Trabalho Final Nbazo
Trabalho Final Nbazo
Trabalho Final Nbazo
MOCUBA
2023
UNIVERSIDADE ZAMBEZE
FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÓMICA E FLORESTAL
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL
MOCUBA
2023
DECLARAÇÃO DO AUTOR
Eu, Costa Graça Augusto Nbazo, declaro que esta monografia é resultado do meu próprio
trabalho e está a ser submetida para a obtenção do grau de Licenciatura em Engenharia Florestal
na Universidade Zambeze. Ela não foi submetida antes para obtenção de nenhum grau ou para
avaliação em nenhuma outra Universidade.
__________________________________________________________
Meus pais:
Minhas Tias:
Meu Primo
Viera Celestino
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço ao Pai celestial, criador dos céus, da terra e de tudo quanto nele
existe, o bom e todo-poderoso Deus, pela vida, saúde e suporte na minha caminhada, pelos
momentos bons e ruins em que ele sempre esteve torcendo e cuidando de mim.
Aos meus segundos pais (Irmãos) Augusto Graça Nbazo, Júlia Graça Augusto Nbazo, Josefa
Graça Nbazo, Raquel Graça Nbazo, Angelina Graça Nbazo, pelo apoio moral e financeiro na
minha formação até na elaboração desta monografia, pelos ensinamentos e conselhos que sempre
mim tem dado, ao meu irmãozinho Alberto Nbazo pelo companheirismo e incentivo.
A todos(a) sobrinhos (a) e primos(a): Neusa, Octávio, Jezlin, Raquelinha, Ester, Lizleine,Junior,
Bibila, Castro, Cleusio, José, Munhal, Mãe, Nano, Torrinha, Mário, João (Nelson) agradeço pelos
sorrisos que tem sempre demostrado pra mim e que sigam o exemplo nas mais diversas áreas da
vida.
Aos meus tios e tia: José Nbazo, Celestino, Armindo, Mana Mane, Rosa João, pelo incentivo e
credibilidade,
Ao meu supervisor Engo. Paulo Mabica Búndua (MSc), pelo apoio e rigor na condução do
estudo, pela disponibilidade e atenção dedicada à discussão, correcção do trabalho e pelo imenso
conhecimento compartilhado.
Especial agradecimento vai para minha namorada Constância Morais, pelo apoio, compressão e
por compartilhar absolutamente todas as dificuldades e vitórias em todos os momentos da minha
vida.
Aos meus colegas: Jone Andinahama, Inácio João, Tobias Maurício, Sonata Valério, Edmilson
Bene, Cenelio Chirinza, Alexandra Nhacudime, Otília Mário, Francisco Pafira, Paulo Manjor,
Elias Sumaila, Marcelo Mathombe, Obede João, Rui Daniel, Hulda Dombole, Celso Biseque,
Filipe Baera, Gussul Luís, Inácio Boi, Adil, Ricardo Fraque, Galiano Soruma, Chinga Alberto e
Latifo, pela amizade, e pelos momentos bons compartilhados fazendo com que a caminhada fosse
mais leve e alegre embora diante dos desafios encontrados.
Aos meus amigos: Hélder Mundoreva, Ferrão Muzi, Joseph José, Ogan Mujovo, Julieta Fazver,
Baptista Matandire, Hamilton Mucanzi, Latifo dos Santos, Wasten Sunzumua, Stanly Francis,
Julieta Fazver, pelos bons momentos que passamos juntos.
Muito obrigado.
EPÍGRAFE
Salmos 139:1,2,13,14
I. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1
V. CONCLUSÕES ....................................................................................................................... 35
The work took place in a Miombo forest concession, located in the administrative post of
Namanjavira, Mocuba district. This work aimed to evaluate the financial efficiency in felling and
dragging activities in forestry activities. For this purpose, systematic sampling was applied,
where log measurements were made with a tape measure (diameters and lengths) to calculate the
volume based on the Smalian method. The parameters evaluated were: Technological
productivity, Operating costs, Unit production costs, Effective unit costs, profit margin and
break-even point. The data was processed and analyzed using the Microsoft Excel 2010 program.
The results of the study reveal that the The slaughter activity presented lower total operational
costs (699.65 Mt/he) in relation to the dragging activity (5 136.68 Mt/he), the unit cost of
production for the slaughter activity was also low (54.15 Mt/m3) when compared to the dragging
activity (837.55 Mt/m3). The effective unit costs for the two activities under analysis were 563.83
Mt/m3 and 367.61 Mt/m3 for slaughtering and dragging, respectively, the profit margin for the
slaughtering activity was 14,436.17 Mt /m3 and 14,632.39 Mt/m3 for dragging and the break-
even point were 0.01 m3/year and 0.83 m3/year, for slaughtering and dragging activities,
respectively. With the revenue generated from the sale of wood, it is possible to know whether
the financial gains obtained from these activities are sufficient to cover operational costs and
generate profits.
Conteúdo Páginas
LISTA DE TABELAS
i
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E ACRÓNIMOS
DM Diâmetro Médio
Eq Equação
FF Factor de Forma
IC Intervalo de Confiança
m3 Metros cúbicos
ii
LISTA DE APÊNDICES
Apêndices 1: Tempo médio gasto por ciclo nas actividades de abate de árvores utilizando
motosserra. .................................................................................................................................... 42
Apêndices 2: Ficha de colecta de dados referentes a custos operacionais actividade de abate ... 42
Apêndices 3: Determinação da Produtividade tecnológica e Custos operacionais da Actividade
de Abate ........................................................................................................................................ 43
Apêndices 4: Ficha de colecta de dados referentes a custos operacionais da actividade de arraste
....................................................................................................................................................... 44
Apêndices 5: Determinação da Produtividade tecnológica e Custos operacionais da Actividade
de Abate ........................................................................................................................................ 45
iii
Eficiência financeira nas actividades de abate e arraste na concessão florestal Sotomane Lda
I. INTRODUÇÃO
1.1. Contextualização
Apesar do grande potencial florestal que o país apresenta, a sua contribuição para o PIB varia de
2 a 4%, uma contribuição considerada bastante reduzida; a taxa de desmatamento anual é
bastante alta, variando de 0,21 a 0,58% (Bandeira et al, 2012; MICOA, 2011).
