Stanczyk Filho 2022
Stanczyk Filho 2022
Stanczyk Filho 2022
Versão Corrigida
São Paulo
2022
MILTON STANCZYK FILHO
Versão Corrigida
São Paulo
2022
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
Nos termos da legislação vigente, declaro ESTAR CIENTE do conteúdo deste EXEMPLAR
___________________________________________________
(Assinatura do (a) orientador (a)
Nome: STANCZYK FILHO, Milton.
Banca Examinadora
Muito obrigado!
Nada fales e não ajas, antes de sopesar tuas
palavras e examinar para onde se inclina
cada passo teu; desse modo, o infortúnio não
te perturbará, e em tua casa a vergonha será
uma desconhecida; o arrependimento não te
visitará nem a dor habitará teu semblante.
O homem imprudente não controla sua
língua; ele fala aleatoriamente e enreda-se
na insensatez de suas próprias palavras.
Assim como aquele que, na pressa, corre e
salta sobre uma cerca e pode cair em um
fosso de outro lado, o qual ele não viu; assim
é o homem que se lança subitamente em
uma ação antes de ter considerado suas
consequências.
Escuta, portanto, a voz da reflexão: suas
palavras são as palavras de sabedoria e suas
veredas haverão de te guiar com segurança e
retidão.
STANCZYK FILHO, Milton. ‘Para que minha vida não corra em debalde’:
(des)venturas familiares e suas estratégias de bem viver nos sertões
meridionais paulistas (Curitiba, séculos XVII e XVIII). Tese (Doutorado em
História Social) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2022.
1798) ...........................................................................................75
INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 20
PRIMEIRA PARTE – SOBRE ESTRATÉGIA, FAMÍLIA E UM LUGAR AO
SUL.......................................................................................................................................... 37
INTRODUÇÃO
1
APESP. Sesmarias, Patentes e Provisões. Livro 18, folha 17.
2
Para o ano de 1769, os dados são esparsos. Marília Souza do Valle nos apresenta algumas
informações da dinâmica populacional da Lapa. Com base nos assentos paroquiais, o
movimento anual registrava, para os habitantes livres, 18 nascimentos, 3 casamentos e 6
óbitos. Já para os escravizados, apenas 2 batizados no referido ano. Quanto aos dados
compulsados nas Listas Nominativas, para o ano de 1777, a população livre era composta
de 758 indivíduos e a escravizada, 119. Ver: VALLE, Marília Souza do. Nupcialidade e
fecundidade das famílias da Lapa, 1770-1829. São Paulo: Tese de Doutorado, USP, 1983.
Pp. 68-72.
21
3
A historiografia tradicional não tarda em discorrer acerca dos pequenos núcleos que
surgiam ao longo dos caminhos que ligavam o Sul, sobretudo no início dos setecentos.
Brasil Pinheiro Machado chama atenção para a existência de um “sistema de caminhos”,
em especial para duas estradas de tropas. “Uma delas, a mais antiga, vinha de Viamão,
ligada por outros caminhos à campanha rio-grandense e platina, e subia pela região
serrana das Vacarias, atravessava o planalto catarinense por Lages e Curitibanos e, depois
de vencer com dificuldade as matas ao sul do Rio Negro, se espraiava pelos Campos Gerais,
passando pelo Campo do Tenente, pela Lapa donde ia atingir o rio Iguaçu a 14 léguas de
Curitiba, cujas margens estava instalado o Registro, para cobrança dos direitos ‘sobre
gados e cavalgaduras’; seguia para o Campo Largo e, atravessando a Serra de S. Luís do
Purunã, alcançava a Palmeira e logo depois Ponta-Grossa e Castro, de onde continuando
para o norte e passando pelo rio Itararé, por Itapeva, Itapetininga, chegava a Sorocaba,
depois a S. Paulo, onde se entrosava com sistemas de caminhos que iam para o Rio e para
Minas. A outra estrada das tropas, aberta pelos próprios fazendeiros dos campos
paranaenses, vinha da região missioneira do Rio Grande, ligada a Corrientes, na Argentina,
atravessava o atual planalto catarinense em Xapecó, cortava o Campo Êre, atingia Palmas,
donde seguia para o norte atravessando o rio Iguaçu, seguindo pelo vale do rio Jordão,
chegava a Guarapuava, daí seguindo Imbituva, alcançava Ponta-Grossa, onde se entrosava
com a primeira estrada, a do Viamão. Ainda um terceiro caminho deve ter relevância neste
sistema: o que vinha de Paranaguá por cima da Serra, alcançava Curitiba e daí ia se
entroncar no caminho que, partindo de Curitiba, cortando os campos de S. José dos
Pinhais, alcançava o porto de S. Francisco em S. Catarina. In: MACHADO, Brasil Pinheiro.
Contribuição ao estudo da história agrária do Paraná. Formação da estrutura agrária
tradicional dos Campos Gerais. Boletim da Universidade Federal do Paraná. Curitiba,
3(3): 8, jun. 1963.
4
Ver: MONTEIRO, John Manuel. Negros da terra: índios bandeirantes nas origens de São
Paulo. São Paulo: Companhia das Letras, 1994; BACELLAR, Carlos de Almeida Prado. Viver
e sobreviver numa vila colonial: Sorocaba, séculos XVIII e XIX. São Paulo:
Anablume/Fapesp, 2001; VILARDAGA, José Carlos. São Paulo na órbita do Império dos
Filipes: conexões castelhanas de uma vila na América portuguesa durante a União Ibérica
(1580- 1640). 2010. Tese (Doutorado em História Social). Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências, Universidade de São Paulo. São Paulo,2010; Maria Luiza Andreazza, «Andanças
e paranças pelos sertões da área de irradiação paulista (1500-1899)», Caravelle,
99 | 2012, 15-34.
22
5
ANDREAZZA, Maria Luiza. Elite e caridade nos sertões de Curitiba. In: CRUZ, Ana Lúcia
Rocha Barbalho da; PEREIRA, Magnus Roberto de Mello. (Orgs.). Curitiba e seus
homens-bons: espaço e sociedade na vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais. Curitiba:
Fundação Cultural de Curitiba, 2011. P. 52.
23
6
AHU CU_023-01, Cx. 2, D. 197. [Ant. 1721, junho, 24, s.l.] REQUERIMENTO do
sargento-mor de Infantaria da praça de Santos, Manuel Gonçalves de Aguiar a (D. João
V), pedindo que o nomeie mestre de campo e governador da praça de Santos. Diz que
prestou serviços durante dezoito anos no posto de sargento-mor. Além desses serviços
prestou outros sob as ordens do governador do Rio de Janeiro, Francisco de Castro Morais,
e do governador da praça de Santos, Manuel Gomes Barbosa.
7
Ver: Maria Luiza Andreazza, « Andanças e paranças pelos sertões da área de irradiaçao
paulista (1500-1899) », Caravelle, 99 | 2012, 15-34.; PEREIRA, Fernando Marcelino. O
“Clã da Lapa” na formação da classe dominante Paranaense. In: Instituições e poder:
parentescos e genealogias. V. 4, N. 1. 2018. p. 73-88; LOPES, José Carlos Veiga.
Informações sobre os bens de Nossa Senhora das Neves no Paraná. Palmeira:
Cidade Clima, Comunicação & Arte, 2000; NEGRÃO, Francisco. Genealogia Paranaense.
Curityba: Impressora Paranaense. 1927. V. IV. Pp. 397-398.
8
AHU-São Paulo-MGouveia, cx. 5, doc. 624. AHU_CU_023-01, Cx. 5, D. 624. [ant. 1727,
dezembro, 16]. REQUERIMENTO do sargento-mor da praça de Santos, Manuel Gonçalves
de Aguiar, e de João de Sousa, a (D. João V), pedindo-lhe confirmação da carta de sesmaria
de uma légua de terra, que lhe foi concedida pelo governador e capitão-general da
capitania de São Paulo (Rodrigo César de Meneses); AHU-São Paulo-MGouveia, cx. 6, doc.
660. AHU_CU_023-01, Cx. 6, D. 660. [ant. 1729, março, 18]. REQUERIMENTO do
sargento-mor da praça de Santos, Manuel Gonçalves de Aguiar, pedindo a (D. João V), a
24
confirmação de uma carta de sesmaria de légua e meia de terra em quadra, situada nos
campos de Curitiba, na paragem chamada das Furnas, que principia num ribeiro junto do
curral de José Martins, e segue ao longo da estrada que vai de São Paulo para a dita vila
de Curitiba. Esta carta foi-lhe dada pelo governador e capitão-general da capitania de São
Paulo (Antônio da Silva Caldeira Pimentel); AHU-São Paulo-MGouveia, cx. 7, doc. 762.
AHU_CU_023-01, Cx. 7, D. 762. [ant. 1731, fevereiro, 22, Santos]. REQUERIMENTO do
sargento-mor da praça de Santos, Manuel Gonçalves de Aguiar, pedindo a (D. João V) que
lhe conceda licença, por dois anos, para ir às minas de Goiás cobrar o que lá tem, e
reconduzir os seus escravos.; AHU-São Paulo-MGouveia, cx. 8, doc. 898. AHU_CU_023-
01, Cx. 8, D. 898. [ant. 1733, maio, 4, Santos]. REQUERIMENTO do (capitão) Teodoro
Gonçalves Santiago, “homem pardo”, morador na vila de Santos, escravo do sargento-mor
Manuel Gonçalves de Aguiar, pedindo a (D. João V) que, por alvará, mande o suplicado
aceitar um escravo que lhe oferece o requerente em troca da sua liberdade; AHU-São
Paulo-MGouveia, cx. 15, doc. 1468. AHU_CU_023-01, Cx. 15, D. 1468. [ant. 1744,
fevereiro, 21, Santos]. REQUERIMENTO do tenente-general "emtertenido" na vila e praça
de Santos, Manuel Gonçalves de Aguiar a (D. João V) pedindo a confirmação de uma carta
de sesmaria pela qual o governador e capitão general da capitania de São Paulo (D. Luís
Mascarenhas) lhe concedeu três léguas de terra na paragem chamada os Carlos junto do
Ribeiro do Rodeo.
9
Ver: MAACK, Reinhard. Geografia Física do Estado do Paraná. Curitiba: Imprensa
Oficial, 2002.
10
Id. LOPES, 2000. P.5.
25
11
Id. LOPES, 2000. P.6.
12
AHU-São Paulo-MGouveia, cx. 10, doc. 1060. AHU_CU_023-01, Cx. 10, D. 1060. 1735,
março, 31, Lisboa Ocidental. CONSULTA do Conselho Ultramarino, sobre o requerimento
do sargento-mor de Infantaria paga da praça de Santos, Manuel Gonçalves de Aguiar, em
que este pede a (D. João V) lhe faça mercê de o reformar com patente de tenente general
de Infantaria, com o soldo de seis mil e seiscentos réis que tem como sargento. Ao
governador e capitão-general da capitania de São Paulo, Conde de Sarzedas (Antônio Luís
de Távora), parece que o requerente era merecedor de que o monarca o atendesse na
questão da sua reforma ou “intertenimento” em virtude de ser de maior idade e ter servido
a (D. João V), com grande exatidão no seu emprego, mas não achava que se lhe
26
13
Um compêndio escrito de próprio punho no qual anotava a contabilidade e os tratos do
cotidiano que deveriam ser lembrados. Nas palavras de um outro capitão, Manoel Ribeiro
Lopes (1786) e que serve de título desta tese, são as “lembranças que faço da minha vida
para que não me corra em debalde”. Anotações e breves relatos que mostrariam suas
relações familiares, comerciais entre outros, demonstrando que suas memórias e seu viver
não foi em vão, tendo em vista as estratégias utilizadas no correr de sua existência.
27
14
Id. LOPES, 2000. P.16.
15
Ver: WOORTMAN, Ellen F. Herdeiros, parentes e compadres: colonos do sul e
sitiantes do nordeste. São Paulo-Brasília: Hucitec-Edunb, 1995; LEWIN, Linda. Política e
Parentela na Paraíba: um estudo de caso da oligarquia de base familiar. Rio de Janeiro:
Record, 1993.
16
Para Jörn Rüsen, de quem se ancora tal discussão, a consciência histórica é “(...) o modo
pelo qual a relação dinâmica entre a experiência do tempo e intenção no tempo se realiza
no processo da vida humana. (O termo “vida” designa, obviamente, mais do que o mero
processo biológico, mas sempre também – no sentido mais amplo da expressão – um
processo social.) Para essa forma de consciência, é determinante a operação mental com
a qual o homem articula, no processo de sua vida prática, a experiência do tempo com as
intenções no tempo e estas com aquelas. Essa operação pode ser descrita como orientação
do agir (e do sofrer) humano no tempo. Ela consiste na articulação de experiências e
intenções com respeito ao tempo (poder-se-ia mesmo falar de tempo externo e tempo
interno): o homem organiza as intenções determinantes de seu agir de maneira que elas
não sejam levadas ao absurdo no decurso do tempo. A consciência histórica é o trabalho
intelectual realizado pelo homem para tornar suas intenções de agir conformes com a
experiência do tempo. Esse trabalho é efetuado na forma de interpretações das
experiências do tempo. Estas são interpretadas em função do que se tenciona para além
das condições e circunstâncias dadas da vida.”. RÜSEN, JÖRN. Razão histórica: teoria da
história: fundamentos da ciência histórica. Brasília: Edunb, 2001. P.58-59.
28
entrada nas hostes religiosas, difícil afirmar. Fato é, contudo, que não foi
apenas o desejo de seu tio-avô que se fez presente na possível tomada de
decisão de João. Sua avó materna, Maria Rodrigues 17 , também tivera
endereçamento semelhante. Feito seu testamento com certa previdência,
em outubro de 1750, seis anos antes de seu passamento, Maria foi muito
assertiva quanto a feitura legal de suas últimas vontades.
Declarava as posses de fazendas, com rezes e escravarias, deixando
como herdeiros a filha com metade do valor da venda de um escravizado;
e ao neto, João da Silva Reis, todo o patrimônio declarado desde que este
se ordenasse sacerdote secular. Tanto a vó quanto o tio-avô (o Tenente-
general Manoel Gonçalves de Aguiar) o proveram de uma parte considerável
de seus patrimônios, para seguir carreira eclesiástica. A escolha lhes
possibilitaria uma manutenção do status-quo local, refletimos. Fato é que
quando da abertura do testamento – e na qualidade de testamenteiro da
avó – João da Silva Reis não assume tal demanda pois está estudando para
17
Maria Rodrigues era natural do Couto de São João da Foz, no Porto [NEGRÃO, Francisco.
Op. Cit. IV. Pp. 397-398; PEREIRA, 2018. Op. Cit. P.73-74] e foi casada com o reinol João
da Silva Reis (de quem o neto herdou o nome), natural de Lordello. Da união, tiveram a
filha Josefa Gonçalves da Silva, também natural de São João da Foz. Tendo emigrado muito
jovem, com seus pais, por volta dos dez anos de idade, Josefa se casa em terras
americanas com o reinol João Pereira Braga (sobrinho de Aguiar). Era natural da cidade de
Braga, filho de José Martins e de sua mulher Esperança Pereira, ambos naturais da
freguesia de Santa Maria de Covas, termo da vila de Barca, pertencente ao Arcebispado
de Braga. Não temos informação da localidade e data do casamento de João e Josefa, mas
do consórcio tiveram 3 filhos: Maria Pereira (da Silva Pacheco) [Casada com José dos
Santos Pacheco Lima, natural de Ponte de Lima. ‘Homem Bom’ da vila de Curitiba, tendo
atuado num círculo de vereança nos cargos de Vereador, Presidente da Câmara e Juiz
Ordinário. Contudo, foi preso e remetido a São Paulo em 1777, em virtude de não dar
conta de enviar tropas e mantimentos a esquadra portuguesa do Sul em expedição contra
os espanhóis em Santa Catarina e Rio Grande. Ver: NEGRÃO, Francisco. Op. Cit. IV. Pp.
