Raul Pompeia e A Historiografia Da Liter
Raul Pompeia e A Historiografia Da Liter
Raul Pompeia e A Historiografia Da Liter
Resumo: Este artigo pretende fazer um resgate histórico do escritor Raul Pompéia, levando
em conta o ponto de vista dos historiadores da literatura brasileira, ou seja, enseja investigar
a forma de construção intelectual pela qual !cou conhecido o autor de O Ateneu , obra
publicada em 1888, que imortalizou o seu autor.
Este texto tem como objetivo situar condições de a!rmação de “uma consciência
Raul Pompéia no contexto intelectual de sua nacional”, conforme assinala Nelson Werneck
época. Para isso, procuramos reavaliar o que Sodré. Não se trata de algo absolutamente
a crítica e a história da literatura da época e novo, tendo em vista que, num período
da posterior escreveram sobre Raul Pompéia anterior ao que está em estudo, José de
e sua obra. Por outro lado, estabelecemos as Alencar, em seus livros de literatura regional,
relações de Pompéia com outros intelectuais havia demonstrado essa intenção.
da época.
Entretanto, nesse momento, a questão
O !nal do século XIX (até as primeiras torna-se capital: criar uma consciência
décadas do século XX) foi caracterizado brasileira e procurar caminhos que insiram o
pela atuação de intelectuais interessados país no rol das “nações civilizadas” da época,
em compreender o Brasil. Esse contexto foi tal como se falava.
marcado por transformações nas relações de
É nesse contexto que surgem as
trabalho (abolição da escravidão em 1888) e
grandes “interpretações do Brasil”, conforme
por mudanças na ordem política institucional
a!rmação de Nelson Werneck Sodré em seu
com a proclamação da República em 1889.
livro História da Literatura Brasileira1. Para
Dessa forma, podemos estabelecer um corte
esse autor, “essas tentativas de análises e
nessa fase: a década de 1870 em diante,
interpretações do Brasil se dão em meio a um
com as transformações do período, assiste
processo contraditório: se por um lado existe
a preocupação dos intelectuais em “pensar
o grande interesse em conhecer a realidade
o Brasil”.
brasileira, por outro, o instrumental teórico
O objetivo desse “pensar o Brasil” para a análise dessa realidade, lançado pelos
é de, ao compreender o processo de intelectuais, foi elaborado no estrangeiro,
desenvolvimento histórico do país, criar notadamente, na Europa”.2
* Mestre em Ciências Sociais pela UFSCar - São Carlos - SP. Professor do Centro Universitário Claretiano - Batatais - SP.
NOTAS
1 A primeira edição da obra data de 1938. Consultamos a 9ª edição da Editora Bertrand Brasil, Rio de
Janeiro, 1995. O Capítulo 14 da obra tem por título exatamente este: “Interpretações do Brasil”.
2 Werneck Sodré, obra citada, p. 490.
3 Werneck Sodré, obra citada, p. 491.
4 Werneck Sodré, obra citada, p. 492.
5 Werneck Sodré, obra citada, p. 497.
6 Na realidade Werneck Sodré dedica somente um parágrafo a Raul Pompéia; em obra citada, p. 502.
7 Werneck Sodré, obra citada, p. 502.
8 A primeira edição dessa obra é de 1916. Segundo o Prof. Heron de Alencar na edição de 1998, publicada
pela Editora Universidade de Brasília, a H. L. B. de José Veríssimo, ao lado de estudos empreendidos por
Sílvio Romero, “permaneceu durante quase meio século à espera de que a cultura brasileira produzisse
coisa melhor, ou equivalente, ou semelhante” (p. 4).
9 José Veríssimo, obra citada, p. 235.
10 José Veríssimo, obra citada, p. 242.
11 José Veríssimo, obra citada, p. 242.
12 José Veríssimo, obra citada, p. 244.
13 Olívio Montenegro. O Romance Brasileiro. 2. ed. São Paulo: José Olympio, 1953. Nessa edição o
prefaciador é Gylberto Freyre e o capítulo em questão é o intitulado “Raul Pompéia”.
14 Olívio Montenegro, obra citada, p. 107-9.
15 Olívio Montenegro, obra citada, p. 111.
16 Olívio Montenegro, obra citada, p. 110.
17 À página 114, diz: “chegou um ponto em que já não assinava os seus artigos de jornal: era um meio
de decepar a crítica”. Olívio Montenegro, obra citada.
18 ANDRADE, Mário de. Aspectos da Literatura Brasileira. São Paulo: Martins, s.d.p. O capítulo em questão
tem por título: “O Ateneu” (1941).
19 Mário de Andrade, obra citada, p. 174.
20 Mário de Andrade, obra citada, p. 179.
21 Mário de Andrade, obra citada, p. 177.
22 Mário de Andrade, obra citada, p. 175.
23 Mário de Andrade, obra citada, p. 176.
24 Expressão de Mário de Andrade, obra citada, p. 175.
25 BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 1992.
26 Alfredo Bosi, obra citada, p. 204.
27 Alfredo Bosi, obra citada, p. 206.
28 Alfredo Bosi, obra citada, p. 208.
29 Alfredo Bosi, obra citada, p. 210.
ANDRADE, Mário de. Aspectos de Literatura Brasileira. São Paulo: Martins, s.d.p.
BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 1992.
CORRÊA, Rubens Arantes. Literatura e Identidade Nacional: Raul Pompéia e os percalços do
nacionalismo brasileiro. São Paulo: UFSCar, 2001.
MONTENEGRO, Olívio. O Romance Brasileiro. 2. ed. São Paulo: José Olympio, 1953.
SODRÉ, Nelson Werneck. História da Literatura Brasileira: seus fundamentos econômicos. 9.
ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.
VERÍSSIMO, José. História da Literatura Brasileira: de Bento Teixeira (1601) a Machado de
Assis (1908). 3. ed., Rio de Janeiro: José Olympio, 1954.