soybean: a
feasible alternative to fungicide seed treatments. Pest Management Science, v. 74, p. 366-
374, 2018.
CASTANO, J.J.; KERNKAMP, M.F. The influence or certain plant nutrients on infection of soybe-
ans by Rhizoctonia solani. Phytopathology, v. 46, p. 326-328, 1956.
CHOI, C. et al. Molecular characterization of Oryza sativa WRKY6, which binds to W-box-like ele-
ment 1 of the Oryza sativa pathogenesis-related (PR) 10a promoter and confers reduced sus-
ceptibility to pathogens. New Phytologist, v. 208, p. 846-859, 2015.
COSTA, B.H.G. et al. Potassium phosphites in the protection of common bean plants against an-
thracnose and biochemical defence responses. Journal of Phytopathology, v. 166, p. 95-102,
2018.
DATNOFF, L.E.; RODRIGUES, F.A.; SEEBOLD, K.W. Silicon and plant disease. In: DATNOFF, L.E.;
ELMER, W.H.; HUBER, D.M. (eds.) Mineral nutrition and plant disease. Saint Paul, MN. The
American Phytopathological Society Press, 2007, p. 233-246.
DEBONA, D.; CRUZ, M.F.A.; RODRIGUES, F.A. Calcium-triggered accumulation of defense-rela-
ted transcripts enhances wheat resistance to leaf blast. Tropical Plant Pathology, v. 42, p.
309-314, 2017a.
DEBONA, D.; RIOS, J.A.; NASCIMENTO, K.J.L.; SILVA, L.C.; RODRIGUES, F.A. Influence of magne-
sium on physiological responses of wheat infected by Pyricularia oryzae. Plant Pathology,
v.65, p. 114-123, 2016.
DEBONA, D.; RODRIGUES, F.A.; DATNOFF L.E. Silicon’s role in abiotic and biotic plant stresses.
Annual Review of Phytopathology, v. 55, p. 85-107, 2017b.
DONG, X.;, WANG, M.; LING, N.; SHEN, Q.; GUO, S. Effects of iron and boron combinations on the
suppression of Fusarium wilt in banana. Scientific Reports, v. 6, p. 38944, 2016.
DUFFY, B. Zinc and plant disease. In: DATNOFF, L.E.; ELMER, W.H.; HUBER, D.M. (eds.) Mineral
nutrition and plant disease. Saint Paul, MN. The American Phytopathological Society, 2007,
p. 155-175.
EDGINGTON, V.; WALKER, J.C. Influence of calcium and boron nutrition on development of Fu-
sarium with of tomato. Phytopathology, v. 48, p. 324-326, 1958.
EHRET, D.L.; MENZIES, J.G.; BOGDANOFF, C.; UTKHEDE, R.S.; FREY, B. Foliar applications of fer-
tilizer salts inhibit powdery mildew on tomato. Canadian Journal of Plant Pathology, v. 24,
p. 437-444, 2002.
EINHARDT, A.M.; FERREIRA, S.; HAWERROTH, C.; VALADARES, S.V.; RODRIGUES, F.A. Nickel
potentiates soybean resistance against infection by Phakopsora pachyrhizi. Plant Pathology,
v. 69, p. 849-859, 2020.
ELMER, W.H. Chloride and plant disease. In: DATNOFF, L.E.; ELMER, W.H.; HUBER, D.M. (eds.)
Mineral nutrition and plant disease. Saint Paul, MN. The American Phytopathological Socie-
ty, 2007, p. 189-202.
EVANS, I.; SOLBERG, E.; HUBER, D.M. Copper and plant disease. In: DATNOFF, L.E.; ELMER,
W.H.; HUBER, D.M. (org.) Mineral nutrition and plant disease. Saint Paul, MN. The American
Phytopathological Society, 2007, p. 177-188.
EXPERT, D. Iron and plant disease. In: DATNOFF, L.E.; ELMER, W.H.; HUBER, D.M. (eds.) Mineral
nutrition and plant disease. Saint Paul, MN. The American Phytopathological Society, 2007,
p. 119-137.
FARIA, J.C.,D.; PRABHU, A.S. Relation between nitrogen fertilization and brown spot of rice in
cerrado soil. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 18, p. 1377-1379, 1983.
FILIPPI, M.C.; PRABHU, A.S. Relationship between panicle blast severity and mineral nutrition
content of plant tissue in upland rice. Journal of Plant Nutrition, v. 21, p. 1577-1587, 1998.
GRAHAM, R.D.; STANGOULIS, C.R. Molybdenum and plant disease. In: DATNOFF, L.E.; ELMER,
W.H.; HUBER, D.M. (eds.) Mineral nutrition and plant disease. Saint Paul, MN. The American
Phytopathological Society, 2007, p. 203-205.
GU, S. et al. Competition for iron drives phytopathogen control by natural rhizosphere microbio-
mes. Nature Microbiology, v. 5, p. 1002-1010, 2020.
HALLOCK, D.L.; GARREN, K.H. Pod breakdown, yield and grade of Virginia type peanuts as affec-
ted by Ca, Mg and K sulfates. Agronomy Journal, v. 60, p. 253-257, 1968.
HANEKLAUS, S.; BLOEM, E.; SCHNUG, E. Sulfur and plant disease. In: DATNOFF, L.E.; ELMER,
W.H.; HUBER, D.M. (eds.) Mineral nutrition and plant disease. Saint Paul, MN. The American
Phytopathological Society, 2007, p. 101-118.
HARASIM, P.; FILIPEK, T. Nickel in the environment. Journal of Elementology, v. 20, p. 525-534,
2015.
HUBER, D.M.; THOMPSON, I.A. Nitrogen and plant disease. In: DATNOFF, L.E.; ELMER, W.H.;
HUBER, D.M. (eds.) Mineral nutrition and plant disease. Saint Paul, MN. The American Phy-
topathological Society, 2007, p. 31-44.
HUBER, D.M.; WATSON, R.D. Nitrogen form and plant disease. Annual Review of Phytopatho-
logy, v. 12, p. 139-165, 1974.
HUBER, D.M. Introduction. In: ENGELHARD, A.W. (ed.). Soilborne plant pathogens: manage-
ment of diseases with macro- and microelements. Saint Paul, MN. The American Phytopa-
thological Society Press, 1989, p. 1-8.
HUBER, D.M. The role of mineral nutrition in defense. In: HORSFALL, J.G.; COWLING, E.B. (eds.).
Plant pathology: an advanced treatise. New York, NY. Academic Press, 1980, p.381-406.
JESUS JÚNIOR, W.C. et al. Management of angular leaf spot in common bean (Phaseolus vulgaris
L.) with molybdenum and fungicide. Agronomy Journal, v. 96, p. 665-670, 2004.
JIANG, J.F.; WAN, X.; Li, J.G.; DONG, Y.H. Effect of boron nutrition on resistance response of to-
mato against bacterial wilt caused by Ralstonia solanacearum. Journal of Plant Pathology,
v.98, p. 117-122, 2016.
JONES, J.B.; HUBER, D.M. Magnesium and plant disease. In: DATNOFF, L.E.; ELMER, W.H.; HU-
BER, D.M. (eds.) Mineral nutrition and plant disease. Saint Paul, MN. The American Phyto-
pathological Society, 2007, p. 95-100.
JONES, J.B.; WOLTZ, S.S.; JONES J.P. Effect of foliar and soil magnesium application on bacterial
leaf spot of peppers. Plant Disease, v. 67, p. 623-624, 1983.
JONES, J.P.; ENGELHARD, A.W.; WOLTZ, S.S. Management of Fusarium wilt of vegetables and
ornamentals by macro and microelements. In: ENGELHARD, A.W. (ed.) Soilborne plant pa-
thogens: management of diseases with macro- and microelements. Saint Paul, MN. The
American Phytopathological Society Press, 1989, p. 18-32.
KOEN, E. et al. β-aminobutyric acid (BABA)-induced resistance in Arabidopsis thaliana: link with
iron homeostasis. Molecular Plant-Microbe Interactions, v. 27, p. 1226-1240, 2014.
LIGHTFOOT, D.J.; MCGRANN, G.R. D.; ABLE, A.J. The role of a cytosolic superoxide dismutase in
barley-pathogen interactions. Molecular Plant Pathology, v. 8, p. 323-335, 2017.
MCGUIRE, R.G.; KELMAN, A. Calcium in potato tuber cell walls in relation to tissue maceration by
Erwinia carotovora pv. atroseptica. Phytopathology, v. 76, p. 401-406, 1986.
MONTEIRO, A.C.A. et al. Manganese phosphite in coffee defense against Hemileia vastatrix, the
coffee rust fungus: biochemical and molecular analyses. Journal of Phytopathology, v. 164,
p. 1043-1053, 2016.
MOREIRA, W.R.; RESENDE, R.S.; RODRIGUES, F.A.; ANDRADE, C.C.L.; NASCIMENTO, C.W.A. In-
fluência do magnésio na resistência do arroz à mancha parda. Bragantia, v. 72, p. 154-161,
2013.
NOVAES, M.I.C.; DEBONA, D.; FAGUNDES-NACARATH, I.R.F.; BRÁS, V.V.; RODRIGUES, F.A. Phy-
siological and biochemical responses of soybean to white mold affected by manganese phos-
phite and fluazinam. Acta Physiologiae Plantarum, v. 41, p. 186, 2019.
OROBER, M.; SIEGRIST, J.; BUCHENAUER, H. Mechanism of phosphate induced disease resis-
tance in cucumber. European Journal of Plant Pathology, v. 8, p. 345-353, 2002.
POLANCO, L.R. et al. Management of anthracnose in common bean by foliar sprays of potassium
silicate, sodium molybdate, and fungicide. Plant Disease, v. 98, p. 84-89, 2014.
PRABHU, A.S.; FAGERIA, N.K.; BERNI, R.F.; RODRIGUES, F.A. Phosphorus and plant disease. In:
DATNOFF, L.E.; ELMER, W.H.; HUBER, D.M. (eds.) Mineral nutrition and plant disease. Saint
Paul, MN. The American Phytopathological Society Press, 2007a, p. 45-55.
PRABHU, A.S.; FAGERIA, N.K.; HUBER, D.M.; RODRIGUES, F.A. Potassium and plant disease. In:
DATNOFF, L.E.; ELMER, W.H.; HUBER, D.M. (eds.) Mineral nutrition and plant disease. Saint
Paul, MN. The American Phytopathological Society Press, 2007b, p. 57-78.
QIAO, Y.; YANG, S.; WANG, H.; Li, Z. Effect of boron on mycelial growth, sporangiogenesis and
zoosporogenesis of Phytophthora nicotianae and the possible inhibitory mechanisms. Euro-
pean Journal of Plant Pathology, v. 149, 945-952, 2017.
RAHMAN, M.; PUNJA, Z.K. Calcium and plant disease. In: DATNOFF, L.E.; ELMER, W.H.; HUBER,
D.M. (eds.) Mineral nutrition and plant disease. Saint Paul, MN. The American Phytopatho-
logical Society, 2007, p. 79-93.
RESENDE, M.L.V. et al. Novel phytoalexins including elemental sulphur in the resistance of cocoa
(Theobroma cacao L.) to Verticillium wilt (Verticillium dahlia Kleb.). Physiological and Mole-
cular Plant Pathology, v. 48, p. 347-359, 1996.
REUVENI, R.; DOR, G.; RAVIV, M.; REUVENI, M.; TUZUN, S. Systemic resistance against Sphero-
theca fuliginea in cucumber plants exposed to phosphate in hydroponic system, and its con-
trol by foliar spray of mono-potassium phosphate. Crop Protection, v. 19, p. 355-361, 2000.
RICE, R.W. The physiological role of minerals in the plant. In: DATNOFF, L.E.; ELMER, W.H.; HU-
BER, D.M. (eds.) Mineral nutrition and plant disease. Saint Paul, MN. The American Phyto-
pathological Society Press, 2007, p. 9-29.
RODRIGUES, F.A.; CARVALHO, E.M.; VALE, F.X.R. Severidade da podridão-radicular de Rhizoc-
tonia do feijoeiro influenciada pela calagem, e pelas fontes e doses de nitrogênio. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, v. 37, p. 1247-1252, 2002.
ROMERA, F.J. et al. Induced Systemic Resistance (ISR) and Fe Deficiency Responses in Dicot
Plants. Frontiers in Plant Science, v. 10, p. 287, 2019.
SALAC, I.; HANEKLAUS, S.; GASSNER, A.; BLOEM, E.; SCHNUG, E. Relation between spatial va-
riability of plant physiological parameters in oilseed rape and infection with Leptosphaeria
maculans. Phyton, v. 44, p. 215-229, 2004.
SANOGO, S.; YANG, X.B. Relation of sand content, pH, and potassium and phosphorus nutrition
to the development of sudden death syndrome in soybean. Canadian Journal of Plant Patho-
logy, v. 23, p. 174-180, 2001.
SEGARRA, G.; CASANOVA, E.; AVILÉS, M.; TRILLAS, I. Trichoderma asperellum strain T34 con-
trols Fusarium wilt disease in tomato plants in soilless culture through competition for iron.
Microbial Ecology, v. 59, p. 141-149, 2010.
SHI, X.; LONG, Y.; HE, F.; ZHANG, C.; WANG, R.; ZHANG, T. The fungal pathogen Magnaporthe
oryzae suppresses innate immunity by modulating a host potassium channel. PLOS Patho-
gens, v.14, p. 1006878, 2018.
SPANN, T.M.; SCHUMANN, A.W. Mineral nutrition contributes to plant disease and pest re-
sistance. Gainesville, FL. University of Florida/Horticultural Sciences Department, 2010. 5p.
STANGOULIS, C.R.; GRAHAM, R.D. Boron and plant disease. In: DATNOFF, L.E.; ELMER, W.H.;
HUBER, D.M. (eds.) Mineral nutrition and plant disease. Saint Paul, MN. The American Phy-
topathological Society, 2007, p. 207-214.
TENUTA, M.; LAZAROVITS, G. Ammonia and nitrous acid from nitrogenous amendments kill the
microsclerotia of Verticillium dahliae. Phytopathology, v. 92, p. 255-264, 2002.
THOMPSON, I.A.; HUBER, D.M. Manganese and plant disease. In: DATNOFF, L.E.; ELMER, W.H.;
HUBER, D.M. (eds.) Mineral nutrition and plant disease. Saint Paul, MN. The American Phy-
topathological Society, 2007, p. 139-153.
WANG, J. et al. Crop resistance to diseases as influenced by sulphur application rates. In: JI, L.,
CHEN, G., SCHNUG, E., HERA, C., HANEKLAUS, S. (eds.) Fertilization in the third millenium
- fertilizer, food security and environmental protection. Proceedings of the 12th Internatio-
nal World Fertilizer Congress, 2001, p. 1285-1296.
WHITE, D.G.; HOEFT, R.G.; TOUCHTON, J.T. Effect of nitrogen and nitrapyrin on stalk rot, stalk
diameter, and yield of corn. Phytopathology, v. 68, p. 811-814, 1978.
WOLTZ, S.S.; JONES, J.P. Effects of magnesium on bacterial spot of pepper and tomato and on the
in vitro inhibition of Xanthomonas vesicatoria by streptomycin. Plant Disease Reports, v. 63,
p. 182-184, 1979.
WOLTZ, S.S.; JONES, J.P. Interactions in sources of nitrogen fertilizer and liming procedure in
the controlo f Fusarium wilt of tomato. HortScience, v. 8, p. 137-138, 1973.
WOOD, B.W.; REILLY, C.C. Nickel and plant disease. In: DATNOFF, L.E.; ELMER, W.H.; HUBER,
D.M. (eds.) Mineral nutrition and plant disease. Saint Paul, MN. The American Phytopatho-
logical Society Press, 2007, p. 215-231.
YURINA, T.P.; YURINA, E.V.; KARAVAEV, V.A.; SOLNTSEV, M.K. Effect of mineral nutrition on whe-
at resistance to powdery mildew. Russian Journal of Plant Physiology, v. 44, p. 54-56, 1997.
ZAMBOLIM, L.; VENTURA, J.A.; ZANÃO JÚNIOR, L.A. Efeito da nutrição mineral no controle de
doenças de plantas. Viçosa, MG. Suprema Gráfica e Editora, 2012.
1. Introdução
O melhoramento genético (em geral) e o melhoramento genético para resistência
a patógenos e pragas (em particular) têm viabilizado, por décadas, o cultivo de plantas
de forma mais sustentável (Zamir, 2001). Entre as ferramentas disponíveis para os pro-
gramas de melhoramento genético para resistência a patógenos estão os métodos de
melhoramento envolvendo cruzamentos controlados e bioensaios com inoculação con-
trolada para a seleção fenotípica de plantas individuais que combinem resistência con-
tra uma doença alvo e características agronômicas de interesse para o consumidor final
(Boiteux et al., 2016). Outro aspecto de infraestrutura importante é a disponibilidade de
bancos de germoplasma contendo a mais ampla diversidade genética e extensas cole-
ções de mutantes, incluindo fatores de resistência aos principais patógenos (Emmanuel
& Levy, 2002). Os cruzamentos controlados para incorporação de fatores de resistência
envolvem, em geral, cultivares comerciais (ou linhagens elite) e acessos de espécies sil-
vestres (= fontes de resistência) de onde os genes de interesse vão ser introgredidos.
Desta forma, é necessário, após os cruzamentos interespecíficos iniciais, tecnologias ca-
pazes de “recuperar” de maneira eficiente o genoma da linhagem elite, contendo agora
o novo fator de resistência. Além disso, o desenvolvimento de cultivares com resistência
a doenças via melhoramento genético é, necessariamente, um processo contínuo uma
vez que novos patógenos e novas variantes de patógenos surgem (ou podem ser intro-
duzidos) a todo momento em uma dada região geográfica. Esse aspecto dinâmico do
processo de incorporação e piramidização de novos fatores requer rapidez e precisão,
especialmente no caso de hortaliças que são afetadas por uma assombrosa gama de
patógenos em constante evolução. Neste cenário, a utilização de seleção assistida por
marcadores moleculares (SAM) tem se tornado um componente metodológico crucial,
apresentando uma perfeita harmonia com todos os métodos clássicos de melhoramento
genético, permitindo uma seleção mais robusta (Ferreira & Grattaplaglia, 1998). Por sua
vez, os marcadores moleculares e o desenvolvimento de mapas genéticos ultradensos
conduzem para a localização física e a posterior descoberta de novos genes de resistên-
cia bem como seus genes reguladores. A localização cromossômica e a descoberta de
novos fatores de resistência têm se constituído em atividades essenciais na aplicação
de novas estratégias de melhoramento via biotecnologia tais como transformação ge-
nética e edição genômica (Rothan et al., 2019). Todas estas tecnologias avançadas são
mais eficientes com o conhecimento preciso da região do genoma a ser editada ou a ser
mobilizada. Essa informação é proveniente, em última análise, dos estudos genéticos
conduzidos com o auxílio dos marcadores moleculares. Neste capítulo será apresentan-
121
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
ED O ÃÇ ACILP S MEX : ON GÓ T A 5 O P I C N Ê L T U S E R Í A P S T NL A E D O C I É G T N E M A R O H L I G N C E T O B -
O R I E T M A O N ) S ( E RL U C M O D A P I T S O Ã Ç E L D M A T S I
Figura 1. Diagrama do fluxo de informação genética (dogma central da genética). A molécula de DNA
carrega toda a informação para própria replicação e para a sua transcrição em RNA. O RNA, de acordo
com o código genético, é traduzido em aminoácidos que formam as proteínas. Na ilustração, o códon
ATG na fita senso do DNA é transcrito em AUG e finalmente traduzido no aminoácido metionina.
Figura 3. Esquema de NGS (Next Generation Sequencing). NGS é um termo geral para denominar
os métodos de sequenciamento em larga escala ou “em paralelo”. Em geral, o NGS é realizado em
moldes imobilizados em membranas e a adição de bases é monitorada. As principais plataformas
de NGS (Illumina, Roche, SoLiD) disponibilizam fragmentos curtos (entre 30 e 400 pares de bases).
A grande limitação dos fragmentos curtos é a dificuldade de montagem dos genomas se realiza-
dos “de novo”, ou seja, sem um genoma de referência como molde. Novas plataformas (Nanopore,
PacBio) ou novos protocolos (Illumina, Roche, SoLiD) têm sido desenvolvidos para solucionar essa
limitação do NGS.
Figura 4. Esquema geral da PCR (Polymerase Chain Reaction). O processo de replicação de DNA é
obtido de forma contínua em ciclos de reação que envolvem as etapas de separação ou desnatu-
ração do DNA fita dupla (94-96 oC), anelamento dos ‘primers’ ou iniciadores e extensão de novas
fitas, realizado com o emprego de enzimas polimerases termoestáveis (exemplo: Taq polimerase).
3. Marcadores Genéticos
Marcadores genéticos podem ser definidos por diferenças em características fe-
notípicas bem como qualquer diferença estrutural em segmentos de DNA (codantes
ou não), RNA ou proteína (produto gênico) que revelam (direta ou indiretamente) dife-
renças genéticas entre indivíduos (= polimorfismos). Para funcionarem como marca-
dores, estas diferenças têm que estar em associação (ligação) genética estreita com os
caracteres de interesse. Os marcadores moleculares de DNA são os mais abundantes
e mais estáveis quimicamente, facilitando os processos de análise (Jones et al., 1997).
Devido a essas propriedades, grande parte dos demais marcadores (baseados em RNA
ou proteínas) são prioritariamente convertidos para marcadores de DNA. Em geral
quanto mais próximo do gene de interesse maior a probabilidade do marcador de DNA
de permanecer ligado ao gene. Essa é base teórica que permitiu o desenvolvimento dos
primeiros mapas genéticos como originalmente elucidado por Stutervant (1921).
tando identificação de variantes alélicas para um mesmo gene. Além disso, a técni-
ca de isoenzimas é de baixo custo, fácil e rápida. Isoenzimas tem contribuído muito
para caracterização de cultivares de uma gama de espécies culturas (Alfenas, 1998).
No tomateiro, o locus da fosfatase ácida 1 (Aps-1) foi a primeira isoenzima empregada
como marcador para o gene Mi-1.2 (Figura 6) que confere resistência aos nematoi-
des-das-galhas (Rick & Fobes, 1974; Medina-Filho, 1980). A proteína fosfatase ácida
1 foi purificada e sequenciada parcialmente. A sequência parcial dos aminoácidos foi
utilizada para o desenho de iniciadores de PCR e identificação do gene em tomateiro
(Williamson & Colwell, 1991). As principais desvantagens desses marcadores são o re-
lativo baixo número dos sistemas enzimáticos polimórficos além de serem fortemente
influenciados por fatores ambientais ou pela fase de desenvolvimento da planta (Al-
fenas, 1998). Apesar de todas essas limitações, os marcadores bioquímicos prestaram
valorosos serviços no melhoramento de plantas (Alfenas, 1998), incluindo no melho-
ramento do tomateiro (Medina-Filho, 1980).
tre os dois alelos, sendo o marcador para o heterozigoto facilmente reconhecido (Jones et
al., 1997). O marcador dominante dificulta a análise pois a não visualização do alelo pode
ser resultado de alguma falha nos procedimentos laboratoriais e não necessariamente
de origem genética. Dessa forma, os marcadores dominantes necessitam de um núme-
ro maior de controles e repetições do que os marcadores codominantes. A origem bem
como os principais contrastes entre os marcadores dominantes e codominantes detecta-
dos em ensaios de PCR estão ilustrados na Figura 7. A presença de InDels entre os sítios
de anelamento dos primers usualmente definem marcadores codominantes, enquanto os
SNPs usualmente definem marcadores dominantes. No entanto, quando a presença de
um SNPs resulta na formação de um novo sítio de clivagem para uma enzima de restrição,
esta informação pode ser convertida na geração de marcadores codominantes.
AFLP é uma técnica que combina a clivagem de fragmentos de DNA com enzimas
de restrição e amplificação desses fragmentos por PCR (Vos et al., 1995). Nessa técnica,
o DNA é clivado com enzimas de restrição, às suas extremidades são ligados adaptado-
res, os quais servem de sítios de ligação para ‘primers’ numa reação de PCR. Os mar-
cadores AFLP combinam a sensibilidade da detecção por PCR com a ubiquidade dos
sítios de restrição no genoma de plantas para busca de polimorfismos (Vos et al., 1995).
Assim como o RAPD existem coleções e “kits” contendo estas combinações. No caso do
AFLP a estratégia tem uma patente e tais kits são comercializados por empresas de in-
sumos para Biologia Molecular. Para obtenção de marcadores AFLP o primeiro passo
é a digestão do DNA por duas enzimas de restrição: uma de corte raro e outra de corte
frequente. É fundamental que a digestão do DNA seja completa, pois a digestão parcial
pode revelar falsos polimorfismos. A técnica baseia-se na propriedade de certas enzi-
mas de restrição de deixar, após a clivagem do DNA, extremidades coesivas de sequên-
cia conhecida. Assim, é possível construir sequências de nucleotídeos de fita dupla que
se ligam às extremidades dos fragmentos de restrição, denominadas de adaptadores.
Uma vez conhecidas a sequência dos adaptadores e a do sítio de restrição, podem-se
construir iniciadores específicos a essas sequências para pré-amplificação dos frag-
mentos de restrição. Esta etapa consiste na amplificação dos fragmentos agora ligados
aos adaptadores através da reação da polimerização em cadeia com o uso de iniciadores,
complementares aos adaptadores com uma base a mais. A amplificação final é feita com
uma pequena amostra da primeira amplificação. Neste caso são utilizados iniciadores
que são compostos de todas as bases dos primers da primeira amplificação, mais duas a
três bases, dependendo do nível de polimorfismo da espécie ou da população. Existem
inúmeras vantagens no uso da técnica de AFLP, como alto número de bandas analisadas
em um único gel, pela restrição e amplificação de fragmentos espalhados por todo o ge-
noma, além da considerável estabilidade do perfil de amplicons e, principalmente, por
não necessitar de dados de sequenciamento prévio da espécie em estudo (Spooner et al.,
2005). Apesar de ser um tipo de marcador bastante útil para a realização de fingerprints
de DNA, principalmente quando existem poucas informações disponíveis a respeito do
genoma de interesse, o seu uso no melhoramento de plantas tem sido limitado devido a
dificuldades metodológicas inerentes à técnica e ao seu elevado custo.
da. Além disso, esses mapas de alta densidade são fundamentais para localizar regiões
do genoma que possuem genes controlando a expressão de características complexas
(poligênicas) são denominadas de QTLs (= quantitative trait loci) (Tanksley, 1993;
Tanksley & Fulton, 2007). Os QTLs associados com uma dada característica quanti-
tativa podem estar localizados em diferentes cromossomos e apresentar diferentes
contribuições na expressão do fenótipo em estudo. Vários QTLs associados com dife-
rentes caracteres de efeito quantitativo já foram identificados estando associados com
a chamada resistência horizontal a diferentes doenças (Young, 1996).
Figura 9. Análise em gel de agarose um marcador molecular codominante ligado ao gene Pto que
confere resistência a bactéria Pseudomonas tomato pv. tomato. A testemunha homozigota resis-
tente (Test. R) apresenta uma banda alta, a testemunha homozigota suscetível (Test. S) apresenta
uma banda baixa e a testemunha heterozigota para o gene Pto (Test. H) apresenta dupla-bandas.
A linhagem LAM 374 (parental do híbrido BRS Zamir) apresenta o gene Pto em homozigose. Para
detalhes metodológicos ver Orsi et al. (2012).
