Alcool e Saude - U1
Alcool e Saude - U1
Alcool e Saude - U1
da Prevenção ao Tratamento
Unidade 1: Introdução
Unidade 1
Finalidade
Introduzir os conceitos basais e estruturantes das pesquisas e evidências científicas sobre o
consumo de álcool e consequências à saúde. Familiarizar o aluno com a terminologia e prin-
cipais conceitos utilizados, nos contextos clínicos e de pesquisa, sobre o consumo de álcool
e seus efeitos na saúde.
Objetivos pedagógicos
Ao final desta unidade, você estará apto a:
• o analisar, tanto no contexto clínico quanto em termos de saúde pública, como as intera-
ções entre consumo total de álcool e padrões de consumo podem causar diferentes situa-
ções de prejuízo e de aumento de risco para diversos transtornos. Conjuntamente, conhecer
a visão do Transtorno de Uso de Álcool dentro da perspectiva dimensional do DSM-5.
2
Unidade 1
Álcool e saúde
Historicamente, o consumo de álcool foi incorporado a tradições culturais e até mesmo re-
ligiosas em diferentes sociedades e contextos. Isso ocorreu, provavelmente, porque alguns
dos efeitos das bebidas alcoólicas, como relaxamento e sensação de bem-estar, presentes
no uso de pequenas quantidades, podem ser considerados potencialmente positivos.
Entretanto, ressalta-se que o uso nocivo dessa substância causa diversos prejuízos
individuais e coletivos — de condições de saúde a questões sociais e econômicas.
3
Unidade 1
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 3 milhões de pessoas morrem, por
ano, devido ao uso nocivo de álcool. Isso representa uma a cada vinte mortes, colocando o
álcool como responsável por mais de 5% de todas as mortes no mundo.1
responsável por + de 5%
de todas as mortes no mundo
Todavia, para definir o que são “consequências sociais e de saúde”, as pesquisas científicas
precisam se alicerçar em definições mais metodológicas, com critérios definidos de maneira
mais precisa. Nesse sentido, apresentaremos o que são padrões de consumo de álcool, bem
como estes são precisamente definidos com base em uma dose padrão.
4
Unidade 1
Dose padrão
Você sabia?
A OMS estabelece que uma dose padrão contém, aproximadamente, 10 g de álcool
puro, mas reconhece que essa definição depende do país e da cultura, não havendo
um consenso internacional para essa medida. Por exemplo, no Reino Unido a dose
padrão é de 8 g de álcool puro, enquanto no Japão é de 20 g.2-4
Dose padrão é a unidade de medida que define a quantidade de etanol puro contido nas bebidas
alcoólicas. Uma dose padrão equivale, em geral, a uma determinada quantidade de álcool e, de
acordo com o teor alcoólico das bebidas, equivale a volumes maiores ou menores. Isso significa
que, para uma bebida com maior teor alcoólico, menor o volume de uma dose padrão.
No Brasil, atualmente, não há uma definição oficial para dose padrão de álcool. Neste curso,
adotaremos os volumes e teores alcoólicos mais praticados em nosso país, com a seguinte
relação: 1 dose de bebida corresponde a 14 g de álcool puro, como apresentado abaixo.2
Nota-se que o teor alcoólico de cada tipo de bebida é aproximado, pois há variações entre
bebidas de uma mesma categoria.
5
Unidade 1
Padrões de consumo
A elaboração dos padrões de consumo de álcool é realizada a partir de aspectos médicos e
psicossociais, tornando-se um elemento importante para a avaliação dos riscos e prejuízos à
saúde associados ao seu uso. A quantidade e frequência de ingestão de álcool, bem como a
qualidade da bebida, são fatores importantes a serem considerados.
Ressalta-se que, segundo a OMS, não há um nível de consumo de álcool que seja absoluta-
mente seguro.5 Se a pessoa bebe, há risco de problemas de saúde e outros, especialmente
se a pessoa:
A OMS ainda recomenda que o consumo de bebidas alcoólicas não deve ser feito nos casos
citados no infográfico a seguir.
6
Unidade 1
Infográfico sobre casos em que o consumo de álcool não deve ser feito.
É importante, ainda, avaliar a quantidade de álcool ingerida em uma única ocasião, por estar
relacionado a diversas consequências prejudiciais, como intoxicação, lesões e violência. Um
padrão de consumo nocivo e que considera esse aspecto, além das diferenças biológicas en-
tre os sexos, é o Beber Pesado Episódico (BPE).
