Livro - Sistema Agroecológico de Produção de Olericulas
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SISTEMA AGROECOLÓGICO DE
PRODUÇÃO DE OLERICULTURA
1ª Edição
Taubaté
Universidade de Taubaté
2016
Copyright©2016. Universidade de Taubaté.
Todos os direitos dessa edição reservados à Universidade de Taubaté. Nenhuma parte desta publicação pode ser
reproduzida por qualquer meio, sem a prévia autorização desta Universidade.
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Autores Alecsandra de Almeida
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Horário de atendimento: 8h às 22h
ISBN: 978-85-66128-89-5
Bibliografia
Palavra do Reitor
Bons estudos!
v
vi
Apresentação
Este livro trada dos princípios ecológicos e sociais que norteiam as práticas dos sistemas
sustentáveis de produção de hortaliças. Inicia fazendo um histórico do surgimento da
agroecologia. Desenvolve-se associando os princípios ecológicos e sociais importantes
no processo de desenvolvimento do agroecossistema hortícola, por meio do mercado para
produtos agrícolas sustentáveis; aborda a interação com ambiente, a escolha da espécie a
ser cultivada, o manejo conservacionista do solo, o controle ecológico da vegetação
espontânea, das pragas e doenças.
vii
biológica, O aumento da diversidade dentro e no entorno da área de cultivo, com
diferentes plantas, estimula a diversidade em geral e propicia condições climáticas
favoráveis ao desenvolvimento das hortaliças.
viii
Sobre o autor
ix
x
Caros(as) alunos(as),
Caros( as) alunos( as)
A estrutura interna dos livros-texto é formada por unidades que desenvolvem os temas e
subtemas definidos nas ementas disciplinares aprovadas para os diversos cursos. Como
subsídio ao aluno, durante todo o processo ensino-aprendizagem, além de textos e
atividades aplicadas, cada livro-texto apresenta sínteses das unidades, dicas de leituras e
indicação de filmes, programas televisivos e sites, todos complementares ao conteúdo
estudado.
Esperamos, caros alunos, que o presente material e outros recursos colocados à sua
disposição possam conduzi-los a novos conhecimentos, porque vocês são os principais
atores desta formação.
Equipe EAD-UNITAU
xi
xii
Sumário
Sobre o autor.................................................................................................................... ix
Ementa .............................................................................................................................. 1
Objetivos........................................................................................................................... 3
xiii
3.2 Sintese da Unidade ................................................................................................... 81
Referências ..................................................................................................................... 99
xiv
Sistema Agroecológico de
Produção de Olericultura
ORGANIZE-SE!!!
Você deverá usar de 3
a 4 horas para realizar
cada Unidade.
Ementa
EMENTA
1
2
Objetivo Geral
Objetivos Específicos
3
4
Introdução
5
Na conversão agroecológica de uma unidade de produção de olerícolas os insumos são
substituídos e privilegiam-se os processos e interações ecológicas, para se alcançar um
sistema agrícola com diversos subsistemas trabalhando de forma integrada e harmônica.
Este sistema permite níveis de produção adequados, elimina os riscos de contaminações,
amplia a conservação ambiental e a segurança alimentar, melhora a qualidade de vida,
com a participação criativa dos trabalhadores e agricultores. Estas ações promovem o
desenvolvimento sustentável e a autossuficiência da agricultura.
6
Unidade 1
De acordo com Feiden (s.a.), James Lovelok criou uma ferramenta denominada Janela
da Vida. Esta ferramenta ajuda a entender os micro e os macrossistemas. Esta ferramenta
consiste num triângulo, do qual cada extremidade é representada por um dos elementos
7
limitantes ou estimulantes da vida, como radiação, na forma de luz e calor; nutrientes,
na forma de elementos químicos; e água, na forma de líquido, vapor d´água e gelo. Com
isso, contata-se que a produção sustentável depende do equilíbrio entre nutrientes, planta,
água e luz solar. Para obter este equilíbrio tem-se que levar em consideração o solo e
outros organismos coexistentes. O agroecossistema é produtivo e saudável quando essas
condições de crescimento ricas e equilibradas prevalecem, e quando as plantas
permanecem resilientes (resiliência é a capacidade de voltar ao seu estado natural,
principalmente após alguma situação crítica e pouco comum) de modo a tolerar estresses
e adversidades.
8
Figura 1.1: Fluxo de matéria e energia na cadeia alimentar.
9
Espécie: é o conjunto de indivíduos semelhantes (estruturalmente,
funcionalmente e bioquimicamente) que se reproduzem naturalmente,
originando descendentes férteis.
Todos os seres vivos são formados por combinações de elementos químicos que se
agrupam de maneira a construir a matéria viva, com movimentos cíclicos de elementos e
substâncias, passando do meio biótico para o meio abiótico (físico) e vice-versa. Este
processo é denominado ciclagem e ocorre por meio dos ciclos biogeoquímicos, como o
ciclo de carbono, ciclo de nitrogênio, ciclo de oxigênio, ciclo da água, ciclo de enxofre,
do fósforo e outros. Por exemplo: o nitrogênio está presente na atmosfera e é componente
de aminoácidos e juntamente com aminoácidos a base de enxofre forma as proteínas. Para
passar naturalmente do meio físico (atmosfera) para o solo/planta e posteriormente para
os animais, necessita da ação de descargas elétrica e ação de bactérias do gênero
Rhizobium (FEIDEN, s.a.) e da proteossíntese. Assim, percebe-se que o equilíbrio
dinâmico observado nos ecossistemas é decorrente das diversas interações ecológicas que
ocorrem no ecossistema e que devem ser conhecidos para se obter sucesso nos
agroecossistemas. Estas interações são:
• As técnicas são ecologicamente corretas, uma vez que não tente modificar
15
radicalmente ou transformar o ecossistema agrícola, mas sim de identificar
elementos de gestão que, uma vez incorporado, levam a aperfeiçoamento da
unidade de produção.
17
c. Bulbo: alho e cebola.
As hortaliças também podem ser agrupadas de acordo com a sua exigência climática
(Tabela 1.1). As hortaliças adaptadas ao clima ameno a frio se desenvolvem melhor em
temperatura entre 18 a 25°C durante o dia e 10 a 15°C durante a noite, toleram
temperaturas positivas próximas de zero. As temperaturas máximas muito altas
prejudicam a qualidade. Isso se aplica ao tomate, às hortaliças da família Brassicae (couve
flor, brócolis, repolho, rúcula espinafre, nabo, rabanete), alface, cenoura, batata e cebola,
mandioquinha salsa, cebolinha, salsinha. Apesar de existirem cultivares e híbridos
adaptados às condições de temperaturas elevadas, sempre haverá perda de qualidade e
aumento do custo de produção em decorrência da maior ocorrência de doenças e pragas.
1.2.1 Mercado
18
venda direta ao consumidor final, por meio de entrega em domicílios (cestas orgânicas
do produtor) e em feiras de produtores e para agentes intermediários varejistas como
supermercados, lojas especializadas em produtos orgânicos, lojas de produtos naturais e
restaurantes. As vendas também são feitas a mercados institucionais como a alimentação
escolar por meio do PNAE.
• A agricultura de base ecológica deve dar prioridade aos mercados locais, importando
apenas produtos que não são produzidos na região e exportando produtos de alto valor
comercial (FAO, 2007 citado por MOURÃO, 2007 ).
19
No planejamento deve-se incluir também a análise laboratorial da água. O aspecto
biológico é de fundamental importância, porque as águas contaminadas por agentes
biológicos são prejudiciais para o agricultor, trabalhador rural, que pode contrair doenças
graves, como esquistossomose, cólera, desinteria e hepatite infecciosa, uma vez que, além
de ser usada para molhar as plantas, tal água será usada na pré-limpeza das hortaliças.
