A Abrangencia Objetiva e Subjetiva Da Me
A Abrangencia Objetiva e Subjetiva Da Me
A Abrangencia Objetiva e Subjetiva Da Me
1 Introdução
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O ordenamento jurídico brasileiro tem passado por relevantes mudanças. As
tradicionais formas de administração da justiça e de tratamento dos conflitos têm sido
alvo dessas mudanças. Em grande medida, as mudanças partem da ideia de que o
sistema judiciário já não mais comporta as dificuldades quantitativas e qualitativas que o
modelo de jurisdição estatal apresenta.
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A abrangência objetiva e subjetiva da mediação
De qualquer modo, enquanto a conciliação era tratada pelo legislador, pela doutrina e
também era de alguma forma aplicada na prática forense como um instrumento de
pacificação social, a mediação – técnica utilizada prioritariamente quando há vínculo
anterior entre as partes e uma necessidade maior de se reestabelecer a comunicação
entre elas – só começou a ganhar alguma atenção dos juristas nacionais na década de
1990, e ainda com aplicação restrita basicamente ao campo privado.
Porém, a influência dos sistemas estrangeiros foi fundamental para que a mediação
ganhasse adeptos no Brasil, já que o incremento do uso de métodos não adversariais de
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resolução de conflitos seguia uma forte tendência mundial , o que, inclusive, fez com
que a matéria fosse legalmente introduzida em diversos ordenamentos jurídicos como na
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Argentina , no Uruguai, no Japão , na Austrália, na Itália , na Espanha, na França ,
entre outros, tendo sido objeto, ainda, da Diretiva 52, de 21 de maio de 2008, emitida
pelo Conselho da União Europeia.
Nesse contexto, a mediação abriu novas possibilidades para a adequada resolução dos
conflitos sociais, permitindo não só o encerramento das controvérsias, mas também o
restabelecimento de relações interpessoais.
As duas leis, antes de serem aprovadas, tiveram seus projetos em tramitação paralela,
quase simultaneamente, no Congresso Nacional, com o objetivo de compatibilização ao
máximo dos textos. Mas, ainda assim, em alguns aspectos, foram utilizados critérios
distintos para regulamentar o assunto, o que, em certos casos, chegou a indicar
aparentes conflitos normativos.
Por fim, interessante observar que outros projetos de lei tratam dos meios adequados de
resolução de disputas, revelando que institutos como a mediação vêm efetivamente se
solidificando em nossa sociedade.
Por fim, registre-se que dessas fontes legislativas surgem outros atos normativos ou
orientadores, de cunho administrativo, que regulamentam o tratamento do uso da
mediação perante entes públicos e privados.
A referência indicada pelo legislador processual – vínculo anterior entre as partes – para
priorizar o uso da mediação se justifica para fazer uma contraposição com a conciliação,
cuja aplicação se dará, preferencialmente, quando não houver vínculo prévio entre os
litigantes.
De qualquer forma, nas duas fontes legislativas, a mediação tem como finalidade a
compreensão e a solução consensual de questões e de interesses em conflito.
No Código de Processo Civil (LGL\2015\1656), o tema está disciplinado no art. 165, que
se refere, de forma genérica, a questões e interesses em conflito. Nos termos do seu art.
174, o objeto da mediação pode envolver conflitos no âmbito administrativo,
realizando-se em câmaras de mediação e de conciliação criadas pela União, pelos
Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios para a resolução de conflitos, sobretudo
nos casos exemplificados nos seus três incisos.
Assim, tanto a Lei de Mediação como o Código de Processo Civil (LGL\2015\1656) tratam
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A abrangência objetiva e subjetiva da mediação
A questão, que sempre foi alvo de intensos debates na doutrina, começa a ter uma
interpretação mais contemporânea, levando em consideração o grau de interesse público
envolvido e permitindo que controvérsias transacionáveis, ainda que referentes a direitos
indisponíveis, sejam passíveis de autocomposição, sepultando de forma correta
restrições injustificáveis e sem efetividade.