Figura 10. Esquema ilustrando a obtenção de linhagens de introgressão com o auxílio de marca-
dores moleculares.
cidade são condicionados pelas regiões C-terminais dos domínios LRR. O domínio NB
funciona como um acionador molecular que regula a ativação da cadeia de transdução
de sinais que leva ao fenótipo resistente (Baggs et al., 2017). O conhecimento dessas
estruturas evolucionariamente conservadas dos genes de resistência pode ser utiliza-
do em ferramentas de alinhamento de genomas de genótipos contrastantes buscando
genes candidatos (Figura 11). Esses podem ser validados em populações segregan-
tes visando busca de marcadores moleculares ou mesmo o próprio gene de resistên-
cia. Iniciadores ou “primers’ específicos para genes de resistência conhecidos podem
ser desenhados e utilizados para amplificar por PCR genes análogos em cultivares da
mesma espécie, diferentes espécies e até diferentes gêneros. A especificidade destes
primers depende do número de aminoácidos com múltiplo códons na sequência. O
aminoácido Leucina apresenta o maior número de códons, o que força a utilização de
uma coleção de primers com sequências variadas nesta posição. Uma alternativa tam-
bém válida, embora mais cara, é empregar o nucleotídeo sintético Inosina, que forma
par com qualquer base (A, C, G ou T). Após o desenho e síntese dos primers utiliza-se
o DNA dos genótipos contrastantes como molde na busca de polimorfismos ligados a
característica de interesse.
Figura 11. Alinhamento da sequência das proteínas de dois genes de resistência a doenças de to-
mateiro altamente polimórficos mostrando motivos idênticos (conservados) em azul. Iniciadores de
síntese (“primers”) podem ser desenhados nessas regiões e o resultado da amplificação por PCR
pode revelar polimorfismos ligados à resistência. Este tipo de marcador foi denominado DR analogs
(disease resistance analogs = análogos de genes de resistência). O domínio conservado NB-ARC
mostrado na figura refere-se a uma região ligada a transmissão de sinais que é comum em genes de
resistência a doenças em plantas e associados com morte celular programada em animais.
Figura 12. Piramidização de dois genes dominantes de resistência com o auxílio de marcadores
moleculares codominantes. Indivíduo 06 (circulado em vermelho) contém os dois marcadores mo-
leculares ligados aos genes de resistência em homozigose (fixados).
Essa estratégia pode fazer com que os níveis de recuperação do genoma de interesse
possam ser rapidamente alcançados equivalendo a “saltos” em relação ao retrocruza-
mento convencional (Figura 13).
Figura 14. Marcador molecular codominante para detecção do gene I-3 no cromossomo 7 (intro-
gredido a partir do acesso de Solanum pennellii ‘LA-716’) que confere resistência a isolados Fusa-
rium oxysporum f. sp. lycopersici classificados dentro das raças 2 e 3. As linhagens TEX104-1 até
TEX104-4 são homozigotas resistentes, enquanto as linhagens TEX104-5 e TEX104-6 são hetero-
zigotas para o gene I-3. Para os detalhes metodológicos deste marcador ver Barillas et al. (2008).
Figura 15. Marcador codominante para detecção do gene Ph-3 no cromossomo 9 (introgredido de
Solanum pimpinellifollium), que confere resistência contra um amplo espectro de isolados do oo-
miceto Phytophthora infestans (Zhang et al., 2014). A cultivar ‘Viradoro’ é suscetível ao oomiceto
enquanto que a linhagem Ph3-17 e o híbrido BRS Zamir são resistentes. Esse marcador codomi-
nante também serve para checar a pureza do híbrido BRS Zamir. No exemplo, dez plantas desse
híbrido foram amostradas e 100% delas se mostraram heterozigotas para o gene Ph-3.
Figura 16. Uma análise de um marcador dominante associado com o gene Cf-9 (localizado no
cromossomo 1) apresentada junto de um gel com o marcador molecular codominante ligado
gene Mi-1.2. Os genes/alelos Cf-2 e Cf-5 estão no cromossomo 6 ligados em associação com
o gene Mi-1.2 de resistência aos nematoides das galhas. Marcador ligado ao gene Mi-1.2 é
detectado diretamente via PCR devido a presença de um INDEL entre os sítios de anelamento
dos primers Mi23F: 5’-TGG-AAA-AAT-GTT-GAA-TTT-CTT-TTG-3’ e Mi23R: 5’-GCA-TAC-TAT-AT-
G-GCT-TGT-TTA-CCC-3’ (ver detalhes metodológicos em Bhavana et al., 2019). A linhagem LT-
06 apresenta o gene Cf-9 assim como a linhagem IMI-70. As demais linhagens não possuem o
gene. A linhagem IMI-70 também é homozigota para o gene de resistência Mi-1.2 enquanto a
linhagem IMI-69 é heterozigota.
Figura 17. Gel de agarose (2%) para detecção do marcador molecular codominante derivado de
informação genética do locus complexo (Ve-1 e Ve-2) no cromossomo 9 que controla resistência
a isolados de Verticillium dahliae raça 1 no tomateiro (Kawchuk et al., 2001; Arens et al., 2010).
Dados recentes indicam que apenas o gene Ve-1 é o responsável pela expressão da resistência
ao fungo. O híbrido BRS Montese é resistente a V. dahliae raça 1 (banda alta), enquanto a cultivar
‘Loica’ é suscetível (banda baixa). O híbrido ‘Winston’ é heterozigoto para o gene Ve-1 (presença
das duas bandas).
cromossomo 9 e gene reside dentro de um complexo gênico formado por cinco cópias
análogas de um mesmo gene ancestral, denominadas Sw-5a até Sw-5e (Spassova et al.,
2001). Um sistema de seleção assistida por um marcador funcional e codominante foi
desenvolvido por Dianese et al. (2010). Este sistema permite a discriminação em gel
de agarose do alelo resistente e duas variantes alélicas do gene Sw-5b associadas com
suscetibilidade, devido a presença de variáveis níveis de deleção na região amplificada
dos alelos de suscetibilidade (Figura 18).
Figura 18. Painel A: Gel de agarose exemplificando um sistema de seleção assistida por um mar-
cador funcional e codominante (para detalhes metodológicos ver Dianese et al., 2010) usado para
detecção do alelo resistente e duas variantes alélicas associadas com suscetibilidade do gene
Sw-5b (que condiciona resistência a diferentes espécies de orthotospovírus). M= marcador de
peso molecular; IPA-5 = cultivar suscetível; Duradoro = híbrido heterozigoto e Tospodoro = cultivar
homozigota resistente. Painel B: Representação esquemática do alinhamento das sequencias de
14 cultivares/acessos de tomateiro na região genômica flanqueada pelos primer e que engloba
um segmento do gene Sw-5b. As regiões assinaladas em vermelho correspondem a nucleotídeos
conservados e as regiões assinaladas em branco representam polimorfismos em relação ao alelo
de resistência presente nas cultivares resistentes (Linha 1 até Linha 4). As cultivares suscetíveis
(Linha 5 até Linha 14) apresentam variáveis níveis de deleção na região amplificada.
Figura 19. Análise com marcadores codominantes ligados ao locus Ty-1 (marcador do tipo CAPS)
e ao locus Ty-3 (marcador codominante obtido diretamente via PCR devido a presença de um IN-
DEL na região interna ao sítio de anelamento dos primers). O gene Ty-1 controla resistência parcial
ao begomovírus Tomato yellow leaf curl virus e contra espécies virais de genoma bipartido que
ocorrem no Brasil. O gene Ty-3 foi introgredido dos acessos de S. chilense ‘LA-1932’ e ‘LA-2779’
está ligado ao locus Ty-1 no cromossomo 6. Estudos moleculares demonstraram que os genes
Ty-1 e Ty-3 são muito provavelmente alélicos. Para detalhes metodológicos ver Machado (2013).
Espectro de eficiência
Localização cromos- Mecanismo de resis- Fontes de
Gene (contra quais begomovírus a
sômica tência resistência
resistência foi avaliada)
Espectro de eficiência
Localização cromos- Mecanismo de resis- Fontes de
Gene (contra quais begomovírus a
sômica tência resistência
resistência foi avaliada)
cionado, outro aspecto positivo associado ao locus contendo o gene Mi-1.2 é a presença
de uma estreita ligação como os genes Cf-2 e Cf-5 (que controlam resistência contra
algumas raças do fungo Cladosporium). Entretanto, o gene Mi-1.2 não é efetivo em tem-
peraturas acima de 28º C e também não tem efeito contra populações de M. hapla e M.
enterolobii. Além disso, já existem registro de isolados virulentos de M. incognita e M.
javanica. Outro problema em termos de melhoramento genético é o fato do gene Mi-1.2
se encontrar em uma região genômica em forte repulsão com o gene dominante Ty-1
e o gene recessivo tcm-1 (que controlam resistência a diferentes espécies de Begomovi-
rus), dificultando, desta forma, a obtenção de linhagens puras contendo esses fatores
em homozigose. Mais recentemente, um novo gene de resistência denominado de Mi-9
(introgredido da espécie selvagem S. arcanum ‘LA 2157’) foi clonado e caracterizado.
O gene Mi-9 é um homólogo do gene Mi-1.2 e está também localizado no cromossomo
6. Um aspecto diferencial do Mi-9 é o fato desse gene apresentar maior estabilidade
térmica que o gene Mi-1.2 (Jablonska et al., 2007).
9. Considerações finais
Como mostrado na Figura 5 e exemplificado ao longo desse capítulo, os marca-
dores moleculares representam uma tecnologia crucial no melhoramento genético de
nova geração e na biotecnologia do tomateiro. Embora o tomateiro tenha sido utili-
zado como exemplo, todos os aspectos positivos dos marcadores moleculares descri-
tos aqui já estão sendo capitalizados pelos programas de melhoramento genético das
principais hortaliças e de todas as importantes culturas alimentares, viabilizando sis-
temas de SAM e o “melhoramento acelerado” de novas cultivares e híbridos (Gosal &
Wani, 2020).
BARILLAS, A.C.; MEJIA, L.; SANCHEZ-PEREZ, A.; MAXWELL, D.P. CAPS and SCAR markers for
detection of I-3 gene introgression for resistance to Fusarium oxysporium f. sp. lycopersici race
3. Report of the Tomato Genetics Cooperative, v. 58, p.11–17, 2008.
BARONE, A.; DI MATTEO, A.; CARPUTO, D.; FRUSCIANTE, L. High-throughput genomics enhanc-
es tomato breeding efficiency. Current Genomics, v. 10, p. 1–9, 2009.
BERED, F.; NETO, J.F.B.; CARVALHO, F.I.F. Marcadores moleculares e sua aplicação no melhora-
mento genético de plantas. Ciência Rural, v. 27, 513–520, 1997.
BHAVANA, P. et al. Identification of resistance in tomato against root knot nematode (Meloidogyne
incognita) and comparison of molecular markers for Mi gene. Australasian Plant Pathology,
v. 48, p. 93–100, 2019.
BOITEUX, L.S.; FONSECA, M.E.N.; VIEIRA, J.V.; PEREIRA-CARVALHO, R.C. Melhoramento para
resistência a doenças virais. In: BORÉM A; FRITSCH-NETO, R. (eds). Melhoramento de Plan-
tas para Condições de Estresses Bióticos. Visconde de Rio Branco, MG: Editora Suprema,.
2012b. p. 89-119.
BOITEUX, L.S.; FONSECA, M.E.N.; GONZÁLEZ-ARCOS, M. Melhoramento de tomate para proces-
samento industrial. In: NICK, C.; BORÉM, A. (eds). Melhoramento de Hortaliças. Viçosa, MG:
Editora UFV, 2016. p. 432–464.
BOMBARELY, A. et al. The Sol genomics network (solgenomics.net): Growing tomatoes using
Perl. Nucleic Acids Research, v. 39, p. D1149–D1155, 2010.
BOTSTEIN, D.; WHITE, R.L.; SKOLNICK, M.; DAVIS, R.V. Construction of a genetic linkage map in
man using restriction fragment length polymorphisms. American Journal of Human Genet-
ics, v. 32, p. 314–331, 1980.
BROMMONSCHENKEL, S.H.; FRARY, A.; TANKSLEY, S.D. The broad-spectrum tospovirus resis-
tance gene Sw-5 of tomato is a homolog of the root-knot nematode resistance gene Mi. Molec-
ular Plant-Microbe Interactions, v.13, p. 1130–1138, 2000.
BUTTERBACH, P. et al.. Tomato yellow leaf curl virus resistance by Ty-1 involves increased cytosine
methylation of viral genomes and is compromised by cucumber mosaic virus infection. Pro-
ceedings of the National Academy of Sciences USA, v. 111, p. 12942–12947, 2014.
CAETANO-ANOLLÉS, G.; BASSAM, B.J.; GRESSHOFF, P.M. DNA amplification fingerprinting us-
ing very short arbitrary oligonucleotide primers. Biotechnology, v. 9, p. 553–556, 1991.
CARMEILLE, A. et al. Identification of QTLs for Ralstonia solanacearum race 3-phylotype II resis-
tance in tomato. Theoretical and Applied Genetics, v. 113, p. 110–121, 2006.
CARRER FILHO, R. et al. Detecção simultânea de fatores de resistência à murcha de fusário do
tomateiro por meio de PCR multiplex. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 51, p. 925–932,
2016.
CATANZARITI, A.M.; LIM, G.T.; JONES, D.A. The tomato I‐3 gene: A novel gene for resistance to
Fusarium wilt disease. New Phytologist, v. 207, p. 106–118, 2015.
CHEN, A.L. et al. Reassessment of QTLs for late blight resistance in the tomato accession L3708
using a restriction site associated DNA (RAD) linkage map and highly aggressive isolates of
Phytophthora infestans. PloS One, v. 9, p. e96417, 2014.
COLLARD, B.C.Y.; JAHUFER, M.Z.Z.; BROUWER, J.B.; PANG, E.C.K. An introduction to markers,
quantitative loci (QTL) mapping and marker-assisted selection for crop improvement: The
basic concepts. Euphytica, v.142, p.169–196, 2005.
DE CASTRO, A.P.; BLANCA, J.M.; DÍEZ, M.J.; VINÃLS, F.N. Identification of a CAPS marker tightly
linked to the Tomato yellow leaf curl disease resistance gene Ty-1 in tomato. European Journal
of Plant Pathology, v. 117, p. 347–356, 2007.
sonegóta P l d icnêts eR 161
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
ED O ÃÇ ACILP S MEX : ON GÓ T A 5 O P I C N Ê L T U S E R Í A P S T NL A E D O C I É G T N E M A R O H L I G N C E T O B -
O R I E T M A O N ) S ( E RL U C M O D A P I T S O Ã Ç E L D M A T S I
DIANESE, E.C. et al. Development of a locus-specific, co-dominant SCAR marker for assisted-se-
lection of the Sw-5 (Tospovirus resistance) gene cluster in a wide range of tomato accessions.
Molecular Breeding, v. 25, p. 133–142, 2010.
DIANESE, E. C.; FONSECA, M.E.N.; INOUE-NAGATA, A. K.; RESENDE, R. O.; BOITEUX, L.S. Search
in Solanum (section Lycopersicon) germplasm for sources of broad-spectrum resistance to four
Tospovirus species. Euphytica, v. 180, p. 307–319, 2011.
DIWAN, N.; FLUHR, R.; ESHED, Y.; ZAMIR, D.; TANKSLEY, S.D. Mapping of Ve in tomato: A gene
conferring resistance to the broad-spectrum pathogen, Verticillium dahliae race 1. Theoretical
and Applied Genetics, v. 98, p. 315–319, 1999.
DIXON, M.S.; JONES, D.A.; KEDDIE, J.S.; THOMAS, C.M.; HARRISON, K. The tomato Cf-2 disease
resistance locus comprises two functional genes encoding leucine-rich repeat proteins. Cell,
v. 84, p. 451–459, 1996.
EL MOHTAR, C.A.; ATAMIAN, H.S.; DAGHER, R.B.; ABOU‑JAWDAH, Y.; SALUS, M.S.; MAXWELL,
D.P. Marker‑assisted selection of tomato genotypes with the I‑2 gene for resistance to Fusarium
oxysporum f. sp. lycopersici race 2. Plant Disease, v.91, p.758–762, 2007.
EMMANUEL, E.; LEVY, A.A. Tomato mutants as tools for functional genomics. Current Opinion
in Plant Biology, v. 5, p. 112–117, 2002.
ELSHIRE, R.J. et al. A robust, simple genotyping-by-sequencing (GBS) approach for high diversi-
ty species. PloS One, v. 6, p. e19379, 2011.
ESHED, Y.; ZAMIR, D. An introgression line population of Lycopersicon pennellii in the cultivated
tomato enables the identification and fine mapping of yield-associated QTL. Genetics, v. 141,
p.1147–1162, 1995.
FAZIO, G; STEVENS, M.R.; SCOTT, J.W. Identification of RAPD markers linked to Fusarium crown
and root rot resistance (Frl) in tomato. Euphytica, v.105, p. 205–210, 1999.
FEHR, W.F. Principles of cultivar development: Theory and technique. Macmillan, New York.
1987
FERREIRA, M.E.; GRATTAPAGLIA, D. Introdução ao uso de marcadores moleculares em análi-
se genética. 3ed. Brasília: Embrapa-Cenargen, 1998. 220 p.
FERRO, D. D. X. Estudos com o locus Ty-1 do tomateiro e busca por novos marcadores mole-
culares para tolerância ao Tomato severe rugose virus. Dissertação de Mestrado. Universida-
de de Brasília (UnB), 2013.
FOOLAD, M.R.; PANTHEE, D.R. Marker-assisted selection in tomato breeding. Critical Reviews
in Plant Sciences, v. 31, p. 93–123, 2012.
FRADIN, E.F. et al. Genetic dissection of Verticillium wilt resistance mediated by tomato Ve1.
Plant Physiology, v. 150, p. 320–332, 2009.
GABRIEL, M.; KULCZYNSKI, S.M.; MUNIZ, M.F.; BOITEUX, L.S.; CARNEIRO, R.M. Reaction of a
heterozygous tomato hybrid bearing the Mi‐1.2 gene to 15 Meloidogyne species. Plant Pathol-
ogy, v. 69, p. 944–952, 2020.
GEETHANJALI, S.; CHEN, K.Y.; PASTRANA, D.V.; WANG, J.F. Development and characterization
of tomato SSR markers from genomic sequences of anchored BAC clones on chromosome 6.
Euphytica, v. 173, p. 85–97, 2010
GIORDANO, L.B.; SILVA-LOBO, V.L.; SANTANA, F.M.; FONSECA, M.E.N.; BOITEUX, L.S. Inheri-
tance of resistance to the bipartite Tomato chlorotic mottle begomovirus derived from Lycop-
ersicon esculentum cv. ‘Tyking’. Euphytica, v. 143, p. 27–33, 2005.
LANDER, E.S. et al. Mapmaker an interactive computer package for constructing primary genet-
ic linkage maps of experimental and natural populations. Genomics, v. 1, p. 174–181, 1987.
LAPIDOT, M. et al.. A novel route controlling begomovirus resistance by the messenger RNA sur-
veillance factor pelota. PLoS Genetics, v. 11, p. e1005538, 2015.
LI, J et al. Identification and mapping of quantitative resistance to late blight (Phytophthora infes-
tans) in Solanum habrochaites LA1777. Euphytica, v. 179, p. 427–438, 2011.
LIM, G.T.T. et al. Mapping the I‑3 gene for resistance to Fusarium wilt in tomato: application of
an I‑3 marker in tomato improvement and progress towards the cloning of I‑3. Australasian
Plant Pathology, v. 35, p.671–680, 2006.
LIM, G.T.T.; WANG, G.‑P.; HEMMING, M.N.; MCGRATH, D.J.; JONES, D.A. High resolution genetic
and physical mapping of the I‑3 region of tomato chromosome 7 reveals almost continuous
microsynteny with grape chromosome 12 but interspersed microsynteny with duplications
on Arabidopsis chromosomes 1, 2 and 3. Theoretical and Applied Genetics, v. 118, p. 57–75,
2008.
LIN, T et al. Genomic analyses provide insights into the history of tomato breeding. Nature Ge-
netics, v. 46, p. 1220–1228, 2014.
LINNARSSON, S. Recent advances in DNA sequencing methods–general principles of sample
preparation. Experimental Cell Research, v. 316, p. 1339–1343, 2010.
LOPES, R. et al. Marcadores moleculares dominantes (RAPD e AFLP). Biotecnologia Ciência &
Desenvolvimento, v. 29, p. 56–60, 2012.
MACHADO, M.R. Eficiência de novas fontes de resistência em tomateiro contra diferentes es-
pécies de Begomovirus bipartidos e localização cromossômica do locus tcm-1. Dissertação
de Mestrado. Universidade de Brasília (UnB), 2013.
MANLY, K.F.; CUDMORE, J.R.; R.H.; MEER, J.M. Map Manager QTX, cross-platform software for
genetic mapping. Mammalian Genome, v. 12, p. 930–932, 2001.
MARKERT, C.L.; MOLLER, F. Multiple forms of enzymes: Issue, ontogenetic and species-specific
patterns. Proceedings of the National Academy of Sciences USA, v. 45, p. 753–763, 1959.
MARTIN, G.B. et al. Map-based cloning of a protein kinase gene conferring disease resistance in
tomato. Science, v. 262, p. 1432–1436, 1993.
MEDINA, R., LÓPEZ, S. M., FRANCO, M. E., ROLLAN, C., RONCO, B. L., SAPARRAT, M. C., BALAT-
TI, P. A. A survey on occurrence of Cladosporium fulvum identifies race 0 and race 2 in toma-
to-growing areas of Argentina. Plant Disease, v. 99, p. 1732–1737, 2015.
MEDINA-FILHO, H. P. An electrophoretic variant as a tool for breeding tomatoes for nema-
tode resistance. Ph.D. Thesis. University of California, 1980.
MENDA, N.; STRICKLER, S.R.; MUELLER, L.A. Advances in tomato research in the post-genome
era. Plant Biotechnology, v. 30, p. 243–256, 2013.
MICHELMORE, R. W.; PARAN, I.; KESSELI, R.V. Identification of markers linked to disease-re-
sistance genes by bulked segregant analysis: A rapid method to detect markers in specific
genomic regions by using segregating populations. Proceedings of the National Academy of
Sciences USA, v. 88, p. 9828–9832, 1991.
MILACH, S.C.K. Marcadores de DNA. Biotecnologia, Ciência & Desenvolvimento, v. 5, p. 14–17,
1998.
MOHAN, M. et al. Genome mapping, molecular markers and marker-assisted selection in crop
plants. Molecular Breeding, v.3, p. 87–103, 1997.
MULLIS, K.B.; FALOONA, F.A. Specific synthesis of DNA in vitro via a polymerase-catalyzed chain
reaction. Methods in Enzymology, v. 155, p. 335–350, 1987.
NOVAIS, C.M.; PIRES-ALVES, M.; SILVA, F.F. PCR em tempo real. Revista Biotecnologia Ciência
e Desenvolvimento, v. 33 p. 10–13, 2004.
OLIVEIRA, A.S.; BOITEUX, L.S.; KORMELINK, R.; RESENDE, R.O. The Sw-5 gene cluster: Tomato
breeding and research toward orthotospovirus disease control. Frontiers in Plant Science,
v. 9, p. 1055, 2018.
ORSI, I.; MALATRASI, M.; BELFANTI, E.; GULLÌ, M.; MARMIROLI, N. Determining resistance to
Pseudomonas syringae in tomato, a comparison of different molecular markers. Molecular
Breeding, v. 30, p. 967–974, 2012.
PANTHEE, D.R.; CHEN F. Genomics of fungal disease resistance in tomato. Current Genomics,
v. 11, p. 30–39, 2010.
PARAN, I.; MICHELMORE, R.W. Development of reliable PCR based markers linked to downy mil-
dew resistance genes in lettuce. Theoretical and Applied Genetics, v. 85, p. 985–993, 1993.
PARMAR, P.; SUBRAMANIAN, R.B. PCR based method for testing Fusarium wilt resistance of to-
mato. African Journal of Basic and Applied Sciences, v. 3, p. 219–222, 2011.
PATERSON, A.H. Making genetic maps. In: A.H. Paterson (ed.), Genome Mapping in Plants, p.
23–39. R. G. Landes Company, San Diego, California; Academic Press, 1996. Austin, Texas.
REBRIKOV, D.V.; TROFIMOV, D.Y. Real-time PCR: A review of approaches to data analysis. Applied
Biochemistry and Microbiology, v. 42, p. 455–463, 2006.
RICK, C.M.; FOBES, J. Association of an allozyme with nematode resistance. Report of the Toma-
to Genetics Cooperative, v. 24, p. 25, 1974.
RICK, C.M.; YODER, J.I. Classical and molecular genetics of tomato: Highlights and perspectives.
Annual Review of Genetics, v. 22, p. 281–300, 1988.
ROSSI, M. et al. The nematode resistance gene Mi of tomato confers resistance against the potato
aphid. Proceedings of the National Academy of Sciences USA, v. 95, p. 9750–9754, 1998.
ROTHAN, C.; DIOUF, D.; CAUSSE, M. Trait discovery and editing in tomato. The Plant Journal, v.
97, p. 73–90, 2019.
SALIBA-COLOMBANI, V.; CAUSSE, M.; GERVAIS, L.; PHILOUZE, J. Efficiency of RFLP, RAPD, and
AFLP markers for the construction of an intraspecific map of the tomato genome. Genome, v.
43, p. 29–40, 2000.
SALMERON, J.M et al. Tomato Prf is member of the leucine-rich repeat class of plant disease resis-
tance genes and lies embedded within the Pto kinase gene cluster. Cell, v. 86, p. 123–133, 1996.
SANGER, F.; NICKLEN, S.; COULSON, A.R. DNA sequencing with chain-terminating inhibitors.
Proceedings of the National Academy of Sciences USA, v. 74, p. 5463–5467, 1977.
SAYED, H.; KAYYAL, H.; RAMSEY, L.; CECCARELLI, S.; BAUM, M. Segregation distortion in doub-
led haploid lines of barley (Hordeum vulgare L.) detected by simple sequence repeat markers.
Euphytica, v. 225, p. 265–272, 2002.
SEMAGN, K.; BABU, R.; HEARNE, S.; OLSEN, M. Single nucleotide polymorphism genotyping
using Kompetitive Allele Specific PCR (KASP): Overview of the technology and its application
in crop improvement. Molecular Breeding, v. 33, p. 1–14, 2014.
SHENDURE, J; JI, H. Next-generation DNA sequencing. Nature Biotechnology, v. 26, p. 1135–
1145, 2008.
WANG, H. et al. Molecular mapping of hypersensitive resistance from tomato ‘Hawaii 7981’ to
Xanthomonas perforans race T3. Phytopathology, v. 101, p.1217–1223, 2011.
WANG, Y. et al. Application of whole genome resequencing in mapping of a Tomato yellow leaf
curl virus resistance gene. Scientific Reports, v. 8, p. 9592, 2018.
WATSON, J.D.; CRICK, F.H. A structure for deoxyribose nucleic acid. Nature, v. 171, p. 737–
738, 1953.
WELSH, J.; MCCLELLAND, M. Fingerprinting genomes using PCR with arbitrary primers. Nucle-
ic Acids Research, v. 18, p. 7213–7218, 1990.
WILLIAMS, J.G.K.; KUBELIK, A.; LIVAK, K.J.; RAFALSKI, J.A.; TINGEY, S.V. DNA polymorphism
amplified by arbitrary primers are useful as genetic markers. Nucleic Acids Research, v.18,
p. 6531–6535, 1990.
