AÇÃO REVISIONAL - Banco Votorantim Carro
AÇÃO REVISIONAL - Banco Votorantim Carro
AÇÃO REVISIONAL - Banco Votorantim Carro
AÇÃO REVISIONAL
em face de Banco Votorantim S.A, pessoa jurídica de direito privado, devidamente inscrita
no CNPJ nº 59.588.111/0001-03, estabelecida na Avenida das Nações Unidas, 14.171,
Torre A, 18º andar, Vila Gertrudes, São Paulo/SP, CEP 04794-000, pelos motivos de fato e
de direito a seguir aduzidos.
1. DOS FATOS
Ocorre que o respectivo contrato foi celebrado sob uma taxa de juros de 1,74% ao
mês e de 23,05% ao ano, contrato de financiamento em anexo, em completo
descompasso com a taxa média do mercado financeiro, bem como a imposição de várias
tarifas indevidas.
Portanto, tendo em vista que o Réu impôs ao Autor taxas de juros remuneratória em
patamar abusivo no instrumento contratual celebrado, incorrendo em flagrante ilegalidade,
conforme entendimento já consolidado na jurisprudência das mais variadas Cortes
Jurídicas do país, restou motivado o ajuizamento da presente ação revisional.
2. DA JUSTIÇA GRATUITA
O autor não goza de confortável situação financeira, não podendo arcar com gastos
atípicos ao seu já comprometido orçamento mensal.
Destarte, requer desde já os benefícios da justiça gratuita, com fulcro nos arts. 98 e
99 do CPC, juntamente com o inciso LXXIV, do art. 5º da Constituição Federal, haja vista
não dispor de condições financeiras para suportar custas e despesas processuais sem
prejuízo do seu próprio sustento e de sua família, conforme declaração de
hipossuficiência em anexo.
3. DO DIREITO
Excelência, o que o autor pretende com o ingresso desta ação é a justiça, com a
aplicação de índices e sistema de juros, que permitirão a Ré uma margem de lucro sem
comprometer de maneira excessiva a parte autora.
c) Taxas de juros superiores a taxa média de mercado divulgado pelo Banco Central,
colocando o consumidor em desvantagem exagerada;
Assim, primando pelos princípios que regem as relações consumeristas, bem como o
Sistema Financeiro Nacional, com base na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça,
fundamentamos esta exordial, nos seguintes termos:
Com esta orientação jurisprudencial, tanto o STJ quanto os demais Tribunais pátrios
passaram a valer-se da taxa média de mercado divulgada pelo Banco Central para
averiguar abusos das Instituições Financeiras, sendo fartos os precedentes neste sentido.
Ou seja, ainda conforme manifestação do STJ neste mesmo julgamento:
Assim, restou assentado que, as taxas de juros remuneratórios que “uma vez e
meia” acima da taxa média, que representa uma discrepância de 50% (cinquenta por
cento), segundo o BACEN, para a mesma operação, à época da celebração do contrato,
são consideradas abusivas, ensejando a revisão contratual e, consequentemente, sua
limitação ao índice divulgado pelo Banco Central.
Logo, com a cobrança de taxa de juros de 1,77% ao mês, superior em 22% da taxa
média divulgada pelo BACEN de 1,45%, apura-se as parcelas recalculadas no valor de
R$438,69 e não R$570,00, conforme cobrado pelo Banco, o que resulta em um excesso
cobrado por parcela de R$131,31.
Assim, requer a este douto juízo que seja julgado procedente a pretensão autoral a
fim de adequar a taxa de juros remuneratórios do contrato firmado ao patamar médio do
mercado, de 1,45% ao mês, de modo a reduzir o valor da parcela do contrato nº
561200436 para R$184,42, a partir de novembro de 2023, conforme memória de cálculo
anexa.
A relação contratual é regida sob a luz de alguns princípios que visam harmonizar
as relações privadas. O mais usual denomina-se boa fé. O Estado confere aos indivíduos
a liberdade para contratar, em contrapartida, espera-se respeito e compromisso na
execução do acordo firmado.