Na Lei de Mediação, a matéria é tratada nos seus arts. 32 a 40, com um grau de
detalhamento bem mais completo, o que confere a segurança jurídica necessária para a
aplicação do instituto. Ali estão previstas a necessidade de criação de órgãos específicos
para a mediação, suas hipóteses de cabimento, os seus efeitos processuais, a
possibilidade de mediação coletiva e aspectos procedimentais.
Registre-se, por sua vez, que as diferentes peculiaridades existentes entre os acordos
firmados no âmbito privado e no setor público devem ser consideradas, especialmente
no que diz respeito a aspectos que limitam a atuação da Administração Pública,
identificados em três princípios: legalidade (ou juridicidade), isonomia e publicidade.
Deixe-se assente que a mediação é regida, entre outros, pelo princípio da autonomia da
vontade. Quer isso dizer que as partes podem autocompor-se sobre todo o objeto da
disputa ou sobre parte dele. Também é possível que se inclua, na autocomposição,
matéria estranha à disputa.
Todo direito que possa ser negociado, acordado, transacionado pode ser objeto de
mediação. A mediação é uma técnica que intermedia uma negociação, contribuindo para
que se celebre uma autocomposição. Geralmente, diz-se que são negociáveis ou
transacionáveis os direitos patrimoniais; deve haver patrimonialidade para que se possa
ter autocomposição. No campo da arbitragem, fala-se em arbitrabilidade. O conceito de
arbitrabilidade é, porém, mais restrito, pois há direitos que, embora patrimoniais e com
margem para negociação ou transação, não se submetem à arbitragem, por expressa
vedação legal.
Por força do disposto no art. 852 do Código Civil (LGL\2002\400), entende-se que as
questões de direito de família não se submetem à arbitragem. Conquanto não se permita
arbitragem, é possível haver mediação. Aliás, as controvérsias de família são mais
adequadamente solucionadas pela mediação, cuja adoção é recomendável e se afigura
como a medida ideal.
Já se viu que a transação pode ocorrer com o processo em curso ou antes da propositura
da demanda; na primeira hipótese, haverá transação judicial e, na segunda,
extrajudicial. Ao tratar da matéria, o Código Civil (LGL\2002\400) assim dispõe no seu
art. 842: “A transação far-se-á por escritura pública, nas obrigações em que a lei o
exige, ou por instrumento particular, nas em que ela o admite; se recair sobre direitos
contestados em juízo, será feita por escritura pública, ou por termo nos autos, assinado
pelos transigentes e homologado pelo juiz”.
Significa que a transação judicial deve ser feita por escritura pública ou por termo nos
autos. A expressão termo nos autos equivale a registro escrito nos autos do processo.
Desse modo, a transação poderá ser feita por instrumento particular subscrito pelas
partes e submetido ao crivo do juiz para que este a homologue, tendo o mesmo efeito
de transação feita perante o cartório ou em audiência, na presença do juiz, que ali
mesmo procede à imediata homologação. Elaborar a transação e depois submetê-la ao
juiz para homologação é o mesmo que realizá-la em cartório ou na presença do
magistrado. O importante, como expressa o aludido art. 842 do Código Civil
(LGL\2002\400), é que a transação seja subscrita pelas partes e homologada pelo juiz,
tendo o mesmo valor que uma escritura pública, salvo no tocante à natureza do título
executivo que irá desencadear: sendo transação homologada pelo juiz, passará a ser
título executivo judicial (CPC (LGL\2015\1656), art. 487, III), enquanto a escritura
pública ostenta a feição de título executivo extrajudicial (CPC (LGL\2015\1656), art.
784, II). A diferença está em que, sendo a execução fundada em título judicial, deve ser
adotado o procedimento do cumprimento de sentença, cabendo ao executado
defender-se por uma impugnação, que somente poderá versar sobre as matérias
constantes do § 1º do art. 525 do CPC (LGL\2015\1656).