No sector florestal, uma das actividades considerada mais importante é a colheita florestal, visto
ser a mais onerosa em termos de custo de produção (ARCE, 2004). A colheita florestal, segundo
MACDONAGH e FRIEDL (2004), representa a operação final de um ciclo de produção florestal,
na qual são obtidos os produtos mais valiosos, constituindo um dos factores que determinam a
rentabilidade florestal.
A colheita florestal é a que também mais sofre o processo de mecanização, de acordo com
FONTES (1996), as principais causas da crescente mecanização desta actividade são a busca do
aumento da produtividade e a necessidade de redução dos custos de produção, aumentando assim
a eficiência financeira da colheita florestal. Entretanto, este processo de mecanização requer
investimentos iniciais muito altos e, dependendo da forma de condução do sistema, pode haver
grande desvalorização do produto final FRIEDL (2004).
A redução dos custos da colheita é, segundo REZENDE et. al. (1997), vital para qualquer
empresa, uma análise detalhada e por partes dos custos nos diferentes métodos de colheita tem
um papel importante no entendimento dos mesmos, além de facilitar os estudos com o objectivo
de reduzi-los. Logo, o aumento da qualidade, a racionalização dos processos e a optimização de
custos são itens de suma importância para um melhor desempenho desta actividade.
As florestas naturais em Moçambique são vastas e ricas em biodiversidade, são dominadas por
baixos níveis de estocagem de espécies de madeira comercial e baixo incremento de biomassa de
madeira. A distribuição dispersa dos recursos madeireiros nas florestas naturais afecta
particularmente a exploração florestal comercial devido a longas distâncias de acesso. Com o
aumento da distância, os custos de exploração e transporte pode perder progressivamente o valor
in-situ do recurso até um ponto em que o uso comercial torna se inviável economicamente
(HYDE et al. 1996).
Na concessão florestal Sotomane Lda verifica-se altos custos de exploração, pouco investimento
nacional e internacional, difícil acesso a tecnologia, falta de capital humano experiente e falta de
informações e dados disponíveis sobre a eficiência financeira nas actividades de abate e arraste ,
o que leva a empresa a investir muito nos seus empreendimento (DNAF, 2015).
Segundo a concessão florestal Sotomane Lda, a empresa tem investido muito nas suas
actividades, e no final tem obtido pouca margem de lucro. Isso se justifica pelo facto de se
desconhecer a existência de estudos sobre a eficiência financeira nas actividades de abate e
arraste, como o caso de Fath (2001). No entanto, para a sua melhoria há necessidade de reduzir os
custos através de conhecimentos técnicos para optimizar essas actividades, entender o impacto
financeiro dessas actividades para tomar decisões mais informadas e melhorar a gestão da
concessão florestal, aumentando assim a produtividade na exploração florestal para a geração de
lucros (Fernandes, 2014).
Neste contexto, a concessão florestal deve desenvolver estratégias para melhorar o uso do
conhecimento da eficiência financeira, de modo a permitir que tenham uma postura
ecologicamente correcta e sustentável (Simonhane, 2013).
1.3. Objectivos
1.3.1. Geral:
Avaliar a eficiência financeira nas actividades de abate e arraste na concessão florestal
Sotomane Lda.
1.3.2. Específicos:
arraste;
De acordo com o inventário florestal, Magalhães (2018), Moçambique possui um total de 119
espécies comerciais (Decreto No 12/2002, incluindo suas rectificações por Diplomas
Ministeriais), apenas 106 espécies foram encontradas, e destas 106, apenas 72 tinham indivíduos
com o DMC. Sendo, portanto, que 34 das 106 não tinham nenhum indivíduo com o DMC.
O autor acima citado, afirma que o CAA para as espécies comerciais de Moçambique, sem
distinção da classe comercial, estimou-se em 1.902.599 m3.ano-1 , com o intervalo de confiança
(IC) situando-se entre o limite inferior de 1.684.181 m3 .ano-1 e o limite superior de 2.121.017 m3
.ano-1
Em termos de área florestal, o país encontrava-se em 18º lugar, de um total de 224 países, com
cerca de 39.022 milhões de hectares; no entanto, em termos de florestas produtivas, o país está
em sétimo lugar, de um total de 151 países, com mais de 26 milhões de hectares. E para garantir
uma gestão sustentável é necessário que se faça o uso racional dos recursos que a mesma floresta
oferece (FAO, 2010).
Os Operadores Florestais Simples (OFS) na sua maioria não possuem indústria de processamento
primário. Os OFS participam principalmente no abate, e transporte primário dos toros. O
transporte final para o mercado é geralmente levado a cabo pelos transportadores individuais
alugados ou comerciantes de toros, que levam os toros para os portos ou para os principais
mercados, onde revendem às serrações ou a utilizadores individuais (MITADER, 2019).
O corte florestal constitui a primeira fase de um sistema de exploração florestal não sofrendo
portanto, a influência das demais fases ou etapas do processo. Representa no entanto, uma etapa
extremamente importante pois tem grande influência na realização das etapas subsequentes.
Assim, da sua eficiência obter-se-á a eficiência das demais fases do sistema, particularmente a
extracção florestal (Machado, 2008).