Vento: uma brisa é importante para secar a superfície foliar e evitar doenças. Contudo,
o vento forte e constante seca o solo, intensifica o processo de transpiração, aumenta a
respiração das plantas, reduz o crescimento e a proteossíntese, causa ferimento nas folhas
e favorece o ataque de pragas e doenças. A planta consumirá grande parte do que
fotossintetizou para amenizar o estresse causado pelo vento, reduzindo seu crescimento e
produção. Desta forma, é importante usar quebra vento (cerca viva), que, além de barrar
o vento, promove a biodiversidade, pode ser podada e usada como cobertura morta e
aporte de material orgânico.
21
elevadas prejudicam e até impedem a tuberização.
22
plantado na primavera/verão de regiões que atingem altas temperaturas nessas estações,
não formarão cabeças comerciais. E geralmente são cultivadas a campo aberto, próximos
a centros consumidores, áreas denominadas de agricultura urbana, periurbana e cinturões
verde. Um exemplo é o cultivo de herbáceas (folhosas), em Mogi das Cruzes e Piedade,
municípios responsáveis pelo abastecimento de verduras para a cidade de São Paulo.
Quanto às propriedades físicas do solo, deve-se, sempre que possível, escolher áreas com
solos leves, ou seja, com equilibrada distribuição das frações granulométricas (areia, silte
e argila), profundos e permeáveis. Antes de se iniciar a operação de preparo do solo, deve-
se verificar a presença ou não de camadas compactadas e de salinidade. A presença e a
profundidade dessas camadas adensadas são detectadas por sondagens com
penetrômetros ou pela abertura de trincheiras. A salinidade é a concentração de sais
solúveis no solo e é avaliada pela condutividade elétrica. Deve merecer atenção especial,
principalmente em regiões onde a água de irrigação apresenta alta concentração de sais.
O solo é considerado salino quando apresenta condutividade elétrica superior a 4 ds.m-1.
Irrigação adequada e boa drenagem evitam o acúmulo de sais. É importante ressaltar que
o aumento do teor de matéria orgânica melhora a textura e a estrutura do solo, resolvendo
os problemas com o tempo e o contínuo fornecimento de materiais orgânicos.
Quanto aos aspectos biológicos, é importante conhecer os cultivos anteriores para saber
se tem a possibilidade de ocorrência de nematoides ou fungos de solo. No caso da
presença de nematoides, não havendo outra opção de terreno, planta-se Crotalaria
juncea na primavera/verão, e incorpora ao solo na floração. Esta planta ajuda no controle
de nematoides. De acordo com Sharma et al. (1982) e Santos e Ruano (1987), a prática
da adubação verde pode se constituir num dos métodos mais valiosos e baratos no
controle de nematoides, desde que se opte pela espécie adequada. Dentre as diversas
plantas cultivadas, algumas contribuem para o incremento populacional dos nematoides
e outras são antagônicas, ou seja, abaixam sua população no solo. Semelhantes efeitos
24
têm sido observados em diferentes espécies de plantas usadas como adubo verde. As
crotalárias, mucunas e o gandu são espécies de verão que apresentam os melhores efeitos
no controle populacional dos nematoides. Entre as gramíneas de inverno destacam-se a
aveia, o centeio, o azevém e a cevada. Entre as leguminosas de inverno, a alfafa, a seradela
e a aspérula (SANTOS; RUANO, 1987).
Outra forma de tratar o solo com histórico de nematoides e fungos de solo é pelo uso de
solarização e biofumigação.
• O filme deve ser aplicado de forma a que fique aderente à superfície do solo;
25
• Após a solarização, o solo não deve ser revolvido para plantio a cultura seguinte,
para evitar o transporte de sementes dormentes de plantas espontâneas para a
camada superficial.
A biofumigação pode ser combinada com a solarização. Neste caso, a matéria orgânica é
incorporada no solo antes de molhá-lo. Isso potencializa as funções de desinfeção do solo
e minimiza o estresse no organismo benéfico do solo, provocado pelas temperaturas
elevadas. O controle das populações dos patógenos do solo ocorre por causa do aumento
da temperatura do solo decorrente da solarização, e por causa da concentração de gases
resultantes da decomposição do material orgânico adicionado ao solo.
26
1.2.3 Cálculos Úteis no Planejamento da Horta Feita em Canteiro
Ao visitar o local tomam-se as medidas da área, usando trena ou por meio de outras
ferramentas como plantas, Google Earth. Estes cálculos são importantes para definir
quantidade de adubo, hora máquina, quantidade de mudas e outros. No escritório define-
se a largura dos canteiros (LC), que varia entre 0,9m e 1,20m. Estabelece-se a largura das
ruas (LR) (caminhos para circulação entre os canteiros), que pode ser de 0,3 a 0,5 m e
calcula-se o tamanho da área destinada ao plantio (ATH). Feito isso, calculam-se:
2. Percentual da área total sem uso para plantio (% ATSU) % ATSU = (LR ÷ LEC)
x 100
3. Área (m2) ocupada por ruas (AOR). AOR = (% ATSU ÷ 100) x ATH
27
Escolha de variedades e cultivares: a escolha da hortaliça a ser plantada depende do
tipo de mercado que se deseja atingir. Para obter esta informação o ideal é visitar os
atacadistas e estabelecimentos comerciais para saber quais são os tipos e cultivares mais
demandadas. Sabendo disso, devem-se adquirir sementes de variedades ou cultivares que
sejam adaptadas ao sistema orgânico. Todavia, ainda existem poucas
variedades/cultivares desenvolvidas para o sistema orgânico. Para a maioria das
hortaliças, existem cultivares mais rústicas ou com maior resistência a doenças, que se
desenvolvem melhor nesse sistema de cultivo, necessitando assim de menor intervenção
humana. Como exemplo, já são encontrados cultivares de berinjela resistente à
antracnose; de pepino resistente ao míldio, mancha angular e oídio; de pimentão resistente
a vírus e requeima; e de tomate resistente a alguns fungos, bactérias e vírus.
Para facilitar, a Embrapa lançou o Catálogo Brasileiro de Hortaliças. Ele apresenta uma
lista das hortaliças mais comercializadas e está disponível em diversas homepages
As hortaliças podem ser propagadas por mudas ou semeio direto no local de plantio. No
caso de usar mudas, prática comum para a maioria das hortaliças, elas podem ser
produzidas em bandejas de isopor, adquiridas no mercado, ou copinhos de jornal. A
produção de mudas em bandeja ou copos, método mais seguro, exige uma estufa com
sistema de irrigação e bancada para disposição de bandejas, que não devem ficar em
contato direto como o solo.
Produção de mudas
Bandejas: para produção de mudas, as bandejas mais usadas são aquelas de 128 a 200
células de isopor, porque pode ser reaproveitada depois de higienizada com água clorada.
Cada bandeja de 128 células recebe de 25 a 30 g. As bandejas de 128 células são
recomendadas para berinjela, pimentão, tomate e as de 200 células, para alface, rúcula,
chicória. Após o enchimento das células da bandeja, faz-se a compactação do substrato e
a abertura dos furos com 1 cm de profundidade (um furo por célula). Coloca-se uma ou
duas sementes por furo, recobrindo-as em seguida com substrato peneirado ou com
vermiculita pura de granulometria média ou fina. Para rúcula, cebolinha e salsinha usam-
se de oito a quatro sementes, respectivamente, por célula, e não faz desbaste. Após a
semeadura, as bandejas são umedecidas e armazenadas em pilhas, por 72 horas, em um
galpão coberto, para impedir a penetração de luz pelo substrato, atrasando a germinação.