Você sabia?
O BPE, ou binge drinking, compreende o consumo de grandes quantidades de álcool
em curto espaço de tempo (aproximadamente 2 horas), atingindo altos níveis de
concentração alcoólica no sangue (em torno de 0,08 g/dL). Para mulheres, tal
alcoolemia geralmente ocorre após 4 doses e para homens, após cerca de 5 doses.
Este padrão de consumo pode acarretar sérios riscos à saúde e à segurança,
incluindo acidentes de carro e ferimentos. A longo prazo, também pode causar
danos ao fígado e a outros órgãos.6 Para a OMS, esse relevante indicador,
considerado como um uso nocivo, é medido como o consumo de 60 ou mais gramas
(cerca de 4-5 doses) de álcool puro em uma única ocasião, ao menos uma vez no
último mês.1
7
Unidade 1
A partir da definição de BPE, um consumo de baixo risco, ou seja, que minimiza os riscos à
saúde, deve considerar o não-engajamento neste comportamento. Assim sendo, o National
Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism (NIAAA), referência no tema, estabelece os seguin-
tes limites como sendo de consumo moderado7:
O NIAAA ainda ressalta que o BPE e o uso pesado de álcool (mais de 4 doses por dia
para homens e mais de 3 doses por dia para mulheres) são padrões de consumo
excessivos, que aumentam o risco de problemas de saúde, incluindo o abuso e
dependência de álcool.
8
Unidade 1
Para concluir
Reconhecer o uso nocivo de álcool como sendo aquele que traz prejuízos ao bebedor ou a
terceiros ou que envolve um padrão de consumo arriscado à saúde é um dos pilares para
compreender a abrangência do tema que trataremos neste curso.
O entendimento dos padrões de consumo, pautados em uma dose padrão, é a base tanto para
a pesquisa científica quanto para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e aborda-
gens de tratamento baseadas em evidências.
9
Unidade 1
Cerca de:
55,5%
da população já consumiu bebida alcoólica
mundial alguma vez na vida.
(15+ anos)
10
Unidade 1
Desde 2000, a porcentagem de bebedores atuais no mundo diminuiu de 47,6% para 43%,
mais associado ao aumento de pessoas que pararam de beber do que ao aumento de abstê-
mios na vida, segundo a OMS.1
Em termos de consumo de álcool per capita, apesar de ter crescido de 5,5 L para 6,5 L entre
2005 e 2010, esse parâmetro manteve-se estável de 2010 até 2016. Entretanto, há pesqui-
sas que apontam para tendências de aumento na próxima década, especialmente nas regiões
das Américas, do Sudeste Asiático e do Pacífico Ocidental3 – com destaque para o Brasil8,
apesar de ter sido observada uma diminuição do consumo per capita de 8,8 L, em 2010, para
7,8 L em 2016.3
Simplificando:
No mundo:
2005 5,5L
2010 6,5L
2016 6,5L
No Brasil:
2010 8,8L
2016 7,8L
Infográfico sobre a tendência de aumento nas Américas, Sudeste Asiático e Pacífico Ocidental.
Fonte: Organizado pelos autores.
11
Unidade 1
Com relação ao consumo diário de álcool entre bebedores (com 15 anos ou mais), a média,
em 2016, no Brasil, foi de 41,7 g de álcool puro (cerca de 3 doses por dia), quase 27% maior
do que o índice observado entre os bebedores da região das Américas e da média mundial,
ambas de 32,8 g por dia (cerca de 2,3 doses por dia).3
No Brasil:
38,3% de ex-bebedores
Nas Américas:
29,0% de ex-bebedores
No mundo:
12,5% de ex-bebedores
Infográfico sobre o consumo de álcool (%) na população com 15 anos ou mais, no Brasil, nas Américas e no
mundo, em 2016.
A respeito do BPE, indicador de uso nocivo de álcool, ele foi relatado por 18,2% da população
mundial em 2016, menor do que o observado no ano de 2000, de 22,6%.1 Já o Brasil é um dos
países que apresentam altas porcentagens de BPE: 19,4% da população com 15 anos ou mais
relatou tal comportamento em 2016, índice superior ao do ano de 2010 (12,7%). Segundo o
III LNUD9, a prevalência desse comportamento foi de 16,5%, considerando a população geral.