2.4. Arraste
Segundo Seixas (2008), arraste florestal é considerado um tipo de transporte primário, em que os
toros extraídos estão em contacto total ou parcial com a superfície do solo em direcção a um pátio
de acabamento ou para a margem da estrada florestal. O arraste deve ser realizado de maneira a
não interromper a drenagem natural do terreno, e a prevenir o deslocamento desnecessário do
solo e a reduzir os impactos causados pela compactação e empoçamento de água, além de não
afectar a estabilidade do solo.
Segundo Freitas et al. (2004) existem muitas metodologias para o cálculo do custo da hora da
máquina, e muitas vezes elas variam também entre pesquisadores e em função dos objectivos ou
das normas pré-estabelecidas, os modelos mais aplicados são: Método FAO (América do Norte);
Método FAO/ECE/KWF e Método Battistella/Scania.
Custos fixos são os custos que a empresa é empreendida a pagar para factores de produção
durante um período de decisão definido, conforme ASAE (2001) esses custos são afectados pelas
decisões actuais. Se algumas escolhas são fixas para uma determinada decisão, então os custos
associados a elas também serão fixos.
Os juros calculados sobre o capital investido na compra das máquinas se constituem também em
um custo de propriedade. Normalmente os juros são simples ou reais (o capital é emprestado) e
calculados (o capital é próprio da empresa) sobre o capital médio investido (Balastreire, 1990).
Depreciação
De acordo com a ASAE (2001) depreciação é a redução do valor de uma máquina ao longo da
sua vida útil. Há vários métodos para calcular os custos de depreciação. O método de depreciação
linear resulta num custo anual constante, e este é o método mais utilizado para calcular os custos
de depreciação, conforme Noronha (1987).
Denominam-se custos variáveis, á todos custos que se alteram na proporção directa com a
quantidade produzida. O conhecimento dos custos variáveis da empresa, a análise de sua
composição, a identificação dos itens mais relevantes e o conhecimento dos efeitos de cada um
destes custos sobre o resultado são as condições exigidas para melhorar o desempenho da
empresa (OLIVEIRA, 2013).
Custo de combustível
Custos de lubrificação
Segundo Edwards (2002), pesquisas indicam que a lubrificação e engraxamento total custam para
a maioria das empresas, a média de 15% dos custos de combustível. Então, uma vez calculado o
combustível consumido por hora, podem ser obtidos os custos de lubrificação e engraxamento.
Dentre as despesas de manutenção que devem ser computadas, para o cálculo do custo de
operação de máquinas agrícolas, encontram-se aquelas realizadas para a manutenção preventiva e
correctiva. Na manutenção preventiva, devem ser computados os gastos com componentes
trocados a intervalos regulares, tais como filtros de ar, filtros de óleo, filtros de combustíveis, etc.
(Balastreire, 1990).
2.6. Eficiência
Eficiência é a qualidade de fazer com excelência, sem perdas ou desperdícios (de tempo, dinheiro
ou energia). Eficiente é aquilo ou aquele que chega ao resultado, que produz o seu efeito
específico, mas com qualidade, com competência, com nenhum ou com o mínimo de erros. O
eficiente vai além do eficaz. A eficiência tem uma gradação: uma pessoa, máquina ou
organização pode ser mais ou menos eficiente que outra (Gameiro, 2011).
A concessão possui uma área total de 40.000 ha, distribuída em três diferentes tipos de uso da
terra: 29.985 ha da área produtiva, 2.434 ha para área de conservação e 7.581 ha para área
comunitária (Geje et al., 2020).
Figura 1: Mapa da área de estudo na Província da Zambézia, em Moçambique. Fonte: Autor (2023)
O clima de distrito de Mocuba, de acordo com MAE (2014), pela classificação climática de
Thomtwaite, é do tipo sub-húmido (subtropical), com o estacão chuvosa de Dezembro à
Fevereiro e de Março ao Outubro um tempo seco e fresco. A precipitação média anual varia de
850 mm a 1.300 mm e a temperatura média mensal varia de 20 e 27°C. Verifica-se ocorrência de
solos vermelhos argilosos, moderadamente profundos a profundos, das planícies, solo argilosos
pretos dos vales largos onde eventualmente dominam condições hidromórficas, solos arenosos na
planície ou vales em terreno desenvolvido nas rochas ácidas, variando a cor de vermelho, branco
amarelos, a cinzentos, acinzentados escuros e pretos.
3.1.2. Precipitação
Na área de estudo, a topografia é suavemente ondulado, por vezes plana com altitudes entre 180
a 340 m, com a excepção de algumas zonas a nordeste, junto ao rio Lugela com altitudes que
podem chegar 70 m (Pereira, 2001). Os solos predominantes nas planícies são arenosos e por
vezes, argilosos vermelhos, caracterizados por serem moderadamente profundos. Nos vales
largos, predominam solos argilosos pretos em condições hidromórficas e argiloso nos topos dos
terrenos desenvolvidos das rochas ácidas, nos declives onde o lençol freático encontra-se mais
perto da superfície, cinzento-escuro e preto no fundo dos vales (MAE, 2005).
3.1.4. Fauna
Na base do inventário florestal feito por Geje et al. (2020), foi constatado haver muitas espécies
de animais selvagens, como é o caso de galinhas do mato (várias espécies), macacos –
Cercopithecus pygerythrus, Papio ursinus e P. Cynocephalus, cabrito cinzento – Sylvicapra
grimmia, cudo – Tragelaphus strepsiceres, impala – Aepycerus melampus, pala-pala –
Hippotragus niger, porco-bravo – Potamochoerus porcus, lebres (várias espécies), crocodilo –
Crocodylus niloticus, diversas espécies de aves, roedores, répteis e rastejantes. Segundo os
autores acima citado, reportaram também a presença do Leão – Pantera leo e leopardo – Pantera
pardus.
