Capitulo VIIl - Quimbanda XI

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Capitulo VIII – Quimbanda – XI

O “Ponto Riscado” é o conjunto de sinais gráficos sagrados que, quando em conjunto,


são usados para a evocação ou invocação de um Exu ou Pombagira.
Nossa Tradição visa integrar diversos conhecimentos para o esclarecimento de um
“Ponto Riscado”, pois, dessa forma, não limita ou restringe a amplitude energética do
mesmo. Os “Pontos de Exu ou Pombagira” são complexas “assinaturas” que tem por
objetivo criar uma intensa vibração que age no subconsciente dos adeptos e na própria
estrutura astral. Cada vez que um Ponto de Exu é riscado, abre-se um portal entre os
diversos planos que possibilita a vinda desse espírito. Dentro da ritualística de
incorporação abre determinadas “portas subconscientes” (também conhecidas como
portas “corta-fogo”) que facilitam a “simbiose espiritual” entre os espíritos e os
adeptos.
Os “Pontos Riscados” são definidos das seguintes formas:
• Ponto Riscado Individual:
Ocorre quando o espírito que faz parte dos Reinos da Quimbanda “risca o ponto”
através do adepto médium canalizador (que já está apto ao ato). Essa grafia é uma
“assinatura” individual que demonstra o poder do espírito, bem como o Reino e Legião
ao qual pertence.
• Ponto Riscado da Tradição:
Ocorre quando os adeptos ou dirigentes fazem uso de “Pontos Riscados” que já são
parte da Tradição do culto da Quimbanda.
• Ponto Riscado Inspirado:
Ocorre quando o dirigente ou adepto recebe a grafia do “Ponto Riscado” através de
uma inspiração emanada pelos planos espirituais.
• Ponto Riscado Montado:
Ocorre quando o dirigente ou adepto usa de seus conhecimentos exotéricos e es-
otéricos para produzir um campo de manifestação de forças. Como a Quimbanda é
uma vertente espiritual que “engole e absorve” outras formas de desenvolvimento
gnóstico, os “Pontos de Exu” podem apresentar símbolos gráficos contidos em Sigilos
Esotéricos de outras Tradições, tais como relações planetárias, elementais, alquímicas,
além de um forte apelo numerológico.
Quando o “Ponto Riscado” é motivado através das ritualísticas (descritas no capítulo
inerente), é aberto um poderoso vórtice que flui na forma de uma ‘coluna’. Para que a
energia seja canalizada corretamente, o “Ponto Riscado” deve ter um círculo externo.
Esse círculo delimita o espaço energético de manifestação garantindo que a energia
não se expanda de forma aleatória.
O “Ponto Riscado”, como dito, são sinais gráficos carregados de simbologia e poderes,
cuja função primordial é a abertura de um “portal” que conecta os planos físico e
astral.
Porém, ao contrário do que muitos praticam, os sinais gráficos só emitem energia
plena quando são devidamente ativados, ou seja, assim como as chaves só abrem ou
fecham as portas quando existe um movimento circular e as mesmas se encontram
dentro da fechadura, os “Pontos Riscados” também o são.
Como nossa Tradição é composta por adeptos que vieram de “escolas” diferentes,
muitas formas de ativação antes não usadas foram agregadas ao culto de Exu. Isso
permitiu uma enorme expansão dentro da corrente, pois novos elementos e práticas
potencializaram a abertura desses portais.
Um “Ponto” dessa natureza, se mal ativado, pode atrair para dentro do local de culto
formas espirituais atrasadas repletas de energias de vingança. Essas formas, ao invés
de corroborarem com os trabalhos, atrasam, ludibriam e mistificam. Portanto, o uso
dos pontos deve ser cauteloso e a ativação dos mesmos é necessária para o bom
direcionamento energético.
Costuma-se riscar (desenhar) os pontos no chão. Quando a casa possui chão de “terra
batida”, risca-se com uma faca ou com um galho de figueira. Entretanto, nos dias
atuais, chão de “terra batida” é muito raro e os templos são quase todos feitos em
alvenaria. Nesses casos, a grande maioria dos terreiros usam “Pemba” ou o “Efun”
para riscar os pontos.
No Brasil, “pemba” é o nome de um bastão cuja composição é sulfato de cálcio
hidratado, usado para riscar os pontos. Possui muitas cores relacionadas ao uso das
mesmas com os espíritos da umbanda e por vezes do candomblé. A “pemba” original é
feita de um pó extraído dos montes brancos Kabanda e da água de um rio que os
africanos acreditam ser divina. Dentro dos ritos africanos, a Pemba era usada para
tudo que necessitasse de bênçãos, e muitas lendas deram início a santidade dos pós
feitos a partir da mesma.
O “Efun” (na língua Iorubá é cal, giz), apesar de ser semelhante a “Pemba” e por vezes
desempenhar as mesmas funções, não é o mesmo objeto. “Efun” é uma massa de
argila branca extraída de rios e está relacionada aos pós mágicos e suas ritualísticas.
Tanto a Pemba quanto o Efun são considerados formas de sangue branco e estão
diretamente ligados ao ar, aos pulmões e a todo processo vital.
A Quimbanda Brasileira ao invés de usar a popular “Pemba”, facilmente encontrada
nas lojas de artigos religiosos, adota o tradicional “Giz Escolar” para a marcação dos
pontos. A composição é a mesma e o giz facilita e aprimora o desenho do ponto
riscado. Após o desenho estar pronto, deve ser ativado. Para tal, algumas formas são
adotadas:
- Através do Sopro e do Cuspe
O sopro e o cuspe simbolizam a substância da alma. Ao soprarmos dentro do ponto
