O Mito-99
O Mito-99
O Mito-99
Minha
esposa tinha medo que ela de repente chegasse em casa grávida, considerando a turma com que ela estava
andando. E então disse: 'Proíba-a de andar com eles. Precisamos protegê-la; é para o próprio bem dela.' Eu
também estava preocupado, mas queria abordar o problema de maneira diferente. Queria dizer-lhe que
confiávamos nela, e ela devia firmar-se em sua honra. Discutimos os méritos de cada abordagem, até que não
havia nada mais para se dizer. Mas continuamos falando. Na verdade, não estávamos mais falando: estávamos
discutindo, criticando, ferindo um ao outro.
"Naturalmente, nossa filha aproveitou-se disso ao máximo. Sabia que, se estávamos lutando um contra o
outro, ela estava livre de restrições. Tomou as minhas dores, e colocou-se contra a mãe. Sentindo-se rejeitada,
minha esposa acusou-me de ser fraco e vacilante — e talvez eu o tenha sido. No que concerne a mim, o golpe me
atingiu quando ela disse que havia perdido todo o respeito por mim. Senti-me devastado. O problema havia se
transferido de nossa filha para o nosso casamento. Os ataques se tornaram mais intensos, e catalizaram outras
coisas que, havia muito, tinham sido esquecidas. Todos os nossos sonhos estavam ruindo por terra.
"Saí andando como um autômato. O que havia sido um casamento extraordinário, agora parecia uma
concha vazia. Eu não estava procurando outra mulher — eu sempre fora fiel — mas estava procurando um
pouco de conforto, um impulso, um arrimo, para o meu espírito vacilante, assim penso. Esta outra mulher me
propiciou isso."
"Uma entrevista com uma rainha. " "Ninguém conseguiu entender quando encontrei outra mulher e me
mudei", disse Frank, "nem mesmo Helen, embora eu tenha tentado explicar o caso a ela. Foi a atitude boba que
ela tinha a respeito de sexo que causou o problema. Para Helen pensar em relação sexual, tudo precisava estar
perfeito. A casa precisava estar limpa, a roupa passada, o cabelo dela bem penteado, etc... etc, e ela precisava
estar perfeitamente feliz comigo em todos os aspectos. Se tivesse havido qualquer tipo de problema na última
semana, bastava. Eu estava andando na corda bamba. E precisava dar-lhe a conhecer com bastante antecedência
que eu queria fazer sexo. Se eu não o fizesse, ela fingia estar dormindo ou dizia que estava com dor de cabeça.
Passei oito anos sentindo-me como alguém que estava tentando ter uma entrevista com uma rainha. Cada vez eu
sentia que fazer sexo ficava muito caro. É uma pena. É uma pena, porque em muitos outros aspectos ela é uma
ótima esposa."
"Uma dona-de-casa horrível. " A queixa de Samuel é exatamente o contrário. "Lúcia era uma dona-de-
casa horrível. Nunca tinha tempo de passar as minhas camisas, e ficava horas no telefone, geralmente falando a
respeito de nossa vida particular. Assim, quando eu ficava irritado ou simplesmente tentava falar com ela a
respeito do problema, ela me agarrava e me levava para a cama. Ela pensava que todos os nossos problemas
podiam ser resolvidos na cama, sem que ela fizesse qualquer esforço para mudar a sua maneira de ser. Eu
precisava conseguir algum alívio. A primeira vez que me encontrei com essa divorciada, na casa dela, era um
lugar limpo, perfumoso, atraente. Qualquer pessoa ali se sentiria em casa. Era confortável e repousante. O sexo
não era nada de especial, mas o apartamento, um lugar tão agradável!"
"Antecedentes conservadores. "Ao observar Mary, de trinta e três anos, de minha escrivaninha, fiquei
impressionado com a sua simplicidade. O cabelo, a ausência de pintura, o vestido, tudo dizia que ela devia ter
tido antecedentes religiosos conservadores. Ela remexeu-se, hesitante, na cadeira, mas finalmente contou a sua
história, soluçando.