A operação de abate consistiu no corte e na traçagem dos toros da espécie Pterocarpus angolenses
DC (umbila), com qualidade desejada existente na área de corte como ilustra a figura 2 abaixo.
Para esta actividade foi necessário 2 operário (1 Motosserrista e 1 Ajudante). O equipamento
usado para esta operação foi a motosserra da marca STHIL, e foram analisadas variáveis como:
diâmetros (do topo e da base, conforme recomendado por Smalian), volume e comprimento.
A B
Figura 2: A: Corte de árvore com Motosserra B: Motosserra usado para abate de árvores
Limpeza: a equipe corta a vegetação arbustiva ou retira galhos que cercam a base
daárvore;
Derrubada: a equipe realiza cortes ao redor da árvore de modo a levá-la a cair;
Traçagem: já com a árvore caída, a equipe realiza corte no tronco de modo
aseparar o toro comercial da copa da árvore.
Actividades gerais
3.3. Amostragem
Para o presente trabalho foi utilizada a amostragem sistemática segundo LEVY (2008), onde,
inicialmente foi definindo o tamanho de população (árvores abatidas e toros arrastados). Em
seguida, foi determinado o tamanho da amostra desejado, e assim se achou o intervalo da
amostragem (população total dividido pelo tamanho da amostra), conforme a fórmula 1 a baixo.
A partir daí, foi seleccionado aleatoriamente o primeiro elemento da amostra e, em seguida, os
elementos subsequentes, adicionando o intervalo da mostragem até atingir o tamanho da amostra.
(1)
Onde:
K = Intervalo da amostragem
N = é o tamanho da população
n = no total de indivíduos da amostra
O baixo tamanho da amostra pode ser explicado pelos poucos dias que as actividades decorreram
devido ao mau estado mecânico em que as máquinas se encontravam, a maior parte das vezes
verificava-se avarias, o que dificultava na recolha de dados.
A colecta de dados foi efectuada em Agosto de 2023 no turno de operação das 8h às 16h, por
meio de entrevistas com a gerência da empresa e questionários aos operadores florestais, a fim de
obter dados sobre o equipamento e o pessoal empregado na produção. No entanto, foi
desenvolvido um questionário para identificar os tipos de equipamentos e preços de compra, bem
como o número de trabalhadores e seus salários anuais na exploração madeireira. Para a obtenção
dos diâmetros dos toros, altura das árvores, foi usado uma fita métrica.
Com base nos dado sobre equipamentos e pessoal (compilados num formulário padronizado, ver
a Tabela 3 a baixo), foram calculados os custos operacionais por hora e operários na produção. O
cálculo foi efectuado individualmente para cada actividade parcial (Abate e Arraste).
(11)
Onde: PT= Produtividade Tecnológica (m3 /he); Vm= volume médio da madeira explorada ou
extraída por ciclo; TT= Média do tempo total por ciclo (sem interrupções com mais de
15minutos).
Para o cálculo do volume de árvores abatidas foi usada a fórmula (12), e para o cálculo do
volume de toros foi usado a fórmula (13), conforme Smalian.
2
𝑉i = 𝐷𝐴 × 𝜋 ⁄4 × 𝐻𝑐i × 𝐹𝐹 (12)
Onde: V = volume da árvore (m3); DAPi = diâmetro altura do peito (m); Hci = altura comercial
da árvore (m); FF = factor de forma =0,80.
𝑉 (13)
Onde: V: volume de toro (m3); Gi: área seccional da base e do topo (m2); L: comprimento do
toro (m); Di: diâmetros da base e do topo (m); 𝜋 = 3,14159265.
Este foi obtido dividindo os custos operacionais por hora para uma determinada actividade por
sua produtividade tecnológica, resulta o custo unitário comparativo de uma actividade específica
em USD por metro cúbico conforme a fórmula (14).
CUC = (14)
Onde: CUC = custos unitários de produção em (USD/ m3); CTh= custo operacionais por hora
3
USD; PT = Produtividade Tecnológica em (m /he).
3.7. Custos unitários efectivos e margem de lucro da empresa
Os custos unitários efectivos são aqueles associados à produção de madeira durante um ano
inteiro, expressos em USD por metro cúbico de madeira produzida. Este foi calculado com base
na fórmula (15) proposta por Fath (2001), com base no questionário feito ao concessionário,
obteve-se os dados do volume diário em metros cúbicos que a concessão produz nas actividades
de abate de árvores e arraste de toros, e o tempo anual de trabalho em meses. Com base no
volume diário foi possível alcançar o volume anual em metros cúbicos.
CUE (15)
Onde:
CUE – Custo unitário Efectivo de produção USD/m3; Cr – Custos de Reparo em USD;
Cp – Custos de Propriedade em USD; Cvh –Custos Variáveis em USD;
Cmo – Custos de Mão-de-obra em USD; Pt – Produtividade Tecnológica (m3 /he);
Ea – Volume anual de produção de madeira em toro em m3.
A margem de lucro foi determinado Subtraindo o preço de venda de madeira em toro produzida,
derivado de indicações da empresa em estudo, pelo total dos custos efectivos unitários segndo
Fath (2001), conforme a fórmula 16 abaixo.
ML = RV - Cut (16)
Onde:
ML- Margem de Lucro em (USD / m3); Cut - Total dos custos efectivos unitários em USD;
RV – Preço de venda de madeira em toro (m3).
Para OSWALD et al. (1997), o ponto de equilíbrio marca o volume de produção em que os
custos unitários efectivos são cobertos pela receita de vendas. Este foi determinado de acordo
com a fórmula (17) a baixo:
(17).