WILLIAMSON, V.M.; COLWELL, G. Acid phosphatase-1 from nematode resistant tomato: Isola-
tion and characterization of its gene. Plant Physiology, v. 97, p. 139-146, 1991.
WIN, K.T; VEGAS, J.; ZHANG, C.; SONG, K.; LEE, S. QTL mapping for downy mildew resistance in
cucumber via bulked segregant analysis using next-generation sequencing and conventional
methods. Theoretical and Applied Genetics, v. 130, p. 199–211, 2017.
XU, Y.; ZHU, L.; XIAO, J.; HUANG, N.; MCCOUCH, S.R. Chromosomal regions associated with seg-
regation distortion of molecular markers in F2, backcross, doubled haploid, and recombi-
nant inbred populations in rice (Oryza sativa L.). Molecular and General Genetics, v. 253, p.
535–545, 1997.
YAMAGUCHI, H. et al. An NB-LRR gene, TYNBS1, is responsible for resistance mediated by the
Ty-2 begomovirus resistance locus of tomato. Theoretical and Applied Genetics, v.131, p.
1345–1362, 2018.
YANG, W.; FRANCIS, D.M. Marker-assisted selection for combining resistance to bacterial spot
and bacterial speck in tomato. Journal of the American Society for Horticultural Sciences,
v. 130, p. 716–721, 2005.
YANG, X. et al. Fine mapping of the tomato yellow leaf curl virus resistance gene Ty-2 on chromo-
some 11 of tomato. Molecular Breeding, v. 34, p. 749–760, 2014.
YOUNG, N.D. QTL mapping and quantitative disease resistance in plants. Annual Review of Phy-
topathology, v. 34, p. 479–501, 1996
YOUNG, N.D.; TANKSLEY, S.D. Restriction fragment length polymorphisms maps and the con-
cept of graphical genotypes. Theoretical and Applied Genetics, v. 77, p. 95–101, 1989.
ZAMIR, D. Improving plant breeding with exotic genetic libraries. Nature Reviews Genetics, v.
2, p. 983–989, 2001.
WANG, Z; GERSTEIN, M; SNYDER, M. RNA-Seq: A revolutionary tool for transcriptomics. Nature
Reviews Genetics, v. 10, p. 57, 2009.
ZHANG, C. et al. The Ph-3 gene from Solanum pimpinellifolium encodes CC-NBS-LRR protein
conferring resistance to Phytophthora infestans. Theoretical and Applied Genetics, v. 127, p.
1353–1364, 2014
ZHAO, T et al. Mapping and candidate gene screening of tomato Cladosporium fulvum-resistant
gene Cf-19, based on high-throughput sequencing technology. BMC Plant Biology, v.16, p.
51, 2016.
1. Introdução
A resistência das plantas à infecção por patógenos de diferentes estilos de vida
(ex. biotróficos, hemibiotróficos e necrotróficos) é regra enquanto que a suscetibili-
dade é exceção (Debona & Rodrigues, 2018). Isso se deve a ocorrência de vários me-
canismos de defesa (ex. anatomia dos estômatos, espessura da cutícula, formação de
papilas, lignificação e suberização de tecidos, presença de tricomas e produção de
compostos antimicrobianos) que afetam o processo infeccioso dos patógenos e, con-
sequentemente, os componentes de resistência (ex. aumento do período de incubação
e do período latente, lesões menores, redução na taxa de expansão das lesões e menor
produção de esporos em cada sítio de infecção) (Debona & Rodrigues, 2018). Entretan-
to, se os mecanismos de defesa pós-formados, às custas de um metabolismo secundá-
rio mais atuante, são ativados tardiamente e mesmo assim não são efetivos em conter
a colonização dos tecidos do hospedeiro pelo patógeno, esses poderiam ser induzidos,
antes da sua chegada, utilizando-se os indutores de resistência.
Aspectos relacionados com a indução de resistência em plantas a patógenos da-
tam das primeiras décadas do século XX (Hammerschmidt, 2007). Todavia, a sistemi-
cidade dessa indução não era mencionada ou estudada a nível bioquímico e molecu-
lar. O pesquisador Bernard trabalhou com orquídeas e fungos de solo e constatou que
seções de bulbos sadios transferidas para meio de cultura onde esses fungos estavam
sendo cultivados não eram infectadas, mas que a infecção ocorria caso os bulbos fos-
sem previamente mantidos a 55oC por 35 minutos (Hammerschmidt, 2007). Na época,
Bernard hipotetizou que os segmentos de bulbos não submetidos ao tratamento tér-
mico não eram infectados porque seus tecidos respondiam às secreções produzidas
pelos fungos com a síntese de substâncias antimicrobianas. Essa talvez seja a primeira
vez em que se aventou a possibilidade de plantas possuírem mecanismos de defesa
que podiam ser ativados por um fator exógeno. Müller & Börger (1940) inocularam
seções de tubérculos de batata com uma raça avirulenta de Phytophthora infestans e
observaram ausência de sintomas causados por esse patógeno. Após certo tempo, rei-
nocularam essas mesmas seções com uma raça virulenta do mesmo patógeno obser-
vando que a raça avirulenta aparentemente protegia os tecidos contra infecção pela
raça virulenta. Influenciados pelos avanços da ciência da época, quando imunologia e
vacinas estavam sendo mais bem entendidas e em voga, os autores chegaram a pos-
tular a possibilidade de haverem conseguido ativar um mecanismo de natureza seme-
lhante (Müller & Börger, 1940).
Outras publicações pioneiras mencionam a indução de resistência sempre a nível
local sem, contudo, mencionar a natureza sistêmica desse fenômeno (Hammerschmi-
dt, 2007). Averre & Kelman (1964) foram capazes de induzir resistência localizada em
168
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
6
O L U T Í P A C S A T NL P E D Ç O J N M A I C Ê T S E R D O Ã Ç U N I -
2. A indução de resistência
A indução de resistência consiste em aumentar o nível de resistência basal da
planta em reposta à infecção por um patógeno mediante aplicação exógena de um in-
dutor (Bostock, 2005; Conrath et al., 2015; Hammerschmidt, 1999). Define-se como
indutor qualquer composto ou substância capaz de ativar mecanismos de defesa na
planta e o elicitor nada mais é do que a molécula, em específico, que compõe o indutor
(Lyon, 2007). Após expostos a um indutor de resistência, os tecidos das plantas rea-
gem mais rapidamente e com mais eficiência em resposta à infecção pelo patógeno
(Conrath et al., 2015). Assim, podemos dizer que a planta atingiu o estado de indução.
Então, o contato entre a molécula elicitora com receptores inespecíficos presentes tan-
to na parede celular ou na membrana plasmática da planta desencadeia a sinalização
para ativação de genes relacionados com a defesa da planta (Bostock, 2005; Conrath
et al., 2015).
Quando as plantas após serem expostas a agentes abióticos ou bióticos com po-
tencial de induzir resistência apresentam redução na intensidade de uma determina-
da doença não se pode inferir que ocorreu indução de resistência (Lyon, 2007). Pode
ser que o indutor ou a molécula elicitora esteja atuando diretamente sobre o patógeno.
O suposto aumento na resistência pode também ser devido a fatores como escape, ino-
culações mal conduzidas, perda de patogenicidade da cultura do patógeno, influência
do meio ambiente e até mesmo a utilização de produtos comerciais alterados quimi-
camente. Uma outra observação importante é que a indução de resistência não pode
ser atribuída exclusivamente a um determinado mecanismo de defesa da planta como,
por exemplo, o aumento da atividade da enzima fenilalanina-amônia-liase (FAL) im-
portante para a síntese de compostos fenólicos (Bostock, 2005).
As principais características da indução de resistência podem ser assim defini-
das: caráter local ou sistêmico; a velocidade com que a planta reconhece a presença
do agente eliciador determinará o tempo de resposta à invasão pelo patógeno, desen-
cadeando uma ou mais respostas de defesa; a resistência induzida envolve a ativação
de mecanismos latentes de resistência da planta; é dependente do intervalo de tempo
que ocorre entre o tratamento com o indutor e a subsequente chegada do patógeno
na planta; quando as plantas são expostas aos indutores abióticos ou bióticos e ficam
protegidas contra patógenos, isso não implica que a indução tenha ocorrido (Ham-
merschmidt, 1999). O agente de controle tanto pode estar induzindo resistência ou
atuando diretamente sobre o patógeno ou ambos ao mesmo tempo; a ativação de me-
canismos de defesa pode ser alcançada por vias que atuam isoladas ou conectadas; a
velocidade com que a planta reconhece a presença do indutor ou eliciador é que de-
sencadeará uma ou mais respostas de defesa e a percepção se dá quando moléculas
indutoras de defesa nas plantas se ligam a moléculas receptoras situadas, provavel-
mente, na membrana plasmática da célula vegetal (Hammerschmidt, 1999).
A RSA e a RSI são fenômenos distintos quanto à forma pela qual são induzidos
e pelos mecanismos bioquímicos envolvidos, mas similares pelo caráter sistêmico
(Métraux et al., 2002). O termo RSA foi descrito inicialmente em 1966 ao se referir à
resistência induzida em folhas do dossel superior de plantas de fumo em resposta a
inoculação de folhas do dossel inferior com o vírus do mosaico do fumo (TMV) (Ross,
1966). Ross (1966) observou a ocorrência do que conhecemos como reação de hiper-
sensibilidade em locais distantes da infecção pelo vírus. Em outras palavras, houve
um aumento na capacidade da planta em expressar o seu nível basal de resistência à
outros patógenos supostamente condicionada pelo sinal sistêmico levado aos tecidos
sadios.
O uso de alguns indutores da RSA como o ácido salicílico (AS), o INA (ácido 2,6-di-
cloroisonicotínico) e o Acibenzolar-S-Metil (ASM) potencializam a produção de peró-
xido de hidrogênio, a expressão do gene FAL e a produção de algumas proteínas re-
lacionadas com a patogênese (PRP) (Lyon, 2007). Plantas transgênicas expressando
o gene NahG produzem reduzido nível de AS uma vez que o AS é convertido a catecol
pela enzima salicilato hidroxilase (Conrath et al., 2015). O óxido nítrico (ON) induz o
acúmulo de AS (Conrath et al., 2015). A indução de PRP pelo ON é mediada pelo AS e a
concentração do ON é totalmente dependente do AS. É sabido ocorrer o acúmulo de AS
no sítio de infecção bem como em locais distantes da colonização pelo patógeno, o qual
é originado do ácido benzóico ou do isochorismato (Conrath et al., 2015). Acredita-se
que a percepção do etileno (ET) pela planta é necessária para que ocorra a geração,
liberação e transporte da molécula sinalizadora da RSA para tecidos distantes do local
de infecção (Conrath et al., 2015). Contudo, a verdadeira natureza da molécula sinali-
zadora da RSA ainda permanece desconhecida.
Para que um produto químico possa ser considerado como indutor de RSA, o mes-
mo deve atender a três critérios básicos: nem o composto nem os metabólitos dele de-
rivados podem exibir atividade antimicrobiana “in vitro” ou “in vivo”; o composto deve
modificar a natureza da interação planta-patógeno de tal forma que, fenotipicamente,
ocorra uma interação incompatível associada à ativação de mecanismos de defesa e o
composto deve ser capaz de proteger as plantas contra um ou mais patógenos, depen-
dendo da magnitude dos mecanismos de defesa decorrentes da interação (Bostock,
2005; Conrath et al., 2015).
O ASM, comercializado no Brasil com o nome de BION, é um exemplo de indutor
de resistência que tem se mostrado eficiente no controle de inúmeras doenças de
etiologia fúngica, bacteriana e virótica (Lyon, 2007). O ASM não tem apresentado ati-
vidade de inibição “in vitro” sobre patógenos tais como Alternaria solani, Pseudomonas
syringae pv. tomato (Pst), Corynespora cassiicola e Xanthomonas campestris pv. vesicatoria,
2002; Conrath et al., 2015). A rota dependente do AJ pode inibir a rota dependente
do AS, priorizando a rota governada pelo AS que é mais efetiva contra patógenos em
comparação a rota do AJ que garante uma maior resistência contra a herbivoria por
insetos (Métraux et al., 2002; Conrath et al., 2015).
Categorias Exemplos
No caso de minerais e íons, parece não ser muito comum à indução de RSA por
compostos minerais, embora resultados de pesquisa possam ser encontrados na li-
teratura. Plantas de pepino manifestaram RSA contra Colletotrichum lagenarium após
a aplicação de fosfatos. Plantas de milho também exibiram RSA e foram resistentes a
Puccinia sorghi com redução de 98% no número de pústulas com uma única aplicação
de K2HPO4 a 0,1M. A aplicação de fosfatos em pepino reduziu as severidades da an-
tracnose e oídio em pepino acompanhada por um aumento na atividade de enzimas
2007; Reignault & Walters, 2007; Walters et al., 2005). Caso isso ocorra, o emprego dos
indutores de resistência no controle de doenças, considerando ocorrer um equilíbrio
entre os gastos energéticos empregados no crescimento da planta, na produção e ati-
vação de mecanismos de defesa, seria altamente justificável.
6. Conclusão
Atualmente, várias culturas economicamente importantes estão sendo cultivadas
com eficiência devido à aplicação de vários agrotóxicos visando o controle de doenças.
A contaminação do meio ambiente, a intoxicação do aplicador, a seleção de isolados
resistentes do patógeno, a ingestão de alimentos com resíduos de pesticidas pelo ho-
mem e o alto custo de produção são fatores que nos fazem refletir sobre a necessidade
de se pesquisar alternativas no controle dessas doenças. Essas alternativas, almejadas
que sejam mais eficientes no controle e menos agressivas à saúde do homem e ao am-
biente, podem ser através da utilização dos indutores de resistência. Assim, se os in-
dutores de resistência forem corretamente empregados nas nossas práticas agrícolas,
estaremos trabalhando dentro da filosofia de uma Agricultura sustentável que almeja
ser cada vez menos dependente da utilização de agrotóxicos. Nesse contexto, o mais
importante seria a qualidade do produto final do que o ganho em produção que às ve-
zes não paga o custo com os agrotóxicos.
7. Referências bibliográficas
AVERRE, C.W.; KELMAN, A. Severity of bacterial wilt as influenced by ration of virulent to aviru-
lent cells of Pseudomonas solanacearum in inoculum. Phytopathology, v. 54, p. 779-783, 1964.
BOSTOCK, R.M. Signal crosstalk and induced resistance: Straddling the line between cost and
benefit. Annual Review of Phytopathology, v. 43, p. 545-580, 2005.
CHESTER, K.S. The problem of acquired physiological immunity in plants. The Quarterly Re-
view of Biology, v. 8, p. 275-324, 1933.
CONRATH, U.; BECKERS, G.J.M.; LANGENBACH, C.J.G., JASKIEWICZ, M.R. Priming for enhanced
defense. Annual Review of Phytopathology, v. 53, p. 97-119, 2015.
CRUICKSHANK, I.A.M.; MANDRYK, M. The effect of stem infection of tobacco with Peronospora
tabacina on foliage reaction to blue mold. Journal of Australian Institute of Agricultural Re-
search, v. 26, p. 369-372, 1960.
DEBONA, D., RODRIGUES, F.A. Alterações bioquímicas e estruturais em plantas induzidas após
a detecção do patógenos. In: DALLAGNOL, L.J. (org.). Resistência Genética de Plantas a Pa-
tógenos. 1a Ed., Pelotas: UFPel, 2018, p. 150-193.
GAÜMANN, E. Toxins and Plant Diseases. Endeavour, v. 13, p. 198-204, 1954.
HAMMERSCHMIDT, R. Induced disease resistance: How do induced plants stop pathogens?
Physiological and Molecular Plant Pathology, v. 55, p. 77-84, 1999.
HAMMERSCHMIDT, R. Introduction: definitions and some history. In: WALTERS, D.; NEWTON,
A.; LYON, G. (eds.). Induced Resistance for Plant Defence: a Sustainable Approach to Crop
Protection. Blackwell Publishing, 2007, p. 1-8.
HUTCHESON, S.W. Current concepts of active defense in plants. Annual Review of Phytopathol-
ogy, v. 36, p. 59-90, 1998.
KLEMENT, Z.; KIRÁLY, Z.; POZSAR, B. Suppression of virus multiplication and local lesion pro-
duction in tobacco following inoculation with a saprophyte bacterium. Acta Phytopathologi-
ca Hungariae, v. 1, p. 11-18, 1966.
KLOEPPER, J.W.; TUZUN, S.; ZEHNDER, G.W.; WEI, G. Multiple disease protection by rhizobac-
teria that induce systemic resistance - historical precedence. Phytopathology, v. 87, p. 136-
137, 1997.
LOON, L.C.; BAKKER, P.; PIETERSE, C.M.J. Systemic resistance induced by rhizosphere bacteria.
Annual Review of Phytopathology, v. 36, p. 453-483, 1998.
LOVREKOVICH, I.; FARKAS, G.L. Induction of protection against wildfire disease in tobacco leaves
treated with heat-killed bacteria. Nature, v. 205, p. 823-824, 1965.
LYON, G. Agents that can elicit induced resistance. In: WALTERS, D.; NEWTON, A.; LYON, G. (eds.).
Induced Resistance for Plant Defence: a Sustainable Approach to Crop Protection. Black-
well Publishing, 2007, p. 9-29.
MÉTRAUX, J.P.; NAWRATH, C.; GENOUD, T. Systemic acquired resistance. Euphytica, v. 124, p.
237-243, 2002.
MÜLLER, K.O. Studies on phytoalexins: I. The formation and the immunological significance of
phytoalexin produced by Phaseolus vulgaris in response to infections with Sclerotinia fructicola
and Phytophthora infestans. Australian Journal of Biological Science, v. 11, p. 275-300, 1958.
MÜLLER, K.O.; BÖRGER, H. Experimentelle untersuchugen uber die Phytophthora - resistenz der
kartoffel. Arbiten der Biologischen Reichsaustalt, Land-und Forstwirtschaft, v. 23, p. 189-
231, 1940.
PIETERSE, C.M.J. et al. Induced systemic resistance by plant growth-promoting rhizobacteria.
Symbiosis, v. 35, p. 39-54, 2003.
REGLINSKI, T.; DANN, E.; DEVERALL, B. Integration of induced resistance in crop production.
In: WALTERS, D.; NEWTON, A.; LYON, G. (eds.). Induced Resistance for Plant Defence: a Sus-
tainable Approach to Crop Protection. Blackwell Publishing, 2007, p. 201-228.
REIGNAULT, P.; WALTERS, D. Topical application of inducers for disease control. In: WALTERS,
D.; NEWTON, A.; LYON, G. (eds.). Induced Resistance for Plant Defence: a Sustainable Ap-
proach to Crop Protection. Blackwell Publishing, 2007, p. 179-200.
RODRIGUES, F.A.; BENHAMOU, N.; DATNOFF, L.E.; JONES, J.B.; BÉLANGER, R.R. Ultrastructural
and cytochemical aspects of silicon-mediated rice blast resistance. Phytopathology, v. 93, p.
535-546, 2003.
RODRIGUES, F.A.; JURICK II, W.M.; DATNOFF, L.E.; JONES, J.B.; ROLLINS, J.A. Silicon influences
cytological and molecular events in compatible and incompatible rice-Magnaporthe grisea in-
teractions. Physiological and Molecular Plant Pathology, v. 66, p. 144-159, 2005.
RODRIGUES, F.A. et al. Silicon enhances the accumulation of diterpenoid phytoalexins in rice: a
potential mechanism for blast resistance. Phytopathology, v. 94, p. 177-183, 2004.
ROSS, A.F. Systemic acquired resistance induced by localized virus infection. Virology, v. 14, p.
340-358, 1961.
ROSS, A.F. Systemic effects of local lesion formation. In: BEEMSTER, A.B. R.; DIJKSTRA, J. (eds.).
Viruses of Plants. Amsterdam, North-Holland, 1966, p. 127-150.
SEQUEIRA, L.; HILL, I.M. Resistance in tobacco leaves: the growth of P. solanacearum in protected
tissues. Phytopathology, v. 64, p. 447-455, 1974.
WALTERS, D.; DANIELL, T. Microbial induction of resistance to pathogens. In: WALTERS, D.; NEW-
TON, A.; LYON, G. (eds.). Induced Resistance for Plant Defence: a Sustainable Approach to
Crop Protection. Blackwell Publishing, 2007, p. 143-156.
WALTERS, D.; WALSH, D.; NEWTON, A.; LYON, G. Induced resistance for plant disease control:
maximizing the efficacy of resistance elicitors. Phytopathology, v. 95, p. 1368-1373, 2005.
1. Introdução
Fitopatógenos causam sérios problemas em culturas de exploração agrícola, re-
sultando em redução substancial na produtividade e na qualidade final do produto.
Estima-se que cerca de 10 a 16% do custo de produção de uma lavoura é destinado
aos gastos para controle de doenças (Strange & Scott, 2005; Oerke, 2006; Savary et
al., 2019). Atualmente, a principal medida utilizada para o manejo de fitopatógenos
consiste na aplicação de produtos agroquímicos, porém, esta estratégia, além de con-
tribuir para o aumento do custo de produção, pode resultar na emergência de isolados
resistentes ou tolerantes ao princípio ativo e também provocar danos ao meio ambien-
te, à saúde humana e aos animais (Nelson, 2020). Assim sendo, há uma forte demanda
para o desenvolvimento de novas ferramentas que contribuam para o controle eficien-
te dos fitopatógenos de forma economicamente viável e ambientalmente sustentável.
Nos últimos anos, o fenômeno conhecido como RNA de interferência (RNA inter-
ference, RNAi) tem recebido grande destaque em nível mundial como potencial ferra-
menta para o controle de patógenos, por apresentar como principais características
uma maior especificidade ao alvo, alta eficiência no controle e menor impacto sobre o
ambiente (Rosa et al., 2018). RNAi é um mecanismo de regulação da expressão gênica
e defesa antiviral em organismos eucariotos desencadeado pela presença de duplexes
de RNA, comumente denominados como moléculas de RNA dupla fita (double-strand
RNA, dsRNA), resultando no silenciamento gênico transcricional (Transcriptional Gene
Silencing, TGS) e/ou pós-transcricional do gene homólogo (Post-Transcriptional Gene Si-
lencing, PTGS) (Zhang et al., 2019).
A aplicação do mecanismo de RNAi para a proteção de plantas foi um dos gran-
des marcos para a agricultura na última década. O desenvolvimento de cultivares ge-
neticamente modificadas expressando duplexes de RNA específicos de patógenos foi
o método inicialmente utilizado para a produção das moléculas de RNA nas plantas
visando a indução de RNAi e, consequentemente, a proteção contra a infecção por pa-
tógenos-alvos. Essa estratégia biotecnológica é conhecida como silenciamento gênico
induzido pelo hospedeiro (Host-Induced Gene Silencing, HIGS) (Koch & Kogel, 2014). Nos
últimos anos, muito se avançou no estudo sobre este tema e inúmeros trabalhos con-
firmaram a eficiência de HIGS para a proteção de plantas contra patógenos, notada-
mente via produção de plantas transgênicas (revisados por Ghag, 2017). Entretanto, o
182
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
7
O L U T Í P A C N AR E D I G O L C T À Ã S E R P U O A D - ELORT N C A PNR ED ACI Ó T O ÃÇ LP ED S i M X O INACE , O IRÓ TS H :
SONEGÓ T A PO T IF ED
2. Histórico
Como muitas outras descobertas na ciência, o silenciamento gênico foi observa-
do a partir de um resultado inesperado, com um experimento realizado por Matzke
e colaboradores (1989) envolvendo a transformação de plantas de tabaco (Nicotiana
tabacum) com duas construções. Neste trabalho, os autores transformaram tabaco com
uma construção e, após seleção dos transformantes, realizaram uma segunda trans-
formação. Então, eles observaram que a presença de um T-DNA afetava o estado de
metilação e expressão de genes do segundo T-DNA. Mais tarde, Napoli e colaboradores
(1990) observaram o fenômeno de silenciamento por RNA quando realizaram um es-
tudo visando intensificar a coloração das flores de petúnia por meio da superexpres-
são de um gene endógeno que codifica a chalcona sintase (CHS), enzima associada à
biossíntese de antocianinas. O objetivo era produzir flores quase negras. Para isso, os
pesquisadores aumentaram o número de cópias do gene usando uma construção qui-
mérica da região codante de CHS via transgenia. Contudo, ao contrário do esperado,
do vírus do mosaico dourado do feijoeiro (Bean golden mosaic virus, BGMV), um patóge-
no altamente agressivo (Aragão et al., 2013). A planta é imune à infecção pelo BGMV.
Esses eventos de liberação comercial foram um marco para a agricultura, uma
vez que o RNAi, antes tão distante de ser aplicado em campo, agora está disponível
aos produtores como uma ferramenta para o manejo de doenças e pragas. Contudo, o
desenvolvimento e sucesso na utilização desta tecnologia em plantas transgênicas são
limitados por diversos fatores, entre os quais se destacam: (i) características intrínse-
cas de cada planta que dificultam sua transformação genética; (ii) fatores políticos; e
(iii) a falta de confiança do consumidor em relação aos produtos transgênicos (Popek
& Halagarda, 2017; Zotti et al., 2018). Por isso, a entrega tópica de duplexes de RNA
vem sendo amplamente estudada e explorada como uma ferramenta alternativa para
proteção de plantas.
O primeiro trabalho de sucesso usando moléculas de RNA aplicadas topicamente
em plantas foi realizado para controle dos vírus das espécies Pepper mild mottle virus
(PMMoV), Tobacco etch virus (TEV) e Alfalfa mosaic virus (AMV) em Nicotiana benthamiana,
tabaco e pimenta (Capsicum chinense) (Tenllado & Diaz-Ruiz, 2001). Duas décadas após
o trabalho de Tenllado & Diaz-Ruiz (2001), muitos estudos vêm sendo realizados para
aprimorar o conhecimento da rota biológica dos duplexes de RNA exógenos, meto-
dologias de aplicação e viabilização da produção, conforme será apresentado adiante
neste capítulo.
Na via de RNAi induzida pela aplicação tópica de RNA, na qual estão envolvidos os
siRNAs, ocorre uma cascata de respostas que é igualmente ativada quando as plantas
detectam moléculas de ácido nucleico invasores. Múltiplos componentes estão envol-
vidos nesta rota de silenciamento em plantas, entre eles pode-se destacar as proteínas
Dicer-Like (DCL, nomeadas como DCL1 a DCL4), o complexo de silenciamento induzi-
do por RNA (RNA-Induced Silencing Complex, RISC), as proteínas Argonautas (AGO) e as
enzimas RNA polimerases dependentes de RNA (RNA-Dependent RNA Polymerase, RDR)
(Jacobsen et al., 1999; Dalmay et al., 2000; Schauer et al., 2002; Liu et al., 2004; Baum-
berger & Baulcombe, 2005).
DCL é uma ribonuclease (RNase III) que foi observada pela primeira vez com ati-
vidade endonucleolítica de RNAs em Escherichia coli (Robertson et al., 1968). Trata-se
de uma proteína da família de endoribonuclease que contém na sua estrutura os do-
mínios Piwi-Argonaute-Zwille (PAZ), DExD-box Helicase-C, RNase III e um com afinidade
de ligação a moléculas de dupla fita de RNA (dsRNA-binding domain, dsRBDs) (Carmell &
Hannon, 2004; Margis et al., 2006).