Durante esse período, as sementes iniciam o processo de germinação, em seguida as
bandejas são transferidas para estufas ou telados. Cerca de 30 dias depois, a muda está no
ponto de transplante.
30
Para determinar o número de mudas necessárias para a área de cultivo, deve-se conhecer
o espaçamento indicado para a cultura. O espaçamento é a distância entre cada planta. A
distância entre as linhas é maior do que a distância entre as plantas, na linha. A definição
do espaçamento deve ser feita com base nas recomendações para a cultura, com o
ambiente de cultivo e tamanho da hortaliça produzida. Para solos muito férteis, a
recomendação é de espaçamentos maiores porque as plantas crescem mais. Mas se o
objetivo é produzir hortaliças menores, como o caso do repolho, o espaçamento deve ser
reduzido. Alfaces comuns
Figura 1.3: Croqui de plantios em fileiras simples e dupla.
e americanas podem ser
plantadas no espaçamento
0,30m por 0,25 ou 0,30m
entre plantas. Para as
alfaces gourmet, como por
exemplo a “Brunela”, o
espaçamento pode ser 0,2
por 0,2 m. Este assunto
será detalhado em cada
grupo de hortaliça tratado
nas próximas Unidades.
Os espaçamentos formam
figuras geométricas do
tipo retângulo, quadrado,
triângulo e pode ser
arranjados em fileira
simples e fileira dupla
(Figura 1.3).Se o plantio
Fonte: Elaborado pelos autores
for feito em fileiras
simples, o número de mudas será determinado pela seguinte fórmula:
31
Nm=número de mudas; Área plantada =1 hectare=10.000m2; L= lado maior e l =lado
menor.
A decisão das espécies e cultivares a incluir nas rotações tem que considerar as
oportunidades de comercialização, o ciclo cultural de cada cultura e outros aspectos como
os ciclos das principais pragas e doenças às quais são susceptíveis. Por outro lado, existem
culturas na rotação que restituem nutrientes ao solo e outras que utilizam esses nutrientes,
sendo importante, que no final da rotação, exista um balanço positivo para a fertilidade
do solo.
Na rotação, hortaliças da mesma família não devem cultivadas em uma mesma época e
nem lotes adjacentes; hortaliças de mesma família não são plantadas em um mesmo lote
consecutivamente; as leguminosas selecionadas para adubação verde, cultivadas uma vez,
não podem ter adjacente ou consecutivamente no mesmo lote, a vagem ou ervilha;
programa-se um período de pouso em lotes da horta.
A incessante busca por um novo modelo de vida, de produção e de consumo, que proteja
o ambiente e possibilite a sobrevivência no planeta, tem levado ao crescente consumo de
produtos com selos de não agressão às florestas e ao ambiente, de mercado justo e
solidário, dentre outros, que primam pela certificação ou por organismos de controle
social (OCS), agregando agricultores com poucos recursos.
35
públicas e favorecer a comercialização dos produtos.
As encostas das montanhas voltadas para o Norte são as que recebem ao longo do ano
maior incidência de radiação solar direta sendo, portanto, mais aquecidas, o que também
contribui para que a umidade relativa no microclima dessa encosta seja menor, conforme
o Instituto Brasileiro do Café (IBC, 1986). A adequação da posição dos cultivos na
paisagem melhora a captação da energia solar e da umidade do ar pelas culturas. Ainda
pouco valorizada, a posição em relação à bacia aérea, ou seja, à posição em relação à
36
encosta que recebe os ventos e o deixa passar em diferentes trajetórias até áreas de escape,
possibilita situá-los após a garganta da microbacia, que são mais úmidas.
Ao buscar a melhor captação da energia solar muitas vezes os cultivos são plantados
morro abaixo, ou seja, no sentido da pendente. Isto é feito também para melhorar o
rendimento das operações de manejo. Assim, é necessário aportar cobertura morta
(biomassa vegetal, matéria orgânica) nos carreadores (caminhos entre canteiros), para
evitar o escorrimento superficial da água e proteger o solo dos respingos de chuva,
reduzindo a erosão, a evaporação e a necessidade de capinas. A irrigação deve buscar o
uso racional da água por meio de bombas de baixa pressão, microaspersão ou pluma
nebulização com mangueiras de irrigação Santeno, perfuradas a laser.
A produção em canteiros elevados sem o uso da cobertura morta (solo descoberto) traz
as desvantagens do respingo de partículas de solo nas folhas e frutos das olerícolas,
carregando esporos de fungos e bactérias, que podem favorecer as doenças. A terra
também resseca mais rápido, demandando mais irrigações. O mato indesejável cresce
mais rápido nos canteiros e carreadores e o solo se compacta pelo impacto das gotas de
chuva, provocando erosão. Para amenizar esses fatores indesejáveis, preconiza-se a
disposição de resíduos orgânicos em abundância nos carreadores. As alternativas para
isso são pseudocaules de bananeiras abertos ao meio na forma de telha, juntamente com
folhas e matos das capinas e roçadas do entorno.
40
Dos métodos de preparo do solo convencionais nas terras baixas é tradicional o
rotoencanteiramento, que destrói as propriedades físicas e biológicas. São crescentes os
resultados de pesquisas sobre sistemas de plantio direto (SPD) e o cultivo mínimo (SCM)
de olerícolas em manejo orgânico, sem o dessecamento das palhadas, utilizando-se
somente a roçadeira, melhorando a bioestrutura com a elevação da matéria orgânica e
reduzindo os gastos com a motomecanização. No SPD os resíduos são deixados em
cobertura e no SCM são incorporados superficialmente (15 cm) com grade ou enxada.
Plantas como o sorgo e o milheto rebrotam com facilidade e são manejadas no ciclo de
crescimento das olerícolas, por meio de capinas seletivas.
42
principalmente, devido à ação do clima, com altas temperaturas e chuvas torrenciais, que
proporcionam maior intemperismo e lavagem dos nutrientes do perfil do solo. Assim,
predominam solos ricos em óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio, minerais de argila
do tipo 1:1 com pouca capacidade de troca de cátions (CTC), garantindo baixa reserva de
nutrientes para as plantas. Por isso, a matéria orgânica do solo tem papel tão importante
na manutenção e sustentabilidade dos agroecossistemas, pois é a principal responsável
pelo armazenamento de nutrientes e água do solo, e a fonte de transformações
intermediadas por organismos do solo (capítulo 7, Manual Adubação Estado do Rio de
Janeiro).
43
1.5 Para saber mais
Filmes e telenovelas
Livros
Sites
1.6 Atividades
b. Serve tanto às gerações futuras bem como às atuais, aos atores do mundo rural, porque
produzir, comercializar e consumir alimentos é atividade com conteúdo ético e político,
que diz respeito exclusivamente aos agricultores.
46
Unidade 2
Implantação da Horta
Nesta Unidade trataremos dos adubos e da adubação do solo com ênfase nas normas do
cultivo orgânico.
Sabemos que o solo é considerado um organismo vivo, porque além dos minerais, água,
ar e matéria orgânica, ele possui uma fauna (artrópodes e microrganismos) e uma flora
integrada. Por isso, é necessário incrementar e manter a sua fertilidade ano a ano, para
atender a demanda do solo como um todo, características físicas, químicas e biológicas,
47
bem como das culturas.
O método de Equilíbrio de Bases, proposto pelo Prof. Dr. Willian Albrecht, estabelece a
relação dos nutrientes na saturação de bases na Capacidade de Troca de Cátions (CTC)
do solo, aplicável a todas as olerícolas, no qual o cálcio (Ca) deve representar entre 55%
a 65%; o magnésio (Mg) entre 10% a 15% e o potássio 3% a 5% da CTC do solo. Além
desses nutrientes é importantes o fornecimento de nitrogênio, potássio, fósforo, enxofre
e de micronutrientes (consumidos em pequenas quantidades) como boro (B), cobre (Cu),
ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo), zinco (Zn) e outros.