Onde:
Após a recolha dos dados, foi feito o processamento de dados usando o programa informático
Microsoft Office Excel 2010, a produção de tabelas e gráficos também foi possível com o
programa.
Na Tabela (4) abaixo estão apresentados os valores calculados de juros, seguros, impostos,
depreciação, combustível, lubrificantes e graxas, custo de manutenção e reparação, custo de mão-
de-obra, custo de administração, para as horas totais trabalhadas, estimados em MT/he e em
USD/he.
Moedas
Item -1
(MT.he ) (USD.he-1)
Depreciação 51,82 0,81
Custos fixos Juros e Seguros 5,18 0,08
Subtotal 57 0,89
Custo de reparação 64,77 1,01
Custo de Combustível 457,5 7,16
Custos variáveis
Custo de Lubrificante 45,75 0,71
Subtotal 568,22
Custo de mão-de-obra 67,95 1,06
Custo de administração 6,48 0,10
Custo total 699,65 10,95
O exame dos resultados na tabela 4, sugere que a depreciação, os juros e seguros tiveram valores
em torno de 51,82 MT.he-1 e 5,18 MT.he-1 (entre 7,41% e 0,74%) ocorridos no decurso da
produção resultaram em elevados custos fixos de 57,00 MT.he-1 (8,15%), devido ao uso de
equipamentos obsoletos.
Como indica a tabela 4, pode-se observar que o custo de combustível foi que apresentou maior
valor dos custos totais (65,41%), resultando em 457,5 Mt/he (7,16 USD/he) referente a taxa de
câmbio do dia 05 de Setembro de 2023 (1 USD = 63,9Mt). Desse facto foi possível constatar que
o abate das árvores está sujeito a elevados custos variáveis, isto deve-se na maior parte pela baixa
produtividade da motosserra e dos elevados custos de combustível. O alto custo de combustível,
pode ser explicado pelo facto do desgaste dos equipamentos devido ao longo tempo de uso,
porque constatou-se que a motosserra apresentava uma corrente desgastada, mau funcionamento
do motor, ocasionando em maior tempo de corte das árvores e tendo contribuído para tal na
redução da potência da máquina devido as avarias constantes da maquinaria. Porém, um outro
factor está ligado as propriedades físicas das espécies, como a presença de bifurcação que
dificulta bastante no corte das árvores, influenciando assim no alto consumo de combustível para
esta actividade.
Natal (2022), no seu estudo sobre influência de factores ergonómicos nos custos Operacionais da
actividade de abate da madeira na concessão florestal Sotomane, mesmo local do presente estudo,
obteve um custo de combustível de 25,49MT/he. Resultados estes se revelaram diferentes ao do
presente estudo.
O custo de mão-de-obra despendeu de um valor de 67,95 MT/he e ocupou (9,72%) dos custos
totais. Este alto custo associa-se ao uso do método semi-mecanizado na actividade de abate. No
estudo realizado por José (2021), encontrou um valor abaixo de 35,01 MT/he, comparativamente
ao do presente estudo. Esta diferença pode estar associada ao número de trabalhadores envolvido
na operação e os seus respectivos salários por horas efectivas.
Da tabela 4, observa-se ainda que foram gastos no total de 699,65 MT/he (10,95 USD/he) para o
abate de Pterocarpus angolensis DC. Resultado superior devido a elevado custo de mão-de-obra
e elevados custos fixos e variáveis.
Leite et al. (2014), no seu estudo sobre avaliação técnica de custos de corte florestal semi-
mecanizado em povoamento de eucaliptos de E. uropylla x E. grandis em diferentes
espaçamentos, obteram um custo operacional total de 10,95 USD.h-1 (595,46 MT. h-1) ao câmbio
de 54,38 MT. USD-1 para a produção média de 4,69 m3.h-1 de madeira com casca. Este valor
mostra-se inferior se comparado ao do presente estudo, este resultado pode estar associado a
baixa mão-de-obra e menor consumo de combustível. E um outro factor está ligado a espécie em
questão, que em termos de tamanho e forma sabe-se que têm fácil trabalhabilidade e são mais
macios, diferentemente da espécie do presente trabalho que têm toros pesados, grandes com
elevada tortuosidade e predomínio de defeitos o que dificulta o seu processamento.
Batista (2008), no seu trabalho sobre “Estudo de tempo e rendimento da motosserra considerando
factores ergonómicos numa exploração florestal na Amazónia central” usando dois operadores de
motosserra obteve 84,04 USD/he para uma produção de 136,16 m3. Valor superior ao observado
no presente estudo. Esta elevação dos custos no trabalho referente acima, pode estar ligado a
baixa eficiência da motosserra.
A figura 4 apresenta os resultados dos custos unitários de produção para actividade de abate
semi-mecanizado.
O custo unitário de produção da operação de abate com uso de Motosserra foi de 54,15MT/m3
(0,85 USD/m3). Resultado este se revelaram alto devido a baixa produtividade tecnológica nas
operações de abate. Batista (2008) estudou o tempo e rendimento da motosserra, e obteve 1,33
USD.m3, este resultado revelasse alto comparado ao do presente estudo. Esta diferença pode estar
associada a menor produtividade tecnológica e a altos custos de produção. Estudos desenvolvidos
por Holmes et al., (2004) e Chirinda (1994) obtiveram produtividades tecnológicas, de 22,39m3
/he e de 40,16 m3 /he, respectivamente, são exemplos de trabalhos com produtividade tecnológica
superior ao de presente trabalho.
Resultados divergentes foram encontrados por Jaime (2018), no seu estudo sobre influência do
tipo de produto na produtividade e nos custos de exploração florestal em povoamento de
Eucalyptus sp, onde obteve 212,13 Mt/m³, esta diferença pode estar ligado a altos custos de
produção e a baixa produtividade tecnológica.