Uma vez reconhecidos e em contato com uma DCL, os duplexes de RNA são pro-
cessados em siRNAs com tamanho entre 21 a 24 pares de bases (pb) (Carmell & Han-
non, 2004). O comprimento da sequência dos siRNAs é determinado pela DCL que os
clivou, e diferentes funções são assumidas de acordo com o tamanho dos siRNAs. Por
exemplo, DCL4 processa siRNAs de 21 pb, DCL2 de 22 pb e DLC3 de 24 pb de compri-
mento (Hohn & Vazquez, 2011). As moléculas de siRNA são então associadas a prote-
ínas AGO. Estas proteínas pertencem a uma família multigênica, compostas por três
domínios conservados: PAZ, Middle (MID) e P-element induced wimpy (PIWI). O domínio
PAZ reconhece a extremidade 3´ do siRNA, enquanto os domínios MID e PIWI anco-
ram a extremidade 5´ do siRNA.
As proteínas AGO, por si só, não conseguem acoplar completamente os siRNAs a
sua estrutura. Para que isso ocorra, é necessário a presença do RISC (Pham et al., 2004;
Kawamata & Tomari, 2010). Essa associação resulta na ocorrência de várias etapas
que culminam na alteração da estrutura do siRNA para que o RISC esteja completa-
mente maduro e funcional (Kobayashi & Tomari, 2016).
Após a incorporação do siRNA ao complexo RISC, a AGO, que contém um do-
mínio catalítico de RNase, cliva uma das fitas do siRNA, e a que permanece recebe
o nome de fita guia. Qualquer uma das fitas do siRNA pode ser utilizada como fita
guia, e, em geral, a escolha da fita que permanece no complexo RISC está associa-
da à cadeia que apresenta menor estabilidade termodinâmica na extremidade 5’
(Khvorova et al., 2003; Schwarz et al., 2003). Após o acoplamento da fita guia, o
RISC é considerado funcional, sendo a fita capaz de guiar o silenciamento de RNAs
homólogos (Kawamata & Tomari, 2010; Ketting, 2011; Kwak & Tomari, 2012). O
silenciamento ocorre pela clivagem e degradação sequência-específica do mRNA
ou inibição da sua tradução na região citoplasmática (Song et al., 2004; Wang et al.,
2009; Parker, 2010; Borges & Martienssen, 2015). O processo de PTGS não ocorre
apenas em nível celular, uma vez que as moléculas de RNA podem se translocar
célula-a-célula ou sistemicamente na planta.
mantém as fitas senso e antisenso fisicamente unidas, dsRNA é composto por duas
fitas complementares independentes (Watson et al., 2005). Embora estas moléculas
mais longas e complexas sejam muito utilizadas e apresentem maior eficiência em
induzir o silenciamento gênico (Zhang, 2014), elas podem ter algumas limitações.
Por exemplo, duplexes de RNA muito grandes, após serem processados por DCL, dão
origem a inúmeros e variados fragmentos de siRNA, aumentando as chances destes
pequenos RNAs terem identidade com outros genes e, dessa forma, causarem efeito
off-target (Jackson et al., 2003; Bartoszewski & Sikorski, 2019). Além disso, o uso de
longas fitas de dsRNA torna desafiador o silenciamento de uma sequência específica
dentro de uma família gênica, devido ao alto grau de similaridade das sequências
(Zhang, 2014).
Os siRNAs são moléculas que apresentam fita dupla e variam de 21 a 24 pb de
comprimento, contendo dois nucleotídeos livres na extremidade 3’ e um grupo fos-
fato na extremidade 5’ (Watts et al., 2008; Dong et al., 2019). A comprovação de que
siRNAs são capazes de induzir o silenciamento gênico foi realizada pela primeira
vez por Elbashir & colaboradores (2001) em células de drosófila no começo do século
XXI. Hoje, sabe-se que um grupo de siRNAs é capaz de silenciar um único alvo, mas
podem apresentar diferenças na efetividade do silenciamento (Holen et al., 2002).
Além da seleção do alvo, outro gargalo no uso de RNAi é a produção dos duplexes
de RNA em larga escala para a viabilidade econômica da estratégia de aplicação tópica
em campo. A quantidade, integridade e pureza dos dsRNAs estão entre os principais
requisitos para o sucesso da tecnologia. Assim, a otimização dos processos de pro-
dução e purificação em larga escala é necessária. As moléculas de dsRNA, hpRNA e
siRNA podem ser produzidas quimicamente, biologicamente e in vitro (Micura, 2002;
Sohail et al., 2003; Dubrovina & Kiselev, 2019), sendo as três sínteses amplamente uti-
lizadas, cada uma apresentando suas particularidades.
No processo de triagem de um alvo, quando uma pequena quantidade de dsR-
NA, hpRNA ou siRNA é necessária para os testes, é comum que a síntese ocorra uti-
lizando kits comerciais, onde a transcrição do RNA é realizada a partir de uma fita
molde de DNA por meio de uma RNA polimerase dependente de DNA (Niehl et al.,
2018). Esses kits são caros, laboriosos e permitem a produção de uma limitada quan-
tidade de moléculas de dsRNA de forma pura, rápida e confiável.
A síntese química é capaz de produzir os duplexes de RNA em larga escala por
um processo livre de clonagem em células eucariontes ou procariontes, ou seja, um
processo muito semelhante à transcrição in vitro. As construções que darão origem
aos duplexes de RNA devem ser clonadas em vetores comerciais que permitem a
sua multiplicação por meio da polimerização de nucleotídeos. Essa transcrição pode
ser realizada em biorreatores contendo a enzima RNA polimerase dependente de
DNA e outros componentes. A principal limitação para esta metodologia é o alto cus-
to de produção. Por exemplo, atualmente, a empresa AgroRNA oferece 100 gramas
de dsRNA por US$ 4.500 (http://www.agrorna.com/sub_05.html). O ponto positivo do
processo de produção química é a geração de moléculas de dsRNA livres de qualquer
contaminação com outros ácidos nucleicos ou proteínas. A síntese química consiste
na principal forma de produção de siRNAs (Palli, 2014). Além disso, modificações quí-
micas na estrutura das moléculas de RNA, objetivando aumentar a sua estabilidade,
planta por meio da produção contínua de dsRNA à medida que segue seu ciclo repli-
cativo no hospedeiro (Wani et al., 2010). Porém, o tipo de vírus utilizado e a sua enge-
nharia podem interferir na eficácia e estabilidade do silenciamento (Senthil-Kumar &
Mysore, 2011). Alguns exemplos de vetores virais são: TMV, Tobacco rattle virus (TRV),
Potato virus X (PVX) e Cucumber mosaic virus (CMV) (Senthil-Kumar & Mysore, 2011). Esta
estratégia tem sido usada em diferentes espécies vegetais para estudar genes envolvi-
dos em resistência a fungo (van der Linde et al., 2011), nematoide (Mao et al., 2011) e
inseto (Mantelin et al., 2011).
Segundo Nandety e colaboradores (2015), VIGS baseado em vírus de plantas é
uma ferramenta eficaz para atingir pragas que se alimentam do floema, pois quase to-
dos os fitovírus infectam e se movem sistemicamente via floema. Diaphorina citri, por
exemplo, inseto sugador de seiva e transmissor das bactérias causadoras do huanglon-
gbing dos citros (também conhecido como greening), foi afetado pelo uso de um vetor
de Citrus tristeza virus (CTV) recombinante contendo uma sequência de RNA do gene
abnormal wing disc (Awd) do psilídeo. A alimentação das ninfas em plantas infectadas
com CTV recombinante resultou no silenciamento do gene-alvo, Awd, levando à má
formação das asas e aumento de mortalidade dos insetos adultos (Hajeri et al., 2014).
Outros estudos mostram a eficiência de VIGS para controlar diferentes pragas agríco-
las (Kumar et al., 2012; Wuriyanghan & Falk, 2013; Taning et al., 2018), confirmando
o potencial deste método que pode ser expandido para o manejo de fitopatógenos ha-
bitantes do floema. Além dos vírus, a entrega de duplexes de RNA expressos em bacté-
rias também já foi investigada, com obtenção de resultados positivos para a proteção
de culturas (Yin et al., 2009; Gan et al., 2010; Shen et al., 2014).
Estratégias adicionais envolvendo a aplicação tópica de RNAs em plantas têm
sido testadas para controle de insetos-praga, como a entrega de dsRNA por sistemas
radiculares e troncos. A irrigação das raízes de arroz e milho com soluções de dsRNAs
direcionados a genes de duas pragas agrícolas, Nilaparvata lugens e Ostrinia furnacalis,
aumentou a taxa de mortalidade dos insetos após alimentação nas plantas tratadas (Li
et al., 2015a). De forma semelhante, moléculas de dsRNA foram eficientemente apli-
cadas em árvores cítricas e videiras via irrigação das raízes e injeções nos troncos,
reduzindo a sobrevivência de psilídeos e cigarrinhas (Hunter et al., 2012). Ghosh e co-
laboradores (2017) observaram que a expressão dos genes juvenile hormone acid O-me-
thyltransferase (JHAMT) e vitellogenin (Vg) reduziram significativamente quando ninfas
do percevejo marmorado marrom (Halyomorpha halys) se alimentaram de feijões ver-
des imersos em uma solução contendo dsRNAs homólogos a estes dois genes-alvos.
O método de infiltração direta de moléculas de dsRNA em planta usando seringa
sem agulha foi utilizado para silenciamento de genes em Arabidopsis thaliana (Numata
et al., 2014). Este e os demais métodos mencionados anteriormente visando o controle
de pragas podem ser adaptados para outros modelos de estudo, incluindo fitopatóge-
nos que colonizam raízes e sistemas vasculares. Contudo, o sucesso de qualquer estra-
tégia para indução tópica de RNAi depende da entrada eficiente e transporte sistêmico
dos duplexes de RNA, garantindo a proteção da planta inteira contra o patógeno. Além
disso, a estabilidade das moléculas também interfere na eficácia do silenciamento e
durabilidade da proteção. De acordo com Goodfellow et al. (2019), seja no interior da
planta ou apenas depositados sobre ela, os RNAs podem ser degradados por meio fí-
tradução (Thomason & Storz, 2010; Georg & Hess, 2011; Good & Stach, 2011); um me-
canismo de regulação gênica semelhante ao RNAi. Como uma alternativa para o con-
trole de bactérias, a aplicação exógena de RNAs antisensos pode ser utilizada, embora
essas moléculas de fita simples sejam mais suscetíveis a nucleases das plantas e, por
isso, precisem de formulações adicionais (Dalakouras et al., 2020). Além disso, é pos-
sível realizar o manejo destes fitopatógenos usando estratégias indiretas baseadas em
RNAi, como a aplicação de dsRNAs direcionados a insetos que são vetores de bactérias
ou dsRNAs homólogos aos genes da planta hospedeira que são essenciais para a ade-
rência, entrada nas células e replicação bacteriana.
8. Perspectivas e desafios
A maior parte das ferramentas de manejo fitossanitário visa a proteção de plan-
tas tendo como base o combate às pragas e fitopatógenos. A abordagem explorada nes-
te capítulo, por outro lado, aposta na indução e potencialização da resposta de defesa
natural das plantas. Enquanto a agricultura caminhou no passado para a seleção de
cultivares com grande produtividade e respostas positivas à adição de insumos agríco-
las, como fertilizantes, percebe-se que houve uma tendência à seleção de plantas com
baixa imunidade a fitopatógenos em geral. Ainda conhecemos pouco sobre a fisiologia
das plantas, principalmente com relação às respostas aos estresses bióticos, mas sa-
bemos da importância da interação entre elas e tudo que as cercam. A aplicação tópica
de duplexes de RNA em plantas não resistentes a uma doença, desencadeando uma
resposta natural e efetiva de proteção contra o patógeno, pode se tornar uma realidade
em campo.
Será possível gerar uma planta resistente a todas as doenças? Difícil, por causa
do custo energético para as células e a provável baixa eficiência para múltiplos alvos;
mas certamente será possível proteger contra aquele patógeno mais frequente e mais
devastador. Para tanto, é preciso aprofundar no conhecimento da relação patógeno-
-hospedeiro frente aos duplexes de RNA, como por exemplo, detalhes sobre: (i) melhor
forma de entrega das moléculas; (ii) transporte, processamento e estabilidade das mo-
léculas; (iii) velocidade de resposta; (iv) durabilidade da proteção; (v) especificidade; e
(vi) sensibilidade. Além disso, é necessário selecionar genes-alvos efetivos e avançar
nos estudos de síntese dos duplexes de RNA. Outro ponto importante é o custo da apli-
cação em campo, que precisa ser acessível ao produtor. Finalmente, é preciso regula-
mentar a comercialização e o uso tópico dos duplexes de RNA, que provavelmente não
deverão ser categorizados como afins de agrotóxico e nem como transgênicos. Acredi-
tamos que vale a pena o investimento nesta estratégia. O futuro nos dirá se, de fato, ela
será consolidada como uma potente ferramenta de combate aos fitopatógenos.
Tabela 1. Estudos envolvendo a aplicação tópica de duplexes de RNA em plantas para o controle
de fungos e vírus fitopatogênicos.
Método
Patógeno e Duplex Planta Hos-
de Aplica- Efeito Referência
(Gene) Alvos de RNA pedeira
ção
Fungos Fitopatogênicos
Fusarium graminea- Redução do crescimento
rum dsRNA e fúngico; sintomas mais Koch et al.
Pulverização Cevada
(CYP51A, CYP51B, siRNA leves; supressão dos (2016)
e CYP51C) transcritos alvos
Tomate,
Redução do crescimento
Aplicação morango,
Botrytis cinerea dsRNA e fúngico; sintomas mais Wang et al.
direta* e pul- uva, alface,
(DCL1 e DCL2) siRNA leves; supressão dos (2016)
verização cebola, rosa e
transcritos alvos
Arabidopsis
Sclerotinia sclerotio-
Aplicação
rum Redução da infecção por
direta* Canola e McLoughlin
(59 genes) dsRNA S. sclerotiorum e B. cine-
+ Silwet Arabidopsis et al. (2018)
Botrytis cinerea rea; sintomas mais leves
L-77
(5 genes homólogos)
Redução da patogeni-
cidade e resistência ao
Fusarium asiaticum Song et al.
dsRNA Pulverização Trigo fungicida fenamacril;
(Myo5) (2018b)
supressão do transcrito
alvo
Atividade antifúngica de
amplo espectro contra
F. asiaticum, B. cinerea,
Magnaporthe oryzae e
Fusarium asiaticum Pepino, soja, Gu et al.
dsRNA Pulverização Colletotrichum trunca-
(β2-tubulin) cevada, trigo (2019)
tum; sintomas mais leves;
redução da resistência de
F. asiaticum ao fungicida
carbendazim
Vírus Fitopatogênicos†
Método
Patógeno e Duplex Planta Hos-
de Aplica- Efeito Referência
(Gene) Alvos de RNA pedeira
ção
Redução do título viral;
dsRNA e Yin et al.
TMV (CP) Mecânico Tabaco sintomas ausentes ou
hpRNA (2009)
mais leves
Redução na incidência da
doença; Gan et al.
SCMV (CP) hpRNA Pulverização Milho
sintomas ausentes ou (2010)
mais leves
Redução do título viral;
Sun et al.
PVY (NIb) hpRNA Mecânico Tabaco sintomas ausentes ou
(2010a)
mais leves
Redução dos títulos virais
PVY (HC-Pro, NIb e
(vírus não detectados); Sun et al.
CP) hpRNA Mecânico Tabaco
sintomas ausentes ou (2010b)
TMV (RP, MP e CP)
mais leves
Supressão do transcrito
dsRNA e alvo; Lau et al.
CymMV (CP) Mecânico Orquídea
ssRNA sintomas ausentes ou (2014)
mais leves
Bombardea- Redução do título viral; Safarova
PSbMV (CP) dsRNA Ervilha
mento sintomas mais leves et al. (2014)
Redução do título viral;
Shen et al.
PRSV (CP) hpRNA Mecânico Mamão sintomas ausentes ou de-
(2014)
senvolvidos tardiamente
Redução do título viral
e incidência da doença;
TMV sintomas desenvolvidos Konakalla
dsRNA Mecânico Tabaco
(p126 e CP) tardiamente; et al. (2016)
aumento na biomassa
das plantas
Redução do título viral
(vírus não detectado);
menor porcentagem
PMMoV (RP) Tabaco e de infecção em curto e Mitter et al.
hpRNA** Pulverização
CMV (2b) feijão-caupi longo prazos; redução no (2017a)
número de lesões locais
em hospedeiras hiper-
sensíveis
Redução do título viral
Pepino,
ZYMV (vírus não detectado) e Kaldis et al.
dsRNA Mecânico melancia e
(HC-Pro e CP) incidência da doença; (2018)
abóbora
sintomas ausentes
Redução da dissemi-
TMV Mecânico e N. benthami- nação viral local e sis- Niehl et al.
dsRNA
(RP e rep-MP) pulverização ana têmica; alterações nos (2018)
sintomas
Redução do título viral
SeMV Sesbania e incidência da doença; Konakalla et
dsRNA Mecânico
(CP e MP) grandiflora sintomas desenvolvidos al. (2019)
tardiamente
Método
Patógeno e Duplex Planta Hos-
de Aplica- Efeito Referência
(Gene) Alvos de RNA pedeira
ção
Redução do título viral
ToLCV
Tomate e (vírus não detectado) e Namgial
(AC1/AC4 e AV1/AV2) dsRNA Mecânico
tabaco incidência das doenças; et al. (2019)
CMV(2b)
sintomas ausentes
N. bentha- Redução do título viral
BCMV Worrall et al.
dsRNA** Pulverização miana (vírus não detectado) e da
(NIb e CP) (2019)
e feijão-caupi porcentagem de infecção
Redução do título viral
PRSV (vírus não detectado); Vadlamudi
dsRNA Mecânico Mamão
(CP e HC-Pro) sintomas ausentes ou et al. (2020)
mais leves
Redução dos títulos virais
(vírus não detectados)
e das taxas de infecção;
Tomate, taba-
menor número de lesões Rêgo-Ma-
ToMV (CP e MP) Mecânico e co e
dsRNA locais em hospedeiras chado
PVY (CP) pulverização Chenopodium
hipersensíveis; sintomas et al. (2020)
quinoa
ausentes ou mais leves;
melhor desenvolvimento
das plantas
†
Pepper mild mottle virus (PMMoV), Tobacco etch virus (TEV), Alfalfa mosaic virus (AMV), Plum pox virus
(PPV), Tobacco mosaic virus (TMV), Sugarcane mosaic virus (SCMV), Potato virus Y (PVY), Cymbidium
mosaic virus (CymMV), Pea seed borne mosaic virus (PSbMV), Papaya ringspot virus (PRSV), Cucumber
mosaic virus (CMV), Zucchini yellow mosaic virus (ZYMV), Sesbania mosaic virus (SeMV), Tomato leaf curl
virus (ToLCV), Bean common mosaic virus (BCMV) e Tomato mosaic virus (ToMV).
*
Entrega direta das moléculas na superfície da planta (sem mais especificações).
**
Moléculas puras ou carreadas em nanopartículas de argila com dupla camada de hidróxido (BioClay).
9. Referências bibliográficas
AALTO, A.P. et al. Large-scale production of dsRNA and siRNA pools for RNA interference utiliz-
ing bacteriophage ϕ6 RNA-dependent RNA polymerase. Rna, v. 13, p. 422-429, 2007.
ANDRADE, E.C.; HUNTER, W.B. RNA interference – Natural gene-based technology for high-
ly specific pest control (HiSPeC). Ed. Abdurakhmonov, I. Y. (Croatia IntechOpen), p. 391-
409, 2016.
ARAGÃO, F.J.L.; NOGUEIRA, E.O.P.L.; TINOCO, M.L.P.; FARIA, J.C. Molecular characterization of
the first commercial transgenic common bean immune to the Bean golden mosaic virus. Jour-
nal of Biotechnology, v. 166, p. 42-50, 2013.
AXTELL, M.J. Classification and comparison of small RNAs from plants. Annual Review of Plant
Biology, v. 64, p. 5.1-5.23, 2013.
BALDRICH, P. et al. Plant extracellular vesicles contain diverse small RNA species and are en-
riched in 10 to 17 nucleotide “tiny” RNAs. The Plant Cell, v. 31, p. 315-324, 2019.
BANERJEE, S. et al. Host delivered RNAi of two cuticle collagen genes, Mi-col-1 and Lemmi-5
hampers structure and fecundity in Meloidogyne incognita. Frontiers in Plant Science, v. 8,
p. 2266, 2018.
BARTOSZEWSKI, R.; SIKORSKI, A.F. Editorial focus: understanding off-target effects as the key to
successful RNAi therapy. Cellular & Molecular Biology Letters, v. 24, p. 1-23, 2019.
BAUMBERGER, N.; BAULCOMBE, D.C. Arabidopsis ARGONAUTE1 is an RNA slicer that selectively
recruits microRNAs and short interfering RNAs. Proceedings of the National Academy of
Sciences, v. 102, p. 11928-11933, 2005.
BORGES, F.; MARTIENSSEN, R.A. The expanding world of small RNAs in plants. Nature Reviews
Molecular Cell Biology, v. 16, p. 727-741, 2015.
BRAASCH, D.A. et al.. RNA interference in mammalian cells by chemically-modified RNA. Bio-
chemistry, v. 42, p. 7967-7975, 2003.
CAGLIARI, D. et al. Management of pest insects and plant diseases by non-transformative RNAi.
Frontiers in Plant Science, v. 10, p. 1319, 2019.
CAI, Q. et al. Plants send small RNAs in extracellular vesicles to fungal pathogen to silence viru-
lence genes. Science, v. 360, p. 1126-1129, 2018.
CARMELL, M.A.; HANNON, G.J. RNase III enzymes and the initiation of gene silencing. Nature
Structural & Molecular Biology, v. 11, p. 214-218, 2004.
CASTELLANOS, N.L.; SMAGGHE, G.; SHARMA, R.; OLIVEIRA, E.E.; CHRISTIAENS, O. Liposome
encapsulation and EDTA formulation of dsRNA targeting essential genes increase oral RNAi-
caused mortality in the Neotropical stink bug Euschistus heros. Pest Management Science, v.
75, p. 537-548, 2019.
CHURIKOV, N.A.; CHISTIAKOVA, L.G.; ZAVIL’GEL’SKIĬ, G.B.; MANUKHOV,I.V. RNA interference
in Escherichia coli cells: the expression of molecules that are complementary to the lon gene
mRNA in parallel orientation. Genetika, v. 36, p. 23-27, 2000.
COGONI, C. et al. Transgene silencing of the al-1 gene in vegetative cells of Neurospora is mediated
by a cytoplasmic effector and does not depend on DNA-DNA interactions or DNA methylation.
The EMBO Journal, v. 15, p. 3153-3163, 1996.
CUNNINGHAM, F.J.; GOH, N.S.; DEMIRER, G.S.; MATOS, J.L.; LANDRY, M.P. Nanoparticle-medi-
ated delivery towards advancing plant genetic engineering. Trends in Biotechnology, v. 36,
p. 882-897, 2018.
DALAKOURAS, A. et al. Delivery of hairpin RNAs and small RNAs into woody and herbaceous
plants by trunk injection and petiole absorption. Frontiers in Plant Science, v. 9, p. 1253,
2018.
DALAKOURAS, A. et al. Genetically modified organism-free RNA interference: exogenous appli-
cation of RNA molecules in plants. Plant Physiology, v. 182, p. 38-50, 2020.
DALAKOURAS, A. et al. Induction of silencing in plants by high-pressure spraying of in vitro-syn-
thesized small RNAs. Frontiers in Plant Science, v. 7, p. 1327, 2016.
DALMAY, T.; HAMILTON, A.; RUDD, S., ANGELL, S.; BAULCOMBE, D.C. An RNA-dependent RNA
polymerase gene in Arabidopsis is required for post-transcriptional gene silencing mediated
by a transgene but not by a virus. Cell, v. 101, p. 543-553, 2000.
DANG, Y; YANG, Q; XUE, Z; LIU, Y. RNA interference in fungi: pathways, functions, and applica-
tions. Eukaryotic Cell, v. 10, p. 1148-1155, 2011.
DING, B.; ITAYA, A.; ZHONG, X. Viroid trafficking: a small RNA makes a big move. Current Opin-
ion in Plant Biology, v. 8, p. 606-612, 2005.
DONG, Y.; SIEGWART, D.J.; ANDERSON, D.G. Strategies, design, and chemistry in siRNA delivery
systems. Advanced Drug Delivery Reviews, v. 144, p. 133-147, 2019.
GOODFELLOW, S.; ZHANG, D.; WANG, M.B.; ZHANG, R. Bacterium-mediated RNA interference:
potential application in plant protection. Plants, v. 8, p. 572, 2019.
GU, K. X. et al. A β2-tubulin dsRNA derived from Fusarium asiaticum confers plant resistance to
multiple phytopathogens and reduces fungicide resistance. Pesticide Biochemistry and
Physiology, v. 153, p. 36-46, 2019.
GULERIA, P.; MAHAJAN, M.; BHARDWAJ, J.; YADAV, S.K. Plant small RNAs: biogenesis, mode of
action and their roles in abiotic stresses. Genomics, Proteomics and Bioinformatics, v. 9, p.
183-199, 2011.
GUO, S.; KEMPHUES, K.J. Par-1, a gene required for establishing polarity in C. elegans embryos, en-
codes a putative Ser/Thr kinase that is asymmetrically distributed. Cell, v. 81, p. 611-620, 1995.
HAJERI, S.; KILLINY, N.; EL-MOHTAR, C.; DAWSON, W.O.; GOWDA, S. Citrus tristeza virus-based
RNAi in citrus plants induces gene silencing in Diaphorina citri, a phloem-sap sucking insect
vector of citrus greening disease (Huanglongbing). Journal of Biotechnology, v. 176, p. 42-
49, 2014.
HAM, B. K. et al. A polypyrimidine tract binding protein, pumpkin RBP50, forms the basis of a
phloem-mobile ribonucleoprotein complex. The Plant Cell, v. 21, p. 197-215, 2009.
HEINLEIN, M.; EPEL, B.L. Macromolecular transport and signaling through plasmodesmata. In-
ternational Review of Cytology, v. 235, p. 93-164, 2004.
HOHN, T.; VAZQUEZ, F. RNA silencing pathways of plants: silencing and its suppression by plant
DNA viruses. Biochimica et Biophysica Acta (BBA)-Gene Regulatory Mechanisms, v. 1809,
p. 588-600, 2011.
HOLEN, T.; AMARZGUIOUI, M.; WIIGER, M.T.; BABAIE, E.; PRYDZ, H. Os efeitos posicionais de pe-
quenos RNAs de interferência direcionados ao fator de tecido desencadeador da coagulação
humana. Pesquisa de Ácidos Nucleicos, v. 30, p. 1757-1766, 2002.
HONE, D. Recombinant double-stranded RNA phage, and use of the same. U.S. Patent n. 7,
569, 219, 2009.
HUANG, G.; ALLEN, R.; DAVIS, E.L.; BAUM, T.J.; HUSSEY, R.S. Engineering broad root-knot resis-
tance in transgenic plants by RNAi silencing of a conserved and essential root-knot nematode
parasitism gene. PNAS USA, v. 103, p. 14302-14306, 2006.
HUANG, L. et al. Efficient and specific gene knockdown by small interfering RNAs produced in
bacteria. Nature biotechnology, v. 31, p. 350-356, 2013.
HUNTER, W.B.; GLICK, E.; PALDI, N.; BEXTINE, B.R. Advances in RNA interference: dsRNA treat-
ment in trees and grapevines for insect pest suppression. Southwestern Entomologist, v. 37,
p. 85-87, 2012.
JACKSON, A. L. et al. Expression profiling reveals off-target gene regulation by RNAi. Nature
Biotechnology, v. 21, p. 635–637, 2003.
