Fiscalização Adm
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CONTROLO PRÉVIO E
FISCALIZAÇÃO
DOS
PROJECTOS DE
ESPECIALIDADE
INDÍCE
1-Introdução – proposta…………………………………………………3
2.1 - Momentos………………………………………
2.2controlo prévio (preventivo) ……………………………
2.3- Controlo sucessivo……………………………………
- Inspecções
- Vistorias
- Livro de obra
5-Conclusões…………………………………………………………… 19
6- Bibliografia …………………………………………………………. 21
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INTRODUÇÃO
PROPOSTA
É esta uma pequena reflexão pessoal sobre umas das temáticas do direito do
urbanismo: a fiscalização administrativa nas operações urbanísticas e, dentro desta,
especificamente a problemática da fiscalização (ou falta dela) das normas técnicas de
construção nos projectos de especialidade.
A proposta desta breve reflexão é a de analisar a legitimidade, à luz do actual
ordenamento legislativo, da atribuição à Administração Pública, concretamente aos
Municípios, da obrigação de indemnizar os danos provocados por graves defeitos de
concepção e execução de obras particulares licenciadas. Está em causa, portanto, confrontar
o dever de fiscalização da Administração – seja ainda no plano dos projectos e processo de
licenciamento, seja já na fase de execução da obra – com a responsabilidade assumida pelos
engenheiros projectistas (no termo de responsabilidade), pelo empreiteiro (no contrato) e
pelo próprio particular - ainda que delegada - quanto à fiscalização dos trabalhos, sobretudo
à luz da (aparente) desresponsabilização legal, quanto aos projectos de especialidade,
presente no número 8 do artigo 20º do DL 555/99, de 16 de Dezembro.
Poderemos exigir aos Municípios um controlo prévio e fiscalização dos projectos de
especialidade, apesar da norma referida? Poderemos a partir daqui estabelecer algum tipo
de responsabilidade da Administração?
Exemplificado:
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- Momentos
Controlo sucessivo
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O presidente da câmara pode também ordenar vistorias aos imóveis em que estejam
a ser executadas operações urbanísticas, quando o exercício dos poderes de fiscalização
dependa da prova de factos que pela sua natureza ou especial complexidade impliquem
uma apreciação valorativa de carácter pericial – artigo 96º.
Também o Livro de Obra a que se refere o artigo 97º do RJUE constitui um meio de
controlo sucessivo – fiscalização. Todos os factos relevantes relativos à execução de obras
licenciadas ou autorizadas devem ser registados no livro de obra. Este livro deve ser
conservado no local da obra e estar disponível para consulta pelos funcionários municipais
responsáveis pela fiscalização. Todos os factos que impliquem a paragem ou suspensão da
obra e todas as alterações feitas ao projecto devem obrigatoriamente ser registados no livro.
Em conformidade com esta sua função fiscalizadora, os Municípios gozam de meios
adequados para impedir a violação das normas imperativas relativas à construção, como
sejam o poder de não conceder a licença, a não concessão do Alvará de utilização, o
embargo, a demolição e as contra-ordenações previstas no artigo 98º do DL 555/99.
- Fontes
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existentes (…)”- artigo 1º. Vejam-se, em especial, os artigos 2º, 3º, parágrafo único, artigo
4º, 8º, 15º, 18º, 21º, 128º e 132º, quanto à fiscalização das normas atinentes à segurança,
salubridade e estética.
A fiscalização das normas do RGEU está cometida às Câmaras Municipais pelo seu
artigo 2º. A própria concessão de licenças para as edificações urbanas depende da prévia
averiguação das características dos projectos sujeitos a aprovação pelos serviços técnicos,
aos quais incumbe também a fiscalização do cumprimento das disposições deste
Regulamento.
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A não ser assim, não existe razão materialmente válida para a obrigatoriedade dos
projectos técnicos de especialidade instruírem o processo de licenciamento, pois o termo de
responsabilidade do autor seria suficiente para garantir o cumprimento de todas as normas e
disposições regulamentares.
O Município não pode ser um mero depósito de projectos de especialidade onde se
realiza apenas um controlo burocrático quantitativo dos documentos apresentados a instruir
os processos. Se assim o é quanto às normas do direito do urbanismo, não o pode deixar de
ser também quanto às normas técnicas do direito da construção, nos termos acima expostos.
Transcreve-se, de novo, para reforçar esta ideia, parte do preâmbulo do RJUE: “Se é
certo que, por via de um aumento de responsabilidade dos particulares, é possível diminuir
a intensidade do controlo administrativo a que actualmente se sujeita a realização de
certas operações urbanísticas, designadamente no que respeita ao respectivo controlo
prévio, isso não pode nem deve significar menor responsabilidade da Administração. A
Administração tem de conservar os poderes necessários para fiscalizar a actividade dos
particulares e garantir que esta se desenvolve no estrito cumprimento das disposições
legais e regulamentares aplicáveis.” (o negrito é nosso)
Já a este propósito escrevia o Professor Fernando Alves Correia in “As Grandes
Linhas da Recente Reforma do Direito do Urbanismo Português” de 1993, Almedina, pág.
