JAS21082020
JAS21082020
JAS21082020
JOÃO PESSOA
2020
JACIEL ALBUQUERQUE DE SOUZA
JOÃO PESSOA
2020
Catalogação na publicação
Seção de Catalogação e Classificação
UFPB/BC
AGRADECIMENTOS
A Deus.
A meus pais, por todo o amor, educação, proteção e apoio em minha jornada.
A minha companheira Samara, que amo muito e devo agradecer eternamente por estar
ao meu lado em todos os momentos.
Aos técnicos do CTDR, em especial a João Bosco e Natasha, por toda a aprendizagem
e bons momentos vividos.
Aos amigos André, José Carlos e todos os estudantes que tive o prazer de conhecer, por
todos os momentos felizes que tivemos.
RESUMO
O queijo ralado seco é um produto pronto para o consumo e utilizado como ingrediente
industrial produzido através da cominuição fina de queijos duros e secagem em leito fluidizado,
composto por um tipo de queijo ou por uma mistura de até quatro queijos de baixa umidade. A
perda de gordura, a produção de partículas muito finas e a adesão de queijos às lâminas durante
a ralagem varia de acordo com características reológicas e de composição. Este trabalho tem o
objetivo de avaliar a influência das características de textura instrumental e do congelamento
na cominuição e secagem em estufa com circulação forçada de ar dos queijos maturados Reino,
Minas Padrão e Provolone. A textura instrumental foi analisada pelos métodos de compressão
uniaxial e relaxação de tensões. As amostras foram congeladas e cominuídas em processador
industrial de bancada com disco de 3mm de diâmetro de abertura e foram secas em estufa com
circulação forçada de ar a 30°C. Após a secagem foram analisados a umidade, teor de gordura,
proteína total, aw e pH. O Reino apresentou a maior tensão de ruptura, seguido do Minas padrão
e do Provolone. O Provolone foi o mais elástico, característica esperada de um queijo de massa
filada e o Reino foi o mais firme. Os ensaios a baixa deformação mostraram que o Reino
também apresentou o componente elástico e o tempo de relaxação elevados, o que pode explicar
os valores elevados de firmeza e dureza obtidos no teste de ruptura. O Minas Padrão apresentou
os menores valores por ser um queijo macio. Os queijos congelados ralados apresentaram
tamanho e forma regulares, sem formação de partículas finas e sem agregação de partículas ou
adesão às lâminas. As amostras necessitaram de aproximadamente 16 horas para atingir a
umidade de equilíbrio durante a secagem, e o Reino teve a menor perda de água e de gordura
no processo. O Minas Padrão teve a maior redução em seu teor de umidade e o Provolone em
teor de gordura. O período de taxa de secagem constante não foi facilmente observado, o que
pode ser causado pelas características de cada queijo e pela liberação de gordura durante o
processo, que cria uma camada na superfície da partícula e dificulta a saída do vapor de água.
Foi possível concluir que o congelamento prévio otimizou o processo de ralagem de queijos
maturados e que o processo de secagem em estufa com circulação forçada de ar precisa ser
aprimorado para viabilizar a produção.
Dried grated cheese is a product ready for consumption and used as an industrial ingredient
produced through the fine comminution of hard cheeses and drying in a fluidized bed,
composed of one type of cheese or a mixture of up to four types of low moisture cheeses. Fat
exudation, production of fines and adhesion to the blade during grating varies according to
rheological and composition characteristics. The objective of this experiment was evaluate the
influence of instrumental texture characteristics and freezing on size reduction and drying in
forced air oven of the ripened cheeses Reino, Minas Padrão and Provolone. The instrumental
texture of the cheeses was done by uniaxial compression and stress relaxation tests. The samples
were frozen and comminuted in an industrial bench processor with a shredding disc with 3mm
apertures and were dried in a forced air oven at 30°C. After drying, moisture content, fat
content, total protein content, aw and pH were analyzed. Reino had the highest breaking stress,
followed by the Minas Padrão and Provolone. Provolone was the most elastic, expect
characteristics of a stretched curd cheese. Reino was the firmest cheese analyzed. The Reino
also had a high elastic component and a high relaxation time, which may explain its high
firmness and hardness, and Minas Padrão showed the lowest values for being a soft cheese. The
shredding produced regular size and shape particles, without production of fines and matting or
adhesion to the blade. The samples required approximately 16 hours to reach equilibrium
moisture content during drying, and the Reino had the least loss of water and fat in the process.
