Peça - Direito Trabalho

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EXMO. (A). SR. (A).

JUIZ (A) DA 37ª VARA DO TRABALHO DE SÃO


PAULO

Processo: 1257.2022.5.02-0037

FARMÁCIAS REMÉDIO BOM S/A, já qualificada nos autos do


processo em epígrafe, vem, por seu bastante procurador devidamente
constituído, respeitosamente a presença de Vossa Excelência apresentar
Contestação à Reclamatória Trabalhista que lhe move SAMUEL BIGÃO,
também já qualificado nos autos, pelos fatos e fundamentos de direito que
passa a expor:

I - DO RESUMO DOS FATOS

SAMUEL BIGÃO, autor desta Reclamação, ajuizou demanda


trabalhista em 10/01/2022, onde alega que não batia ponto, mas que
trabalhava 12 (doze) horas por dia, em vista disso, pleiteou por horas extras e
reversão da justa causa, afirmando que não cometeu falta grave.
Ademais, requer também adicional de transferência de 25% (vinte e cinco por
cento).

II - DA AUTENTICIDADE DOS DOCUMENTOS QUE INSTRUEM A DEFESA

Os procuradores da Ré declaram, sob as penas da lei, que os


documentos que instruem a presente defesa são cópias autênticas dos
respectivos originais nos termos do artigo 830 da CLT.

“Art. 830. O documento em cópia oferecido para prova


poderá ser declarado autêntico pelo próprio advogado,
sob sua responsabilidade pessoal. (Redação dada
pela Lei nº 11.925, de 2009).”
III - DA PREJUDICIAL DE MÉRITO PRESCRIÇÃO QUINQUENAL

Considerando que a ação fora proposta no dia 10/01/2022 e o contrato


fora resolvido por justa causa em 10/01/2021, requer a declaração em
sentença da prescrição quinquenal de eventuais créditos e direitos anteriores
a 10/01/2017, nos termos do inciso XXIX, artigo 7º da CF/88.

“Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e


rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das
relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco
anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o
limite de dois anos após a extinção do contrato de
trabalho; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 28, de 2000)”

IV - DO MÉRITO

Cita-se que nenhum direito assiste ao Autor no tocante aos pedidos


formulados, o que será demonstrado na defesa e confirmado pelas provas
produzidas nos momentos processuais oportunos.
Desde já, a Ré contesta expressamente as alegações da inicial contrárias ao
arrazoado desta defesa, cabendo o Autor a comprovação de suas alegações,
a teor do disposto no artigo 818, I, da CLT.

“Art. 818. O ônus da prova incumbe: (Redação dada


pela Lei nº 13.467, de 2017)
I - ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu
direito; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)”
V - DO CONTRATO DE TRABALHO

Ressalta-se que Autor fora contratada pela Ré em 04/01/1999 para


exercer o cargo de operador de caixa e, posteriormente, em 04/01/2014, fora
promovido a Gerente Regional de Grupo de Lojas, ocorrendo sua
transferência para Salvador – BA, local onde passou a residir.
Destarte, o Autor fora dispensado por justa em 10/01/2021, por improbidade,
que fora devidamente comprovada através de documentações recolhidas
pelo setor de compliance.
Verificar-se-á no decorrer da contestação que nada é devido ao Autor.
Pelos fundamentos que abaixo se expõem, nota-se que improcedem os
pedidos pleiteados.

VI - REVERSÃO DA JUSTA CAUSA

O Autor alega que fora, indevidamente, dispensado por justa causa. E


afirma que não fora cometida por ele falta grave e requer a sua reversão.
Não vale considerar a fala do Autor, ao solicitar a reversão, levando em conta
os fatos a expor.
Fora comprovado através de documentos encontrados durante processo
administrativo instaurado pelo setor de compliance da instituição, que o
mesmo fraudou movimentações financeiras de duas lojas as quais estavam
sob a responsabilidade do mesmo. Fora constatado o referido crime, ficando
configurado improbidade, o que ensejou na justa causa aplicada de forma
justa pela Ré (documentação do processo administrativo em anexo).
Nesse sentido, vejamos o que diz o artigo 9º da Lei 8.429 de 1992, lei de
improbidade administrativa:

“Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa


importando em enriquecimento ilícito auferir, mediante
a prática de ato doloso, qualquer tipo de vantagem
patrimonial indevida em razão do exercício de cargo,
de mandato, de função, de emprego ou de atividade
nas entidades referidas no art. 1º desta Lei [...]:”
Assim, conforme provas documentais anexadas a esta, não resta
dúvidas que o referido reclamante cometeu crime de improbidade e, ainda,
justifica-se a justa causa.
Por outro lado, a CLT prevê em seu artigo 482, A, que a improbidade
administrativa é uma das situações que constituem justa causa, se não,
avaliemos:

“Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do


contrato de trabalho pelo
empregador:
a) ato de improbidade;”

Por estas razões, o pedido de reversão de justa causa deverá ser julgado
improcedente.

VII - ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA DE 25% – VERBA INDEVIDA

Pretende o autor adicional de transferência de 25% por ter ocorrido


sua transferência de São Paulo para Salvador, Bahia.
O autor trabalhava em uma filial, localizada na cidade de São Paulo, devido
ao seu grande comprometimento da época, fora oferecido uma promoção
para assumir um cargo localizado em Salvador-BA. Vale ressaltar que a
escolha foi facultativa, tendo o mesmo o direito de não aceitar a referida
proposta.
Apesar disso, o Autor acolheu a proposta, ocorrendo sua transferência
definitiva em 04/01/2014. Nesse passo, no tocante à verba pleiteada,
ponderamos o que diz a CLT em seu art.

