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janeiro/2024
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SUMÁRIO
Outros princípios. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
Sistema remuneratório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Estabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
Princípio da proteção
Conceito
O princípio da proteção, também conhecido como princípio protetor, protetivo, tutelar, tuitivo ou corretor
de desigualdades, consiste em um amparo preferencial a uma das partes da relação de emprego (o trabalhador),
com a finalidade de corrigir a desigualdade (promover um maior equilíbrio na relação).
TOME NOTA
O princípio decorre da "eficácia diagonal dos direitos fundamentais", que determina a aplicação dos direitos
fundamentais nas relações jurídico-privadas marcadas pelo desequilíbrio entre as partes.
PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO
Sempre que existirem VÁRIAS NORMAS aplicáveis a uma mesma situação jurídica, deve-se aplicar a
mais favorável ao trabalhador, ainda que esta esteja em posição de hierarquia inferior.
TEORIA DO Essa teoria é aplicada pela Lei n. 7.064/82, que dispõe sobre
CONGLOBAMENTO MITIGADA trabalhadores no exterior e determina a aplicação da legislação brasileira
OU POR INSTITUTO de proteção ao trabalho, quando mais favorável do que a legislação
territorial, no conjunto de normas e em relação a cada matéria.
O negociado PREVALECE sobre o legislado, no caso dos direitos previstos no art. 611-A, sendo possível
2 a flexibilização sem necessidade de contrapartida ao empregado (SALVO redução de salário ou de
jornada, casos em que deve haver proteção contra dispensa imotivada na vigência das cláusulas).
Os trabalhadores hipersuficientes (com diploma de nível superior E salário igual ou superior a 2x o teto
3 da previdência) podem ter seus direitos flexibilizados (direitos do art. 611-A e não do 611-B) por acordo
INDIVIDUAL, que se sobrepõe à lei E à negociação coletiva.
Entre duas ou mais INTERPRETAÇÕES viáveis de uma norma jurídica, o intérprete deve optar pela mais
favorável ao trabalhador. Ex.: a norma que prevê 3 dias a mais de aviso prévio a cada ano de trabalho é aplicável
apenas em favor do trabalhador, não se aplicando em caso de pedido de demissão.
EXCEÇÕES
O princípio não se aplica a regras que já são claramente desfavoráveis ao trabalhador, uma vez que
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não é admitida a sua aplicação contra legem.
O princípio não se aplica em matéria probatória, devendo ser observada a regra de distribuição do
ônus da prova (ex.: empregado que alega assédio deve prová-lo).
2 Segundo Maurício Godinho Delgado, “havendo dúvida do juiz em face do conjunto probatório existente
e das presunções aplicáveis, ele deverá decidir em desfavor da parte que tenha o ônus da prova
naquele tópico duvidoso, e não segundo a diretriz genérica do in dubio pro operario”.
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SÚMULA 51 DO TST
Esse princípio não se aplica ao direito coletivo do trabalho, uma vez que a negociação coletiva pode
vigorar por até 2 anos, sendo VEDADA a sua ultratividade.
Resumindo...
Princípio da indisponibilidade
O princípio da indisponibilidade estabelece que o trabalhador não pode dispor das condições e normas
que lhe são favoráveis, sobretudo do conjunto de normas mínimas e cogentes asseguradas pelo ordenamento
jurídico. Vale mencionar que a indisponibilidade é mais ampla que a irrenunciabilidade, uma vez que abrange a
impossibilidade de renúncia e de transação dos direitos trabalhistas.
Com base nesse princípio, o TST editou a Súmula 276, estabelecendo que o “direito ao aviso prévio é
irrenunciável pelo empregado. O pedido de dispensa de cumprimento não exime o empregador de pagar o
respectivo valor, SALVO comprovação de haver o prestador dos serviços obtido novo emprego”.
EXCEÇÕES
O art. 468 da CLT estabelece que nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das
respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente,
prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. Esquematizando:
ALTERAÇÃO AUSÊNCIA DE
BILATERALIDADE
POSSÍVEL PREJUÍZO
Ademais, o art. 444 da CLT dispõe que as relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre
estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho,
aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes.
Essa livre estipulação aplica-se às hipóteses previstas no art. 611-A da CLT (negociado sobre o legislado),
com a mesma eficácia legal e preponderância sobre os instrumentos coletivos, no caso de empregado com nível
superior e salário mensal igual ou superior a 2 vezes o limite do RGPS (trabalhador hiperssuficiente).
A CRFB/88 consagra, em seu art. 7º, VI, o direito a irredutibilidade do salário, SALVO o disposto em
convenção ou acordo coletivo (negociação coletiva). Assim, a irredutibilidade é a regra, mas há exceções:
Negociação coletiva – nesse caso, se for pactuada cláusula que reduza o salário ou a jornada, a
1 convenção coletiva ou o acordo coletivo de trabalho DEVERÃO prever a proteção dos empregados
contra dispensa imotivada durante o prazo de vigência do instrumento coletivo.