Minas Padrão had the greatest reduction in moisture content and Provolone in fat content. The
period of constant drying rate was not easily observed, which can be caused by the
characteristics of each cheese and by the exudation of fat during the process, which creates a
layer on the surface of the particle and makes it difficult for steam escapes. It was possible to
conclude that the pre-freezing optimized the grating process of ripened cheeses and that the
forced air oven drying process needs to be improved to enable the production of dried ripened
grated cheese by this process.
Key words: Ripened cheese, Grated cheese, Instrumental texture, Cheese drying
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 9
2 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 11
4.1 MATÉRIA-PRIMA................................................................................................... 24
6 CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 38
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 39
1 INTRODUÇÃO
Além do consumo direto do queijo in natura, o queijo pode ser processado para ser
utilizado como ingrediente alimentício agregando sabor, aroma, aparência e propriedades
adesivas ao produto. O queijo ralado pode ser composto apenas por um tipo de queijo ou por
uma mistura de até quatro queijos de baixa umidade, parcialmente desidratado ou não
(BRASIL, 1997). Os processos de secagem são utilizados para aumentar a vida útil dos
alimentos, sendo um dos processos mais antigos empregado em escala industrial, por ser
relativamente simples, de fácil aplicação e de baixo custo em comparação com outras operações
unitárias (TADINI, 2016).
9
Não foram identificados artigos que estudassem a viabilidade tecnológica de produção
de queijo maturado ralado seco por meio de secagem em estufa com circulação forçada de ar,
o que além de potencialmente ser um novo produto no mercado, viabilizaria a produção por
parte de pequenos e médios produtores.
10
2 OBJETIVOS
11
3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 QUEIJO
Queijos podem ser obtidos de forma natural ou coagulados por enzimas com uso de
coalhos ou outros tipos de coagulantes adicionados de forma intencional, ou ainda por
coagulação ácida com adição de ácidos orgânicos. Pelo método natural, bactérias lácteas
endógenas que degradam a lactose produzem ácido lático, promovendo a coagulação das
caseínas, proteínas específicas do leite. No método com uso de ácido lático a quente o leite
atinge seu ponto isoelétrico a pH 4,6. O resultado para ambos os métodos é a formação de um
coágulo (rede proteica) composta de proteínas e gordura, e uma fração aquosa (soro), sendo o
método enzimático o mais usado pelas indústrias de laticínio. O resíduo do processo, chamado
de soro ou lactosoro, é comumente aproveitado como matéria prima para produção de derivados
lácteos como iogurtes, ricotas e bebidas lácteas (PERRY, 2004).
Os queijos podem ser classificados pelo tipo de leite utilizado na fabricação e fatores
como o teor de gordura, o tipo de coagulação, a consistência da pasta, o tipo de casca e o tempo
de cura (PERRY, 2004).
Os queijos são classificados quanto ao seu estado de maturação como frescos, que não
sofrem maturação, possuem umidade acima de 48%, são perecíveis e de consumo imediato; e
12
maturados, que por sua vez são armazenados em condições controladas de umidade e de
temperatura que proporcionam transformações físicas, químicas e bioquímicas durante a
maturação que pode durar semanas, ou até anos, a depender do tipo de queijo (BRASIL, 1996).
Os queijos também podem ser classificados quanto aos percentuais de gordura no extrato seco
(GES), podendo ser: extra gordo, gordo, semi-gordo, magro e desnatado. Quanto ao percentual
de umidade os queijos apresentam-se como sendo de baixa umidade, média, alta umidade e
muito alta umidade (BRASIL, 1996), como pode ser conferido na tabela 1.
Tabela 1: Classificação dos queijos no Brasil quanto aos percentuais de umidade e matéria
gorda regulamentada pelo Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Queijos
(RTIQQ).
Minas Padrão é um queijo de origem brasileira e estima-se que sua fabricação começou
em Minas Gerais no século XIX. É um queijo de massa crua, produzido com leite integral
padronizado, com adição de fermento lático mesófilo. É um queijo prensado mecanicamente e
seu tempo de maturação dura de 20 a 30 dias em câmara fria a 10°C a 12°C (SÁ et al., 2012).
Possui coloração branco-creme e casca fina amarelada. É um queijo macio, mas firme e seco,
com sabor pronunciado, um pouco ácido e com olhaduras irregulares. Tem formato cilíndrico
e seu peso varia entre 800g a 1200g (ABIQ, 2019).