12
Unidade 1
Para concluir
O consumo de álcool é um comportamento de expressividade mundial. O acompanhamen-
to da evolução histórica e tendências nesse comportamento torna-se imprescindível para
a identificação de pontos sensíveis, como é o caso de países das regiões das Américas, do
Sudeste Asiático e do Pacífico Ocidental.
Ainda, os padrões de consumo devem ser levados em consideração. O caso do Brasil merece
atenção, pois apresentou redução do consumo per capita de álcool; porém houve aumento
do BPE, reconhecidamente um padrão nocivo de consumo. Assim, a ingestão de álcool, e os
possíveis problemas a ele associados, devem ser analisados a partir de diversos parâmetros.
Não somente o “quanto” se bebe, mas “como” ou “com qual frequência” também se tornam
aspectos importantes na compreensão do impacto do álcool em uma determinada popula-
ção.
13
Unidade 1
Uso do álcool:
• tem consequências no
desenvolvimento do Sistema
Nervoso Central;
É fundamental que crianças e jovens sejam protegidos contra a pressão e possível permissi-
vidade para que consumam bebidas alcoólicas.
Nota-se uma tendência à queda nos episódios de BPE entre 2000 e 2016 para
os jovens no mundo como um todo — exceto no Sul e Leste Asiático e Oeste do
Pacífico.1 Ainda assim, o índice de BPE nessa população é alto (acima de 20%) em
várias regiões, como Europa, Austrália, Canadá, Nova Zelândia, EUA, Argentina
e Chile. No Brasil, o BPE é relatado por 15% para a população de 15-19 anos (na
população em geral é de 19,4%).1
14
Unidade 1
Apesar da existência de uma lei federal (Lei nº 13.106/2015), que proíbe a oferta
de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos de idade, diversos dados alertam
para a necessidade de medidas de prevenção e sensibilização sobre o tema.
Além da alta taxa de BPE relatada pela OMS, outro estudo indicou que 32% dos
estudantes brasileiros com idade entre 14 e 18 anos relataram BPE no último
ano.10 Ademais, há outros indicadores relevantes, obtidos pela Pesquisa Nacional
de Saúde do Escolar 2015 (PeNSE 2015), entre jovens estudantes do 9º ano do
ensino fundamental.11
15
Unidade 1
Tais estatísticas refletem que uma parcela significativa dos jovens tem acesso fácil ao álcool.
De fato, pesquisas apontam que o primeiro contato com o álcool se dá, com frequência, nas
próprias casas dos adolescentes, às vezes por oferta dos pais e parentes, e em festas com
fácil acesso às bebidas.12-14 É claramente uma questão de saúde pública a ser prevenida –
principalmente por meio do controle do acesso e atingindo o contexto em que ocorre o uso
nocivo de álcool entre jovens.11
Outro ponto de atenção a ser monitorado é o acesso e uso de ambientes virtuais, como as
redes sociais.
Você sabia?
Recentemente, evidências científicas têm demonstrado que a exposição a
conteúdos sobre álcool nessas plataformas pode estimular percepções mais
tolerantes em relação ao álcool, promovendo normas sociais equivocadas e
aumentando seu consumo.15
16
Unidade 1
Um grupo dessa faixa etária que merece atenção são os universitários, uma vez que o uso de
álcool é maior entre eles do que em grupos de não universitários da mesma idade.16
Sabe-se que a experiência universitária é peculiar, pois para muitos significa a primeira opor-
tunidade de ser parte de um grande grupo de pares sem supervisão familiar. A nova autono-
mia implica novos limites e responsabilidades, tornando-os mais suscetíveis a experiências
anteriormente proibidas, como o consumo de bebidas.10,17,18
17
Unidade 1
Quase 90% deles relatou o consumo pelo menos uma vez na vida, sendo mantido pela maio-
ria no último ano (72%) e também no último mês (60,5%), refletindo um comportamento
frequente e repetido por grande parcela dos universitários.19
Cenário semelhante foi observado em estudo de 2017, com 508 estudantes universitários
paulistas: 43,7% dos participantes responderam ter consumido álcool de 2 a 4 vezes por
mês, sendo que 59,2% relataram a prática de BPE em algum momento.20 Compare os núme-
ros no infográfico a seguir.
