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2.

1Do crescimento econômico ao desenvolvimento


A obra clássica de Adam Smith –Uma investigação sobre a natureza e as causas da
riqueza das nações–, do ano de 1776, tem sido, para muitos autores, o ponto de partida para o
estudo do crescimento econômico, conforme formulou Hoffmann (2001). Ainda de acordo
com este autor, o crescimento econômico passou a ser o tema central da ciência econômica.
Troster e Mochón (2002, p. 317) sintetizaramque “o crescimento econômico é um
processo sustentado ao longo do tempo, no qual os níveis de atividade econômica aumentam
constantemente”. Para eles, o crescimento econômico é apenas uma parte do processo de
desenvolvimento socioeconômico, onde este último é considerado um processo mais
abrangente.
De acordo com o que foi apresentado emO’Sullivan et al. (2004) não há outra maneira
de elevar o padrão de vida de uma nação que não seja pelo crescimento do PIB. São duas as
principais medidas utilizadas para identificar o crescimento econômico: a taxa de crescimento
do PIB e o PIB percapita. O primeiro se refere à evolução do PIB de um ano para o outro, já
o segundo se refere à divisão do PIB pela população total.
Entre os fatores-chave para o crescimento econômico, O’Sullivan et al. (2004)
destacaram o aumento no capital por trabalhador, o progresso da tecnologia e o capital
humano. Entretanto, como afirmaram estes mesmos autores, os economistas não têm tido um
entendimento pleno dos fatores que são capazes de gerar o crescimento econômico.
Em suas análises sobre a economia capitalista, Sachs (2004) considerou que ela possui
o mérito que, sinteticamente, lhe é atribuído devido à sua eficiência em produzir riquezas,
mas, em contrapartida, ela também carrega consigo o demérito de gerar males
socioambientais.
Nasínteseque apresentaramsobre lucros e custos, Troster e Mochón (2002)
observaram que alguns lucros e custos são definidos como consequência das altas taxas de
crescimento. Estes autores apresentaramque os lucros do crescimento econômico se referem:
a)ao alcance de um nível de vida mais elevado, a partir do desfrute de maior
quantidade de bens e serviços e mais tempo livre;
b)ao aumento da renda nacional que contribui com o aumento de receitas
governamentais por meio de impostos, sem a necessidade da elevação das
alíquotas dos impostos, vistoque quando houver o crescimento da renda real, não
deva existir a obrigatoriedade de um grupo social melhorar sua posição às custas de outro
grupo, considerando que uma maior parte da renda pode ser canalizada
para os grupos sociais mais pobres.
Por último, estes mesmos autores indicarama elevação do nível de emprego como
lucro, ou resultado,do crescimento econômico, juntamente com o aumento da produção.
Nessa mesma linha, Troster e Mochón (2002) afirmaram em seu livro-texto que o
crescimento econômico traz também alguns custos,ou seja, alguns inconvenientes;os autores
consideraram a contaminação do meio ambiente como um segundo inconveniente do
crescimento econômico, responsável por afetar a qualidade de vida da população.
Com relação às medidas do crescimento econômico de um país,no livro de Mankiw
(2005, p. 502) encontrase a afirmação de que oPIB traz informação sobre o bemestar
econômico uma vezque informa “o valor de mercado de todos os bens e serviços finais
produzidos em um país em dado período de tempo”. Desse modo, como o PIB não informa
assuntos como saúde, educação e distribuição de renda, ele se torna um indicador fraco para
analisar o desempenho de países. A partir dessa fragilidade é que são discutidas as diferenças
conceituais entre crescimento e desenvolvimento.
Cracolici et al. (2009) argumentaram que alguns economistas, como Hobjin e Franses
(2001)1
, Neumayer (2003)2
e Marchante e Ortega, (2006)3
, consideraram o PIB per capita
como um indicador limitado do bem-estar de umanação, já que o mesmo não considera as
reais condições da vida da população nem as consequências do crescimento econômico na
vida das pessoas, como exemplo, o ar, a poluição, a água, o processo de urbanização e a
incidência de doenças raras .