"Eu não posso crer que Tom tenha feito isso, mas encontrei este bilhete de Diana no bolso dele. Ele
sempre foi ativo na igreja, mas é muito calmo, não sendo do tipo agressivo. E quanto a Diana, nós estamos no
mesmo clube, vivemos apenas três quarteirões uma da outra e os nossos caminhos se cruzam constantemente."
Quando Tom veio ao meu escritório, alguns dias depois, ele era exatamente o que ela dissera: distinto,
reservado, amável. Enquanto falou de seu "caso", observou tranqüilamente: "Minha esposa é tão simples e
modesta! A família dela era assim. Ela veste roupas tão fora de moda que todos a notam no meio da multidão.
Fico embaraçado, embora queira orgulhar-me dela. Eu já lhe falei repetidas vezes para arrumar-se melhor, porém
ela se recusa. Um pouco teimosa, acho eu."
"Dê-me um exemplo" — pedi.
"Bem, recentemente pedi-lhe para comprar um vestido que não se arrastasse até os seus tornozelos, porém
achou que eu queria que se vestisse indecentemente, e ela não iria fazer isso. Até mesmo em nosso clube, as
esposas dos outros homens têm aparência muito melhor. Mary poderia parecer muito mais bonita, se pudesse
livrar-se dessas noções rígidas. Este é realmente o pomo de nossa discórdia e conflito."
E não desperdiçar tempo em vida social vazia —
Ele deixa essa espécie de encargo para a esposa,
E paga as contas dela, e deixa que ela faça o que quer,
E acha que ela deve, com isso, sentir-se satisfeita. "
Cada dia Nossas vidas, que haviam sido uma vida no começo, Começaram a se afastar cada vez mais. O
velho romance de um homem e uma mulher estava morto. Você só falava sobre políticas do comércio. O seu
trabalho, o seu clube, a busca louca de ouro Absorviam os seus pensamentos. O beijo que você me dava por
dever era frio. Sobre os meus lábios. A vida perdera o seu sabor, sua emoção, até que Num dia fatal, quando a
terra parecia muito insossa, O sol nasceu radioso e belo. Eu falei pouco, e ele ouviu muito; Havia atenção nos
olhos dele, e uma tamanha Nota de camaradagem em seu grave tom de voz; Eu já não me sentia sozinha. Havia
um interesse amável na face dele; Ele falou da maneira como eu estava penteada. E louvou a roupa que eu
vestia. Parecia que já fazia mil anos ou mais Que eu não era notada dessa forma. Se o meu ouvido Estivesse
acostumado a cumprimentos ano após ano, Se eu tivesse ouvido você falar
Como esse homem falou, eu não teria sido tão fraca. O começo inocente De todo o meu pecado
Foi apenas o anseio feminino de ser colocada No santuário interior do pensamento de um homem. Você
me conservou lá, como namorada e noiva; Mas depois, como esposa, você me deixou de fora. Tão longe, tão
longe, que não me podia ouvir gritar; Você podia, você devia, ter-me salvo de minha queda. Eu não era má;
somente solitária — isso era tudo.
O homem deve oferecer algo para substituir
A doce aventura da perseguição do amante
Que termina no casamento.
As leis do amor, quando negligenciadas,
Pavimentam o caminho para a "Causa Estatutária".
CAPITULO 4
ATIVIDADES
Muitos casamentos naufragam nas rochas da infidelidade porque se tornam chatos. Tornam-se cansativos.
A rotina torna-se mortal. Ir para o trabalho, voltar para casa, assistir TV, ir para a cama — semana após semana,
monotonamente.
"Não fazemos juntos mais coisa alguma", é uma queixa comum das esposas. "Não saímos juntos sem os
filhos, não temos recreação nem vamos a concertos, nem temos interesses ou projetos que compartilhemos, nem
diversão."
"Meu marido e eu costumávamos sair, sem os filhos, três ou quatro vezes por semana, o que era demais.
Mas depois paramos, e não temos ido a lugar nenhum, o que também está errado."