13
3.1.2 Reino
O queijo Reino é um queijo tradicional brasileiro derivado do Edam holandês que era
trazido do Reino de Portugal. O seu consumo sempre foi sazonal e mais comum na região
nordeste brasileira, sendo comercializado em temperatura ambiente (FURTADO, 2008).
O Reino possui características únicas como textura mais resistente, coloração interna
alaranjada e casca fina de coloração vermelha ou róseo. Este tipo de queijo exige uma
maturação mais prolongada, tradicionalmente em torno de 40 dias, agregando valor ao produto.
Comparado ao Edam, o Reino era mais seco, mais firme e possuía sabor mais pronunciado que
o Edam.
A embalagem de metal hermeticamente fechada não era comum na Europa, mas era
presente nos queijos exportados para que o produto suportasse o transporte nos porões dos
navios à temperatura ambiente. Atualmente, essa embalagem ainda é utilizada pelos fabricantes
mais tradicionais do mercado, agregando valor ao produto (FURTADO, 2007; FURTADO,
2008).
3.1.3 Provolone
O queijo provolone fresco pode ter adição de manteiga, sendo denominado de Butirro
(BRASIL, 2017). Sua textura e consistência são próximos aos da muçarela e deve ser
consumido em até 20 dias em sua variação fresco.
O Provolone curado pode ser produzido com leite cru ou pasteurizado, não prensado,
enformado ou não, com consistência dura, untada e quebradiça. Tem crosta firme, lisa,
resistente, destacável e de coloração amarelo-parda, com sabor e odor picantes e deve ser
maturado por um período mínimo de 2 meses (PERRY, 2004).
14
3.2 MERCADO
De todo o leite produzido no Brasil, um a cada três litros são destinados para a fabricação
de queijos. O Brasil, em 2015, produziu cerca de 34 bilhões de litros de leite. Desse volume,
32,4%, ou seja, 11 bilhões de litros foram transformados em queijos, segundo a Associação
Brasileira das Indústrias de Queijo (ABIQ) (REVISTA BALDE BRANCO, 2016). Em estudos,
Fox (2011) faz menção a importâncias dos derivados lácteos e aponta a existência de mais de
1.000 variedades diferentes. Somados aos queijos importados são mais de 200 tipos disponíveis
(EMBRAPA, 2018).
No Brasil o consumo anual de queijos cresceu, atingindo a marca de 2,3 kg per capita,
mas ainda é menor quando comparado aos países europeus e a Argentina. Os queijos de maior
preferência do consumidor brasileiro são muçarela, com 30% do mercado, seguido do queijo
prato (20%), requeijão (8%) e minas frescal (6%). Entre os queijos fundidos a ABIQ mostra
um aumento significativo na produção de requeijão cremoso nas duas últimas décadas,
chegando a atingir cerca de 23.0000 toneladas, o que significa 27% de toda a produção de
queijos realizada no Brasil, sendo o segundo queijo mais consumido no Brasil no ano de 2015
(ABIQ, 2015).
Além do consumo direto, o queijo pode ser utilizado como ingrediente alimentício para
agregar sabor, aroma, aparência e propriedades adesivas. Para que essas propriedades sejam
utilizadas, o queijo precisa passar por processamentos que para aumentar a vida útil e otimizar
etapas no processo de produção dos produtos, sendo a secagem o mais efetivo a nível industrial
(FOX et al., 2000a; GUINEE e KILCAWLEY, 2004; GUINEE; 2011).
15
que resultam em produtos com sabores e texturas diferenciadas. Na indústria podemos
encontrar várias aplicações para essas tecnologias, como a produção de queijo frescais a partir
do retentado do leite, na pré-concentração e fracionamento de proteínas do leite e do soro de
leite, proteínas lácteas desidratadas e queijo em pó (MAUBOIS, 1991; BRANS et al, 2004).
Certas características são preferíveis para a produção de queijo ralado, como teores
relativamente baixos de umidade (30 a 34% m/m), gordura em base seca (39% m/m),
fragilidade e características elásticas de fratura. Níveis mais elevados de umidade (acima de
21% m/m) são mais propícios à aglomeração e ao desenvolvimento de off-flavours,
principalmente sob exposição ao ar (HERMANN, 1993). A combinação dessas características
leva a uma maior eficiência na redução de tamanho, minimizando a suscetibilidade a exsudação
e formação de aglomerados. Parmesão e pecorino são as variedades de queijo que mais se
adequam a esses critérios (GUINEE e KILCAWLEY, 2004).