Universitários paulistas:
18
Unidade 1
Mulheres
Apesar de os homens apresentarem maior prevalência do consumo de álcool (frequência,
quantidade e episódios de BPE),1 as mulheres têm diminuído essa diferença ao longo dos
anos, com diversas pesquisas mostrando tal convergência entre os gêneros. Dados do III
LNUD, apresentados na tabela abaixo, corroboram que no Brasil há maior proporção de ho-
mens que reportam consumo de bebidas alcoólicas do que mulheres.9
Na vida (%) No último ano (%) No último mês (%) BPE (%)
No Brasil, um levantamento do Ministério da Saúde aponta que o BPE pela população geral
adulta e entre homens tem se mantido relativamente estável; porém, entre mulheres houve
crescimento de 7,7% para 11% no período de 2006 a 2018.22
19
Unidade 1
20
Unidade 1
Idosos
As estatísticas do estudo Global Burden of Disease 2010 (GBD 2010) chamam a atenção: o
álcool está entre os dez maiores fatores de risco para a carga total de doenças por idade
em 2010, sendo:24,25
• o 7º no ranking para
indivíduos de 50 a 69 anos; e
Os prejuízos associados ao uso nocivo de álcool nessa população são amplos, conforme mos-
tra o quadro abaixo.
21
Unidade 1
Bebida e direção
Os efeitos do álcool em indivíduos que assumem a direção de veículos automotores são bem
estabelecidos, aumentando o prejuízo conforme a quantidade consumida. Veja alguns dos
efeitos a seguir.
• Diminuição da atenção;
• euforia;
• sonolência;
Você sabia?
No Brasil, em 2016, estima-se que o álcool esteve associado a 36,7% dos acidentes
de trânsito envolvendo homens e 23% daqueles envolvendo mulheres.1
Estudo na cidade de São Paulo mostrou que, em 2005, 39% das vítimas fatais
apresentavam resíduos de álcool no sangue; em 2015, essa taxa subiu para 43%.28
22
Unidade 1
Uma análise recente, feita por pesquisadores proeminentes do Brasil e do mundo30, sugere
dois cenários possíveis de mudança no consumo de álcool devido à pandemia de Covid-19,
conforme apresentado no quadro a seguir.
Fonte: Adaptado de Rehm J, Kilian C, Ferreira‐Borges C, Jernigan D, Monteiro M, Parry CDH, et al.30
23
Unidade 1
De fato, uma pesquisa recente realizada pela Fiocruz, em parceria com a Universidade Fe-
deral de Minas Gerais e a Universidade Estadual de Campinas31, com 44.062 indivíduos, no
período de 24 de abril a 8 de maio de 2020, mostrou que os impactos econômicos da pande-
mia foram consideráveis, assim como as mudanças no estado de ânimo, ambos aspectos que
podem influenciar o consumo de álcool.
Cerca de 55% das pessoas relataram diminuição da renda familiar, 40% se sentiram tristes/
deprimidos e 54% se sentiram ansiosos/nervosos frequentemente (muitas vezes ou sem-
pre). Entre os adultos jovens (18-29 anos), os percentuais para os dois últimos casos são
ainda mais alarmantes: 54% e 70%, respectivamente. Tal aumento do estado depressivo
pode estar relacionado ao crescimento do consumo de álcool relatado: 18% dos entrevista-
dos (18,4% entre homens e 17,7% entre mulheres) afirmaram estar ingerindo mais bebidas
alcoólicas nesse período. O maior índice (26%) foi registrado na faixa etária de 30 a 39 anos
de idade, e o menor, entre idosos (11%). Quanto à motivação para beber mais, quanto maior
a frequência dos sentimentos de tristeza e depressão, maior o aumento do uso de bebidas al-
coólicas, atingindo 24% das pessoas que têm se sentido dessa maneira durante a pandemia.
24
Unidade 1
Quanto à motivação para beber mais, quanto maior a frequência dos sentimentos
de tristeza e depressão, maior o aumento do uso de bebidas alcoólicas, atingindo
24% das pessoas que têm se sentido dessa maneira durante a pandemia.
25
Unidade 1
Assim sendo, esse é certamente um ponto de atenção para profissionais de saúde como um
todo, dada a conhecida relação entre padrões nocivos de uso de álcool e sua relação com
mais de 200 tipos de doenças e lesões.1
26
Unidade 1
Para concluir
O consumo de álcool não afeta a todos de maneira homogênea. Como apresentado ao longo
da seção, alguns segmentos da população são mais vulneráveis, seja por um aspecto mais
fisiológico, como é o caso do sexo biológico e da idade, seja pelo contexto em que se encon-
tram, como é o caso dos universitários e de jovens, adultos e idosos durante a pandemia de
Covid-19.