O nitrogênio é componente de aminoácidos que fazem parte das proteínas dos vegetais e
dos animais, por isso é o nutriente mais demandado pelas hortaliças, depois do potássio.
Adubações usando fertilizantes solúveis e/ou em grandes quantidades podem provocar
contaminação dos alimentos e do ambiente, como nas fontes de água. Desta forma,
recomenda-se basear o cálculo da adubação nos teores de N presente nos resíduos
orgânicos, utilizando-se sempre a matéria seca como base no cálculo. O teor de N do
49
material orgânico deve ser determinado em laboratório ou estimado com base na
literatura, lembrando sempre que, ao contrário dos adubos sintéticos, os adubos orgânicos
não são padronizados, os teores de nutrientes variam com o clima e o manejo da nutrição
animal. O esterco bovino, por exemplo, tem 5% da matéria seca em nitrogênio.
Cálcio: é componente da parede celular por meio do pectato de cálcio. É exigido para a
elongação celular e a sua deficiência afeta o crescimento radicular e da parte aérea. Este
nutriente é fundamental na germinação do grão de pólen, no crescimento do tubo polínico
e na fixação biológica de nitrogênio. A baixa concentração de Ca no solo e o excesso de
K, Mg e NH4+ dificultam a sua absorção. A deficiência de cálcio se manifesta por meio
de deformação de folhas novas, morte da gema apical e extremidade das raízes. No
tomate, pimentão e melancia o sintoma aparece primeiramente nos frutos, que apresentam
podridão apical. Além do calcário, o cálcio pode ser fornecido por meio de farinha de
osso, de peixe, pó de conchas e cascas de ovo.
50
formando ponte entre o pirofosfato do ATP e do ADP com a enzima. Atua na síntese
proteica, estabilizando as partículas dos ribossomos e ativando enzimas do processo. Em
solos com histórico de uso anterior de calcário dolomítico, podem apresentar teor elevado
de magnésio, reduzindo a relação Ca: Mg abaixo de 3 a 4:1. Neste caso o fornecimento
de cálcio deve ser feito por meio de calcário calcítico. Teores elevados de Ca e K
dificultam a absorção do magnésio. O sintoma de deficiência de magnésio se manifesta
como clorose entre as nervuras das folhas mais velhas.
Potássio: esse nutriente é muito importante para a maioria das hortaliças, porque é
principal ativador enzimático de mais de 50 enzimas; constituinte do equilíbrio osmótico,
atua no controle da abertura e fechamento dos estômatos e na eficiência do uso da água
na planta, fotossíntese e transporte de carboidratos. O excesso de cálcio e magnésio reduz
a absorção de potássio. A deficiência deste nutriente causa enrolamento das margens das
folhas, manchas amarelas acastanhadas nas folhas mais velhas, que evoluem para
necroses das bordas e ápice delas. O fornecimento deste nutriente nos sistemas
agroecológicos é feito por meio de cinzas de caldeiras, olarias, padarias e pizzarias, cascas
de café, pós de rochas silicatadas, como granito, com altos teores de potássio, pseudocaule
de banana e estrumes.
Fósforo: os solos tropicais em geral são pobres em fósforo e por sua vez as hortaliças são
exigentes nesse nutriente; o teor ideal no solo é de 60 mg dm-3. Ele faz parte de compostos
orgânicos como frutose-6-fosfato, glicose-6-fosfato, fosfogliceraldeído. O Pi (fósforo
inorgânico) tem no citoplasma função regulatória da atividade de várias enzimas e
compõe a Trifosfato de Adenosina, que transfere energia para os processos endergônicos
das plantas. As plantas com deficiência apresentam crescimento reduzido, coloração
verde escuro sem brilho ou verde amarelada; em algumas espécies pode evoluir para a
tonalidade arroxeada. Assim, deve-se aplicar o fosfato natural na área toda, antes da
calagem. Outro produto permitido é a farinha de osso e a farinha de peixe que são
aplicados diretamente na cova, no canteiro ou no sulco de plantio. A absorção de P
aumenta, também, com o aumento da população de micorrizas no solo. Assim, a
inoculação com micorrizas também é uma estratégia ecológica para suprir as
necessidades de fósforo. Normalmente os propágulos são comercializados na forma de
51
raízes colonizadas por fungos formadores de micorriza arbuscular como o Glomus
intraradices e o G. mosseae, misturados homogeneamente com substratos orgânicos
inertes, que podem ser aplicados em todas as espécies vegetais, à exceção da beterraba e
hortaliças da família Brassicae.
Enxofre: desempenha algumas funções essenciais para as plantas, como por exemplo a
formação dos aminoácidos (cisteína, cistina, metionina, taurina) e, desta forma, está
presente em todas as proteínas vegetais. Participa também nos processos metabólicos da
fotossíntese, por estar em coenzimas como a ferredoxina e na fixação biológica do
nitrogênio. Além das funções nutricionais, podem-se citar também as fungistáticas,
acaricidas e inseticidas do enxofre. Os sintomas de deficiência são: clorose nas folhas
novas, deficiência de coloração, folhas pequenas, enrolamento das margens das folhas,
internódios curtos, redução de florescimento e menor nodulação em leguminosas. Essas
manifestações levam, consequentemente, a possíveis quedas de produtividade.
52
Composto orgânico: é a matéria orgânica originada de diversos materiais orgânicos
(vegetal e/ou animal) decompostos em meio aeróbico. Esta matéria orgânica é composta
de todos minerais essenciais para a nutrição das plantas, húmus, microrganismos e os
produtos do seu metabolismo, como fitohormônios. O húmus atua como condicionador e
melhorador das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, favorecendo a
estruturação, a infiltração e a retenção de água em 20 a 40%; o aumento da capacidade de
troca de cátions e consequente retenção de nutrientes nas proximidades das raízes das
plantas; estimula a ação de fungos micorrizicos (absorção de fósforo), bactérias fixadoras
de nitrogênio e de microrganismos que se associam às raízes (rizogênicos) e protegem as
plantas de patógenos do solo.
A utilização de compostos, estercos curtidos, bokashi, dentre outras fontes dos insumos
orgânicos, é importantes na produção de hortaliças. De acordo com a legislação, devem-
se utilizar na compostagem os estercos de criações orgânicas. Porém, na ausência desses
resíduos na região, o insumo de criadores convencionais deverá ser compostado, seja de
gado ou de aves, puro ou misturado com serragem ou capins usado como cama em
estábulos ou aviários. De maneira geral, para a maioria das olerícolas o teor de matéria
orgânica do solo deve ser superior a 20 g.dm-3. Em solos com baixo teor de matéria
orgânica devem-se incorporar adubos verdes ao composto orgânico.
O composto pode ser produzido com o material disponível na região, tais como resíduos
vegetais ricos em carbono (galhos, folhas, serragem, capim e outros) e resíduos animais,
ricos em nitrogênio (esterco bovino, de aves e de outros animais, cama de aviário de
matrizes, dentre outros). Quando só se dispõe de materiais pobres em N, como cascas de
pinus, árvores velhas e capins, estes materiais devem ser dispostos em camadas alternadas
com resíduos de leguminosas. Desta forma, a escolha da matéria-prima é importante para
maior eficiência da compostagem. A relação Carbono/Nitrogênio (C/N) inicial ótima (de
25-35:1) pode ser atingida por meio do uso de 75% de restos vegetais variados e 25% de
esterco. Esses resíduos, vegetais e animais, são dispostos em camadas alternadas
formando uma leira ou monte de dimensões e formatos variados.