Os custos unitários efectivos são aqueles associados à produção de um ano inteiro, conforme
calculado na fórmula (15). Para este estudo, o ano de referência para a empresa foi o ano em que
as operações da empresa foram examinadas.
O custo unitário efectivo da actividade de corte com uso de motosserra com a média do volume
de 0,82 m3 de madeira, e uma produtividade tecnológica de 12,92m3/he, com custo de mão-de-
obra e de reparação de 64,77Mt/he e 67,95Mt/he respectivamente, foi apresentado na tabela (5)
abaixo.
#Cue–Custo unitário Efectivo de produção; Cr–Custos de reparção; Cp–Custos de propriedade; Cvh –Custos
variáveis; Cmo–Custos de mão-de-obra; Pt –Produtividade tecnológica ; Ea – Volume anual de produção de madeira,
Vd- Volume diário de produção de madeira em toro
No estudo feito por Fath (2001) Visando avaliar a eficiência financeira em três (3) empresas
florestais. Obteve custos unitários efectivos superiores ao observado no presente estudo:
ECOSEMA no ano de 1996, obtive o volume anual de 250 m3 /ano e um custo unitários efectivos
de 183,67 USD/ m3, ALVORO DE CASTRO no ano de 1997, obteve o volume anual de 150 m3
/ano e um custo unitários efectivos de 305,51 USD / m3; ARCA no ano de 1998, obtive volume
anual de 2000 m3 /ano e um custo unitários efectivos de 44,18 USD / m3. Esta diferença pode
estar associada ao elevado volume de produção de madeira nas empresas estudado, alta
produtividade tecnológicas e utilização dos equipamentos de forma eficiente.
No mês que foi realizado o estudo, a concessão fazia abate da espécie de umbila (Pterocarpus
angolensis DC), sob encomenda para a produção de Tábuas e Barrotes. Olhando para a
distribuição dos custos unitários pelas actividades, o abate gerou um custo total de 699,65Mt/he e
um custo efectivo de 563,8 Mt/m3, levando em consideração as receitas de vendas obtidos dos
registros da empresa de um metro cubico de madeira em toro da espécie umbila que a empresa
vende a clientes no valor de 15.000,00MT, a margem de lucro produzido foi de 14 436,17
MT/m3, equivalente a (225,92 USD/ m3), a actividade poderia produziu margem de lucro acima
disso, mais foi restringido pelo baixo nível de produção, que geravam altos custos fixos, e de
baixa produtividade tecnológica da Motosserra, que resultavam em elevados custos variáveis.
Este resultado esta acima quando comparado aos encontrados por Fath (2001). No seu estudo
visando avaliar a eficiência financeira, na extracção, exploração, supervisão e processamento de
madeira em cinco (5) empresas florestais. Obteve uma margem de lucro para, ECOSEMA (-
108,67 USD/ m3), ALVORO DE CASTRO (-205,51 USD/ m3). Este resultado é baixo se
comparado ao do presente estudo, esta diferença pode estar associado a baixa receita de vende de
madeira (pode ser que a espécie analisada seja diferente e o seu valor de venda também) e
elevados custos efectivos.
Resultado superior ao do presente estudo foi observado por Fath (2001), no seu estudo visando
avaliar a eficiência financeira, na extracção, exploração em três (3) empresas florestais, onde
obteve valores de ponto de equilíbrio de 1,473 m3/ano para Arca com o volume anual de
2,400m3, de 758 m3/ano para Somanol com o volume anual de 480m3 e de 3,119 m3/ano para
Miti com o volume anual de 1,600m3. O elevado ponto de equilíbrio pode estar associado a
elevado volume de produção anual.
Figura 5: Distribuição dos custos operacionais no arraste do toro usando tractor agrícola
A figura 5, pode-se observar que o custo de combustível foi que apresentou maior valor e
ocupava em média 39% dos custos totais resultando em 457,5 MT/he. O alto consumo de
combustível, pode ser explicado pelo facto de se registar avarias constantes do tractor agrícola
devido a manutenção deficiente do motor e vazamento no sistema de combustível.
Podem ser observados ainda na Figura 5, para uma produtividade tecnológica de 6,13 o
custo total para uma equipe formada por um ajudante e um tractorista foi de 5 136,68 MT/he que
equivale a (80,39 USD/he) referente a taxa de câmbio do dia 05 de Setembro de 2023 (1 USD =
63,9MT). O resultado elevado esta associado a manutenção e reparação cara da maquinaria, baixa
mão-de-obra e consumo excessivo de combustível.
Resultado diferente foi encontrado por Macário (2022), no seu estudo sobre “Análise de Custos
nas Actividades de Extracção e Carregamento da Madeira na Concessão Florestal Sotomane”
com uma equipe de um tractorista e dois ajudantes. Encontrou 3 801,95 MT/he, este valor esta a
baixo quanto comparado ao do presente estudo, cuja diferença pode estar relacionado a baixo
custo de manutenção e reparação, baixo consumo de combustível, e elevada mão-de-obra.
A tabela 6 ilustra os resultados de custo unitários de produção da operação de arraste com uso do
tractor agrícola, com uma produtividade tecnológica de 6,13 m3/he e custo total de 5
136,68MT/he.
De acordo com a tabela 6 acima verificou-se que os custos unitários de produção de madeira
arrastada e processada foram de 837,55 MT/m³ (13,11USD/m³). Este alto custo da actividade de
arraste foi devido a baixa produtividade tecnológica nas operações de arraste.
