Livro Educação Especial
Livro Educação Especial
Livro Educação Especial
Especial
na perspectiva da Educação
Inclusiva
1ª EDIÇÃO
Ficha técnica
Edição 2023
Site sicredi.com.br/fundacao
Contato fundacao@sicredi.com.br
1ª EDIÇÃO
Organização
SUPERVISÃO TÉCNICA:
Silvana Lehenbauer
REVISÃO CRÍTICA:
Luciene Maria Pires Pereira
Silvana Lehenbauer
REVISÃO FINAL:
Diana Serafini
Suellen Lins Batista
Vanessa Mulet
AUTORES:
Introdução
Ana Rosimeri Araujo da Cunha
Fabiana Maria das Graças Soares de Oliveira
Silvana Lehenbauer
AUTORES (continuação):
5.5 Planejamento individualizado de ensino
Silvana Lehenbauer
Apresentação..................................................................................................................................................................10
Introdução ........................................................................................................................................................................12
Referências bibliográficas..............................................................................................................................40
Referências bibliográficas.............................................................................................................................. 53
3.2 Locus de atuação da Educação Especial: APAE (escola e centro) e AEE ................................58
Referências bibliográficas..............................................................................................................................68
Referências bibliográficas.............................................................................................................................. 79
Referências bibliográficas.............................................................................................................................. 93
6.2.3 O papel da escola no acolhimento das famílias e dos educandos com deficiência..... 105
Considerações finais.................................................................................................................................................128
Sobre os autores.........................................................................................................................................................130
Apresentação
A publicação deste material é mais um passo — talvez o inicial — na busca constante de res-
ponder aos desafios desses movimentos. É resultado de um grupo de trabalho colaborativo com
formação e experiência na área da Educação Especial, sendo alguns especialistas atuantes tam-
bém no Programa. As temáticas apresentadas são resultado de estudos, pesquisas e experiências
desse grupo. Os textos a serem lidos encarregar-se-ão de apresentá-los.
O movimento inclusivo, no seu caráter educacional, busca garantir a inserção de pessoas com
deficiência nas escolas regulares e reconhece a importância dos saberes da Educação Especial
nessa inserção. Além disso, seu foco está no auxílio da remoção de possíveis barreiras para a
aprendizagem e na apresentação de estratégias educacionais diferenciadas, que permitam a
adaptação da escola a todos os estudantes matriculados. Cientes de nosso papel na defesa do
direito das pessoas com deficiência, optamos por apresentar um material de caráter mais abran-
gente, considerando que o Programa atua nas Escolas Especializadas (APAEs) e que a inclusão
das pessoas com deficiências faz parte do cotidiano das escolas regulares.
A leitura deste material nos chama a agir. Agir como premissa maior de nossas ações, pelo
direito das pessoas de “serem diferentes” e aceitas como tal, assegurando-lhes processos edu-
Nesse sentido, os textos aqui apresentados seguem uma sequência organizada de forma a
compreendermos, inicialmente e de forma mais abrangente, a área da Educação Especial e Inclu-
siva, seguindo até algumas ideias ou pistas da articulação entre os princípios e a metodologia do
PUFV e a área foco desta obra.
Introdução
Ao falarmos em diversidade, colocamos em foco temas como igualdade, aceitação étnica, gê-
nero, condições biopsicossociais e tantos outros que possuem potencialidade de desdobramen-
tos em grupos sociais diferenciados e que estão presentes na nossa vida diariamente. Diante
disso, quando nos dispomos a utilizar o termo “inclusão”, nos referimos à ideia de inserção de
pessoas que fazem parte de todos esses grupos citados — e outros além — na sociedade, de for-
ma equitativa. Nesse sentido, falamos não mais na busca pela igualdade, mas, sim, pelo direito de
ser diferente.
Certamente, a reflexão e a prática da inclusão não se esgotam e, nesse sentido, não terá um
fim, pois as pessoas estão sempre em evolução. No entanto, também é sabido que se faz ne-
cessária a manutenção de postura em estado de atenção e de reflexão contínua: o que fizemos
para melhorar e o que faremos para continuar. A partir dessa reflexão contínua, embasados do
olhar crítico acerca do processo histórico da inclusão, é necessário darmos, a cada dia, um passo
adiante na discussão e vivência da inclusão, sobretudo, no que se refere ao foco deste material,
considerando o contexto educacional e as ações pedagógicas experienciadas.
Assim, neste material serão apresentadas algumas retomadas históricas para discorrer sobre
a temática em estudo, destacando que aqui estamos falando de pessoas com deficiência. Quem
são elas? Na atualidade, sujeitos de direitos; no passado, vítimas do descaso da sociedade, que
sofreram tratamentos pejorativos e desumanos. Na Grécia Antiga, por exemplo, o corpo era cul-
tuado e era por meio dele que os homens eram valorizados. Avançando para a Idade Média, tendo
como base os ideários cristãos, as pessoas com deficiência eram segregadas. Com o advento do
Sumário
século XVI, a deficiência passou a ser vista como doença, visão que em muitos contextos atuais
permanece, o que implica a luta diária pela desconstrução.
A partir da consolidação do capitalismo, marcado pelo início da Revolução Industrial (na segun-
da metade do século XVIII), as pessoas com deficiência eram consideradas improdutivas, inclusive
pela família. No período iluminista, foram dedicados investimentos sociais de cunho pedagógico,
possibilitando o despontar para novos horizontes.
A partir dessa breve retomada histórica, é possível observar que, ao longo da história, as pes-
soas com deficiência tiveram suas vidas submetidas a estigmas e a questões religiosas e médi-
cas. Ser uma pessoa com deficiência significava ser culpabilizado pelas próprias condições, o que,
consequentemente, fazia recair sobre o indivíduo o rótulo da incapacidade de responder por si e
de ser útil na e para a sociedade.
Os direitos contidos nessa legislação foram reafirmados na Lei 7.853 de 24 de outubro de 1989
(BRASIL, 1989), sendo no Brasil estabelecidos a prioridade no atendimento às pessoas com deficiên-
cia, a acessibilidade, o comprometimento das políticas públicas e a categorização das deficiências.
Podemos identificar avanços nos períodos entre 1975 e 1980, período em que a ONU propõe
aos países a criação de legislações protetivas às pessoas com deficiência, favorecendo o surgi-
mento da visão social da pessoa com deficiência, que passa a ser vista não mais em condição de
submissão, inferioridade, assistencialismo e/ou de caridade, mas, sim, como pessoa que precisa
de acessibilidade para viver plenamente sua autonomia, inserção na sociedade, participação e
cidadania plena.
Sumário
Vejamos também outros avanços significativos trazidos pela Convenção sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência, realizada pela ONU em 2006, que teve como finalidade proteger os direi-
tos e a dignidade das pessoas com deficiência. Os princípios da Convenção foram determinantes
e, ao serem seguidos, certamente contribuem para que tenhamos cidadãos vivendo, de fato, com
dignidade e longe das condições degradantes do passado. A saber, tais princípios são os listados
abaixo (art. 3o. p. 17-18):
A não-
discriminação A acessibilidade
Clique
aqui
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência: Protocolo Facultativo à Convenção sobre
os Direitos das Pessoas com Deficiência: Decreto Legislativo nº 186, de 09 de julho de 2008: Decreto nº 6.949,
de 25 de agosto de 2009. Brasília: Secretaria de Direitos Humanos, 2008. 48p. Acesso em 13/06/2023.
Uma das maiores conquistas a partir da Convenção foi a escuta das pessoas com deficiência,
que conseguiram se posicionar e expor suas ideias, conquistar a visibilidade e a participação nos
processos de discussão e decisões nos documentos e ações que lhes dizem respeito.
Um outro grande passo em relação aos direitos das pessoas com deficiência foi dado com a
promulgação da Lei 13.146/2015 (BRASIL, 2015), que institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa
com Deficiência (LBI), sob o Estatuto da Pessoa com Deficiência, tendo como base a Convenção
dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CDPD/ONU). Com a promulgação da LBI, vê-se o com-
promisso de estabelecer e assegurar condições de igualdade, exercício dos direitos e liberdade
fundamental às pessoas com deficiência.
Sumário
sembleia Geral das Nações Unidas, e ressaltados pela Constituição Federal de 1988. Além da base
conceitual, a LBI (2015) estabelece em capítulos (1 a 10) o que se refere aos direitos fundamentais
da pessoa com deficiência:
1) Vida;
2) Habilitação e Reabilitação;
3) Saúde;
4) Educação;
5) Moradia;
6) Trabalho;
7) Assistência Social;
8) Previdência Social;
Após conhecermos o percurso histórico trilhado pela Educação Especial, nos propomos a apre-
sentar quem são as pessoas abrangidas pela Educação Especial, apresentação feita no Capítulo
2, sob o título “Sujeitos da Educação Especial”. Partindo da compreensão de quem é o público-alvo
da Educação Especial, nos propomos a refletir e dialogar sobre as formas de atuação do PUFV
nesse tipo de educação, ou seja, sobre os espaços de ensino que formam o locus da Educação
Inclusiva e da Educação Especial, discussão apresentada no Capítulo 3, denominado “Formas de
Atuação do PUFV na Educação Especial”.
Sumário
sibilita um olhar completo acerca das ferramentas voltadas a favorecer o acesso dos estudantes
com deficiência à aprendizagem.
Por fim, finalizando nossa linha de pensamento, exploramos, no Capítulo 6, a relação entre o
Programa a União Faz a Vida, sua rede de compromissos e seus princípios, e o desenvolvimento
da metodologia no contexto da Educação Especial e Inclusiva.
Histórico da
Educação Vânia Regina Barbosa Flauzino Machado
Especial Luciene Celina Cristina Monteiro Mochi
Destacamos, inicialmente, os pontos que consideramos como principais marcos históricos re-
ferentes à Educação Especial no país. Assim, tendo como base os princípios norteadores sobre o
processo histórico e social da inclusão escolar no Brasil, contemplamos os referenciais teóricos
de autores(as) contemporâneos(as) e documentos oficiais como base que orientará todo o nosso
trabalho, principalmente, no que se refere às Políticas Públicas Educacionais e ao Atendimento
Educacional Especializado.
Assim posto, faz-se necessário considerar todo o percurso histórico que a Educação Especial
percorreu até hoje, passando pelos fundamentos culturais na perspectiva do paradigma histó-
rico-social até a chegada do direito à educação de qualidade para todos, adaptada às devidas
necessidades dos estudantes com deficiência.
Principalmente nas últimas décadas, o debate internacional e nacional sobre a inclusão de pes-
soas com deficiência tem adquirido destaque no âmbito das políticas públicas, sobretudo no cam-
po da Educação. Sendo assim, com o objetivo de destacarmos o percurso sócio-histórico do termo
‘inclusão’, faz-se necessária uma breve contextualização do cenário educacional.
Para o nosso diálogo, a partir do contexto da Educação, a inclusão pode ser compreendida
como um conjunto de práticas sociais, culturais e educacionais, “(...) acionando estratégias e re-
gulando práticas nos espaços escolares” (FROHLICH, 2019, p. 55).
De acordo com a autora Maura Corcini Lopes (2007), a inclusão e a exclusão são construções
sociais que fazem parte da nossa época e estão inseridas em uma lógica de regulação da ordem
social, além de procurar pela efetivação por meio da definição dos sujeitos. Essa definição deter-
mina e estabelece marcas fronteiriças entre aqueles que são considerados “incluídos” e os que
são lidos como “excluídos”. Dessa forma, a autora argumenta que as palavras “inclusão” e “ex-
clusão” devem ser usadas de forma interligada, reunidas em um único termo: in/exclusão, já que
ambas as noções são “invenções completamente dependentes e necessárias uma para a outra”
(LOPES, 2007, p. 11).
Sumário
quando falamos em “inclusão” é porque a “exclusão” está presente cotidianamente, nos espaços
sociais, em uma relação tênue de interdependência. Sendo a escola o local de socialização genu-
ína de conhecimentos e intercâmbio das relações sociais, a percepção do acesso à aprendizagem
de modo equânime é uma tarefa contínua. Nesse sentido, utilizamos o argumento sobre identi-
dade de Tomaz Tadeu da Silva (2013), que nos explica que toda afirmação é também uma negação,
ou seja, uma falta. De acordo com o autor, em um mundo em que a igualdade é mais valorizada do
que a diferença,
Acessar direitos requer a percepção das diferenças como parte constitutiva do processo in-
clusivo. Podemos pensar nos princípios de Cooperação e Cidadania do PUFV para compreender-
mos que uma sociedade só será efetivamente democrática com o exercício da cidadania e, para
alcançarmos a tão sonhada igualdade, é imprescindível compreender as inúmeras imbricações
que atravessam os seres humanos, como as diferenças entre raça, classe social, religião, cultura,
entre outras.
Sumário
As políticas públicas sobre inclusão, conforme já exposto, são responsáveis, no Brasil, pelas
mudanças verificadas ao longo do tempo e pelas variadas ações que evocaram uma transforma-
ção radical nas propostas educacionais, terapêuticas e ocupacionais, voltadas às pessoas com
deficiências (GLAT, 2018).
Atualmente, no Brasil, essa garantia é dada por uma extensa legislação — o próximo item tra-
tará da legislação de forma detalhada. Na sequência, são mencionados os marcos históricos e as
características mais importantes dessas mudanças.
Poucas são as informações disponíveis sobre o contexto da pessoa com deficiência durante
o Período Colonial; apesar disso, sabemos que a economia da época era fundamentada princi-
palmente pela exploração de mão de obra escrava e não havia indícios de interesse por educar a
população de um modo geral e, muito menos, de indivíduos com deficiência. Apesar dos poucos
dados disponíveis, sabe-se que a primeira instituição educacional criada para pessoas com de-
ficiência ocorreu ainda no Período Colonial, durante o governo de Dom Pedro II, que, a pedido de
amigos próximos, inaugurou na cidade do Rio de Janeiro o Imperial Instituto dos Meninos Cegos
(em 1854) e o Instituto dos Surdos-Mudos (1857), ambos existentes até hoje, mas com nomes
diferentes. Tal ação denota claramente características de segregação, comuns na sociedade da
época, não só com indivíduos com deficiência, mas também com negros e pobres.
Já a partir da segunda metade do século XX, a Educação Especial no Brasil foi estabelecida por
um processo de iniciativas políticas nas diferentes competências da gestão pública, fomentadas
principalmente pelas pesquisas acadêmicas. Nesse momento, instituições privadas e assisten-
ciais começaram a surgir no país, a exemplo do Instituto Pestalozzi e da Associação de Pais e
Amigos dos Excepcionais (APAE), que tinham ênfase ao atendimento de crianças com deficiência
intelectual, excluídas da sala de aula regular. Outro marco que denota integração das crianças
com deficiência foi o surgimento das classes especiais, integradas às escolas comuns, com in-
tuito de atender grupos pequenos de “estudantes-problema”, o que, todavia, excluía estudantes
com mau desempenho escolar, além de elevar índices de repetência a estudantes rotulados por
“possuírem deficiência”.
Para a pesquisadora Cristina Cerezuela (2016), a criação dos documentos internacionais e na-
cionais viabilizou maior inclusão nas instituições escolares, causando grande impacto no cotidia-
no escolar e impulsionando a necessidade de novas práticas pedagógicas. Ademais, é importante
mencionar que o território da escola é local de disputas e, consequentemente, das diferenças.
Portanto, “(...) se a escola se articula em um espaço de contradições sem ser neutra, cabe a ela
instrumentalizar o homem para compreender o mundo adulto e se inserir na sociedade, posicio-
nando-se no mercado produtivo” (CEREZUELA, 2016, p. 31). Adicionalmente, a mesma autora argu-
menta que “(...) se a educação vai formar o homem para a sociedade da época, devemos entender
qual sociedade apresentamos e como somos socialmente organizados” (CEREZUELA, 2016, p. 31).
Sumário
Nesse cenário, conforme mencionado, o final do século XX no Brasil foi marcado por movimen-
tos nacionais e internacionais com o objetivo de fomentar mudanças de pensamento e ações a
respeito dos direitos das pessoas com necessidades especiais. Tais ações foram decisivas para
conceber a prática social dos indivíduos, tendo como fundamento o princípio da isonomia. A partir
do exposto, o direito à igualdade passou a constituir um dos pilares que sustentam o Estado De-
mocrático de Direito.
Sumário
Após o ano de 1996, as construções públicas das escolas passaram por adaptações de modo
a fornecer condições adequadas e acessíveis ao uso de cadeiras de rodas e a outras dificuldades
de mobilidade, como rampas de acesso e barras de apoio, além de haver também a inclusão de
estudantes com dificuldades significativas de aprendizagem e/ou com diagnóstico de deficiência
intelectual nas escolas regulares. Assim, a Lei nº 9.394/96 (LDB) (BRASIL, 1996) representou um
importante marco sobre a Educação Inclusiva, pois instituiu que os sistemas de ensino deveriam
garantir às crianças e adolescentes currículo, métodos, recursos e organização específica para
atender às suas necessidades, além de prever terminalidade própria àqueles que não atingirem o
nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências.