O formato mais usual é o de seção triangular e a largura é comandada pela altura da leira,
a qual deve situar-se entre 1,5 a 1,8 m. À medida que a pilha vai sendo formada, cada
53
camada de material vai sendo umedecida com água tomando-se o cuidado para que não
haja escorrimento. A pilha deve ser revirada (parte de cima para baixo e parte de dentro
para fora) aos 15, 30 e 45 dias. No momento das reviradas, o material deve ser umedecido
para ficar com umidade em torno de 50 a 60%. Na prática, esse teor de umidade é atingido
quando, ao se pressionar o material dentro da mão, sente-se que ele está úmido, mas não
escorre água entre os dedos; e, ao ser comprimido, forma um torrão que não se desmancha
com facilidade.
Para manter a umidade ideal, a pilha deve ser coberta com palhas, folhas de bananeira ou
lona plástica. O local deve ser protegido do sol e da chuva (área coberta ou à sombra de
uma árvore). Para ilustrar cita-se o composto produzido na Unidade de Produção de
Hortaliças Orgânicas da Embrapa Hortaliças (SOUZA; ALCÂNTARA, 2008):
• 13 kg de termofosfato.
O composto pode ser enriquecido com calcário (25 a 50 kg t-1), torta de mamona,
torta de algodão, cascas de café, cinzas, entre outros materiais disponíveis na região. O
enriquecimento do composto deve ser realizado de acordo com as exigências da cultura
e a necessidade do solo. Geralmente, o enriquecimento com fósforo só é recomendado
nos primeiros dois ou três anos de produção, entretanto sua continuidade por maior tempo
vai depender da disponibilidade de P do solo.
As camadas são alternadas na seguinte ordem: capim braquiária, capim Napier, cama de
matriz e termofosfato, montando uma meda com 1m largura, 10m de comprimento e 1,5m
de altura, para obtenção de 2.500 kg de composto orgânico após cerca de 90 dias.
Ingredientes - terra de barranco ou subsolo (125 litros), farelo de mamona (40 kg), farelo
de arroz, trigo ou fécula de mandioca (12 kg), farinha de osso (20 kg), farinha de peixe
(10 kg), cinza de lenha (12 kg), carvão vegetal moído (6 kg), inoculante obtido de material
vegetal humificado ou EM (25 kg ou 25 litros), farinha de mandioca ou milho não
transgênico (0,5 kg), melaço ou açúcar mascavo (1,0 litro ou 10 kg) e água não clorada.
Preparo: esquentar metade da água, 8 litros, para o preparo do mingau; quando estiver
fervendo, colocar 0,5 kg de farinha de mandioca ou milho e deixar cozinhar por alguns
minutos. Retire a vasilha do fogo e deixe esfriar; enquanto esfria, misture os demais
ingredientes no chão em um local coberto, depois esparrame o monte; quando o mingau
estiver frio coloque o melaço ou açúcar mexendo bem e adicione o restante da água,
colocando aos poucos o mingau no monte, esparramando e misturando; finalmente
peneira a mistura para quebrar bolotas de umidade; amontoe novamente e não deixe a
temperatura ultrapassar 60 a 65oC. Em uma semana o Bokashi aeróbico estará pronto para
uso.
O biofertilizante pode ser usado na agricultura para vários fins. No solo, segundo Oliveira
et al. (1986), promove melhoria nas propriedades físicas tornando os solos mais soltos,
55
com menor densidade aparente e estimula as atividades biológicas. Geralmente reduz a
acidez do solo com a utilização continuada ao longo do tempo, e o enriquece
quimicamente. Esta ação se deve à capacidade do biofertilizante de reter bases, pela
formação de complexos orgânicos e pelo desenvolvimento de cargas de cargas negativas
(DESCAI; SUBBIAH, 1951; BLACK, 1975 citado por OLIVEIRA, 1986). Aumentos
nos teores de P, Ca, Mg, e K no solo foram observados por Oliveira (1986) e por Vargas
(1990), que consideram o biofertilizante uma imensa fonte de nitrogênio. Na sua
composição foi detectada, ainda, uma concentração considerável de micronutrientes
como de boro, de cobre, de cloro, de ferro, de molibdênio, de manganês, e de zinco
(OLIVEIRA; ESTRELA, 1984).
• 9 kg de melaço
Preparo: os ingredientes devem ser bem misturados e deixados fermentar por uma
semana. A este caldo nutritivo, nas seis semanas subsequentes, são acrescentados,
semanalmente, os seguintes produtos, previamente dissolvidos em água:
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• 250 g de bórax ou ácido bórico
• 15 g cloreto de ferro
• 1 kg de melaço
• 10 g de molibdato de sódio
• 10 g de sulfato de cobalto
• 15 g de sulfato de cobre
• 30 g de sulfato de manganês
• 50 g de sulfato de magnésio
• 20 g de sulfato de zinco
A calda deve ser bem misturada, duas vezes por dia, e na oitava semana deve descansar
por sete dias. Na sequência, o volume deve ser completado para 500 litros e coado. São
indispensáveis para produção do Agrobio em maior escala os seguintes materiais: caixa
d’água de plástico com tampa e capacidade de 500 litros; bancada de concreto ou madeira;
conexões de duas polegadas; pá; baldes; tela e peneira para coar.
57
mudas deve-se efetuar pulverizações foliares a cada 15 dias, na concentração de 6% (60
mililitros do Agrobio para um litro de água).
Estes microrganismos podem ser capturados e usados na agricultura. Para isso, utilizam-
se 700 gramas de arroz sem sal em água sem cloro. Coloca-se o arroz cozido em bandeja
de plástico ou de madeira ou ainda em calhas de bambu. Cobre-se com tela fina visando
proteger e leva-se para a mata. No local onde se vai deixar a bandeja, afasta-se a
serapilheira e coloca-se a bandeja, no solo. Após 10 a 15 dias os microrganismos já
estarão capturados e criados. Nas partes do arroz que ficarem com a coloração rosada,
azulada, amarelada e/ou alaranjada estarão os microrganismos eficientes (regeneradores).
58
As partes com coloração cinza, marrom e preto devem ser descartadas na própria mata.
Aplicação no solo: para aplicar no solo, dissolve-se 1 litro do EM em 1000 litros de água
e esta solução é pulverizada no solo já coberto com palhada ou misturado com composto
ou esterco bovino. Na recuperação de solos degradados usa-se 100 a 200 L por hectare,
realizando 4 a 8 aplicações anuais. A sugestão de dosagem e frequência de uso é a
seguinte:
O preparo do solo para plantio da hortaliça inicia após os cálculos de calagem e adubação
59
feitos pelo Agrônomo, com base na análise do solo e nas exigências da cultura. O preparo
do solo pode ser dividido em várias etapas e depende do tipo de solo, da disponibilidade
de máquinas e do sistema de plantio. Comumente, as etapas são:
60
Para solos arenosos e pobres em matéria orgânica plantam-se leguminosas ou gramíneas
para adubo verde (Tabela 2.3). As leguminosas são recomendadas em caso de solos mais
argilosos, porque o sistema radicular profundo ajuda a melhorar a permeabilidade do solo.
Estas plantas devem ser semeadas após a calagem e a escolha deve estar relacionada a
sua adaptação, ao local de plantio (clima, qualidade de solo), à produção de biomassa e
facilidade de manejo. Quando florescer, 120 a 150 dias, as plantas podem ser roçadas e
deixadas em cobertura morta ou incorporadas ao solo (acelera a decomposição).