399-411.]; João da Silva Reis (o Padre); e Domingos Pereira da Silva (Tenente) [nascido
em 1725, foi casado com Casemira da Costa França, filha do Capitão José da Costa Resende,
natural dos Açores; e Maria d’O França, neta do Capitão-mor André Gonçalves de Andrade
e bisneta do Capitão-mor de Paranaguá, João Rodrigues França. Ver: NEGRÃO, Francisco.
Op. Cit. IV. Pp. 441-442.]; chama a atenção que, mesmo enquanto administrador das
terras do tio, o chamado “vínculo de Nossa Senhora das Neves” (que compreendia as
posses do Capão Redondo, dos Carlos, dos Capados, de São Luiz, das Furnas e do Rio
Grande), adquiriu o Capitão João Pereira Braga outras sesmarias e fazendas com gados e
cavalgaduras.
29
18
ANDREAZZA, Maria Luiza. Olhares para a Ordem Social na Freguesia de Santo
Antônio da Lapa 1763- 1798. Associação dos Estudos de População, UFPR. 2016. P.6.
19
Id. P.6.
30
20
GREENE, Jack P. Negotiated authorities: essays in colonial political and constitutional
history. Rutgers University Press, 1994, p. 3-4.
21
BOURDIEU, Pierre. Da regra às estratégias. In: BOURDIEU, Pierre. Coisa Ditas. São
Paulo: Brasiliense, 1990.
22
LEVI, Giovanni. A herança imaterial: trajetória de um exorcista no Piemonte do século
XVII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.
23
CERTEAU, Michel. A invenção do cotidiano. 1. Artes de fazer. Petrópolis, RJ: Vozes,
2012.
24
Jan Kok (2002). The Challenge of Strategy: A Comment. International Review of
Social History, 47, pp 465-485 doi: 10.1017/S0020859002000743. Disponível em:
http://journals.cambridge.org/abstract_S0020859002000743. Acesso em 05 jan. 2014.
31
25
Cf. FRAGOSO, João. Homens de grossa aventura: acumulação e hierarquia na praça
mercantil do Rio de Janeiro (1790-1830). Rio de Janeiro : Arquivo Nacional e Civilização
Brasileira, 1992. FRAGOSO, João. A nobreza da República: notas sobre a formação da
primeira elite senhorial do Rio de Janeiro (séculos XVI e XVII). IN: Topoi. Rio de Janeiro ,
2000 , nº 1.
33
26
MARTINS, Romário. Terra e gente do Paraná. Curitiba: Prefeitura Municipal de
Curitiba, 1995. p. 271.
34
27
LEVI, Giovanni. Herança imaterial: trajetória de um exorcista no Piemonte do século
XVII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira , 2000. pp. 136.
36
28
O Software que se mostrou estável e de melhor interface dentro da proposta da tese,
foi o ‘Mac Family Tree 8’ da empresa alemã Synium Software, especializada desde 2005
em desenvolver aplicativos e programas específicos para Plataforma Apple. O programa
em questão possibilitou que a confecção das fichas de Família pudesse gerar relatórios da
pessoa, da família, de parentesco, narrativo, de locais, de eventos, de plausibilidade, de
aniversariantes, de listas de pessoas, de lista de casamentos, de antepassados, entre
outros. Tais relatórios, ainda podem ser exibidos em mapas estatísticos, árvores em
organogramas, gráfico de antepassados, duplo gráfico de antepassados, gráfico de
descendentes, organograma de relacionamentos, linha do tempo, entre outras
possibilidades. Ainda, o Software exporta seus arquivos no formato GEDCOM, utilizado
também nas pesquisas genealógicas que se utilizam do site Family Search
(https://familysearch.org). Nas exibições das árvores genealógicas, este programa
possibilitou ampla margem para crescimento horizontal e vertical de membros, facilitando
a compreensão das estruturas e análises geracionais.
37
29
KOSELLECK, Reinhart. Futuro Passado: Contribuição à semântica dos tempos
históricos. Rio de Janeiro: Contraponto, 2006.
30
Id. P. 109.
39
31
Id. P.116.
40
32
Jan Kok (2002). The Challenge of Strategy: A Comment. International Review of
Social History, 47, pp 465-485 doi: 10.1017/S0020859002000743. Disponível em:
http://journals.cambridge.org/abstract_S0020859002000743. Acesso em 05 jan. 2014.
33
BARTH Apud Kok: “plan of procedure by a decision-making unit”. P. 467. Tradução
nossa.
34
Theo Engelen (2002). Labour Strategies of Families: A Critical Assessment of an
Appealing Concept. International Review of Social History (Impact Factor: 0.43).
11/2002; 47(03):453 - 464. DOI:10.1017/S0020859002000731; Pier Paolo Viazzo and
Katherine A. Lynch (2002). Anthropology, Family History, and the Concept of Strategy.
International Review of Social History, 47, pp 423-452.
doi:10.1017/S002085900200072X.
42
Já a tática é,
35
CERTEAU, Michel. A invenção do cotidiano. 1. Artes de fazer. Petrópolis, RJ: Vozes,
2012. P. 93.
36
Id. P. 94-95.
43
37
BOURDIEU, Pierre. Da regra às estratégias. In: BOURDIEU, Pierre. Coisas Ditas. São
Paulo: Brasiliense, 1990.
38
LEVI, Giovanni. A herança imaterial: trajetória de um exorcista no Piemonte do século
XVII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.
44
39
Engelen, Theo. “Labour Strategies of Families: A Critical Assessment of an Appealing
Concept.” International Review of Social History, vol. 47, no. 3, 2002, pp. 453–64.
JSTOR, http://www.jstor.org/stable/44582720. Accessed 13 Nov. 2017. “If one accepts
family strategies as a viable theoretical assumption, there are few potential pitfalls when
using it in empirical research. First, the use of the strategy concept carries the danger of
exaggerating the freedom of human actions. Once puppets are replaced by individuals
playing within the structures, we still have to be aware of strength of contextual variables.
No actor, be hisotical or contemporary, can make completely autonomous decisions. P.
456-457. Tradução nossa.
40
45
41
KOK, Jan. Id. “Given the paucity of data on motives, constraints, options, and
information, strategies tend to be inferred only from behavioral outcomes. In this sense,
use of the concept actually threatens to obscure instead of elucidate the chains of human
action and reaction”. 2002, p.473. Tradução nossa.
47
42
KOK, Jan. 'Principles and prospects of the life course paradigm'. Annales de
Demographie Historique, 2007 (1) 203-230. The life course approach is essentially a
heuristic device to study the interaction between individual lives and social change. It is a
way of conceptualizing lives within the contexts of families, society and historical time. The
life course can be defined as the sequence of positions of a particular person in the course
of time. A position can be either marital status, parenthood, employment, residence in a
particular location etcetera. A life course analysis studies the frequencies and the timing of
changes in positions, generally of groups such as birth cohorts. These changes are called
events or transitions. Every life course is characterized by a sequence and combination of
transitions, such as leaving home, finding work, finding a partner and becoming a parent.
Such sequences of roles or statuses are named trajectories, where as the time between
transitions is known as duration. P. 204. Tradução nossa. Grifos do Autor.
43
KOK, Jan. Id. The life course is a cumulative process and should therefore be studied as
a whole. Tradução nossa. P. 205.
48
44
KOK, Jan. Id. Thus, in considering agency, we need to distinguish between long-range
life plans (Hareven, 1982), short-term tactical reconsiderations and the kind of decision
making geared at sheer survival. P. 205. Tradução nossa. Grifos do autor.
45
KOK. Jan. Id. Due to historical change, every birth cohort has a unique set of constraints
and opportunities that shapes the courses of its lives. P. 05. Tradução nossa.
46
KOK, Jan. Id. That is, at what specific age does a particular transition (or combination
of transitions) occur? Much attention goes to the interaction of different forms of time: the
time of the individual (age), of the family (stage in the family cycle) and historical time
(economic cycles, social changes). P.205. Tradução nossa.
49
47
KOK, Jan. Id. To some extent, the temporal associations between transitions of family
members result from, and thus reveal, coordination within families or households. P. 205.
Tradução nossa.
48
ARFUCH, Leonor. O espaço biográfico: dilemas da subjetividade contemporânea. Rio
de Janeiro, EdUERJ, 2010. P.15.
50
49
GINZBURG, Carlo. Prefácio (1981). Investigando Piero: O Batismo, o ciclo de Arezzo,
e a Flagelação de Urbino. São Paulo: Cosac Naify, 2010. Pp. 9-10
51
50
AVELAR, Alexandre de Sá. Traçando destinos: desafios narrativos e éticos da biografia
histórica. Revista do IHGB, a176 (466): 121-150, jan./mar. 2015. P. 123.
51
VEYNE, Paul. Como se escreve a história e Foucault revoluciona a história.
Brasília: UnB, 1998. P.18.
52
52
SILVA, Wilton C. L. Espelho de palavras: escritas de si, etnografia e ego-história. In:
AVELAR, Alexandre de Sá; SCHMIDT, Benito Bisso (Orgs.). Grafia da vida: reflexões e
experiências com a escrita biográfica. São Paulo: Letra e Voz, 2012. Pp. 40-41.
53
Id. Pp.39-61.
54
LEJEUNE, Philippe. O pacto autobiográfico: de Rousseau à Internet. Belo Horizonte:
UFMG, 2008. P.48.
53
55
LETT, Didier. Família e relações emocionais. In: CORBIN, Alain; COURTINE, Jean-
Jacques; VIGARELLO, Georges. (Dir.) História das emoções: da Antiguidade às Luzes.
Petrópolis, RJ: Vozes , 2020. P.264.
56
REVEL, Jacques. Microanálise e construção do social. In: REVEL, Jacques. Jogos de
escalas: e experiência da microanálise. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas,
1998, p. 38.
54
57
Para a vila de Curitiba e seus sertões entre 1673 e 1802, foram compulsados 57
testamentos junto ao Arquivo Metropolitano Dom Leopoldo Duarte, da Mitra
Arquidiocesana de São Paulo. Caixas: Testamentos 05-01-05 Processos Gerais Antigos
(1727-1777); Testamentos 05-01-06 Processos Gerais Antigos (1789-1805) [29 Processos
de Auto de Contas]; e ao Arquivo Público do Paraná. Processos Judiciários do Juízo
de Órfãos de Curitiba, 10ª Vara Cível. Caixas PJI-01, PJI-02, PJI-03, Processos Avulsos.
[28 testamentos trasladados em Inventários post-mortem]
58
Op. Cit. 2008, p.114.
55
59
Contraponto interessante a questão também se verifica em Margareth Rago. Ver: RAGO,
Margareth. Autobiografia, gênero e escrita de si. In: AVELAR, Alexandre de Sá; SCHMIDT,
Benito. (Orgs.). O que pode a biografia. São Paulo: Letra e Voz , 2018. Pp.205-222.
60
Por fim, uma investigação que enumera alguns pressupostos e convenções do gênero
biográfico e autobiográfico, de como as vidas são contadas, vem das discussões de Norman
Denzin (1989). Ainda com ressalvas, e não servindo de uma chave de leitura hermética,
por assim dizer, seus pontos servem de aproximação à sequência do capítulo, quais sejam:
1) o reconhecimento da existência de ‘outros’ textos biográficos ao se buscar narrar a vida
de outrem. (Neste quesito, dedicamos atenção às genealogias e estudos coevos que tratem
dos mesmo indivíduos); 2) a influência e importância de gênero e de classe; 3) tomar
como ponto fulcral as origens familiares; 4) estabelecer quais os passos iniciais, os
momentos fundadores da narrativa; 5) o autor deve interpretar a história narrada da
pessoa; 6) demarcar etapas, circunstâncias e acontecimentos que obtenham coerência; 7)
pessoas são reais e possuem vidas reais que podem ser mapeadas e significadas; 8) a
incidência de experiências decisivas e; 9) o cuidado quanto as declarações, se ‘verdadeiras’
ou ficcionais. Ver: DENZIN, Norman. Interpretive biography. Newbury Park: SAGE
Publications, Inc., 1989. P.6-7. Ver também discussão semelhante em: VILAS-BOAS,
Sergio. Biografismo: reflexões sobre as escritas da vida. São Paulo: Editora da Unesp ,
2006. P.21.
56
61
SCHWARCZ, Lilia Moritz. Biografia como gênero e problema. História Social. Rio de
Janeiro, n. 24, 2013. p.6.
57
62
KOSELLECK, Reinhart. Estratos do tempo: Estudos sobre História. Rio de Janeiro:
Contraponto, 2014. P.24.
63
VIANNA, Oliveira. Populações Meridionais do Brasil: populações rurais do centro-sul.
Belo Horizonte: Itatiaia/Niterói, 1987. ALMEIDA, Ângela Mendes. Notas sobre a família no
Brasil. IN: ALMEIDA, Ângela Mendes et al. Pensando família no Brasil. Rio de Janeiro:
Espaço e Tempo, 1987. pp.53-66. CORREA, Marisa. Repensando família patriarcal
brasileira. IN: ARANTES, Antonio Augusto et al. Colcha de retalhos: estudos sobre a
família no Brasil. Campinas: Editora da Unicamp, 1994. VAINFAS, Ronaldo. Trópico dos
pecados: moral, sexualidade e inquisição no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998.
FARIA, Sheila de Castro. A Colônia em movimento. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998.
BACELLAR, Carlos de Almeida Prado. Os senhores da terra: família e sistema sucessório
entre os senhores de engenho do oeste paulista, 1765-1855. Campinas: Centro de
Memória/UNICAMP, 1997.
64
FARIA, Sheila de Castro. História da família e demografia histórica. In: IN: CARDOSO,
Ciro Flamarion; VAINFAS, Ronaldo (orgs.). Domínios da história: ensaios de teoria e
metodologia. Rio de Janeiro: Campus, 1997. P.256.
58
65
FARIA, Sheila de Castro. Op. Cit, 1998, p.43.
66
NEGRÃO, Francisco. Op. Cit. IV. Pp. 397-558.
67
ALENCASTRO, Luiz Felipe. O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul.
São Paulo: Cia das Letras, 2000.
59
68
Ver: SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Ser nobre na Colônia. São Paulo: Editora da
UNESP, 2005.; RICUPERO, Rodrigo. A formação da elite colonial. Brasil c.1530-c.1630.
São Paulo: Alameda, 2009.; RAMINELLI, Ronald. Nobrezas do Novo Mundo: Brasil e
ultramar hispânico, séculos XVII e XVIII. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2015.
69
KUZNESOF, Elizabeth Anne. A família na sociedade brasileira: parentesco, clientelismo
e estrutura social (São Paulo, 1700-1980). Família e grupos de convívio, São Paulo, n.