Comparando com resultado obtido por Jaime (2018), no estudo de influência do tipo de produto
na produtividade e nos custos de exploração florestal em povoamento de Eucalyptus sp. O
resultado do presente estudo é superiores em relação ao estudo referenciado acima, que teve um
custo unitário de produção de 212,13 MT/m³. Este baixo valor pode estar relacionado há pouco
tempo de trabalho realizado o que influencio na baixa produtividade tecnológica dessa actividade.
Custo unitários de produção do presente estudo também são maiores em relação aos de Ganda
(2017), no seu estudo “Aspectos económicos da exploração florestal nos trópicos: um estudo de
caso da actividade de arraste em uma floresta manejada no estado do Amazonas” com base no
uso de um tractor florestal Skidder obteve um resultado de 477,86 MT/m³. O baixo resultado
pode estar relacionado a menor produtividade tecnológica e baixo volume das árvores.
A tabela (7) abaixo ilustra os resultados dos custos unitário efectivo da actividade de arraste de
madeira com uso de Tractor com a média do volume de 0,41m3 e uma produtividade tecnológica
de 6,13m3/he, com custo de mão-de-obra e de reparação de 69,70MT/he e de 1385,02MT/he.
CUE–Custo unitário Efectivo de produção; Cr–Custos de Reparo; Cp–Custos de Propriedade; Cvh –Custos
Variáveis; Cmo–Custos de Mão-de-obra; Pt –Produtividade Tecnológica ; Ea – Volume anual de Produção
de Madeira.
O custo unitário efectivo da actividade de arraste com uso de Tractor agrícola foi de 367,61
mt/m3, o equivalente a (5,72 USD/m3). O elevado custo unitário efectivo pode ser explicado
devido a altos custos de manutenção e reparação dos equipamentos. O valor encontrado neste
trabalho esta abaixo quanto se comparado com os valores encontrados por Fath (2001). Onde,
obtive custo unitário efectivo nos intervalos de 174,87 USD/m3 e 364,14 USD/ m3, com o volume
anual de 1 600 m3 /ano para MITI e o volume anual de 480 m3 /ano para SOMANOL, no estudo
sobre a eficiência financeira em cinco (5) empresas florestais de Moçambique. Os alto custos
unitários efectivos referenciados acima, pode ser explicado devido a baixas taxas de utilização e
uso de equipamentos de forma não eficiente bem como arraste de toros a longas distâncias.
A margem de lucro obtido no presente estudo foi superior quanto comparado ao de Fath (2001),
no seu estudo sobre a eficiência financeira em cinco (5) empresas florestais de Moçambique,
obtiveram (-44,87 USD/ m3) para MITI e (-101,64 USD/ m3) para SOMANOL. O resultado
encontrado no estudo referente acima pode ser explicado pelos baixos níveis de produção que se
verificou nas empresas em estudo.
O resultado encontrado de ponto de equilíbrio foi de 0,83 m3/ano, as actividades executada pela
empresa conseguiu produziu um volume superior ao ponto de equilíbrio, e, portanto, gerou lucro.
Mais o resultado alcançado foi obtido sob circunstâncias péssimas, visto que as maquinas
utilizadas não alcançaram aquilo que é a sua potência máxima devido a desgaste mecânico,
constantes avarias e baixo volume de produção anula.
Resultado superior ao do presente estudo foi observado por Fath (2001), No seu estudo visando
avaliar a eficiência financeira, na extracção, exploração, supervisão e processamento de madeira
em cinco (5) empresas florestais. Obteve valor de ponto de equilibrio de 770 m3/ano para Álvaro
de Castro com o volume anual de 150 m3 e 2,217 m3/ano para Ecosema com o volume anual de
600m3. O resultado diverge com o do presente estudo, a diferença pode estar associado a elevado
volume de produção anual.
Neste subcapítulo são apresentados os resultados da comparação das duas actividades em estudo,
tendo como componentes de confrontação Custo unitários comparativos de produção, custos
unitários efectivo e margem de lucro bem como o ponto de equilíbrio.
No presente estudo, o parâmetro custos operacionais por hora das actividades de abate e arraste
não foram comparados, pois apesar desses custos ser de extrema importância para a determinação
de outros parâmetro subsequentes, apresentam diferenças nos vários factores que influenciam
nestes parâmetros como a maquinaria usada, qualidade de mão-de-obra, consumo de
combustível, taxas de juros e outros. Isso porque as maquinarias usados são totalmente diferentes,
para actividade de abate foi usado uma motosserra e para actividade de arraste foi usado um
tractor agrícola, e para cada máquina há um nível de consumo de combustível, número de
trabalhadores, consumo de óleo e executa uma actividade diferente.
Olhando para a distribuição das actividades executadas na tabela 8, o abate e arraste ocuparam
cerca de 237,60 m3 e 306,9 m3 do volume de produção anual.
Pode-se verificar na tabela-8 uma variação de custos unitários de produção das actividades de
abate e arraste, esta variação se verifica em função do tipo da maquinaria usada, o volume de
produção de madeira e o tempo de realização das actividades. O abate com uso de motosserra foi
analisado com um custo de 54,15MT/m3 e para actividade de arraste com uso de um tractor
agrícola obteve um custo de 837,55 MT/m3. A actividade de arraste apresentou um valor superior
quanto comparado a actividade de abate, e isso pode ser explicado devido a baixa produtividade
tecnológica nas operações de arraste, influenciado muito mais com uso de um tractor lento que
transportavam um baixo volume médio de toro em longas distâncias.
Custos unitários efectivos fornecem uma medida da eficiência com a qual a empresa foi capaz de
minimizar o uso de máquinas pesadas e o consumo de combustível ou maximizar a produção
anual e a produtividade tecnológica Fath (2001).