O Instituto Biodinâmico recomenda misturar várias plantas. Por exemplo, para semear 01
hectare na primavera / verão usam-se 20 kg de sementes de milho, 10 kg de mucuna preta,
10 kg de feijão de porco, 10 kg de labe labe, 10 kg de guandu, 10 kg de girassol, 5 kg de
Crotalaria juncea, 5 kg de mamona, 5 kg de feijão catador, 4 kg de painço, 4 kg de
leucena; 4 kg de calopogonio, 5 kg de soja, 4 kg de sorgo, 2 kg de milheto, 0,5 kg de
abóbora; 2 kg de nabo e outras. A mistura pode variar conforme a disponibilidade e o
preço da semente na região. Se for possível encontrar, recomenda-se misturar alguns
inoculantes específicos para leguminosas e 5 kg de fosfato natural com Araxá ou Yoorin
e água suficiente para a mistura aderir às sementes. Esta peletização é feita misturando as
sementes umedecidas nos fosfatos e deixando secar por algumas horas à sombra. A
produção de massa verde será de 50 a 70 toneladas.
As características ecofisiológicas das espécies para adubo verde devem ser observadas.
Deve-se levar em consideração a temperatura, a adaptação à fertilidade do solo e
resistência à seca, ou seja, a rusticidade da planta é importante no manejo do adubo verde.
Quanto à exigência em fertilidade e tolerância a alumínio, Pinto e Crestana (1998)
agrupam as diferentes espécies de leguminosas em três grupos: 1°- muito rústicas: capim
Brachiaria, estilosantes, feijão de porco, guandu, mucuna cinza e Mucuna preta; 2°-
61
rústicas: calopogônio, Crotalaria juncea, milheto, milho variedade, nabo forrageiro, soja
e tremoço; e 3°- exigentes: centrosema, girassol, labe-labe, milho híbrido e soja perene.
Para hortaliças com espaçamento mais amplo, como couve, repolho, brócolis, abóbora,
melancia, pimentão, usam-se sulco ou covas. As covas são marcadas com estacas de
acordo com o espaçamento e depois são abertas com 20 a 40 cm de diâmetro por 30 cm
de profundidade.
Adubação de Plantio
As mudas atingem o ponto de transplante quanto estiverem com quatro folhas definitivas.
No canteiro, na cova ou no sulco com o solo seco ou levemente úmido, abre-se uma
minicova e coloca-se o torrão da muda, em seguida pressiona-se o solo no entorno do
torrão. Mudas de caule mais lenhoso, como berinjela, jiló, pimentão e pimenta, não devem
ter o caule enterrado. Isso provocará morte precoce da planta. Após o plantio distribui-se
uma camada de 3 cm de cobertura morta no entorno das mudas e nas áreas descobertas
do canteiro. Pode-se usar casca de arroz, grama, serragem e outros materiais disponíveis.
Esta cobertura morta não deve cobrir o caule das mudas.
Irrigação: as hortaliças são exigentes em água, mas não toleram encharcamento do solo
e a umidade nas folhas, por um período prolongado, favorece a ocorrência de doenças nas
folhas, no sistema radicular e colo. Assim, a melhor opção de sistema de irrigação é o
gotejamento ou a microaspersão, que molha apenas o solo em torno da planta.
O sistema de gotejamento não contribui para uma boa distribuição das raízes no solo, mas
auxilia na prevenção de doenças, porque mantém a folhagem seca e não dissemina
64
patógenos no cultivo. Todavia, este sistema de irrigação é mais caro e exige filtros para
evitar o entupimento das mangueiras.
O sistema por aspersão deve ser bem controlado, visando a molhar o solo na sua
capacidade de campo. A irrigação por aspersão deve ser feita pela manhã para que as
folhas fiquem secas durante o dia. Nos períodos muito quentes, a irrigação deve ser ligada
por poucos segundos, apenas para refrescar o ambiente. No período da tarde, a irrigação
deve ser feita em horário que permita a evaporação da água das folhas antes do período
noturno, porque quando a temperatura noturna diminui o molhamento favorece a
germinação de esporos de fungos (causadores de míldio, requeima e mofo cinzento).
O período de maior exigência em água por cada cultura varia. Alface e chicória são mais
exigentes no estabelecimento inicial das culturas. A melancia é mais exigente em todo o
ciclo e até 10-14 dias antes da colheita; brócolis, couve flor, no estabelecimento da muda
e no crescimento inflorescência; berinjela e pimentão na floração e no vingamento dos
frutos; as abóboras, de duas a quatro semanas após a emergência, floração, vingamento e
crescimento dos frutos; a cenoura, da emergência até ao estabelecimento da cultura; a
cebola e o alho, no estabelecimento da cultura (geminação), durante a formação do bulbo
até ao início da maturação; a beterraba, do estabelecimento da cultura até o início do
crescimento.
Dica de Leitura
http://www.cnph.embrapa.br/paginas/bbeletronica/2011/ct/ct_98.pdf. Acesso em
30 jun. 2016.
Este Boletim técnico descreve todos os métodos de irrigação e como eles podem
ser usados nas hortaliças de forma eficiente.
65
2.3 Sintese da Unidade
Nesta Unidade tratou-se dos nutrientes, adubos e adubações utilizados nas hortaliças,
citando exemplos de preparo de compostos, biofertilizentes. Abordou-se também o
preparo do solo citando as intervenções mecânicas e a aplicação de corretivos e
compostos após o tranplante das mudas ou do semeio das hortaliças, e o cuidado com a
irrigação.
2.4 Atividades
66
Unidade 3
67
Família Apiaceae (Umbeliferae)
68
entre plantas. A adubação consiste de 20 kg ha-1 de N, 180 a 360 kg ha-1 P2O5 e 60 a 80
kg ha-1 K2O de acordo com análise do solo; aplicar em cobertura 20 kg ha-1 N 30 e 60
dias após o plantio. Como tratos culturais, além do desbaste, deve-se adicionar cobertura
morta para diminuir a mão de obra com capinas, que eventualmente causam danos às
cenouras em formação. A colheita se dá entre 3 a 4 meses após a semeadura. A
produtividade oscila de 20 a 40 t ha-1. Em geral não há problemas fitossanitários quando
se emprega as cultivares corretas; na época mais quente pode ocorrer a “queima das
folhas” causada pelos fungos (Alternaria dauci e Cercospora carotae). Para prevenir,
deve-se pulverizar calda bordalesa a 1%.
Família Asteraceae
69
de 2% (20g litro de água-1) na fase inicial da infestação; a principal doença foliar é a
septoriose (Septoria lactuae), devendo diminuir a irrigação e usar a calda bordalesa;
previnem-se os fungos de solo que queimam a saia (Rhizoctonia solani) e causam a
podridão basal (Sclerotinia sclerotiorum) adicionando Trichoderma ao substrato na
produção das mudas, diminuindo a irrigação e rotacionando culturas.
Família Cucurbitaceae
Família Chenopodiaceae
72
mudas, e a amontoa, que consiste em chegar terra no caule da planta, para evitar a
exposição da parte superior do caule tuberoso aos raios solares, tornando-os lenhosos e
desvalorizados. A colheita se dá entre 80 e 100 dias após semeadura, sendo o ponto ideal
quando atingem de 6 a 8 cm diâmetro e ainda estão tenros. A produtividade oscila entre
15 a 30 t ha-1.
