Ftele PLPP-1-19
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Ftele PLPP-1-19
A atenuação consiste na redução do nível do sinal, o qual pode tornar-se excessivamente baixo
em comparação com outros sinais indesejados. Tal como a distorção, a atenuação pode ser
controlada dentro de certos limites.
As interferências são a contaminação do sinal desejado por outros sinais da mesma natureza
que partilham o mesmo canal físico de transmissão. As interferências podem igualmente ser
reduzidas.
O ruído refere-se a sinais eléctricos de natureza aleatória, internos ou externos ao sistema. Tem
como efeito mascarar parcialmente ou alterar profundamente o sinal desejado. Uma das
características únicas do ruído é que não pode ser completamente eliminado, mesmo em teoria.
Por esta razão, o ruído coloca limites fundamentais na capacidade de transmissão de sinais
através de canais de comunicação.
Fundamentos de Telecomunicações
Um sistema linear e invariante no tempo tem as seguintes propriedades:
- obedece ao princípio da sobreposição
sendo y (t ) = F [x(t )]
N
e sendo
x(t ) = å ai xi (t )
i =1
então N
y (t ) = å ai F [xi (t )]
i =1
Um sistema linear e invariante no tempo pode ser completamente caracterizado pela sua
resposta impulsional ou pela sua resposta em frequência. A relação entre a entrada e a saída no
domínio dos tempos é a seguinte (convolução): ¥
y (t ) = x(t ) * h(t ) = ò x(t ) h(t - t )dt
-¥
A fase da resposta em frequência deve, para além de ser linear, passar por zero ou por um
múltiplo inteiro de p. Note-se que o termo ±m×p aparece na expressão da fase sem ter qualquer
efeito, se m for par, ou traduzindo uma simples inversão de fase, se m for ímpar.
Exemplo 1:
H(1)=1 e H(2)=1/2
então ocorrerá distorção de amplitude e a reposta do filtro, y(t), ao sinal x(t) será a seguinte
1
y (t ) = cos(2pt ) + cos(4pt )
2
Sugestão: Verifique a alteração da forma do sinal de y(t) relativamente a x(t), desenhando alguns períodos de x(t)
e y(t), utilizando o MATLAB.
Fundamentos de Telecomunicações
Uma forma rudimentar, mas muito útil, de caracterizar a distorção de amplitude de um canal é
através das respectivas “frequências de corte”, que se definem da mesma forma que para um
filtro.
Ou seja, são as frequências para as quais
H ( f ) max
H( f ) =
2
Da definição, resulta que a potência das componentes do sinal a essas frequências à saída é
metade da potência das respectivas componentes à entrada.
Quando um filtro (ou canal) tem uma resposta em frequência com as seguintes características:
H ( f ) max
H( f ) < para f < f1 ,
2
H ( f ) max
H( f ) < para f > f 2 e
2
H ( f ) max
H( f ) ³ para f1 £ f £ f 2
2
B = f 2 - f1
|H(f)|
H ( f ) max
H ( f ) max
2
f1 f2 f
Fundamentos de Telecomunicações
Exemplo 2:
Se aplicarmos o sinal:
x(t ) = cos(2pt ) + cos(4pt )
O primeiro termo foi atrasado de 1/4 do seu período, que tem a duração de 1s, logo foi atrasado de 1/4s. O
segundo termo foi atrasado de 1/4 do seu período, que tem a duração de 1/2s, logo foi atrasado de 1/8s.
Neste caso ambos os termos foram atrasados de 1/4s. Enquanto um atraso constante não provoca distorção de fase
em x(t), uma fase constante provoca distorção de fase em x(t) (a menos que seja 0º ou múltiplo inteiro de p).
Sugestão: Desenhe alguns períodos dos sinais x(t), y1(t) e y2(t), utilizando o MATLAB, e compare os resultados.