JACOBSEN, S.E.; RUNNING, M.P.; MEYEROWITZ, E.M. Disruption of an RNA helicase/RNAse III
gene in Arabidopsis causes unregulated cell division in floral meristems. Development, v. 126,
p. 5231-5243, 1999.
JIANG, L. et al. Systemic gene silencing in plants triggered by fluorescent nanoparticle-delivered
double-stranded RNA. Nanoscale, v. 6, p. 9965-9969, 2014.
JOGA, M.R.; ZOTTI, M.J.; SMAGGHE, G.; CHRISTIAENS, O. RNAi efficiency, systemic properties,
and novel delivery methods for pest insect control: what we know so far. Frontiers in Physi-
ology, v. 7, p. 553, 2016.
LAU, S.E. et al. Crude extracts of bacterially-expressed dsRNA protect orchid plants against Cym-
bidium mosaic virus during transplantation from in vitro culture. The Journal of Horticultural
Science and Biotechnology, v. 89, p. 569-576, 2014.
LEE, J. Y. et al. Plasmodesmal-associated protein kinase in tobacco and Arabidopsis recognizes a
subset of non-cell-autonomous proteins. The Plant Cell, v. 17, p. 2817-2831, 2005.
LI, H.; GUAN, R.; GUO, H.; MIAO, X. New insights into an RNAi approach for plant defence against
piercing-sucking and stem-borer insect pests. Plant, Cell & Environment, v. 38, p. 2277-
2285, 2015a.
LI, Y. et al. Cathepsin B cysteine proteinase is essential for the development and pathogenesis of
the plant parasitic nematode Radopholus similis. International Journal of Biological Scien-
ces, v. 11, p. 1073-1087, 2015b.
LIN, Y.H.; HUANG, J.H.; LIU, Y.; BELLES, X.; LEE, H.J. Oral delivery of dsRNA lipoplexes to German
cockroach protects dsRNA from degradation and induces RNAi response. Pest Management
Science, v. 73, p. 960-966, 2017.
LINDBO, J.A.; DOUGHERTY, W.G. Untranslatable transcripts of the tobacco etch virus coat pro-
tein gene sequence can interfere with tobacco etch virus replication in transgenic plants and
protoplasts. Virology, v. 189, p. 725-733, 1992.
LINDBO, J.A.; SILVA-ROSALES, L.; PROEBSTING, W.M.; DOUGHERTY, W.G. Induction of a highly
specific antiviral state in transgenic plants: implications for regulation of gene expression
and virus resistance. The Plant Cell, v. 5, p. 1749-1759, 1993.
LIU, H. et al.. Inner plant values: diversity, colonization and benefits from endophytic bacteria.
Frontiers in Microbiology, v. 8, p. 2552, 2017.
LIU, J. et al. Hannon Argonaute2 is the catalytic engine of mammalian RNAi. Science, v. 305, p.
1437-1441, 2004.
MAIZEL, A.; MARKMANN, K.; TIMMERMANS, M.; WACHTER, A. To move or not to move: roles
and specificity of plant RNA mobility. Current Opinion in Plant Biology, v. 57, p. 52-60, 2020.
MANTELIN, S. et al.. The receptor-like kinase SlSERK1 is required for Mi-1-mediated resistance
to potato aphids in tomato. The Plant Journal, v. 67, p. 459-471, 2011.
MAO, Z. et al. The new CaSn gene belonging to the snakin family induces resistance against root-
-knot nematode infection in pepper. Phytoparasitica, v. 39, p. 151-164, 2011.
MARGIS, R. et al. The evolution and diversification of Dicers in plants. FEBS Letters, v. 580, p.
2442-2450, 2006.
MATZKE, M.A.; PRIMIG, M.; TRNOVSKY, J.; MATZKE, A.J.M. Reversible methylation and inactiva-
tion of marker genes in sequentially transformed tobacco plants. The EMBO Journal, v. 8, p.
643-649, 1989.
McLOUGHLIN, A.G. et al. Identification and application of exogenous dsRNA confers plant pro-
tection against Sclerotinia sclerotiorum and Botrytis cinerea. Scientific Reports, v. 8, p. 7320,
2018.
MELNYK, C.W.; MOLNAR, A.; BAULCOMBE, D.C. Intercellular and systemic movement of RNA
silencing signals. The EMBO Journal, v. 30, p. 3553-3563, 2011.
MERMIGKA, G.; VERRET, F.; KALANTIDIS, K. RNA silencing movement in plants. Journal of In-
tegrative Plant Biology, v. 58, p. 328-342, 2016.
MICURA, R. Small interfering RNAs and their chemical synthesis. Angewandte Chemie Inter-
national Edition, v. 41, p. 2265-2269, 2002.
MITTER, N. et al. Clay nanosheets for topical delivery of RNAi for sustained protection against
plant viruses. Nature Plants, v. 3, p. 16207, 2017a.
MITTER, N.; WORRALL, E.A.; ROBINSON, K.E.; XU, Z.P.; CARROLL, B.J. Induction of virus resis-
tance by exogenous application of double-stranded RNA. Current Opinion in Virology, v. 26,
p. 49-55, 2017b.
MOGREN, C.L.; LUNDGREN, J.G. In silico identification of off-target pesticidal dsRNA binding in
honey bees (Apis mellifera). PeerJ, v. 5, p. e4131, 2017.
MONTGOMERY, M.K.; XU, S.; FIRE, A. RNA as a target of double-stranded RNA-mediated genetic
interference in Caenorhabditis elegans. Proceedings of the National Academy of Sciences, v.
95, p. 15502-15507, 1998.
MOROZOV, S.Y.; SOLOVYEV, A.G.; KALININA, N.O.; TALIANSKY, M.E. Double-stranded RNAs in
plant protection against pathogenic organisms and viruses in agriculture. Acta Naturae, v.
11, p. 13-21, 2019.
MORRIS, K.V.; CHAN, S.W.; JACOBSEN, S.E.; LOONEY, D.J. Small interfering RNA-induced tran-
scriptional gene silencing in human cells. Science. v. 305, p. 1289-1292, 2004.
NAMGIAL, T.; KALDIS, A.; CHAKRABORTY, S.; VOLOUDAKIS, A. Topical application of dou-
ble-stranded RNA molecules containing sequences of Tomato leaf curl virus and Cucumber mo-
saic virus confers protection against the cognate viruses. Physiological and Molecular Plant
Pathology, v. 108, p. 101432, 2019.
NANDETY, R.S.; KUO, Y.W.; NOURI, S.; FALK, B.W. Emerging strategies for RNA interference
(RNAi) applications in insects. Bioengineered, v. 6, p. 8-19, 2015.
NAPOLI, C.; LEMIEUX, C.; JORGENSEN, R. Introduction of a chimeric chalcone synthase gene
into petunia results in reversible co-suppression of homologous genes in trans. The Plant
Cell, v. 2, p. 279-289, 1990.
NELSON, R. International plant pathology: past and future contributions to global food security.
Phytopathology, v. 110, p. 245-253, 2020.
NIEHL, A.; SOININEN, M.; PORANEN, M.M.; HEINLEIN, M. Synthetic biology approach for plant
protection using dsRNA. Plant Biotechnology Journal, v. 16, p. 1679-1687, 2018.
NUMATA, K.; OHTANI, M.; YOSHIZUMI, T.; DEMURA, T.; KODAMA, Y. Local gene silencing in
plants via synthetic dsRNA and carrier peptide. Plant Biotechnology Journal, v. 12, p. 1027-
1034, 2014.
OERKE, E.C. Crop losses to pests. The Journal of Agricultural Science, v. 144, p. 31-43, 2006.
PALAUQUI, J.C.; ELMAYAN, T.; POLLIEN, J.M.; VAUCHERET, H. Systemic acquired silencing:
transgene-specific post-transcriptional silencing is transmitted by grafting from silenced
stocks to non-silenced scions. The EMBO Journal, v. 16, p. 4738-4745, 1997.
PALLI, S.R. RNA interference in Colorado potato beetle: steps toward development of dsRNA as
a commercial insecticide. Current Opinion in Insect Science, v. 6, p.1-8, 2014.
PARENT, J.S., MARTINEZ, A.A.E.; VAUCHERET, H. The origin and effect of small RNA signaling
in plants. Frontiers in Plant Science, v. 3, p.179, 2012.
PARKER, J.S. How to slice: snapshots of Argonaute in action. Silence, v. 1, p. 3, 2010.
PHAM, J.W.; PELLINO, J.L.; LEE, Y.S.; CARTHEW, R.W.; SONTHEIMER, E.J.A Dicer-2-dependent
80s complex cleaves targeted mRNAs during RNAi in Drosophila. Cell, v. 117, p. 83-94, 2004.
POPEK, S.; HALAGARDA, M. Genetically modified foods: consumer awareness, opinions and
attitudes in selected EU countries. International Journal of Consumer Studies, v. 41, p.
325-332, 2017.
sonegóta P l d icnêts eR 207
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
7
O L U T Í P A C N AR E D I G O L C T À Ã S E R P U O A D - ELORT N C A PNR ED ACI Ó T O ÃÇ LP ED S i M X O INACE , O IRÓ TS H :
SONEGÓ T A PO T IF ED
RÊGO-MACHADO, C. M. et al. siRNA biogenesis and advances in topically applied dsRNA for
controlling virus infections in tomato plants. Scientific Reports, v. 10, p. 22277, 2020.
ROBERTSON, H.D.; WEBSTER, R.E.; ZINDER, N.D. Purification and properties of ribonuclease
III from Escherichia coli. Journal of Biological Chemistry, v. 243, p. 82-91, 1968.
ROMANO, N.; MACINO, G. Quelling: transient inactivation of gene expression in Neurospo-
ra crassa by transformation with homologous sequences. Molecular Microbiology, v. 6, p.
3343–3353, 1992.
ROSA, C.; KUO, Y.W.; WURIYANGHAN, H.; FALK, B.W. RNA interference mechanisms and ap-
plications in plant pathology. Annual Review of Phytopathology, v. 56, p. 581-610, 2018.
ROSAS-DIAZ, T. et al. A virus-targeted plant receptor-like kinase promotes cell-to-cell spread
of RNAi. PNAS USA, v. 115, p. 1388-1393, 2018.
RUIZ, M.T.; VOINNET, O.; BAULCOMBE, D.C. Initiation and maintenance of virus-induced gene
silencing. Plant Cell, v. 10, p. 937-946, 1998.
SAFAROVA, D.; BRAZDA, P.; NAVRATIL, M. Effect of artificial dsRNA on infection of pea plants
by Pea seed-borne mosaic virus. Czech Journal of Genetics and Plant Breeding, v. 50, p. 105-
108, 2014.
SANFORD, J.C.; JOHNSTON, S.A. The concept of parasite-derived resistance-deriving resis-
tance genes from the parasite’s own genome. Journal of Theoretical Biology, v. 113, p.
395-405, 1985.
SAVARY, S. et al.. The global burden of pathogens and pests on major food crops. Nature Ecol-
ogy & Evolution, v. 3, p. 430-439, 2019.
SCHAUER, S.E.; JACOBSEN, S.E.; MEINKE, D.W.; RAY, A. DICER-LIKE1: blind men and elephants
in Arabidopsis development. Trends in Plant Science, v. 7, p. 487-491, 2002.
SCHWARZ, D.S. et al. Asymmetry in the assembly of the RNAi enzyme complex. Cell, v. 115, p.
199-208, 2003.
SENTHIL-KUMAR, M.; MYSORE, K.S. New dimensions for VIGS in plant functional genomics.
Trends in Plant Science, v. 16, p. 656-665, 2011.
SHEN, W. et al. Resistance of non-transgenic papaya plants to Papaya ringspot virus (PRSV) me-
diated by intron-containing hairpin dsRNAs expressed in bacteria. Acta Virologica, v. 58, p.
261-266, 2014.
SOHAIL, M.; DORAN, G.; RIEDEMANN, J.; MACAULAY, V.; SOUTHERN, E.M. A simple and
cost-effective method for producing small interfering RNAs with high efficacy. Nucleic
Acids Research, v. 31, p. 38-38, 2003.
SONG, J.J.; SMITH, S.K.; HANNON, G.J.; JOSHUA-TOR, L. Crystal structure of Argonaute and its
implications for RISC slicer activity. Science, v. 305, p. 1434-1437, 2004.
SONG, X. S. et al. Secondary amplification of siRNA machinery limits the application of spray-in-
duced gene silencing. Molecular Plant Pathology, v. 19, p. 2543-2560, 2018a.
SONG, X. S. et al. A myosin5 dsRNA that reduces the fungicide resistance and pathogenicity of
Fusarium asiaticum. Pesticide Biochemistry and Physiology, v. 150, p. 1-9, 2018b.
STEEVES, R.M.; TODD, T.C.; ESSIG, J.S.; TRICK, H.N. Transgenic soybeans expressing siRNAs
specific to a major sperm protein gene suppress Heterodera glycines reproduction. Functional
Plant Biology, v. 33, p. 991-999, 2006.
STRANGE, R.N.; SCOTT, P.R. Plant disease: a threat to global food security. Annual Review of
Phytopathology, v. 43, p. 83-116, 2005.
SUN, Z.N.; SONG, Y.Z.; YIN, G.H.; ZHU, C.X.; WEN, F.J. HpRNAs derived from different regions of
the NIb gene have different abilities to protect tobacco from infection with Potato virus Y. Jour-
nal of Phytopathology, v. 158, p. 566-568, 2010a.
SUN, Z. N. et al. Bacterially expressed double-stranded RNAs against hotspot sequences of to-
bacco mosaic virus or potato virus Y genome have different ability to protect tobacco from
viral infection. Applied Biochemistry and Biotechnology, v. 162, p. 1901-1914, 2010b.
TANING, C. N. T. et al. Engineered flock house virus for targeted gene suppression through RNAi in
fruit flies (Drosophila melanogaster) in vitro and in vivo. Frontiers in Physiology, v. 9, p. 805, 2018.
TENLLADO, F.; DÍAZ-RUÍZ, J.R. Double-stranded RNA-mediated interference with plant virus
infection. Journal of Virology, v. 75, p. 12288-12297, 2001.
TENLLADO, F.; MARTÍNEZ-GARCÍA, B.; VARGAS, M.; DÍAZ-RUÍZ, J.R. Crude extracts of bacte-
rially expressed dsRNA can be used to protect plants against virus infections. BMC Biotech-
nology, v. 3, p. 3, 2003.
THOMASON, M.K.; STORZ, G. Bacterial antisense RNAs: how many are there, and what are they
doing? Annual Review of Genetics, v. 44, p. 167-188, 2010.
UNNAMALAI, N.; KANG, B.G.; LEE, W.S. Cationic oligopeptide-mediated delivery of dsRNA for
post-transcriptional gene silencing in plant cells. FEBS Letters, v. 566, p. 307-310, 2004.
VADLAMUDI, T. et al. DsRNA-mediated protection against two isolates of Papaya ringspot virus
through topical application of dsRNA in papaya. Journal of Virological Methods, v. 275, p.
113750, 2020.
VAN BLOKLAND. R.; VAN D. G.N.; MOL, J.N.M.; KOOTER, J.M. Transgene-mediated suppression
of chalcone synthase expression in Petunia hybrida results from an increase in RNA turnover.
The Plant Journal, v. 6, p. 861-877, 1994.
VAN DER LINDE, K.; KASTNER, C.; KUMLEHN, J.; KAHMANN, R.; DOEHLEMANN, G. Systemic
virus-induced gene silencing allows functional characterization of maize genes during bio-
trophic interaction with Ustilago maydis. New Phytologist, v. 189, p. 471-483, 2011.
VATANPARAST, M.; KIM, Y. Optimization of recombinant bacteria expressing dsRNA to enhan-
ce insecticidal activity against a lepidopteran insect, Spodoptera exigua. PLoS One, v. 12, p.
e0183054, 2017.
VAZQUEZ, F.; HOHN, T. Biogenesis and biological activity of secondary siRNAs in plants. Scien-
tifica, v. 2013, p. 1-12, 2013.
VOINNET, O. Use, tolerance and avoidance of amplified RNA silencing by plants. Trends in Plant
Science, v. 13, p. 317-328, 2008.
VOINNET, O.; BAULCOMBE, D.C. Systemic signalling in gene silencing. Nature, v. 389, p. 553-
553, 1997.
WALAWAGE, S. L. et al. Stacking resistance to crown gall and nematodes in walnut rootstocks.
BMC Genomics, v. 14, p. 668, 2013.
WANG, H.L.; CHEKANOVA, J.A. Small RNAs: essential regulators of gene expression and defen-
ses against environmental stresses in plants. Wiley Interdisciplinary Reviews-RNA, v. 7, p.
356-381, 2016.
WANG, H. W. et al. Structural insights into RNA processing by the human RISC-loading complex.
Nature Structural & Molecular Biology, v. 16, p. 1148, 2009.
WANG, M.; DEAN, R.A. Movement of small RNAs in and between plants and fungi. Molecular
Plant Pathology, v. 21, p. 589-601, 2020.
WANG, M.; JIN, H. Spray-induced gene silencing: a powerful innovative strategy for crop protec-
tion. Trends in Microbiology, v. 25, p. 4-6, 2017.
WANG, M. et al.. Bidirectional cross-kingdom RNAi and fungal uptake of external RNAs confer
plant protection. Nature Plants, v. 2, p. 16151, 2016.
WANG, X. B. et al. RNAi-mediated viral immunity requires amplification of virus-derived siRNAs
in Arabidopsis thaliana. PNAS USA, v. 107, p. 484-489, 2010.
WANG, Y. et al. Nucleation, propagation and cleavage of target RNAs in Ago silencing complexes.
Nature, v. 461, p. 754-761, 2009.
WANI, S.H.; SANGHERA, G.S.; SINGH, N.B. Biotechnology and plant disease control-role of RNA
interference. American Journal of Plant Sciences, v. 1, p. 55-68, 2010.
WATSON, J.M.; FUSARO, A.F.; WANG, M.; WATERHOUSE, P.M. RNA silencing platforms in plants.
FEBS Letters, v. 579, p. 5982-5987, 2005.
WATTS, J.K.; DELEAVEY, G.F.; DAMHA, M.J. Chemically modified siRNA: tools and applications.
Drug Discovery Today, v. 13, p. 842-855, 2008.
WHYARD, S.; SINGH, A.D.; WONG, S. Ingested double-stranded RNAs can act as species-specific
insecticides. Insect Biochemistry and Molecular Biology, v. 39, p. 824-832, 2009.
WORRALL, E. A. et al. Exogenous application of RNAi-inducing double-stranded RNA inhibits
aphid-mediated transmission of a plant virus. Frontiers in Plant Science, v. 10, p. 265, 2019.
WURIYANGHAN, H.; FALK, B.W. RNA Interference towards the potato psyllid, Bactericera cockerel-
li, is induced in plants infected with recombinant Tobacco mosaic virus (TMV). PLoS One, v. 8,
p. e66050, 2013.
XIANG, S. et al. In vitro and in vivo gene silencing by TransKingdom RNAi (tkRNAi). In: siRNA and
miRNA Gene Silencing. Humana Press, v. 487, p. 1-14, 2009.
YAO, M.C.; FULLER, P.; XI, X. Programmed DNA deletion as an RNA-guided system of genome
defense. Science, v. 300, p. 1581-1584, 2003.
YIN, G. et al. Production of double-stranded RNA for interference with TMV infection utilizing a
bacterial prokaryotic expression system. Applied Microbiology and Biotechnology, v. 84, p.
323-333, 2009.
ZHANG, H. et al. DNA nanostructures coordinate gene silencing in mature plants. PNAS USA, v.
116, p. 7543-7548, 2019.
ZHANG, W. et al. tRNA-related sequences trigger systemic mRNA transport in plants. The Plant
Cell, v. 28, p. 1237-1249, 2016.
ZHANG, X. et al. Mini review: revisiting mobile RNA silencing in plants. Plant Science, v. 278,
p.113-117, 2019.
ZHANG, Z. J. Artificial trans-acting small interfering RNA: a tool for plant biology study and crop
improvements. Planta, v. 239, p. 1139-1146, 2014.
ZOTTI, M. et al. RNA interference technology in crop protection against arthropod pests, patho-
gens and nematodes. Pest Management Science, v. 74, p. 1239-1250, 2018.
Resumo
O feijão-caupi [Vigna unguiculata (L.) Walp., subsp. unguiculata] compreende a prin-
cipal fonte de proteína vegetal de várias regiões tropicais de clima semiárido, incluin-
do o Nordeste brasileiro. Representa fonte proteica de considerável importância para
a nutrição humana em regiões semiáridas e tropicais do planeta. Vários fatores afetam
a produtividade do feijão-caupi, incluindo a incidência de doenças infecciosas. Dentre
essas, doenças causadas por vírus têm sido responsáveis por prejuízos e perdas signi-
ficativas na produção agrícola. No Brasil, as doenças virais figuram entre os problemas
sanitários mais importantes do feijão-caupi, com ênfase para a região Nordeste. O pre-
sente capítulo aborda e revisa diferentes aspectos das pesquisas envolvendo viroses
e feijão-caupi, com ênfase para as principais viroses identificadas, recursos genéticos
testados e fontes de resistência identificadas. A aplicação de marcadores moleculares
em associação com viroses merece destaque, especialmente no tópico mapeamento
genético. Finalmente, o estado da arte envolvendo ciências ômicas e biotecnologia é
reportado, bem como os cenários futuros envolvendo tais abordagens.
Palavras-chave: Cowpea severe mosaic virus, Cowpea aphid-borne mosaic virus, Po-
tyviridae, Bromoviridae, Herança, Biotecnologia.
1. Introdução
O feijão-caupi (Vigna unguiculata (L.) Walp.), também conhecido como feijão-macás-
sar, feijão-de-corda, feijão-da-colônia, feijão-da-praia, feijão-miúdo e feijão-fradinho
211
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
8
I AO G L U T N C E Í P B S A I M Ô , E R L U C O D A M , I N Ê T S E R O F : I P U A C - Ã J E M S O R I V -
Tabela 1. Vírus relatados em feijão-caupi (Vigna unguiculata), suas classificações segundo o Co-
mitê Internacional de Taxonomia de Vírus – ICTV, maneiras de transmissão, sintomas e ocorrência.
Compilado das revisões de Taiwo (2003) e Sastry et al. (2019).
Local de
Família Vírus Transmissão Sintomas
Ocorrência
Manchas amarelas ou
Pepino mosaic Inoculação mecâni-
Alphaflexiviridae um mosqueado verde- Grécia (Chipre)
virus (PepMV) ca através da seiva
-claro
Brasil, Egito,
Índia, Indonésia,
Mosca-branca
Mosaico angular. Clo- Israel, Quênia,
Cowpea mild mottle (Bemisia tabaci), se-
Betaflexiviridae rose nas nervuras ou Malásia, Nigé-
virus (CPMMV) mentes e inoculação
internerval ria, Tanzânia,
mecânica
Uganda, Mo-
çambique
Brasil, Arábia
Saudita, Índia,
Sementes, afídeos e
Cucumber mosaic Mosaico leve e manchas Estados Uni-
Bromoviridae inoculação mecâni-
virus (CMV) anelares sistêmicas dos (Flórida),
ca através da seiva
Nigéria e África
tropical
Afídeos e inoculação
Alfalfa mosaic virus Lesões cloróticas e Irã, Índia, Arábia
Bromoviridae mecânica através da
(AMV) necróticas, mosaico Saudita
seiva
Cowpea chlorot- Besouros e ino- Costa Rica,
Bromoviridae ic mottle virus culação mecânica Mosqueado intenso Nigéria, Estados
(CCMV) através da seiva Unidos
Afídeos e inoculação
Peanut stunt virus Mosqueado intenso,
Bromoviridae mecânica através da Sudão
(PSV) deformação foliar
seiva
Local de
Família Vírus Transmissão Sintomas
Ocorrência
Anéis e manchas cloró-
Tripes e inoculação ticas; machas e riscas Austrália, Es-
Tobacco streak
Bromoviridae mecânica através da necróticas, necrose dos tados Unidos,
virus (TSV)
seiva brotos apicais e morte Índia
da planta
Manchas escuras de
Tomato chlorosis
Closteroviridae Mosca-branca cor púrpura com clorose China
virus (ToCV)
internerval
Beet curly top Iran Mosaico, faixa das
Geminiviridae Cigarrinha Irã
virus (BCTIV) nervuras
Brasil, Nigéria,
Niger, Quênia,
Cowpea golden Mosaico amarelo bri-
Mosca-branca e Senegal, Mo-
Geminiviridae mosaic virus (CP- lhante e deformação
enxertia çambique, Índia,
GMV) foliar
Paquistão,
Tanzânia
Mungbean yellow Mosaico dourado, ama-
Geminiviridae mosaic India virus Mosca-branca relecimento e enrola- India
(MYMIV) mento das folhas
Tomato yellow leaf China e Trin-
Geminiviridae Mosca-branca Mosaico amarelo leve
curl vírus (TYLCV) dade
Faba bean necrot-
Amarelecimento e ne-
Nanoviridae ic yellows virus Afídeos Síria
crose foliar
(FBNYV)
Milk vetch dwarf
Nanoviridae Afídeos Enrolamento das folhas China
virus (MDV)
Blackeye cow- Brasil, Irã, India,
pea mosaic virus Sementes, inocu- Mosaico, clareamento Arábia Saudita,
Potyviridae (BICMV) ou Bean lação mecânica e das nervuras e folha Nigéria, Estados
common mosaic afídeos mosqueada Unidos e Vietnã
virus (BCMV) do Norte
Afídeos, Sementes
Bean yellow mosaic Mosqueado, distorção
Potyviridae e inoculação mecâ- Índia
virus (BYMV) das folhas
nica
Cowpea rugose
Afídeos e inoculação Mosaico, bolhosidade,
Potyviridae mosaic virus (CPR- Brasil
mecânica enrugamento,
MV)
Brasil, Estados
Unidos, Itália,
Mosqueado, mosaico,
Cowpea aphid-bor- Sementes, inocu- Holanda, Nigé-
manchas cloróticas,
Potyviridae ne mosaic virus lação mecânica e ria, Austrália,
bolhosidade e deforma-
(CABMV) afídeos Japão, Filipinas,
ção foliar
China, Marrocos
e Zâmbia.