Outra limitação atribuída ao PIB per capita é encontrada em Bergh (2009), para quem
esse indicador enfatiza a renda média, mas deixa de lado a distribuição de renda, muito
embora ele tenha considerado que uma distribuição desigual implique na desigualdade de
oportunidades de desenvolvimento pessoal e bem-estar. O autor observou, ainda, que as
externalidades ambientais e o esgotamento dos recursos naturais também são fatores que não
estão considerados no cálculo do PIB per capita.
Parao polonêsSachs (2001), considerado um dos economistas que mais tem
contribuído nesse debate, o crescimento não indica o desenvolvimento automático, muito
menos indica felicidade. Por sua vez, Bresser-Pereira (2008) destacou que o desenvolvimento
econômico seria considerado bom, enquanto que o crescimento seria considerado
concentrador de renda ou adverso ao meio ambiente.
Num outro trabalho de sua autoria, Sachs (2004) tentou esclarecer a diferença
conceitual existente entre os termos crescimento econômico e desenvolvimento com as
seguintes palavras:
Ocrescimento econômico, embora necessário, tem um valor apenas instrumental; o
desenvolvimento não pode ocorrer sem crescimento, no entanto, o crescimento não
garante por si só o desenvolvimento; o crescimento pode, da mesma forma,
estimular omau desenvolvimento, processo no qual o crescimento do PIB é
acompanhado de desigualdades sociais, desemprego e pobreza crescentes (SACHS,
2004, p.71).
Com o intuito de melhor compreender a relação entre crescimento e desenvolvimento,
Furtado (1961) escreveu que a disponibilidade de recursos para investimentos está longe de
ser condição suficiente para garantir um futuro melhor para a população. Entretanto, o autor
considera que, quando o projeto social prioriza a melhoria das condições de vida desta
população, o crescimento é transformado em desenvolvimento.
Desse modo, recorrendo aTroster e Mochón (2002, p. 333)foi possível encontrar a
síntese de que“desenvolvimento é o processo de crescimento de uma economia, ao longo do
qual se aplicam novas tecnologias e se produzem transformações sociais, que acarretam uma
melhor distribuição da riqueza e da renda”.
O trabalhodo renomado economistaKuznets (1955) apresenta a relação entre a
distribuição de renda e o desenvolvimento econômico, a partir da hipótese de que essa seria
uma relação não linear. Para oeconomista, é válido observar a desigualdade de renda nos
diversos estágios do desenvolvimento econômico. Assim, a relação entre a distribuição de
renda e o desenvolvimento econômico, se configura na forma de um ‘U invertido’ (curva de
Kuznets), indicando que a desigualdade de renda é crescente nos primeiros estágios do
desenvolvimento. Entretanto, Kuznets (1955) considera que, a partir de determinado
momento, a desigualdade de renda decresce, ao passo que o produto continua a aumentar.
A distinção entre crescimento e desenvolvimento econômico, do ponto de vista da
concepção schumpeteriana, é para Souza (2005) assim apresentada:

O desenvolvimento schumpteriano traduz-se por mudanças quantitativas e


qualitativas das variáveis econômicas de fluxo circular, alterando sua estrutura e as
condições do equilíbrio original. Aumenta a disponibilidade de bens per capita, em
razão da maior taxa de crescimento da produção em relação à população. Melhora a
qualidade dos produtos e dos serviços, assim como a renda média dos indivíduos.
Isso ocorre pela expansão do volume de negócios, pelas inovações e pela disputa por
fatores de produção por parte dos empresários. O dinamismo da economia deriva da
ação do empresário inovador, que põe em prática novos processos de produção, gera
novosprodutos e abre novos mercados (SOUZA, 2005, p. 148).
Na tentativa de também fazer essa distinção entre desenvolvimento e crescimento,
Sachs (2004), propôs uma reaproximação da economia com a ética, vistoque os objetivos do
desenvolvimento superam a mera multiplicação de riqueza material. O autor acrescentou que,
apesar do crescimento se constituir numa condição fundamental para que a sociedade alcance
uma vida melhor, ele não é suficiente para corrigir as desigualdades e cumprir todas as
promessas que traduziriam o bem-estar social.
Oeconomista indiano Sen (2000, p.17) apresentou o desenvolvimento “como um
processo de expansão das liberdades reais que as pessoas desfrutam” cabendo esclarecer que
essas liberdades às quais o autor se refere não ficamlimitadasapenas às riquezas materiais. O
autorindica que elas também se referem às capacidades de possuir “condição de evitar
provações como a fome, a subnutrição, a morbidez evitável e a morte prematura, bem como
as liberdades associadas a saber ler e fazer cálculos aritméticos, ter participação política e
liberdade de expressão” (SEN, 2000, p.52).