73
Família Basellaceae
Família Malvaceae
Família Araceae
75
Taioba (Xanthosoma taioba) – antes denominada X. sagittifolium; estudos detalhados
verificaram que é nativa do Brasil. A parte comestível difere do inhame: são as folhas,
ricas em nutrientes, saborosa e nutritiva; refogadas, muito consumidas no estado de Minas
Gerais. Porém, não devem ser consumidas cruas, por possuirem ácido oxálico (igual ao
espinafre). Pessoas com sensibilidade podem apresentar irritação da garganta. É fonte de
vitamina A, C e principalmente ferro. Muito rústica, gosta de calor e umidade, sendo que
no frio cessa a emissão de folhas. O plantio em altitudes elevadas é feito na primavera-
verão e em regiões quentes, o ano todo. Multiplica-se por meio de rebentos produzidos
na base a o redor da planta mãe, recomendando-se o espaçamento 80 x 40 cm. Pouco
exigente em fertilidade, deve-se utilizar no plantio composto ou esterco bovino curtido,
na base de 2 a 4 litros cova-1; como perene, a cada final de estação fria, deve-se realizar
adubação de cobertura para estimular novas brotações. A colheita é realizada 60 a 80 dias
após plantio, com cortes realizados nas folhas mais velhas, sempre deixando-se os brotos
novos, para próximos cortes.
Família Solanaceae
Batata (Solanum tuberosum) - olerícola anual é a base alimentar de muitos povos; a batata
andina (originária dos Andes), chamada de inglesa, tem os caules modificados que
armazenam reservas, sendo os tubérculos a parte comercial. A época de plantio ocorre o
76
ano todo no Brasil, sendo limitante a sequência de noites com temperatura acima de 20º
C, pois para tuberizar requer amplitude de temperatura diurna e noturna em torno de 10ºC.
Cultura muito exigente em fertilidade; requer adubação, solos de textura média e bem
drenados. De acordo com análise do solo, no plantio aplicam-se de 40 a 80 kg ha-1 de N,
100 a 300 kg ha-1 de P2O5 e 100 a 250 kg ha-1 de K2O. O N e o K devem ser parcelados;
metade no plantio e metade na amontoa; prática cultural indispensável. O espaçamento
varia de 80 a 90 cm entre fileiras e 30 a 40 cm dentro das fileiras. O montante de batata-
semente necessário é de 40 a 60 caixas de 30 kg ha-1. Dos tratos culturais, não pode faltar
irrigação, que deve ser controlada; a rotação de culturas a cada quatro anos é obrigatória
para evitar inúmeros problemas fitossanitários e deve-se empregar batata-semente sadia.
A colheita ocorre entre 3 a 4 meses após plantio, com a seca natural da parte aérea. A
produtividade oscila entre 20 t ha-1 e 22 t ha-1 no estado de São Paulo.
Família Brassicaceae
Couve de folha (B. oleraceae var. acephala) - Hortaliça com caule ereto com emissão de
folhas em forma de roseta ao redor do caule; formam-se, também, rebentos laterais usados
na propagação. Olerícola de clima ameno, plantada no outono-inverno, tolera certo calor,
permanecendo produtiva e podendo ser cultivada o ano todo em regiões de altitude mais
elevadas, no espaçamento 1,0 x 0,5 m. É a mais rústica das brássicas e menos exigente
em adubação, recomendando-se usar 40 kg ha-1 de N, 160 a 400 kg ha-1 de P2O5 e 80 a
200 kg ha-1 de K2O, de acordo com análise de solo; em cobertura, aplicar 40 kg ha-1 de N
ao mês. O principal problema é a lagarta curuquerê (Ascia monuste orseis), controlada
com Bacillus thurigiensis.
80
cobertura morta.
Rabanete (Raphanus sativus) – hortaliça anual cuja parte comestível é a raiz globulosa,
de coloração escarlate-brilhante e polpa branca. A época de plantio em altitude elevadas
estende-se por todo o ano, e em regiões baixas, no outono-inverno. A semeadura é
realizada direto nos canteiros ou pelo transplante de mudas, ainda com as folhas
cotiledonares. O plantio por meio de mudas reduz o ciclo no campo em pelo menos 10
dias. Para semeio direto no canteiro, os sulcos devem ter 1,5 cm de profundidade,
espaçados de 20 cm para o cultivo isolado e a 34 cm no caso de consórcio (recomendável)
com rúcula, cebolinha e salsa. Aduba-se com 20 kg ha-1 de N, 180 a 360 kg ha-1 de P2O5
e 60 a 180 kg ha-1 de K2O. Os tratos culturais, para os cultivos plantados por semeio
direto, consistem de desbaste, quando as plantas atingem 5 cm de altura, deixando-se 10
cm entre plantas; irrigar e adicionar cobertura morta para evitar flutuações no teor hídrico,
que provoca rachadura. O ciclo é rápido, iniciando-se a colheita aos 25 a 30 dias após
plantio, obtendo-se produtividade de 15 a 30 t ha-1 de raízes ou 16.000 a 20.000 maços
ha-1.
Nesta Unidade tratou-se das particularidades referentes a cada hortaliça das diversas
famílias, enfocando-se os pontos de relevância para a implantação e manutenção do
cultivo tais como: época de plantio, espaçamento, exigência nutricional, forma de plantio
e manejo pós-plantio
81
UFV, 2007. 421 p. Este manual é composto por dois volumes e trata de todos os
aspectos relacionados ao cultivo convencional de hortaliças.
3.4 Atividades
Relacione as principais olerícolas utilizadas pelo consumidor no dia a dia. Liste plantas
olerícolas não convencionais e descreva as técnicas de produção de mudas, sistema de
plantio e condução da cultura até a colheita.
82
Unidade 4
Alelopatia: É qualquer efeito direto ou indireto danoso ou benéfico que uma planta ou
microrganismo exerce sobre outro pela produção de compostos químicos liberados no
ambiente. No caso do controle de plantas espontâneas é importante conhecer aquelas que
causam a redução de germinação de crescimento de plantas espontâneas.
Plantas como Pinus patula, Eucalyptus grandis e Acacia mearnsii reduzem a incidência
das seguintes plantas espontâneas: Conyza sumatrensis (avoadinha); Trifolium spp.
(trevos); Echinochloa utilis (parecido com capim arroz). Gleichenia
pectinata(samambaia) retarda a germinação da espontânea Clidemia hirt; Capim Limão
(Cymbopogon citratus), retarda o crescimento da corda de viola; inibe a germinação e o
crescimento de guanxuma, mentrasto ou mastruz e do picão preto. Para controle da
espontânea Solanum viarum usa-se produto a base do vírus TMGMV.
83
Alguns microrganismos produzem substâncias que possuem ação herbicida e são
denominados bioherbicidas. Por exemplo: a bactéria Streptomyces hygroscopicus produz
hidantocidina que reduz a incidência da espontânea Solanun nigrum, que é muito sensível
a esta substância. O fungo Coletotrichum gloesporiodes f. sp.aeschynomene controla a
espontânea Aeschynomene virginica (angiquinho) e já está sendo comercializado.
Controle mecânico e manual: a eliminação das plantas infestantes deve ser realizada
enquanto elas são muito jovens, logo após o transplante ou após a germinação,
preferencialmente com 1-2 cm de altura, por causa da maior facilidade de controle e
também para evitar que contribuam para o aumento da concentração de umidade sobre as
folhas da hortaliça, como por exemplo a cultura da cebola, da cebolinha e da cenoura. A
capina deve ser feita em condição de pouca umidade atmosférica e solo não muito úmido,
seco na superfície, para aumentar a sua eficácia. A profundidade deverá ser regulada, de
modo a não ferir as raízes das hortaliças.
A capina mecânica é uma mobilização ligeira do solo por meio das operações de
gradagem (grade de discos ou de dentes), escarificação (escarificador), revolvimento com
cavadora simples montada num motocultivador. Para as plantas infestantes como tiririca
e trevo deve se utilizar cultivador de dentes, que arranca os órgãos subterrâneos e os
coloca na superfície, sem provocar aumento na população de plantas.