O marido dessa mulher, convalescendo do "caso" que teve com uma moça no escritório, concordou: "Eu
acho que precisávamos passar mais tempo juntos — só nós dois — nos dedicando a coisas como 'hobbies',
projetos, etc."
Casamentos ótimos, ou potencialmente ótimos, sofrem, se forem negligenciados. Leia de novo a famosa
declaração de Benjamim Franklin: "Um pouco de negligência pode gerar muito prejuízo; pela falta de um prego,
perdeu-se a ferradura; pela falta da ferradura, perdeu-se o cavalo; pela falta do cavalo, o cavaleiro perdeu-se,
sendo vencido e morto pelo inimigo — tudo pela falta de um pouco de cuidado com um prego da ferradura."
Nenhuma pessoa pode satisfazer todas as necessidades de outra. Algumas necessidades são supridas pelos
outros; outras, pelas nossas vocações; e ainda outras, somente por Deus. Esperar que o cônjuge propicie o que
apenas Deus pode propiciar, certamente acarretará desapontamento. Ninguém pode tomar o lugar dele. E a paz, o
contentamento e a força que ele propicia influenciarão todas as outras áreas do nosso relacionamento
matrimonial.
Porém, da mesma forma como nenhuma pessoa pode ocupar o lugar de Deus, Deus não ocupa o lugar do
cônjuge. Fomos criados para suprir as necessidades um do outro, as necessidades que somente outra pessoa pode
suprir. Um comovente poema da famosa poetisa Ella Wheeler Wilcox, embora escrito há quase cem anos, narra,
em cores vivas, a história dos dias atuais:"
ACEITAÇÃO
Toda pessoa tem uma necessidade profundamente arraigada de ser aceita pelo seu valor individual. É
nosso dever amar nosso cônjuge; cabe a Deus mudá-lo. O autor John Drescher cita o conselheiro Ira J. Tanner:
"Qualquer tentativa para mudar o cônjuge, em um esforço de nossa parte, é um insulto a ele. Isso divide, suscita
ira, e causa solidão ainda maior."7 E posso acrescentar que isso empurra o cônjuge para outros braços, que o
aceitem melhor.
Ruth e Jack eram amigos pessoais de Evelyn e meus. Na verdade eram nossos vizinhos. Mas o "caso" em
que ela se envolveu os trouxe a mim, para serem aconselhados. Jack era ambicioso, dinâmico, exigente, uma
testemunha eficiente de Cristo — um bom papo. Rute era serena, atraente, extrovertida e distinta. Uma pessoa
encantadora.
Os próprios padrões cristãos inflexíveis de Jack atraíam algumas pessoas, mas repeliam outras. Eram
aplicados a todas as pessoas, na igreja e fora dela, produzindo em algumas delas falso sentimento de culpa; em
outras, apenas compaixão... por Jack. Todos os membros da família sentiam a pressão. Alguns se rebelavam;
outros se sujeitavam.
Ruth disse: "Amo muito o Senhor, mas nunca consigo agradar ao meu marido. Eu não estava crescendo
espiritualmente tão depressa quanto ele achava que eu devia. Ele estava sempre procurando saber quanto eu
estava lendo a minha Bíblia. Fiquei simplesmente fisicamente esgotada, e não pude continuar indo às diversas
reuniões da igreja todas as noites da semana. Eu precisava ficar em casa. Jack interpretou isso como sinal de
apostasia, e me criticou na frente das crianças, até que toda a nossa família começou a brigar constantemente.
Então ele me culpou pelos problemas de nossa família, apresentando como causa que eu estava me 'afastando do
Senhor'. Ele queria que eu fosse Madre Teresa, Betty Crocker e Cheryl Ladd, reunidas em uma só pessoa. Ele
estava decidido a me moldar à sua vontade. Nada que eu fazia lhe agradava.