3.3.4 Queijos em pó
16
(KILIC et al., 1997; VARMING et al., 2013; ERBAY et al., 2015). O queijo em pó é um produto
que chega como uma tendência de mercado e consumo crescente em todo o mundo, devido a
sua versatilidade e por ser de fácil manipulação (GUINEE, 2011), aplicado com a intenção de
melhorar aspectos sensoriais como sabor e sensação bucal de produtos alimentícios (FOX et
al., 2000a; GUINEE e KILCAWLEY, 2004; GUINEE, 2011).
O método de obtenção desse produto tem sido por atomização (spray draying) e ocorre
em 4 estágios: no primeiro, a formação de uma mistura onde forma-se uma emulsão; no
segundo, a emulsão é aquecida a temperatura elevadas seguido de agitação em Turrax até obter
uma mistura de queijo fundido; no terceiro, é feita uma homogeneização em um
homogeneizador a pressões controladas; e no último estágio a mistura é seca por atomização
sob condições de temperatura e pressão controladas. (FOX et al., 2000a; GUINEE et al., 2004;
GUINEE, 2011; VARMING et al., 2013).
17
aglomeração das partículas ou produzir pedaços muito irregulares e quebradiços, além de
possíveis desperdícios pela produção de partículas muito finas (KINDSTEDT, 1995; DUBUY
e DUBUY, 1980).
3.5 SECAGEM
O processo de secagem pode ser representado por uma curva típica da secagem de
alimentos em bandejas (figura 1). Nesse método, o alimento é disposto em bandejas e exposto
à passagem transversal de ar atmosférico com determinada temperatura e vazão, perdendo
massa de água para o ar.
18
O Segmento AB representa o início do processo, onde o produto ainda está se adaptando
à temperatura do ar de secagem, removendo apenas a umidade localizada na superfície do
produto (MACHADO et al., 2008). A temperatura do material tende a se igualar à temperatura
de bulbo úmido, mas nem sempre esse valor é atingido em todo o alimento, pois isso depende
do tamanho do sólido. Ao ser atingida a temperatura de bulbo úmido, é iniciado o período de
secagem a taxa constante (segmento BC), onde a água no interior do alimento migra para a
superfície do material na mesma velocidade em que a água na superfície evapora, causando a
perda de umidade em velocidade constante. O decréscimo da taxa de secagem no ponto C
representa que a umidade crítica do sólido foi atingida e a água passa a migrar principalmente
por capilaridade e a temperatura do material supera a temperatura de bulbo úmido. No estágio
final de secagem (segmento DE) a velocidade é controlada pela difusão interna de umidade. A
medida em que a quantidade de água diminui, a taxa de difusão interna também é reduzida, até
atingir a umidade de equilíbrio (ponto E) (MACHADO et al., 2008; TADINI, 2016).
19
Para obter os valores de taxa de secagem utiliza-se equações de transferência de calor e
massa (MACHADO et al., 2008).
𝑑𝑈
= 𝑘𝑝 𝐴(𝑃𝑆 − 𝑃̅ ) (1)
𝑑𝑡
Onde:
𝑑𝑈
= 𝑘ℎ 𝐴(𝑈𝑆 − 𝑈) (2)
𝑑𝑡
Onde:
20
Segundo Daudin (1983), se a energia térmica necessária para evaporação é proveniente
de um gás quente ocorre o equilíbrio dinâmico entre a velocidade de transferência de calor e a
evaporação da água presente na superfície.
𝑑𝑄 𝑑𝑈
= 𝜆 𝑑𝑡 (3)
𝑑𝑡
Onde:
E = σ/ε (4)
21
Quando a força age em sentido paralelo em relação á superfície do material, a tensão é
denominada tensão de cisalhamento (τ), o que gera uma reação de deformação designada de
deformação de cisalhamento (𝛾̇ ), que corresponde ao módulo de rigidez (G), podendo ser
expresso através da equação 5 (RAO, 1992):
G = τ/𝛾̇ (5)
Um exemplo de teste de textura instrumental que pode ser aplicado na análise de queijos
é a compressão uniaxial, onde o material é comprimido até que seja causada a fratura da sua
estrutura. Com esse método se obtém os valores de tensão de ruptura, deformação de ruptura e
módulo de elasticidade, que podem ser correlacionados com características sensoriais como
dureza, elasticidade e firmeza, respectivamente (FOX et al., 2000b)
22
aumentando a rigidez e a elasticidade da rede proteica. O aumento da temperatura torna a
gordura mais fluida, reduzindo a elasticidade, a dureza e a firmeza (FOX et al., 2000b).