Nesse caminho, Sachs (2004)defendeu quea igualdade, a equidade e a solidariedade
devem estar associadas ao conceito de desenvolvimento. Desde essa perspectiva, o
pensamento econômico que se deteve sobre o termo desenvolvimento, reivindicou se
diferenciardo modo de pensar que ficou conhecido como economicismo reducionista. A
partir dessa ideia,a meta a ser alcançada não deveriaser apenas a maximizaçãodo PIB ou do
PIB per capita, mas também a promoção da igualdade e a melhoria das condiçõesde vidados
mais pobres.
Nesse sentido,o incremento do nível de renda nãodeveriaseriao único fator
favorável ao desenvolvimento, a distribuição da renda, sim, seria fundamental para que uma
nação alcanceum determinadonível de desenvolvimento.
A literatura dedicada à economia permitiu a Cracolici et al. (2009) sugerirem outras
medidas que indicassem o desempenhode um país. Estes autores informaram que uma
medida que deveria ser mais utilizada é o IDH.Além do IDH, na literatura é encontrada a
possibilidade de compor uma lista de indicadores. Troster e Mochón (2002) apresentaram em

2.2Desenvolvimento sustentável
Autorescomo Moraes e Barone (2001), já sinalizavam apossibilidadede que a era da
teoria econômica que contribuiu de forma significativa para o crescimento quantitativo estava
se encerrando, principalmente pelo fato de não estaratendendosatisfatoriamente à
simultaneidade dos objetivos econômicos, sociais e ambientais. Os autores afirmavam que a
teoria econômica, principalmente a partir dos estudos neoclássicos, enfatizava
demasiadamente o crescimento econômico, desconsiderando que os recursos naturais são
finitos. Contudo, considerando que estes recursos seriam finitos, e que o crescimento poderia
ser limitado por esse fator, fazia-se necessária uma outra forma de se mensurar o progresso.
De acordo com Gürlük (2009),a moderna teoria do crescimento (teoria do
crescimento endógeno) considerava como força do crescimento, nas novas formulações, tanto
o desenvolvimento econômico e o progresso tecnológico, como os recursos naturais.
Além das consideraçõesanteriormente apresentadas, Gadotti (2000) acrescentou que a
forma de desenvolvimento capitalista globalizado, que priorizava o crescimento econômico
frente ao desenvolvimento humano, estabelecia a concentração de poder e de recursos,
estimulando desigualdades e devastando o meio ambiente.
Para Meadows et al. (1972), no relatório mundialmente conhecido e intitulado The
limits to growth–resultado de estudos do Clubede Roma, formado por cientistas, intelectuais
e empresários, no final dos anos 60 –pode-se acompanhar a discussão da tese da
incompatibilidade entre o modelo de desenvolvimento vigente e a defesa do meio ambiente.
Segundo estes autores, o planeta chegaria a uma situação catastrófica caso os países
subdesenvolvidos passassem a consumir recursos naturais num nível equivalente àquele dos
países desenvolvidos.
Dessa maneira, a ideia do limite do crescimento, defendida por Meadows et al. (1972),
passou a ser acompanhada com maior interesse, uma vez que a continuação do crescimento
exponencial da economia mundial levaria a desestruturação dos fundamentos naturais da vida
e, em menos de cem anos, o limite do crescimento seria atingido.
Como pode ser observado a partir dos resultados obtidos em estudos mais recentes
realizados por Moussiopouloset al.(2010),a pressão antrópica sobre o ambiente urbano
atingiu níveis críticos em todo o mundo. Isso tem feito com que sejam adotadasmedidas
específicas comoresposta e enfrentamento a essas questões.
Em relação ao relatório The limits to growth, Bellen (2006) formulou uma comparação
com o rompimento da ideia dominante até então, sobre o crescimento contínuo da sociedade
industrial sem a fixação de limites que inibissema exploração exacerbada do meio ambiente.