113, nota 74. “A licença de obras particulares, vulgarmente conhecida por “licença de
construção”, pode ser definida como um acto administrativo de autorização por meio do
qual a Administração realiza um controlo prévio da actividade dos administrados,
traduzida, em geral, na realização de uma ou de várias construções (…) com vista a
verificar se ela se ajusta ao não às exigências do interesse público urbanístico tal como ele
se encontra plasmado no ordenamento jurídico vigente” (o negrito é nosso). Continuando,
na mesma nota, pág. 114, “Enquanto, nesta época histórica (referindo-se ao Estado Novo),
a Administração ao emanar a “licença”, se limitava a verificar se a construção respeitava as
regras concernentes à segurança, estética e salubridade das edificações e à boa ordem do
trânsito, actualmente, com aquele acto, exerce uma dupla função: controla não apenas a
observância daquelas e de outras normas respeitantes ao direito da construção mas também
o respeito pelas normas disciplinadoras da ocupação, uso e transformação do solo, em
especial as decorrentes dos planos urbanísticos.” (o negrito é nosso).
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Não pretendemos com isto dizer que o projectista das especialidades fique isento,
por seu lado, da responsabilidade pelo cumprimento das normas técnicas a que está adstrito.
Já referimos supra que aquele assume no termo a responsabilidade não só pelos cálculos
concretos e pela adequação ao projecto de arquitectura, mas também pelo cumprimento de
todas as normas legais e regulamentares aplicáveis. O que defendemos é que há casos em
que a responsabilidade deve ser mitigada, atribuindo as culpas conforme o grau de
participação nos factos originadores de danos na espera dos particulares.
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- Acto
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- Ilicitude
- Culpa
A culpa dos titulares do órgão ou dos agentes é apreciada nos termos do artigo 487º
do Código Civil – n.º 1 do artigo 4º do DL 48051. Assim, a culpa traduz-se na imputação
ético-jurídica do facto ao agente, quando este podia e devia ter agido de outro modo,
imputação essa que pode realizar-se a título de dolo ou negligência. A imputação, a título
de negligência, consiste na censura dirigida ao autor do facto por não ter usado da
diligência que teria um bom funcionário ou agente típico, ou seja, um agente zeloso e
cumpridor da lei e dos regulamentos, colocado perante as circunstâncias do caso concreto.
Apesar de não estar especificamente prevista naquele diploma legal, a doutrina e a
jurisprudência têm admitido a responsabilidade baseada na culpa do serviço. Este tipo de
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responsabilidade e culpa ocorre quando o dano sucede devido a uma defeituosa organização
do serviço – aferida por referência ao padrão médio de prestação do serviço – não sendo
possível imputar a culpa a um agente em concreto. Nestes casos é toda a estrutura da pessoa
colectiva que está em causa. Este tipo de responsabilidade surge sobretudo nos casos de
omissão, dado que a Administração é pródiga numa deficiente organização, quase que
patológica, que pode gerar danos na esfera dos cidadãos e cuja imputação individual é
impossível.
- Dano
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Importa ter presente que para que um dano seja considerado como efeito
adequado de certo facto não é necessário que ele seja previsível para o autor
desse facto, ou seja, não se exige que os danos sejam previsíveis para o
agente, posto que fundamental é que o facto constitua, em relação àqueles,
uma causa objectivamente adequada.
Todavia, sem prejuízo do critério da adequação na sua formulação negativa
correspondente ao ensinamento de Enneccerus-Lehmann supra avançado,
julgamos ser particularmente útil nesta sede o recurso ao critério do fim da
norma de que nos servimos para apurar a ilicitude, pelo que deve perguntar-se
se o dano cai dentro do âmbito de protecção da norma, isto é, se figura entre
os danos que a norma de conduta violada tinha por fim prevenir.
Tal implica que devem ser excluídos do objecto da indemnização aqueles
danos cuja ocorrência não se deveu à ilegalidade cometida, o que permite,
desde logo, concluir que a relação de causalidade no âmbito da
responsabilidade civil da Administração por danos resultantes de actos
administrativos e operações materiais ilícitas não se estabelece entre o dano e
o acto administrativo ou operação material no seu todo, mas antes entre o
dano e a específica ilegalidade praticada.
Solidariedade
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graduação de culpas e das consequências que delas advieram, entre os lesantes – remissão
do n.º 2 do artigo 4º do DL 48051 para o artigo 497º do Código Civil.
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Conclusão
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Bibliografia
- NEVES, Maria José Castanheira/ OLIVEIRA, Fernanda Paula/ LOPES, Dulce Regime
Jurídico da Urbanização e da Edificação Comentado, Almedina, Coimbra, 2006;
Jurisprudência analisada
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