A mencionada lei também passou a definir, entre as normas para a organização da educação
básica, a “possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado”
(art. 24, inciso V) e “(...) oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do
estudante, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames” (art. 37).
Para saber
mais sobre o
Estatuto da
Criança com
Deficiência,
clique aqui.
Sumário
Desse modo, a partir de então, as políticas de inclusão escolar vigentes passaram a garantir
o ingresso, no ensino regular, de crianças e adolescentes com diferenças significativas no seu
processo de aprendizagem e desenvolvimento — que, tradicionalmente, eram responsabilidade
exclusiva da Educação Especial —, colocando em xeque a concepção prevalente da escola como
uma instituição meritocrática, classificatória e homogeneizadora (GLAT, 2018).
Assim, a política de inclusão educacional, como uma proposta ampla, baseia-se nos princípios
dos direitos humanos, segundo os quais os sujeitos com deficiência devem ter acesso à edu-
cação, participar ativamente das atividades educativas e aprender, ainda que tais conquistas
representem um caminho a ser superado, uma vez que a inclusão responsável é aquela que aten-
de as pessoas com deficiências pela ótica da articulação entre as práticas educativas realizadas
em sala de aula e a vivência social por meio das trocas de cooperação, mediadas pelos agentes
educacionais (educadores, pedagogos, funcionários e gestores). Nessa perspectiva, preconiza-se
que a inclusão implique na combinação de três importantes elementos, apresentados no esque-
ma abaixo.
DESENVOLVIMENTO
DOS SUJEITOS:
condições ambientais
favoráveis ao
desenvolvimento das
habilidades motoras
e intelectuais
Sumário
No entanto, apesar das conquistas históricas apresentadas, a inclusão escolar continua sen-
do um grande desafio global. De acordo com a UNESCO (2005), atualmente o desafio da inclusão
implica no reconhecimento das especificidades dos estudantes com Necessidades Educativas
Especiais (NEEs) e, a partir dessa identificação, garantir o acesso e a permanência desses estu-
dantes. Nessa perspectiva, o reconhecimento das individualidades e das experiências distintas
de crianças e adolescentes implica na construção de um currículo flexível e capaz de desenvolver
habilidades e valores de acordo com as necessidades dos estudantes.
Para o PUFV, o currículo é visto como uma fonte inesgotável de temas de interesse com sig-
nificados para as crianças, os adolescentes e a comunidade em que eles vivem. As experiências
cooperativas possibilitam que todos acessem, de modo democrático, os saberes históricos, cien-
tíficos e artísticos, promovendo a autonomia e o desenvolvimento da cidadania (FUNDAÇÃO SICREDI,
2019). Por essa razão, a Educação Especial e a Educação Inclusiva são tão importantes para o PUFV,
pois, na perspectiva do Programa, os conhecimentos escolares estão intimamente conectados
com a vida social e o desenvolvimento de experiências ativas que possibilitam o protagonismo
das crianças e dos adolescentes.
Além disso, anterior aos avanços verificados no Brasil, no que se refere ao âmbito da inclusão,
influentes autores, a exemplo de Vygotsky, desenvolveram em suas obras importantes concei-
tos relacionados aos dilemas educacionais existentes. Por volta de 1930, Vygotsky (2003) lançou
luzes para a compreensão das dificuldades relativas à Educação Especial e para a busca de uma
intervenção inovadora que fosse capaz de compreender as múltiplas formas de aprendizagem
humana. Para o autor, a presença da deficiência ou “defeito” não era, por si só, um impedimento
para a aprendizagem do indivíduo, mas, sim, que deveríamos olhar para além de suas faltas, con-
siderando que todos os seres humanos são capazes de aprender em diferentes ritmos e níveis.
O trabalho de Vygotsky representou um enorme desafio de mudança na formação de pessoas
educadoras e estudiosos da área, proporcionando acentuada transformação no pensamento e
prática pedagógica.
Sumário
Para saber
mais,
clique aqui.
Sabemos que a qualidade das interações sociais se faz importante para todas as pessoas, mas
essa importância é maior, sobretudo, para aquelas crianças e adolescentes com deficiência que
estão inclusas nas escolas regulares. A esse respeito, o desenvolvimento desse processo é cons-
tituído por estratégias de interação que podem produzir êxitos ou fracassos, a depender da ma-
neira como são conduzidas. Isso acontece porque, como já exemplificamos anteriormente, cada
indivíduo é único e, como tal, aprende de acordo com suas especificidades. As diversas legislações
apresentadas são fundamentais para os avanços no processo de inclusão e na garantia do direito
ao atendimento educacional especializado, na formação continuada dos educadores e educado-
ras, e na busca de uma diretriz para a oferta do ensino igualitário, a partir de práticas educativas
inclusivas e individualizadas dentro do contexto escolar (BRASIL, 2008).
O próximo texto acresce nosso conhecimento sobre os marcos históricos e legais, objetivando
ampliar nossa compreensão dos caminhos e perspectiva da Educação Especial e Educação Inclu-
siva.
Sumário
Eventos mundiais, sendo um deles a Conferência Mundial de Educação para Todos: Satisfação
das Necessidades Básicas de Aprendizagem, em Jomtien/Tailândia (BRASIL, 1990), foram um marco
de antecedentes históricos que provocou grandes mudanças no cenário educacional. Tendo como
organizadores o Banco Mundial, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e
a Cultura (UNESCO), o Fundo das Nações Unidas (UNICEF) e o Programa das Nações Unidas (PNUD),
contou com a participação de 155 países, resultando no documento conhecido como Declaração
“Educação para Todos”.
a) universalizar o acesso
à educação aos grupos
historicamente excluídos b) promover as c) promover a equidade
como os pobres, as necessidades básicas considerando a
minorias étnicas, as de aprendizagem; qualidade de ensino;
mulheres e as pessoas
com deficiência;
f) fortalecer alianças
e) ampliar os meios
que possam contribuir
e os raios de ação da
d) priorizar a qualidade significativamente
educação básica, nesse
garantindo a para o planejamento,
caso incluindo a esfera
aprendizagem efetiva; implementação,
familiar e os diversos
administração e avaliação
sistemas disponíveis;
da educação básica
Sumário
As Nações Unidas, a UNESCO e demais órgãos mundiais, em defesa da Educação Inclusiva como
uma questão de direito, comprometem-se com a escola, ao receber o estudante, a aceitá-lo como
pertencente e integrante, sem discriminações e sem exclusão. A Declaração de Salamanca (BRASIL,
1994), em seu texto, foi determinante ao dizer que:
Sumário
A educação das pessoas com deficiência (PcDs) sempre foi pauta de luta das famílias e pro-
fissionais, com as garantias dos sistemas de ensino e com o respeito a cada criança em suas
necessidades de aprendizagem, o que bem detalhou a Declaração de Salamanca em um de seus
trechos:
Em seu art. 206, a Constituição de 1988 (BRASIL, 1997) assegura o direito de todos à educação, e,
no art. 208, § 3º, “atendimento aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular
de ensino”. Outros direitos foram destacados: habilitação, reabilitação e integração à vida comuni-
tária (art. 203, § 4º) e, nesse mesmo art. (§ 4º), um salário mínimo mensal para aqueles que não pos-
suam meios de prover a própria subsistência, sobre o qual versa a Lei nº 8.742, de 7 de dezembro
de 1993 (BRASIL, 1993) — Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) —, tendo como valiosa conquista:
Sumário
O exposto foi uma sequência de ganhos sociais e empoderamento às pessoas com deficiência,
a fim de conquistar espaço na sociedade, autonomia, educação, saúde, assistência social, inde-
pendência pessoal, trabalho e vida familiar e societária com dignidade. A regulamentação do Be-
nefício de Prestação Continuada (BPC) foi efetivada pelo Decreto nº 1.744/95 (BRASIL, 1995). Outras
conquistas legais foram dadas, como a proibição de qualquer discriminação referente a salário e
critérios de admissão (art. 7°, inciso § XXXI); e o acesso ao serviço público por meio de reservas de
percentual dos cargos e empregos públicos (art. 37, § VII). O Decreto nº 3.298/99 (BRASIL, 1999) efeti-
vou a regulamentação desse direito:
Posterior à Constituição Federal, a Lei 9.394/96 (LDB)1 (BRASIL, 1996) reservou o Capítulo V, dos
artigos 58 a 60, à Educação Especial, modalidade destinada ao atendimento educacional espe-
cializado das PcDs, preferencialmente na rede regular de ensino, a quem deve ser proporcionado
1 A Lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013 (BRASIL, 2013), altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (BRASIL, 1996), definindo o atendi-
mento educacional especializado aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.
Sumário
apoio consoante com suas necessidades educacionais especiais. Na organização das classes co-
muns, entre outras providências, as escolas deveriam prever e prover:
A ênfase ao papel da escola e o compromisso com a sua organização para atendimento ade-
quado às crianças e adolescentes com deficiência podem ser vistos no art. 59 da mencionada Lei,
que nos mostra o seguinte:
A LDB (BRASIL, 1996) respalda os serviços especializados, devendo contar com professor espe-
cializado ou capacitado, terminalidade específica, certificação, e materiais e equipamentos ade-
quados à educação escolar das PcDs, com apoio técnico e financeiro às instituições privadas ou fi-
lantrópicas de Educação Especial, submetidas às normativas dos respectivos sistemas de ensino.
2 Para atuarem em Educação Especial: I) Professores capacitados: aqueles que comprovem, que, em sua formação de nível médio ou
superior, foram incluídos conteúdos ou disciplinas sobre Educação Especial e desenvolvidas competências para: a) perceber as necessidades edu-
cacionais especiais dos estudantes; b) flexibilizar a ação pedagógica nas diferentes áreas de conhecimento; c) avaliar continuamente a eficácia do
processo educativo; atuar em equipe, inclusive com professores especializados em Educação Especial (BRASIL, 2001, p. 31 e 32); II) Professores es-
pecializados: aqueles que desenvolverem competências para identificar as necessidades educacionais especiais, definir e implementar respostas
educativas a essas necessidades, apoiar o professor da classe comum, atuar nos processos de desenvolvimento e aprendizagem dos estudantes,
desenvolvendo estratégias de flexibilização, adaptação curricular e práticas pedagógicas alternativas, entre outras, e que possam comprovar:
i) formação em cursos de licenciatura em Educação Especial ou em uma de suas áreas, preferencialmente de modo concomitante e associado à
licenciatura para educação infantil ou para os anos iniciais do ensino fundamental; e ii) complementação de estudos ou pós-graduação em áreas
específicas da Educação Especial, posterior à licenciatura nas diferentes áreas de conhecimento, para atuação nos anos finais do ensino funda-
mental e no ensino médio (BRASIL, 2001b, p. 31 e 32)
Sumário
inclusivo, por meio de práticas cooperativas, em sala de aula, equipes, redes de apoio, e parceria
da família e da comunidade.
Os serviços de apoio à educação escolar foram pensados contando com os educadores e edu-
cadoras nas seguintes funções, formação e locais de atuação:
Classes Comuns: serviço que se efetiva por meio do trabalho de equipe, abran-
gendo professores da classe comum e da Educação Especial, para o atendimen-
to às necessidades educacionais especiais dos estudantes durante o processo
de ensino e aprendizagem. Pode contar com a colaboração de outros profissio-
nais, como psicólogos escolares, por exemplo.
Salas de recursos: serviço de natureza pedagógica, conduzido por professor
especializado, que suplementa (no caso dos superdotados) e complementa
(para os demais estudantes) o atendimento educacional realizado em classes
comuns da rede regular de ensino (...).
Itinerância: serviço de orientação e supervisão pedagógica desenvolvido por
professores especializados que fazem visitas periódicas às escolas para traba-
lhar com os estudantes que apresentem necessidades educacionais especiais e
com seus respectivos professores de classe comum da rede regular de ensino.
Professores-intérpretes: são profissionais especializados para apoiar estu-
dantes surdos, surdos-cegos e outros que apresentem sérios comprometimen-
tos de comunicação e sinalização.
Todos os professores de Educação Especial e os que atuam em classes comuns
deverão ter formação para as respectivas funções, principalmente os que atu-
am em serviços de apoio pedagógico especializado (BRASIL, 2001b, p. 50).
(...) de forma que possam concluir em tempo maior o currículo previsto para a
série/etapa escolar, principalmente nas séries finais do ensino fundamental,
conforme estabelecido pelas normas dos sistemas de ensino, procurando-se
evitar grande defasagem idade/série (BRASIL, 2001b, p. 48).
Esse é um dos assuntos mais desafiadores aos sistemas de ensino entre os encaminhados
no texto da LDB (1996). O cumprimento do currículo segue exigências que nem sempre permitem
a materialização dessas medidas. É evidente que nem todas as crianças e adolescentes têm su-
cesso na aprendizagem e vivenciam frustrações por não terem conseguido vencer o previsto pela
escola, correndo o risco de viverem sucessivas reprovações.
Sumário
Da mesma forma, incluem-se outros serviços, sempre em favor do direito à educação dos es-
tudantes com deficiência e suas demandas, tais como classe hospitalar e ambiente domiciliar,
assuntos hoje em outras condições, submetidas às normativas locais. Essas diretrizes e demais
fundamentos acompanham os valores emanados dos seguintes princípios: “a preservação da dig-
nidade humana; a busca da identidade e o exercício da cidadania” (BRASIL, 2001b, p. 24), contribuindo
para a solidariedade e o respeito aos direitos humanos, contrapondo as atitudes de piedade, re-
jeição e exclusão, e a discriminação.
Assim, vivencia-se uma outra forma de organização dos sistemas de ensino, de escola no du-
plo papel — socializador e pedagógico —, a fim de contribuir para a construção de novos paradig-
mas que garantam a dignidade humana.
(...) uma proposta de educação que se pretenda inclusiva deve ser entendida
como um processo amplo, no qual a escola deve ter condições estruturais (fí-
sicas, de recursos humanos qualificados e financeiros) para acolher e promo-
ver condições democráticas de participação dos estudantes com necessidades
educacionais especiais no processo de ensino-aprendizagem, assim como de
todos os estudantes. É um processo no qual a escola possa promover não só o
acesso, mas também o desenvolvimento social e acadêmico, levando em consi-
deração as singularidades de cada um.
(PLETSCH, Márcia Denise. Repensando a Inclusão Escolar: diretrizes politicas, práticas
curriculares e deficiência intelectual/Márcia Denise Pletsch. - 280p.
(Docência: doc; 1). Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. 1a. Ed: 2010).
Enquanto isso, a educação das pessoas com deficiência no Brasil era realizada pela Educação
Especial, modalidade da educação básica. As ações em busca do apoio legal às PcDs se sucede-
ram. O Decreto nº 3.956/01 (BRASIL, 2001) tornou-se lei brasileira, trazendo as recomendações da
Convenção da Guatemala, em 1999, sustentando a afirmativa de que as pessoas com deficiência
têm os mesmos direitos que as demais pessoas, recriminando todo e qualquer tipo de discrimi-
nação, exclusão ou diferenciação devido à deficiência. Sobre discriminação contra as PcDs, nos
informa o Decreto nº 3.956/01 (BRASIL, 2001a):
Sumário
As finalidades da Convenção da Guatemala, com status de lei brasileira, por meio do Decreto nº
3.956 de 8 de outubro de 2001 (BRASIL, 2001a), repercutem fundamentalmente no compromisso so-
cial e no respeito ao tratamento do cidadão que é PcD e reforça, ao mesmo tempo, em seu texto, a
observância ao direito desse estudante à educação.
Em 2002, vários dispositivos legais foram instituídos, tendo como exemplo a Resolução CNE/
CEB nº 1 de 2002 (BRASIL, 2002b), que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a For-
mação de Professores da Educação Básica. Por essas diretrizes, as instituições de ensino superior
devem estabelecer as bases da formação docente no espírito da diversidade humana e com estu-
dos voltados à aquisição de conhecimentos sobre as crianças e adolescentes com necessidades
educacionais especiais, destacando-se o art. 6º, no qual fica especificado:
Sumário
e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios. (BRASIL, 2002, Art. 3º., p. 1).
Também a Portaria nº 2.678/02 do MEC (BRASIL, 2002c) aprova diretrizes e normas para o uso, o
ensino, a produção e a implementação do Sistema Braille em todas as modalidades de ensino,
conjuntamente com o projeto Grafia Braille para a Língua Portuguesa, recomendação pelo uso da
pessoa com cegueira, esclarecendo-se a
A apropriação da escrita pela pessoa cega necessita prever e prover os programas educacio-
nais com os recursos de tecnologia assistiva compatível, softwares, entre outros, a serem obser-
vados e providenciados, pois estamos falando da remoção de barreiras impeditivas do acesso ao
conhecimento.