17, pp.37-63, set. 1988/ fev. 1989. p.37.
60
70
CICERCHIA, Ricardo. Historiografia das formas familiares: dilemas e encruzilhadas.
História: Questões & Debates, Curitiba, n. 50, p. 103-123, jan/jun. 2009. p.104-105.
71
FARIA, Sheila de Castro. História da família e demografia histórica. IN: CARDOSO, Ciro
Flamarion ; VAINFAS, Ronaldo (orgs.). Domínios da história: ensaios de teoria e
metodologia. Rio de Janeiro : Campus , 1997.
61
72
COSTA, Iraci Del Nero da. Por uma definição de demografia histórica. Boletim de
História Demográfica (on-line). São Paulo : Núcleo de Estudos em Demografia Histórica,
Universidade de São Paulo, ano I, n.2, jul. 1994. p.3-4. Sobre os ‘transbordamentos’, ver
também: MOTTA, José Flavio; COSTA, Iraci Del Nero. Demografia histórica: da semeadura
à colheita. Revista Brasileira de Estudos Populacionais. Brasília, n. 14(1/2), 1997.
p.151-158.
62
Se, grosso modo, Casa Grande & Senzala de Gilberto Freyre (na
década de 1930) trouxe para a discussão a importância da família enquanto
a base da estruturação e dos arranjos da sociedade colonial, pautava-se o
autor em analisar o domínio e o prestígio social dos senhores escravistas
reconhecidos por meio do poder local, entendendo a família de elite nas
mãos do patriarca, como um modelo explicativo padrão. A partir da década
de 1980, com pesquisas embasadas em séries demográficas, foi possível
ampliar o campo de observação acerca da vida e da organização familiar
não só dos grupos de elite, mas também dos intermediários sociais e dos
escravos. De posse deste novo campo de estudos, o que se tomou como
ponto de partida no que diz respeito ao patriarcalismo ao se estudar o
período colonial brasileiro, é que família extensa e patriarcalismo não são
sinônimos e nem patriarcalismo e família conjugal se excluem. As
investigações têm apontado para a atuação de inúmeros outros grupos no
conjunto social, na tentativa de entender a lógica de suas condutas.
Uma das concepções de família utilizada neste texto, ampara-se em
aportes estruturais da antropologia de Claude Lévi-Strauss. Em tal
abordagem, entende-se família como um arranjo horizontal entre parentes,
ou seja:
73
“[…] cada família provém da união de outras duas famílias, o que quer dizer também
que provém de sua fragmentação: para que se funde uma família é necessário que duas
se vejam desprovidas de seus membros [...] Este perpétuo movimento de vai-vem, que
desagrega as famílias biológicas, transporta seus elementos a distância e os agrega a
outros elementos para formar novas famílias, tece redes transversais de aliança nas quais
63
os fiéis da igreja ‘horizontal’ veem as linhas de forças que servem de base e inclusive
engendram toda organização social.” (tradução nossa).
74
Rafael BLUTEAU, Vocabulario Portuguez e Latino [...] autorizado com exemplos dos
melhores escritores portuguezes, e latinos, Coimbra, Collegio das Artes da Companhia de
Jesus (vols. 1-4); Lisboa, Pascoal da Sylva (vols. 6-8); Lisboa Occidental, Joseph Antonio
da Sylva (v. 9); Lisboa Occidental, Patriarcal Officina da Musica (v. 10), 1712-1728 (v. 1
[A], 1712; v. 2 [B.C], 1712; v. 3 [D.E], 1713; v. 4 [F.G.H.I], 1713; v. 5 [K.L.M.N], 1716;
v. 6 [O.P], 1720; v. 7 [Q.R.S], 1720; v. 8 [T.U.V.X.Y.Z], 1721; v. 9 [«Supplemento ao
vocabulario: Parte primeira»], 1727; v. 10 [«Supplemento ao vocabulario: Parte
segunda»], 1728). Disponível em: http://www.ieb.usp.br/online/index.asp. Acesso em:
17/08/2010
75
DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA, SILVA, Antonio de Moraes. Facsimile da 2ª ed.
De 1813. Lisboa: Typographia Lacérdina , 1922.
76
Cf. FARIA, Sheila de Castro. História da família e demografia histórica. In: Op. Cit. 1997.
p.256.
64
77
ALGRANTI, Leila Mezan. Famílias e vida doméstica. In: SOUZA, Laura de Mello e. (Org.).
História da vida privada: cotidiano e vida privada na América portuguesa. São Paulo:
Companhia das Letras, 1997. pp.86-87.
78
FARIA, Sheila de Castro. História da família e demografia histórica. In: Op. Cit. 1997.
p.256.
65
79
FARIA, Sheila de Castro. Op. Cit, 1998, p.43.
80
LEWCOWICZ, Ida. Herança e relações familiares: os pretos forros nas Minas Gerais do
século XVIII. In: Família e grupos de convívio, São Paulo, n. 17, p.101-114, set. 1988/
fev. 1989; EISENBERG, Peter Ficando livre: as alforrias em Campinas no século XIX.
Estudos Econômicos, v. 17, nº. 2, p. 175-216, maio/ago. 1987; PAIVA, Eduardo França.
Escravos e libertos nas Minas Gerais do século XVIII: estratégias de resistência
através dos testamentos. São Paulo: Annablume, 1995; SOARES, M. de S. A remissão
do cativeiro: a dádiva da alforria e o governo dos escravos nos Campos dos Goitacazes,
c. 1750-c. 1830. Rio de Janeiro: Apicuri, 2009; SLENES, Robert W. Na senzala, uma flor:
esperanças e recordações na formação da família escrava, Brasil Sudeste, século XIX. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 1999; MACHADO, Maria Helena. Em torno da autonomia
escrava: uma nova direção para a história social da escravidão. Revista Brasileira de
História 8 (16): 143-160, mar./ago. 1988. GUEDES, Roberto Egressos do cativeiro:
trabalho, família, aliança e mobilidade social (Porto Feliz, São Paulo, c.1798-c.1850). Rio
de Janeiro: Mauad X / Faperj, 2008, CASTRO, Hebe Maria. Das cores do silêncio: os
significados da liberdade no sudeste escravista (Brasil, século XIX). Rio de Janeiro: Arquivo
Nacional, 1995, MOTTA, José Flavio. Corpos escravos, vontades livres: posse de cativos
e família escrava em Bananal (1801-1829). São Paulo: FAPESP / Annablume, 1999.
66
81
MESGRAVIS, Laima. Os aspectos estamentais da estrutura social do Brasil colônia. In:
Estudos econômicos. IPE/USP v.13, 1983. p.799.
82
GODINHO, Vitorino Magalhães. Estrutura da Antiga Sociedade Portuguesa. Lisboa:
Arcádia, 1975. p. 72.
67
83
Ver: FRAGOSO, João; BICALHO, Maria Fernanda; GOUVÊA, Maria de Fátima. (Org.). Op.
Cit., 2001.
84
Idem. p.155.
85
Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808). VAINFAS, Ronaldo. (org.) Rio de Janeiro:
Editora Objetiva, 2000. p. 284. Ver também: FAORO, Raimundo. Os donos do poder. 4ª
ed. Porto Alegre: Globo, 1977. v. 1. MONTEIRO, Nuno G. Os poderes locais no antigo
regime (coord.). História dos municípios e do poder local [dos finais da idade média à
união européia]. Lisboa: Círculo de Leitores, 1996. SALGADO, Graça. (org.) Fiscais e
Meirinhos; a administração no Brasil colonial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
VIDIGAL, Luís. O municipalismo em Portugal no século XVIII – elementos para a
caracterização da sociedade e instituições locais, no fim do “Antigo Regime”. Lisboa: Livros
Horizonte, 1989. SANTOS, Antonio César de Almeida; PEREIRA, Magnus R. M. de. Para o
bom regime da república; ouvidores e câmaras municipais no Brasil Colonial. Monumenta
(Provimentos do ouvidor Pardinho para Curitiba e Paranaguá – 1721). Curitiba, v. 3, n. 10,
2000.
MONTEIRO, Nuno G. Poderes municipais e elites locais (séculos XVII-XIX): estado de uma
questão. O município no mundo português. Funchal: Centro de Estudos de História do
Atlântico, 1998.
68
Neste ponto, observa-se que a distinção era uma das principais metas
que grande parte das famílias almejava dispor. Mesmo nos mais longínquos
rincões da América lusa, não se pouparam esforços para alçar ou para
manter posições dentro da sociedade em que se cobiçava prestígio e
diferenciação social. A ideia do ‘ser nobre’ atuava no sentido de conformar
oposições distintas, que acabava criando uma miríade de pequenos traços
distintivos entre as pessoas, que eram zelosamente cultivados por quem os
conquistava, independente da maneira pela qual foi conquistado. Afinal era
uma sociedade multirracial e desde o primeiro momento, conforme destaca
muito bem Gilberto Freyre, os portugueses não tiveram o menor pudor em
atuar no sentido de criar uma sociedade mestiça.
Vê-se que nobre, no dicionário de Antônio de Moraes Silva, está
definido como “conhecido e distinto pela distinção, que a lei lhe dá dos
populares, e plebeus, ou mecânicos, e entre os fidalgos por grandes
avoengos, ou ilustres méritos.”86 Remete, portanto, para a existência de
dois tipos de nobreza: uma calcada no sangue, na linhagem, que passava
de pai para filho, formada pela alta aristocracia; e outra que estava
assentada em serviços prestados à Coroa, fosse pelo bom exercícios de
funções públicas ou, particularmente após a expansão marítima, aos feitos
prestados à monarquia lusa na própria construção do Império português.87
Como aponta Maria Beatriz Nizza da Silva, em conformidade com o
tratadista luso Luís da Silva Pereira Oliveira, uma seria a ‘nobreza natural’
e a outra a ‘nobreza civil ou política’.88
Muito embora se perceba que o ideal de nobilitação estivesse presente
na sociedade luso-americana, é possível compreender que havia caminhos
bem delimitados que levariam as famílias a conquistar sua distinção. A
86
SILVA, Antonio de Moraes. Op.cit , 1922.
87
FRAGOSO, João; BICALHO, Maria Fernanda; GOUVÊA, Maria de Fátima. (org.). Op. Cit.
2001.
88
SILVA, Maria Beatriz Nizza da.Op. Cit, 2005. p.16.
69
89
LEBRUN, François. A vida conjugal no Antigo Regime. Lisboa: Edições Rolim, 1980.p.
175.
90
Ver: BACELLAR, Carlos de Almeida Prado. Op. Cit. 1997.
91
Cf. LINHARES, Maria Yedda & SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. História da
agricultura brasileira: combates e controvérsias. São Paulo: Brasiliense, 1981;
SCHWARTZ, Stuart B. Roceiros e escravidão: alimentando o Brasil nos fins do período
70
colonial. In: SCHWARTZ, S. B. Escravos, roceiros e rebeldes. Bauru, SP: EDUSC, 2001.
Capítulo 3, p. 123-170.
92
KUZNESOF, Elizabeth. Op. Cit. 1988/1989, p.40.
71
93
ARIÈS, Philippe. História da Vida Privada 3: Da Renascença ao Século das luzes. São
Paulo. Ed. Companhia de Letras. 1991
94
SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Sistema de casamento no Brasil colonial. São Paulo:
EDUSP, 1984. p.28.
95
COUTINHO, Azeredo. Apud. SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Idem. p.29.
72
96
MELO, Francisco. Apud. SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Idem. p.66.
97
Maria Beatriz Nizza da. Idem. p. 66.
98
NAZZARI, Muriel. O desaparecimento do dote: mulheres, famílias e mudança social
em São Paulo, Brasil, 1600-1900. São Paulo: Cia das Letras, 2001. p. 69-73
73
99
TORRES LONDOÑO, Fernando. A outra família: concubinato, Igreja e escândalo na
colônia. São Paulo: Loyola, 1999. p.21. grifo do autor.
100
MOTT, Luiz. Cotidiano e Vivência Religiosa: entre a capela e o calundu. In: SOUZA,
Laura de Mello e (Org.). Cotidiano e Vida Privada na América Portuguesa. Coleção
História da Vida Privada no Brasil. São Paulo. Cia das Letras, 1999. p.162.
74
Casado(a) em 2ª Núpcias 5 5 10
Viúvo(a) 4 9 12
Não Identificado 2 0 2
38 20 58
* O Processo de Auto de Contas de Clara Pereira Paes (1773), apresenta que seu testamento fora
redigido em conjunto ao marido, Manoel Fernandes Sardinha, em (1765).
Fonte: Arquivo Metropolitano Dom Leopoldo Duarte, da Mitra Arquidiocesana de São Paulo. Caixas:
Testamentos 05-01-05 Processos Gerais Antigos (1727-1777); Testamentos 05-01-06 Processos
Gerais Antigos (1789-1805) [29 Processos de Auto de Contas]; Arquivo Público do Paraná. Processos
Judiciários do Juízo de Órfãos de Curitiba, 10ª Vara Cível. Caixas PJI-01, PJI-02, PJI-03, Processos
Avulsos. [28 testamentos trasladados em Inventários post-mortem].
Uma ponderação inicial que deve ser feita diz respeito aos números
diminutos da amostra encontrada, seja dos testamentos ou dos inventários
(32 compulsados para o período correspondente a 1697 a 1798). Entre os
solteiros, apenas 4 homens sendo um deles, o pároco local.
101
Id. p.163.
75
Homem Mulher
Solteiro(a) 4 0
Casado(a) 11 7
Casado(a), segundas
2 2
núpcias
Viúvo(a) 5 1
Total 22 10
Fonte: Arquivo Público do Paraná. Processos Judiciários do Juízo de Órfãos de Curitiba,
10ª Vara Cível
102
Caso específico será trabalhado na Parte II e no Epílogo da tese.
77
% das
Estado Civil / dívidas em
Ano Inventariados(as) Espólio bruto Dívidas Espólio Líquido
Descendência relação ao
espólio bruto
1697 Baltazar Carrasco dos Viúvo com filhos 176$689 22$820 13% 153$869
Reis
1798 João Leme da Silva Viúvo com filhos 1:442$000 89$010 6% 1:352$990
1786 Maria José de Jesus Casada com 157$480 19$400 12% 138$080
filhos
1787 Maria Antonia Ayres Casada com 177$940 73$472 41% 104$468
filhos
1787 Maria Pires de Viúva com filhos 830$770 325$433 39% 505$337
Camargo
1787 Sebastião Teixeira de Viúva com filhos 144$470 71$728 50% 72$742
Azevedo
1787 Sebastião Fernandes Casada com 220$000 6$380 3% 213$620
Pinto filhos
1788 Izabel Maria de Casada com 541$900 256$795 47% 285$105
Andrade filhos
1788 Manoel de Oliveira de Casada com 432$369 126$000 29% 306$369
Assumpção filhos
1789 Alexandre da Costa Casada com 34$600 8$220 24% 26$380
filhos
78
Ano do Auto de
Ano do
Contas / Testador(a) Estado Civil / Descendência
Testamento
Inventário
1761 1773 Margarida Guedes 2 núpcias (1ª sem filhos; 2ª com filhos)
1763 1773 Maria de Lemos Conde 2 núpcias (1ª com filhos; 2ª sem filhos)
79
1765 1773 Clara Pereira Paes e Manoel Fernandes Casados sem filhos
Sardinha*
1766 1768 Catarina da Costa Rosa Solteira sem filhos
1793 1798 Francisco Dias de Carvalho 2 núpcias (1ª com filhos; 2ª sem filhos)
Fonte: Arquivo Metropolitano Dom Leopoldo e Silva, da Mitra Arquidiocesana de São Paulo. Caixas 05-01-05 e
05-01-06 – Processos Gerais Antigos – Processos de Auto de Contas; Arquivo Público do Paraná – Juízo de Órfãos
de Curitiba, 10ª Vara Cível. Caixas PJI-01; PJI-02; PJI-03; PJI-04; Processos Avulsos de Inventários. Auto de
Contas e Inventários; Arquivo Público do Paraná – Juízo de Órfãos de Curitiba, 10ª Vara Cível. Processos de Auto
de Contas – Avulsos.