Fundamentos de Telecomunicações
Exemplo 3:
arg H (1) p 2 1
t d (1) = -
p
H (1) = e
-j
2 = = s
2p 2p 4
1 -j3
p
arg H (2 ) p 3 1
H (2 ) = e t d (2 ) = - = = s
2 2p × 2 2p × 2 12
O valor da resposta em frequência do filtro igualizador para as frequências f=1 Hz e f=2 Hz terá que ser
(considerando K=1 e td=1s)
Ke - j 2ptd
f = 1 Hz H ig (1) = p
= e - j ( 2p -p 2)
-j
e 2
Ke - j 4ptd
f = 2 Hz H ig (2 ) = p
= 2e - j ( 4p -p 3)
1 -j3
e
2
Sugestão 1: Verifique que se td fosse inferior a 1/4 s, o igualizador teria que ser não causal.
Sugestão 2: Calcule o sinal que se obteria à saída da cascata formada pelo canal e pelo filtro igualizador, se lhe
fosse aplicado à entrada o sinal x(t) do exemplo 1. Compare os dois sinais.
Fundamentos de Telecomunicações
A compensação das distorções não lineares é em muitos casos impossível.
No caso dos filtros (ou canais) lineares e invariantes no tempo, o sinal de saída tem o mesmo
conteúdo espectral do que o sinal de entrada, isto é, se o sinal de entrada tiver amplitude zero
para uma determinada frequência, o sinal de saída não poderá ter uma amplitude diferente de
zero para essa frequência.
Pelo contrário, no caso dos canais (ou filtros) não lineares, o sinal de saída pode ser mais rico
harmonicamente do que o sinal de entrada.
Exemplo 4:
Apesar de o sinal x(t) só ter uma componente diferente de zero à frequência 1 Hz, o sinal y(t) tem componentes
diferentes de zero às frequências 0 Hz (componente dc), 1 Hz e 2 Hz.
1 3
y (t ) = 10 x(t ) - x 2 (t ) + x (t ) e
4
Fundamentos de Telecomunicações
É comum em telecomunicações expressar os ganhos em decibeis (dB), devido ao facto de
poderem assumir valores muito grandes (amplificação) ou muito pequenos (atenuação).
Por definição
Psaída
g dB = 10 log10
Pentrada
Como em dB se utilizam logaritmos de base 10, g=10m corresponde a gdB=m´10 dB. Quando
gdB=0 dB, o ganho em potência é unitário, g=1. Se gdB for negativo estamos perante uma
atenuação.
P
LdB = - g dB = 10 log10 entrada
Psaída
Os dB’s correspondem sempre a uma razão (comparação). No caso que vimos trata-se de uma
comparação de potências. Se pretendermos comparar por exemplo a amplitude de uma
sinusóide à entrada e à saída de um filtro, define-se gdB da seguinte forma:
V
g dB = 20 log10 saída
Ventrada
Uma vez que a potência é proporcional ao quadrado da tensão e admitindo que a impedância é
a mesma temos 2
Psaída Vsaída V
g dB = 10 log10 = 10 log10 2 = 20 log10 saída
Pentrada Ventrada Ventrada
g2 g4 gN
Pentrada Psaída
L1=1/g1 L3=1/g3 LN-1=1/gN-1
Psaída = ( g1 × g 2 × g 3 × g 4 ! g N -1 × g N ) Pentrada
N N
Psaída dB = åg
i =2
i dB - åLi =1
i dB + Pentrada dB
i par i ímpar
Fundamentos de Telecomunicações
Exemplo 5:
Considere uma ligação por cabo coaxial com 20 km e a funcionar a 3 MHz. Pretende-se garantir que a potência
do sinal à entrada (-13 dBW) seja igual à potência do sinal à saída.
Para restaurar a potência original, será utilizado um amplificador na recepção cujo ganho terá o seguinte valor
g2 = 80 dB
L1 = 80 dB
80 dB
-13 dBW 10 km -53 dBW -13 dBW 10 km -53 dBW -13 dBW
g2 g4
L1 = 40 dB 40 dB L3 = 40 dB 40 dB
Como se pode verificar, na primeira solução o nível de sinal desce a um valor de potência muito baixa de -93
dBW (5.10-10 W), enquanto que a segunda solução impede que o nível do sinal desça abaixo de -53 dBW (5.10-6
W), assegurando muito maior imunidade a interferências e ruído.
