TCC - Desenvolvimento de Filme de Alginato
TCC - Desenvolvimento de Filme de Alginato
TCC - Desenvolvimento de Filme de Alginato
CURSO DE FARMÁCIA
Belo Horizonte - MG
2023
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA
CURSO DE FARMÁCIA
Belo Horizonte - MG
2023
APRESENTAÇÃO
Ana Paula Piló Campos1, Barbara Alanise Ribeiro1, Dário Oliveira Duarte Júnior1, Jéssica Sabatele
Mariano Soares1, Patrícia de Moura Almada1, Marina Pereira Rocha1, Juliano Douglas Silva
Albergaria1.
1
Centro Universitário UNA, Campus Aimorés, Rua dos Aimorés, 1451 - Lourdes, Belo
Horizonte - MG, 30140-071
RESUMO
Ferimentos causados por queimadura ainda são um desafio clínico devido à
gravidade do dano tecidual, à desidratação da ferida e o longo período no
processo de recuperação do paciente. O desenvolvimento de curativos que
melhor se adaptam as feridas cutâneas tem ganhado atenção na literatura.
Dentre os vários curativos para feridas, os materiais a base de alginato
demostraram ser adequados por permitir o carreamento e liberação prolongada
de ativos que favoreçam a regeneração tecidual, como diferentes tipos de
vitaminas e substâncias naturais. Entre essas, estão a Aloe vera e o mel por
apresentarem características cicatrizantes. Nesse contexto, o presente estudo
teve o objetivo propor o desenvolvimento e a avaliação de filmes a base de
alginato de sódio contendo Álcool Polivinílico ou glicerina como agentes
plastificantes, associados a Aloe vera ou mel, como alternativa no tratamento de
feridas causadas por queimaduras. Os filmes desenvolvidos foram
caracterizados por Microscopia Eletrônica de Varredura e óptica (MEV) e
Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR), além de
serem avaliados segundo seu potencial antimicrobiano e citotoxicidade em
culturas de fibroblastos (ensaio de MTT - 3-(4,5 dimetiltiazol-2il) – 2,5 –
difeniltetrazólio - Thermo Fisher Scientific). As características físicas dos filmes
demonstram ser favoráveis devido a presença de estrutura porosa o que
favorece a liberação gradativa de ativos do material como também maior
superfície de contato para melhor aderência dos filmes. Os resultados de FTIR
permitiram a identificação dos grupos funcionais característicos de cada ativo
incorporado como o mel, Aloe vera, óleo de girassol, vitamina E e Vitamina A.
Na avaliação da atividade antibacteriana para Staphylococcus aureus e
Pseudomonas spp, todos os grupos não apresentaram característica inibitória.
Já os ensaios in vitro de citotoxicidade demonstraram maior viabilidade celular
para todos os filmes formulados com Aloe vera, principalmente com glicerina, e
menor viabilidade celular para o filme associado a glicerina contendo mel. Assim
sendo, sugere-se que os filmes a base de glicerina apresentam uma maior
liberação dos ativos e que a Aloe vera seria um candidato interessante na
formulação de curativos para queimaduras, uma vez que favoreceu a
proliferação de fibroblastos, conforme visto no teste de citotoxicidade.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Queimaduras
Figura 2. Ilustração esquemática do modelo egg-box (caixa de ovos), com a zona de junção do
íon Ca2+ com o alginato.
3.1 Materiais
B C
3.5 Antibiograma
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Legenda: a) rugosidades de superfície bem definidas; b) superfície de aspecto mais liso com
rugosidades aparentemente de menor relevo; c e d) superfícies organizadas de forma
pentagonal hexagonal.
Figura 5. Microscopia eletrônica de varredura dos filmes de alginato contendo Aloe vera e Mel.
Legenda: a e b) filme de alginato com PVA e Aloe vera, nos aumentos de 5000X e 10000x,
respectivamente; c e d) filme de alginato com PVA e mel, nos aumentos de 5000X e 10000x,
respectivamente; e e f) filme de alginato com glicerina, PVA e Aloe vera, nos aumentos de
5000X e 10000x, respectivamente; g e h) filme de alginato com glicerina, PVA e mel, nos
aumentos de 5000X e 10000x, respectivamente. As setas brancas evidenciam as separações
em blocos (semelhante a rachaduras) dos filmes de PVA + Aloe vera.
Figura 6. Microscopia eletrônica de varredura dos filmes de alginato contendo Aloe vera e Mel
Legenda: a) filme de alginato com PVA e Aloe vera; b) filme de alginato com PVA e mel; c)
filme de alginato com glicerina, PVA e Aloe vera; d) filme de alginato com glicerina, PVA e mel.
Todos estão expressos no aumento de 15000X. As setas brancas evidenciam a presença de
poros na superfície dos filmes.
Gráfico 1: Distribuição de espessura das cristas apresentadas nos filmes de alginato com PVA
+ Aloe vera e PVA + mel.
Legenda: Em a estão os filmes formulados com mel, enquanto em b os filmes formulados com
Aloe vera.
4.3 Caracterização por antibiograma
Gráfico 3. Viabilidade celular de fibroblastos por ensaio de MTT nos períodos de 24 horas e 72
horas.
5. CONCLUSÃO
Conclui-se que os filmes a base de glicerina apresentam uma maior
liberação dos ativos com maior presença de poros e que a Aloe vera seria um
candidato interessante na formulação de curativos para queimaduras, uma vez
que favoreceu a proliferação de fibroblastos. Nenhum dos filmes produzidos
apresentou efeito inibitório na proliferação de S. aureus e P. aeruginosa.
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