É possível haver a autocomposição mesmo quando a questão já tenha sido resolvida por
sentença de mérito transitada em julgado. Caso os interessados tenham ciência da
sentença transitada em julgado e, ainda assim, resolvam celebrar a transação, esta é
válida, podendo, inclusive, ser obstada a execução do julgado, mediante o ajuizamento
de impugnação (CPC (LGL\2015\1656), art. 525, § 1º, VII; CPC (LGL\2015\1656), art.
535, VI). Não é necessária a homologação da autocomposição celebrada após a coisa
julgada; a transação superveniente deve simplesmente ser observada, podendo, como
dito, obstar a execução do julgado. Será, porém, nula a transação, na hipótese de um
dos transatores não saber da existência da coisa julgada ou caso se apure, por título
posteriormente descoberto, que nenhum dos transatores tinha direito sobre o seu objeto
(Código Civil (LGL\2002\400), art. 850).
São títulos executivos judiciais não somente a decisão que homologa a autocomposição
judicial, mas também a que homologa a autocomposição extrajudicial. É possível que
qualquer acordo, transação, contrato, negócio jurídico, enfim, possa ser levado ao juízo
absolutamente competente para ser homologado, constituindo-se, assim, título
executivo judicial. A homologação deve realizar-se em procedimento de jurisdição
voluntária, instaurado por ambos interessados, no qual o juiz examinará o
preenchimento dos pressupostos e requisitos para a celebração do negócio jurídico (CPC
(LGL\2015\1656), art. 725, VIII).
incompetência do juízo, e esse item do acordo foi levado para homologação no CEJUSC,
constituindo título executivo judicial, o qual, em caso de eventual descumprimento, será
remetido ao juízo cível para a regular tramitação do cumprimento de sentença.
6 Homologação judicial
O dispositivo refere-se a consenso, mas se deve considerar que o consenso ali previsto é
consenso com processo judicial pendente. Só faz sentido exigir a homologação judicial,
se houver processo pendente. Levar a autocomposição à homologação judicial é, aliás,
um direito da parte. A não ser assim, todos os acordos orais, os milhões de acordos orais
que são celebrados diariamente em todo o Brasil entre pais e filhos sobre questões de
alimentos, por exemplo, teriam de ser levados à homologação de um juiz. Admitir essa
interpretação seria extrapolar os limites mínimos do razoável.
A homologação judicial é necessária para que o processo judicial em curso seja extinto.
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A abrangência objetiva e subjetiva da mediação
A homologação também serve, como já se viu no item anterior, para que se confira ao
negócio jurídico celebrado entre as partes o cariz de título executivo judicial.
O dispositivo em análise não pode ser interpretado isoladamente. É preciso que se lhe
confira uma interpretação sistêmica. Não é razoável considerar que todo e qualquer
negócio jurídico que envolva direito indisponível deva ser homologado judicialmente.
Isso contraria a própria ideia de valorização da autonomia da vontade, eliminando o
empoderamento que se concede às partes que solucionarem, elas mesmas, seus
problemas.
Apenas nos casos em que haja processo judicial pendente é que se deve submeter o
consenso a homologação. No caso de um consenso extrajudicial, obtido ou não por
mediação, não é necessária homologação judicial. Não havendo processo judicial em
curso que envolva as partes sobre aquele direito indisponível, o negócio jurídico
celebrado entre elas produzirá efeitos imediatos, independentemente de homologação.
O CPC de 2015 fez uma evidente opção pela equalização constitucional da intervenção
do Ministério Público no processo civil, racionalizando-a. Há um conjunto de regras nesse
sentido; todas podem ser reconduzidas a uma mesma norma superior: a participação do
Ministério Público no processo civil, como fiscal da ordem jurídica, somente se justifica
nos casos em que há interesse público, social ou individual indisponível em discussão (CF
(LGL\1988\3), art. 127).