No Brasil, as mudanças para a construção da escola e da sociedade inclusiva não ficaram nos
documentos. Em 2003, veio a implementação, pelo Ministério da Educação, do Programa Educa-
ção Inclusiva: Direito à Diversidade. A partir desse documento, ações foram implementadas em
relação à Educação Inclusiva, priorizando-se a formação dos educadores e educadoras, e gesto-
res, com o objetivo de garantir o acesso de todos os estudantes à educação escolar, à oferta do
atendimento educacional especializado e à acessibilidade e remoção de barreiras. As barreiras
podem ser vistas como:
Em 2004, publicado pelo Ministério Público Federal, foi viabilizado o documento “O Acesso de
Estudantes com Deficiência às Classes Comuns da Rede Regular de Ensino”, destacando os direi-
tos e os benefícios da educação escolar em contextos inclusivos, em que todos, com e sem defici-
ência, estudem juntos em turmas comuns do ensino regular.
No mesmo ano, foi publicado o Decreto nº 5.296/04 (BRASIL, 2004), que regulamentou as leis
10.048/2000 (Lei da prioridade no atendimento às pessoas com deficiência) (BRASIL, 2000b) e
10.098/2000, (Lei da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida)
(BRASIL, 2000a), beneficiando-se também dessas leis pessoas idosas, gestantes ou com dificuldade
na locomoção. O Ministério das Cidades incorporou tais dispositivos, no tocante à promoção da
acessibilidade urbana e ao apoio às ações promotoras do acesso universal aos espaços públicos,
tudo isso na lógica do desenho universal, que significa:
Sumário
O Decreto nº 5.626/05 (BRASIL, 2005a) regulamentou a Lei da Libras, contribuindo para ampliar
o acesso do estudante surdo à escola, reafirmando a Libra como disciplina curricular, o direito à
formação e à certificação do professor, do instrutor e do tradutor/intérprete de Libras, o ensino da
Língua Portuguesa como segunda língua e a organização da educação bilíngue no ensino regular.
Em 2009, foi promulgada a Convenção sobre os Direitos das PcDs3, aprovada pela ONU (BRASIL,
2009a), da qual o Brasil foi signatário. Essa convenção determinou que os Estados-Partes deve-
riam assegurar um sistema de Educação Inclusiva em todos os níveis de ensino, com medidas que
atentem para a plena participação e inclusão, constando as seguintes recomendações no art. 24:
3 A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu protocolo facultativo foram promulgados pelo Decreto nº 6.949, de
25 de agosto de 2009 (BRASIL, 2009) da Presidência da República.
Sumário
A deficiência não pode servir como desculpa para o descumprimento do direito de acesso do
estudante à educação escolar, pública e gratuita, com garantias de participação e acesso ao co-
nhecimento com qualidade e igualdade de condições. A inclusão escolar requer observações im-
portantes. Nesse sentido, destacamos o seguinte conceito:
Esses três elementos poderão ser direcionadores dos documentos das escolas,
nos projetos pedagógicos, por serem esclarecedores da inclusão escolar, do direito
da criança e do adolescente, de estar junto, de pertencente e de aprender.
Em 2006, foi instituído o Plano Nacional em Direitos Humanos (BRASIL, 2006), no qual um dos
objetivos é inserir a temática sobre deficiências no currículo da educação básica, e implementar
ações afirmativas que possibilitem o acesso das PcDs a outros níveis de ensino, ressaltando que
Sumário
A Política Nacional (BRASIL, 2008) foi elaborada por um grupo de trabalho instituído pela Portaria
Ministerial nº 555, de 5 de junho de 2007 (BRASIL, 2007a), e prorrogada pela Portaria nº 948, de 9 de
outubro de 2007 (BRASIL, 2007b). Essa política foi publicada na Edição Especial “Inclusão: Revista
da Educação Especial” (BRASIL, 2008). Com base nos fatos e eventos mundiais, e ações nacionais
anteriormente discutidos, em defesa da inclusão de crianças e adolescentes em situação de ex-
clusão no país, o Ministério de Educação (MEC) redimensionou a atuação da Educação Especial,
definindo-a como:
Tendo como foco a expansão da Educação Inclusiva no país, evidenciam-se como pressupos-
tos o acesso, a participação e a aprendizagem das crianças e adolescentes com deficiência, trans-
tornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas escolas regulares, in-
corporando os conceitos apresentados na sequência:
11) Pessoa com deficiência: no documento em pauta, “Aquela que tem impedimentos de
longo prazo, de natureza física, mental ou sensorial que, em interação com diversas
barreiras, podem ter restringida sua participação plena e efetiva na escola e na socie-
dade” (BRASIL, 2008, p. 15).
13) Altas habilidades/superdotação: aqueles com potencial elevado em qualquer uma das
seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomo-
tricidade e artes, além de apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendiza-
gem e realização de tarefas em áreas de seu interesse (BRASIL, 2008, p. 15).
4 Cabe destacar que, segundo o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição), o Transtorno Global do
Desenvolvimento (TGD) foi substituído pelo Transtorno do Espectro Autista (TEA) como uma única categoria diagnóstica
Sumário
Com base nos objetivos da Política de Educação Especial (BRASIL, 2008), cabem aos sistemas de
ensino respostas adequadas às necessidades educacionais especiais das crianças e adolescen-
tes, garantindo, também:
Uma das modificações trazidas pela PNEE (BRASIL, 2008) refere que “O atendimento educacional
especializado tem como função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de aces-
sibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos estudantes, considerando suas
necessidades específicas” (BRASIL, 2008, p. 15), diferentemente dos documentos anteriores.
Medidas por parte dos sistemas de ensino, no que diz respeito à formação inicial e continuada
dos professores, vêm movimentando iniciativas com impactos na prática pedagógica e na vida es-
colar das crianças e adolescentes, contemplando aquisição de conhecimentos quanto à adequa-
ção dos currículos, à pesquisa e à adoção de práticas pedagógicas para o sucesso do estudante
em seu processo de ensino e de aprendizagem, pois as condicionalidades apontam que
Para atuar na Educação Especial, o professor deve ter como base da sua forma-
ção, inicial e continuada, conhecimentos gerais para o exercício da docência e
conhecimentos específicos da área. Essa formação possibilita a sua atuação no
atendimento educacional especializado, aprofunda o caráter interativo e inter-
disciplinar da atuação nas salas de aula comuns do ensino regular, nas salas de
recursos, nos centros de atendimento educacional especializado, nos núcleos
de acessibilidade das instituições de ensino superior, nas classes hospitalares
e nos ambientes domiciliares, para a oferta dos serviços e recursos de Educa-
ção Especial (BRASIL, 2008, p. 17).
A formação inicial e continuada dos educadores e educadoras passa a constar como exigên-
cia nas normativas dos sistemas de ensino e, ao mesmo tempo, os cursos de educação superior
sofrem modificações em suas propostas pedagógicas com o compromisso de implementar o que
foi instituído na Resolução CNE/CP nº 1/2001. No entendimento de pesquisadores que estudam o
assunto,
Sumário
O Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011 (BRASIL, 2011) também veio compor a coletâ-
nea de documentos normativos, tornando legal a dupla matrícula da criança e adolescente com
deficiência, o que lhe garante a educação escolar e o atendimento educacional especializado, no
contraturno.
Ainda quanto ao acervo legal destinado às pessoas com deficiência, surge a Lei no. 13.146, de 6
de julho de 2015 (BRASIL, 2015), que institui a Lei Brasileira de Inclusão (LBI, 2015), também conhecida
como Estatuto da Pessoa com Deficiência que no art. 27 assegura que
Sumário
As determinações trazidas pelo texto da LBI (BRASIL, 2015) incidem nas demais legislações vigen-
tes, ampliando direitos e impondo recomendações de maneira a assegurar o direito à educação
da criança e do adolescente com deficiência, para que de fato ele se constitua como estudante,
processo no qual as práticas pedagógicas devem se pautar. Tais determinações também imple-
mentam dispositivos em relação à modalidade Educação Especial na perspectiva da Educação
Inclusiva, no que se refere às suas finalidades, estrutura, organização, estratégias, recursos de
acessibilidade e acesso ao conhecimento, e redes de apoio, observando as normas próprias de
cada sistema de ensino nas diferentes esferas administrativas, nacional, estadual e municipal.
Referências
bibliográficas
CAPÍTULO 1
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tras providências. Diário Oficial União. Brasília, 2002a.
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Sumário
Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei 10.436 que dispõe sobre a Lín-
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FERREIRA, Maria Cecilia Carareto e FERREIRA, Julio Romero. Sobre Inclusão, Políticas Públicas e
Práticas Pedagógicas. (apud) Políticas e Práticas de Educação Inclusiva. Maria Cecilia Rafael de
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Sumário
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SOUSA, L.M. Educação Especial No Brasil: o que a história nos conta sobre a edu-
cação da pessoa com deficiência. Revista Bibliomar, v.19, n. 1, p. 159–173, 2020.
Educação
Especial
Ana Rosimeri Araujo da Cunha
Fabiana Maria das Graças Soares de Oliveira
Luciene Celina Cristina Mochi
O conceito de deficiência mudou e nossas concepções precisam mudar. Estamos diante de ou-
tros valores e de uma realidade que exige outros olhares, o que contribui para concretizar a visão
social da deficiência. Nesse sentido, é importante destacarmos que
Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de
natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com di-
versas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade
em igualdades de condições com as demais pessoas (BRASIL, 2015, Art. 2º. p. 8).
Compreendemos que a Educação Especial perpassa todos os níveis da educação, estando, por-
tanto, articulada com o ensino comum desde os primeiros momentos da criança em uma insti-
tuição de ensino até o ensino superior. Com esse entendimento, torna-se necessário conhecer
quem, de acordo com a legislação vigente, são os sujeitos abarcados pela Educação Especial na
perspectiva da Educação Inclusiva.
Cabe destacar aqui que, embora a legislação vigente mantenha o conceito de Transtornos
Globais de Desenvolvimento (TGD), o DSM-5 (APA, 2014) não utiliza mais esse termo, adotando
desde sua publicação em 2013 o conceito de Transtorno do Espectro Autista, no quais incluem-se
o Transtorno Global do Desenvolvimento, o Transtorno de Asperger e o Transtorno de Espectro
Autista (TEA). Tendo em vista que a organização das instituições de ensino pauta-se na legisla-
ção para estruturar a oferta da Educação Especial, consideramos, neste capítulo, os conceitos
presentes nas leis que embasam a Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva.
Sumário
Para entendermos os sujeitos atendidos pela Educação Especial, faz-se necessário compre-
ender
Clique
aqui
O conceito de “deficiência” mudou ao longo
da história, assim como a definição do termo
utilizado para se referir à pessoa com deficiência.
Para conhecer as mudanças conceituais
ao longo da história, clique no botão.
De acordo com a Resolução nº 4 de 2009, em seu artigo, são considerados estudantes com
deficiência “aqueles que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual, mental
ou sensorial” (BRASIL, 2009, p. 1):
14) Deficiência Intelectual (DI): considera-se a deficiência intelectual a mais desafiadora
nas escolas, tendo em vista sua relação com a aprendizagem e sua forma de aprender.
Segundo a Associação Americana de Deficiência Intelectual e Desenvolvimento,
Sumário
No que se refere à incidência da Deficiência Intelectual (DI), essa, em muitos casos, associa-se
a alterações cromossômicas e genéticas que contribuem para o comprometimento do desenvol-
vimento cognitivo. Entre as alterações cromossômicas e genéticas que têm como decorrência a
Deficiência Intelectual destacamos:
15) Síndrome de Down: a Síndrome de Down compreende uma alteração genética cro-
mossômica do par 21, que traz, como consequência, características físicas marcantes
e implicações tanto para o desenvolvimento fisiológico quanto para a aprendizagem.
É a síndrome mais frequente no contexto escolar e também a mais frequente entre as
alterações genéticas responsáveis pela incidência da Deficiência Intelectual.
Sumário
Para saber
mais,
A surdocegueira não é classificada como clique aqui.
uma Deficiência Múltipla. Por afetar os dois
canais que os seres humanos têm para a
recepção de informações a distância, ela
é considerada uma deficiência única, com
suas próprias características e desafios.
Cego: acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção
óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a
melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em
ambos os olhos for igual ou menor que 60º; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das
condições anteriores.
Baixa Visão ou Visão Subnormal: acuidade visual corrigida no melhor olho é menor do
que 0,3 e maior ou igual a 0,05, ou seu campo visual é menor do que 20º no melhor olho,
com a melhor correção óptica.
Surdo: perda bilateral, parcial ou total, de 41 decibéis (dB) ou mais, aferida por audiogra-
ma em frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. Faz uso da Língua Brasileira
de Sinais.
Surdocegueira: essa é uma situação na qual a pessoa apresenta dupla privação senso-
rial, que impacta em dois órgãos dos sentidos: a visão e a audição. Pessoa Surdocega
Pré-Linguística: apresenta essa condição antes mesmo de ter adquirido uma linguagem.
Pessoa Surdocega Pós-Linguística: pessoa surdocega que, antes de estar nessa condi-
ção, já havia adquirido uma língua, oral ou sinalizada. Essa privação, ou déficit, acarreta
em uma dificuldade singular de interação com o ambiente, assim como problemas de
comunicação, mobilidade e acesso à informação (GRUPO BRASIL, 2005).
Sumário
A Deficiência Múltipla abrange a associação de deficiências que pode variar conforme o núme-
ro, a natureza, a intensidade e a abrangência dos impedimentos individuais e seus impactos nas
questões funcionais da pessoa.
Seguindo a definição adotada pela legislação, os estudantes com Transtornos Globais do De-
senvolvimento (TGD) são
O DSM-5 (APA, 2014) classifica o Transtorno do Espectro Autista como um Transtorno do Neuro-
desenvolvimento, representado
Sumário
Ainda de acordo com o DSM-5, o TEA “engloba transtornos antes chamados de autismo in-
fantil precoce, autismo infantil, autismo de Kanner, autismo de alto funcionamento, autismo atí-
pico, transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação, transtorno desintegrativo
da infância e transtorno de Asperger” (2014, p. 53). Diante da definição apresentada pelo DSM-5
observa-se que o conceito de “espectro” sugere as múltiplas características da pessoa com TEA
e os desafios de diagnóstico, compreensão e planejamento de estratégias que contribuam para o
desenvolvimento socioemocional e científico do estudante com TEA.
Do ponto de vista conceitual, Ferreira et al. (2018) descrevem o Transtorno do Espectro Autista
como sendo responsável por causar persistente déficit de comunicação e interação social, mol-
dando comportamentos, interesses e atividades restritas e repetitivas. De acordo com o DSM-5,
a palavra “espectro” indica pluralidade de sintomas e comprometimentos prováveis, não apenas
em crianças com Transtorno Autista, como também na Síndrome de Asperger e no Transtorno
Invasivo do Desenvolvimento Não-Especificado. Logo, os diversos sintomas advindos do TEA, em
geral, associam-se à heterogeneidade evidente entre indivíduos, resultando em necessidades
particulares para cada caso, o que demanda adaptações individuais para atividades de vida diária,
terapêuticas e educacionais.
O TEA tem início ainda no período de desenvolvimento, com manifestações precoces surgi-
das, na maioria das vezes, antes mesmo que a criança comece a frequentar o ambiente escolar.
Na prática, as manifestações mais frequentes incluem déficits no desenvolvimento, comprome-
timentos funcionais, sociais, acadêmicos e profissionais, em níveis variáveis, indo desde limita-
ções discretas, quanto ao processo de aprendizagem e funções executivas, até impactos sobre a
execução de habilidades sociais e intelectuais. Com isso, verifica-se que o TEA denota condição
complexa, com evidente mudança comportamental.
Atualmente, o TEA é classificado, clinicamente, em três níveis, sendo avaliado a partir da fun-
cionalidade e suporte necessários: Nível 1 (necessita de pouco suporte), Nível 2 (necessita de su-
porte razoável) e Nível 3 (necessita de muito suporte).
Sumário
Sumário
HABILIDADES ENVOLVIMENTO
ACIMA DA MÉDIA DA TAREFA
SUPERDOTAÇÃO
CRIATIVIDADE
Segundo Renzulli (1986), o objetivo da identificação de crianças e adolescentes com Altas Habi-
lidades/Superdotação é proporcionar oportunidades de desenvolvimento cognitivo para aqueles
com potencial, bem como estimular as habilidades de indivíduos. Isso se dá por meio da promo-
ção do pensamento crítico e da construção de protocolos coletivos. Quando crianças e adolescen-
tes são encorajados a exercitarem o protagonismo na aprendizagem por meio do enriquecimento
curricular, serão capazes de contribuir significativamente para a construção de uma sociedade
mais justa e democrática.
