A Sociedade Punitiva, Fichamento
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18. “ essa figura de homo sacer ao direito arcaico, “ essa figura do homem que qualquer um
pode matar sem cometer homicídio, mas não pode ser executado formalmente”, será
estudado por Giorgio Agamben em sua obra Homo Sacer. “
3) “ Marcar. Fazer uma cicatriz, deixar um sinal no corpo, em suma, impor esse corpo uma
diminuição virtual ou visível, ou então, caso-o corpo real do indivíduo seja atingido, infrigir
uma mácula simbólica a seu nome, humilhar seu personagem, reduzir seu status. De qualquer
maneira, trata-se de deixar sobre o corpo visível ou simbólico, físico ou social, anatômico ou
estatutário algo como um vestígio. O indivíduo que tiver cometido a infração ficará assim
marcado por um elemento de memória ou reconhecimento. Nesse sistema a infração já não é
aquilo deve ser ressarcido, compensado, reequilibrado, portanto até certo ponto apagado; ao
contrário, é aquilo que deve ser ressaltado, que deve escapar ao esquecimento, ficar fixado
numa espécie de monumento, ainda que este seja uma cicatriz, uma amputação, algo que gira
em torno da vergonha ou da infâmia, são todos os rostos expostos no pelourinho as mãos
cortadas dos ladrões. O corpo visível ou social, nesse sistema, deve ser o brasão das penas, e
esse brasão remete a duas coisas. Por um lado a culpa, de que ele deve ser o vestígio visível e
imediatamente reconhecível: sei muito bem que és ladrão, pois não tem mãos; e {por outro
lado, } ao poder que impôs a pena e, com essa pena, deixou no corpo suplicado a marca de sua
soberania. Na cicatriz ou amputação, visível não é apenas a culpa, mas também o soberano.
Foi essa tática de marcação que ponderou no Ocidente desde o fim da Alta Idade Média até o
século XVIII. “
“O crescimento de poder faz os homens entrarem no sistema dos signos, das marcas, e o
aumento de poder está essencialmente destinado a instaurar nas relações entre os homens e a
marca visível {do} poder { de um deles }. É essa vontade de impor respeito que Hobbes chama
de “glória”: a capacidade de impor respeito por meio de signos exteriores a todos aqueles que
teriam a pretensão de substituí-lo. “
“ Glória, desconfiança, rivalidade essas são as três dimensões, inteiramente individuais, que
constituem a guerra universal de todos os indivíduos contra todos os indivíduos. Hobbes diz
isso claramente: a guerra de todos contra todos é “ consequência necessária das paixões
naturais dos homens. “