Com relação ao sexo biológico e idade, esses são fatores que influenciam sobremaneira os
efeitos do álcool; pautam desde a diferença de recomendações de consumo moderado até a
recomendação de que crianças e adolescentes não devem consumir álcool.
Além dessas condições amplamente biológicas, existem fatores ambientais que afetam a re-
lação entre o indivíduo e o álcool. Devido ao cenário atual da pandemia de Covid-19, e tam-
bém devido às consequências que permanecerão após a pandemia, a consideração destes
fatores ambientais deve ser ainda mais salientada: com o isolamento social e a redução do
poder econômico de larga parte da população, é esperado um aumento de consumo nocivo
de álcool, especialmente em pessoas com alguns sintomas frequentes nesse cenário, como
depressão e ansiedade.
27
Unidade 1
28
Unidade 1
Fatores biológicos:
Biológico
• predisposições genéticas
• condições físicas
• temperamento • raça
Saúde
mental
Psicológico Social
• maneiras de • influência dos pares
enfrentamento • mensagens sociais
• habilidades sociais • relações
familiares
29
Unidade 1
O modelo, naturalmente, não é imune a imprecisões e alguns aspectos ficam divididos entre
dois ou mesmo três desses campos, mas, dividindo os polos principais de influência, é uma
ferramenta didática útil.
No que toca à etiopatogenia dos transtornos relacionados ao uso do álcool, temos, portanto,
os fatores detalhados a seguir.
Fatores biológicos
Acredita-se que entre 45-65% da predisposição ao uso nocivo de álcool tenha fundo gené-
tico.35 Os principais genes estudados até o momento seriam o ADH1B e o ALDH2, ambos re-
lacionados à metabolização do álcool. Em populações do Extremo Oriente, variações desses
genes provocariam um comprometimento das enzimas metabolizadoras do álcool, gerando
assim uma diminuição da tolerância da ingesta deste e funcionando como um consequente
fator de proteção ao uso nocivo da substância.35
30
Unidade 1
Fatores psicológicos/comportamentais
Os principais modelos teóricos que explicam a associação entre uso de álcool e característi-
cas psicológicas indicam que essas seriam as da regulação de afeto positivo e regulação de
afeto negativo.36
afeto positivo
afeto negativo
Afora estes modelos, alguns padrões comportamentais como o contato precoce com o ál-
cool37 e o consumo mais intenso ou frequente, também são dignos de nota.
31
Unidade 1
Fatores sociais
O consumo de álcool é um dos comportamentos cujo fundo social é mais bem estudado.36 A
exposição ao uso de álcool intrafamiliar, na infância, e por pares, na adolescência e no início
da idade adulta, são fatores de risco bem documentados e com forte associação ao uso no-
civo de álcool.
socialização
causa e seleção
O segundo (causa e seleção) é utilizado para explicar a intensificação do uso de álcool entre
indivíduos que já utilizam-no intensamente: isso pode servir como um elemento de
aproximação e identificação entre indivíduos que já possuiriam um comportamento nesse
sentido, destoante do resto do grupo, e que consequentemente estimularia o uso ainda
mais intenso do álcool, como elemento de identificação, e assim por diante.
Do ponto de vista cultural, entende-se que crenças difundidas em determinados grupos cul-
turais40, seja no sentido de “enaltecer” ou “glorificar” (exemplo: atribuir ao mesmo melho-
res resultados sociais ou sexuais) o uso do álcool, seja no sentido de “vilanizá-lo” (exemplo:
classificá-lo como uma substância perigosa; tornar o seu uso um pecado, de acordo com a
religião vigente naquele grupo) também possuem consequências perceptíveis no padrão de
uso daquele grupo.
32
Unidade 1
33
Unidade 1
Tomar outra
dose da droga
Sentir-se bem!
ou consumir
mais álcool.
O efeito da droga
acaba/diminui;
sintomas de retirada;
sentir-se mal.
Quebre
o círculo!