23
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 MATÉRIA-PRIMA
No total foram utilizados neste estudo 03 (três) tipos de queijos: Reino, Provolone e
Minas padrão, que foram adquiridos no mercado de João Pessoa – PB, em fevereiro de 2019.
Na ocasião da aquisição, os queijos apresentaram data de fabricação e validade de acordo com
a legislação vigente.
24
A partir dos dados obtidos foram calculados a tensão (σ) e deformação de Hencky (εH),
através das equações 6 e 7, respectivamente.
𝐹(𝑡) 𝐻(𝑡)
𝜎 =(𝐴 )×( ), (6)
0 𝐻0
Onde:
Onde:
A tensão de ruptura (σrup) foi determinada pela tensão no primeiro ponto de máximo da
curva σ-εH e a deformação de ruptura (εHrup) pela a deformação correspondente à tensão de
ruptura. O módulo de elasticidade (E) foi determinado pelo coeficiente linear do início da curva
σ-εH, onde a deformação do material apresenta comportamento linear (CUNHA, 2002).
25
tensões no material deformado em função do tempo (RAO, 1992). As diferentes tensões
aplicadas têm o objetivo de garantir que o teste tenha sido realizado dentro da faixa de
deformação linear das amostras. As faixas de deformação linear das amostras foram
determinadas através dos ensaios de compressão uniaxial.
𝜎0 ∙𝜏
(𝜎 ) = 𝑘1 + 𝑘2 ∙ 𝜏 , (8)
0 −𝜎(𝑡)
Onde:
τ = Tempo de relaxação;
k1 e k2 são constantes.
O tempo de relaxação em que a tensão atinge 75% do valor de σ0 (σ0,75) foi determinado
pela Equação 9.
𝑘
𝜏0,75 = 4−𝑘1 , (9)
2
A tensão não relaxada ao final do ensaio (SR) foi determinada utilizando a Equação 10.
1
𝑆𝑅 = 1 − 𝑘 , (10)
2
26
4.3 RALAGEM E SECAGEM DOS QUEIJOS
4.3.1 Ralagem
4.3.2 Secagem
Os papéis filtro utilizados nas etapas 4.4.1 e 4.4.2 foram secos em estufa a 105°C durante
3 horas para remoção da umidade, resfriados em dessecador e pesados em balança de precisão.
27
Onde:
A massa de água nos papéis foi calculada como a diferença de massa após
realizar a secagem de papéis filtro limpos, de massa conhecida, em estufa a 105°C. A matéria
seca foi obtida por meio da análise de umidade dos queijos ralados secos.
Os queijos ralados secos foram analisados através das metodologias listadas em 4.2.1.
28
• e pH (em pHmetro Even, modelo PH-E2E) (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1985).
29
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Fonte: o autor.
30
como o Reino. Essa condição é favorecida pela ação do fermento lácteo que fermenta massa e
promove o abaixamento do pH (> 5,4), favorecendo o surgimento de outros eventos como a
associação do cálcio à caseína a níveis suficientes para se alcançar uma boa filagem e
elasticidade (FOOD INGREDIENTES BRASIL, 2012).
Tabela 2: Propriedades mecânicas obtidas por compressão uniaxial e relaxação de tensões dos
queijos in natura.
31
e mexedura, que implica em maior sinérese, deixando a massa mais desidratada, ou seja, mais
dura e menos elástica (GUNASEKARAN e AK, 2003; GUINEE, 2003; MATEO et al., 2009).
As características reológicas observadas nos queijos in natura indicam que eles não são
apropriados para o processo de ralagem, podendo ocasionar defeitos como a adesão do queijo
às lâminas, liberação de gordura e produção de partículas finas, além da liberação de gordura
observada por Filho (2018) para os queijos Reino e Provolone devido ao aumento da
temperatura durante a cominuição. Assim, adotou-se a proposta de congelar as amostras antes
da ralagem visando melhorar a eficiência do processo por meio da alteração das características
reológicas causadas pelo congelamento e evitar o aquecimento excessivo durante a cominuição,
reduzindo a perda de gordura.