Fundamentos de Telecomunicações
Exemplo 6:
Considere um sistema de transmissão por satélite que opera a 6 GHz na ligação ascendente e a 4GHz na ligação
descendente.
Pentrada
Psaída
Sabendo que a distância entre cada uma das estações terrestres e o satélite é de 36 000 km, que as antenas
terrestres têm ganho de 50 dB e as antenas do satélite têm ganho de 35 dB, que o amplificador do satélite
(repetidor) tem ganho de 90 dB e que a potência do sinal à entrada do sistema é de 100 W, calcule a potência do
sinal à saída.
Fundamentos de Telecomunicações
Como vimos na Introdução, a necessidade de aumentar a capacidade de sistemas de
telecomunicações requer alguma forma de partilha de meios, ou seja, dos suportes físicos de
transmissão disponíveis (dimensão espacial), ou do espectro electromagnético (domínio das
frequências), ou ainda do tempo (domínio dos tempos). Esta partilha não se faz, de um modo
geral, em condições ideais, sendo esta a principal causa das interferências.
Fundamentos de Telecomunicações
Ruído externo:
- Ruído atmosférico: Este ruído corresponde às perturbações provocadas pelos fenómenos
atmosféricos na radiação electromagnética. Afecta particularmente os sinais com
frequências inferiores a 30 MHz.
- Ruído térmico: Este ruído é devido à agitação molecular na atmosfera e na terra. É
aproximadamente uniforme até 10 GHz, aumentando significativamente para certas
frequências, por exemplo às frequências de 22 GHz e 60 GHz, correspondentes à
ressonância de moléculas de vapor de água e oxigénio, respectivamente.
- Ruído espacial: Este ruído tem origem em radiações solares e de outras estrelas, com
uma banda muito larga, e na agitação electrónica galáctica, observável na banda dos 8
MHz aos 1,5 GHz.
- Ruído industrial: Este ruído tem origem em equipamentos de fabrico humano, por
exemplo motores eléctricos, ignições de motores de combustão, equipamentos de
comutação, etc.. É dominante até aos 600 MHz.
Ruído interno:
- Ruído térmico: Este ruído é gerado por resistências ou elementos resistivos e é devido à
agitação molecular. A potência do ruído térmico é proporcional à temperatura e à largura
de banda.
- Ruído impulsivo: Este ruído tem origem em fenómenos que se verificam nas junções dos
semicondutores.
Vamos seguidamente considerar em maior detalhe o ruído térmico, por ser o predominante na
maioria dos sistemas de telecomunicações.
Sugestão: Para obter uma visão panorâmica das questões do ruído, em alternativa à secção
4.13 do Haykin, pode ler o capítulo 2 de Kennedy e Davis, “Electronic Communication
Systems”, McGraw-Hill.
Fundamentos de Telecomunicações
A constante de Boltzmann tem o seguinte valor: k=1,38´10-23 J/K (joule por kelvin). A
temperatura T é expressa em kelvin.
Pela expressão apresentada para a média quadrática da tensão, esta varia linearmente com a
largura de banda. Na realidade isto só é verdade para frequências entre 0 Hz e cerca de 10
GHz, o que inclui a maioria dos sistemas de comunicação.
A expressão para a densidade espectral de potência apresentada foi calculada para uma
situação de adaptação, isto é, R=RL, o que garante a transferência máxima de potência para a
carga.