Fonte: Adaptado de Drug detox – how to stop taking drugs safely – detox plus UK. 43
Outros pontos dignos de nota neste movimento translacional relatado dentro do círculo biop-
sicossocial seriam: o fato de, dentro da teoria social “causa e seleção”, termos também
indivíduos com dificuldades sociais utilizando o álcool como ferramenta de identificação e
inserção social, e termos também diversos fatores parentais possuindo correlação estatís-
tica com o consumo nocivo de álcool pelos filhos. Aqui, encontramos tanto fatores de risco,
principalmente relacionados ao uso de álcool pelos pais, quanto de proteção, igualmente
resumíveis em torno de uma parentalidade positiva.44
34
Unidade 1
Diagnóstico
O diagnóstico dos transtornos relacionados ao uso de álcool é clínico e se baseia eminente-
mente no relato do paciente em questão e/ou de seus familiares e acompanhantes.
35
Unidade 1
Como veremos mais adiante, o diagnóstico de dependência seria mais grave, e o primeiro
(uso nocivo de álcool), um diagnóstico de exclusão para o encaixe de indivíduos que, embora
possuindo uma relação disfuncional com o álcool, não preenchem critérios para a dependên-
cia da substância dentro das especificações deste manual.
36
Unidade 1
A. Três ou mais das seguintes manifestações devem ter ocorrido conjuntamente por pelo menos
1 mês ou, se persistindo por menos de 1 mês, elas devem ter ocorrido em conjunto, repetidamente,
dentro de um período de 12 meses.
Resumo didático
3 ou mais dos seguintes sintomas:
• tolerância;
• compulsão;
• perda de controle;
• síndrome de abstinência;
• negligência de atividades/tempo gasto;
• uso apesar do prejuízo.
37
Unidade 1
Imagem esquemática dos critérios para diagnóstico do uso nocivo de álcool conforme a CID-10.
38
Unidade 1
PROBLEMAS
Uso nocivo
ou abuso
Dois Um
Dependência
CONSUMO
Consumo de
baixo risco
Três Quatro
39
Unidade 1
O gráfico expõe, portanto, no eixo horizontal, o padrão de consumo, e no eixo vertical, a no-
cividade do uso. O diagnóstico de dependência corresponderia ao denominado Quadrante 1,
de dependência com nocividade, lembrando que o Quadrante 4 seria um quadrante virtual: a
dependência de álcool sendo um transtorno mental, pois não há dependência sem prejuízo.
40
Unidade 1
DSM-5
Aqui, é válido ressaltar, como foi dito, que a CID-10 é a classificação diagnóstica oficial vi-
gente, e que a sua capacidade de aplicação dos critérios diagnósticos basta, ou seja, não é
necessário o conhecimento de outros manuais ou versões.
Entretanto, entende-se, pelo fato de a classificação vigente datar de 1994 e pela previsão
de atualização dos critérios (com a CID-11) estar dentro do próximo quinquênio50, que a dis-
cussão de tendências na compreensão científica do uso prejudicial de álcool seja relevante.
O Transtorno por Uso de Álcool se propõe a ser um diagnóstico abrangente, e de certa for-
ma espectral, que abarca desde o indivíduo com um grau leve de sintomas até o outro com
uma grave dependência. A gravidade do transtorno é classificada conforme a quantidade de
critérios preenchidos.
Gravidade do transtorno:
• moderada: se com 4 ou 5
sintomas; e
41
Unidade 1
Considerando que 70% dos brasileiros não possuem acesso a outro sistema de saúde que
não o SUS53, e que os outros 30% se encontrariam pulverizados entre diversas redes, foca-
remos nossa atenção na articulação dos transtornos relacionados ao uso de substâncias no
SUS.
Dentro dos preceitos teóricos vigentes, o SUS possui uma hierarquização da atenção onde a
maior parte dos casos deve ser atendida na chamada Atenção Primária. Casos que inspirem
maior complexidade podem ter de ser encaminhados para níveis de cuidado cada vez mais
dispendiosos e específicos, seguindo a chamada “pirâmide” de complexidade do SUS, con-
forme apresentada abaixo.
ALTA
COMPLEXIDADE
MÉDIA
COMPLEXIDADE
ATENÇÃO BÁSICA
42
Unidade 1
Os equipamentos de saúde responsáveis pela maior parte dos casos de transtornos relacio-
nados ao uso de álcool devem se situar na Atenção Básica, portanto. No caso do SUS, e para
os referidos transtornos, estes equipamentos seriam as UBS, alinhadas à Estratégia de Saú-
de da Família (ESF), e os CAPS- AD, pertencentes à chamada Rede de Atenção Psicossocial,
também alinhados a uma política de atenção à saúde comunitária, como veremos melhor a
seguir.