80
103
Ver: DICIONÁRIO DO BRASIL COLONIAL. Verbete. Compadrio. Pp.126-127.
104
DA VIDE, Sebastião Monteiro. Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia.
Coimbra: Colégio das Artes da Companhia de Jesus, 1707. Título XVIII, pg. 153.
105
Idem.
106
Idem.
81
Não
Testador(a) Cônjuge Pais Irmão(a) Sobrinho(a) Afilhado(a) Pobre Igreja Outros
Identificado
Homem - 3 3 5 4 3 4 5 -
Solteiro(a)
Mulher - - 2 6 4 3 3 1 -
Homem 5 - - 11 8 5 3 1 -
Casado(a)
Mulher 1 - 1 1 - 1 1 1
Homem 3 1 2 5 6 3 4 -
Casado(a)
2ª Núpcias
Mulher 3 2 3 7 5 4 5 1 1
Homem - 1 1 5 4 2 3 1
Viúvo(a)
Mulher - 1 2 9 5 3 4 5 -
Fonte: Arquivo Metropolitano Dom Leopoldo Duarte, da Mitra Arquidiocesana de São Paulo. Caixas: Testamentos 05-01-05 Processos
Gerais Antigos (1727-1777); Testamentos 05-01-06 Processos Gerais Antigos (1789-1805) [29 Processos de Auto de Contas];
Arquivo Público do Paraná. Processos Judiciários do Juízo de Órfãos de Curitiba, 10ª Vara Cível. Caixas PJI-01, PJI-02, PJI-03,
Processos Avulsos. [28 testamentos trasladados em Inventários post-mortem]
107
Ver: BRÜGGER, Sílvia Maria Jardim. Minas Patriarcal: família e sociedade (São João
del Rei - séculos XVIII e XIX. São Paulo: Anna Blume, 2007.; HAMEISTER, Martha Daisson.
Para dar calor à nova povoação: estratégias sociais e familiares na formação da Vila do
Rio Grande através dos Registros Batismais (c.1738-c.1763). Tese (Doutorado) – UFRJ,
Rio de Janeiro, 2006.; MARQUES, Rachel dos Santos. Para além dos extremos: homens e
mulheres livres e hierarquia social (Rio Grande de São Pedro, c. 1776-c. 18000). Curitiba.
Tese de doutorado, 2016.
83
proximidade que tinha (talvez não física naquele momento) com seu
compadre, comadre e afilhada. José de Lima Pacheco era, tal qual Campos,
ligado diretamente ao comércio de gado e, provavelmente, parceiros nas
tropas o que revelaria o cuidado que teria dispendido com a filha do
compadre. Mas esta não foi a tônica em outros casos do testamento.
Antônio ordenou ainda que “aquele que se mostrar ser meu afilhado ou
afilhada por certidão de seu batismo, se lhe dê a cada hum deles oito mil
reis”. 108 Ou seja, enquanto Campos era distinto, com alto cabedal e de
circulação nos caminhos do Sul, deve ter apadrinhado diversas crianças com
as quais não demonstra ter contato, nem como bom padrinho, muito menos
compadre.
Por fim, é possível notar a relação existente entre o indivíduo que
recebia seu quinhão como um parente fictício e que, dentro de uma
sociedade relacional nas fronteiras da América lusa do setecentos,
representava e fortalecia um laço familiar mais amplo. Ou como se
apresentava nos adágios de António Delicado, “Do pam de meu compadre,
grande pedaço a meu afilhado”.
Portanto a consolidação de laços de compadrio era extremamente
importante, podendo funcionar como estratégia de manutenção de poder e
bens para as classes mais abastadas, ou como um instrumento eficiente de
burlar a falta de mobilidade social e econômica pelas classes mais pobres,
incluindo os escravos.
108
Testamento de Antônio Gomes Campos (1797) incluso em inventário post-mortem.
Arquivo Público do Paraná. Inventários post-mortem. Processos Judiciários do Juízo de
Órfãos de Curitiba, 10ª Vara Cível. Caixas PJI-03.
84
109
Para os aportes teórico-epistemológicos que norteiam a construção de 'região' enquanto
materialidade e representação, ver: ALBUQUERQUE JUNIOR, Durval M. de. O objeto em
fuga: algumas reflexões em torno do conceito de região. Revista Fronteiras, Dourados:
UFGD, v. 10, n. 17, p. 55-67, jan./jun. 2008.
110
Tal baliza temporal é apresentada por David Eltis em "Migração e estratégia na História
Global". In: FLORENTINO Manolo & MACHADO Cacilda. Ensaios sobre a escravidão (1).
Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2003. Pp 13-35. Para o Eltis, um exame minucioso das
relações entre migração e estratégia poderia "revelar alguns padrões surpreendentes".
Pata tal, delimita que tais padrões fossem agrupados ao redor de três temas, a saber: "O
primeiro diz respeito à rápida expansão da migração de longa distância em massa ocorrida
nos quatro séculos anteriores a 1900, no contexto mais amplo da história da migração. O
segundo de relaciona à notável variedade de regimes migratórios - escravos, servos,
prisioneiros, trabalhadores temporários ou por contrato e migrantes livres - vigente nesse
século. O terceiro tem a ver com as semelhanças entre as variadas formas de migrações.
Grande parte da literatura sobre migração organizada de acordo com as linhas nacionais
ou étnicas, enfatizando o fluxo transatlântico em direção ao oeste, mas novas percepções
aparecem quando se rompem com essas divisões nacionais, assim como ao se tentar
reavaliar a aceleração dos fluxos africanos, europeus e asiáticos, tanto para o leste quanto
para o oeste. As semelhanças entre os deslocamentos dos povos a partir do Velho Mundo
para o oriente, ocidente e sul, desde o início do período moderno, são aqui abordadas,
embora sem a pretensão de igualar as explicações globalizantes de Immanuel Wallerstein
e seus seguidores". P.15.
85
111
REVEL, Jacques. Microanálise e a construção do social. In: REVEL, Jacques. (Org).
Jogos de escalas: a experiência da microanálise. Rio de Janeiro: FGV, 1998. P. 27-28
112
SEWELL JR, William. Logics of history: social theory and social transformation.
Chicago : The University of Chicago Press Ltda , 2005.
86
114
Id. P.48-49
87
115
CONRAD, Sebastian. What is Global History? Princeton: Princeton University Press,
2016. P. 3. Global history was born out of a conviction that the tools historians had been
using to analyze the past were no longer suficient. Globalization has posed a fundamental
challenge to the social sciences and to the dominant narratives of social change.
Entanglements and networks characterize the present moment, which has itself emerged
from systems of interaction and exchange. But in many respects, the social sciences are
no longer adequately able to pose the right questions and generate answers that help to
explain the realities of a networked and globalized world. (tradução nossa).
88
tempos históricos, uma vez que a chama atenção para uma visão sistêmica
auto relacionada em comparação, integração e conexão que se estabelece
no sistema. Deste modo, ao ponderar as escalas colocadas pela micro-
história, reitera a necessidade das pluralidades de abordagens espaciais.
Ancorados de modo prévio no debate "micro vs macro", chegamos,
pois, a outra chave de leitura deste trabalho: a perspectiva entre
"mobilidade vs estrutura". Até que ponto é possível articular os processos
de migração atlântica dos seiscentos e setecentos, em trânsito da península
ibérica para as franjas meridionais da América lusa, engendrados pelos
artefatos políticos, econômicos e sociais que conectavam a península à
América, e muito além, na lógica de um Império português, nos outros três
continentes? E, refletindo sobre a 'agência' dos portugueses (no caso dos
migrantes à São Paulo, Santos, Cananéia, São Vicente, Paranaguá e
Curitiba, homens e mulheres, em sua maioria livres pobres ou
empobrecidos) que estratégias tomaram para seu estabelecimento local,
mas consciente que seus atos podem ser compreendidos numa esfera bem
mais ampla? Muitas questões, admito. Mas se a teoria é o ponto de partida,
não de chegada, nada melhor que ancorar o debate em indagações, em
especial nas "estratégias" e nos apontamentos indicados por Jan Kok.
Assim, tendo como base as estratégias de sobrevivência e as
trajetórias de vida de membros da família Rodrigues Seixas, considerada
uma das "famílias tronco" pelos genealogistas paranaenses, busca-se
compreender como nesta região a sociedade resolvia os impasses entre os
novos imigrantes do reino e outros reinóis portugueses, fossem nobres da
terra, ou espanhóis, além da 'arraia miúda' da população (livre ou cativa).
Por outro lado, compreender a posse de terra, prestígio social e formação
de cabedal, atentando, neste processo, para o papel das alianças familiares
nos mecanismos de inclusão e exclusão social.
Sob certo prisma, as terras lusitanas na América podem ser
compreendidas como um espaço por onde os indivíduos se movimentam.
Se, por um lado, o ato de migrar está associado à procura de algo melhor,
mais adiante, é possível observar que o processo de expansionismo
89
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras ,
116
1995. p.44.
117
Id. p. 44
90
118
Id. p. 44-45.
119
NADALIN, Sérgio Odilon. História do Paraná: ocupação do território, população.
Curitiba: Seed, 2001. p.10.
120
MARCONDES, M. Documentos para a história do Paraná - 1a. série. Rio de Janeiro:
Typ. Do Annuario do Brasil, 1923.
91
121
Conforme atesta a ata de vereança, de 27 de novembro de 1649, da Câmara de São
Paulo BALHANA, A.; MACHADO, B. P. & WESTPHALEN, C. M. História do Paraná. Curitiba:
Grafipar, v. 1, 1969. p. 31.
122
Museu do Arquivo Ultramarino Português – Cópia fotostática do I.H.G.E.P. – doc. no.
01. Apud. Idem, p. 32.
92
Esse relatório, feito por Heliodoro Ébano sobre as minas de ouro foi
requerido pelo governador da capitania do Rio de Janeiro, à qual estava
subordinada Paranaguá. Desta forma, é perceptível que a povoação do
litoral e do primeiro planalto paranaense esteve ligada ao descobrimento e
exploração do ouro.
123
BALHANA, A.; MACHADO, B. P. & WESTPHALEN, C. M. Op. cit. p. 30.
Municipal de Curitiba, século XVII a XX. Curitiba: Aos Quatro Ventos, 2000. p. 28.
94
125
Ao sul da vila de Curitiba, atravessando o rio Iguaçu, cresce a povoação de São José
dos Pinhais, em torno da Capela do Senhor Bom Jesus dos Perdões, edificada em 1690,
em antiga zona de mineração. Desta povoação parte para leste o caminho do Arraial e
para sudeste, o dos Ambrósios, ambos rumo às regiões litorâneas. O caminho do Arraial
levava ao Arraial Grande, antigo centro de mineração na serra do mar. Já o Caminho dos
Ambrósios era a estrada de comunicação entre Curitiba e São Francisco do Sul, em Santa
Catarina. Para o oeste da vila de Curitiba, os currais estabelecidos nas redondezas do rio
Barigui estendem-se para a região de Campo Largo até atingir a serra de São Luis do
Purunã, limite natural entre os campos de Curitiba e os Campos Gerais de Curitiba,
conhecido também como o 2o. Planalto Paranaense. Na região da Borda do Campo, para
leste da vila, havia o Caminho da Graciosa, usado até hoje ligando Curitiba a Antonina,
este um antigo porto marítimo paranaense. E finalmente, para o sul e sudoeste, iniciava-
se o sertão de Curitiba. Ao longo deste caminho foram crescendo muitas freguesias e
povoados, e essas diversas localidades aparecem registradas em alguns documentos
camarários, mas principalmente nas listas de ordenanças. No registro de 1766, por
exemplo, estavam sujeitas a jurisdição da vila de Curitiba as seguintes localidades: Atuba,
Barigui, Piaçaúna, Boa Vista, Tatuquara, Botietatuba, Palmital, Arraial Queimado, Borda do
Campo, Campo Largo, rio Verde, freguesias de São José, Minas do Itambé, Descoberto da
Conceição, Registro e Campos Gerais. RODERJAN, R. V. Os curitibanos e a formação
de comunidades campeiras no Brasil Meridional. (Séculos XVI-XIX). Curitiba: Works
Informática – Editoração Eletrônica, 1992. p. 79.
127
BALHANA, A.; MACHADO, B. P. & WESTPHALEN, C. M. Op. cit. p. 30.
128
A vila de Curitiba no ano de 1772 possuía: 907 homens, 928 mulheres e 104 escravos.
Ibid. p.117.
96
129
WEHLING, Arno & WEHLING, Maria José. Direito e justiça no Brasil colonial: O
tribunal da relação do Rio De Janeiro. (1751-1808) Rio de Janeiro: Renovar, 2004. p. 143.
97
130
WEHLING & WEHLING, op. cit., p.143.
131
MACHADO, Cacilda. De uma família imigrante. Curitiba: Aos Quatro Ventos, 1998.
98
oportunidades, João partiu de Cananéia e rumou com sua família mais para
o sul, transpondo a serra do mar e se fixando na região do planalto.
Estabeleceu morada nos campos de Curitiba por volta de 1689. Vale notar
que é possível que ele partilhasse expectativas próprias dos inúmeros
reinóis que tentavam a vida em alguma parte dos domínios portugueses no
além-mar.
João Rodrigues Seixas, como qualquer outro emigrante voluntário que
vinha para a América, integrava a gama dos indivíduos que vinham tentar
a sorte. Contudo, há indicadores de que sua família de origem pertencesse
à pequena e empobrecida fidalguia do Reino, haja vista que seu pai, Antônio
Rodrigues Seixas, era Capitão na vila de Viana do Castelo. Mesmo não
sendo possível aferir se esse título se referia a seu pertencimento ao
oficialato das tropas auxiliares ou das tropas pagas, ele indica que sua
família, e ele por extensão, não pertencia à aludida “ralé lusitana”.
A região para a qual ele se dirigiu, os campos de Curitiba, já vinha
sendo ocupada desde o início do século XVII, por uma população luso-
hispânica-paulista oriunda de São Vicente, São Paulo de Piratininga, Santos
e Cananéia. Os diversos estudos que se dedicaram ao movimento de
ocupação do atual Estado do Paraná convergem ao indicar essas vilas e
povoados como locais de irradiação da população que se radicou no planalto
curitibano.132 Nesse sentido, o deslocamento geográfico de João Rodrigues
Seixas não configurava nenhuma exceção no conjunto dos movimentos
migratórios que ocorreram no século XVII. É nesse período e em função
desses pequenos fluxos migratórios que se constituiu a sociedade nos
campos curitibanos, formada originalmente por faiscadores e mineradores
de ouro que vieram tentar a sorte no planalto. Esses habitantes, morando
provisoriamente em choças cobertas com folhas de palmeira, “[...]
vasculhavam os cascalhos dos riachos à procura de pequenas pepitas de
132
BALHANA, Altiva P. et al. História do Paraná. Curitiba: Grafipar, 1969. NADALIN,
Sergio O. História e Demografia: elementos para um diálogo. Campinas: ABEP, 2004.