Segundo o DSM-5,
É importante destacar que o TDAH pode se manifestar no indivíduo de modo que ele tenha
um predomínio da desatenção, ou um predomínio na hiperatividade ou, ainda, a combinação de
ambos. Considerando que os estudos mostram que entre 3% e 5% das crianças em idade escolar
têm TDAH, trata-se de um dado que chama nossa atenção para o contexto educacional no qual
atuamos.
Embora os estudantes com TDAH tenham uma dificuldade maior em se concentrar e/ou reali-
zar as tarefas esperadas, é válido ressaltar que o TDAH em si não está relacionado com a inteli-
gência, isto é, estudantes com TDAH não necessariamente têm deficiência intelectual ou alguma
outra condição que afete sua inteligência. O TDAH relaciona-se com o distúrbio das Funções Exe-
cutivas (CYPEL, 2007).
Referências
bibliográficas
CAPÍTULO 2
Lei 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
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Sumário
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atuação do PUFV
na Educação Luciene Maria Pires Pereira
Especial Luciene Celina Cristina Mochi
Rejane Pasqualetto Romagna
Em um país plural como o nosso, como entender essa pluralidade e enxergar a diversidade que
está no cerne da formação do povo brasileiro, entendendo e respeitando “o diferente”? Como pos-
sibilitar que a nossa pluralidade não seja a responsável pelo aumento das desigualdades em nos-
so país? E, por fim, considerando que nossas reflexões neste material recaem sobre o contexto
educacional brasileiro, como contribuir para que as diferenças e as singularidades dos estudantes
espalhados pelas cinco regiões de nosso país não sejam apagadas ou utilizadas como justificati-
vas para práticas exclusivas dentro das escolas brasileiras?
Diante disso, neste capítulo nos propomos a refletir e dialogar sobre os espaços de ensino que
formam o locus da Educação Inclusiva e da Educação Especial, nos quais o Programa A União Faz A
Vida se faz presente, visando contribuir para que o conhecimento e o entendimento acerca das ca-
racterísticas, fundamentos e organização desses espaços sejam ampliados, possibilitando, dessa
forma, que a essência da metodologia proposta pelo PUFV seja potencializadora da equidade por
meio de práticas que reconheçam e valorizem as potencialidades de todos os educandos.
Sumário
21) Educação Especial: modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e mo-
dalidades da educação brasileira. Oferece o atendimento educacional, serviços, recur-
sos, tecnologia assistiva, metodologias, estratégias de ensino e práticas pedagógicas
para garantir o acesso ao conhecimento.
A partir desse entendimento, é preciso ressaltar que a Educação Inclusiva pressupõe ações
conjuntas das esferas governamentais e dos diversos setores da sociedade, uma vez que so-
mente com um esforço conjunto a Educação Inclusiva na qual acreditamos poderá se tornar uma
realidade concreta no Brasil, visto que, embora muito se fale em escolas inclusivas, percebemos,
ao olhar para o cenário nacional, que essa escola ainda está em processo — por vezes lento — de
construção.
Uma escola inclusiva acolhe o estudante e sua família, oferecendo suporte e recursos huma-
nos, didáticos, materiais e estruturais necessários para garantir a plena participação nos proces-
sos que levam à aprendizagem, em todos os seus sentidos, tornando o caminho percorrido signi-
ficativo para todos os envolvidos. Por essa razão, debater, refletir e orientar a comunidade acerca
da inclusão educacional deve ser parte da filosofia das instituições de ensino de todo o país. Aten-
ta a esses preceitos, a escola que busca ser inclusiva deve trabalhar para romper paradigmas,
desconstruindo concepções preconceituosas e que reforçam estereótipos, haja vista que o
É nessa perspectiva de escolas inclusivas que entendemos que, no Brasil, há ainda um longo
caminho a ser percorrido até que possamos falar em Educação Inclusiva, de fato, em nosso
território. Muito já foi conquistado, mas muitas ainda são as conquistas que buscamos e precisamos
alcançar. Nesse sentido, ao analisarmos a inclusão educacional das pessoas com deficiência,
constatamos que os avanços e conquistas esbarram, muitas vezes, na falta de informação e de
conhecimento, e nos processos burocráticos de um sistema que tem dificuldades em entender as
diferenças entre incluir e integrar. Garantir a matrícula de pessoas com deficiência na rede regular
de ensino não significa inclusão. É preciso que escola e estudantes tenham suporte e recursos
necessários que assegurem a equidade nos processos de uma formação que deve ser científica,
mas também humana, ou seja, uma formação integral.
Sumário
Considerando essas análises, é importante ressaltar que, para que a inclusão da pessoa com
deficiência no contexto escolar ocorra de forma concreta, atendendo o que estabelece a legisla-
ção brasileira sobre o assunto — apresentada e discutida no Capítulo 1 deste material —, é preciso
que a sociedade como um todo entenda que a educação é um direito de todos e todas e deve ser
orientada por pressupostos que contribuam para o pleno desenvolvimento das capacidades e
habilidades de todos os estudantes e para a sua formação integral, colaborando para que possam
se reconhecer como sujeitos ativos em suas realidades e agentes históricos da sociedade.
Para tanto, deve-se buscar o entendimento de que pessoas são diferentes e, consequente-
mente, os estudantes se diferenciam, e essas diferenças devem ser acolhidas, compreendidas e
consideradas no momento de elaboração das práticas pedagógicas que serão adotadas no coti-
diano escolar, sem reforçar preconceitos ou estereótipos historicamente constituídos. Foi a partir
dessa premissa que a Educação Especial deixou de ser entendida como um sistema paralelo ao
ensino e assumiu lugar relevante no contexto educacional (GLAT; FERNANDES, 2005).
Além disso, entender a Educação Especial em sua essência e objetivo possibilita que exemplos
que mostram e motivam práticas inclusivas se ampliem, contribuindo para que o que está pre-
visto na legislação brasileira sobre o assunto aconteça não apenas como ação para cumprir uma
lei, mas sim, uma ação a qual se entende como necessária para que todos os sujeitos que são o
público-alvo da Educação Especial realmente tenham as condições e oportunidades de exercer a
cidadania de fato, inseridos na sociedade.
Sumário
O PUFV se expande pelos mais diversos espaços do Brasil e há algum tempo já se faz presente
no âmbito das Escolas Especiais para educação escolar, na modalidade Educação Especial, manti-
das pelas APAEs (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), existentes nas diversas regiões
do país. Por essa razão, consideramos importante, neste item, apresentarmos esse espaço, con-
tribuindo para o entendimento acerca da sua história e de seus objetivos, e de que forma o PUFV
pode colaborar, por meio de seus princípios e metodologia, para uma educação inclusiva de fato.
As Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais, identificadas pela sigla APAE, são organi-
zações da sociedade civil, entidades beneficentes de assistência social sem fins lucrativos que
atendem, preferencialmente, pessoas com deficiência intelectual, deficiência múltipla ou trans-
tornos globais do desenvolvimento. Além disso, essas organizações prestam serviços nas áreas
da assistência social, educação e saúde, atuam na defesa e garantia de direitos da pessoa com
deficiência, e oferecem apoio às famílias de seus atendidos (FENAPAES, 2015).
Conceito
adotado pelas
APAEs em
conformidade
com a
legislação
vigente.
Sumário
No decorrer da história, a rede APAE expandiu-se e atualmente conta com um número superior
a 2.200 unidades distribuídas em 26 estados brasileiros e são filiadas à Federação Nacional das
APAEs (FENAPAEs). As unidades apaenas estão presentes em mais de 2.000 municípios brasileiros,
atendendo a aproximadamente 250 mil pessoas com deficiência intelectual ou múltipla, em 24 fe-
derações das APAEs nos estados (FENAPAES, 2015). As APAEs mantêm parcerias com o poder público
e, muitas vezes, substitui seu papel nas comunidades em que atua, uma vez que é comum esse ser
o único espaço no qual as pessoas com deficiência recebem algum tipo de atendimento.
Com relação à organização das Escolas de Educação Especial, essas oferecem as etapas da
educação infantil, ensino fundamental nos anos iniciais — 1º ao 5º ano —, EJA anos iniciais do en-
sino fundamental, preparação para o mundo do trabalho e educação ao longo da vida, sendo que,
no que se refere à educação infantil e ao ensino fundamental (anos iniciais), nas Escolas Especiais,
os currículos devem seguir a “base nacional comum, complementada (...) por uma parte diversi-
ficada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e
dos educandos” (art. 26, Lei nº 9.394/96 — LDB (BRASIL, 1996). Os currículos de algumas unidades
Sumário
apaeanas integram componentes como: Artes (visuais, cênicas, dança, música, outras) e Educa-
ção Física e Desporto. Em cada estado, constam normativas próprias dos Conselhos de Educação
(estaduais ou municipais), conforme determinantes dos respectivos sistemas de ensino, apro-
priados à regulamentação das unidades educacionais da rede APAE.
As APAEs atualmente têm ampla capacitação na área da Educação Especial e suas unidades
escolares contam com diferenciais para prestar atendimento às pessoas com deficiência, tais
como profissionais qualificados, serviços de uma equipe multiprofissional, currículo adaptado,
metodologias diferenciadas, atendimento individualizado, infraestrutura física adequada, aces-
sibilidade, equipamentos e materiais específicos, organização de turmas reduzidas, projetos es-
peciais, transporte escolar, alimentação saudável, orientação e participação das famílias. Além
disso, proporcionam atendimentos complementares nas áreas de saúde e assistência social, ofe-
recendo uma rede de atenção integral aos estudantes.
Diante disso, essas escolas promovem o acolhimento da pessoa com deficiência, compreen-
dem suas características, entendem suas necessidades e proporcionam reais oportunidades de
desenvolvimento, garantindo, assim, a efetivação do direito à educação e a consequente inclusão
social.
Sumário
• Defesa de direitos.
• Trabalho em comunidade.
• Apoio à família.
• Inclusão no trabalho.
• Autogestão e autodefesa.
As práticas pedagógicas das escolas especiais da rede APAE têm tido como maior desafio se
desvincularem da tradição clínica e assistencial. Tem sido necessária a atualização constante
para se adequarem às legislações educacionais mais recentes, bem como a formação continu-
ada dos profissionais que atuam nas escolas. Nesse sentido, o PEI (Planejamento Educacional
Individualizado) tem se mostrado como uma importante e eficaz ferramenta para o professor e,
também, para o estudante.
Portanto, as APAEs, em sua maioria, possuem escolas autorizadas pelos órgãos competen-
tes, seguindo a legislação vigente para a educação brasileira. E, como já foi exposto acima, pos-
Sumário
suem diferenciais que as distinguem das demais escolas e compõem a modalidade de Educação
Especial. Essas escolas devem ter professores com formação em Educação Especial, espaços
com acessibilidade e múltiplos recursos físicos e estruturais para acolher, atender e incluir seus
estudantes e famílias.
Embora em alguns contextos a APAE se configure como uma Escola de Educação Especializada,
é importante destacarmos que algumas APAEs não se caracterizam como escola, mas sim como
Centros de Atendimento Educacional Especializado (CAEE), atuando primordialmente nas áreas
de assistência social e de saúde e habilidades sociais, visando a inclusão. As pessoas que frequen-
tam essas instituições são pessoas com deficiência fora da idade escolar e que encontram nesses
Centros um espaço de convivência, aperfeiçoamento de suas habilidades, busca da autonomia e,
quando possível, a inserção no mundo do trabalho. Para oferecer os serviços do CAEE, as APAEs
dispõem de uma equipe multidisciplinar, constituída de acordo com as atividades oferecidas, po-
dendo ter instrutor de cursos ou oficinas e educador social.
Os CAEEs têm como foco de trabalho a família e a pessoa com deficiência, a busca de sua
independência e autonomia, sua inclusão social, convivência e fortalecimento de vínculos
familiares e comunitários. O atendimento é realizado em grupos e tem por objetivo complementar
o trabalho social com famílias e a prevenção da ocorrência de situações de risco social, sendo
destinado a pessoas com deficiência intelectual e múltipla.
Cabe ressaltar que o enfoque do trabalho da APAEs enquanto CAEEs não recai sobre o aspecto
pedagógico, que tem como base o currículo escolar, não havendo, portanto, a exigência da
presença de um professor. Nessas instituições, as atividades realizadas são organizadas por meio
de programas ou projetos que visam tanto o atendimento individual quanto o atendimento em
grupos das pessoas com deficiência e/ou suas famílias. Além disso, esses programas e/ou proje-
tos abrangem relações de afetividade, ampliação do universo informacional, artístico e cultural, e
o estímulo ao desenvolvimento de potencialidades, entre outros aspectos da sua vida cotidiana.
Para o desenvolvimento das atividades propostas por meio de programas e projetos, que po-
dem, também, ser caracterizados como grupos de convivência e fortalecimento de vínculos, essas
APAEs organizam a oferta e a realização dos atendimentos conforme sua realidade, podendo essa
oferta ocorrer em até cinco dias da semana, por períodos de quatro ou oito horas diárias, ou até
mesmo em dias e horários alternados.
Com relação aos recursos financeiros necessários para a manutenção da oferta dos serviços
oferecidos nos CAEEs, esses podem ser obtidos por meio de parceria com o poder público ou a
partir de recursos próprios e parcerias com universidades, empresas privadas ou pessoas da co-
munidade.
A partir da organização das APAEs enquanto Centro de Atendimento, conforme exposto acima,
cabe aqui uma reflexão: é possível desenvolver a metodologia de projetos proposta pelo PUFV
nas APAEs que não se constituem como escolas e sim como Centros de Atendimento?
Sumário
Para responder a esse questionamento, é preciso olhar para os fundamentos teóricos e meto-
dológicos do PUFV, que têm como premissa o currículo como ponto de partida para a construção
dos projetos, bem como para o seu desenvolvimento, uma vez que as articulações entre o objeto
de estudo, os saberes que se pretende formar junto aos estudantes e o currículo perpassam todo
o processo de trabalho com projeto. Diante disso, torna-se necessário aprofundar o conhecimen-
to acerca da organização dos CAEEs. Como já pontuamos, os CAEEs oferecem cursos e/ou oficinas
às pessoas com deficiência que frequentam esses espaços, objetivando contribuir para o desen-
volvimento de habilidades necessárias para sua independência e autonomia.
Nesse sentido, esses cursos e/ou oficinas não possuem um currículo formal e estruturado, tal
qual nas escolas. No entanto, tais práticas estruturam-se a partir de premissas que têm como
fundamento objetivos e intencionalidades bem definidas. Por exemplo, uma oficina de culinária
tem intencionalidades e uma programação definida e distribuída ao longo do tempo; assim, esses
fundamentos podem apoiar o desenvolvimento de projetos. Dessa forma, é possível que o Pro-
grama esteja presente nas APAEs que funcionam como Centros de Atendimento com a construção
de projetos que constituam-se com base nos princípios e valores do Programa A União Faz A Vida,
uma vez que esses valores e princípios pautam-se na busca por experiências de vida a partir do
exercício da cidadania.
Dessa forma, os projetos desenvolvidos nessas instituições caracterizam-se por serem pro-
jetos que buscam ampliar as práticas de cidadania e cooperação dos indivíduos, articulando-se
com propostas e ações que buscam o desenvolvimento humano e social das pessoas envolvidas,
bem como suas relações e participação na comunidade.
Sumário
Sumário
O documento estabelece o AEE como um conjunto de ações e recursos pedagógicos que visa a
organização institucional desses recursos e a promoção da acessibilidade. Nesse sentido, o AEE é
complementar e suplementar à formação dos estudantes no ensino regular, sendo, dessa forma,
essencial para garantir a inclusão e fomentar o sentimento de igualdade de oportunidades para
crianças e adolescentes com necessidades educacionais especiais.
É importante destacar, que com o surgimento do AEE, houve também mudanças importantes
nas terminologias que caracterizam o público-alvo da Educação Especial. Para além de serem
apenas palavras, as terminologias acompanham as transformações e os paradigmas históricos
de exclusão que passaram — e ainda passam — as pessoas com deficiências, havendo avanço
teórico no universo da Educação Especial. Para compreendermos melhor tais mudanças, apre-
sentamos o quadro abaixo:
Assim sendo, o AEE é previsto por lei, tendo sua primeira publicação com o Decreto nº 6.571, de
18 de setembro de 2008 (BRASIL, 2008), e deve ser garantido pelo poder público, em parceria com
as escolas e a comunidade. Tal decreto assegura que a Educação Especial é uma modalidade de
ensino que perpassa todos os seus níveis e etapas, “realiza o atendimento educacional especiali-
zado, disponibiliza os recursos e serviços e orienta quanto a sua utilização no processo de ensino
e aprendizagem nas turmas comuns do ensino regular” (BRASIL, 2008).