A capina manual, muitas vezes necessária, nas linhas das culturas é feita com enxada ou
sacho, que, em boas condições de umidade do solo, podem facilmente soltar as plantas
espontâneas jovens do solo e expor o sistema radicular ao sol para secar.
Capina biológica: de acordo com Mourão (2007), a capina biológica é a remoção das
plantas espontâneas com utilização de animais. As galinhas da índia e os pintos são úteis
para eliminação de infestantes em culturas protegidas (tomate, pimentão e pepino), pois
ciscam e se alimentam de plantas e insetos sem danificar os frutos.
84
4.2 Manejo Ecológico de Insetos, Praga e Doenças
Além disso, evite local sujeito a muita poeira, estradas de terra, ou plante árvores ou
arbustos para quebravento, como o Sansão do Campo, Leucena, capim Napiê ou Cana,
porque na ausência desta barreira a poeira acumulará sobre as folhas favorecendo a
ocorrência e procriação de ácaros que se alimentam de plantas (fitófagos). Outra
vantagem da cerca viva é reduzir a incidência de vento sobre a cultura.
86
de pragas (lagartas, ácaros). Mas se o espaçamento resultar em alta densidade de plantas
e houver excesso de água, mantendo o solo encharcado, a alta umidade favorecerá a
ocorrência de fungo e bactérias fitopatogênicos que causam doenças nas plantas.
A amostragem pode ser feita por meio de armadilha colante azul para coletar os tripes
adultos ou por batedura dos ponteiros onde se recolhem insetos adultos e jovens. As
armadilhas amarelas são indicada para psilídeo, mosca branca, pulgão, cigarrinha e
vaquinha. No monitoramento por meio de armadilhas, elas devem ser instaladas dentro,
no campo, antes do transplante das mudas. As armadilhas devem ser distribuídas ao longo
da bordadura e no interior da lavoura, de modo que os dados obtidos sejam representativos
de toda a área cultivada. As armadilhas são dependuradas em estacas de bambu ou no
próprio sistema de condução.
Para monitoramento dos tripes por meio da batedura devem-se agitar vigorosamente as
folhas ou os ponteiros da planta sobre uma placa ou bandeja plástica branca e avaliar a
quantidade de insetos caídos na superfície, ao longo de um metro de fileira de cultivo.
Para cada cultura usa-se um número de referência para iniciar o controle químico.
Procedimento semelhante é usado para todos os tipos de praga.
87
reprodução e resistência. Se a cultivo seguinte apresentar a mesma suceptibilidade à
doença do cultivo anterior, a chance de a doença acontecer aumenta grandemente, se as
condições de temperatura e umidade forem favoráveis.
88
proximo às plantas que favorece a ação de fungos entomopatogênicos, que mata os insetos
praga, favorecendo a população sob controle.
Enterrar flores e frutos caídos: as flores e frutos imaturos que caem das plantas podem
conter larvas e pupas de brocas. Desta forma, ao catar e enterrar estes frutos eliminam-se
larvas e pupas que se encontram no seu interior, evitando a finalização do ciclo e, com
isso, reduz-se a população de adultos. Esta prática diminui infestações futuras de moscas-
das-frutas e brocas em frutos de cucurbitáceas e traças e brocas no tomate.
89
No monitoramento, os insetos são capturados por armadilhas contendo o feromônio. Pela
contagem de insetos capturados é possível determinar ausência, presença ou flutuação
populacional de determinada espécie de praga na área monitorada, o que auxilia o
produtor na tomada de decisão sobre o manejo adequado da praga.
O controle pode ser feito pela coleta massal, atração e morte e confusão sexual.Na coleta
massal utilizam-se feromônios que atraem tanto machos quanto fêmeas; e consiste na
captura de grande quantidade de insetos e consequente redução populacional. Este
método é recomendado para coleópteros (besouros).
90
mais rapidamente do que suas presas e comumente são brilhantes. O ácaro Stratiolaelaps
scimitus preda ovos e larvas da mosca Bradysia matogrossensis (Fungus Gnats), praga
de cultivo protegido, e mudas de hortaliças. Os princiapis parasitoides são minivespas
(Braconidae) e dípteros (família Tachinidae) que fazem a postura nos ovos e sobre as
larvas de outras insetos. A vespa Trichogramma pretiosum é um parasitoide de ovo de
borboletas e mariposas, usado no controle de broca (Tuta absoluta) do tomate. Quando
as larvas do parasitoide eclodem, elas se alimentam dos ovos e das larvas reduzindo a
população do inseto praga.
• Beauveria bassiana raça GHA, que possui registro para controle de gafanhotos,
grilos em milho, batata, beterraba e outras;
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• Aschersonia aleyrodis: existem registros deste fungo atacando colônias de mosca
branca. Ele se desenvolve sobre as ninfas do inseto provocando esporulação de
cor amarela ou laranja intensa.
• Neozygites aphidis: este é um fungo que ataca pulgões cobrindo o corpo deste
afídio com um pó de cor marrom.
• Nomuraea rileyi: este fungo ataca a curuquerê das crucíferas, lagarta do cartucho
do milho, lagarta da espiga do milho. Ocorre naturalmente em cultivos de soja no
Brasil controlando a lagarta da soja Anticarsia gemmatalis.
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• Zoophthora radicans: este é observado atacando um grande número de espécies
de pragas. Raças têm sido isoladas de várias lagartas, destacando-se a traça da
couve, cigarrinhas, pulgões e alguns besouros. Outras espécies próximas desta
têm sido usadas contra o ataque por tripés.
93
Outros inseticidas usados são:
• Argila com óleo: pode ser aplicada em mistura com sabões e outros pesticidas,
exceto com cobre ou enxofre.
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4.3 Síntese da Unidade
Dica de Leitura
95
4.5 Atividades
96
Referências
PRIMAVESI, A.M. Manejo Ecológico dos solos. 9 ed., São Paulo, Nobel, 1986.
Referências Complementares
ALBRECHT, W. A. Soil Fertility And Animal Health. Webster City, Iowa: Fred
Hahne Printing Co, 1958. Reprinted by Acres, USA as The Albrecht Papers, Vol. II,
currently in print.
ALBRECHT, W. A. Loss of soil organic matter and its restoration. In: Soils and Men.
Washington, D.C: USDA Yearbook of Agriculture.., United States Department of
Agriculture, 1938.
CARRIJO, D. A.; SETTI , R.L de; MAKISHIMA, N. Fibra da casca do coco verde
como substrato agrícola.Horticultura Brasileira, v. 20, n. 4, p. 533-535, 2002.
FAO. Food safety and quality as affected by organic farming. In: 22nd FAO
REGIONAL CONFERENCE FOR EUROPE, 22., 2000. Porto, Portugal. Acedido em
2003.Disponível em: <http://www.fao.org/documents/card/en/c/9267e4f1-867b-503a-
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LEAL, et al. Uso e manejo da matéria orgânica para fins de fertilidade do solo. Capítulo
7. In: FREIRE, L. R. et al.(Eds). Manual de calagem e adubação do Estado do Rio de
Janeiro. Brasília, DF: Embrapa: Seropédica, RJ: UFRRJ, 2013. p. 144-165.
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OLIVEIRA, I.P.; ESTRELA, M.F.C. Biofertilizante animal: potencial de uso. In:
ENCONTRO DE TÉCNICAS EM BIODIGESTORES DO SISTEMA EMBRAPA, 2.,
1983, Goiânia, Resumos... Brasília:EMBRAPA, 1984. p. 16.
PRIMAVESI, A.M., Manejo Ecológico dos solos. 9 ed., São Paulo, Nobel, 1986.
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