WACHOWICZ, Ruy. História do Paraná. Curitiba: Imprensa Oficial do Paraná, 2001.
100
133
WACHOWICZ, Ruy. op. cit., p.69.
134
MACHADO, Brasil Pinheiro. Formação da estrutura agrária tradicional dos Campos
Gerais. BOLETIM DA UNIVERSIDADE DO PARANÁ. Departamento de História, n.3, jun.
1963. p. 4.
135
PEREIRA, Magnus R. de Mello & SANTOS, Antonio Cesar A. 300 anos: Câmara Municipal
de Curitiba. 1693-1993. Curitiba: Câmara Municipal de Curitiba, 1993. p.19.
136
Boletim do Arquivo Municipal de Curitiba (BAMC). v.1, p.4. Fundação da Villa de
Curytiba.
137
“Capitão-mor, ouvidor e alcaide mor da capitania de Nossa Senhora do Rosário de
Paranaguá e das quarenta léguas da costa do sul, loco-tenente perpétuo do donatário
101
SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Vida privada e quotidiano no Brasil na época de D.
138
1729, 1741,
1743,
Miguel Rodrigues Ribas 1753
1747,1749,
1773
139
LEÃO, op. cit., p. 996.
103
140
HESPANHA, António Manuel. A constituição do Império português. Revisão de alguns
enviesamentos correntes. In: FRAGOSO, BICALHO & GOUVÊA, op. cit., p.186. HESPANHA,
António Manuel. As vésperas do Leviathan: instituições e poder político – Portugal,
século XVII. Coimbra: Almedina, 1994. p.160-230.
141
De fato, o funcionamento administrativo do amplo império português, se fez, com a
duplicação e devidas adaptações das instituições portuguesas pelas diversas partes
mantidas sob o domínio lusitano. Dentre os estudos que pioneiramente destacaram esse
fator de unidade do império português situam-se os de Boxer. Ver, em especial, BOXER,
104
142
LOCKHART, James & SCHWARTZ, Stuart. A América Latina na época colonial. Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. p.287-288.
106
143
INSSA, Maria Helena Cordeiro. Os Louros de Lourenço: genealogia e vida do Dr.
Lourenço Ribeiro de Andrade (1724-1799). Curitiba: UFPR, 2000. Monografia de conclusão
do Curso de História. p.22.
107
144
Manoel Soares, lisboeta que emigrou ao Brasil vindo estabelecer-se em Curitiba no
último quartel do século XVII, obteve em 1686, do Capitão-mor governador Thomaz
Fernandes de Oliveira, a sesmaria de Butiatuba, sendo vizinha a de seu sogro na Campina
D. Rodrigo e o rio Passaúna. Seu sogro era o capitão Baltazar Carrasco dos Reis, um dos
povoadores dos campos de Curitiba, que se instalou aqui pouco antes de 1661, ano em
que pede ao Capitão-mor governador do Rio de Janeiro Salvador Correa de Sá e Benevides
108
uma sesmaria pois “[...] nam tem therras para laurar e agasalhar seu gado tanto vacum
como cavalar nem choins para edificar sua morada de casa...”. Sertanista, Carrasco dos
Reis em 1645 já havia feito entradas no sertão à busca de índios. Antes de vir para os
Campos de Curitiba, morou na vila de S. Anna de Parnahyba, onde exerceu o cargo de juiz
de órfãos. Teve três filhos homens e cinco mulheres e faleceu entre março e abril de 1697
sendo seu inventário um dos mais antigos documentos existentes no cartório de órfãos de
Curitiba. Seu genro Manoel Soares (que será sogro de Antonio Rodrigues Seixas) exerceu
também vários cargos públicos, sendo um dos primeiros juízes escolhidos para a eleição
da câmara em 1694, vereador em 1696, 1697, 1700, 1703 e procurador em 1704. Ver: V.
III, p. 122; NEGRÃO, Francisco. Genealogia Paranaense., Curityba : Impressora
Paranaense. 1927. V.I p. 308-309.
109
145
ARANTES, Antônio Augusto. Pais, Padrinhos e o espírito Santo: um reestudo do
compadrio. In: CORRÊA, Mariza. (org.). Colcha de retalhos: estudos sobre a família no
Brasil. São Paulo: Brasiliense , 1982. p.196.
110
146
BRUGGER, Silvia Maria Jardim e KJERVE, T. M.N. Compadrio: relação social e libertação
espiritual em sociedades escravistas (Campos, 1754-1766). Estudos Afro-Asiáticos,
1991, n. 20, pp 226.
111
147
Ibid, p. 202.
148
TOMICH, Dale. Pelo prisma da escravidão: trabalho, capital e economia mundial. São
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2011. P. 78.
112
149
Para informações mais detalhadas sobre a união dessas famílias e suas descendências,
ver: INSSA. op. cit.
113
150
[Informação pra banca: do ponto de vista de visualização da trama genealógica,
haverão figuras representativas da Família Rodrigues Seixas.]
114
151
BARICKMAN, Bert Jude. Um contraponto baiano: açúcar, fumo, mandioca e
escravidão no Recôncavo, 1780-1860. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
SCHWARTZ, S. B. Escravos, roceiros e rebeldes. Bauru, SP: EDUSC, 2001.
BACELLAR, C. de A. P. Os senhores da terra - família e sistema sucessório
entre os senhores de engenho do oeste paulista, 1765-1855. Campinas: Área
de Publicações CMU/UNICAMP, 1997; ANDRADE, M. F. de. Elites regionais e a
formação do Estado imperial brasileiro: Minas Gerais – Campanha da
Princesa (1799-1850). Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2008; MOTTA, José
Flávio. Corpos escravos, vontades livres: posse de cativos e família escrava em
Bananal (1801-1829). São Paulo: FAPESP / Annablume, 1999; SCHWARTZ, Stuart
B. Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade colonial, 1550-1835. São
Paulo: Cia. das Letras, 1988; FRAGOSO, João & FLORENTINO, Manolo. O arcaísmo
como projeto: mercado atlântico, sociedade agrária e elite mercantil em uma
economia colonial tardia – Rio de Janeiro, c.1790 - c.1840. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2001; FRAGOSO, João; BICALHO, Maria Fernanda; GOUVÊA, Maria de
Fátima. (Orgs.). O Antigo Regime nos Trópicos: a dinâmica imperial portuguesa
(séculos XVI-XVIII). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
116
152
BACELLAR, Carlos de Almeida Prado. As famílias de povoadores em áreas de
fronteira da Capitania de São Paulo na segunda metade do século XVIII.
Revista Brasileira de Estudos Populacionais, Rio de Janeiro, 2017. P.3.
153
Id. P.3.
154
Ver; ABREU, Capistrano. Capítulos de história colonial. São Paulo: Cia Editora
Nacional, 1976; HOLANDA, Sérgio Buarque de. Caminhos e fronteiras. São Paulo:
Cia das Letras, 1994.
155
Cf. MOTTA, Márcia Maria Mendes. Nas fronteiras do poder: conflito e direito à
terra no Brasil do século XIX. 2ª Ed. Niterói: EdUFF, 2008; MOTTA, Márcia Maria
Mendes. Direito à terra no Brasil: a gestação do conflito, 1795-1824. São Paulo:
Alameda, 2009; SILVA, Ligia Osorio. Terras devolutas e latifúndio: efeitos da lei
de 1850. 2ª Ed. Campinas: Ed. UNICAMP, 2008; RITTER, Marina Lourdes. As
sesmarias do Paraná no século XVIII. Curitiba: IHGB, 1980; GLEZER, Raquel.
Chão de terra e outros ensaios sobre São Paulo. São Paulo: Alameda, 2007;
LEVI, Giovanni. A herança imaterial: trajetória de um exorcista no Piemonte do
século XVII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.
117
156
Ver: Quadro 6: Sesmarias no “Paraná”, séculos XVII-XVIII, no Apêndice A.
157
MACHADO, Alcântara. Vida e morte do bandeirante. São Paulo: Martins, 1972
158
SIMONSEN, Roberto C. História econômica do Brasil (1500-1820). (8ª.
edição) São Paulo: Companhia editora nacional, 1978, p. 221
118
159
Ver FARIA, Sheila de Castro. Op cit., 1998. NAZZARI, Muriel. O
desaparecimento do dote: mulheres, famílias e mudança social em São Paulo,
Brasil, 1600-1900. São Paulo: Cia. Das Letras, 2001. SILVA, Maria Beatriz Nizza da.
Sistema de casamento no Brasil colonial. São Paulo: EDUSP, 1984.
160
KULA, Witold. Problemas y métodos de la historia económica. Barcelona:
Península, 1974. p. 465
119
161
FRAGOSO, João. A nobreza da República: notas sobre a formação da primeira
elite senhorial do Rio de Janeiro (séculos XVI e XVII). IN: Topoi. Rio de Janeiro ,
2000 , nº 1. p 72.
162
LEVI, Giovanni. Sobre a micro-história. In: BURKE, Peter (org.). A escrita da
história: novas perspectivas. São Paulo: Ed. Unesp, 1992. pp. 133-161. p.141.
163
Ver: MONTEIRO, John Manuel. Negros da terra: índios e bandeirantes nas
origens de São Paulo. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. Em especial o
capítulo 4 intitulado “A administração particular”. pp.129-153.
120
164
BLAJ, Ilana. A trama das tensões: o processo de mercantilização de São Paulo
colonial (1681-1721). São Paulo: Humanitas/Fapesp, 2002. P.326-327
165
ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Considerações sobre a presença indígena na
economia do Rio de Janeiro colonial. In: Cativeiro & Liberdade. Rio de Janeiro, v.
4, p. 46-58, jul. / dez. 1996.
166
MONTEIRO, John Manuel. Negros da terra: índios e bandeirantes nas origens
de São Paulo. São Paulo: Companhia das Letras , 1994.
167
LOCKARDT, James; SCHWARTZ, Stuart B. A América Latina na época colonial.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. p. 313
121
168
FRAGOSO, João. A nobreza da República: notas sobre a formação da primeira
elite senhorial do Rio de Janeiro (séculos XVI e XVII). IN: Topoi. Rio de Janeiro, 2000,
nº 1.p. 54.
169
FARIA, Sheila. Op. Cit. 1995, p. 82.
122
170
BLAJ, Ilana. A trama das tensões: o processo de mercantilização de São Paulo
colonial (1681-1721). São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP: Fapesp, 2002. p. 328.
123
Século XVII
Litoral 8
Campos de Curitiba 12
20
25
171
FARIA, Sheila. DICIONÁRIO DO BRASIL COLONIAL. Op. Cit. Verbete “Sesmaria”,
P. 530.
125
173
Id. P. 26.
126
174
NEGRÃO, Francisco. Genealogia Paranaense, Curityba: Impressora
Paranaense. 1927. vol. III. Pg. 567.
175
NEGRÃO, Vol.III, pg.4.
176
NEGRÃO, Vol.III, pg.4.
127
177
No assento de casamento de Thomé Ribeiro da Silva com Marcelina, realizado dia
1° de março de 1740, o padre menciona que todas as testemunhas e os demais
presentes eram moradores da freguesia de Curitiba. Livro 01 de Casamentos da
paróquia de Nossa Senhora da Lux dos Pinhais, n°01, folha 39v.
178
NEGRÃO, vol.III, p.650.
179
Ver: CHAGAS, Paula Roberta. Usos cotidianos do parentesco espiritual:
Curitiba na transição do Séc. XVII para o XVIII. Curitiba: Universidade Federal do
Paraná. (Dissertação de mestrado), 2011.
128
“Meu avô temia e devia; meu pai devia; eu não temo nem
devo”. Esta frase, atribuída a D. João V durante seu longo reinado de
1706 a 1750, revela o quanto a exploração dos recursos minerais de
ouro e diamantes das terras do além-mar lusitano na América (após
suas descobertas advindas das andanças paulistas pelo interior) serviu
para equalizar o déficit econômico que a Coroa havia contraído com
129
180
BOXER, Charles. A idade de ouro no Brasil: dores do crescimento de uma
sociedade colonial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002, p. 171
181
RUSSEL-WOOD, A. J. R. O Brasil Colonial: o ciclo do ouro. In: BETHEL, Leslie.
(Org.). História da América Latina. América Latina Colonial. Vol. II. São Paulo:
Edusp, 2004, p. 471.
182
“Havia dois tipos de extrações auríferas: a das lavras (jazidas organizadas em
grande escala e com aparelhamento para lavagem do ouro) e a dos faiscadores, que
empregavam somente a bateia, o cotumbê e ferramentas toscas, reunidos num ponto
franqueado a todos, cada qual trabalhando por si. Os faiscadores, muito comuns na
mineração, eram homens livres e pobres, havendo mesmo escravos entre eles, que
entregavam quantia fixa ao senhor e guardavam o eventual excedente.” (VAINFAS,
2000, p. 397-398)
183
Sobre as descobertas de outras jazidas, revela-nos Russel-Wood: “Em torno de
1695, o governador do Rio de Janeiro recebeu relatos substanciosos de importantes
jazidas de ouro em sua jurisdição, em Rio das Velhas, na região que a
correspondência oficial chamou inicialmente ‘minas de São Paulo’. Logo se seguiram
relatos da capitania da Bahia sobre depósitos em Jacobina, e em 1702 o governador-
geral notificou ao rei a existência de novas descobertas em Serro do Rio, Itocambiras,
130
184
VAINFAS, Op. Cit. 2000, p. 397.
131
185
LOCKHART; James; SCHWARTZ, Stuart. A América Latina na época colonial.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. p. 427
186
RUSSEL-WOOD, Op. Cit. 2004, p. 474-475.
187
LOCKHART; James; SCHWARTZ, Stuart. Op. Cit. 2002, p. 426.
132
188
LOCKHART; James; SCHWARTZ, Stuart. Op. Cit. 2002, p. 426-427.
133
189
RUSSEL-WOOD, Op. Cit. 2004, p. 475.
190
LOCKHART; James; SCHWARTZ, Stuart. Op. Cit. 2002, p. 426-427. Grifo no
original.
134
191
LOCKHART; James; SCHWARTZ, Stuart. Op. Cit. 2002, p. 426.
135
192
RUSSEL-WOOD, Op. Cit. 2004, p. 476.
193
RUSSEL-WOOD, Op. Cit. 2004, p. 476.
136
194
RUSSEL-WOOD, Op. Cit. 2004, p. 494-495.
195
HOLANDA, Sergio Buarque de. (Org.) História Geral da Civilização Brasileira.
A época colonial: administração, economia e sociedade. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 1993. P. 280.
196
VAINFAS, Op. Cit. 2000, p. 399.
137
197
VAINFAS, Op. Cit. 2000, p. 397.