Com efeito, não se impõe mais a intervenção do Ministério Público em ações de estado,
tal como fazia o CPC de 1973. Em ações de família, a intervenção do Ministério Público
apenas se impõe se houver interesse de incapaz (CPC (LGL\2015\1656), art. 698). Além
disso, deixou-se claro que a participação da Fazenda Pública em juízo não torna, só por
isso, imperiosa a intimação do Ministério Publico para atuar como fiscal da ordem
jurídica (CPC (LGL\2015\1656), art. 178, parágrafo único). Na ação rescisória, a
intimação obrigatória do Ministério Público apenas se justifica se a causa subsumir-se a
uma das hipóteses gerais de intervenção (CPC (LGL\2015\1656), art. 967, parágrafo
único). Ao tempo do CPC de 1973, prevalecia o entendimento de que a intervenção
ministerial era obrigatória em qualquer ação rescisória, a despeito do silêncio normativo
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. No conflito de competência, a intimação obrigatória do Ministério Público
também apenas se justifica se a causa se subsumir a uma das hipóteses gerais de
intervenção (CPC (LGL\2015\1656), art. 951, parágrafo único). No CPC de 1973, havia
dispositivo que expressamente impunha a participação do Ministério Público em todos os
conflitos de competência (CPC/1973 (LGL\1973\5), art. 116, parágrafo único).
Tudo isso está a demonstrar que não basta que o direito seja indisponível para que o
Ministério Público intervenha. O direito da Fazenda Pública é indisponível, mas a sua
simples presença no processo não exige a intervenção do Ministério Público. O direito
disputado em ações de família é indisponível, porém o Ministério Público apenas deve
intervir se houver interesse de incapazes.
Muito embora a redação do dispositivo possa causar essa impressão, não é assim que se
deve entender. Isso porque, em qualquer caso de intervenção obrigatória do Ministério
Público, é suficiente sua intimação, não sendo necessária sua manifestação. Com efeito,
o STF, ao julgar a ADIn 1.936-0, reafirmou seu entendimento segundo o qual a falta de
manifestação do Ministério Público, nos casos em que deve intervir, não acarreta a
nulidade do processo, desde que tenha havido sua regular intimação. De acordo com o
STF, para se atender à exigência normativa de sua intervenção, basta a intimação do
Ministério Público, sendo prescindível seu pronunciamento expresso.
8 Considerações finais
O Brasil alcançou, ao longo dos anos, relevantes avanços legislativos no que concerne
aos métodos adequados de solução de controvérsias, formando um verdadeiro
microssistema normativo que beneficia o jurisdicionado em termos de custo, de tempo e
de qualidade na forma de se resolverem as disputas havida entre pessoas, entes ou
sujeitos de direito.
A implementação dessa política voltada à apropriada resolução das contendas tem sido
rápida e bem recepcionada pela comunidade jurídica.
Por sua vez, os profissionais do direito devem conhecer melhor essas ferramentas, o que
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A abrangência objetiva e subjetiva da mediação
Ademais, alguns temas hoje excluídos do uso da mediação precisam ser repensados,
como a recuperação judicial e a falência. No Rio de Janeiro, tramita com sucesso a
recuperação judicial da empresa OI, mas sua admissão foi e ainda é questionada por
alguns setores.
9 Referências
BARBOSA MOREIRA, José Carlos. Comentários ao Código de Processo Civil. 12. ed. Rio
de Janeiro: Forense, 2005. v. 5. p. 199-200.
DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da. Curso de direito processual civil. 12.
ed. Salvador: JusPodivm, 2014. v. 3. p. 429.
TANIGUCHI, Yasuhei. How much does japonese civil procedure belong to the civil law
and to the common law. In: CHASE, Oscar G.; WALKER, Janet. Common law, civil law,
and the future of categories. Toronto: Lexis Nexis.
ZANETI JR., Hermes; CABRAL, Trícia Navarro Xavier. Justiça Multiportas: mediação,
conciliação, arbitragem e outros meios de solução adequada de conflitos. (Coleção
Grandes Temas do Novo CPC (LGL\2015\1656) – vol. 9). Salvador: JusPodivm, 2017.
ZENKNER, Marcelo. Ministério Público e efetividade no processo civil. São Paulo: Ed. RT,
2006.
2 Sobre esse aspecto histórico da conciliação, cf.: CAMPOS, Adriana Pereira; FRANCO,
João Vitor Sias. A conciliação no Brasil e a importância dos juízes leigos para o seu
desenvolvimento. Disponível em:
[file:///D:/SW_Users/PJES/Downloads/18025-50580-1-PB.pdf]. Acesso em: 12.07.2018.