Com base na tabela (8) a cima, os resultados dos custos unitário efectivo para as duas actividades
eram muito altos influenciados por factores como custo de mão-de-obra, custos de manutenção e
reparo de equipamentos, eficiência dos processos produtivos, nível de automação e tecnologia
utilizada, volume de produção anual e efeitos de aprendizado no uso dos equipamentos.
Na execução das actividades verificou-se um custo unitários efectivo de 563,83 Mt/m3 para
actvidade de abate e um custo unitários efectivo de 367,61 Mt/m3 para actvidade de arraste. A
diferença desses resultados esta relacionado a factores acima mencionado.
Pode-se dizer que a empresa de exploração de madeira teve um custo baixo se comparado a
estudo realizado por Fath (2001). Isso pode indicar que no presente estudo há potencial para
melhorias na eficiência dos custos, revisão dos processos ou redução de despesas para optimizar a
rentabilidade.
Para as duas actividades o resultado da margem de lucro não se encontrava equidistante, e isso
deve se a receita de venda de madeira em toro que a empresa vende aos seus clientes, geralmente
esse valor varia em funcão do tipo de espécie.
Nesse trabalho a espécie em estudo é (Pterocarpus angolenses DC), isso porque na época em que
a concessão foi avaliada eles faziam abate e arraste dessa espécie. A receita de vendas obtidos
dos Registro da empresa é de 15 000 MT/m3, permitiu gerar uma margem de lucro para
actividade de abate de 14 436,17 MT/m3 e uma margem de lucro para actvidade de arraste de
14 632,39 MT/m3, uma diferença de 196,22 MT/m3. A actividade de arraste mesmo empregando
equipamento de forma não eficiente produziu um valor superior de margem de lucro quanto
comparado a actividade de abate. Essa diferenca esta associado a elevados custos unitários
efectivos, por outra parte deve-se a baixos níveis de produção e baixa produtividade tecnológica.
Geralmente, os resultados das análises de ponto de equilíbrio sugerem que as empresas que
processam madeira perto da área madeireira são capazes de cobrir seus custos de produção com
níveis de produção mais baixos do que aquelas que vendem madeira não processada longe do
ponto de origem.
V. CONCLUSÕES
Para as actividades observadas, a actividade de arraste foi a que registou altos custos
totais das operações em relação a actividade de abate, devido ao método mecamizado
aplicado na actividade de arraste em detrimento do método semi-mecamizado da
actividade de abate;
O custo unitário de produção para a actividade de arraste, apresentou valores alto devido a
baixa produtividade tecnológica se comparado com a actividade de abate;
Os custos unitários efectivos para a actividade de abate apresentou valores inferior se
comparado com actividade de arraste, e isso, verificou-se devido a utilização dos
equipamentos de forma eficiente para o arraste. Relativamente a margem de lucro as
actividades de abate e arraste, apresentaram valores não muito diferentes, estes resultados,
deve-se ao volume de produção das duas actividades e a diferença nos resultados dos
custos unitários efectivos, portanto, as duas actividades apresentaram margem de lucro;
Tanto para actividades de abate bem como para actividades de arraste apresentaram
valores de ponto de Equilíbrio de 0,01 m3/ano e 0,83 m3/ano respectivamente.
VI. RECOMENDAÇÕES
Que se façam mais estudos do género em todo o país em diferentes períodos de modo a
permitir analisar a evolução da produção no sector. É preciso concentrar esforços em
estudos de indústrias moçambicanas que processam espécies nativas, como forma de
obter material de análise e discussão de aspectos técnicos, uma vez que, maior parte dos
estudos existentes abordam sobre indústrias de processamento de espécies exóticas.
Aos futuros pesquisadores, a desenvolver pesquisas concernente a eficiência financeira,
envolvendo todas as etapas desde exploração, extração, supervisão e processamento de
modo a se apurar com precisão os custos do ciclo completo, desde que haja investimento
para o efeito.
Outro especto a considerar para maior eficiência nas actividades de abate e arraste, é a
manutenção das máquinas e o pessoal qualificado para a manutenção. Máquinas antigas e
com manutenção deficiente resultam em elevado tempo causal, o que baixa o rendimento
e eleva o consumo de combustível, que ocasiona altos custos para a empresa.
AMÓS, L. et al. (1997). Inventário dos recursos de solo nas localidades de Mocuba e
Mugeba. Instituto Nacional de Investigação Agronómica. Moçambique, Maputo, 111 p.
BANDEIRA, R. R.; MACOME, E. E. L.; MARADAN, D.; Nhabinde, V.; ZEIN, K. (2012)
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Eficiência financeira nas actividades de abate e arraste na concessão florestal Sotomane Lda
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SPFFBZ. (2015). Relatório anual dos serviços provinciais de florestas e fauna bravia da
zambézia 2015. Zambezia. 18p.
APÊNDICES
Apêndices 1: Tempo médio gasto por ciclo nas actividades de abate de árvores utilizando
motosserra.
Tempo (min)
Actividades
efectivas Mínimo Médio Máximo
Limpeza 0,15 0,74 2
Abate 0,35 1,64 5
Traçamento 0,23 0,74 2,5
Subtotal 3,12
Tempo (min)
Actividades
Mínimo Médio Máximo
Gerais
Tempo causal 0 1,31 7
Tempo pessoal 0 0,68 9
Subtotal 1,99
TOTAL 5,11
1. Actividade de Abate
Va (MTs) Vr Vu He (he) Nt
Motoserrista 3300 8
Ajudante 2500
Pisteiro 2000
Consumo
(L/h) Preço (MT) Jornadas (h) TD (%) Nd (dias/ano)
Calculos
Produtividade tecnológica
2. Actividade de Arraste
Va Vr Vu (h) Nt
Tractorista 6000 12 15
Ajudante 2000
Consumo
(L/h)
Diesel 20
Calculos
Produtividade tecnológica