Para se calcular a potência gerada pela fonte de ruído para uma determinada banda só temos
que multiplicar a densidade espectral de potência pela largura da banda, uma vez que a
expressão para a densidade espectral de potência apresentada é unilateral. Por isso, potência do
ruído é dada por
N = kTB
Fundamentos de Telecomunicações
Exemplo 7:
Se tivermos uma antena, com temperatura efectiva de ruído de 290 K, ligada a um amplificador com ganho de
potência de 105 e largura de banda de 36 MHz, qual será a potência do ruído à saída do amplificador? Admita que
o amplificador não introduz ruído.
Ni g No
g=105
Tant=290 K
B=36 MHz
em que T0 é a temperatura ambiente convencional e tem o valor 290 K e que neste caso corresponde à
temperatura efectiva de ruído da antena.
Nota: Uma vez que é possível determinar pelo contexto se se está a trabalhar em dB’s vamos deixar de o referir
em índice.
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No caso de um sistema de recepção de radiocomunicações, a temperatura de ruído de entrada
Ti é a temperatura de ruído da antena Tant.
A temperatura de ruído de sistema TS é uma grandeza que exprime todas as componentes de
ruído, externas e internas, que afectam o sinal. Como se pode verificar toma-se como
referência a entrada do receptor, pelo que a temperatura de ruído de sistema tem o significado
físico de uma temperatura a que seria colocada uma resistência à entrada do receptor, para
produzir a mesma potência de ruído à saída do sistema real.
Para um sinal de potência S corrompido por ruído de potência N, temos uma relação sinal ruído
de 2
S æ VS ö
=ç ÷
N çè VN ÷ø
Nota: Nos diagramas acima utilizou-se a letra C para expressar a potência do sinal para deixar
claro que se tratava de uma portadora, no caso geral utilizaríamos a letra S.
Fundamentos de Telecomunicações
O factor de ruído define-se como uma razão entre as relações C/N à entrada e à saída quando o
ruído na entrada resulta de uma resistência ruidosa adaptada, à temperatura ambiente T0.
Exemplo 8:
Calcule a temperatura equivalente de ruído de um receptor com figura de ruído de 1,5 dB. Se a temperatura de
ruído da antena for de 120 K, qual é a temperatura de ruído de sistema?
Ni
Receptor
Tant=120 K FdB=1,5 dB
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Para passarmos da configuração em cadeia para o modelo equivalente temos que referir o
ruído gerado por cada um dos andares à entrada da cadeia.
Para os três elementos da cadeia da figura temos
kT3 B kT2 B
N3 = N2 = N1 = kT1 B
g1 × g 2 g1
kT2 B kT3 B æ T T3 ö
N = N1 + N 2 + N 3 = kT1 B + + = k çç T1 + 2 + ÷÷ B
g1 g1 × g 2 è g 1 g1 × g 2 ø
T2 T3
Tr = T1 + +
g1 g1 × g 2
ou no caso geral
T2 T3 Tk
Tr = T1 + + +!+
g1 g1 × g 2 g1 × g 2 ! g k -1
Por esta expressão vê-se claramente que os primeiros andares são os mais relevantes para o
desempenho do sistema.
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Exemplo 9:
g1 g2 g3
Ti=50 K
870 4350
Ts = Ti + Tr = 50 + 30 + + = 93 K
100 100 ×10
Exemplo 10:
Pemissão=-25 dBW
f=11 GHz
Emissor Receptor
l=40 km
Tant=290 K Tr=450 K
gant=35 dB
gant=35 dB B=36 MHz
Ci = -25+35-145,3+35=-100,3 dBW
Ts = 290+450=740 K
æCö C
Como ç ÷ = i
è N ø o kTs B
então
N s = kTs B = -228,6 + 10 log10 740 + 10 log10 36 ´ 10 6 = -124,3 dBW
æCö
ç ÷ = -100,3 - (-124,3) = 24,0 dB
è N ø odB
Sugestão: Considere que foi introduzido um repetidor a meio da ligação com o ganho necessário para garantir a
mesma potência de emissão. As outras características são iguais às do receptor e as antenas são iguais às do
emissor e do receptor. Mostre que a introdução do repetidor provoca uma melhoria de 6 dB na relação sinal-
ruído.
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