3 Art. 161. Sem se fazer constar, que se tem intentado o meio da reconciliação, não se
começará Processo algum. Art. 162. Para este fim haverá juizes de Paz, os quaes serão
electivos pelo mesmo tempo, e maneira, por que se elegem os Vereadores das Camaras.
Suas attribuições, e Districtos serão regulados por Lei.
4 Cf.: [http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao24.htm].
5 ZANETI JR., Hermes; CABRAL, Trícia Navarro Xavier. Justiça Multiportas: mediação,
conciliação, arbitragem e outros meios de solução adequada de conflitos. (Coleção
Grandes Temas do Novo CPC – vol. 9). Salvador: JusPodivm, 2017.
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A abrangência objetiva e subjetiva da mediação
6 Nos Estados Unidos, o assunto é tratado por: MOORE, Christopher W. The Mediation
Process – Practical Strategies for Resolving Conflict. 3rd Edition. San Francisco:
Jossey-Bass, 2003. Ver ainda: CHASE, Oscar G. I metodi alternativi di soluzione dele
controversie e la cultura del processo: il caso degli Stati Uniti D’America. In: VARANO,
Vincenzo (Org.). L’altragiustizia: il metodi alternativi di soluzione dele controversie nel
diritto comparato. Milano: Dott. A. Giuffrè, 2007. p. 129-156.
7 Cf.: ABREVAYA, Sergio Fernando. Mediação prejudicial. Buenos Aires: Historica Emilio
J. Perrot, 2008. (Colección Visión Compartida).
8 Sobre o tema: TANIGUCHI, Yasuhei. How much does japonese civil procedure belong
to the civil law and to the common law. In: CHASE, Oscar G.; WALKER, Janet. Common
law, civil law, and the future of categories. Toronto: Lexis Nexis, 2010. p. 111-224, p.
210-211.
9 Ver: TROCKER, Nicolò. Processo e strumenti alternativi di composizione delle liti nella
giurisprudenza dela Corte constituzionale. Diritto processuale civile e Corte
Constituzionale. Roma: Edizioni Scientifiche Italiane, 2006. p. 439-487.
11 Disponível em:
[https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/122592]. Acesso em:
12.03.2018.
12 Disponível em:
[http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=A01243073F833F56BE4E2
Acesso em: 12.03.2018.
13 Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a mediação como meio de solução de controvérsias
entre particulares e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração
pública.
Parágrafo único. Considera-se mediação a atividade técnica exercida por terceiro
imparcial sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e
estimula a identificar ou desenvolver soluções consensuais para a controvérsia.
§ 2o O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo
anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização
de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem.
15 Art. 3º Pode ser objeto de mediação o conflito que verse sobre direitos disponíveis ou
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§ 2º O consenso das partes envolvendo direitos indisponíveis, mas transigíveis, deve ser
homologado em juízo, exigida a oitiva do Ministério Público.
16 Art. 3º [...] § 3º. Salvo em relação aos aspectos patrimoniais ou às questões que
admitam transação, não se submete à mediação o conflito em que se discuta: I –
filiação, adoção, poder familiar ou invalidade de patrimônio; II – interdição; III –
recuperação judicial ou falência; IV – relações de trabalho.
22 BARBOSA MOREIRA, José Carlos. Comentários ao Código de Processo Civil. 12. ed.
Rio de Janeiro: Forense, 2005. v. 5. p. 199-200; MACHADO, Antônio Cláudio da Costa. A
intervenção do Ministério Público no processo civil brasileiro. 2. ed. São Paulo: Saraiva,
1998. p. 373-374; DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da. Curso de direito
processual civil. 12. ed. Salvador: JusPodivm, 2014. v. 3. p. 429. Em sentido diverso,
com entendimento agora encampado pelo CPC-2015, ZENKNER, Marcelo. Ministério
Público e efetividade no processo civil. São Paulo: Ed. RT, 2006.
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