Sumário
Educação. A seguir, apresentamos a ilustração que representa a Educação Especial como uma
modalidade que perpassa e está presente em toda educação básica:
EDUCAÇÃO SUPERIOR
AL
ECI
ENSINO MÉDIO
ES P
EDUCAÇÃO
BÁSICA
EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL
EDUCAÇÃO INFANTIL
A esse respeito,
ver o item
4.1.2 que trata
do ensino
colaborativo.
Sumário
PR
TA
OF
LIS
ES
CIA
SO
R
PE
EN
ES
SIN
R
SO
O
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RE
OF
GU
PR
LA
R
Fonte: autoras do texto.
ALUNOS
Assim, reiteramos que, quando a inclusão faz parte do contexto escolar de modo respon-
sável, todos que participam dessa escola ganham, não apenas as crianças e os adolescentes que
são inclusos, mas, principalmente, todos e todas que estão envolvidos nesse processo. A inclusão
responsável é capaz de promover nos atores da comunidade escolar (discentes, docentes, fun-
cionários, gestores e famílias) o exercício de “aprender” com as singularidades da diferença, pro-
piciando o sentimento de pertencimento e estimulando as potencialidades que cada ser humano
possui. Encontra-se aí, o grande desafio para a inclusão responsável.
Referências
bibliográficas
CAPÍTULO 3
Saberes e práticas da inclusão: avaliação para identificação das necessidades educacionais es-
peciais. [2. ed.] / coordenação geral SEESP/MEC. - Brasília: MEC, Secretaria de Educação Especial,
2006.
BRITO, D. S. L. et al. Assistência Social na Rede APAE: ofertas socioassistenciais para pessoas
com deficiência. Brasília: FENAPAES, 2019.
CEREZUELA, C. Política nacional de educação inclusiva: um estudo sobre sua efetivação nas cin-
co regiões brasileiras. Tese (Doutorado em Educação). Universidade Estadual de Maringá, 2016.
GLAT, R.; FERNANDES, E. M. Da Educação Segregada à Educação Inclusiva: uma breve reflexão
sobre os paradigmas educacionais no contexto da educação brasileira. Revista Inclusão. Brasí-
lia, n. 1, out. 2005.
Educacional
Especializado
Ana Rosimeri Araujo da Cunha
e a educação
escolar
Sumário
O que sustenta um conteúdo é a forma como cada pessoa lida com o conhecimento. E quando
nossas crianças e adolescentes apresentam necessidades educacionais especiais, essa escola
que lida com o desenvolvimento dos conhecimentos precisa, mais do que nunca, auxiliar esses
estudantes a aprender. Mas aprender o que mesmo? Aprender a aprender!
Constata-se, dessa forma, o quão atual as reflexões acima mencionadas se caracterizam, pos-
to que vivemos em uma era em que precisamos desenvolver várias competências, explorando
cada possibilidade de apropriação daquilo que nos cerca.
Diante disso, é relevante considerar os aspectos que permeiam e ajudam a compreender, mes-
mo que de maneira mais sucinta neste momento, o(s) sentido(s) do termo “aprendizagem” no
contexto educacional, isto é, os caminhos percorridos pelos estudantes durante suas vivências
educacionais. Apropriando-se dessa compreensão, é possível refletir sobre as bases teóricas a
partir das quais se constroem as práticas pedagógicas vistas no cotidiano dos Assessores Peda-
gógicos, bem como sobre os impactos dessas práticas nos estudantes.
O objetivo, neste momento, é discorrer acerca dos olhares para os processos de aprendizagem
e desenvolvimento dos sujeitos da Educação Especial, a fim de apresentar alguns apontamen-
tos que envolvem os métodos e estratégias de ensino que possam contribuir com o processo de
efetivação de uma educação que realmente promova a inclusão escolar.
Sumário
Partindo dessas reflexões, vale lembrar que o Programa A União Faz A Vida acredita que
Sumário
Nesse sentido, um dos aspectos relevantes propostos por este material é apresentar dife-
rentes possibilidades que podem contribuir com a organização das instituições de ensino e/ou
espaços educacionais nos quais as crianças e adolescentes, inseridos no contexto da Educação
Especial, se sintam acolhidos, compreendidos e respeitados, e tenham as suas potencialidades
valorizadas, sendo enxergados para além dos desafios impostos pelas deficiências.
O PUFV pauta-se, entre outros aspectos, no protagonismo das crianças e adolescentes no pro-
cesso de aprendizagem e tem como aporte teórico-metodológico as chamadas pedagogias ativas
(FUNDAÇÃO SICREDI, 2019), que contribuem para uma aprendizagem significativa, termo esse que vem
se tornando cada vez mais frequente nos debates que envolvem o cenário educacional brasileiro.
O conceito de aprendizagem significativa foi elaborado por David Ausubel (1918-2008), psicólogo
educacional norte-americano que buscou conceitualizar a relação existente entre o conhecimen-
to adquirido por um indivíduo a partir de suas experiências durante sua vida e o conhecimento
adquirido a partir da mediação de outros indivíduos e que pode resultar na ressignificação de suas
concepções construídas anteriormente (MOREIRA, 2012). Em outras palavras, aprendizagem signi-
ficativa diz respeito à relação entre o que se sabe e o que se aprende e, nesse sentido, aplica-se
tanto ao contexto do ensino regular quanto ao contexto da Educação Especial.
Diante disso, compreende-se que, para que o ato de ensinar resulte em um aprender que faça
sentido para os educandos, é preciso que o conhecimento que se pretende formar, tanto em ter-
mos de conteúdo curricular formal quanto em termos de experiências concretas, estabeleça uma
conexão com a realidade na qual os educandos estão inseridos, a fim de que consigam compreen-
der a aplicabilidade daquele conhecimento em seu cotidiano, contribuindo para que seus conhe-
cimentos prévios sejam ressignificados.
Sumário
Nesse sentido, o Ensino Colaborativo apresenta-se como um modelo de ensino que possibilita
a realização de um trabalho pedagógico que preconiza a efetiva participação de crianças e ado-
lescentes no contexto da Educação Especial, na perspectiva da Educação Inclusiva nos processos
educativos, “garantindo a articulação de saberes entre ensino especial e comum, combinando as
habilidades dos dois professores” (MARIN; BRAUN, 2013, p. 53), que dividem a mesma sala de aula,
dialogando e planejando juntos.
É válido destacar que, tanto o ensino colaborativo quanto o olhar para o contexto sociocultural
dos educandos e a constituição de vínculos afetivos entre esses e as educadoras e educadores
são caminhos válidos na realidade da escola regular e na perspectiva da Educação Inclusiva e das
escolas especializadas, e podem ser associados a outros métodos e estratégias de ensino que
objetivam a aprendizagem e o desenvolvimento no contexto da Educação Especial.
Sumário
Sumário
O quadro abaixo fornece algumas sugestões de métodos, recursos e estratégias que podem ser
adotados para a promoção da aprendizagem dos estudantes público-alvo da Educação Especial.
Cabe lembrar que alguns dos recursos apresentados, em alguns casos, são direitos assegurados
pela legislação brasileira a estudantes no contexto da Educação Especial na perspectiva da
Educação Inclusiva e devem ser adotados tanto nas salas regulares quanto nas Salas de Recursos
Multifuncionais, no contexto do AEE.
Sumário
Sumário
• Dê orientações claras.
Saiba mais em: Lei nº 12.764 de 27 de Dezembro de 2012 estabelece em seu artigo 3º, parágrafo único que “em
caso de comprovada necessidade, a pessoa com Transtorno do Espectro Autista incluída nas classes comuns
de ensino regular, nos termos do inciso IV do art. 2º, terá direito a acompanhante especializado” (BRASIL, 2012).
Indicação de Filme: Temple Grandin (TEMPLE GRANDIN, 2010).
Sumário
Público-alvo:
estudantes
com Transtorno • Dividir tarefas em unidades menores.
do Déficit de • Iniciar aula com atividades que requerem mais
Atenção e atenção, deixando as mais agradáveis para o fim.
Hiperatividade
(TDAH)
Indicação de Leitura:
ROTTA, Newra. Transtornos de Aprendizagem - abordagem neurobiológica
e multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2006. (Capítulo 9).
• Instituto Neurosaber
Perfis de Instagram:
• Revista Autismo
• Comunidade Pró-Autismo
• Humanar-se
• Território do Brincar
• Fatima de Kwant
• Clarinha Mar
• Ivan Baron
Referências
bibliográficas
CAPÍTULO 4
BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e
dá outras providências. Diário Oficial União. Brasília, 2002a.
Portal de ajudas técnicas para educação: equipamento e material pedagógico para educação,
capacitação e recreação da pessoa com deficiência física: recursos pedagógicos adaptados.
Secretaria de Educação Especial. Brasília, 2002b.
Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012. Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos
da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista; e altera o § 3º do art. 98 da Lei nº 8.112, de 11 de
dezembro de 1990. Diário Oficial da União. Brasília, 2012
CAPELLINI, V. L. M. F.; ZANATA, E. M.; PEREIRA, V. A. Práticas educativas: ensino colaborativo. In:
CAPELLINI, Vera Lúcia Messias Fialho. (Org.). Práticas em educação especial e inclusiva na área
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DELORS, J. et al. Educação: um tesouro a descobrir: relatório para a UNESCO da Comissão Inter-
nacional sobre Educação para o Século XXI. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 1996.
MARIN, M.; BRAUN, P. Ensino colaborativo como prática de inclusão escolar. In: GLAT, Rosana;
PLETSCH, Márcia Denise. (Orgs.). Estratégias educacionais diferenciadas para estudantes com
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MEU PÉ ESQUERDO. Jim Sheridan. Irlanda/Reino Unido: Raidió Teilifís Éireann, 1989.
MOREIRA, M. A. Afinal, o que é aprendizagem significativa? In: Qurriculum, Espanha, 2012. Dispo-
nível em https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/96956/000900432.pdf . Acesso em 01
de fevereiro de 2023.
O MILAGRE DE ANNE SULLIVAN. Arthur Penn. Estados Unidos: Fred Coe, 1962.
Sumário
UMA LIÇÃO DE AMOR. Jessie Nelson. Estados Unidos: New Line Cinema, 2001.
adaptação e
flexibilização Silvio Ricardo Munari Machado
Fabiana Maria das Graças Soares de Oliveira
Luciene Maria Pires Pereira
Após termos verificado no item anterior uma abordagem ampla sobre a questão da aprendi-
zagem e, com maior detalhamento, a forma como ela pode acontecer na Educação Inclusiva e na
Educação Especial, faremos neste item um percurso em torno de outra questão crucial para as
propostas educacionais: a temática curricular.
Assim, este item destina-se aos estudos sobre currículo, adaptação e flexibilização curricular
e, nesse sentido, às ferramentas voltadas a favorecer o acesso dos estudantes com deficiência à
aprendizagem em seu percurso escolar, conforme as diretrizes educacionais vigentes. Esses são
temas relevantes, na medida em que perpassam a Educação Especial e influenciam o trabalho
com o currículo escolar, especialmente no que se refere ao acesso, à permanência e ao percurso
escolar dos estudantes com deficiência.
Nesse sentido, considerando que os estudantes com e sem deficiência têm seus estudos or-
ganizados com base nos ordenamentos gerais do currículo, algumas questões serão destacadas
na escrita deste documento, cujo objetivo é contribuir com o entendimento dos profissionais que
Sumário
atuam na gestão e na Assessoria Pedagógica do Programa A União Faz A Vida, a fim de que eles
possam auxiliar os professores e professoras que participam do Programa a planejarem e adota-
rem práticas pedagógicas que possam contribuir de fato com o desenvolvimento e aprendizagem
dos estudantes, sobretudo, nesse caso, dos estudantes da Educação Especial.
A questão curricular, tal como desenhada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(Lei nº 9.394/96) (BRASIL, 1996), nos orienta sobre as ações das unidades escolares (art. 12) quanto à
elaboração e execução das propostas pedagógicas pelos docentes (art. 13) e quanto à participação
na elaboração e implementação das diretrizes e princípios estabelecidos nesses documentos es-
colares.
Ainda no que diz respeito à legislação mais ampla, destacamos que a Resolução CNE/CEB de
11 de setembro de 2001 (BRASIL, 2001), no que se refere ao currículo na Educação Especial, enfoca:
Art. 8º. As escolas da Rede Regular de Ensino devem prover e prever na organi-
zação de suas classes comuns:
(...)III – flexibilizações e adaptações curriculares que considerem o significado
prático e instrumental dos conteúdos básicos, metodologia de ensino e recur-
sos didáticos diferenciados e processos de avaliação adequados ao desenvol-
vimento dos estudantes que apresentem necessidades educacionais especiais
em consonância com o projeto pedagógico da escola, respeitada a frequência
obrigatória.
(...)VIII – temporalidade flexível do ano letivo, para atender às necessidades
educacionais especiais de estudantes com deficiência mental ou com graves
deficiências múltiplas, de forma que possam concluir em tempo maior o currí-
culo previsto para a série/etapa escolar, principalmente nos anos finais do en-
sino fundamental, conforme estabelecido por normas dos sistemas de ensino,
procurando-se evitar grande defasagem idade/série (BRASIL, 2001)
Sumário
A BNCC tem seu embasamento legal na Constituição Federal (BRASIL, 1997), que, em seu artigo
205, se refere à educação como um direito humano fundamental, a ser oferecida sob a respon-
sabilidade do Estado, da família e da sociedade. Em seu art. 210, reporta-se à organização da
educação escolar com a oferta dos conteúdos mínimos para o ensino fundamental, texto que se
consolida no § IV, art. 9º, da Lei 9.394/96 (BRASIL, 1996) (LDB), incumbindo à União
No texto da BNCC, fica evidente que os conteúdos curriculares estão a serviço do desenvolvi-
mento das competências, sendo primordial entender que, além de destacar os conteúdos míni-
mos que devem ser ensinados, o material também orienta quanto às aprendizagens essenciais.
São duas questões fundamentais quanto aos encaminhamentos a serem dados nos currículos es-
colares, conforme aponta o art. 26 da Lei nº 9.394/96, conforme podemos observar ao longo des-
te capítulo.As diretrizes curriculares passaram por mudanças e avançaram em seus propósitos,
introduzindo, na década de 90, nos anos 2000 e até o atual Plano Nacional de Educação, elemen-
tos-chave que orientaram procedimentos quanto ao currículo, tal como a adequação à realidade
local, social e individual da escola e de seus estudantes. Cabe destacar que, no Parecer/CNE nº 7,
de 7 de abril de 2010, passou a constar: “a inclusão, a valorização das diferenças e o atendimento
à pluralidade e à diversidade cultural resgatando e respeitando as várias manifestações de cada
comunidade” (BRASIL, 2010, p. 11).
E, em 25 de junho de 2014, foi promulgado o Plano Nacional de Educação, que tem como deter-
minante
A partir de então, fica evidente a necessidade de estabelecer ao sistema de ensino no Brasil uma base
nacional comum curricular, ressaltando a aprendizagem como estratégia para fomentar a qualidade
nas etapas e modalidades da educação básica, tendo em vista os direitos, objetivos de aprendizagem e
Sumário
desenvolvimento. Com base nesses propósitos, mais uma vez foi alterado o texto da Lei 9.394/96 (BRA-
SIL, 1996), em que passaram a constar, de acordo com a Lei nº 13.415/17 (BRASIL, 2017), dois artigos
que se referem às finalidades da Educação:
O documento orienta que o conhecimento adquirido deverá ter como consequência aquisições
fundamentais ao estudante, possibilitando-lhe condições de transformar o saber e, sobretudo,
aplicá-lo e mobilizá-lo. Nesse sentido, evidenciam-se os fundamentos pedagógicos da BNCC
comprometidos com o desenvolvimento de competências e com a educação integral.
Sobre o desenvolvimento de competências pelos estudantes, conforme nos diz o texto, espe-
ram-se como resultados o
A partir dessas considerações, podemos observar que o currículo, em suas finalidades, é de-
senvolvido e planejado tendo em vista o compromisso de assegurar ações na escola que pos-
sibilitem a aquisição do saber e do saber fazer, a mobilização das aprendizagens essenciais e
necessárias aos enfrentamentos da complexidade da vida, a cidadania e o mundo do trabalho,
componentes que fundamentam a formação integral do estudante.
Pode-se dizer que o Programa A União Faz a Vida antecede a BNCC em diversos aspectos, sen-
do que a questão curricular é um deles. No PUFV, a temática curricular está presente do início
ao fim do processo. Vale a pena destacar que há dois momentos marcantes para o currículo em
nossos procedimentos metodológicos: em primeiro lugar, o currículo é o ponto de partida para
organização das expedições investigativas; mas o currículo também está presente como fonte de
conhecimentos para responder às questões registradas, em especial, no Índice Formativo.