5.2 RALAGEM
32
A Tabela 3 apresenta os valores de gordura liberada durante a etapa de ralagem. Foi
possível observar que houve baixa liberação de gordura variando de 0,076 a aproximadamente
0,140 gramas de gordura/100g de matéria seca, diferentemente do observado por Filho (2018)
na ralagem de provolone e reino in natura. Filho (2018) obteve alta liberação de gordura em
partículas com 3mm de diâmetro. A baixa perda observada no presente estudo com partículas
de 3mm indica que o congelamento melhorou a eficiência do processo de ralagem dos queijos.
5.3 SECAGEM
33
pois a água no material passa a migrar para a superfície principalmente por capilaridade
(TADINI, 2016).
0,45
Minas Padrão
0,4 Reino
Provolone
0,35
Taxa de secagem (% H2O/minuto)
0,3
0,25
0,2
0,15
0,1
0,05
0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6
Umidade (g água/g massa seca)
Fonte: o autor.
34
por diferenças estruturais, já que o Minas Padrão também é um queijo particulado. Como a taxa
de secagem constante se dá quando a velocidade de secagem da água na superfície é igual a
velocidade de movimento da água no interior do alimento para a superfície do mesmo (TADINI,
2016), isso pode explicar a diferença nos valores de taxa de secagem, a umidade em que ela foi
observada e a faixa onde ocorreu. Essa variação no comportamento pode estar relacionada com
as diferentes composições e diferenças no processo de fabricação.
Em todos os casos é perceptível que grande parte da etapa de secagem pode se dar com
baixa taxa de secagem, o que pode justificar o tempo de secagem elevado de aproximadamente
16h a 30oC. Outro fator que pode ter influenciado no comportamento durante a secagem foi a
menor perda de gordura do Reino durante o processo, conforme pode ser observado na Tabela
4.
Além disso, a medida que a mobilidade de água decresce pela secagem, a saída de
gordura é favorecida por encolhimento do material, tendendo a escorrer para fora da matriz,
formando uma espécie de barreira superficial que impede a saída do vapor d’água, e isso pode
estar relacionado com o longo período de secagem necessário para atingir a umidade de
equilíbrio nas amostras.
35
5.5 COMPOSIÇÃO PROXIMAL DOS QUEIJOS RALADOS SECOS
Tabela 5: Médias e desvios padrão da composição proximal, pH e aw dos queijos ralados secos
36
encontraram valor maiores entre (pH 5,8 e 6,2) em pós de queijos quando investigavam os
efeitos de diferentes métodos de secagem com e sem a adição de sais emulsificantes, em
propriedades de diferentes pós de queijos.
O Minas Padrão apresentou o maior teor de proteínas após a desidratação, seguido dos
demais que não apresentaram diferença significativa entre si. Teores de proteínas em queijos
podem variar em função de vários fatores como o teor de proteínas inicial da matéria-prima,
perdas durante o processo e aspectos que envolvem a proteólise durante a maturação.
A concentração final de gordura foi mais elevada no Minas Padrão e Provolone. Erbay
e Koca (2015) avaliaram o comportamento do teor de gordura livre em processo de secagem
por pulverização em diferentes condições de temperatura em pós de queijos branco e
perceberam que a temperatura do ar de saída da câmara afetou o teor de gordura livre causando
uma redução significativa.
37
6 CONCLUSÃO
O Reino se mostrou o queijo mais apropriado para a produção de queijo maturado ralado
seco por apresentar as menores perdas de água e de gordura durante o processamento, já que a
perda de massa é inversamente proporcional ao rendimento e que a gordura é um dos principais
fatores influenciadores nas características sensoriais dos alimentos.
Assim, foi possível concluir através dos dados obtidos que houve melhoria no processo
de cominuição de queijos maturados a partir do congelamento prévio à ralagem. Para a secagem
em estufa com circulação forçada de ar ainda faz-se necessário aprimorar o processo para
reduzir as perdas de gordura, buscando a proximidade com o processo de secagem em secadores
de leito fluidizado, o qual é utilizado industrialmente.
38
REFERÊNCIAS
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1-2, 2004. p. 263-272.
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Setembro de 1997. Regulamento Técnico para Fixação de Identidade e Qualidade de Queijo
Ralado. Diário Oficial da União, 1997.
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1980. p. 52-53.
40
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para quem vive no setor leiteiro. Texto Comunicação Corporativa, São Paulo, 2018. Disponível
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on physical quality of white cheese powder during storage. Journal of Dairy Science, v. 98, n.
12, 2015. p. 8391-8404.
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