43
Unidade 1
A aplicação destes princípios se mostra uma excelente ferramenta para o cuidado com o
uso nocivo de álcool. Sabemos que, com menos de 10% dos pacientes com critérios para
transtorno por uso de álcool recebendo qualquer tipo de tratamento, este seria considerado
o grupo de transtornos mentais com menor índice de população em tratamento57,58. Nesse
sentido, a ESF pode auxiliar enormemente na superação de barreiras.
Alguns dos pontos importantes que podem ser ajudados pela ESF podem ser vistos no quadro
a seguir.
No contexto da Atenção Primária, pacientes que venham para uma consulta de rotina podem (e devem)
ter o seu padrão de consumo de álcool questionado, e pacientes com queixas clínicas com relação
possível com o uso de álcool podem ter este problema igualmente detectado, se feita uma anamnese
cuidadosa.
Sabe-se que a chamada psicofobia (estigma e preconceito em relação a tudo que for relacionado à
saúde mental, notadamente diagnósticos psiquiátricos) ainda é uma barreira importante à procura de
ajuda, e, embora este preconceito esteja vendo avanços em outros campos, no caso do uso nocivo de
álcool essa estigmatização teve avanços muito mais tímidos.59 Neste sentido, o estabelecimento de
um vínculo com um profissional de saúde não especialista focal no assunto e mesmo uma abordagem
indireta (falando sobre os problemas clínicos que circundam o uso de álcool, por exemplo) podem ser
bem bastante eficazes.
44
Unidade 1
Você sabia?
Estudos europeus mostram, por exemplo, que menos de 6% dos pacientes aos
quais o rastreamento se aplicava fizeram de fato o rastreamento para transtornos
relacionados ao uso de substâncias58, e o diagnóstico, quando feito, muitas vezes
é baseado em observações anedóticas, como chegada do paciente com os olhos
vermelhos, volume de uso de álcool e aumento de enzimas hepáticas, ao invés de
critérios diagnósticos existentes.58
45
Unidade 1
Na carona desse movimento, surgiram centros que buscavam oferecer tratamento a pa-
cientes portadores de transtornos mentais graves a ponto de impedirem uma vida funcional
satisfatória (por exemplo: ter um emprego formal), mas com condições de conviverem em
sociedade, em modelo comunitário: ali surgiam os chamados Centros de Atenção Psicosso-
cial, ou CAPS.61
Um dado importante a ser reiterado em relação aos CAPS é que os mesmos possuem pacien-
tes portadores de “intenso sofrimento psíquico”61: são pacientes portadores de transtornos
mentais graves, não raro com histórias de múltiplas internações psiquiátricas, cujo trata-
mento proposto pelo CAPS costuma se dar de forma intensiva (diária ou algumas vezes por
semana, em horário comercial, na maioria das vezes.).61
Nesse cenário, portanto, em 2002, surgiram os chamados CAPS-AD, voltados para a popula-
ção que faz uso de álcool e outras drogas. Embora esta corrente de pensamento esteja sen-
do objeto de mudanças nos últimos anos (como será visto melhor no módulo 02), os CAPS-AD
são um equipamento de saúde fortemente baseado na política de redução de danos61:
46
Unidade 1
Para concluir
Nesta seção, enfim abordamos como a Saúde lida com problemas relacionados ao consumo
de álcool. Por meio de manuais diagnósticos, vimos que é possível obter um corpo de litera-
tura, com ampla consonância.
Sob esse prisma da complexidade, devemos sempre considerar esses manuais como guias
norteadores, mas que, todavia, não conseguem – e nem tentam – escrutinar cada particula-
ridade do indivíduo diagnosticado. Há sempre características que irão escapar das conside-
rações delineadas nos manuais, mas que, ainda assim, não retiram o imenso valor que essas
padronizações diagnósticas possuem.
47
Unidade 1
Considerações finais
Ao longo desta unidade, abordamos conceitos fundamentais para o entendimento do consu-
mo de álcool em nossa sociedade. Ao longo da construção dos conceitos, fizemos uma linha
semelhante ao funcionamento de uma empreitada científica: partimos do básico e chegamos,
por fim, em questões mais práticas.