138
Aos vinte e nove dias do mez de Março da era de 1693 anos, nesta
Igreja de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais por despacho desta
petissão se ajuntou o povo desta Villa e pello Capam. Della lhe foi
pruguntado o que todos lhe responderam a voz alta lhe quiriasse
justisa para com isso, ver se ivitavam os muitos desaforos que nella se
fazião, o que vendo o dito capitão hera justo o que pedião-lhe
respondeu que nomeassem seis omens de Sam comsiensa para
fazerem os ofisiaes que aviam de servir, o que logo nomearão para
com o dito Capitam povoador fazerem emlisão, e como assim ouverão
todos por bem se asinaram com migo Antonio Rodrigues Seixas em
falta do escrivão,
que o escrevi.
198
Cf. Jornal A Notícia. Anno II, número 122. Coritiba, 29 de março de 1906. Fls.
1e 2. Jornal A Republica: Orgão do partido Republicano Federal. Ano XXI, número
73. Curytiba, 29 de março de 1906. Fls 1 e 2.
199
CÂMARA MUNICIPAL DE CURITIBA. Leis, Decreto e Actos, 1902 a 1906. Curytiba
: Officinas de Artes Graphicas de Adolpho Guimaães. P.144.
200
Jornal A Notícia. Anno II, número 122. Coritiba, 29 de março de 1906. P.2.
141
simbolista" 201
um dos maiores esforços de Martins, no campo
intelectual, esteve voltado à busca de criação de uma identidade tanto
para o território do Estado (que ainda se encontrava em fase de
reconhecimento de suas fronteiras) como do próprio 'paranaense'
(proposta intensificada pelo 'movimento paranista') 202
. De fato,
segundo o historiador Décio Svarça, foi de sua inciativa a reunião que
originou o Instituto Histórico e Geográfico Paranaense uma vez que
estava envolto a remexer, procurar e coletar "documentos em arquivos,
inclusive de outros Estados e países sobre a questão de limites"203 o
que acabou por despertar-lhe a veia de historiador. Estava dada a
necessidade de forjar uma história regional que auxiliaria a alicerçar
uma história nacional de recém matriz republicana.
O que chama a atenção em 29 de março de 1906 é que o
discurso legitimador de Romário Martins - enquanto camarista à época
- argumentava e defendia a promulgação da lei, tanto que sua fala já
se encontrava presente e transcrita integralmente em ambos os jornais
201
SVARÇA, Décio. O forjador: ruinas de um mito. Romário Martins, 1893-1944.
Curitiba: Aos Quatro Ventos, 1998. p. 4.
202
O termo ‘paranista’ ganhou popularidade a partir de um manifesto datado de 1927.
Contudo, sua discussão é anterior, na esteira da construção identitária do Paraná
ocorrida com a emancipação política do Estado frente à São Paulo, em 1853. Ver:
MARTINS, Romário. Paranismo: Mensagem ao Centro Paranista. Curitiba: Centro
Paranista, não datado, c. 1927; PEREIRA, Luis Fernando Lopes. Paranismo: o
Paraná inventado; cultura e imaginário no Paraná da I República. Curitiba: Aos
Quatro Ventos, 1997.; CAMARGO, Geraldo Leão Veiga de. Paranismo: arte,
ideologia e relações sociais no Paraná (1853-1953). Tese (Doutorado em História).
Curitiba: UFPR, 2007; IURKIV, José Erondy. Romário Martins e a historiografia
paranaense. Educere, Toledo, UNIPAR, v. 2, n. 2, jul./dez., 2002.
203
Id. P.6.
142
204
Seu aclamado discurso teve como base um de seus escritos recém publicado
"História do Paraná" 1555-1583, publicado em 1899 e reeditado com anos mais tarde
(1937).
205
Peças do Inventário do Capitão Povoador Baltazar Carrasco dos Reis - 1697.
Edição do Arquivo Público do Paraná, 1986. Catálogo de Documentos Históricos
respeitantes à Vila de Curitiba - 1697-1799. Curitiba: Prefeitura Municipal de
Curitiba, 1993.
143
206
OLIVEIRA, Ricardo Costa de. O silêncio dos Vencedores: genealogia, classe
dominante e Estado do Paraná. Curitiba: Moinho do Verbo, 2001
207
KOK, Jan. Id. The life course is a cumulative process and should therefore be
studied as a whole. Tradução nossa. P. 205.
144
208
KOK, Jan. Id. Thus, in considering agency, we need to distinguish between long-
range life plans (Hareven, 1982), short-term tactical reconsiderations and the kind
of decision making geared at sheer survival. P. 205. Tradução nossa. Grifos do autor.
210
SCHWARTZ, Stuart. State an society in Colonial Spanish America: an opportunity
for prosopography. In: GRAHAM, R., SMITH, P. H. (Eds.). New approaches to Latin
American history. Austin: University of Texas Press, 1974. Pp.3-35.
145
(...) não sendo (...) algo que se opere por mera força de
ideias ou das vontades, ela é condicionada por
circunstâncias, as mais das vezes ligadas às condições
materiais da produção do poder. Circunstâncias que
limitam objectivamente o jogo político ou definem
molduras ou cenários para a acção política.212
212
HESPANHA, António Manuel. As vésperas do Leviathan: instituições e poder
político. Portugal, século XVII. Coimbra: Almedina , 1994. P. 61.
213
Id. p.63
149
214
BICALHO, Maria Fernanda. In: BICALHO, Maria Fernanda; FERLINI, Vera Lúcia
Amaral (Orgs.). Modos de governar: idéias e práticas políticas no império
português. São Paulo : Alameda, 2005. p.14
215
Para melhor compreensão da importância do direito nas origens da comunidade e
da não separação entre justiça e soberania, ver: FERNÁNDEZ ALBALADEJO, Pablo.
Fragmentos de Monarquía: trabajos de historia política. Madrid: Alianza Editorial
, 1992.
150
216
FRAGOSO, João; BICALHO, Maria Fernanda; GOUVÊA, Maria de Fátima. (Org.). O
Antigo Regime nos trópicos: a dinâmica imperial portuguesa (séculos XVI-XVIII).
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira , 2001. p. 144
151
217
XAVIER, Ângela Barreto; HESPANHA, António Manuel. A representação da
sociedade e do poder. In:. MATTOSO, José. (Dir.). História de Portugal. Vol 4. O
Antigo Regime (1620-1807). Lisboa: Editorial Estampa, 1993, Pp. 121-156.
218
SALGADO, Graça. (Org.). Fiscais e meirinhos: a administração no Brasil colonial.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1985. p. 15
152
219
ORDENAÇÕES FILIPINAS. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1985.
220
FAORO, Raymundo Os donos do poder. Rio de Janeiro: Globo. 1977, v.1, p. 64-
65.
153
221
BICALHO, Maria Fernanda. Crime e castigo em Portugal e seu Império. TOPOI
- Revista de História do Programa de Pós Graduação em História Social da UFRJ,
2000, Rio de Janeiro, n. 1, pp. 227.
154
222
SOUZA, Laura de Mello e. Política e administração colonial: problemas e
perspectivas. In: SOUZA, L., FURTADO, J.; BICALHO, M. (Orgs.). O governo dos
povos. São Paulo: Alameda, 2009. Pp.67.
223
DICIONÁRIO DO BRASIL COLONIAL (1500-1808). VAINFAS, Ronaldo. (Org.) Rio
de Janeiro: Editora Objetiva, 2000.
224
Id. p. 17
155
225
Id. p. 17
156
226
Id. p. 18, grifo no original.
227
Id. p. 18, grifos no original.
157
228
Id. p. 18
229
MONTEIRO, Nuno. Elites e poder: entre o Antigo Regime e o Liberalismo. Lisboa
: Imprensa Ciências Sociais : 1993, p. 304.
158
Municipal de Curitiba, século XVII a XX. Curitiba: Aos Quatro Ventos, 2000. p. 8
231
SALGADO, Op. cit. Pp. 47-72.
159
232
LOCKHART; SCHWARTZ, 2002, p. 287-288.
233
WEHLING; WEHLING, 2000, Op. cit. p. 143.
234
Ver: MELLO E SOUZA. Laura. Política e Administração colonial. In: O Governo
dos povos. REF; BORREGO, Maria Aparecida de Menezes. Camaristas, provedores e
confrades: os agentes comerciais nos órgãos de poder (São Paulo, século XVIII). In:
O Governo dos Povos. REF.; SOUSA, Avanete Pereira. Poder local e autonomia
camarária no Antigo Regime: o Senado da Câmara da Bahia (século XVIII). In:
Modos de governar REF; BICALHO, Maria Fernanda. A cidade e o Império. O Rio de
Janeiro no século XVIII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.; SOUZA, George
F. Cabral de. Elites e exercício de poder no Brasil Colonial: a Câmara Municipal
do Recife, 1710-1822. Recife: Ed. UFPE , 2015. KRAUSE, Thiago. Ordens militares e
poder local: elites coloniais, Câmaras Municipais e fiscalidade no Brasil seiscentista.
In: Monarquia pluricontinental e a governança da terra no ultramar atlântico
luso.
160
235
DOCUMENTOS INTERESSANTES PARA A HISTÓRIA E OS COSTUMES DE SÃO
PAULO, 1895, Volume XV, Pg. 131
236
Id. Pg. 131.
237
Id. Pg. 131.
161
239
PIETSCHMANN, Horst. Burocracia y corrupción en Hispanoamérica colonial. Una
aproximación tentativa. In: Nova Americana, Turín, n. 5, 1982. Pg. 16
240
BERTRAND, Michel. Grandeza y miseria del oficio: los oficiales de la Real
Hacienda de la Nueva España, siglos XVII y XVIII. México: TCE , 2011.
242
MOUTOUKIAS, Zacarias. Burocracia, contrabando y autotransformación de
las elites. Buenos Aires a fines del siglo XVII”, AIEHS 3 (1988). Pg. 217.
165
243
PIETSCHMANN, Horst. Op. Cit. Pg. 31.
PHELAN, John Leddy. Authority and Flexibility in the Spanish Imperial Bureaucracy.
244
245
SCHWARTZ, Stuart. Sovereignty and Society in Colonial Brazil: the High
Court of Bahia and its judges, 1609-1751.Berkeley: University of California Press,
1973.
246
Sobre a Comarca de Paranaguá e seus Ouvidores, Ver: Jonas Wilson. Ouvidores
régios e centralização jurídico- administrativa na América Portuguesa: a comarca de
Paranaguá (1723-1812). Curitiba, 2007. Dissertação (Mestrado em História).
Universidade Federal do Paraná; PEGORARO, Jonas Wilson. Zelo pelo serviço real:
ações de ouvidores régios nas comarcas de São Paulo e de Paranaguá (primeira
metade do século XVIII). Curitiba, 2015. Tese (Doutorado em História) -
Universidade Federal do Paraná.
167
247
SILVA, Maria Beatriz (org.) [et. al.]. História de São Paulo Colonial. São Paulo:
Ed. UNESP, 2009. Pp. 246-250.
248
RIBEIRO FILHO, Anibal. Paranaguá na História de Portugal: suas relações com
a monarquia portuguesa. Paranaguá: IHGP , 1967. Pg. 141
249
DOCUMENTOS INTERESSANTES PARA A HISTÓRIA E OS COSTUMES DE SÃO
PAULO, 1895, Pg. 133
168
250
Id. p. 134
251
Esta narrativa tem por base o testamento e inventário do Capitão. Ver: Arquivo
Público do Paraná – Juízo de Órfãos de Curitiba, 10ª Vara Cível - 138 – 1797
– Auto de Inventário do Cap. Antônio Gomes de Campos. Testamento em anexo de
1797.
169
252
MATTA, Roberto da. A casa & a rua. Rio de Janeiro: Rocco, 1997. p. 137.
171
253
RACHI, Silvia. A vida em folhas de papel: escrita mediada na América
Portuguesa. Revista de História, [S. l.], n. 174, p. 267-298, 2016. DOI:
172
254
Ver: RODRIGUES, Cláudia. Nas fronteiras do além: a secularização da morte
no Rio de Janeiro (séculos XVII e XVIII). Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2005, p.
63. Vale dizer que tomamos, neste trabalho, tais concepções das artes moriendi
tendo em vista que, para Sheila de Castro Faria e Eduardo França Paiva, a feitura do
testamento e o prévio passamento eram uma constante. Ver: PAIVA, Eduardo
França. Escravos e libertos nas Minas Gerais do século XVIII: estratégias de
resistência através dos testamentos. São Paulo: Annablume, 1995, p. 33.; FARIA,
Sheila de Castro. A colônia em movimento: fortuna e família no cotidiano colonial.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998. p. 268.
173
255
FARIA, Sheila de Castro. Op. Cit. p. 269.
256
STANCZYK FILHO, Milton. À luz do cabedal: acumular e transmitir bens nos
sertões de Curitiba (1695-1805). 134 f. Dissertação (Mestrado em História) – Setor
de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2005.
Capítulo II.
174
257
Ver: PEREIRA, Magnus R. de M.; BORGES, Joacir Navarro. Tudo consiste em
dívidas, em créditos e em contas: relações de crédito no Brasil colônia; Curitiba na
primeira metade do século XVIII. Revista de História, [S. l.], n. 162, p. 105-129,
2010. DOI: 10.11606/issn.2316-9141.v0i162p105-129. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/19153. Acesso em: 14 mai.
2015.; GIL, Tiago Luís. Coisas do Caminho: tropeiros e seus negócios do Viamão a
Sorocaba. Tese (Doutorado) – UFRJ, Rio de Janeiro, 2009; GIL, Tiago Luís. O crédito
numa comunidade de fronteira: problemas, algumas experiências metodológicas
e alguns resultados (Rio Grande, 1780-1810). Sevilha: Universidad Pablo de Olavide,
2006.; FRAGOSO, João & FLORENTINO, Manolo G. 1993. O arcaísmo como projeto:
mercado atlântico: sociedade agrária e elite mercantil no Rio de Janeiro, c.1790-
c.1840. Rio de Janeiro: Diadorim, 1993. pp. 89-100.
176
1981.
259
REIS, João José. A morte é uma festa: ritos fúnebres e revolta popular no Brasil
do século XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 1991. p.92.
177
261
Arquivo Metropolitano Dom Leopoldo Duarte, da Mitra Arquidiocesana de São
Paulo. Caixas: Testamentos 05-01-05 – Processos gerais antigos – 1727-1777. 1754-
1756 – Auto de Contas de Josefa Rodrigues Bicuda.Testamento em anexo de 1754.
262
Pitt-Rivers, J. (1965). Honra e posição social. In: J. G. Peristiany (Org.), Honra e
vergonha. Lisboa: Fundação Capouste Gulbenkian. pp. 11-60, p.13.
179
263
MATTA, Op. cit. 1997, p. 154
264
MATTA, Op. cit. 1997, p. 155.
265
FARIA, Op. cit. 1998, p. 276.
180
266
WEHLING, Arno e WEHLING, Maria José. O funcionário colonial entre a sociedade
e o Rei. In: DEL PRIORE, Mary. Revisão do Paraíso: os brasileiros e o estado em
500 anos de história. Rio de Janeiro : Campus , 2000. pp. 139-159. p.143.
181
267
GUEDES, Roberto. Egressos do cativeiro.
268
Ver: GIL, Tiago; HAMEISTER, Martha. In: FRAGOSO, João (org.) Conquistadores
e Negociantes.
182
alma por herdeiro. Instituição esta nula (...) e incorpora-se por isso os
restos da herança no Patrimônio da Coroa”.