Para além de situar sua presença no percurso que os educadores realizam no desenvolvimento
de seus projetos, é importante recuperar a definição de currículo presente em nossos materiais
institucionais. No PUFV, entendemos que o currículo não diz respeito exclusivamente aos saberes
Sumário
escolares; eles são uma parte importante do currículo, mas não a única. Para o Programa A União
Faz a Vida, o currículo também diz respeito
Ressalta-se, assim, que o Programa entende que os conhecimentos escolares estão associa-
dos à produção humana em seus mais diferentes aspectos, mas também à vida cotidiana dos
estudantes e da comunidade de aprendizagem em que a escola está inserida.
Considerar a integração com o mundo social que acontece fora das paredes da sala de aula e da
escola, em uma nítida vivência do princípio da cidadania, como também a forma como tais ações
podem ser desenvolvidas, mobilizando o princípio da cooperação, é fundamental para ampliar a
noção curricular que traz a escola. Mas não apenas isso: para além do entendimento sobre o que
é currículo pelas escolas, o olhar do Programa para esse elemento, que é base para a construção
das práticas pedagógicas, preconiza romper com os limites impostos pelos muros da escola e
que, por vezes, afastam a comunidade, ao mesmo tempo em que dela se afastam.
Dessa forma, o entendimento do PUFV sobre currículo propõe a ampliação do olhar para esse
documento a fim de concebê-lo a partir de uma flexibilidade e como porta para a criação de opor-
tunidades que integrem os saberes acadêmicos trabalhados na escola e as vivências dos estu-
dantes, experienciadas nos diferentes espaços da comunidade onde vivem e no contato com os
diferentes atores sociais com os quais convive.
Portanto, é essencial que o currículo se constitua, também, como um elemento que promove a
aproximação entre a comunidade e a escola, construindo uma ponte entre os diferentes tipos de
saberes e proporcionando aos professores um caminho diferente para a construção dos saberes
junto aos estudantes. É preciso entender que não basta saber ler os livros: é preciso ser capaz
de ler o mundo; e somente quando não há limites ou muros entre escola e comunidade é que se
alcança essa capacidade.
Sumário
Com essa perspectiva, o PUFV alinha-se às demandas da Educação Especial e prima pela cons-
trução de uma escola inclusiva que acolha todos os estudantes e promova ações que contribuam
com o seu desenvolvimento e aprendizagem. Considerando o cenário brasileiro, no que se refere
à Educação Inclusiva, entende-se que esse processo é desafiador, mas, para o Programa, esse é
um desafio que deve ser encarado e ao qual se deve dedicar especial atenção quando, no trabalho
junto às escolas, se propõe a adoção de práticas metodológicas que, em muitos aspectos, repre-
sentam uma quebra de paradigmas.
Para que isso seja possível, isto é, para que novos paradigmas sejam construídos na educação,
sobretudo na Educação Especial, tornam-se necessárias algumas mudanças que nem sempre
são simples, mas que fazem total diferença no trabalho junto aos estudantes. Quando essas mu-
danças acontecem, a escola como um todo ganha, na medida em que se promove um movimento
que oferta possibilidades a todos os atores sociais envolvidos no processo de ensino-aprendiza-
gem, entendendo-os na coletividade, e respeitando-os nas suas singularidades.
O sucesso na aprendizagem das pessoas com deficiência é meta pessoal, de todo o coletivo
educacional e das famílias. Reconhecemos, no entanto, as implicações nas práticas pedagógicas e
curriculares que demandam recursos e estratégias diversificadas e alicerçadas nas transforma-
ções escolares, atitudes inclusivas e rupturas com as formas tradicionais dos processos de ensi-
no-aprendizagem e de implementação do currículo.
E o que significa flexibilidade curricular? Flexibilização curricular é uma temática presente nas
políticas públicas educacionais, bem como nos saberes e práticas a serem desenvolvidos na es-
cola, envolvendo as necessidades de adequações do currículo para a efetivação da inclusão edu-
cacional e do acesso do estudante ao conhecimento e às exigências da escola.
Garcia (2007) realizou ampla análise documental, identificando que o termo “flexibilidade cur-
ricular” está presente em sete documentos publicados entre 1994 e 2004. Cinco desses docu-
mentos são fontes nacionais publicadas pelo Ministério de Educação, por meio da Secretaria de
Educação Especial (SEESP) e da Secretaria de Ensino Fundamental (SEF) e também do Conselho
Nacional de Educação (CNE) e sua Câmara de Educação Básica (CEB). As duas fontes internacio-
nais foram publicadas pela UNESCO.
Da Declaração de Salamanca (1994 apud Garcia, 2007), a autora foi buscar algumas ideias sobre a
temática flexibilidade, sendo três delas apontadas na sequência:
3) sistemas educacionais flexíveis e adaptados para atender às diferentes necessida-
des educacionais e contribuir para a educação e a inclusão;
Dessa forma, as escolas de ensino fundamental e de educação infantil devem integrar cuidado,
educação e socialização, autonomia, desenvolvimento de competências, participação na vida cul-
tural da comunidade, ensino e aprendizagem. Os princípios básicos que sustentam tais iniciativas,
com um parêntese específico para a criança na educação infantil, alicerçam-se no seguinte:
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1999) apontam currículos abertos e flexíveis para
melhor atender à diversidade, bem como propostas diversificadas e flexíveis. Além disso, reco-
mendam o mesmo currículo para todos os estudantes, porém, adequado às necessidades, capa-
cidades e diferenças individuais. O citado documento
Porém, se tratando de estudantes com deficiência e seu acesso aos saberes escolares, foram
instituídas pelos Parâmetros Curriculares as adaptações curriculares, entendidas por Manjon
(1995, apud BRASIL, 2005, p. 22) como “sequência de ações sobre o currículo comum que conduzem à
modificação de um ou mais elementos”.
Nos documentos oficiais (BRASIL, 1999) e nos Saberes e Práticas da Inclusão (BRASIL, 2005) consi-
deram-se duas formas de adaptações denominadas pouco significativas e significativas
6) Adaptações consideradas pouco significativas: são aquelas que compreendem
pequenos ajustes ou modificações e adequações na sala de aula que poderão ser pro-
videnciados pelo próprio professor, sem demandar definições de nível macro do siste-
ma de ensino, e que têm, como objetivo, favorecer o processo de ensino e aprendiza-
gem de todos os estudantes, conforme os itens comentados na sequência:
Sumário
As Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (BRASIL, 2001) recomen-
dam suplementação ou complementação curricular, a depender das necessidades educacionais
e das características de cada estudante. Aos estudantes com graves comprometimentos inte-
lectuais ou múltiplos, essas diretrizes apontam como alternativa o currículo funcional, a fim de
que sejam atendidas as necessidades práticas de vida dos estudantes. Mas qual o significado do
currículo funcional?
Tanto o currículo como a avaliação devem ser funcionais, buscando meios úteis
e práticos para favorecer: o desenvolvimento das competências sociais; o aces-
so ao conhecimento, à cultura e às formas de trabalho valorizadas pela comu-
nidade; e a inclusão do aluno na sociedade (BRASIL, 2001, p. 58).
No que se refere às adaptações curriculares significativas, essas são entendidas como mo-
dificações acentuadas nos conteúdos e nos objetivos, e no planejamento individual e coletivo.
As indicações identificadas compreendem, em suma: a utilização de métodos complementares e
alternativos; modificações acentuadas na avaliação, no espaço, no mobiliário e em equipamentos;
e adaptações planejadas e reavaliadas pelo professor. Cada estudante é único e cada caso é um
caso, portanto, não há um modelo pronto e único que represente o fazer na escola.
Sumário
Silvana Lehenbauer
O capítulo e os tópicos que antecedem esta seção destacam, junto ao estudo sobre aprendi-
zagem, currículo, flexibilização e adaptação, as ferramentas que buscam favorecer o processo
de aprendizagem de estudantes com necessidades educacionais especiais. Entre essas, está o
Planejamento Educacional Individualizado (PEI), que surgiu como uma resposta educacional ao
movimento inclusivo, constituindo-se em uma estratégia educativa essencial a participação, o
desenvolvimento e a aprendizagem desses estudantes.As diretrizes do nosso sistema, como a
Política Nacional da Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008), as Di-
retrizes Operacionais do Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade
Educação Especial (BRASIL, 2009) entre outras, deixam claro que o Atendimento Educacional Es-
pecializado (AEE) apresenta-se como apoio a estudantes inclusos no sistema regular de ensino.
“Apoio” pressupõe complementação e/ou suplementação ao ensino comum, mas nunca substi-
tuição. O PEI apresenta-se como proposta básica para a organizar esse atendimento, para ajus-
tar as práticas curriculares e elaborar objetivos e estratégias adequadas ao perfil do estudante,
privilegiando suas potencialidades e/ou possibilidades de desenvolvimento. Nesse caso, espera-
-se que seja planejado de forma colaborativa, pelos professores do ensino regular e de AEE, com
apoio da equipe multidisciplinar e do próprio estudante e de sua família, quando possível. Já nas
APAEs, o PEI aparece como proposta de organização e realização curricular, auxiliando o profes-
sor na estruturação das práticas pedagógicas diárias, com foco na estimulação das capacidades
cognitivas e no ordenamento dos atendimentos da equipe clínica, quando se fizer necessário.
As afirmações, conceitos e reflexões apresentados neste material deixam claro que esses es-
tudantes têm dificuldades e necessidades específicas diferenciadas uns dos outros, mesmo que
o diagnóstico seja o mesmo. Consequentemente, é necessário organizar um plano individual que
responda às singularidades e/ou demandas educacionais de cada um, contemplando as neces-
sárias adaptações curriculares, indicando metodologias adequadas e readequando os tempos e
espaços escolares, a partir do planejamento e de práticas curriculares elaboradas para a turma
em que esse estudante se encontra (GLAT; PLETSCH, 2013)
A elaboração do PEI, em um primeiro passo, pressupõe uma relação de cooperação estreita en-
tre a equipe da área da saúde, professores envolvidos com o estudante, sua família e, muitas ve-
zes, o próprio estudante, no sentido de identificarem o perfil do educando, compreendendo seus
pontos fortes e fracos, seu nível de conhecimento, suas necessidades e o que precisa ser conquis-
Sumário
O PEI, ao ser finalizado pela equipe, deve ser apresentado aos pais dos estudantes, ou fami-
liares responsáveis, destacando-se os pontos de apoio esperados deles. O termo de aceitação e
responsabilidade familiar, que acompanha o planejamento, deve ser assinado pelos responsáveis
e se apresenta como a garantia da escola com relação ao cumprimento do plano.
Nas Escolas Especializadas, autores americanos como Payne (1981), Lerner (1988) e outros acon-
selham que os planejamentos individuais sejam agrupados no que esses autores chamam de pla-
nejamento do grupo, ou da turma. Esses planejamentos da turma agrupam os pontos fortes e
fracos, e estratégias de todos os estudantes da turma. Assim, o educador poderá ter uma visão
geral de todo o seu grupo, principalmente sobre os pontos fortes que os aproximam para que
esses se constituam nos pontos de apoio aos conhecimentos programados. O perfil da turma
também favorece a constituição de grupos de trabalho e de mentoria na própria turma.
Referências
bibliográficas
CAPÍTULO 5
ANACHE, A. (et. al). O sujeito com deficiência mental: processos de aprendizagem na perspectiva
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Sumário
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PAYNE, J. et al. Strategies for teaching the Mentally Retarded. 4ª ed. London. Charles e Merril
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Educação
Inclusiva 6.1 Os princípios de cooperação e cidadania
e a Educação Especial e Inclusiva
Silvana Lehenbauer
Valéria Bertoletti Lopes
Além disso, abordaremos a importância de criar ambientes educacionais que valorizem e res-
peitem as singularidades de cada criança e adolescente, e que promovam o desenvolvimento de
habilidades socioemocionais e cognitivas.
A diversidade humana está presente em todos os lugares e, sendo a escola um ambiente múl-
tiplo, cabe a ela não ser indiferente às diferenças, mas, sim, honrar e respeitar as singularidades
do ser humano. Um currículo que engloba as diferenças é a premissa para uma escola inclusiva,
seja ela especial ou do sistema regular de ensino. Buscamos, portanto, a aceitação das diferenças
e não a promoção das igualdades.
Sumário
Nesse sentido, abre-se espaço para construir e vivenciar atitudes e valores de Cooperação e
Cidadania, sendo esses os dois princípios básicos do Programa A União Faz a Vida.
Nesse contexto, é importante considerar as dificuldades nas relações sociais enfrentadas pelo
público-alvo da Educação Especial, trazidas nos textos anteriores a esta unidade e conforme
mencionado por Costa e Glat (2001, p. 12): “a criança com deficiência vive uma condição peculiar
que a coloca à margem das relações sociais, dificultando a realização de amizades e gerando o
sentimento de solidão e isolamento.” Isso posto, a cooperação pode ser a chave para delinear
caminhos que convertam concepções negativas em ações transformadoras, conforme escrevem
Freitas e Monteiro (2016):
O impacto causado ante o aluno com deficiência gera angústia e dúvidas sobre
como ensinar, revelando a necessidade de criar-se um espaço para que os pro-
fessores possam pensar coletivamente e transformar suas ações no trabalho
(FREITAS; MONTEIRO, 2016, p. 34).
Dessa forma, o apoio cooperativo nas escolas impacta diretamente no aprimoramento das
competências dos educadores e, consequentemente, na aprendizagem das crianças e adolescen-
tes, sejam elas PCDs ou não. Na Educação Especial, mais do que nunca, a cooperação entre todo
o corpo social da escola se faz presente como uma das estratégias de contínuo aperfeiçoamento
de toda a organização do projeto pedagógico para efetivação da inclusão educacional de seus
educandos.
Sumário
O educador, atualmente, é chamado a repensar seu papel, voltando-se para uma educação que
supere o individualismo, tornando-a mais humanizadora e promovendo a aceitação das diferen-
ças e a consequente integração.
CIDADANIA: Todos nós temos direitos e deveres. Ter a total capacidade de colo-
Sobre o
car esses direitos e deveres em prática é um dos significados de cidadania. To-
ensino
colaborativo, davia, em uma sociedade com tantas barreiras arquitetônicas, de comunicação
ver Capítulo e atitudinais, será que as PCDs têm tido vez e voz?
4, item 4.1.2. É reconhecida a situação de desvantagem enfrentada pelas pessoas com
deficiência, que se busca corrigir através da participação plena, efetiva, ou seja,
uma participação concreta, no seio da sociedade; de forma que as pessoas com
deficiência tenham visibilidade, ocupem seu lugar na sociedade, não ficando
mais restritas ao espaço doméstico, como doentes guardados em leitos ou es-
paços seguros, mas ocupem o espaço público, que também lhes é de direito
(GALLASSI et al., 2022, p. 9).
Por meio de uma metodologia de ensino que incentiva os valores de cooperação e cidadania,
abre-se espaço para a promoção de um ambiente inclusivo e enriquecedor. Para o Programa A
União Faz a Vida, a construção de uma sociedade democrática, que é o lugar em que a cidadania
se manifesta, é fundada nos seguintes valores éticos:
A seguir, veremos sobre cada um desses valores e exemplos práticos de como implementá-los
no contexto da Educação Especial e Inclusiva, tanto na rede regular de ensino, quanto em institui-
ções especiais:
1 2 3
Igualdade e equidade; Respeito à diversidade; Liberdade e participação
na vida pública.
Sumário
Sumário
de metodologias que propiciem experiências reais, para que as conclusões sejam delas extraídas
(da ação para o conhecimento), além de projetos que se voltem à comunidade, que promovam a
inclusão e a participação de todos, independentemente de suas limitações ou habilidades; e que
fomentem o empoderamento dos sujeitos com deficiência. Isso pode ser realizado por meio de
abordagens pedagógicas que celebrem a diversidade humana, incentivem a cooperação e a co-
laboração, e promovam a resolução de problemas e a tomada de decisões de forma autônoma/
independente.
Os princípios e valores éticos do PUFV fornecem um arcabouço sólido para nortear práti-
cas pedagógicas que visam a inclusão de todos e todas. Ao adotar estratégias que estimulem a
colaboração, o diálogo e a participação ativa, as experimentações e os educadores e educadoras
têm a oportunidade de transformar o ambiente escolar em um espaço democrático, em que as
diferenças são valorizadas e respeitadas.
Sumário
Programa A União Faz a Vida A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 100
O PUFV E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Sumário
Por fim, veremos acerca do papel da escola no acolhimento das famílias e dos educandos neu-
roatípicos, contribuindo para a adaptação à nova realidade, assim como a implementação de re-
cursos pedagógicos adaptados e personalizados para garantir a inclusão e o cumprimento dos
direitos das crianças e adolescentes com deficiência.
Ao longo do capítulo, buscamos oferecer um olhar amplo e reflexivo sobre a Educação Especial,
enfatizando a necessidade de uma abordagem humanizada e centrada nos educandos. Espera-
mos que essas reflexões e estratégias auxiliem educadores, educadoras, gestores e demais pro-
fissionais da área a aprimorarem suas práticas e promover uma educação mais inclusiva e efetiva
para todos.