Isso porque, tem se tornado cada vez mais corriqueiro a instituição financeira
descrever determinada taxa de juros no contrato e praticar OUTRA, obviamente maior e
mais prejudicial ao consumidor.
Contudo, a Tarifa de Abertura de Crédito não foi prevista na Tabela anexa à circular
BACEN 3.371/2007 e atos normativos que a sucederam, de forma que não é mais
VÁLIDA sua pactuação em contratos posteriores a 30/04/2008.
Deste modo, firma-se a interpretação sistemática do art. 39, V, do CDC, devendo ser
reconhecida a nulidade da referida cobrança, com a restituição dos valores pagos.
No caso dos autos, observa-se que como tarifa de avaliação de veículo foi cobrado
o valor de R$250,00 (duzentos e cinquenta reais) e como taxa de registro do contrato foi
cobrado o valor de R$350,84 (trezentos e cinquenta reais e oitenta e quatro centavos).
Embora referidas tarifas constem da especificação do crédito na cédula, não há
qualquer menção a ela nas cláusulas referentes às condições gerais, e não há notícia de
que os serviços tenham sido prestados, a ilegalidade é reforçada pelo fato de que tais
taxas seriam, em tese, para remunerar determinado serviço, serviço este para o qual o
Banco nunca apresentou nenhuma nota fiscal ao requerente para justificar o valor.
Diante disto decidiu as Cortes Superiores, em sede de recursos repetitivos, que para
que a cobrança de referidas taxas sejam consideradas válidas, é necessário a efetiva
comprovação da realização do serviço, o que, no presente caso, não ocorreu.
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
Fica evidente, no presente caso, que referidas taxas e tarifas foram embutidas ao
contrato de financiamento unilateralmente pela instituição financeira com o objetivo de
maximizar seus lucros, onerando excessivamente o requerente.
Neste sentido dispõe a Lei Consumerista em seu artigo 39, V, que estabelece que é
vedado ao fornecedor de serviços, dentre outras práticas abusivas exigir do consumidor
vantagem manifestamente indevida, bem como no artigo 51, § 1º, inciso III que prevê que
presume-se exagerada a vantagem que se mostra excessivamente onerosa para o
consumidor , considerando as circunstâncias peculiares ao caso.
Portanto, toda e qualquer mora que o devedor possa ter incorrido deve ser afastada,
em razão flagrante prática abusiva da instituição financeira.
Logo, deve ser reconhecido o afastamento da mora sobre a parte autora, bem como
impedido o requerido dos seus efeitos correspondentes, quais sejam: cobrança de multa
contratual, a incidência de juros moratórios e até mesmo a inclusão do nome do autor em
cadastro de inadimplentes.
O artigo 6°, inciso VIII, do diploma consumerista elenca duas hipóteses para
inversão deste ônus, a saber: a verossimilhança das alegações ou a hipossuficiência
da requerente.
Dessa forma, deve ser operada a inversão do ônus da prova, pois, in casu,
encontram-se presentes os dois requisitos referidos no artigo 6°, inciso VIII, do Código de
Defesa do Consumidor ao deferimento da medida excepcional, restando o encargo de
eventual fato não comprovado à demandada.
5. DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer:
c) Seja citado o Requerido para integrar a relação processual, nos termos do Art.
238 e Seguintes do Código de Processo Civil;
d) Seja aplicada a inversão do ônus da prova, em atenção aos Arts. 6º, VII e 14,
§3º, do Código de Defesa do Consumidor, em especial, para que o Réu apresente
toda a documentação referente à relação contratual das partes;
ii) Por consequência da revisão do contrato, o recálculo das parcelas nos termos
do laudo pericial apresentado, apurando-se 24 parcelas a vencer a partir de
novembro/2023, no valor de R$184,82 e não R$570,00;
e) Que seja deferida a inversão do ônus da prova nos termos do art. 6º, VIII, do
CDC;
f) A condenação da ré aos honorários sucumbenciais no importe de 20% do valor
da causa, inclusive constantes das custas e despesas processuais.