riscado, estamos carregando-o com nossa própria essência e doamos energia para que
o desenho receba vida. Quando citamos o cuspe, em verdade, entendemos que a
saliva é tida como uma espécie de “Sangue Branco ligada ao Reino Animal” e aumenta
ainda mais a energia vital. Entretanto, o ato de soprar e cuspir estão conectados.
Quando soprarmos dentro dos pontos riscados ou nosso hálito está misturado com a
fumaça do tabaco e de fumos preparados ou ao soprar cuspimos bebidas, mel, ervas,
raízes, favas maceradas e involuntariamente a própria saliva. Sangue branco, verde e
vermelho se misturam para potencializar energia.
- Através dos pós
Pós são partículas muito finas de terras e de muitos outros objetos. A Quimbanda
herdou das tradições bantos os mistérios que envolvem a confecção dos pós. Um bom
pó deve ter:
-Energia;
-Elementos de qualidade;
-Foco direcional.
O que produz a energia para o pó é a feitura dele no pilão. Quando se bate, cria-se
eletricidade através do atrito. Com a “Oração para despertar os espíritos das ervas,
sementes e animais” o pó recebe muita força e é uma poderosa arma dentro da
Quimbanda Brasileira. Tudo vira pó:
Restos de animais incinerados, folhas, cascas e raízes secas, páginas de notícias, sigilos
gravados, cinza de fumo, dentre outros elementos.
Os pós estão conectados a todos os tipos de sangue, portanto, podem ser usados para
invocar ou evocar os Mestres Exus através de seus respectivos pontos riscados.
Existem duas formas de ativar através dos pós:
- Soprando-os em cima do ponto riscado
Quando sopramos os pós, usamos a força do sopro e do pó. Com o pó na mão
esquerda (receptiva), o adepto carrega-se com os sentimentos desejados e sopra isso
dentro do ponto riscado.
- Contornando os traços do ponto riscado
Após riscar o ponto, o adepto contorna o ponto riscado com o pó enquanto faz o
chamado de invocação ou evocação.
- Através das Velas
A vela simboliza o fogo e a terra. A Quimbanda Brasileira entende que a parafina é
feita a partir do petróleo e possui muita energia ígnea, polaridade dinâmica e atributos
das profundezas. Em tese, a cor da vela não influência a ativação, entretanto, o uso de
velas coloridas pode ocorrer de acordo com o objetivo do trabalho.
Ativa-se o “Ponto Riscado” através do uso das velas, de três maneiras:
- Iluminando os pontos de cruzamento entre os tridentes/garfos.
- Iluminando os ponteiros/pontas do “Ponto Riscado”.
- Iluminando através de sete chamas que representam o grau de “Mestre” ou
“Mestre Sete”.
- Através do Fogo
Após o desenho do “Ponto Riscado”, circula-se o mesmo com alguma substância volátil
e ateia fogo. Enquanto a chama estiver acesa, efetuam-se as orações invocatórias e
evocatórias.
- Através do Enxofre
O enxofre (do latím sulphur, -ŭris) tem muitas propriedades físicas e mágicas. Na
temperatura ambiente, encontra-se em estado sólido. É usado desde a confecção da
pólvora até para fertilizantes, ou seja, é um elemento essencial encontrado na Terra e
em outros planetas do sistema solar. Quando manipulado junto ao fogo, produz um
gás chamado dióxido de carbono e é extremamente tóxico. Na ativação dos “Pontos
Riscados”, efetua um papel ígneo e ao mesmo tempo filtra as energias nocivas
mantendo o bom equilíbrio ao longo dos trabalhos.
O enxofre pode ser salpicado ou soprado aleatoriamente dentro do “Ponto riscado”.
- Através dos Sete Metais
Alguns metais são considerados formas de sangue. São fontes energéticas muito in-
tensas quando aplicadas nos “Pontos Riscados”. Mistura-se os pós de Ouro, Prata,
Bronze, Cobre, Ferro, Chumbo e Estanho e esse pó é soprado dentro do “Ponto Ri-
scado”. Os metais possuem relações com planetas, órgãos do corpo humano, com-
portamentos, abertura de determinados portais energéticos dentre outros atributos.
Os adeptos podem eleger um ou mais desses metais para focar nos atributos
individuais. Em tais casos, a ativação dependerá de uma descarga energética mais
intensa através das orações invocatórias ou evocatórias.
- Ativação através do Sangue
O sangue, como descrito no capítulo inerente, é a substancia mais rica em poder. Não
recomendamos a ativação de “Pontos Riscados” através desse meio se o adepto não
tiver embasamento para tal, pois é a via mais “radical” de ativação. O procedimento é
feito de duas maneiras distintas:
-Imolando um animal
Após riscar o ponto e ativá-lo através do sopro e das velas, imola-se um animal e o
sangue é derramado em cima desse desenho. As orações devem ser firmes, diretas e
repletas de energia.
- Derramando o próprio “Kiday”
Após riscar o ponto e ativá-lo através do sopro e das velas, o adepto faz uma pequena
incisão no seu dedo e derrama sete gotas do próprio sangue em cima do desenho. Essa
forma de ativação só pode ser feita por pessoas que realmente tenham domínio e
entendimento sobre as forças que deseja chamar. Não incentivamos essa prática até
que o adepto tenha controle sobre as energias, pois nesse caso ocorrerá uma intensa
troca energética.
Muitas outras formas de ativação podem ser desenvolvidas individualmente pelos
adeptos conforme forem estreitando suas relações com os “Mentores e Mentoras”. O
esforço e a dedicação fazem o engrandecimento da Quimbanda Brasileira.

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