Cowpea green Afídeos, sementes Escurecimento das ner-
Potyviridae vein-banding virus e inoculação mecâ- vuras, queda das folhas, Brasil
(CGVBV) nica redução do crescimento
Afídeos e inoculação
Peanut mottle virus Sem sintomas ou sinto- Estados Unidos
Potyviridae mecânica através da
(PeMoV) mas de mosaico leve (Geórgia)
seiva
Local de
Família Vírus Transmissão Sintomas
Ocorrência
Brasil, América
Intenso encrespamento Central e do
Besouro, sementes e
Cowpea severe mo- do limbo foliar, Mosaico, Sul, América do
Secoviridae inoculação mecâni-
saic virus (CPSMV) manchas cloróticas sis- Norte, Quênia,
ca através da seiva
têmicas, bolhosidade Niger, Peru e
Paquistão
Brasil, Quênia,
Cowpea mosaic Nigéria, Niger,
Besouro, sementes e
virus (CPMV) ou Mosaico e deformação Egito, países da
Secoviridae inoculação mecâni-
Cowpea Yellow mo- foliar África, Japão,
ca através da seiva
saic virus (CYMV) Cuba, India e
Estados Unidos
Necrose foliar intensa,
Nematoide e ino-
Tobacco ringspot mosqueado, anéis con-
Secoviridae culação mecânica Índia
virus (TRSV) cêntricos e deformação
através da seiva
foliar
Estados Unidos,
Besouro, sementes e
Southern bean mo- Mosqueado severo e Gana, Nigéria,
Solemoviridae inoculação mecâni-
saic virus (SBMV) deformação foliar Paquistão, Cos-
ca através da seiva
ta do Marfim
Southern cowpea Besouro, sementes e
Tennessee
Solemoviridae mosaic virus (SCP- inoculação mecâni- Mosaico mosqueado
(EUA)
MV) ca através da seiva
Nigéria, Cos-
Cowpea mottle Besouro sementes
Mosaico, mosqueado e ta do Marfim,
Tombusviridae virus (CPMoV) ou e inoculação mecâ-
deformação foliar Paquistão,
(CMeV) nica
Senegal
Groundnut bud Tripes e inoculação
Anéis cloróticos e ne-
Tospoviridae necrosis orthoto- mecânica através da Índia
cróticos
spovirus (GBNV) seiva
Tomato chlorotic Tripes e inoculação
Clorose, necrose e man- República Do-
Tospoviridae spot orthotospovi- mecânica através da
chas nas folhas e frutos minicana
rus (TCSV) seiva
Tripes e inoculação Clorose, necrose e
Tomato spotted wilt
Tospoviridae mecânica através da manchas de necrose e China
virus (TSWV)
seiva mosaico
Inoculação me-
Sunn-hemp mosaic cânica através da África tropical,
Virgaviridae Mosaico
virus (SHMV) seiva. Não tem vetor Nigéria
conhecido
Inoculação me-
Tobacco mosaic cânica através da Mosaico e deformação
Virgaviridae Índia
virus (TMV) seiva. Não tem vetor foliar
conhecido
Na Nigéria, país que figura como maior produtor mundial de feijão-caupi, foram
identificados nove tipos de vírus que infectam essa leguminosa (Sastry et al., 2019). No
Brasil, dentre os principais vírus reportados para o feijão-caupi, merecem destaque, pela
severidade e ampla ocorrência, o Cowpea severe mosaic virus (CPSMV) e o Cowpea aphid-bor-
ne mosaic virus (CABMV). Além destas espécies virais, o feijão-caupi também pode ser
infectado por Cowpea golden mosaic virus (CPGMV), Cucumber mosaic virus (CMV), Blackeye
cowpea mosaic virus (BICMV) e Cowpea green vein banding virus (CGVBV) (Lima et al., 2005).
O CPSMV pertence à família Secoviridae, gênero Comovirus. Apresenta partículas
com formas isométricas e genoma bipartido, constituído por duas moléculas de RNA de
fita simples. Em condições naturais, o CPSMV é disseminado por mais de dez espécies
de insetos vetores, principalmente besouros das espécies Cerotoma arcuata e Diabrotica
speciosa.
A doença causada pelo CPSMV é conhecida como mosaico-severo, em razão da
severidade de sintomas evidenciados nas plantas jovens infectadas, causando necrose
da extremidade superior do caule, morte dos brotos terminais e queda prematura das
folhas. Os sintomas nas folhas incluem lesões locais cloróticas, manchas cloróticas
e necróticas, mosaico severo, distorção foliar, redução da lâmina foliar, bolhosidade,
necrose sistêmica e mortes de algumas cultivares. Devido à severidade dos sintomas
este vírus é considerado o mais importante, com redução da produção de feijão-caupi
em até 70%, dependendo da época de ocorrência e da suscetibilidade da cultivar (Lima
et al., 2005), sendo relatado em praticamente todos os estados produtores do Norte e
Nordeste do Brasil.
O CABMV pertence ao gênero Potyvirus e à família Potyviridae. Possui partícula
alongada e flexuosa e genoma composto de uma única molécula de RNA de fita sim-
ples. Pode ser transmitido mecanicamente de uma planta infectada para uma planta
sadia, ou por meio de sementes de plantas hospedeiras, bem como através de afídeos,
destacando-se Aphis craccivora Koch como o principal vetor (Lima et al., 2005). Em ge-
ral, os sintomas são: mosqueado, mosaico, clorose, manchas cloróticas, bolhosidade,
deformação foliar e redução no crescimento das plantas. A maneira mais eficiente de
controle do CABMV é a utilização de variedades resistentes. Embora o CABMV provo-
que menores taxas de perda na produção, a infecção simultânea com o CPSMV ou com
o CMV pode ocasionar sintomas severos, devido ao sinergismo entre esses vírus, oca-
sionando o nanismo acompanhado de mosaico intenso, distorção foliar e em algumas
cultivares, necrose sistêmica (Barros et al., 2013).
O CMV, pertencente à família Bromoviridae e gênero Cucumovirus, apresenta par-
tículas poliédricas e genoma dividido em três moléculas de RNA de fita simples. Além
de interagir sinergisticamente com o CPSMV e o CABMV, possui maior gama de va-
riedades suscetíveis que apresentam sintomas de mosaico leve e manchas anelares
sistêmicas. A transmissão do CMV pode ser mecânica, por meio da inoculação de ex-
trato vegetal de plantas infectadas em plantas sadias, e por afídeos de maneira não-
-persistente, com destaque para A. gossypii e Myzus persicae (Pio-Ribeiro et al., 2005). As
estratégias de controle para o CMV também devem ser baseadas no uso de variedades
resistentes, devido ao difícil controle do inseto vetor e pelo caráter não-persistente de
transmissão (Lima et al., 2011).
usado por Asare-Bediako et al. (2018) com nota 1 (ausência de sintomas foliares), 2
(sintomas leves, com 1 a 25% de folhas infectadas), 3 (sintomas moderados, entre 26
a 50% de folhas infectadas), 4 (sintomas proeminentes, entre 51 a 75%) e 5 (sinto-
mas altamente severos, e acima de 75% de folhas infectadas).
Quadro 1. Caracterização, via código de cores*, das reações de genótipos de feijão-caupi às se-
guintes fitoviroses: Cowpea severe mosaic virus (CPSMV), Cowpea golden mosaic virus (CPGMV),
Cowpea aphid borne mosaic virus (CABMV), Blackeye cowpea mosaic virus (BICMV), Cucumber
mosaic virus (CMV). *Quadrados contendo mais de uma cor, apresentam as diferentes reações
documentadas num mesmo manuscrito; ou indicam que um genótipo foi analisado em trabalhos
diferentes e apresentaram reações diferentes nesses trabalhos.
vares com código inicial TVu ou IT citadas ao longo desse capítulo, como a IT85F-2687
resistente ao CABMV (Oliveira et al., 2012; Silva et al., 2019), além das TVu imunes ao
CPSMV e ao CABMV (Quadro 1). A cultivar TVu 382 foi utilizada como parental para
incorporação da resistência ao CPSMV após o cruzamento com a cultivar BR2-Bragan-
ça e as linhagens SLA-3 e MG-40, gerando progênies F3:4 após ciclos de seleção para
resistência ao vírus. Tais cruzamentos têm se mostrado promissores para a obtenção de
progênies do tipo manteiguinha e resistentes ao CPSMV (Lima, 2019).
Outra instituição que desenvolve pesquisas visando resistência do feijão-caupi
às viroses é o Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA). Recentemente foram desen-
volvidas no IPA 386 linhagens endogâmicas recombinantes após o cruzamento entre
os parentais contrastantes ao CABMV, IT85F-2687 (resistente) e BR-14 Mulato (susce-
tível), resultando em 174 linhagens resistentes ao CABMV (Silva et al., in prep. – dados
não publicados). Portanto, essas linhagens possuem grande possibilidade de serem
utilizadas em futuro próximo para o desenvolvimento e lançamento de cultivares de
feijão-caupi resistentes ao vírus e com características agronômicas desejáveis.
Exemplo(s) em
Acrônimo Descrição Vantagens Limitações Referência
Feijão-Caupi
Restriction Frag-
Uso de sondas
ment Lenght
radioativas;
Polymorphisms Alta reprodu-
Inexistência de
(Polimorfismo de tibilidade;
uma biblioteca de
Comprimento de Bons níveis Myers et al.
sondas; Requer
Fragmentos de Res- de polimorfis- (1996); Menén-
conhecimento
trição). Marcador mo; Botstein et dez et al. (1997);
RFLP prévio do geno-
baseado em hibri- Cobertura al., 1980 Ouédraogo et al.
ma;
dização. Consiste ampla do (2002); Fernandes
Elevado custo;
na digestão do DNA genoma; et al. (2003).
Técnica laborio-
com enzimas de Marcador co-
sa;
restrição e hibridi- dominante.
Não pode ser
zação com sondas
automatizada.
de DNA.
Random Amplified
Não requer
Polymorphism Baixa reprodutibi-
conhecimen- Menéndez et al.
DNA (Amplifica- lidade;
to prévio do (1997); Ouédraogo
ção Aleatória de Análise comple-
genoma; et al. (2002); Xa-
DNA Polimórfico). xa de presença/
Técnica sim- Williams et vier et al. (2005);
RAPD Marcador baseado ausência de uma
ples e rápida; al., 1987 Anatala et al.
na amplificação por determinada
Gera muita (2014); Dias et al.
PCR. Utiliza apenas banda;
informação (2015); Kolade et
um "primer" com Marcador domi-
em pouco al. (2016).
sequência curta (10 nante.
tempo.
bases) e aleatória.
Amplified Fragment
Length Polymor-
phism (Polimorfis-
mo de Comprimento
de Fragmento Altamente Laborioso (mui-
Menéndez et al.
Amplificado). Reúne variável; tas etapas);
(1997); Ouédraogo
enzimas de restri- Não requer Custo elevado;
et al. (2002); Cou-
ção e amplificação conhecimen- Análise comple-
Vos et al., libaly et al. (2002)
AFLP por PCR. Adapta- to prévio do xa de presença/
1995 Rodrigues et al.
dores específicos genoma; ausência das
(2012); Kolade et
são ligados nas Alta reprodu- bandas/alelos;
al. (2016); Al-Hinai
extremidades dos tibilidade e Marcador domi-
et al. (2018).
fragmentos cliva- rapidez. nante.
dos por enzimas,
e primers (20 pb)
complementares
aos adaptadores.
Exemplo(s) em
Acrônimo Descrição Vantagens Limitações Referência
Feijão-Caupi
DNA amplifica-
tion fingerprinting
(Impressão Digital Alta reprodu-
da Amplificação do tibilidade;
DNA). Técnica si- Não requer Simon et al.
milar ao RAPD, com conhecimen- (2007); Onofre,
Marcador domi-
DAF menor concentra- to prévio das (2008); Spiaggia et
nante.
ção de DNA molde e sequências; al. (2009); Amorim
maior concentração Bom nível de et al. (2013).
do primer usado na polimorfismo.
PCR, o que torna a
reação mais espe-
cífica.
Simple Sequence
Repeats (Sequên-
cias Simples Re-
Onofre, (2008);
petidas). Marcador
Alta informa- Gupta & Gopa-
baseado na ampli- Requer conheci-
tivo (multialé- lakrishna (2010);
ficação por PCR. mento prévio das
lico); Gioi et al. (2012);
Utiliza um par de sequências (loci);
Fácil de iso- Ali et al. (2015);
primers desenha- Desenvolvimento Litt & Luty
SSR lar; Araújo et al.
dos para as regiões de marcadores et al., 1989
Marcador co- (2016); Uma et al.
flanqueadoras da espécie-especí-
dominante; (2016); Chen et al.
sequência repetiti- ficos;
Alta reprodu- (2017); Oliveira et
va. O polimorfismo Alelos nulos.
tibilidade. al. (2018); Sarr et
reflete tamanho
al. (2020).
de fragmentos e
número diferente de
cópias.
Inter Sequence
Não requer
Simple Repeats Onofre, (2008);
conhecimen-
(Repetições Simples Amorim et al.
to prévio do Análise complexa
entre Sequências). (2013); Santos et
genoma; de presença/au-
Marcador baseado al. (2013); Ana-
Gera grandes sência de ban- Zietkiewicz
ISSR em SSR. É utilizado tala et al. (2014);
quantidades das; et al., 1994
um único primer Dias et al. (2015);
de bandas; Marcador domi-
semi-arbitrário Igwe et al. (2017);
Boa reprodu- nante.
composto por uma Saxena & Rukam
tibilidade;
sequência do SSR (2020).
Baixo custo.
(~16-25 bp).
Single Nucleotide
Polymorphisms
Análise em Das et al. (2008);
(Polimorfismo de
larga escala; Muchero et al.
Nucleotídeo Sim-
Alta reprodu- Alto custo de de- (2009); Egbadzor
ples). Polimorfis-
tibilidade; senvolvimento; et al. (2014);
mos específicos Jordan et
SNP Marcador co- Requer sequen- Ravelombola et al.
identificados a par- al., 1994
dominante; ciamento ou ser- (2017); Fatokun
tir de polimorfismo
Fácil compa- viço terceirizado. et al. (2018); Lo et
de uma única base
ração entre al. (2018); Seido &
no genoma (subs-
estudos. Santos (2019).
tituição, deleção ou
inserção).
Várias são as aplicações dessas ferramentas no que diz respeito a ações de pré-
-melhoramento e melhoramento (Figura 1). Destaca-se sua implementação na sele-
ção de genitores nos trabalhos de diversidade genética, teste de ascendência genética,
confirmação de hibridações e autofecundações, construção de mapas genéticos, in-
cluindo análise de locos de herança quantitativa (QTL, do inglês Quantitative Trait Loci),
seleção assistida por marcadores moleculares e seleção genômica ampla (Figura 1),
dentre outras (Lanza et al., 2000; Faleiro, 2011).
RNAi foram assintomáticas e os vírus não foram identificados após cinco semanas
do bioensaio de inoculação em telado (Figura 2).
cruzaram as cultivares Macaibo e CNC 0434 com a linhagem L254.008 com resultados
indicativos de que a resistência ao CPSMV é herdada como uma característica mono-
gênica recessiva. Com base nos padrões de segregação observados nas gerações F1 e
F2, os autores sugerem que o gene de resistência deva ser o mesmo para ambas as cul-
tivares, no entanto, distinto para a linhagem L254.008.
Em outro estudo, Rodrigues et al. (2012) determinaram que a resistência ao CGMV
no feijão-caupi é definida por um gene dominante de herança monogênica. Padrões
de herança distintos também foram constatados entre populações de retrocruzamen-
to do feijão-caupi (Orawu et al., 2013) incluindo o cruzamento entre cinco genótipos
(IT82D-889, IT85F-2841, IT82D-516-2, MU-93 e SECOW-2W) resistentes ao CABMV
e três raças susceptíveis (Ebelat, Ecirikukwai e Blackcowpea). A taxa de segregação
exibida pelos cruzamentos Ecirikukwai × SECOW-2W e Ecirikukwai × IT82D-516-2,
apoiaram o padrão de herança monogênica, com ajuste de 1R:1S. Já as progênies de
Blackcowpea × SECOW-2W e Blackcowpea × IT82D-889 não apresentaram 1R:1S, indi-
cando herança poligênica. No estudo de Barro et al. (2018), por sua vez, foi analisada a
progênie de cruzamentos com outros parentais contrastantes para o CABMV [KVx640
e KVx396-4-5-2D (resistentes); KVx61-1 (moderadamente suscetível), KVx30-309-6G
e Gorom Local (suscetíveis)] observando-se que a resistência é controlada por dois ge-
nes dominantes.
Investigações da resistência a múltiplas viroses também foram relatadas para o
feijão-caupi (Lima et al., 2011). Por exemplo, Barros et al. (2013) cruzaram variedades
resistentes (TE 97-309G-9 e Patativa) ao CPSMV e ao CABMV com cultivares sensí-
veis (BR3-Tracuateua, BRS-Urubuquara, BRS-Novaera, BRS Guariba e Pretinho), a fim
de desenvolver cultivares essencialmente derivadas e novas. Os resultados revelaram
que a resistência para ambos os vírus é monogênica recessiva, apresentando uma fre-
quência esperada de 15:1 (suscetíveis:resistente) para ambas as viroses (Barros et al.,
2013).
As estratégias para resistência viral têm sido classificadas principalmente
como (1) presença do gene de resistência (R, Resistance) na planta hospedeira, que
reconhece especificamente os produtos do gene Avr de avirulência viral (do inglês,
Avirulence), (2) resistência derivada de patógeno (PDR - pathogen derived resistance) e
(3) o acúmulo de proteínas PR relacionadas à patogênese (Pathogenesis Related) (Ku-
mar et al., 2017). Muitos genes R têm sido identificados e usados para obtenção de
resistência contra viroses.
Como a maioria das proteínas virais, as proteínas replicase de RNA podem atu-
ar como gatilho na indução de um mecanismo denominado suscetibilidade desenca-
deada pelo efetor (ETS, effector-triggered susceptibility) e imunidade desencadeada pelo
efetor (ETI, effector-triggered immunity), culminando na respostas hipersensível (HR,
hypersensitive response). No feijão-caupi, um exemplo bem caracterizado deste processo
ocorre em resposta ao CMV (Nasu et al., 1996). Muitas cepas de CMV induzem HR em
folhas inoculadas do feijão-caupi, uma vez que o gene dominante R, localizado no lócus
Cry, reconhece a proteína 2a, um componente viral da replicase, que atua como ETS
independentemente da sua atividade como replicase (Hu et al., 2012). De modo geral,
a HR envolve respostas subjacentes à detecção do patógeno, incluindo alterações nos
fluxos de íons, ativação das vias de sinalização (especialmente cascatas de quinase),
8. Conclusões e perspectivas
O presente capítulo mostra que esforços significativos dos grupos de pesquisa
nacionais têm sido desenvolvidos especialmente para a identificação de fontes de
resistência (ou imunidade) a viroses importantes do feijão-caupi. Infelizmente, nem
sempre os acessos imunes ou resistentes apresentam as características agronômicas
ou a produtividade almejadas pelos produtores, motivo pelo qual é importante a iden-
tificação dos padrões de herança e uso dessas informações para o melhoramento.
Um desafio importante envolve a plasticidade e variabilidade genética dos fitovírus
associados à cultura, aqui evidenciada pela frequente resposta contrastante de algumas
variedades a inóculos obtidos de diferentes plantas hospedeiras ou origens geográficas.
O uso de marcadores moleculares associados à seleção assistida ou recorrente
também tem sido limitado na cultura. Espera-se que esse cenário seja alterado, espe-
cialmente após a recente disponibilização do genoma completo do feijão-caupi e de
outros dados ômicos em fase de análise e publicação, como ocorreu com outras legu-
minosas, como a soja e o feijão-comum, por exemplo.
Deve-se ter em mente que, como outras culturas, o feijão-caupi também tem sido
afetado por estresses abióticos, com ênfase para a seca e a salinidade, fatores que po-
dem ser agravados em decorrência das mudanças climáticas em curso. Sabe-se que
tais mudanças têm efeito direto na ocorrência e severidade de doenças nas lavouras,
podendo afetar a epidemiologia da doença, com aumento de epidemias, as interações
planta-patógeno, o ciclo de vida do patógeno, a expressão da resistência do hospedei-
ro, além de favorecer o desenvolvimento de novas raças virais.
Entre os fatores positivos, destaca-se a rusticidade e a maior variabilidade ge-
nética do feijão-caupi, comparativamente a outras leguminosas cultivadas, inclusive
considerando-se a riqueza de acessos em bancos genéticos nacionais.
9. Referências bibliográficas
AMORIM, L.L.B. Análise estrutural e funcional do genoma do Feijão-caupi: mapa genético e
elementos transponíveis. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas) – Universidade Federal
de Pernambuco, Recife, 2013.
ANDRADE, G.P.; PIO-RIBEIRO, G. Estratégias e métodos aplicados ao controle de fitoviroses. In:
MICHEREFF, S.J.; BARROS, R. Proteção de plantas na agricultura sustentável. Recife-PE:
UFRPE, Imprensa Universitária, 2001, p. 171-181.
ARAGÃO, F.J.L. et al. Transgenic beans (Phaseolus vulgaris L.) engineered to express viral anti-
sense RNAs showed delayed and attenuated symptoms of bean golden mosaic geminivirus.
Molecular Breeding, v. 4, p. 491-499, 1998.
ARAGÃO, F.J.L.; FARIA, J.C. First transgenic geminivirus-resistant plant in the field. Nature. Bio-
technology, v. 27, p. 1086-1088, 2009.
ARAGÃO, F.J.L.; NOGUEIRA, E.O.P.E.L.; TINOCO, M.L.P.; FARIA, J.C. Molecular characterization of
the first commercial transgenic common bean immune to the Bean golden mosaic virus. Jour-
nal of Biotechnology, v. 166, p. 42-50, 2013.
ANTOINE, B. et al. Diallel analysis of cowpea populations for resistance to Cowpea aphid-born
mosaic virus disease (CABMV) in Burkina Faso. Journal of Plant Breeding and Crop Science,
v.9, p. 90-97, 2017.
APPIAH, F.; ASIBUO, J.Y.; KUAH, P. Physicochemical and functional properties of bean flours of
three cowpea (Vigna unguiculata L. Walp) varieties in Ghana. African Journal of Food Science,
v. 5, n. 2, p. 100–104, 2011.
ASARE-BEDIAKO, E.; ESSANDOH, V.A.; ASARE, A.T. Phenotypic and serological evaluation of
cowpea (Vigna unguiulata L. Walp) genotypes for resistance to viral infection under field condi-
tions. Journal of Plant Breeding and Crop Science, v. 10, n. 7, p. 169-177, 2018.
ASSUNÇÃO, I.P. et al. Genes diferentes podem conferir resistência ao Cowpea severe mosaic virus
em caupi. Fitopatologia Brasileira. v. 30, p. 274-278, 2005
ASSUNÇÃO, I.P. et al. Diversidade genética de begomovírus que infectam plantas invasoras na
região nordeste. Planta Daninha, v. 24, n.2, p.239-244, 2006.
BARRO, A. et al. Selection and validation of marker set for selection of resistant varieties of cow-
pea to Cowpea Aphid-borne Mosaic Virus (CABMV) in Burkina Faso. Journal of Applied Bio-
sciences, v. 128, n. 1, p. 12953-12963, 2018.
BARROS, G.B. et al. Obtenção de plantas de feijão-caupi resistentes ao Cowpea severe mosaic vi-
rus e ao Cowpea aphid-borne mosaic virus. Summa Phytopathologica, v.39, n.2, p.130- 136,
2013.
BENKO-ISEPPON, A.M. et al. Mendel e suas exceções à luz das ômicas e da biologia de sistemas.
In: ARAGÃO, F.J.L.; MOREIRA, J.R.. Mendel: 150 anos depois. Embrapa Edições. Brasília, DF,
2017. p. 502.
BONFIM, K.; FARIA, J.C.; NOGUEIRA, E.O.P.L.; MENDES, E.A.; ARAGÃO, F.J.L. RNAi-mediated re-
sistance to bean golden mosaic virus in genetically engineered common bean (Phaseolus vul-
garis). Molecular Plant-Microbe Interactions, v. 20, p. 717-726, 2007.
BOUKAR, O.; FATOKUN, C.A.; HUYNH, B.L.; ROBERTS, P.A.; CLOSE, T.J. Genomic tools in cowpea
breeding programs: status and perspectives. Front Plant Science, v. 7, p. 1–13, 2016.
CAMARÇO, R.F.E.A.; NASCIMENTO, A.K.Q.; ANDRADE, E.C.; LIMA, J.A.A. Biological, serological
and molecular comparison between isolates of Cowpea severe mosaic virus. Tropical Plant Pa-
thology, v. 34, p. 239-244, 2009.
CANUTO, G.A.B. et al. Metabolômica: Definições, estado-da-arte e aplicações representativas.
Química Nova, v. 41, n. 1, p. 75-91, 2018.
CHAMARTHI, S.K.; BELKO, N.; TOGOLA, A.; FATOKUN, C.A.; BOUAR, O. Genomics-assited breed-
ing for drought tolerance im cowpea. In: RAJPAL, V.; SEGHAL, D.; KUMAR, A.; RAINA, S.
Genomics assisted breeding of crops for abiotic stress tolerance, vol. 2. New York, USA:
Springer, 2019, p. 187-209.
CRUZ, A.R.R.; ARAGÃO, F.J.L. RNAi-based enhanced resistance to Cowpea severe mosaic virus and
Cowpea aphid-borne mosaic virus in transgenic cowpea. Plant Pathology, v. 63, p. 831–837,
2014.
COULIBALY, S.; PASQUET, R.; PAPA, R. AFLP analysis of the phenetic organization and genetic
diversity of Vigna unguiculata L. Walp. Reveals extensive gene flow between wild and domesti-
cated types. Theoretical and Aplplied Genetics, v. 104, p. 358-366, 2002.
CONAB. Acompanhamento da safra brasileira: grãos. v. 7, n. 12, p. 1-33, 2020. Disponível em:
<https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/graos/boletim-da-safra-de-graos>. Acesso em:
16 de set 2020.
DAS, D.K. Expression of a Bacterial Chitinase (ChiB) Gene Enhances Resistance against Erysip-
hae polygoni Induced Powdery Mildew Disease in the Transgenic Black Gram (Vigna mungo L.)
(cv. T9). American Journal of Plant Sciences, v. 9, p. 1759-1770, 2018.
de JESÚS-PIRES, C. et al. Plant thaumatin-like proteins: function, evolution and biotechnological
applications. Current Protein and Peptide Science. v. 21, p. 36–51, 2020.
DHANASEKAR, P.; REDDY, K.S. Serological Screening of Cowpea Genotypes for Resistance
against Cowpea Aphid Borne Mosaic Virus Using DAS-ELISA. Asian Journal of Plant Patho-
logy, v. 9, p. 83-90, 2015.
DIANESE, E.C.; MEDEIROS, R.B. Diagnose dos virus de plantas. In: MEDEIROS, R.B.; RESENDE,
R.O.; CARVALHO, R.C.P.; COSTA, C.L. SGRO, J.Y. Virologia vegetal: conceitos, fundamentos.
Classificação e controle. Brasília: UNB, 2015, p. 475-511.
DINESH, H.B. et al. Genetic analysis and marker assisted backcrossing for transfer of mosaic
vírus resistance in cowpea [Vigna unguiculata (L.) Walp.]. Legume Research- An International
Journal, v. 41, n. 5, p. 663-668, 2018.
EIRAS, M.; DIANESE, E.C.; PEREIRA-CARVALHO, R.C. Resistência genética de plantas a vírus. In:
DALLAGNOL, L.J. (org.). Resistência genética: de plantas a patógenos. PELOTAS: EDITORA
UFPEL, 2018. p. 296-358.
KITAJIMA, E.W.; REZENDE, J.A.M. Os vírus, esses terríveis inimigos. Cultivar Hortaliças e Fru-
tas, Pelotas, n. 23, p. 18-24, 2004.
KIDO, E. A. et al. Identification of plant protein kinases in response to abiotic and biotic stresses
using SuperSAGE. Current Protein and Peptide Science, v. 12, p. 643–656, 2011.
KUNDU, A.; SINGH, P.K.; DEY, A.; GANGULI, S.; PAL, A. Complex molecular mechanisms under-
lying MYMIV-resistance in Vigna mungo revealed by comparative transcriptome profiling. Sci-
entific Reports, v. 9, p. 8858-8868, 2019.
KUMAR, S.; TANTI, B.; PATIL, B.L.; MUKHERJEE, S.K.; SAHOO, L. RNAi-derived transgenic resis-
tance to Mungbean yellow mosaic India virus in cowpea. PLoS One, v. 12, p. 1-20, 2017.
LANZA, M.A.; GUIMARÃES, C.T.; SCHUSTER, I. Aplicação de marcadores moleculares no melho-
ramento genético. Informe Agropecuário, v. 21, p. 97-108, 2000.