Ora, indaga-nos ainda mais a demonstração de certo interesse
dos potentados locais, sobretudo daqueles com assentos no poder
jurídico-administrativo, tanto de Curitiba quanto de Paranaguá, acerca
das posses do Capitão Gomes Campos. Quais seriam os motivos que
ambicionava o Ouvidor a não aceitar as últimas vontades do luzido
Capitão? Talvez a 'mancha' da bastardia o sinalizava junto ao descenso
social? Ou o benefício pecuniário advindo de uma ação corruptiva
revelaria, neste caso, uma tríade cercada de vantagens-moralidade-
estratégias? Se é certo que, ao que demonstra a historiografia acerca
do prestígio e pobreza, seu inverso também poderia ser retratado? Até
que ponto, então, o Capitão Antônio Gomes Campos, um "vencedor do
sertão" ao que vislumbra seu poderio econômico, fosse, perante os
olhos daquela sociedade, alguém ainda com o prestígio à prova?
Obviamente, são perguntas sem respostas.
Entretanto, por mais que Gomes Campos tivesse excelentes
ligações entre suas redes político-econômicas, com toda a certeza ele
saberia da importância das vinculações familiares, sobretudo por meio
do casamento, com o qual poderia alçar condição. Esta também era a
tônica para o Capitão?
Ao que os dados empíricos demonstram, até o momento, não foi
possível encontrar novo desfecho para a história dos bens do Capitão
Antônio Gomes Campos. Assim, se a interposição de Antônio José de
França e Horta valeu, de fato, não sabemos. Ou se, o famoso princípio
"se acata y no se cumple"269 foi utilizado pelo Ouvidor. De fato, como
constam nos adágios de Antonio Delicado, “Na arca aberta, o justo
269
ANNINO, Antonio. Some Reflections on Spanish American Constitutional and
Political History, en Itinerario, 19: 2 (1995). Pg. 36
183
270
WEHLING, Arno e WEHLING, Maria José. O funcionário colonial entre a sociedade
e o Rei. In: DEL PRIORE, Mary. Revisão do Paraíso: os brasileiros e o estado em
500 anos de história. Rio de Janeiro : Campus , 2000. pp. 139-159. p.143.
184
271
ROMEIRO, Adriana. Op. Cit. Pg. 44.
185
Protopoema
2005.
188
273
Ver: REIS, João José. A morte é uma festa: ritos fúnebres e revolta popular no Brasil
do século XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 1991; RODRIGUES, Claudia. Nas
fronteiras do além: a secularização da morte no Rio de Janeiro (séculos XVIII e XIX). Rio
de Janeiro: Arquivo Nacional, 2005; SANTOS, Clara Braz dos. O exercício moral de
memória da morte nos escritos religiosos do Brasil colonial (séculos XVII e
XVIII). 2016. 207 f. Dissertação (Mestrado em História) – Faculdade de Ciências Humanas
e Sociais, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Programa de Pós-
Graduação em História, Franca, 2016; ÁVILA, Affonso. Uma encenação Barroca da
morte – as solenes exéquias de D. João V em São João Del-Rei, Barroco. Belo
Horizonte: Centro de Estudos Mineiros, UFMG, n. 3, pp. 41-47, 1971.
274
CHARTIER, Roger. Normas e condutas: as artes de bem morrer (1450-1600). In:
_______. Leituras e leitores na França do Antigo Regime. 2. ed. Trad. Álvaro
Lorencini. São Paulo: Editora Unesp, 2004, pp. 131-173.
275
Id. LEVI, Giovanni. Un problema de escala. Relaciones: Revista de El Colegio de
Michoacán, v. 24, n. 95, 2003.; REVEL, Jacques. Máquinas, estratégias e condutas: o que
entendem os historiadores. In: _____. História e historiografia: exercícios críticos. Pp.
155-175.
189
1977. P.13.
277
Id. P. 40.
278
Id. P.40. Um necessário, mas infeliz contraponto que se deve fazer a esta referência
de Ariès se preconiza nos momentos incertos da escrita deste trabalho doutoral. A
pandemia global do SARS-CoV-2 (COVID-19) trouxe para realidade premente, para dentro
191
dos lares, a morte como perspectiva e não mais como expectativa. Intronizamos um misto
de sentimentos de pesar, agonia e naturalização do morrer, assistindo-a cotidianamente e
tornando-nos cada vez mais sensibilizados. Um universo de enlutados. Sua materialidade
racionalmente concebida e esperada acabou por fazer-se presente, sentida e visualizada
nos milhões de casos contabilizados. De certa forma, ainda que sob outra premissa,
ressignifica-se o que Ariès identificou enquanto a presença de uma ‘morte selvagem’ e o
‘viver com o pensamento na morte’, agora nos tempos pandêmicos. Retrospecto seja feito
ao melhor entendimento de “Morte Sofrida” apresentado por Michel Vovelle. Reitero aqui
meus mais profundos sentimentos a tod@s aquel@s que perderam seus amores,
familiares, amig@s, companheir@s e confidentes, nominalmente em número muito
superior a que estas linhas poderiam tomar, em virtude, sobretudo, da ausência e
morosidade do Estado nas políticas e práticas sanitárias.
279
VOVELLE, Michel. A História dos Homens no Espelho da Morte. In: BRAET, Herman &
VERBEKE, Werner (eds.). A morte na Idade Média. São Paulo : Editora da Universidade
de São Paulo , 1996. P.12.
280
Id. P.16.
192
281
Acerca de uma apreciação das fragilidades de uma historiografia tradicional da morte,
ver: LAWERS, Michel. Morte e Mortos. In: DICIONÁRIO TEMÁTICO DO OCIDENTE
MEDIEVAL. LE GOFF, Jacques; SCMITT, Jean-Claude (Coord.). Bauru : Editora da
Universidade do Sagrado Coração – EDUSC , 2006. Pp. 243-261. No excerto, P. 244. ;
DOSSE, François. Histoire des Mentalités. In: DELACROIX, Christian; DOSSE, François;
GARCIA, Patrick; OFFENSTADT, Nicolas. (Dir.). Historiographies: concepts et débats.
Vol. I. Paris : Gallimard , 2010. Pp. 220-231.
193
283
Neste ano, o casal Manoel e Lucácia, ele então com 40 anos e ela com 32, se
encontravam no domicílio 66 junto com seus 4 filhos: Escolástica (10 anos), Bento (8),
Manoel (5) e Antônio (de 3 anos). Já Isabel, estava domiciliada no fogo 141, na condição
de chefe e com Antônia, agregada de 6 anos. Ver: Lista Nominativa de Habitantes. 1ª
Cia, de Ordenança da vila de Curitiba, 1793.
194
Mas então, o que saberiam (ou não) sobre o passado de Isabel que,
no fim de sua vida, revelaria à público? Chamá-los reestabeleceria suas
redes de influência ou laços de resistência? Que ‘memórias de si’ aquela
mulher procurou resgatar?
Isabel Fernandes Buena, como outros testamenteiros e
testamenteiras, iniciou suas últimas vontades com os cuidados pios. Ciente
da necessidade de requerer às deidades do Evangelho as diligências com
sua alma, reconheceu-se primeiramente como verdadeira cristã católica.
Pediu encomendas à Santíssima Trindade e solicitou à Nossa Senhora, a
Santa de seu nome, aos Arcanjos Miguel e Gabriel, ao seu Anjo da Guarda
e a todos os santos e santas da corte celeste, que intercedessem quando
deste mundo partisse. Tinha plena consciência da necessidade e esperança
de salvar sua alma.
Ancorada num universo cujo estilo barroco poderia ser observado na
pompa que acompanhava todas as etapas do morrer,285 Isabel desejou que
284
VINCENT-BUFFAULD, Anne. Da amizade: uma história do exercício da amizade nos
séculos XVIII e XIX. Rio de Janeiro: Zahar, 1996. P. 63.
285
Sobre o estilo barroco e suas influências na sociedade colonial, ver: MARAVALL, José
Antonio. A cultura do Barroco: análise de uma estrutura histórica. São Paulo: Edusp,
195
seu corpo fosse conduzido para a vila de Curitiba para ser sepultada na
capela da ‘Venerável Ordem Terceira’ de São Francisco, assim como
amortalhada no mesmo hábito, seguida de missas de corpo presente e
assistida pelos mais sacerdotes que se achassem. Seguia assim, ao que a
historiografia apresenta, as premissas do testamento tendo em vista
dificuldades de salvar a alma:
1997. ; JANCSÓ, István; KANTOR, Íris. (Orgs.). Festa: cultura e sociabilidade na América
portuguesa. Volumes I e II. São Paulo: Hucitec/Edusp, 2001.
286
FARIA, Sheila de Castro. A colônia em movimento: fortuna e família no cotidiano
colonial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998. Pp. 265-266.
287
Segundo o genealogista Francisco Negrão, todos “moradores de São José dos Pinhais.
Elle falleceu a 20 de Agosto de 1772 e ella em 9 de Maio de 1750”. Cf. NEGRÃO, Francisco.
Genealogia Paranaense. Vol. IV. Título Matheus Leme. Curitiba: Imprensa Oficial do
Estado do Paraná. Versão fac-similar de 1929. P. 217. Em conformidade com os Assentos
Paroquiais de Casamento de Curitiba, casaram-se no 26 de novembro de 1744, na
Capela de Bom Jesus do Perdão, pela manhã. Tiveram como testemunhas Paulo da Rocha
Dantas e Domingos Ribeiro da Silva. Cf.: Livro 1, folha 81 verso.
196
288
Id. Capitão Amador Bueno da Rocha: “Filho do Capitão Antonio Bueno da Veiga, natural
de S. Paulo, e de sua mulher Izabel Fernandes da Rocha, fallecida com testamento em
Curityba em 1717; neto pela parte materna de Antonio Bicudo Camacho e de sua mulher
Maria da Rocha.” Já Maria Leme da Costa (ou de Jesus), era filha de Dionísia Leme da
Silva, neta materna de Maria Leme da Silva casada em Curitiba com o Capitão Manoel
Picam de Carvalho, aos 27 de julho de 1683. Por parte de pai, Maria descendia do Capitão
Povoador de Curitiba, Matheus Martins Leme e de sua mulher Antonia de Góes. Segundo
Negrão, Carvalho “foi um dos povoadores de Curityba, homem de valor, filho do Capitão
Manoel Picam de Carvalho e de sua mulher Anna Maria Bicudo; por esta, neto do Capitão
Garcia Rodrigues Velho, descobridor de ouro em Curityba, e de sua mulher Izabel Bicudo
de Mendonça; estes foram moradores em Paranaguá, depois passaram para Curityba.” Pp.
204-210.
289
SANTOS, Rosângela Maria Ferreira dos. Os homens-bons vão às urnas. In: CRUZ, Ana
Lúcia Rocha Barbalho da; PEREIRA, Magnus Roberto de Mello Pereira. (Orgs.) Curitiba e
seus homens-bons. Curitiba: Fundação Cultural de Curitiba , 2011. Pp. 32-45.
290
Vale notar que Antonio Bueno da Rocha aparece domiciliado no fogo 44 na Lista
Nominativa de Habitantes de São Jose, bairro de Campo Largo, no ano de 1783, com 37
anos. Não há a indicação de esposa, mas Veríssima da Veiga, de 28 anos, está presente
assim como o filho João (13 anos) e Maria (de 2 anos). Há ainda dois escravos naquele
espaço habitacional. Cf.: Lista Nominativa de Habitantes. 1ª Cia, de Ordenança da vila
de Curitiba, 1783.
291
Ambos também estão domiciliados, em 1783, no bairro de Campo Largo. Com 36 anos
cada, o casal já tem 4 de seus 6 filhos vindouros, assim como a presença de 5 escravos
no fogo de número 47. Já no ano de 1793, o casal está habitando o domicílio de número
40, no bairro do Bromado, com seus 6 filhos. Esta lista não contempla o número de
escravizados no plantel. Cf.: Lista Nominativa de Habitantes. 1ª Cia, de Ordenança da
vila de Curitiba, 83 e 1793.
197
292
Manoel encontra-se, em 1783, junto ao domicílio 14, no bairro do Arial, em São José.
Na qualidade de viúvo, vivendo com suas filhas Francisca e Coleta (de 8 e 5 anos),
juntamente com 7 escravizados. Cf.: Lista Nominativa de Habitantes. 1ª Cia, de
Ordenança da vila de Curitiba, 1783.
293
Op. Cit. Negrão. Pp. 217-218.
294
CPAB. Título LXVIII.
198
Fica claro, e neste caso distinto de Isabel, que havia uma interação
entre os filhos naturais e o pai – talvez maior em função da faixa etária da
filiação –, uma vez que a lembrança de suas presenças no ato do
testamento, talvez não se tornasse um embaraço quanto à moralidade
frente a ilegitimidade. Naquela sociedade em que os signos da bastardia se
faziam presente, como bem aponta a historiografia,297 aquele sargento-mór
poderia almejar, por um lado, reiterar suas fragilidades da carne ao ter sob
si os cuidados com seu traspasse; mas ainda, de modo prático, prover
aqueles filhos com os quais tinha proximidade e ações de reciprocidade.
296
Testamento e auto de contas da testamentária de Jerônimo da Veiga Cunha (1745).
Arquivo Metropolitano Dom Leopoldo Duarte, da Mitra Arquidiocesana de São
Paulo. Caixa: Testamentos 05-01-06 Processos Gerais Antigos (1789-1805).
297
Ver: NADALIN, Sergio Odilon. Mães solteiras e categorias de ilegitimidade na sociedade
colonial dos séculos XVIII e XIX. In: I Congresso Internacional de História: território,
culturas e poderes, Universidade do Minho, Braga, 2005.; CAVAZZANI, André Luiz M. UM
ESTUDO SOBRE A EXPOSIÇÃO E OS EXPOSTOS NA VILA DE NOSSA SENHORA DA LUZ
DOS PINHAIS DE CURITIBA (Segunda metade do século XVIII). Dissertação de Mestrado.
Programa de pós graduação em História da Universidade Federal do Paraná. Curitiba :
UFPR,2005.; GALVÃO, Rafael; Relações amorosas e ilegitimidade: formas de concubinato
na sociedade curitibana (segunda metade do século XVIII). Dissertação de Mestrado.
Programa de pós graduação em História da Universidade Federal do Paraná. Curitiba :
UFPR,2005.
PORTELA, Bruna Marina. Gentio da terra, gentio da Guiné: a transição da mão de
obra escrava e administrada indígena para a escravidão africana. (Capitania de São
Paulo, 1697-1780). Curitiba, PR, 2014.
200
298
Assentos Paroquiais de Casamento de Curitiba. Livro 01. Folhas 67 frente e 67 verso.
299
Op. Cit. FERREIRA, Rosângela. P. 44.
300
Sesmarias do AESP - Publicação, livro 18, folha 35.
302
Op. Cit. FERREIRA, Rosângela. P. 43.
303
Op. Cit. Testamento e auto de contas da testamentária de Brás Domingues Veloso
(1774).
202
Declaro que casei uma engeitada por nome Maria de José, que
criei em casa com Plácido de Góes Bonete. Lhe dei por esmola
um lugar para [ileg.] sítio no Rio Verde. Rogo a meus
herdeiros que por coisa de tão pouca entidade não movam
contendas destes, hajam esta esmola por bem [que] sirva.304
304
Id.