O Desenho Universal na Aprendizagem (DUA) vai ao encontro da pluralidade, pois leva em con-
sideração que “(...) não existe um único meio de representação de conteúdo, já que os processos
de aprendizagem não ocorrem da mesma forma para todos”. (SOUZA apud PLETSCH, 2021, p. 21). O
desenvolvimento de ações educacionais não pode considerar um ser estático, homogêneo e frag-
mentado. As práticas das crianças e adolescentes são construídas no movimento de ir e vir, nas
trocas e na complexidade do ser humano, que é múltiplo e construído a partir das transforma-
ções, necessidades e construções coletivas.
Conforme a BNCC (BRASIL, 2017, p. 63), as atividades humanas são realizadas nas práticas sociais
e mediadas pelas diferentes linguagens: verbal (oral, visual-motora, como Libras, e escrita), cor-
poral, visual, sonora e digital. A pessoa com deficiência é um sujeito com potencialidades, porém,
faz-se necessário que as atividades sejam pensadas com mecanismos que possibilitem a sua
participação. Isso quer dizer que a acessibilidade deve percorrer o ambiente físico, o currículo, o
planejamento e o atendimento integral na educação.
O DUA visa eliminar as barreiras que impedem a participação plena da pessoa com deficiência.
Assim, não contempla o educando em um padrão, pois a heterogeneidade nos torna aprendizes
de maneira diferente.
Porém, para isso é preciso romper paradigmas, sejam barreiras pedagógicas ou atitudinais.
Como é possível fazê-lo? Nem sempre o mesmo planejamento dará acesso a todos. Por isso,
o conteúdo pode ser acessado de maneira distinta com uso de mídias interativas, áudio, vídeo,
Programa A União Faz a Vida A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 101
O PUFV E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Sumário
O DUA na prática
Em uma turma do 2º ano do ensino fundamental, havia uma criança com microcefa-
lia que, há anos, estava matriculada repetindo a mesma série. Essa criança também tinha
deficiência intelectual e não interagia com o restante da turma. No entanto, a professora
descobriu o DUA como uma ferramenta promissora para inclusão. Essa descoberta abriu
novas possibilidades e, com o devido apoio, permitiu que a educadora visse a aluna sob
uma nova ótica. Em um currículo projetado para incluir a todos, o recreio tornou-se um mo-
mento de aprendizados. A criança foi convidada para brincar com a turma e foram provi-
denciados os recursos necessários para que essa brincadeira acontecesse — e aconteceu!
A criança, inicialmente tímida, rapidamente começou a ser convidada pelo colegas para
brincar e passou a convidá-los também. Em pouco tempo, os brinquedos “de sempre” fo-
ram esquecidos, pois, apesar das restrições, ela pôde participar de propostas coletivas,
como brincar de pega-pega. Gradativamente, a escola inteira ganhou um novo vigor. As
aulas de Educação Física não eram mais apenas observadas por ela, mas efetivamente
experienciadas. E a sala de aula? Foi transformada pelo DUA. A menina começou a realizar
suas atividades com a ajuda da tecnologia, e o caderno, que antes era uma limitação, foi
substituído por livros grandes, cartazes, recursos audiovisuais e um notebook. Os demais
educandos também se beneficiaram dessa abordagem, e o pátio da escola se tornou um
lugar de potentes aprendizados. Com o tempo, a turma toda superou seus limites e fizeram
progressos notáveis na alfabetização, no letramento e muito mais. A comunicação dessa
criança melhorou, ela passou a participar ativamente das propostas e os demais educan-
dos também aproveitaram melhor os espaços da sala e da escola.
Programa A União Faz a Vida A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 102
O PUFV E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Sumário
A cada ano, educadores e educadoras têm novas experiências com os estudantes e vão, grada-
tivamente, ressignificando suas práticas. Para aqueles que estão iniciando, logo é apresentada a
frase de que não existe uma “receita pronta”, levando em consideração que turmas são diferentes,
que a pesquisa é o caminho para o profissional que atua com pessoas, levando em consideração
que cada ser é único.
Como buscar eliminar as barreiras para estudantes que têm diferentes formas de ser e apren-
der? O acesso desses na sociedade, com práticas inclusivas exitosas por meio da afetividade, são
pistas, visto que para Wallon (1971) a afetividade é o ponto central na construção do conhecimento
e na expressão emocional e social. O educador e a educadora que estiverem atentos às expres-
sões de crianças e adolescentes, seja de maneira verbal ou não verbal, terão mais chance de se
conectar a eles, tendo elementos extras para compreender o processo de aprendizagem de ma-
neira acessível. Para Mattos (2008),
Programa A União Faz a Vida A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 103
O PUFV E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Sumário
Qual seria a conexão com o espaço escolar: necessidade, individualidade, interesse e possibi-
lidade? Tais características, atreladas à mediação da pessoa com deficiência, possibilitarão que a
aprendizagem seja possível a partir da transposição de obstáculos por meio do respeito à lingua-
gem dos educandos, flexibilizando as formas de acesso ao currículo. A dança, a música, a tecno-
logia, o teatro, a literatura, o aprender fazendo, a elaboração de maquetes e as diferentes formas
de representação do registro são estratégias que o educador afetivo visualiza na linguagem da
criança e do adolescente e transborda o interesse desses por meio da ludicidade.
Exemplo prático
Citamos como exemplo uma criança de nove anos, matriculada no ensino regular, em
uma turma de 4º ano. Esse estudante com TEA apresentava dificuldades em ficar muito
tempo dentro da sala de aula; assim, a professora adaptou aulas lúdicas, com expedição
investigativa e brincadeiras, no pátio da escola, sobre o tema do projeto, como passe-o-
-repasse, receitas, ensaio de músicas e danças. Respeitando as necessidades, utilizou
mural de rotina, linguagem acessível e diálogo com a família e com o professor de apoio,
além de vínculo com as crianças com deficiência, que sentiram confiança e segurança para
envolvimento nas atividades por meio da vivência afetiva. Além do mais, foram propostas
atividades em grupo, o que ajudou a criança com dificuldade de socialização e comunicação
a ser incluída com a mediação afetiva.
Programa A União Faz a Vida A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 104
O PUFV E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Sumário
Portanto, na busca dos vínculos afetivos, os educadores e educadoras devem vestir-se de múl-
tiplas linguagens para propiciar a interação e o enriquecimento do conhecimento de crianças e
adolescentes. É essencial adotar uma postura não apenas de transmissores de informação, mas
também de observadores atentos e investigadores de seus educandos, compreendendo a com-
plexidade de suas personalidades e os caminhos singulares de seu desenvolvimento.
A família, como primeira instituição social na vida de um sujeito, tem papel fundamental na
construção da identidade e no desenvolvimento pessoal. Nesse contexto, os pais naturalmente
idealizam o futuro de seus filhos, desejando sucesso e felicidade. Porém, quando uma criança é
diagnosticada com deficiência, essa idealização é desafiada e a reação familiar torna-se crucial
para a inclusão da criança e sua qualidade de vida.
Frequentemente, os pais criam expectativas para os filhos baseadas em suas próprias expe-
riências e aspirações. A idealização pode ser prejudicial caso não haja espaço para reconhecer as
necessidades, habilidades e limitações individuais da criança.
Quando a superproteção é identificada, a escola deve trabalhar junto às famílias para promover
a autonomia e o desenvolvimento do educando, informando sobre os impactos negativos dessa
postura e incentivando a participação em atividades e experiências que fomentem habilidades e
Programa A União Faz a Vida A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 105
O PUFV E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Sumário
autoconfiança. Também é fundamental que a equipe escolar compreenda que, diante do diagnós-
tico de deficiência de um filho, muitas famílias vivenciam um processo de luto.
Nesse contexto, é imprescindível que os educadores acolham a família com empatia, fornecen-
do orientação, apoio emocional e informações relevantes sobre o desenvolvimento e progresso
da criança. Essas informações podem ser compartilhadas na elaboração do Plano de Ensino Indi-
vidualizado (PEI), assegurando uma abordagem educacional adequada às necessidades especí-
ficas e ao interesse da criança. A comunicação efetiva e contínua entre a família e os educadores
é crucial para superar as etapas do luto e aceitar o diagnóstico. O diálogo constante e a troca de
experiências facilitam o entendimento das necessidades da criança e a criação de estratégias
educacionais eficazes, destacando o que já vimos em textos anteriores: que tais estratégias estão
vinculadas à flexibilização e a adaptações curriculares.
A aplicação das práticas do DUA e o estabelecimento de vínculos afetivos, como discutido nos
textos anteriores, são ferramentas essenciais nesse processo. O DUA possibilita o desenvolvi-
mento de práticas e estratégias educacionais inclusivas voltadas à pluralidade de sujeitos do co-
nhecimento, enquanto os vínculos afetivos facilitam a conexão entre educador e educando, favo-
recendo a inclusão e a aprendizagem significativa.
Programa A União Faz a Vida A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 106
O PUFV E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Sumário
Sugestões de filmes:
“Sempre Amigos” (SEMPRE AMIGOS, 1998): Max (Henson) é um garoto com
dificuldades para ler e com fama de ser um pouco “lento”. Kevin (Culkin) é um
garoto inteligente, mas com uma doença rara que provoca deformidades físicas.
Quando Kevin fica encarregado de ajudar Max a melhorar sua leitura, os dois se
tornam grandes amigos. Os dois se completam, Max tem o físico e Kevin tem o
cérebro e, juntos, eles entrarão num mundo de fantasia, repleto de cavaleiros
e heróis. E, em meio a essas fantasias, os dois viverão aventuras bem reais.
“Meu pé esquerdo” (MEU PÉ, 1989): Christy Brown (Daniel Day-Lewis), o
filho de uma humilde família irlandesa, nasce com uma paralisia cerebral
que lhe tira todos os movimentos do corpo, com exceção do pé esquerdo.
Com apenas esse movimento, Christy consegue, no decorrer de sua vida,
tornar-se escritor e pintor. “Meu pé esquerdo” segue todo o processo
de Christy Brown desde seu nascimento, em 1932, até o dia em que
conheceu Mary Car, em 1959, quem mais tarde se tornou sua esposa.
“Forrest Gump — O contador de histórias” (FORREST GUMP, 1994): conta
a história de um rapaz que, quando criança, usava aparelho ortopédico
por causa de um problema na coluna. A história mostra, ainda, quarenta
anos da história dos Estados Unidos, vistos pelos olhos desse rapaz
com QI abaixo da média que, por obra do acaso, consegue participar
de momentos cruciais, como a Guerra do Vietnã e Watergate.
Silvana Lehenbauer
Rejane P. Romagna
Luciene Maria Pires Pereira
Luciene Monteiro Mochi
Do mesmo modo, a concepção dos princípios e valores do PUFV, como já detalhado nos capítu-
los anteriores, objetiva formar crianças e adolescentes no ambiente escolar capazes de transfor-
mar a sociedade a partir de um objetivo comum: o desenvolvimento da cooperação e da cidadania.
Para que esse ideal seja alcançado, o Programa destaca a existência de três pilares éticos:
Programa A União Faz a Vida A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 107
O PUFV E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Sumário
RESPEITO À
DIVERSIDADE
IGUALDADE
E EQUIDADE
LIBERDADE E
PARTICIPAÇÃO
NA VIDA
PÚBLICA
Para poder aprender é preciso ensinar. E, ao mesmo tempo, quem ensina tem
que ter a capacidade de aprender. O processo de aprendizagem dos seres hu-
manos forma, junto com o processo de ensino, um sistema vivo, cuja sustenta-
ção é o intercâmbio de emoções e afetos entre quem ensina e quem aprende
(GERALDI; BENITES; FICHTNER, 2006, p. 23).
Sabemos que uma das premissas pedagógicas básicas da área da Educação Especial é a experi-
mentação — para sustentar a formação de conceitos inicialmente básicos, concretos, manuseáveis e,
depois, de raciocínio mais consistente — e a adaptação e flexibilização dos conteúdos, dos métodos e
da avaliação. Além disso, é preciso considerar que todo o processo de apropriação do conhecimento se
inicia pelos saberes já adquiridos formal ou informalmente; os textos anteriores já nos mostram
isso.
Programa A União Faz a Vida A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 108
O PUFV E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Sumário
mento de diferentes habilidades e competência dos estudantes, bem como com a ampliação das
suas possibilidades de vivências e experiências.
Para que essa intencionalidade se concretize, é preciso tecer algumas considerações. Inicia-
mos com considerações a respeito de estudantes não verbais.
A epígrafe acima é o “start” que precisamos para pensar nos estudantes denominados como
não-verbais. Se, por um lado, temos a ideia de que a linguagem não se justifica apenas como
um meio de comunicação, por outro, compreendemos que ela é resultante de um processo pelo
qual os indivíduos constroem e atribuem significados para suas próprias existências e as relações
sociais que constituem. Assim, por meio da linguagem, os indivíduos são capazes de reconhecer
a presença de outras pessoas e estabelecer conexões com elas. É através da linguagem que os
seres humanos compartilham ideias, expressam sentimentos e experienciam as relações sociais
(AMORIM, 2004).
As abelhas se comunicam?
A autora Marília Amorim (2004) nos convida a refletir sobre o complexo sistema de co-
municação entre as abelhas. Semelhante ao sistema de comunicação humana, as abelhas
também se comunicam no interior de suas comunidades, expressando que não apenas se
organizam de modo cooperativo como, principalmente, possuem comunicação de caráter
essencialmente social. Neste sentido, podemos dizer que todo sistema de comunicação
supõe relações de diferença, pois o ato de se comunicar é diverso, plural e jamais único e
simétrico. É na natureza das “relações que reside a distinção entre comunicação e lingua-
gem” (AMORIM, 2004, p. 95).
Programa A União Faz a Vida A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 109
O PUFV E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Sumário
Por meio das inúmeras maneiras de se expressar, estudantes não verbais percebem o am-
biente de aprendizagem com outros sentidos, experimentando de maneiras diversas a interação
com o conhecimento. Dessa forma, entende-se que através do olhar, dos gestos, dos sinais, das
expressões faciais ou de outras possibilidades de comunicação alternativa a aprendizagem acon-
tece. Assim, cabe aos educadores e educadoras exercitarem o olhar sensível — aliado ao estudo
constante — a fim de perceber, enxergar e interpretar os sentidos e intenções por trás dessas
diferentes formas de comunicação.
Tomando por base os estudos de Hernández (2017), a aprendizagem se dá a partir de três eixos:
1) as disciplinas escolares do currículo; 2) a interpretação da realidade; e 3) os significados mutá-
veis que os indivíduos de diferentes culturas e períodos históricos atribuem à realidade, dando-
-lhe sentido. Assim, na perspectiva do Programa A União Faz a Vida, o currículo não possui um fim
em si mesmo, mas, ao contrário, os conteúdos são percebidos como possibilidades, como base
que orienta e possibilita a elaboração de perguntas, “(...) assim como também são considera-
dos fontes de conhecimentos tendo em vista sua mobilização para a obtenção de respostas para
questões individuais e coletivas” (FUNDAÇÃO SICREDI, 2019, p. 43).
Com base nessas discussões, percebe-se que as etapas que envolvem o desenvolvimento dos
projetos a partir da metodologia proposta pelo Programa têm como premissa a imersão dos es-
tudantes em um processo que envolve e estimula o olhar crítico e criativo, e que potencializa as
percepções que esses têm de si e do seu papel na comunidade em que vivem, contribuindo para
que exerçam a cidadania plena e estabeleçam novos paradigmas socioculturais.
Dessa forma, quando pensamos no contexto da Educação Especial e nos seus sujeitos, con-
sideramos que o Programa possibilita que eles tenham acesso a um processo de ensino-apren-
dizagem que contribui para que possam explorar suas potencialidades, uma vez que a ideia de
experimentação e da experiência deve ser a máxima que fundamenta a prática pedagógica dos
profissionais que atuam nessa modalidade. Para tanto, torna-se necessário o resgate e a am-
pliação de um olhar que considere os indivíduos em sua totalidade, que compreenda suas especi-
ficidades e que estabeleça propostas educacionais que tenham por objetivo a formação integral
desses indivíduos.
Portanto, conforme o exposto no Capítulo 4, item 4.1 deste material, o caminho para a aprendi-
zagem no contexto da Educação Especial perpassa um conhecimento e uma prática que reavivam
o protagonismo do estudante por meio de recursos, métodos e materiais que tenham por base a
experimentação, a fim de possibilitar a exploração de si e do mundo a todos os sujeitos envolvidos
com o ensino-aprendizagem, tornando-os atores sociais e agentes ativos na formação integral.