LEÃO, U. S. Seleção para caracteres do grão e resistência a vírus em feijão- caupi de tegu-
mento branco rugoso. Dissertação de mestrado, Universidade Federal do Piauí (UFPI), 2014.
LEÃO, U.S. et al. Selection of phenotypic traits and resistance to Cowpea severe mosaic virus and
Cowpea aphid-borne mosaic virus in cowpea [Vigna unguiculata (L.) Walp.] seeds with rugose white
coat. Australian Journal of Crop Science, v. 10, p. 470 - 481, 2016.
LIMA, J.A.A.; SITTOLIN, I.M.; LIMA, R.C.A. Diagnose e estratégias de controle de doenças ocasio-
nadas por vírus. In: FREIRE FILHO F.R; LIMA J.A.A; RIBEIRO V.Q. (eds.) Feijão-Caupi: Avanços
Tecnológicos. Brasília: EMBRAPA Informação Tecnológica, 2005. p 404-459.
LIMA, C.J.G.S.; OLIVEIRA, F.A.; MEDEIROS, J.F. OLIVEIRA, M.K.T.; ALMEIDA JÚNIOR, A.B. Respos-
ta do feijão-caupi a salinidade da água de Irrigação. Revista Verde Agroecologia e Desenvol-
vimento Sustentável, v. 2, n. 2, p. 79-86, 2007.
LIMA, J.A.A.; SILVA, A.K.F.S; ARAGÃO, M.L.; FERREIRA, N R.A; TEÓFILO, E.M. Simple and multi-
ple resistances to viruses in cowpea genotypes, Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 46, n.
11, 1432-1438, 2011.
LIMA, J.A.A.; NASCIMENTO, A.K.Q.; SILVA, A.K.F.; ARAGÃO, M.L. Biological stability of a strain of
Cowpea severe mosaic virus over 20 years. Ciência Agronômica, v. 43, p. 105-111, 2012.
LIMA, L.F. Herança e incorporação de gene de resistência ao Cowpea severe mosaic virus em
genótipos de feijão-caupi da subclasse manteiga. Trabalho de Conclusão de Curso. Univer-
sidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), 2019.
LONARDI, S. et al. The genome of cowpea (Vigna unguiculata [L.] Walp.). Plant Journal, v. 98, p.
767–782, 2019.
LUCAS, M.R.; DIOP, N.N.; WANAMAKER, S.; EHLERS, J.D.; ROBERTS, P.A.; CLOSE, T.J. Cowpea-soy-
bean synteny clarified through and improved genetic map. Plant Genome Journal, v. 4, n.3,
p. 218-225, 2011.
MARTÍN, S.; ELENA, S.F. Application of game theory to the interaction between plant viruses
during mixed infections. Journal of General Virology, v.90, p.2815-2820, 2009.
MARTINS, T.F. et al. Identification, characterization, and expression analysis of cowpea (Vigna
unguiculata [L.] Walp.) miRNAs in response to Cowpea Severe Mosaic Virus (CPSMV) challenge.
Plant Cell Reports,v. 39, p. 1061-1078, 2020.
MENÉNDEZ, C. M.; HALL, A. E.; GEPTS, P. A genetic linkage maps of cowpea (Vigna unguiculata) devel-
oped from a cross between two inbred, domesticated lines. Theoretical and Applied Genet-
ics, v. 95, n. 8, 1210-1217, 1997.
MONDINI, L.; NOORANI, A.; PAGNOTTA, M. A. Assessing plant genetic diversity by molecular tools. Diversity,
v. 1, n. 1, p. 19–35, 2009.
MUCHERO, W. et al. A consensus genetic map of cowpea [Vigna unguiculata (L) Walp.] and syn-
teny based on EST-derived SNPs. Proceedings of the national academy of sciences, n. 43, p.
18159-18164, 2009.
MUNGUTI, F. et al. Transcriptome sequencing reveals a complete genome sequence of Cowpea
aphid-borne mosaic virus from passion fruit in Kenya. Microbiology Resource Announce-
ments, v. 8, p. e01607-18, 2019.
MUÑOZ-AMATRIAÍN, M. et al. Genome resources for climate-resilient cowpea, an essential crop
for food security. Plant Journal, v. 89, p. 1042–1054, 2017.
NGOC LAN, N.T.; THAO, H.T.; SON, L.V.; HOANG MAU, C. Overexpression of VrPDF1 gene confers
resistance to weevils in transgenic mung bean plants. PeerJ Preprints, p. 1-11, 2017.
NOGUEIRA, M.S.R.; BRIOSO, P.S.T.; RIBEIRO, V.Q.; FREIRE-FILHO, F.R. Incorporação de genes
de resistência a vírus em cultivares de feijã-caupi. IV CONAC, Congresso Nacional de fei-
jão-caupi. p. 177, 2016.
OLIVEIRA, C. R. R. et al. Reação de genótipos de feijão-caupi revela resistência às coinfecções
pelo Cucumber mosaic virus, Cowpea aphid-borne mosaic virus e Cowpea severe mosaic virus. Bra-
gantia, v. 71, n. 1, p.59-66, 2012.
ORAWU, M.; MELIS, R.; LAING, M.; DERERA, J. Genetic inheritance of resistance to Cowpea aphid-
borne mosaic virus in cowpea. Euphytica, v. 189, p. 191-201, 2013.
OUÉDRAOGO, J.T. et al. Improved genetic map for cowpea (Vigna unguiculata L.) combining
AFLP, RFLP, RAPD, biochemical makers end biological resistance traits. Genome, n. 45, p.
175-188, 2002.
PAIVA, A.L.S.; OLIVEIRA, J.T.A.; DE SOUZA, G.A.; VASCONCELOS, I.M. Label-free proteomic reveals that
cowpea severe mosaic virus transiently suppresses the host leaf protein accumulation during
the compatible interaction with cowpea (Vigna unguiculata [L.] Walp.). Journal of Proteome
Research, v. 15, p. 4208–4220, 2016.
PIO-RIBEIRO, G.; ASSIS FILHO, M.F.; ANDRADE, G.P. Doenças do caupi. In: KIMATI, H.; AMORIM,
L.; REZENDE, J.A.M.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L.E.A. (eds.). Manual de fitopatologia:
doenças das plantas cultivadas. 4.ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 2005. p.215-216.
PAZ, C.D. et al. Purificação de um isolado do vírus do mosaico severo do caupi, obtido em Per-
nambuco, produção de antissoros e determinação de fontes de resistência em caupi. Summa
Phytopathologica, v.25, n.4, p.285-288, 1999.
POPELKA, J.C.; GOLLASCH, S.; MOORE, A.; MOLVIG, L.; HIGGINS, T.J.V. Genetic transformation of
cowpea (Vigna unguiculata L.) and stable transmission of the transgenes to progeny. Plant Cell
Reports, v. 25, p. 304-312, 2006.
ROCHA, M.M.; ARAÚJO LIMA, J.A.; FREIRE FILHO, F.R.; ROSAL, C.J.S. Resistência de genótipo de
caupi (Vigna unguiculata L. Walp.) de tegumento branco a isolados de vírus da família Bromovi-
ridae, Comoviridae e Potyviridae. Revista Científica Rural, v.8, n.1, p.85-92, 2003.
RODRIGUES, M.A.; SANTOS, C.A.; SANTANA, J.R. Mapping of AFLP loci linked to tolerance to Cowpea gol-
den mosaic virus. Genetics and molecular research : GMR, v. 11, n. 4, p. 3789-3797, 2012.
SAHA, B. et al. Enhanced exudation of malate in the rhizosphere due to At ALMT1 overexpression
in blackgram (Vigna mungo L.) renders increased aluminum tolerance. Plant Biology, 2020.
SAHOO, D.P. et al. Enhanced salinity tolerance in transgenic mungbean overexpressing Arabi-
dopsis antiporter (NHX1) gene. Molecular Breeding, v. 36, p. 1-15, 2016.
SALAUDEEN, M.T. Growth and yield responses of some cowpea accessions to Cucumber mosaic
virus infection. Archives of Agronomy and Soil Science, v.62, p. 289-298, 2016.
SANTOS, M.F.; SOUSA, M.B.; PIRES, C.J.; SILVA, K.J.D.; ROCHA, M.M. Variabilidade genética de
feijão-caupi de porte prostrado e semi-prostrado por marcadores ISSR. In: Congresso Nacio-
nal de Feijão Caupi, 3, 2013, Pernambuco. Anais... Pernambuco, 2013.
SANTOS, L.A.C.; SILVA, D.M.P.; OLIVEIRA, I.A.; PEREIRA, C.E.; CAMPOS, M.C.C. Crescimento de cultivares de
feijão-caupi em solo de terra firme e várzea. Ambiência Guarapuava, v. 13, n. 1, p. 261-270, 2017.
SANTOS, J.R.P.; NDEVE, A.D.; HUYNH, B.L.; MATTHES, W C.; ROBERTS, P.A. QTL mapping and
transcriptome analysis of cowpea reveals candidate genes for root‐knot nematode resistance.
PLoS One, v. 13, e0189185, 2018.
SASTRY, K.S.; MANDAL, B.; HAMMOND, J.; SCOTT, S.W.; BRIDDON, R.W. Encyclopedia of Plant
Viruses and Viroids, 1st ed.; Springer India: New Delhi, India, 2019.
SHOYINKA, S.A.; THOTTAPPILLY, G.; ADEBAYO, G.G.; ANNO-NYAKO, F.O. Survey on cowpea vi-
rus incidence and distribution in Nigeria. International Journal of Pest Management, v. 43,
p. 127-132, 1997.
SILVA, S. J. C. et al. Species diversity, phylogeny and genetic variability of begomovirus popula-
tions infecting leguminous weeds in northeastern Brazil. Plant Pathology v. 61, p. 457-467,
2011.
SILVA, J. A.; COSTA, A. F.; ISEPPON, A. M. B.; NICOLI, A.; GUIMARAES, L. M. P. Herança da resis-
tência do feijão-caupi ao CABMV. 51º Congresso Brasileiro de Fitopatologia, p. 755, 2019.
SINGH, P.K.; PATEL, A.; GANGULI, S.; PAL, A. Molecular modeling and simulation of three im-
portant components of plant pathogen interaction cascade in Vigna mungo. Bioinformation,
v. 13, p. 323–326, 2017.
SPRIGGS, A. et al. Assembled genomic and tissue-specifc transcriptomic data resources for two
genetically distinct lines of Cowpea (Vigna unguiculata (L.) Walp). Gates Open Research, v. 2,
p. 1–13, 2018.
TRINKS, D. et al. Suppression of RNA silencing by a Geminivirus nuclear protein, AC2, correlates
with transactivation of host genes. Journal of Virology, v. 79, p. 2517–2527, 2005.
VOINNET, O. Induction and suppression of RNA silencing: insights from viral infections. Nature
Reviews Genetics, v. 6, p. 206–220, 2005.
WANG, Y.; GABA, V.; YANG, J.; PALUKAITIS, P.; GAL-ON, A. Characterization of synergy between
cucumber mosaic virus and potyviruses in cucurbit hosts. Phytopathology, v.92, p.51-58,
2002.
XU, P. et al. Genomic regions, cellular componentes and gene regulatory basis underlying pod
leght variations in cowpa (Vigna unguiculata L. Walp.). Plant Biotechnology Journal, v. 15, p.
547-557, 2017.
YAO, S. et al.. The Vigna unguiculata Gene Expression Atlas (Vugea) from de novo assembly and
quantification of Rna-seq data provides insights into seed maturation mechanisms. Plant
Journal, v. 88, p. 318–327, 2016.
1. Introdução
O uso de variedades resistentes é o método mais eficiente, barato e ecologica-
mente correto de manejar doenças de plantas (Van der Plank, 1968; McDonald, 2014;
Mundt, 2014; Brown, 2015; Willocquet et al., 2017). A adoção desse método requer
poucas alterações nas práticas utilizadas em condições de campo. Além disso, o uso
dessas variedades não necessita de alto nível de informação técnica e de infraestrutu-
ra dos produtores para implementar outras ferramentas de manejo de doenças como
no caso de controle químico e sistemas de previsão de doenças. O conhecimento tec-
nológico necessário para manejar doenças de plantas pela resistência da planta hos-
pedeira está embutido nas sementes. A resistência varietal é a expressão em escala
de campo dos genes de resistência da planta hospedeira, que são combinados em um
único genótipo hospedeiro. Duas grandes categorias de resistência da planta hospe-
deira são geralmente consideradas: resistência qualitativa (também chamada de re-
sistência completa) e resistência quantitativa (também conhecida como resistência
parcial) (Willocquet et al., 2017).
Durante o ciclo de vida, as plantas enfrentam vários desafios para se defender
do ataque de fungos, oomicetos, bactérias e vírus, entre outros agentes patogênicos.
Como estratégia de defesa contra esses estresses bióticos, as plantas possuem um sis-
tema imunológico natural, dinâmico e inato, que detecta com eficiência patógenos em
potencial e inicia uma resposta de defesa na forma de resistência basal e/ou defesa
mediada por genes de resistência. Estes genes de resistência frequentemente estão
associados a uma resposta de hipersensibilidade (Gill et al., 2015). Dependendo da
natureza das interações planta-patógeno, as plantas geralmente apresentam dois ti-
pos de resistência: a resistência de não-hospedeiro (RNH) e resistência de hospedeiro
(RH). Estas resistências são conservadas e incluem vários mecanismos: i) mecanismos
estruturais (cutícula, estômatos, pilosidade, tricomas, parede celular espessa) que ser-
vem como barreiras físicas aos microrganismos e ii) mecanismos bioquímicos (produ-
ção de compostos fenólicos, alcalóides/saponinas, lactonas insaturadas, glicosídeos,
fototoxinas, proteínas/peptídeos). Estes mecanismos podem ser constituintes morfo-
fisiológicos da planta ou serem produzidos em função da detecção do microrganismo
invasor (Dallagnol & Araújo Filho, 2018).
242
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
9
O L U T Í P A C S Ç N E O D A T NL P E D I A C R P N Ê T S I E R D O P M C -
Os fitopatógenos, por sua vez, utilizam estratégias para quebrar a RNH. As bar-
reiras estruturais, por exemplo, podem ser quebradas pela ação de enzimas que as
degradam facilitando a entrada do patógeno na planta. Uma vez que o patógeno con-
segue vencer a barreira de RNH, a planta passa a ser hospedeira do patógeno. Mes-
mo sendo hospedeira do patógeno, a planta ainda assim apresentará uma certa re-
sistência ao patógeno, podendo dentro de uma mesma espécie haver variação quanto
a intensidade dos sintomas, ou seja, uma resistência em maior ou menor nível. Essa
resistência depende da constituição genética da planta é conhecida como resistência
de hospedeiro (RH) (Camargo, 2018). A RH envolve pode ser dividida em dois tipos:
resistência quantitativa e a resistência qualitativa. O conceito de resistência quantita-
tiva, na maioria das vezes, está atrelado a um nível incompleto ou parcial do fenótipo
de resistência. A resistência quantitativa também é denominada de resistência poli-
gênica, geral, parcial, de campo, durável ou ainda resistência conferida por genes de
efeitos menores (Camargo, 2018). Umas das características da resistência quantitativa
é a distribuição contínua entre fenótipos resistentes e suscetíveis em uma progênie,
geralmente resultante da segregação de alelos com efeitos variáveis em vários loci. A
resistência quantitativa pode influenciar vários estágios do ciclo de infecção, incluin-
do germinação de esporos, penetração no tecido do hospedeiro, colonização do tecido
interno do hospedeiro, a duração dos períodos latentes e infecciosos, e a esporulação
(Van der Plank, 1963; 1968). Esses processos são chamados de “componentes de re-
sistência parcial” e regulam a epidemia que pode resultar de uma cadeia de ciclos de
infecção durante a estação de crescimento do hospedeiro. Na resistência parcial, o
fenótipo é o resultado de diferentes fases do processo de infecção em que ocorrem as
respostas de resistência, e cada fase é considerada um componente da resistência que
contribui para a resposta geral (Willocquet et al., 2017).
A resistência qualitativa, por sua vez, é a resistência controlada por genes R, os
quais estão envolvidos no reconhecimento de efetores patogênicos, é uma resistência
monogênica, também citada como resistência raça-específica ou mediada por genes
de efeito menor. Apresenta um nível completo ou alto de resistência ou a uma segre-
gação bimodal de fenótipos em uma progênie classificando os indivíduos em duas ca-
tegorias distintas: resistente e suscetível (Pilet-Nayel et al., 2017). O que caracteriza
a resistência qualitativa é o fato de a herança estar baseada em um ou dois genes de
efeito principal que segregam de acordo com classes fenotípicas discretas, de acordo
com os princípios mendelianos, independentemente do tamanho do seu efeito sobre
o fenótipo. Desta forma, é considerado mendeliano e qualitativo somente quando o
efeito fenotípico de um gene é grande o suficiente para acompanhar sua segregação
nos descendentes (Niks, et al., 2015). A resistência qualitativa é o principal tipo de
resistência usada em agrossistemas para o manejo de doenças (Stuthman et al., 2007;
Lannou, 2012; Brown, 2015; Zhan et al., 2015). O número de genes, o efeito progressi-
vo e incompleto da resistência parcial e, portanto, a pressão de seleção mais baixa nas
populações de patógenos, explica por que a resistência quantitativa é em geral mais
durável do que a resistência qualitativa (Brown, 2015; Mundt, 2014; Niks et al., 2015;
Willocquet et al., 2017). Em geral, a resistência qualitativa é governada por um gene de
resistência principal e evita a multiplicação da população do patógeno, resultando em
uma não epidemia. A eficiência teórica muito alta da resistência qualitativa também
é a razão pela qual ela exerce uma pressão seletiva muito forte nas populações dos
patógenos. Como resultado, a resistência qualitativa tende a ser suplantada devido a
variabilidade encontrada em populações de patógenos (McDonald & Linde, 2002; Zhan
et al., 2015).
Enquanto a resistência qualitativa é expressa na escala individual (planta) (uma
lesão que pode se desenvolver, ou não), a resistência quantitativa é expressa na escala
populacional (epidêmica) (Parlevliet, 1979). A resistência quantitativa é, geralmente,
determinada por vários genes de resistência menor cuja expressão reduz a eficiência
de um ou vários processos envolvidos no ciclo da doença do patógeno, resultando em
epidemias com velocidades reduzidas (Willocquet et al., 2017).
2. Durabilidade da resistência
Identificar no germoplasma de uma espécie hospedeira, fatores que mantenha
a resistência de plantas contra patógenos é uma tarefa difícil. Uma exceção é talvez
o paradigma poligênico (quantitativa) x monogênico (qualitativa), em que se espera
que a resistência quantitativa, que é governada por vários genes, seja mais durável
comparado à resistência qualitativa, que tem ação de um único gene. No entanto, esse
conceito tem sido contestado por vários estudos que demonstram que a resistência
qualitativa, mediada pelo gene R, às vezes pode ser duradoura (Baker, 1966; Hooker,
1967; Ellingboe, 1983). De acordo com Johnson (1984), não existe uma relação estreita
entre o nível de resistência e sua durabilidade. Tanto a resistência qualitativa quanto
a resistência quantitativa podem ser duráveis. Do ponto de vista epidemiológico, as
causas subjacentes da durabilidade da resistência introduzida nas cultivares perma-
nece efetiva, até o momento em que o ambiente se torne mais favorável ao desenvol-
vimento da doença associado a evolução do patógeno em variabilidade, conseguindo
suplantar a resistência de determinada cultivar. Em culturas que apresentam alto po-
tencial produtivo, o manejo das doenças é realizado principalmente pelo uso de genes
de resistência (R), contudo, à medida que novas variedades de plantas resistentes se
tornam amplamente utilizadas, sua eficácia em resistir às doenças começa então a
ser combatidas por novas variantes dos patógenos que vão surgindo nas populações
locais. Através de um processo de pressão de seleção, a frequência dos novos mutan-
tes começam a aumentar, devido à sua alta adaptabilidade e facilidade em se espalhar
para outras áreas de cultivo (Zhan et al., 2015). Diversas estratégias de melhoramento
têm sido desenvolvidas com a finalidade de melhorar a resistência das cultivares vi-
sando a durabilidade da resistência (Brun et al., 2010; Lo Iacono et al., 2013; Rimbaud
et al., 2018). Como definiu Johnson (1981), a resistência só é importante se for durável
e ser permanecer eficaz por muito tempo em um ambiente favorável à ocorrência da
doença.
No início do seu desenvolvimento, uma nova variedade com grande resistência
genética deve ser totalmente resistente a uma doença específica. Provavelmente, uma
variedade com esta característica é mais popularmente utilizada pelos agricultores
devido aos altos rendimentos que ela pode proporcionar. No entanto, em termos prá-
ticos, a popularidade de uma variedade com grande resistência genética pode ser a
principal razão para sua eventual perda de resistência (Parry, 1990). O ciclo conhecido
como “boom and bust”, proposto por Priestley (1978), descreve o que acontece numa
população de plantas quando o uso generalizado de uma determinada cultivar com
resistência a um único gene importante é introduzido em um agroecossistema para
controlar uma doença (Figura 1). Se a cultivar resistente tiver bons caracteres agronô-
micos e for amplamente aceita pelos agricultores por ser resistente à doenças, a culti-
var se espalha e é plantada em uma grande área (boom). Porém, quando a doença su-
pera esse gene de resistência, os patotipos virulentos se espalham (por fluxo gênico ou
genotípico) e infectam todos os campos cultivados com a cultivar resistente, causando
uma epidemia e levando à perda de eficácia do gene de resistência. Com a resistência
quebrada, muitas variedades simultaneamente se tornam suscetíveis. Os agricultores
param de plantar a cultivar e o gene de resistência correspondente diminui em frequ-
ência (bust). O ciclo recomeça com a introdução de uma nova cultivar resistente.
Figura 1. Exemplo clássico do ciclo “boom and bust”. Porcentagem de área de aveia plantada com
as cultivares Victoria e Bond, portadoras de genes de resistência à ferrugem e frequência relativa
de raças de Puccinia graminis f. sp. tritici, capazes de quebrar a resistência de ambas cultivares
(adaptado de Browning & Frey, 1969).
4. Considerações finais
Os avanços na biotecnologia nas últimas décadas tornaram possível o rastrea-
mento e combinação de loci de características quantitativas (QTLs) associados à re-
sistência parcial usando marcadores moleculares (St Clair, 2010; Huang & Han, 2014;
Varshney et al., 2014; Willocquet et al., 2017). A determinação do fenótipo, e não a ge-
notipagem, é agora considerada o principal gargalo que impede a integração de carac-
terísticas quantitativas em programas de melhoramento em geral (Cobb et al., 2013),
e características quantitativas para resistência em particular (St Clair, 2010; Mundt,
2014). O melhoramento genético para resistência da planta hospedeira abrange vários
níveis de integração biológica (gene, célula, tecido, órgão, planta, estande de cultivo,
campo cultivado) que podem ser considerados como níveis sucessivos de hierarquia.
Processos de doença ocorrem, e os mecanismos de resistência podem ser medidos,
em cada um desses níveis. Os níveis mais baixos são genes (e QTLs), em outras pala-
vras, os objetos operacionais dos geneticistas moleculares, e o nível mais alto é a resis-
tência de campo - o alvo dos melhoristas de plantas. Pode ser difícil prever processos e
5. Referências bibliográficas
BAKER, E.P. Isolation of complementary genes conditioning crown rust resistance in the oat va-
riety Bond. Euphytica, v. 15, p. 313-318, 1966.
BERGER, R.D.; BERGAMIN FILHO, A.; AMORIM, L. Lesion expansion as an epidemic component.
Phytopathology, v. 87, p. 1005-1013, 1997.
BOVE, F.; ROSSI, V. Components of partial resistance to Plasmopara vitícola enable complete phe-
notypic characterization of grapevine varieties. Scientific Reports, v. 10, p. 585, 2020.
BROWN, J.K.M. Durable resistance of crops to disease: a Darwinian perspective. Annual Review
of Phytopathology, v. 53, p. 513-539, 2015.
BROWNING, J.A.; FREY, K.J. Multiline cultivars as a means of disease control. Annual Review of
Phytopathology, v. 7, p. 355-382, 1969.
BRUN, H. et al. Quantitative resistance increases the durability of qualitative resistance to Leptos-
phaeria maculans in Brassica napus. New Phytologist, v. 185, p. 285-299, 2010.
CAMARGO, L.E.A. Genética da interação patógeno-hospedeiro. In: AMORIM, L.; REZENDE, J.A.M.;
BERGAMIN FILHO, A. (eds.). Manual de fitopatologia: princípios e conceitos. 5. ed. Ouro Fino:
Agronômica Ceres, 2018. p. 85-92.
CAMPBELL, C.L.; MADDEN, L.V. Introduction to plant disease epidemiology. New York: John
Wiley & Sons, 1990. 532 p.
COBB, J.N.; DECLERCK, G.; GREENBERG, A.; CLARK, R.; MCCOUCH, S. Next-generation pheno-
typing: requirements and strategies for enhancing our understanding of genotype–pheno-
type relationships and its relevance to crop improvement. Theoretical and Applied Geneti-
cs, v. 126, p. 867-887, 2013.
CUNNAC, S et al. Genetic disassembly and combinatorial reassembly identify a minimal func-
tional repertoire of type III effectors in Pseudomonas syringae. Proceedings of the National
Academy of Sciences of the United States of America, v. 108, p. 2975-2980, 2011.
DALLAGNOL, L.J.; ARAÚJO FILHO, J.V. Uma visão geral da resistência genética da planta a mi-
crorganismos. In: DALLAGNOL, L.J. (org.). Resistência genética de plantas a patógenos. Pe-
lotas: UFPel, 2018. p. 14-65.
DEADMAN, M.L. Epidemiological consequences of plant disease resistance. In: COOKE, B. M.;
GARETH JONES, D.; KAYE, B. (eds.). The epidemiology of plant diseases. 2. ed. Dordrecht:
Springer, 2006. p. 139-157.
ELLINGBOE, A.H. Genetical aspects of interactions between plant hosts and their soilborne pa-
thogens. Phytopathology, v. 73, p. 941-944, 1983.
FABRE, F.; ROUSSEAU, E.; MAILLERET, L.; MOURY, B. Epidemiological and evolutionary manage-
ment of plant resistance: optimizing the deployment of cultivar mixtures in time and space in
agricultural landscapes. Evolutionary Applications, v. 8, p. 919-932, 2015.
GARRETT, K.A.; HULBERT, S.H; LEACH, J.E.; TRAVERS, S.E. Ecological genomics and epidemio-
logy. European Journal of Plant Pathology, v. 115, p. 35-51, 2006.
GILL, U.S.; LEE, S.; MYSORE, K.S. Host versus nonhost resistance: Distinct wars with similar ar-
senals. Phytopathology, v. 105, p. 580-587, 2015.
HOOKER, A.L. Genetics and expression of resistance in plants to rusts of the genus Puccinia. An-
nual Review of Phytopathology, v. 5, p. 163-82, 1967.
HUANG, X.; HAN, B. Natural variations and genome-wide association studies in crop plants. An-
nual Review of Plant Biology, v. 65, p. 531-551, 2014.
JACOBS, T. H.; PARLEVLIET, J. E. Durability of disease resistance. Dordrecht: Springer, 1993.
375 p.
JOHNSON, R. Durable resistance: definition of, genetic control, and attainment in plant bree-
ding. Phytopathology, v. 71, p. 567-568, 1981.
JOHNSON, R. A critical analysis of durable resistance. Annual Review of Phytopathology, v. 22,
p. 309-330, 1984.