305
RÜSEN, Jörn. Razão histórica. Brasília: Editora da UnB, 2001, p. 57.
306
CERRI, Luis Fernando. Os conceitos de consciência histórica e os desafios da
Didática da História. Revista de História Regional. Goiânia/GO, v. 6, n.2, Pp. 93-112,
2001. P. 101
203
Este seria um fato que, se não incomum, também não era a tônica
daquele corpo social. Maria Beatriz Nizza da Silva apresentava um volume
de 221 processos conservados no Arquivo da Cúria de São Paulo que
apresentavam casos de dissolução da união matrimonial, entre 1700 a
1822.308 Entre algumas possibilidades que poderia fazer com que houvesse
a separação dos consortes, preconizada pelas Constituições Primeiras do
Arcebispado da Bahia, as queixas mais frequentes das mulheres quanto a
seus maridos referiam-se a sevícias e adultério.
No caso de Inácia, alguns sinais apontam para uma convivência
permeada de dissabores, quando da coabitação. Declarou que o então
marido, “no tempo do predito divórcio consumiu tudo quanto havia em casa,
307
Testamento e auto de contas da testamentária de Inácia Maria Botelha (1803). Arquivo
Metropolitano Dom Leopoldo Duarte, da Mitra Arquidiocesana de São Paulo.
Paranaguá. Processos Gerais Antigos (1725-1818).
308
SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Sistemas de casamento no Brasil colônia. Paulo :
TA Queiroz/Edusp , 1984. P. 211
204
309
Op. Cit. Testamento e auto de contas da testamentária de Inácia Maria Botelha (1803).
310
Id.
311
Id.
205
312
CERUTTI, Simona. Processos e experiência: indivíduos, grupos e identidades em Turim
no século XVIII. In: REVEL, Jacques (Org.). Jogos de escala: a experiência da
microanálise. Rio de Janeiro: Ed. FGV , 1998. P. 189.
206
313
Testamento e auto de contas da testamentária de Sebastião Cardoso Serpa (1789).
207
nos sertões de Curitiba, uma vez que seus desígnios implementam ações
na Família, na Igreja, nos negócios tanto ‘portas adentro’ quanto ‘portas a
fora’.
Revisitamos, por fim, as inquietações de Giovanni Levi ao afirmar
que
nenhum sistema normativo é suficientemente estruturado para
eliminar qualquer possibilidade de escolha consciente, de
manipulação, ou de interpretação das regras, de negociação. (...)
A importância da biografia é permitir uma descrição das normas e
de seu funcionamento efetivo, sendo este considerado não mais o
resultado exclusivo de um desacordo entre regras e práticas, mas
também de incoerências estruturais e inevitáveis entre as próprias
normas, incoerências que autorizam a multiplicação e a
diversificação das práticas.314
LEVI, Giovanni. Usos da biografia. In: AMADO, Janaína e FERREIRA, Marieta de Moraes.
314
Usos e abusos da história oral. - 8a edição – Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006, Pp.
179-180.
209
CONSIDERAÇÕES FINAIS
315
LEVI, Giovanni. A Herança Imaterial. Trajetória de um exorcista no Piemonte do século
XVII. Rio de Janeiro : Civilização Brasileira, p. 96.
211
ANEXOS
Tamanho
Nome Data Localidade Localização e Vizinhança
(Légua)
Diogo de Unhate 09/07/1614 Litoral - Paranaguá Entre as barras do Ararapira e do Superagui 1x2
Campos de Curitiba -
Mateus Luiz Grou 12/12/1639 Nas proximidades do ribeiro Jurugui-mirim 1/2 X 1/2
Almirante Tamandaré
Manoel Duarte 03/10/1649 Litoral Em frente à ilha de Guarapirocaba (Teixeira) 1/2 X 1/2
Manoel Dias Velho 11/10/1665 Litoral - Porto de Cima No rio Nhundiaquara, no porto do Inferno (hoje Porto de Cima) 1/2 X 1/2
João Veloso de Miranda 01/01/1668 Litoral - Paranaguá Ilha da Cotinga inteira e Ilha Rasa da Cotinga Ilha
Domingos Rodrigues da Cunha e seus Localizada no Bariguí, começando das terras de Luis de Góis (vide
Campos de Curitiba -
filhos Luis e Garcia Rodrigues Velho 26/11/1668 n. 14) até os campos de Apiauna (Passa Una) e o Rio Grande 1X1
Araucária
ou da Cunha (Iguaçu). Região conhecida como Tindiquera (atual Araucária)
Campos de Curitiba - Localizada entre Apiauna (Passa Una) e os matos de Curirihó
João de Carvalho Pinto 01/01/1668 1/2 X 1/2
Araucária vizninha ao Mariguy (Bariguí).
Às margens do rio Bariguí próximo as terras de Baltazar Carrasco
Mateus Martins Leme 01/09/1668 Campos de Curitiba - Barigui 1/2 X 1
dos Reis (vide n. 10)
Campos de Curitiba - Localizada abaixo do rio Bariguí até os campos de Apiauna (Passa
Luis de Góis 01/12/1668 1/2 X 1/2
Araucária Una). Região conhecida como Tindiquera (atual Araucária).
213
João da Gama e Gregório Pereira 09/11/1674 Litoral - Paranaguá Junto ao rio Guaraguassú de Paranaguá 1/2 X 1/2
Antonio Martins Leme 01/01/1674 Campos de Curitiba Localizada entre o rio Palmital e o Itatiba (Atuba) 1/2 X 1/2
Francisco Valente Pereira ou Ferreira Campos de Curitiba - Áreas Localizada na outra banda do rio Passa Una, correndo do rio Atuba
07/08/1705 1X1
e seu filho José Valente dependetes da Vila até entestar com terras de Guilherme Dias Cortes (vide n. 20)
Localizada na paragem do Bariguí, rio abaixo para a barra do
Salvador Antunes, Plácido de Góis, Campos de Curitiba - Áreas
01/02/1705 Passa Una até as terras de Baltazar Carrasco dos Reis (vide n. 10) 1X1
Francisco Nunes e João Ribeiro dependetes da Vila
e de Manoel Soares (vide n. 18)
Campos de Curitiba - Áreas Localizada no ribeirão de Passa una correndo rio abaixo até
Bento Pires Leme 28/09/1706 1/2 X 1
dependetes da Vila enestar com as terras de Guilherme Dias Cortes (Vide n. 20).
Campos de Curitiba - Áreas
Baltazar Fernandes Leme 12/04/1706 Localizada de leste a oeste pelo Rio Grande (Iguaçu) abaixo. 1X3
dependetes da Vila
Localizada no rio Verde até a paragem do Capão da Índia, de leste
Capitão Mór Antonio Luiz Tigre 12/04/1706 Campo Largo para oeste até o rio Grande (Iguaçú). Conhecida como sesmaria do 1X3
Rodeio do Itaqui.
Localizada nas terras que chamavam de Capão da Índia, com
divisas nas terras de Antonio Luiz Tigre (vide n. 77) e as Furnas do
Manoel Gonçalves de Aguiar 12/04/1706 Campo Largo Purunã, entre o ribeirão do Rodeio e o rio das Mortes do 1X3
Tamanduá. Foi posteriormente a Fazenda dos Carlos, vinculada a
Nossa Senhora das Neves de Santos.
Campos de Curitiba - Áreas Localizada na paragem Tinguipura ou Tindiquera (Araucária) e
João Alves Martins 15/05/1707 1/2 X 1/2
dependetes da Vila barra do Passa Una.
Vigário da Igreja Nossa Senhora da Luz de Curitiba. Localizada nas
Campos de Curitiba - Áreas
Sebastião Alvares de Abreu (Vigário) 20/05/1707 proximidades do Rio Grande (Iguaçú), correndo rio abaixo até a 1/2 X 1/2
dependetes da Vila
barra do Bariguitiba.
Campos de São José dos localizada nas proximidades do rio Grande (Iguaçú), rio abaixo até
Manoel Alvares de Abreu 20/05/1707 1x2
Pinhais e Ambrósios as serras de Sebastião Alvares de Abreu (vide n.50)
Campos de Curitiba - Áreas
José Nicolau Lisboa 09/06/1708 Localizada entre o rio Palmital e o rio Atuba. 1/2 X 1/2
dependetes da Vila
Localizada onde acabava as terras de Manoel Gonçalves de Aguiar
Manoel Gonçalves da Cruz 24/03/1708 Campos de Palmeira no rio das Mortes do tamanduá, na chamada Fazenda dos Carlos, 1X3
fazendo fundos do sul para o norte.
Localizada na paragem chamada de "Ponte do Almeida", correndo
João Ribeiro do Vale 10/06/1709 Litoral - Paranaguá 1/2 X 1/2
rumo ao sul pelo sertão.
Localizada no distrito de São José dos Pinhais, nas proximidades
Campos de São José dos
Sebastião Felix Bicudo 25/04/1709 do rio Guiramiranguataí (Miringuava) até cabeceiras do rio 2X1
Pinhais e Ambrósios
Guaratuba
Campos de Piraquara e Localizada entre os rios Taquarí e Capivarí, fazendo testada de rio 1 1/2 X 1
Manoel José Alvares 13/01/1709
Canguirí a rio e os fundos pelo rio abaixo. 1/2
215
1 1/2 X 1
Zacarias Dias Cortes 16/10/1716 Campos do Tibagi
1/2
1 1/2 X 1
Manoel de Lima Pereira 16/10/1716 Campos do Tibagi
1/2
Localizada na paragem chamada o Curral, pela estrada da Praia,
partindo com terras do Capitão Antonio Ribeiro e de outra com o
Amaro de Miranda Coutinho 06/11/1718 Litoral - Paranaguá 1x2
rio chamado Piraí-Guassu até a paragem de Piraíque-mirim ou
Piraizinho, junto a serra de Araraquara
217
João Correia de Araujo 06/03/1723 Campos de Palmeira Localizada no lugar chamado Cajurú, próximo ao rio Tibagi. 1X1
1 1/2 X 1
Jeronimo Veiga Cunha 26/02/1726 Campos do Tibagi
1/2
1 1/2 X 1
Padre Lourenço Leite Penteado 24/01/1727 Campos de Jaguariaíva
1/2
Localizada na praia que vai para Guaratuba, próxima a terra de
João da Veiga Siqueira 28/01/1728 Litoral - Paranaguá Amaro de Miranda Coutinho no Olho d'água (vide n. 26), correndo 1X1
para os morros de Guaratuba.
Localizada no Porto de Cima, pelo rio e serra do Marumbí, com o
Manoel de Araujo Beltrão 30/05/1728 Litoral - Porto de Cima 1/2 X 1
rio do Arraial de um lado e do outro.
Campos de Curitiba - Áreas Localizada no rio Itaqui rumo ao Bariguí ao norte para o campo de
José Palhano de Azevedo 23/11/1728 1X1
dependetes da Vila Butiatuva.
Localizada na borda do Capão do Palmital, no sítio da
Campos de Curitiba - Áreas Encruzilhada, na estrada que ia para as minas de Paranapanema,
Luiz Pedroso Furquim 28/05/1728 1/2 X 1
dependetes da Vila próxima as terras de José Nicolau Lisboa (vide n.51) e João
Martins Leme (vide n. 56)
Localizada no capão do palmital, partindo com as terras do Capitão
Campos de Curitiba - Áreas
Bento Marques Chavasques 17/06/1728 Luiz Pedroso Furquim (vide n. 58) que ficava na Encruzilhada de 1/2 X 1/2
dependetes da Vila
Curitiba.
Localizada entre as terras do Sargento Mór Manoel Gonçalves de
Aguiar (fazenda dos Carlos, Vide n. 78) e as terras de Eusébio
Pantaleão Rodrigues 14/01/1728 Campo Largo 1/2 X 1/2
Simões, que fazem divisa pelo rio Grande (Iguaçú) junto ao rio
Itaqui.
1 1/2 X 1
João de Melo Rego 10/04/1733 Campos de Jaguariaíva
1/2
1 1/2 X 1
José de Góes e Moraes 09/08/1736 Campos de Castro
1/2
1 1/2 X 1
Caetano da Costa 13/03/1736 Campos do Tibagi
1/2
Inácio da Costa 17/01/1740 Campos da Lapa Localizada nas proximidades do rio Grande (Iguaçú) e Santa Clara. 1X3
221
Padre Angelo Paes de Almeida 09/11/1765 Campos de Palmeira Localizada na paragem Conceição nos Papagaios Novos. 1X1
Igreja Matriz 15/03/1768 Litoral - Guaratuba Meia légua quadrada que servirá de patrimônio à Igreja Matriz 1/2 X 1/2
Curitiba, Tomo II, set. 1954, p.657 e 689; RITTER, Marina Lourdes. As sesmarias do Paraná no século XVIII. Curitiba , IHGEP, 1980.; Sesmarias do AESP - Publicação, livro 1, folha
36; Sesmarias do AESP - Publicação, livro 10, folha 104 V; Sesmarias do AESP - Publicação, livro 10, folha 57; Sesmarias do AESP - Publicação, livro 12, folha 128; Sesmarias do
AESP - Publicação, livro 12, folha 162 V; Sesmarias do AESP - Publicação, livro 12, folha 162 V; Sesmarias do AESP - Publicação, livro 12, folha 86 V; Sesmarias do AESP - Publicação,
livro 13, folha 132; Sesmarias do AESP - Publicação, livro 13, folha 72; Sesmarias do AESP - Publicação, livro 14, folha 96; Sesmarias do AESP - Publicação, livro 15, folha 93;
Sesmarias do AESP - Publicação, livro 17, folha 101; Sesmarias do AESP - Publicação, livro 18, folha 15 V; Sesmarias do AESP - Publicação, livro 18, folha 187; Sesmarias do AESP
- Publicação, livro 18, folha 35; Sesmarias do AESP - Publicação, livro 19, folha 160 e livro 4, folha 250; Sesmarias do AESP - Publicação, livro 2, folha 56 V; Sesmarias do AESP -
Publicação, livro 2, folha 89; Sesmarias do AESP - Publicação, livro 20, folha 18; Sesmarias do AESP - Publicação, livro 22, folha 37 V; Sesmarias do AESP - Publicação, livro 23,
folha 9; Sesmarias do AESP - Publicação, livro 28, folha 31; Sesmarias do AESP - Publicação, livro 3, folha 120; Sesmarias do AESP - Publicação, livro 3, folha 27; Sesmarias do
AESP - Publicação, livro 3, folha 53 V; Sesmarias do AESP - Publicação, livro 5, folha 134 e Documentos Interessantes para História e Costumes de São Paulo, publicação oficial do
AESP, vol LII, p.12; Sesmarias do AESP - Publicação, livro 5, folha 135 V; Sesmarias do AESP - Publicação, livro 8, folha 53; Sesmarias do AESP - Publicação, livro 9, folha 117 V;
Sesmarias do AESP - Publicação, livro 9, folha 31 V; Sesmarias do AESP - Publicação, livro 9, folha 98 V; Sesmarias do AESP - Publicação, livro32, folha 55 V; Sesmarias do AESP
- Publicação, vol I, p. 342 (correto 345); Sesmarias do AESP - Publicação, vol I, p.216.
225
REFERÊNCIAS
Fontes:
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• Documentos Manuscritos:
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• Documentos Manuscritos:
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