1 - Juventude - Ensino - Medio - Livro-102-133
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PAULO CARRANO
I ntrodu ç ã o
C onstruindo um a
no ç ã o de juventude
S a ib a m a is
D ireitos a ssegur a dos
Apesar dos avanços legais na esfera da garantia de direitos para
adolescentes (12 a 18 anos) e jovens (15 a 29 anos) e da criação
de instituições governamentais para o desenvolvimento de polí-
ticas a eles destinadas instauradas nas últimas duas décadas, é
preciso reconhecer que ainda há muito que se fazer no campo das
políticas públicas voltadas para esse grupo. De toda forma, o
Brasil possui uma legislação avançada e protetiva para adoles-
centes e jovens. Citamos o Estatuto da Criança e do Adolescente 6
e o Estatuto da Juventude.7 Em julho de 2010, foi aprovada a
Proposta de Emenda Constitucional nº 65, conhecida como PEC
da Juventude, após tramitar sete anos no Congresso Nacional.
Mas, como diz a letra da música, o jovem não é levado a sério. É uma
tendência da escola não considerar o jovem como interlocutor válido na hora
S a ib a m a is
J uventude interrompid a
Sobre a morte de jovens no Brasil, recomendamos consultar a publi-
cação “Mapa da violência – Homicídios e Juventude no Brasil”.8
Segue uma síntese de dados que mostra o aumento de índices de
violência no intervalo de 15 anos, entre 1996 e 2011:
• A taxa de homicídios da população total, que era de 24,8
por 100 mil habitantes, cresceu para 27,1;
• A taxa de homicídios juvenis, que era de 42,4 por 100 mil
jovens, foi para 53,4;
• A taxa total de mortes em acidentes de transporte, que era
de 22,6 por 100 mil habitantes cresceu para 23,2. A dos
jovens, de 24,7 para 27,7.
• Também os suicídios passaram de 4,3 para 5,1 na população
total e entre os jovens, de 4,9 para 5,1.9
O tráfico e o consumo de drogas contribuem fortemente para a
participação de jovens brasileiros no ciclo perverso de homicí-
dios, quer sejam como agressores ou como vítimas da violência.
Os traficantes encontram nos jovens das áreas populares urbanas
mão de obra barata e disponível para seus empreendimentos, que
se situam no contexto de uma rede de ações criminosas que en-
volvem também o roubo, os jogos de azar, a exploração sexual, a
extorsão e o comércio ilegal de armas.
Sobre a gravidez na adolescência, recomendamos ver o rela-
tório da UNICEF 10 que trata das principais barreiras enfrentadas
O q ue seri a
ent ã o a juventude ?
Temos a expectativa que nossa reflexão possa contribuir para que cada
professor e cada professora construa, em conjunto com os próprios jovens,
um perfil social, cultural e afetivo dos integrantes do grupo com o qual
atuam. O esforço de conhecer e reconhecer os jovens estudantes pode
levar à descoberta dos jovens reais e corpóreos que habitam a escola e
que, em grande medida, podem se afastar das representações negativas
dominantes ou das abstrações sobre o “jovem ideal”.
E, para contribuir nesse processo de conhecimento, vamos fornecer
algumas chaves analíticas nos tópicos seguintes, a começar pela reflexão
sobre algumas dimensões da condição juvenil.
Algum a s dimens õ es d a
condi ç ã o juvenil no B r a sil
25
J uventudes e p a rticip a ç ã o
O des a f io d a constru ç ã o
d a s identid a des
C oncluindo . . .
N ot a s
1
Este texto é uma compilação de vários trabalhos já escritos anteriormente pelos
autores, explicitados na bibliografia. Já o primeiro tópico, que discute as questões
relacionadas à noção de juventude, foi publicado originalmente no Caderno II da
I Etapa do Curso de Formação de Professores do Ensino Médio sob o título: “O
jovem como sujeito do ensino médio” (CARRANO et al. 2013).
2
BRASIL, 2012.
3
BRASIL, 2011.
4
MAGNO, 2000.
ABRAMO, Helena. Cenas juvenis: punks e darks no espetáculo urbano. São Paulo:
Escrita, 1994.
CAIAFA, Janice. Movimento punk na cidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.
DAYRELL, Juarez. Cultura e identidades juveniles. Ultima década. Vina Del Mar,
Chile, año 11, n. 18, p. 69-92, abr. 2003.
ELIAS, Norbert. O processo civilizador: uma história dos costumes. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 1994.
LEON, Oscar D’ávila. Uma revisão das categorias de adolescência e juventude. In:
GUIMARÃES, Maria Tereza; SOUSA, Sonia M. Gomes. Juventude e contempora-
neidade: desafios e perspectivas. Brasília: Secretaria Especial de Direitos Humanos;
Goiânia: Editora UFG/Cânone Editorial, 2009. p. 53-61.
MAGNO, Alexandre. Não é fácil. Intérprete: Charlie Brown Jr. In: Nadando com
os tubarões. Virgin Records, Reino Unido. Faixa 3.
PAIS, José Machado. Culturas juvenis. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1993.
PAIS, José Machado. Ganchos, tachos e biscates: jovens, trabalho e futuro. Lisboa:
Ambar, 2003.