Por outro lado, autores comoo economistaSachs (2004) reconheceram que foi a partir
dos anos 1970 que a preocupação com a questão ambiental tornou-se determinante para uma
nova definição do termo desenvolvimento. Tudo isso, segundo o economista, como
consequência da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento,
realizada em Estocolmo no ano de 1972, quando surgiu a ideia direcionada ao
ecodesenvolvimento que, posteriormente, foi nomeado desenvolvimento sustentável.
Ao contribuir no debate que estava instalado, Bellen (2006) considerou que o termo
ecodesenvolvimento surgiu como uma nova opção à ideia clássica do desenvolvimento,
acrescentando que ele significou um avanço significativo paraa noção de interdependência,
que estava se consolidando, entre desenvolvimento e meio ambiente.
É oportuno salientar que o termo desenvolvimento sustentável foi debatido
primeiramente pela World Conservation Unionno documento intitulado World’s
Conservation Strategy, onde consta que “para que o desenvolvimento seja sustentável devem
se considerar aspectos referentes às dimensões social e ecológica, bem como fatores
econômicos, dos recursos vivos e não-vivos e as vantagens de curto e longos prazos de ações
alternativas” (BELLEN, 2006, p. 23). Observa-se, assim, que o foco desse conceito está
baseado na integridade ambiental e que, segundo o autor, somente a partir da definição do
RelatórioBrundtlandfoi dada ênfase ao elemento humano, indicando a busca de um
equilíbrio entre as dimensões econômica, ambiental e social.

Dessa maneira, a definição do termo desenvolvimento sustentável é encontrada no


Relatório Brundtland, eleborado pela World Commission on Environment and Development
(1987), como sendo a modalidade de desenvolvimento que busca a satisfação das
necessidade das gerações atuais sem comprometer a habilidade das gerações futuras de
satisfazer suas próprias necessidades.
Na literatura específica existe uma riqueza de definições para o desenvolvimento
sustentável. Por exemplo, Pope et al. (2004) apresentama sustentabilidade como um conceito
multidimensional onde os aspectos econômicos, sociais e ambientais devem ser levados em
consideração e, além do mais, devem estar integrados.
Outras definições de sustentabilidade tem sido publicadas, cada uma com seus nuances
próprios, como afirmaram Beratan et al. (2004). De acordo com estes autores, apesar da
ampla diversidade de definições é comum encontrar nelas a importância do aumento ou da
manutenção das oportunidades econômicas e do bem-estar social, ao mesmo tempo em que o
ambiente natural, do qual a economia e as pessoas dependem, seja protegido e restaurado.
Em termos de metas relacionadas ao desenvolvimento, Costantini e Monni (2007)
relataram que no anode 2000, a ONU definiu as Metas de Desenvolvimento do Milênio
(MDM)onde foi reconhecida a plena integração do desenvolvimento humano com o meio
ambiente, como uma estratégia para atingir as metas de desenvolvimento.
No estudo feito por Cracolici et al. (2009), foi sugerido que a quantificação do
desempenho de uma nação não poderia ficar limitada apenas aos aspectos econômicos ou a
qualquer aspecto não-econômico, desarticulados entre si. Mais do que isso, esses aspectos
deveriam ser levados em consideraçãode maneira simultânea e consistente.
Nesse contexto, Sachs (2004) considerou que somente as atividades que levassem em
consideração a sustentabilidade socioambiental e a viabilidade econômica mereceriam a
designação de desenvolvimento. Daí, a pertinência da citação apresentada a seguir:
A força do conceito do desenvolvimento sustentável é que seu significado reflete e
evoca uma latente mudança em nossa visão de como as atividades econômicas
humanas são relacionadas com o mundo natural um ecossistema noqual é finito,
limitado no crescimento e materialmente fechado [...] Esta chance de visão envolve
a recolocação das normas sobre a expansão quantitativa (crescimento) em
contrapartida com o incremento qualitativo (desenvolvimento sustentável) como um
caminho do progresso futuro (DALY, 1996, p.1-5).
No campo dos direitos, Sen (2001) e Sengupta (2001 e 2002) reivindicaram que o
desenvolvimento deveria ser conceituado no contexto das três gerações de direitos humanos,
a saber: os direitos políticos, civis ecívicos; os direitos econômicos, sociais e culturais, e os
direitos coletivos relacionados ao meio ambiente e ao desenvolvimento.
