Os Donos Do Poder
Os Donos Do Poder
Os Donos Do Poder
Os donos do poder
337
OS DONOS DO PODER
339
OS DONOS DO PODER
As CLASSES NA COLÖNIA
a
Procedendo-se a uma tipologia das classes na colônia, distinguem-se
"se define
Casse proprietaria,a classelucrativa e a classemédia. A primeira
pelas diferenças de bens, que determinam a situação dos membros", no po10
340
LAURA DE MELLO E SOUZA
REINADDO
CLASSES, POLÍTICA E CONFLITO NO PRIMEIRO
No início do século XIX, os senhores territoriais jå no eram mais ne-
seu heproprio,
Seu
anova partilha de poder da qual,
mais uma vez, ficavam
341
OS DONOS DO PODER
342
LAURA DE MELLO E SOUZA
343
OS DONOS DO PODER
homenagens.
O primeiro passo do movimento centralizador foi a Lei de Interpretação
do Ato Adicional, que acabou por lhe infundir um conteúdo oposto ao inicial,
pois privilegiou o poder Legislativo e fez com que as assembleias provinciais
perdessem terreno. Apesar das investidas liberais que visavam a submeter o
poder moderador ao controle da nação, as decisões continuavam sendo tomadas
na cúpula, sob a autoridade do imperador. No contexto político e jurídico de
centralização, os capangas dos senhores se tornavam capangas do império, e o
uniforme da Guarda Nacional burocratizava agricultores e senhores de engenho:
Sobre os sertões e os campos desce a espada imperial; estruturada, na cúpula,
num mecanismo estável de governo, mecanismo superior às mudanças de ga-
binete". O Estado era ainda o das dinastias de Avis e Bragança, todo poder
emanando do rei e a ele volvendo, os conservadores sem cargos se fazendo de
revolucionários e o liberal no poder esquecendo "a pólvora incendiária".
poderes locais ao mando. O partido Conservador, por sua vez, estaria mais
próximo do comércio e do crédito.
344
LAURA DE MELLO E SOUZA
345
OS DONOS DO PODER
2
Ibid., v. 2, pp. 437-438.
346
LAURA DE MELLO ESOUZA
PROPAGANDA REPUBLICANA
347
OS DONOS DO PODER
348
LAURA DE MELLO E SOUZA
O MILITARISMO E OS MILITARES
lbid., p. 534.
349
OS DONOS DO PODER
o
começaram a se separar devido ao agravamento de suas desavenças, o que se
acentuou ante o fato de o liberalismo ver a intervenção militar na política
como sintoma de doença, A força armada estará sempre presente, mesmo que
afastado o militarismo.
350
LAURA DE MELLO E SOUZA
O Os presidentes
sistema imperial partia do centro.
da corte,
vertical-
anos republicanos, sob o Exército, o processo não se alterou, mas com a elei-
ção dos governantes dos estados, para estes se deslocou o eixo decisório, os
estados grandes se mantendo incólumes à influência central. O coroamento
desse processo foi a politica dos governadores, e sua consequência, o
coronelismo, aliado das oligarquias estaduais.
O fenômeno coronelista não era, contudo, novo: a inovação residia no
seu aspecto estadualista e na sua enmancipação do "patrimonialismo central do
império". Antes de ser um líder político, o coronel era um líder económico
não precisava obrigatoriamente ser fazendeiro, e constituiu o primeiro degrau
da estrutura politica, projetada de baixo para cima. O seu mando independia
da riqueza, e se submetia ao reconhecimento tácito de seu poder, num pacto
consensual que o governo da república, por meio da concessão de poderes
especiais, confirmava.
Com a passagem do império para a república, a função eleitoral do coro-
nel se acentuou. Urgia transformar a ordem republicana, de minoritária, em
dominante, e para tanto substituía-se uma farsa eleitoral por outra. O governa-
dor da província era o verdadeiro condutor do processo eleitoral, devendo
submeter o coronel, como o diálogo de Borges de Medeiros com um chefe
local expressa muito bem: "Engano, coronel, o senhor pensa que pensa, mas
quem pensa sou eu". A soberania popular continuava dançando entre os se
nhores, e a vitória eleitoral importava mais do que tudo.
O coronel representava uma forma peculiarde delegaçãodo poder públi-
co no âmbito
privado.O.coronelismo se manifestaria num compromisso, numa
troca de proveitos entre o chefepolitico e o governo estadual.As despesas
ficavam geralmente a cargo do coronel, e a paga vinha sob a forma do empre-
go público, trazendo como consequência o governismo inveterado dos coro-
néis: "O governo mudou, mas eu não mudo: fico com o governo", diria um
deles. A revolta contra esse esquema só seria possível quando o coronel go-
zasse de poderes próprios, à margem da pressão estadual.
Em troca da proteção contra a violência, do auxílio financeiro, o coronel
352
LAURA DE MELLO E SOUZA
lbid., p. 693.
353
OS DONOS DO PODER
meio de uma nova camada, mais burocrática do que aristocrática, mas, como
no passado, estamental e árbitro das classes. Nesse sentido, o primeiro passo
dado seria a disciplina social e jurídica do proletariado. Era o regresso de um
patrimonialismo que ficara afastado nos interregnos de 1889 a 1930 e de 1934
a 1937.
CONCLUSÃO
354
LAURA DE MELLO
ESOUZA
lou.
ad-
cultura forneceu solução alternativa, sufocada pela carapaça
NCm a
ao desafio do
Strativa. Resistindo às setas, à voluptuosidade das indias,
"hipocritamente cas-
undo, a máquina estatal permaneceu portuguesa,
ta, duramente administrativa, aristocraticamente superior".
Ibid., p. 748.
355