Pense no que foi abordado nesta última seção. A consistência entre os estudos que tornaram
possível as categorias diagnósticas relacionadas ao consumo de álcool não seria possível se
não existisse uma concordância, por parte de pesquisadores ao redor do mundo, sobre o que
é uma dose padrão e o que são padrões de consumo. Os conceitos aqui abordados, portanto,
percorrem um enorme caminho de pesquisa, e uma noção básica destas etapas é extrema-
mente salutar para qualquer profissional da Saúde que lide com a temática do consumo de
álcool.
48
Unidade 1
Exercícios de Fixação
Você finalizou o conteúdo multimídia. Que tal testar o seu conhecimento sobre
os assuntos discutidos nessa unidade?
A. É a dose que o indivíduo mede de acordo com seu consumo, sendo relevante para
estabelecer a frequência de uso (semanal ou mensal).
B. É uma quantidade definida de álcool puro, com equivalência entre os diferentes tipos
de bebida. A partir disso, padrões de consumo podem ser objetivamente definidos.
B. Mulheres idosas.
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Unidade 1
A. É uma ferramenta para a compreensão dos fatores etiológicos do uso nocivo de ál-
cool, considerando aspectos fisiológicos, comportamentais e culturais.
D. Não se articula com os transtornos relacionados ao uso de álcool, pois estes têm
uma etiopatogenia definida e única: o álcool. Não há outros fatores que influenciam
o uso nocivo dessa substância.
4. De acordo com a CID-10, qual a diferença entre uso nocivo e dependência de álcool?
A. São a mesma categoria diagnóstica, sendo que o “uso nocivo” refere-se ao compor-
tamento e a “dependência” refere-se ao indivíduo.
B. Uso nocivo não está presente na CID-10, apenas dependência. Uso nocivo é uma ca-
tegoria utilizada apenas em estudos.
C. Um é pior que o outro, sendo que a dependência só pode ser diagnosticada a partir
da confirmação do diagnóstico prévio de uso nocivo.
D. O diagnóstico de uso nocivo de álcool abrange indivíduos que apresentam uma rela-
ção disfuncional com o álcool; porém, não preenchem critérios para a dependência
da substância.
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Unidade 1
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Unidade 1
Gabarito
Questão 1:
Alternativa Correta: B
Comentário:
Dose padrão é a unidade de medida que define a quantidade de etanol puro contido nas
bebidas alcoólicas. Uma dose padrão equivale, em geral, a uma determinada quantidade de
álcool e, de acordo com o teor alcoólico das bebidas, pode equivaler a volumes maiores ou
menores. Isso significa que, para uma bebida com maior teor alcoólico, menor o volume de
uma dose padrão.
Questão 2:
Alternativa Correta: C
Comentário:
Como discutido na seção 3 da Unidade 1, o álcool não afeta a todos de maneira homogênea.
Entre os fatores biológicos, a idade e o sexo biológico são muito importantes. Por esse
motivo, crianças, adolescentes, idosos e pessoas do sexo feminino merecem especial
atenção.
Questão 3:
Alternativa Correta: A
Comentário:
Como articulado na seção 4 da unidade 1, a etiopatogenia dos transtornos relacionados ao
uso de álcool é multifatorial, e pode ser melhor entendida dentro do modelo biopsicossocial.
No que toca à explicação etiopatogênica, portanto, o modelo agrupa os fatores
predisponentes para o aparecimento de um transtorno mental dentro do campo biológico
psicológico/comportamental, e social.
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Unidade 1
Questão 4:
Alternativa Correta: D
Comentário:
Uso nocivo e dependência, enquanto categorias diagnósticas, são essenciais para a prática
dos profissionais de saúde que lidam com a temática, assim como para os pesquisadores
que estudam o tema. A CID-10 divide o consumo regular patológico de álcool em dois
diagnósticos: o uso nocivo de álcool (F10.1) e a Síndrome de Dependência de Álcool (F10.2).
Questão 5:
Alternativa Correta: B
Comentário:
A situação epidemiológica do consumo de álcool durante a pandemia de Covid-19 ainda está
sendo avaliada, mas sabe-se que as medidas implementadas pelos governos com o intuito de
impedir a propagação do vírus – em especial, o isolamento social – além do próprio cenário
da pandemia, associado ao aumento de estresse, ansiedade e incertezas, podem agravar o
uso nocivo de álcool.
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Unidade 1
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