“Art. 469 - Ao empregador é vedado transferir o


empregado, sem a sua anuência,
para localidade diversa da que resultar do contrato,
não se considerando
transferência a que não acarretar necessariamente a
mudança do seu domicílio.
§ 1º - Não estão compreendidos na proibição deste
artigo: os empregados que exerçam cargo de
confiança e aqueles cujos contratos tenham como
condição, implícita ou explícita, a transferência,
quando esta decorra de real necessidade de serviço.
(Redação dada pela Lei nº 6.203, de 17.4.1975)”

Conforme previsto e, ainda, levando em conta que o colaborador está


em posse de cargo de confiança, não há em que se falar nas proibições
previstas no caput do art. 469, além disso, o § 3º prevê adicional de 25%
apenas nos casos de transferência provisória, não falando nada,sobre a
transferência definitiva:

“§ 3º - Em caso de necessidade de serviço o


empregador poderá transferir o empregado para
localidade diversa da que resultar do contrato, não
obstante as restrições do artigo anterior, mas, nesse
caso, ficará obrigado a um pagamento suplementar,
nunca inferior a 25% (vinte e cinco por cento) dos
salários que o empregado percebia naquela localidade,
enquanto durar essa situação. (Parágrafo incluído
pela Lei nº 6.203, de 17.4.1975)”

Assim, levando em conta que a transferência teve caráter puramente


definitivo, não havendo prazo determinado, não tem o Autor, direito ao
mencionado adicional, importante destacar, ainda, que a transferência
aconteceu em 04/01/2014, sendo o Autor dispensado por justa causa em
10/01/2021. Todavia, conforme documentos anexos, a Ré arcou com o ônus
de todas as demais despesas relativas à mudança do Autor para o seu novo
endereço.
Vale também citar que o Autor, ao optar pela transferência, passou a exercer
a função de gestor, ou seja, cargo de confiança, logo não faz jus ao adicional
requerido.

VIII - HORAS EXTRAS – INDEVIDOS

O Autor requereu a condenação da acionada ao pagamento de horas


extras, sob a alegação de que trabalhava 12 horas diárias e, que ainda, não
efetuava registro de ponto.
Vale citar, novamente, que o Autor, ocupava cargo de confiança, desde 2014.
Nesse contexto, não faz jus, ao que pleiteia, tendo como base o artigo 62,
inciso II da CLT.
Destarde, resta impugnado o referido pedido.

“Art. 62 - Não são abrangidos pelo regime previsto


neste capítulo: (Redação dada pela Lei nº 8.966, de
27.12.1994)
[..]
II - os gerentes, assim considerados os exercentes
de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para
efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes
de departamento ou filial. (Incluído pela Lei nº 8.966,
de 27.12.1994)
Parágrafo único - O regime previsto neste capítulo será
aplicável aos empregados mencionados no inciso II
deste artigo, quando o salário do cargo de confiança,
compreendendo a gratificação de função, se houver,
for inferior ao valor do respectivo salário efetivo
acrescido de 40% (quarenta por cento). (Incluído pela
Lei nº 8.966, de 27.12.1994)”
IX - OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C DANOS MATERIAIS

Em 10/01/2021 o autor foi dispensado, ocorrendo que ao sair da loja


expressamente
insatisfeito, levou consigo um celular e notebook pertencentes a Ré. Nesse
sentido, pleiteia a requerida a devolução dos referidos bens, conforme
disposto no art. 233 do Código Civil:

“Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os


acessórios dela embora não mencionados, salvo se o
contrário resultar do título ou das circunstâncias do
caso.”

Todavia, de acordo com o art. 313 do Código Civil, o credor não é obrigado a
receber prestação diversa daquela que lhe é devida, assim, em caso de
perda, dano, furto ou qualquer outro prejuízo em desfavor dos bens, pleiteia a
Ré danos materiais contra do autor, devendo este ressarcir no todo o prejuízo
causado.

“Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação


diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.”
Tendo em vista o exposto, requer a ré o acolhimento do pedido em sua
integralidade.

X - RESSARCIMENTO DOS BENS EM POSSE INEVIDA DO AUTOR

Vale-se citar, que até o presente momento o Autor permanece em


posse dos bens que são propriedades da Ré, sendo estes:
a) Um aparelho celular;
b) Um notebook.

Assim, considerando o que é disposto no artigo 186 e 927 do Código


Civil e o 8ª da CLT, vem a acionada pugnar pela condenação do Autor, no
que tange ao ressarcimento do valor médio dos bens acima mencionados.
“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,
comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
CLT - Art. 8º - As autoridades administrativas e a
Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou
contratuais, decidirão, conforme o caso, pela
jurisprudência, por analogia, por equidade e outros
princípios e normas gerais de direito, principalmente do
direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e
costumes, o direito comparado, mas sempre de
maneira que nenhum interesse de classe ou particular
prevaleça sobre o interesse público.”

XI - DOS HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA

Requer, na eventualidade de sucumbência total ou parcial do Autor na


presente demanda, seja esse condenado ao pagamento dos honorários (art.
791-A, da CLT), em favor da Ré, não inferior a 5% (cinco por cento) e o
máximo de 15% (quinze por cento), conforme se apurar em liquidação da
sentença.

“Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa


própria, serão devidos
honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de
5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da
sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo
possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)”

CONCLUSÃO:

Diante do que fora exposto, requer sejam julgados totalmente


improcedentes os pedidos da inicial, condenando o Autor ao pagamento das
custas processuais e demais cominações de praxe.
Destarte, requer ainda a devolução do notebook e celular, em caso de
impossibilidade por motivo diverso, a Ré pleiteia o ressarcimento dos danos
materiais suportados no valor de R$ XXX,XX.

Nesses termos, pede e espera deferimento.


Cidade, dia de mês de ano.
Advogado
OAB/MG

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