Programa A União Faz a Vida A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 110
O PUFV E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Sumário
A atuação das escolas especializadas no que concerne à sua organização administrativa e pe-
dagógica acompanha a rede regular do sistema educacional brasileiro, constituindo turmas di-
ferenciadas com professores específicos em cada turma, articulando com a proposta pedagógi-
ca do ensino comum. Assim, esse caráter escolar admite a atuação do
Para saber
mais sobre o PUFV e a aplicação de sua metodologia.
desenvolvimento
de projetos Cabe ressaltar que as APAEs que possuem escolas autorizadas, até
nos CAEEs, pouco tempo atrás, possuíam currículos diferenciados nos quais o foco
veja o Capítulo
3, item 3.2. eram as questões de adaptabilidade aos ambientes, a motricidade e a
linguagem, não sendo voltados aos conhecimentos escolares formais.
A partir da obrigatoriedade da implantação da BNCC, todas as Escolas Especializadas reestrutu-
raram seus Projetos Políticos-Pedagógicos e sua matriz curricular, direcionando sua atuação à
promoção de habilidades, conforme recomendado.
Diante disso, para que as Assessoras e Assessores Pedagógicos possam orientar as etapas
que constituem um projeto de trabalho nas Escolas Especializadas, algumas adaptações são ne-
cessárias na estrutura inicial do PUFV, conforme orientação apresentada a seguir.
Este texto tem por objetivo indicar como essas adaptações podem ser feitas, lembrando que as
realidades das escolas são distintas e outras adequações podem se fazer necessárias.
Em primeiro lugar, deixamos aqui um convite ao estudo sobre desenvolvimento humano e so-
bre a área da deficiência intelectual,* para compreender as singularidades da área e as relações
sociais e educacionais que envolvem as pessoas com deficiência, mapeando as questões especí-
ficas da Educação Especial.
*Indicação de Leitura:
Programa A União Faz a Vida A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 111
O PUFV E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Sumário
Confira alguns
depoimentos sobre Clique
como acontece aqui para
o PUFV em assistir
algumas APAES.
Com a adoção definitiva da BNCC, fez-se necessário o alinhamento das dimensões metodo-
lógicas e de sustentação teórica nas Escolas Especializadas. As ações de sustentação e suporte
disponibilizadas pelo PUFV nem sempre são suficientes, frente às fragilidades e problemas en-
frentados por essas instituições. O papel do Assessor Pedagógico, nesse caso, consiste em, junto
com os educadores, educadoras, gestoras e gestores, elaborar estratégias para a busca coletiva
da resolução dessas fragilidades.
Programa A União Faz a Vida A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 112
O PUFV E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Sumário
O educando das Escolas Especializadas, dentro de suas limitações, nem sempre tem o
impulso e a curiosidade natural intrínsecos para a aprendizagem. Caracteriza-se, como já
exposto em capítulos anteriores, por limitações significativas, pela diversidade de habili-
dades, de competências intelectuais e adaptativas, mesmo em uma mesma turma, o que
acentua a importância da gestão dos processos de aprendizagem, e do professor e da pro-
fessora compreenderem as diferenças entre os seus estudantes para planejar ações que
potencializem o desenvolvimento e aprendizagem, e que contemplem diferentes habilida-
des e interações com o meio, além de ferramentas essenciais e específicas, voltadas para
vivências, e experimentações para a exploração e formação de conceitos. Do conhecimento
para o pensamento; do “saber” para o “fazer”.
Para que o educador e a educadora percebam a importância do seu planejamento prévio diário,
garantindo, assim, o processo de ensino e a aprendizagem de conceitos essenciais, por meio da
metodologia de projetos, recomendamos o planejamento da metodologia em etapas.
Programa A União Faz a Vida A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 113
O PUFV E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Sumário
Importante: nem sempre a resposta precisa ser dada com palavras, o olhar também fala,
da mesma forma que o corpo expressa o interesse e a curiosidade.
Programa A União Faz a Vida A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 114
O PUFV E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Sumário
Programa A União Faz a Vida A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 115
O PUFV E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Sumário
3) Registro das experiências vividas no território: estimular, sempre que possível, que os
registros sejam feitos de forma individual, depois em duplas e, na sequência, coletiva-
mente. É importante oferecer várias formas de registrar, pois alguns poderão narrar
o que viram, outros poderão desenhar, como também haverá aquele que somente re-
conhecerá o registro fotográfico da Expedição realizada. O mesmo poderá ser apro-
veitado para construir linhas de tempo, com a sequência das observações realizadas
na Expedição.
4) Escolha do tema do projeto da turma: aqui se consagra o espaço propício para o prota-
gonismo do estudante e o real exercício da cidadania. Ocorre a definição e delimitação
Programa A União Faz a Vida A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 116
O PUFV E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Sumário
do objeto a ser explorado e aprendido, que nem sempre será aquele que o professor
ou professora pretendiam. A definição do tema está intrinsecamente ligada ao perfil
dos estudantes, suas respostas verbais ou não verbais e o resultado da observação
do professor ou professora no momento da Expedição e de seus registros. No âmbi-
to da Educação Especializada, poderá ocorrer que a escolha do tema seja decisão do
educador ou educadora, com base no seu olhar atento aos interesses dos estudantes,
despertados pela Expedição; ou também tendo por base a rotina, situações do cotidia-
no ou experiências comunitárias que seus estudantes trazem.
Importante: buscar despertar para novos aspectos e integrar as hipóteses que surgiram.
Verificar se o tema escolhido tem aplicabilidade ao cotidiano de cada um.
Importante: o registro dessa etapa vai constituir a base para o desenvolvimento dos pró-
ximos índices, quais sejam o Índice Formativo e o Índice Final.
7) Mobilização dos saberes escolares (articulação com o currículo): nesse ponto do de-
senvolvimento dos projetos, o papel do Assessor Pedagógico e da Assessora Peda-
gógica reside em auxiliar o educador e a educadora a vincular esse conhecimento a
Programa A União Faz a Vida A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 117
O PUFV E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Sumário
Importante: enfatizar, sempre que possível, o protagonismo dos estudantes: o que que-
rem saber sobre o tema escolhido e como estudar isso; dar especial atenção ao processo,
como a aprendizagem está ocorrendo e não a sequência de etapas; atentar-se para os
princípios de cooperação e cidadania.
Programa A União Faz a Vida A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 118
O PUFV E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Sumário
Índice Final: essa fase vai se constituir num processo de reflexões sobre os resultados
e quais mudanças reais se efetuaram nos conhecimentos e comportamentos dos estu-
dantes, fazendo uma retomada das etapas anteriores. Recomenda-se que o educador e a
educadora levantem questionamentos apoiando-se nos registros do Índice Inicial, produ-
zidos pelos estudantes, no sentido de auxiliar a organização de seus pensamento; que ob-
serve a atenção, as expressões faciais, as posturas e/ou os comportamentos incomuns,
principalmente nos estudantes não verbais. Diferentes estratégias como a construção de
uma linha de tempo por meio dos materiais produzidos durante o projeto (fotos, maque-
tes, atividades etc.), de quebra-cabeça de fotos e do portfólio auxiliam essa retomada.
Com algumas turmas, é possível organizar uma reflexão sobre os saberes adquiridos e
as diferentes estratégias utilizadas. Aqui, novamente, a Pedagogia da Pergunta respalda
a ação do professor: como você descobriu isso? O que aconteceu quando você misturou
as tintas? Explorar o que mais gostaram, como aprenderam, retomar os passos, com-
parar o Índice Inicial (o que sabiam) com o Índice Final (o que sabem agora) são práticas
importantes. Nesse momento, o olhar atento às respostas e ao grau de compreensão ou
de aplicação dos conceitos trabalhados indicará as estratégias que se destacaram nos
resultados do processo. Da mesma forma, indicará a evolução, ou não, dos pontos fracos
indicados no PEI de cada estudante.
O Assessor Pedagógico e a Assessora Pedagógica poderão conduzir o professor e a professora
a uma reflexão sobre a qualidade de seu planejamento e seu desenvolvimento de todo o proces-
so, comparando o resultado real com o desejado e as intenções de aprendizagem com o resulta-
do. O que aprenderam? Demonstram progressões em seu desenvolvimento? Quais as estratégias
foram mais favoráveis e se destacam pelo interesse dos estudantes? Em que atividades a parti-
cipação foi maior? Quais as diferenças mais significativas nos comportamentos dos estudantes?
Importante: é um processo avaliativo dos resultados e dos objetivos iniciais, buscando cons-
tatar se o conhecimento inicial se confirmou ou foi contraditório, agora com dados diferentes e
mais complexos.
9) Atividade Integradora ou socialização: o professor ou professora poderão construir,
com algumas turmas, essa Atividade Integradora, desenvolvendo habilidades de gru-
po (saber ouvir, esperar sua vez, respeitar etc.). Essa atividade pode se constituir em
um momento de integração com as demais turmas e a comunidade escolar. Algumas
turmas poderão auxiliar o educador e a educadora, conforme já apontado acima, na
organização dessas atividades. Um exemplo pode ser o questionamento: como va-
mos apresentar o que aprendemos aos nossos colegas das outras turmas? Outros
educandos participam dessa socialização de conhecimentos pela presença física, pela
demonstração de materiais produzidos ou por respostas simples, por gestos ou por
linguagem alternativa.
Importante: focar na aprendizagem compartilhada.
Programa A União Faz a Vida A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 119
O PUFV E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Sumário
Além disso, ao considerarmos o envolvimento dos professores que atuam nas Salas de
Recursos Multifuncionais, devemos ter como premissa os princípios do Programa, sobretudo no
que se refere à cooperação. A partir dessa premissa, orientamos para que os educadores das
Salas de Recursos Multifuncionais atuem como parceiros dos educadores das salas regulares.
Nesse caso, preferencialmente os estudantes da Educação Especial participam do projeto de sua
turma regular, com o suporte do educador especial.
Em contextos nos quais educadores das Salas de Recursos Multifuncionais queiram de-
senvolver projetos próprios, orientamos para que seja observado o número de estudantes aten-
didos por esses educadores em cada turma/horário, não sendo recomendado o desenvolvimento
de projetos em turmas cujo número de estudantes não seja suficiente para formação de grupos
que possibilitem o exercício da cooperação, a construção de rodas de conversa para compartilhar
ideias e experiências e outras atividades em grupo.
Programa A União Faz a Vida A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 120
O PUFV E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Sumário
Clique aqui para relembrar sobre a rede, seus atores sociais e papeis no site do PUFV.
Você que é Assessora ou Assessor do Programa A União Faz a Vida certamente se recorda de
nossa rede de compromisso simbolizada por uma flor. Ela nos permite pensar o Programa vai
além de um conjunto de teorias e de procedimentos, que configuram uma metodologia para inter-
venção em contextos educacionais. Com ela, podemos pensar o PUFV como um movimento amplo
de mobilização da sociedade em torno da educação, tendo em vista que diversos atores sociais
são convidados a colocar à disposição das instituições educacionais seu desejo e seu compromis-
so por uma sociedade cooperativa e cidadã.
Se todos os atores sociais estiverem ativados, ampliamos as chances do Programa cumprir seu
objetivo e, principalmente, formar esse tipo bastante singular de sujeito que temos chamado de
“cidadão cooperativo”. Nesse sentido, reforçamos que todos os que estão destacados na Rede de
Compromisso têm igual importância, porém responsabilidades distintas.
Tomando essa última afirmação como referência, passamos a realizar alguns apontamentos
sobre como cada um dos atores pode apoiar mais diretamente o desenvolvimento do Programa
A União Faz a Vida nos territórios em que o projeto está presente. Nesse momento, focamos o
objeto deste documento, ou seja, a Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (EEI).
O primeiro apontamento diz respeito à pétala dos Gestores. É importante que os Assessores de
Desenvolvimento do Cooperativismo (ADC) tenham uma visão ampla da realidade local, tomando
como base para seu trabalho, instrumentos de diagnóstico participativo. Esse diagnóstico objeti-
va conhecer a realidade e a singularidade dos atendimentos diferenciados da Educação Especial,
além de compreender a necessidade de planejamentos diferenciados para as escolas regulares
com assistência de AEE e para as escolas especializadas, compartilhando tais resultados com
toda a rede de compromisso. Além do diagnóstico, é importante que o ADC da cooperativa opor-
tunize formações continuadas que contemplem essa temática em distintas dimensões, do acesso
dos participantes à inclusão de temas pertinentes.
O segundo apontamento diz respeito à pétala dos Parceiros. Aqui há um ator social crucial para
a alimentação desse movimento na rede que sustenta o PUFV em sua aplicação concreta: o Coor-
denador Local, que é o elo entre os distintos agentes dessa rede. O Coordenador Local é chamado
a promover a inserção das escolas especializadas e dos coordenadores pedagógicos de escolas
que oferecem o AEE nessa rede, principalmente considerando a inclusão como foco central. Os
gestores educacionais e escolares são convidados a apoiar e organizar as inúmeras práticas di-
Programa A União Faz a Vida A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 121
O PUFV E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Sumário
O quarto apontamento diz respeito à pétala dos Apoiadores. Eles são pessoas importantes
para facilitar a presença da escola na comunidade e da comunidade na escola. É importante
que os educadores construam um mapa de sua comunidade, identificando os atores que podem
apoiar diferentes ações em diferentes momentos dos projetos construídos. O trânsito das crian-
ças e adolescentes pela cidade é um fator muito relevante para
a vivência dos princípios e valores do PUFV. Na Educação Espe- É nosso papel auxiliar
cial e Inclusiva, o trânsito dos estudantes na comunidade auxilia na desmistificação da
deficiência junto a esses
na desmistificação desses sujeitos como incapazes e, acima de Apoiadores; mostrar
tudo, amplia suas experiências. a posição de direito
desses sujeitos e evitar
ao máximo a exploração
Nota: apoiadores são pessoas ou instituições que apoiam do “coitadismo”, muito
as ações do Programa de diversas formas, inclusive financei- frequente nessa área.
ramente, como empresas, pais, familiares e outros. Estão pre-
sentes em toda a comunidade escolar. Para a Educação Especial, essa rede de Apoiadores é es-
sencial para a manutenção do próprio trabalho e sua potencialização pode se dar a partir de um
mapeamento colaborativo, identificando os agentes que podem somar na tarefa das instituições
educacionais.
Programa A União Faz a Vida A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 122
O PUFV E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Sumário
O quinto apontamento diz respeito ao miolo de nossa flor, que representa os educadores e as
crianças e adolescentes. Quanto aos educadores, é importante lembrar que estamos tratando
dos diretores, dos coordenadores, dos professores e dos educadores em geral. É fundamental
que todos se envolvam nos projetos, cada qual com suas responsabilidades. Complementando o
que já escrevemos no terceiro apontamento, no que diz respeito aos gestores, sua participação
em todas as etapas dos programas (articulação, realização e desenvolvimento) potencializa os
projetos, pois permite que os professores e demais educadores se concentrem nas articulações
entre currículo, interesses dos estudantes e participação da comunidade.
Finalizamos com uma ilustração que mostra as possíveis ramificações entre a rede de compro-
misso e o todo deste material, com algumas dicas práticas para potencializar o trabalho de todas
as pessoas participantes.
Programa A União Faz a Vida A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 123
O PUFV E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Sumário
Programa A União Faz a Vida A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 124
Sumário
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CAPÍTULO 6
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Programa A União Faz a Vida A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 127
Sumário
Considerações
finais
O Programa A União Faz a Vida tem como premissa dar voz aos estudantes, tornando-os pro-
tagonistas do seu processo de aprendizagem. Nesse sentido, a metodologia do PUFV apresenta
uma profunda conexão com a Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, na medida
em que possibilita que todos os estudantes sejam reconhecidos e valorizados na construção dos
processos educativos.
Ao se constituir sobre valores como diálogo, justiça, respeito à diversidade, solidariedade e em-
preendedorismo, o PUFV busca contribuir para a promoção de uma formação que torne intrínseco
ao indivíduo o olhar para todas as formas do ser e de ser e, a partir desse olhar, a transformação
sociocultural que será a base de uma sociedade mais humana. Assim, não basta compartilhar dos
princípios e valores do Programa; é preciso ser a transformação que se quer ver acontecer.
Programa A União Faz a Vida A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 128
Sumário
possibilitando o olhar para todas as crianças e adolescentes com ou sem deficiência em todos os
espaços educativos em que o Programa se encontra.
Programa A União Faz a Vida A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 129
Sumário
Sobre os autores
Programa A União Faz a Vida A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 130
Sumário
Sobre os autores
Mestre em História e Sociedade pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
(UNESP). Pós-graduanda em Neuropsicopedagogia Institucional e Clínica. Especialista em Educa-
ção Especial, Atendimento Educacional Especializado, Psicopedagogia Institucional e Transtorno
do Espectro Autista (TEA). Graduada em História pela Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Assessora Pedagógica do Programa A União Faz A Vida pela Cooperativa Sicredi Dexis.
Silvana Lehenbauer
Programa A União Faz a Vida A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 131
Sumário
Sobre os autores
Programa A União Faz a Vida A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 132
A Educação
Especial
na perspectiva da Educação
Inclusiva
2023