Vale ressaltar que este princípio protege o valor NOMINAL do salário e não o seu valor REAL. Assim,
a redução da capacidade financeira do empregado, em virtude do seu salário não se encontrar em patamar
igualitário de atualização com os índices inflacionários, não possui previsão protecionista na lei.
Quando autorizado por lei (ex.: em caso de dano causado pelo empregado, o desconto será lícito, desde
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que esta possibilidade tenha sido acordada ou haja dolo do empregado (art. 462, § 1º, da CLT).
Quando autorizado pelo trabalhador em virtude de adesão livre e voluntária a vantagem ou benefício
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fornecido pelo empregador (ex.: plano de saúde corporativo).
Por este princípio, presume-se que o contrato de trabalho sempre terá validade por prazo indeterminado
(REGRA). Assim, o contrato de trabalho por prazo determinado é EXCEÇÃO.
APLICABILIDADE
Correção de determinadas nulidades (relativas) com a finalidade de manter o vínculo (ex.: ausência de
1
contrato escrito nas hipóteses em que este é obrigatório).
As normas trabalhistas são de ordem pública, sendo, portanto, cogentes (de aplicação obrigatória).
EXCEÇÕES
Normas dispositivas (ex.: art. 543, § 2º, da CLT → considera-se de licença não remunerada, salvo
assentimento da empresa ou cláusula contratual, o tempo em que o empregado se ausentar do
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trabalho no desempenho das funções a que se refere este artigo - administração sindical ou
representação profissional).
2 Trabalhador hipersuficiente (pode afastar a lei e a negociação coletiva mediante acordo individual).
3 O negociado prevalece sobre o legislado no caso dos direitos elencados no art. 611-A, da CLT.
Resumindo...
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Outros princípios
Elencaremos, aqui, alguns dos princípios gerais do direito aplicáveis na seara trabalhista:
o Arbitramento de indenizações.
o Exame da gravidade das condutas para aplicação de sanções.
o Exercício do poder diretivo pelo empregador.
Princípios constitucionais
Art. 1º, III, da CRFB/88: elenca a dignidade da pessoa humana como um dos
fundamentos da República Federativa do Brasil.
DIGNIDADE DA PESSOA
Art. 170, da CRFB/88: A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho
HUMANA
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna,
conforme os ditames da justiça social [.. ].
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Fontes materiais
As fontes materiais são fatos ou elementos sociais, econômicos, políticos, filosóficos [.. ] que atuam
historicamente na construção do Direito do Trabalho. Ex.: Revolução Industrial e movimentos grevistas.
Fontes formais
As fontes formais são as formas de exteriorização das normas jurídicas e podem ser:
HETERÔNOMAS
AUTÔNOMAS
ESTATAIS
FONTES FORMAIS
NÃO ESTATAIS
PRINCIPAIS
SUBSIDIÁRIAS
As fontes formais HETERÔNOMAS são as normas elaboradas por um TERCEIRO, não participante da
relação jurídica. Esse terceiro pode (ou não) ser o Estado. Ex.: Constituição Federal, leis infraconstitucionais, atos
administrativos, sentenças normativas da Justiça do Trabalho, sentença arbitral em litígio coletivo, Tratados e
Convenções internacionais ratificados pelo Brasil etc.
SENTENÇAS NORMATIVAS
São decisões do TRT ou do TST nos dissídios coletivos que criam normas e condições de trabalho a
determinadas categorias.
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As fontes formais AUTÔNOMAS são produzidas com a participação direta de seus DESTINATÁRIOS.
Ex.: negociação coletiva (ACT e CCT), costumes, regulamento de empresa e contrato de trabalho (há
divergência doutrinária acerca da classificação dos dois últimos instrumentos como fontes).
ACORDO COLETIVO DE Pactuado entre uma ou mais empresas e o sindicato representativo dos
TRABALHO trabalhadores na base territorial respectiva (SINDICATO-EMPRESA).
Pactuada entre dois ou mais sindicatos (de um lado o sindicato dos trabalhadores
CONVENÇÃO COLETIVA e de outro o sindicato dos empregadores de determinada categoria econômica),
DE TRABALHO estipula condições de trabalho aplicáveis no âmbito das respectivas
representações, às relações individuais de trabalho (SINDICATO-SINDICATO).
As fontes formais podem ser produzidas pelo Estado ou não. Por exemplo:
o Constituição Federal.
o Leis ordinárias e Leis Complementares.
FONTES ESTATAIS
o Medidas Provisórias e Decretos.
o Sentença Normativa.
PRINCIPAIS Regulam diretamente o Direito do Trabalho. Ex.: CLT, LC 150/15, ACT e CCT.
SUBSIDIÁRIAS o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou
particular prevaleça sobre o interesse público.
§ 1º. O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho (Ex.: CC/02).
Quanto à analogia, à equidade, aos princípios e normas gerais do direito e aos usos e costumes, parte da
doutrina entende que não são fontes, mas normas de integração.
Resumindo