"Pecado — adultério — era a coisa mais distante de meus pensamentos, desde o dia em que me convertera
a Cristo. Eu não estava procurando sexo — até isso também se havia deteriorado em nosso casamento. Eu nem
sequer estava procurando um 'caso', para me vingar, fazer meu marido pagar, e nem mesmo para chamar a
atenção dele. Eu estava simplesmente aturdida. E, quando o vizinho do meio do quarteirão me notou, sorriu
algumas vezes, conversou comigo amavelmente e gostou de mim da maneira como sou — aconteceu. Eu estava
agonizante."
AFEIÇÃO
Muitos cônjuges traem por nada mais, a princípio, do que o desejo de um pouco de afeição. As coisas que
dão brilho aos dias de namoro e ao começo do casamento — dar-se as mãos, carinhos, abraços, beijos — não
podem agora ser guardadas no guarda-roupa, juntamente com o vestido de noiva.
"Agora estamos casados; não somos mais crianças." Pensa ele: "Por que você precisa continuar correndo
atrás do bonde, uma vez que já o pegou?" E ela: "Uma vez que você pegou o peixe, pode jogar a isca fora."
O servo de Abraão foi enviado ao Iraque, para encontrar uma esposa para Isaque. Este servo queria fazer a
vontade de Deus, e orou: "Mostra-me a moça certa, aquela que for generosa, aquela que se oferecer para servir,
para andar a segunda milha."1 Deus gosta de responder a esse tipo de oração.
Considere o meu caso. Evelyn era uma garota vivaz, talentosa, generosa e popular, quando nos
conhecemos. Ela estivera noiva duas vezes, de rapazes crentes, e não tinha falta de pretendentes que a
admirassem. Minha primeira reação, depois de me recuperar do delicioso choque de conhecê-la, foi: "Preciso
salvar esta garota de todos os seus admiradores." Ficamos noivos — não naquele mesmo dia, é claro, mas não
muitos meses depois. Ambos desejávamos realmente a vontade de Deus em nossas vidas, e sentíamos que ele
nos havia unido.
Depois de um noivado de seis meses, discordamos a respeito da decisão de nos casarmos àquela altura ou
terminarmos primeiro os estudos. Rompemos completamente. Definitivamente. Fui para a escola. Ela voltou
para a sua casa, a oitocentos quilômetros de distância. Não continuamos tendo nenhum contato e destruímos ou
devolvemos todas as recordações do nosso relacionamento: cartas, fotografias, alianças, etc. E, embora
estivéssemos completamente fora da vida um do outro e muito separados, muitas vezes eu me lembrava de como
ela era uma garota sensacional, e inconscientemente comparava com ela as outras garotas com quem saía.
Evelyn ainda sentia profundamente em seu coração que Deus nos havia unido desde o princípio, embora tudo
então indicasse que nunca veríamos isso acontecer.
Muitos meses se passaram. Evelyn, chegando à conclusão de que a nossa amizade terminara totalmente,
relutantemente fez outros planos. Arrumou outro emprego, e toda a sua vida tomou outra direção. Por fim, ela
encontrou um ótimo rapaz crente, e estava noiva outra vez, planejando casar. Por algum motivo, nessa ocasião,
eu precisei enviar-lhe uma comunicação, sem saber de seu iminente casamento com aquele rapaz — e, é claro,
sem saber que os convites já haviam sido enviados, o vestido de noiva confeccionado, o pastor convidado e
todos os outros preparativos terminados.
Minha comunicação reacendeu uma antiga chama. A resposta dela fez suscitar de novo a minha apreciação
por ela. Telefonei-lhe.
O seu espírito vivaz cativou-me novamente. O casamento dela foi desmanchado cinco dias antes da data
estabelecida, e nós recomeçamos de onde havíamos parado. E tem havido muitos benefícios adicionais. Eu ainda
como torradas todas as manhãs feitas na torradeira que alguém lhe deu para o outro casamento!
Porém não estou sugerindo que isso é um padrão. Foi em cima da hora. Mas nós dois sabemos e nunca
tivemos dúvida de que Deus nos uniu para edificar um casamento forte e para ajudar outros casamentos.