JONES, J.D.G.; DANGL, J.L. The plant immune system. Nature, v. 444, n. 7117, p. 323-329, 2006.
KONG, G.A.; SIMPSON, G.B.; KOCHMAN, J.K.; BROWN, J.F. Components of quantitative resistance
in sunflower to Alternaria helianthi. Annals of Applied Biology, v. 130, p. 439-451, 1997
KRANZ, J. (ed.). Epidemics of plant diseases: mathematical analysis and modeling. Berlin:
Springer-Verlag, 1974. 170 p.
KRANZ, J. Measuring plant diseases. In: KRANZ, J.; ROTEM, J. (eds.). Experimental Techniques
in Plant Disease Epidemiology. 1st ed. New York: Springer-Verlag, 1988. p. 33-50.
KRANZ, J. Comparative epidemiology of plant diseases. Berlin: Springer-Verlag, 2002. 199 p.
LANNOU, C. Variation and selection of quantitative traits in plant pathogens. Annual Review of
Phytopathology, v. 50, p. 319-338, 2012.
LO IACONO, G.; VAN DEN BOSCH, F.; GILLIGAN, C.A. Durable resistance to crop pathogens: an
epidemiological framework to predict risk under uncertainty. PLoS Computational Biology,
v. 9, p. e1002870, 2013.
LUO, Y.; ZENG, S.M. Simulation studies on epidemics of wheat stripe rust (Puccinia striiformis) on
slow-rusting cultivars and analysis of effects of resistance components. Plant Pathology. v.
44, p. 340-349, 1995.
MADDEN, L.V.; HUGHES, G.; VAN DEN BOSCH, F. The study of plant disease epidemics. St. Paul:
APS Press, 2007. 421 p.
MCDONALD, B. A. Using dynamic diversity to achieve durable disease resistance in agricultural
ecosystems. Tropical Plant Pathology, v. 39, p. 191-196, 2014.
MCDONALD, B. A.; LINDE, C. Pathogen population genetics, evolutionary potential, and durable
resistance. Annual Review of Phytopathology, v. 40, p. 349-379, 2002.
MICHELMORE, R.W.; CHRISTOPOULOU, M.; CALDWELL, K.S. Impacts of resistance gene geneti-
cs, function, and evolution on a durable future. Annual Review of Phytopathology, v. 51, p.
291–319, 2013.
MUNDT, C.C. Durable resistance: A key to sustainable management of pathogens and pests. In-
fection, Genetics and Evolution, v. 27, p. 446–455, 2014.
NELSON, R.R. Genetics of horizontal resistance to plant diseases. Annual Review of Phytopa-
thology, v. 16, p. 359-378, 1978.
NIKS, R.E.; QI, X.; MARCEL, T.C. Quantitative resistance to biotrophic filamentous plant patho-
gens: concepts, misconceptions, and mechanisms. Annual Review of Phytopathology, v. 53,
p. 445-470, 2015.
PARLEVLIET, J.E. Components of resistance that reduce the rate of epidemic development. An-
nual Review of Phytopathology, v. 17, p. 203-222, 1979.
PARLEVLIET, J.E. Durability of resistance against fungal, bacterial and viral pathogens; present
situation. Euphytica, v. 124, p. 147-156, 2002.
PARRY, D.W. How do we control disease? In: PARRY, D.W. (ed.). Plant pathology in agriculture.
New York: Cambridge University Press, 1990, p. 86-158.
PELLETIER, J.R.; FRY, W.E. Characterization of resistance to early blight in three potato culti-
vars: incubation period, lesion expansion rate, and spore production. Phytopathology, v. 79,
p. 511-517, 1989.
PILET-NAYEL, M-L. et al. Quantitative resistance to plant pathogens in pyramiding strategies for
durable crop protection. Frontiers in Plant Science, v. 8, n. 1838, p. 1-9, 2017.
PRIESTLEY, R.H. Detection of increased virulence in populations of wheat yellow rust. In: SCOTT,
P.R.; BAINBRIDGE, A. (eds.). Plant disease epidemiology. Oxford: Blackwell, 1978. p. 62-70.
RIMBAUD, L.; PAPAÏX, J.; REY, J-F; BARRETT, L.G.; THRALL, P.H. Assessing the durability and
efficiency of landscape-based strategies to deploy plant resistance to pathogens. PLoS Com-
putational Biology, v. 14, p. e1006067, 2018.
RIOS, J.A.; DEBONA, D. Efeito epidemiológico da resistência de hospedeiro. In: DALLAGNOL, L.J.
(org.). Resistência genética de plantas a patógenos. Pelotas: UFPel, 2018, p. 126-149.
SACHE, I. Effect of density and age of lesions on sporulation capacity and infection efficiency in
wheat leaf rust (Puccinia recondita f.sp. tritici). Plant Pathology, v. 46, p. 581-589, 1997.
SHAKYA, S.K.; GOSS, E.M.; DUFAULT, N.S.; VAN BRUGGEN, A.H.C. Potential effects of diurnal
temperature oscillations on potato late blight with special reference to climate change. Phy-
topathology. v. 105, p. 230-238, 2015.
ST CLAIR, D.A. Quantitative disease resistance and quantitative resistance loci in breeding. An-
nual Review of Phytopathology, v. 48, p. 247-268, 2010.
STUTHMAN, D.D.; LEONARD, K.J.; MILLER-GARVIN, J. Breeding crops for durable resistance to
disease. Advances in Agronomy, v. 95, p. 319-367, 2007.
SUASSUNA, N.D.; MAFFIA, L.A.; MIZUBUTI, E.S.G. Aggressiveness and host specificity of Brazi-
lian isolates of Phytophthora infestans. Plant Pathology, v. 53, p. 405-413, 2004.
TREDWAY, L.P.; STEVENSON, K.L.; BURPEE, L.L. Components of resistance to Magnaporthe grisea
in ‘Coyote’ and ‘Coronado’ tall fescue. Plant Disease, v. 87, p. 906-912, 2003.
VALE, F.X.; PARLEVLIET, J.E.; ZAMBOLIM, L. Concepts in plant disease resistance. Fitopatologia
Brasileira, v. 26, p. 577-589, 2001.
VAN DEN BOSCH, F.; GILLIGAN, C.A. Measures of durability of resistance. Phytopathology, v. 93,
p. 616-625, 2003.
VAN DER PLANK, J.E. Plant diseases: epidemics and control. New York: Academic Press,
1963. 349 p.
VAN DER PLANK, J.E. Disease resistance in plants. New York: Academic Press, 1968. 206 p.
VAN DER PLANK, J.E. Genetic and molecular basis of plant pathogenesis. Berlin: Springer-
-Verlag, 1978, 167 p.
VARSHNEY, R.K.; TERAUCHI, R.; MCCOUCH, S.R. Harvesting the promising fruits of genomics:
applying genome sequencing technologies to crop breeding. PLoS Biology, v. 12, p. e001883,
2014.
WANG, G.L. et al. RFLP mapping of genes conferring complete and partial resistance to blast in a
durably resistant rice cultivar. Genetics, v. 136, p. 1421-1434, 1994.
WILLOCQUET, L.; SAVARY, S.; YUEN, J. Multiscale phenotyping and decision strategies in bree-
ding for resistance. Trends in Plant Science, v. 22, p. 420-432, 2017.
ZHAN, J.; THRALL, P.H.; PAPAÏX, J.; XIE, L.; BURDON, J.J. Playing on a pathogen’s weakness:
using evolution to guide sustainable plant disease control strategies. Annual Review of
Phytopathology, v. 53, p. 19-43, 2015.
1. Introdução
As doenças de plantas são estudadas principalmente devido aos seus impactos
sobre a sociedade (Zadoks & Schein, 1971). Estes impactos podem afetar negativa-
mente os componentes da segurança alimentar (FAO 2006). Dentre estes a redução
da qualidade e da disponibilidade de alimentos, gerando uma perca de renda pelos
produtores, menor empregabilidade no setor agrícola e, consequentemente, negati-
vos efeitos na economia global. As plantas são rotineiramente desafiadas por agen-
tes abióticos (secas, geadas, salinidade) e bióticos (como bactérias, fungos, nematoi-
des, oomicetos e vírus). Para sobreviverem, portanto, as plantas devem ser capazes
de detectar potenciais fitopatógenos, respondendo por meio de proteção aprimorada
para prevenir ou mitigar danos.
Atualmente, diversos termos têm sido empregados para definir a resistência
(horizontal, raça não-específica, multigênica, quantitativa, qualitativa, parcial, ge-
nes de efeito menor, vertical, raça específica, genes de efeito maior). Geneticamen-
te, esta variação de termos pode ser simplificada pelo agrupamento em dois termos
genéricos: raça específica (gene de efeito principal) e raça não-específica. Assim, a
resistência de raça específica é governada por poucos genes de efeito maior, sendo
geralmente associada ao paradigma da teoria gene-a-gene (Flor, 1956). Por outro
lado, a resistência não específica (efetiva contra todas as raças do patógeno), pode
ser considerada multigênica, sendo governada por vários genes de efeito menor
(Parlevliet, 1993).
Neste capítulo, adotaremos um conceito de cunho epidemiológico, sugerido por
Nelson (1978), em que as duas resistências de hospedeiro podem ser diferenciadas
com base no seu efeito sobre o inóculo inicial ou a taxa de progresso da doença. As-
sim, a resistência vertical (raça específica) é caracterizada pela redução do inóculo
inicial, enquanto a resistência horizontal (raça não específica) está associada à redu-
ção da taxa de progresso da doença. Nosso objetivo é abordar o efeito da resistência
vertical e horizontal no progresso da doença, bem como nos parâmetros epidemio-
lógicos associados a cada uma delas.
256
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
10
O L U T Í P A C O R I E D P S H AC N Ê T R D S O I G Ó L M E P S O T C A -
Após a infecção inicial ter ocorrido, a taxa de aumento da doença não é reduzida
pela presença de genes R. A taxa de infecção para a variedade com resistência vertical
é tão rápida quanto aquela da variedade suscetível. Assim, a raça (1), por exemplo,
pode atacar uma variedade com o gene Rl tão facilmente quanto a raça (0) pode atacar
uma variedade sem um gene R. Os esporos germinam e penetram da mesma maneira,
assim como o micélio se espalha pelos tecidos da planta e produzem esporos da mes-
ma maneira. Todo o processo de infecção ocorre de forma idêntica.
Figura 3. Exemplo de um clássico ciclo boom e bust envolvendo gene de resistência vertical contra
patógenos. Linhas contínuas indicam a percentagem de aveia plantada com cultivares possuindo
resistência vertical (Victoria ou Bond) e linhas pontilhadas representam a porcentagem de popu-
lações virulentas causando ferrugem em aveia nas cultivares contendo estes genes de resistência
(adaptado de McDonald, 2004).
4.1. Mutação
Patógenos apresentando uma maior taxa de mutação apresentam alto risco evo-
lutivo, quando comparado aos patógenos com menor taxa de mutação. Isso se deve à
maior probabilidade da mutação afetar os genes de avirulência e, consequentemente,
ocorrer ausência do reconhecimento pelo hospedeiro. Seguindo a mesma tendência,
as populações de patógenos com alto índice de elementos transponíveis (“transpo-
sons”) ativos podem apresentar grande risco evolutivo em relação àquelas populações
sem esses elementos ativos. Contudo, somente essa variabilidade genética associada
ao processo de mutação não seria suficiente para alterar a frequência de alelos de uma
população do patógeno, sendo também necessária a ocorrência concomitante de ou-
tras forças evolutivas.
expansão das lesões, produção de esporos por área de lesão, severidade da doença e
frequência de infecção foram determinados e avaliados no patossistema Solanum tu-
berosum -Alternaria solani (Pelletier & Fry, 1989; Christ, 1991; Christ & Haynes, 2001).
Rodriguez et al. (2001) determinaram a influência da idade das folhas de batateira de
quatro cultivares, apresentando diferentes níveis de resistência sobre a requeima uti-
lizando componentes de resistência. Similarmente, foi observado um maior período
de incubação e latente, associado a uma redução da taxa de progresso da doença, da
expansão da lesão, do tamanho de lesão e da área abaixo da curva de progresso da
doença e da lesão em cultivares resistentes de fescuta contra Magnaporthe grisea (Tre-
dway et al., 2003).
tes fontes de resistência ao longo do tempo (rotação), enquanto a espacial pode variar
na implantação de múltiplas fontes de resistência que ocorrem em uma única cultivar
(pirâmide), em diferentes cultivares dentro do mesmo campo (mistura varietal e mul-
tilinhas), ou ainda em campos diferentes (mosaicos). A seguir, discorremos mais sobre
essas estratégias.
Assim, espera-se que quanto maior o número de genes R na mistura, mais prolon-
gada deverá ser a vida útil das variedades. Entretanto, essa estratégia pode apresentar
falhas se, na mistura varietal, ocorrer grande percentagem de plantas suscetíveis (JØr-
gensen, 1993). Outra dificuldade consiste em encontrar a melhor combinação varietal,
visto que, na maioria dos casos, esta variação não é desejável comercialmente.
6.3. Multilinhas
O termo “multilinhas” foi definido pela primeira vez por Jensen (1952) como uma
mistura varietal de linhas de plantio, sendo que em cada linha é cultivado um genó-
tipo contendo um gene R distinto. Segundo Borlaug (1966), essas misturas abrangem
linhagens fenotipicamente semelhantes, mas que são genotipicamente diferentes
para a resistência a uma determinada raça patogência. Assim, as multilinhas são uma
mistura de linhagens agronomicamente semelhantes (ou quase idênticas), mas que
diferem entre si por possuírem, cada qual, um diferente gene de resistência vertical.
Essa estratégia é empregada para cultivares autógamas e proporciona uma redução
das perdas, por promover uma proteção física entre os genótipos contra os patógenos
virulentos. Nesse caso, as linhas constituídas por plantas resistentes funcionam como
barreiras, nas quais não são infectadas pelos esporos provenientes das plantas susce-
tíveis. Assim, quanto maior a distância ou mais eficiente for a barreira, menor será a
capacidade de dispersão dos esporos.
Sabe-se que uma raça fisiológica somente se dispersa rapidamente, a partir do
foco de infecção inicial, quando encontra grande número de hospedeiros suscetíveis.
Isso não ocorre nas multilinhas, porque parte dos esporos cai em plantas resistentes,
reduzindo o número de focos secundários e, portanto, diminuindo a concentração e
dispersão destes esporos. É de consenso que raças fisiológicas mais complexas são
menos abundantes, o que talvez se explique por uma menor capacidade de sobrevi-
vência dessas raças, como constatado em Puccinia graminis e P. infestans.
6.5. Mosaicos
A estratégia é baseada na implantação de pelo menos duas cultivares contendo
diferentes genes de resistência (R1 e R2, por exemplo), repetidamente em uma pai-
sagem agrícola. Assim, uma parte da área é plantada com a cultivar R1, enquanto
a outra parte com a cultivar R2. Essa estratégia é adotada principalmente para do-
enças causadas por patógenos que se dispersam a longas distâncias pelo ar, como
as ferrugens, ou para aquelas transmitidas por vetores, como as viroses. Do mesmo
modo que as estratégias anteriores, o mosaico impõe regime de seleção disrupti-
va às populações patogênicas, com o ambiente de seleção projetado para favorecer
diferentes genótipos de patógenos em diferentes locais da paisagem (McDonald &
Linde, 2002; Zhan et al., 2015). Como também mobiliza mecanismos epidemiológi-
cos, como o efeito de diluição, inicialmente descrito para o uso de mistura varietal e
multilinhas (Wolfe, 1985).
Em estudos comparando a durabilidade de um conjunto de genes conferindo
resistência a vírus implantados individualmente em mosaicos regionais, ou pirami-
dados em uma única cultivar, Djidjou – Demasse et al. (2017) observaram que as
estratégias de mosaicos superaram as estratégias de pirâmide quando as infecções
predominavam no campo, as intensidades epidêmicas (antes da implantação da cul-
tivar R) eram altas e os custos de condicionamento associados as mutações adaptati-
vas no vírus eram baixas.
8. Considerações finais
A resistência genética tem sido amplamente adotada dentro dos programas de
manejo de doenças em campo. Mas, como visto no decorrer do capítulo, os patógenos
possuem a capacidade de superar essa resistência e voltar a causar epidemias. Como
as fontes de resistência são limitadas, algumas estratégias na implantação de culti-
vares resistentes são utilizadas, afim de aumentar a sua eficiência epidemiológica e
prolongar sua durabilidade. Essas estratégias, porém, não são universais e dependem
do patossistema que está sendo trabalhado.
9. Referências bibliográficas
ADILLAH TAN, M.Y.; HUTTEN RONALD, C.B.; VISSER, R.G.F.; HERMAN, J. VAN ECK. The effect of
pyramiding Phytophthora infestans resistance genes RPi-mcd1 and RPi-ber in potato. Theorical
and Applied Genetics., v. 121, p. 117–125, 2010.
AINSWORTH, G.C. Introduction to the History of Plant Pathology. Cambridge University Press,
New York City, NY, USA, 1981.
BARBARY, A. et al. The plant genetic background affects the efficiency of the pepper major ne-
matode resistance genes Me1 and Me3. Theorical and Applied Genetics. v. 127, p. 499–507,
2014.
BONHOEFFER, S. Managing antibiotic resistance: what models tell us? In: DIECKMANN, U.;
METZ, A.J.; SABELIS, M.W.; SIGMUND, K. (eds.). Adaptive Dynamics of Infectious Diseases
in Pursuit of Virulence Management, Cambridge Studies in Adaptive Dynamics. Cambridge
University Press, 2002.
BORLAUG, N.E. Basic concepts which influence the choice of methods for use in breeding for
disease resistance in cross-pollinated and self-pollinated crop plants. In: GERHOLD, H.D.;
SCHREINER, E.J.; WINIESKI, J.A (eds) Breeding Pest-Resistant Trees. Oxford, England: Per-
gamon Press, 1966. p. 327–344.
BOYD, L.A. Can robigus defeat an old enemy? Yellow rust in wheat. Journal of Agricultural
Science, v.143, p. 233–243, 2005.
BRUN, H. et al. Quantitative resistance increases the durability of qualitative resistance to Leptos-
phaeria maculans in Brassica napus. New Phytologist. v. 185, p. 285–299, 2010.
BURDON, J.J.; SILK, J. Sources and patterns of diversity in plant pathogenic fungi. Phytopatho-
logy, v. 87, p. 664–669, 1997.
CHRIST, B.J. Effect of disease assessment method on ranking potato cultivars for resistance to
early blight. Plant Disease, v. 75, p. 353–356, 1991.
CHRIST, B.J.; HAYNES, K.G.V. Inheritance to early blight disease in a diploid potato population.
Plant Breeding, v.120, p. 169–172, 2001.
CRILL, P. An assessment of stabilizing selection in crop variety development. Annual Review
Phytopathology. v. 15. p. 185–202, 1977.
CRILL, P.; HAM, Y.S.; BEACHELL, H.M. The rice blast disease in Korea and its control with race
prediction and gene rotation. Korean Journal of Breeding Science. v. 13, p. 106–114, 1981.
DANGL, J.L.; JONES, J.D.G. Plant pathogens and integrated defense responses to infection. Natu-
re, v. 411, p. 826–833, 2001.
DJIDJOU-DEMASSE, R.; MOURY, B.; FABRE, F. Mosaics often outperform pyramids: insights from
a model comparing strategies for the deployment of plant resistance genes against viruses in
agricultural landscapes. New Phytologist. v. 216, p. 239-253, 2017.
EVERSMEYER, M.G.; KRAMER, C.L. Epidemiology of wheat leaf and stem rust in the central great
plains of the USA. Annual Review Phytopathology. v. 38, p. 491–513, 2000.
FLOR, H.H. Current status of gene-for-gene concept. Annual Review Phytopathology, v. 9, p.
275–296, 1971.
FLOR, H.H. The complementary genic systems in flax and flax rust. Advanced Genetics, v. 8, p.
29–54, 1956.
FOURNET, S. et al. Selection of nematodes by resistant plants has implications for local adapta-
tion and cross‐virulence. Plant Pathology. v. 62, p. 184-193, 2013.
GARCION, C.; LAMOTTE, O.; METRAUX, J.P. Mechanisms of defence to pathogens: biochemistry
and physiology. In: WALTERS, D.; NEWTON, A.; LYON, G. (eds.). Induced Resistance for Plant
Disease Control: A Sustainable Approach to Crop Protection. Blackwell publishing: Oxford.
2007. p.109–132.
GHISLAIN, M. et al. Stacking three late blight resistance genes from wild species directly into
African highland potato varieties confers complete field resistance to local blight races. Plant
Biotechnology Journal. v. 17, p. 1119-1129, 2019.
HUANG, Y-J, MITROUSIA, G.K.; SIDIQUE, S.N.M.; QI, A.; FITT, B.D.L. Combining R gene and quan-
titative resistance increases effectiveness of cultivar resistance against Leptosphaeria maculans
in Brassica napus in different environments. PLoS ONE v. 13, n. 5. e0197752, 2018.
HUANG, N. et al. Pyramiding of bacterial blight resistance genes in rice: marker-assisted selec-
tion using RFLP and PCR. Theorical Applied Genetics, v. 95, p. 313–320, 1997.
JENSEN, N.F. Intra-varietal diversification in oat breeding. Agronomy Journal, v. 44, p. 30–34,
1952.
JØRGENSEN, J.H. Durability in the pathosystem: Barley powdery mildew. In: JACOBS, T.H.;
PARLEVLIET, J. E. (eds) Durability of Disease Resistance. Springer-Science. v.18, 1993. p.
159-176.
KAMOUN, S. Nonhost resistance to Phytophthora: novel prospects for a classical problem. Cur-
rent Opinion Plant Biology, v. 4, p. 295–300, 2001.
MANWAN, I.; SAMA, S.; RIZVI, S.A. Use of varietal rotation in the management of rice tungro
disease in Indonesia. Indonesian Agricultural Research & Development Journal. v. 7, p.
43–48, 1985.
MCDONALD, B.A. Population genetics of plant pathogens. The Plant Health Instructor. 2004
MCDONALD, B.A.; LINDE, C. Pathogen population genetics, evolutionary potential, and durable
resistance. Annual Review Phytopathology. v. 40, p. 349–79, 2002.
MUNDT, C.C. Durable resistance: a key to sustainable management of pathogens and pests. In-
fection, Genetics and Evolution. v. 27. p. 446-455, 2014.
NELSON, R.R. Genetics of horizontal resistance to plant diseases. Annual Review Phytopatho-
logy. v.16, p. 359–378, 1978.
NIKS, R.E.; MARCEL, T.C. Nonhost and basal resistance: how to explain specificity? New Phyto-
logy. v. 182, p. 817–828, 2009.
PALLOIX, A.; AYME, V.; MOURY, B. Durability of plant major resistance genes to pathogens de-
pends on the genetic background, experimental evidence and consequences for breeding
strategies. New Phytology. v. 183, p. 190–199, 2009.
PARLEVLIET, J.E. Components of resistance that reduce the rate of epidemic development. An-
nual Review Phytopathology. v.17, p. 203–222, 1979.
PARLEVLIET, J.E. What is durable resistance, a general outline. In: JACOBS, T.H.; PARLEVLIET,
J.E. (eds.). Durability of Disease Resistance. Kluwer Academic Publishers: Dordrecht. The Ne-
therlands. 1993. p. 23–39.
PARLEVLIET, J.E. Durability of resistance against fungal, bacterial and viral pathogens; present
situation. Euphytica. v. 24, n. 2. p. 147–156, 2002.
PELLETIER, J.R.; FRY, W.E. Characterization of resistance to early blight in three potato culti-
vars: incubation period, lesion expansion rate, and spore production. Phytopathology. v. 79,
p. 511–517, 1989.
PILET-NAYEL, M.L. et al. Quantitative Resistance to Plant Pathogens in Pyramiding Strategies for
Durable Crop Protection. Frontiers in plant science, v.8, A. 1838, 2017.
PRADHAN, S.K. et al. Pyramiding of three bacterial blight resistance genes for broad-spectrum
resistance in deepwater rice variety, Jalmagna. Rice. v.8, A. 19, 2015.
PRIESTLEY, R.H. Detection of increased virulence in populations of wheat yellow rust. In: SCOTT,
P. R.; BAINBRIDGE, A. (eds). Plant Disease Epidemiology. Black well: Oxford, 1978. p. 63-70.
RIMBAUD, L.; PAPAÏX, J.; BARRETT, L.G.; BURDON, J.J.; THRALL, P.H. Mosaics, mixtures, rota-
tions or pyramiding: What is the optimal strategy to deploy major gene resistence? Evolutio-
nary Aplications. v. 11, p. 1791-1810, 2018.
SAMA, S.; HASANUDDIN, A.; MANWAN, L.; CABUNAGAN, R.C.; HIBINO, H. Integrated manage-
ment of rice tungro disease in South Sulawesi, Indonesia. Crop Protection. v. 10, p. 34–40,
1991.
SILLERO, J.C., RUBIALES, D. Histological characterization of resistance to Uromyces viciae-fabae in
faba bean. Phytopathology. v. 92, p. 294–299, 2002.
SINGH, S. et al. Pyramiding three bacterial blight resistance genes (Xa5, Xa13 and Xa21) using
marker-assisted selection into indica rice cultivar PR106. Theorical Applied Genetics. v.
102, p. 1011–1015, 2001.
THOMPSON, J.; BURDON, J. Gene-for-gene coevolution between plants and parasites. Nature. v.
360, p. 121–125, 1992.
TREDWAY, L.P.; STEVENSON, K.L.; BURPEE, L.L. Components of resistance to Magnaporthe grisea
in ‘Coyote’ and ‘Coronado’ tall fescue. Plant Disease., v. 87, p. 906-912, 2003.
VAN DEN BOSCH, F.; GILLIGAN, C.A. Measures of durability of resistance. Phytopathology. v. 93,
p. 616–625, 2003.
VAN DER PLANK J.E. Genetic and molecular basis of plant pathogenesis. Springer: Berlin Hei-
delberg New York. 1978. p. 167.
VAN DER PLANK, J.E. Host–Pathogen Interaction in Plant Disease. Academic Press, New York/
London, 1982. p. 207.
VAN DER PLANK, J.E. Plant diseases: epidemics and control. Academic Press: London New York.
1963. p. 349.
WOLFE, M.S. The current status and prospects of multiline cultivars and cultivar mixtures for
disease resistance. Annual Review Phytopathology. v. 23: p. 251–273, 1985.
YOSHIMURA, S. et al. Tagging and combining bacterial-blight resistance genes in rice using
RAPD and RFLP markers. Molecular Breeding., v. 1, p. 375–387, 1995.
YOUNG, N.D. QTL mapping and quantitative disease resistance in plants. Annual Review Phyto-
pathology, v. 34, p. 479–501. 1996.
ZADOKS, J.C. Systems analysis and the dynamics of epidemics. Phytopathology, v. 61, p. 600–
610, 1971.
ZHAN, J.; THRALL, P.H.; PAPAÏX, J.; XIE, L.; BURDON, J.J. Playing on a Pathogen’s Weakness: Us-
ing Evolution to Guide Sustainable Plant Disease Control Strategies. Annual Review Phyto-
pathology. v. 53, p. 2.1-2.25, 2015.
ZHANG, J.; LI, X.; JIANG, G.; XU, Y.; HE, Y. Pyramiding of Xa7 and Xa21 for the improvement of
disease resistance to bacterial blight in hybrid rice. Plant Breeding. v. 125, p. 600–605, 2006.
ZHU, Y.Y. et al. Genetic diversity and disease control in rice. Nature. v. 406, p. 718-722, 2000.