Na apresentação do papel que desempenha o desenvolvimento sustentável, Sachs
(2004) identificou que ele agrega a dimensão ambiental (sustentabilidade ambiental) à
sustentabilidade social. De acordo com o autor, são cinco os pilares do desenvolvimento
sustentável:
a)Social: fundamental pela perspectiva de ruptura social, ameaçadora sobre lugares
críticos do planeta;
b)Ambiental: pelo fornecimento de recursos naturais e por ser “recipiente” de
resíduos;
c)Territorial: no que se relaciona com a distribuição dos recursos, populações e
atividades no espaço;
d)Econômico: a viabilidade econômica é a condição indispensável para o
funcionamento do sistema;
e)Político: a governança como instrumento necessário para o funcionamento do
sistema (SACHS, 2004).
Como resultado das suas análises, Sachs (2004) creditou o alcance do papel do
desenvolvimento sustentável ao processo de gerenciamento de crises, onde o crescimento,
que
anteriormente era financiado pelos recursos externos, deveria ser substituído pelo
crescimento
financiado pelos recursos internos, buscando a baixa importação e o seu funcionamento com
o
que se dispunha no território nacional.
É importante apresentar alguns eventos que foram significativos para a solidificação
da ideia do desenvolvimento sustentável no cenário global. Nesse sentido, ocorreuno ano de
1992 no Rio de Janeiro a Eco-92, com o objetivo de reunir representantes de países para
decidir medidas que diminuíssem a degradação ambiental e garantisse a existência de
gerações futuras, resultando em acordos importantes sobre a mudança climática,
biodiversidade e a criação da Agenda 21. Depois disso, no ano de 2002 foi realizada a
Rio+10
na África do Sul, com o objetivo de fazer um balanço dos avanços obtidos pelos países até
então. Por fim, está por ser realizada em junho de 2012 a quarta conferência das Nações
Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, mais conhecida como
Rio+20, cujo tema central é a transição para a economia verde, propondo a adoção de um
novo sistema produtivo, baseado na diminuição de poluentes, na eficiência do uso de recursos
e na erradicação da pobreza (FOLHA DE SÃO PAULO, 2012d).
A explanação feita ao longo desse capítulo conduz ao questionamento sobre o fato do
desenvolvimento sustentável estar na contramão do crescimento econômico. Nesse sentido
Sachs (2001) enfatizou:
O fato de que o desenvolvimento não está contido no crescimento econômico não
deve ser interpretado em termos de uma oposição entre crescimento e
desenvolvimento. O crescimento econômico, se repensado de forma adequada, de
modo a minimizar os impactos ambientais negativos, e colocado a serviço de
objetivos socialmente desejáveis, continua sendo uma condição necessária para o
desenvolvimento... Precisamos de taxas mais altas de crescimento econômico para
acelerar a reabilitação social, uma vez que é mais fácil operar nos acréscimos do
Produto Nacional Brutoque distribuir bens e rendas numa economia estagnada
(SACHS, 2001, p. 157-158).
Essa desmistificação da ideiade oposição entre crescimento e desenvolvimento
permitiu aCracoliciet al. (2009) concluíremque o aumento do PIB per capita deva ser
considerado um pré-requisito fundamental para a melhoria da qualidade de vida populacional,
uma vez que pode proporcionar serviços de saúde de melhorqualidade, maior acesso à
educação, segurança, lazer, melhores condições de trabalho, além de prover um ambiente
sustentável. Por outro lado, acrescentaram os autores, esses fatores referentes a melhores
padrões de vida, citados anteriormente, constituem o alicerce para que a produtividade, e
consequentemente, o PIB se elevem.
No intuito de tratar as dimensões não-econômicas, Cracolici et al. (2009) concluíram
que elas são explicadas de maneira significativa pelo PIB per capita, contudo a relação
inversa, ou seja, a explicação do PIB per capita pelas dimensões nãoeconômicasnem sempre
é verdadeira.Nesse sentido, Cracolici et al. (2009, p.350) indicaram que “the positive and
significant effect of GDP on all social and environmental dimensions highlights that a good
level of the economic dimension is a basic condition to achieve a good socialenviromental
performance”.
A discussão encontrada na literatura do tema “decrescimento” deveu-se, sobretudo, ao
enfraquecimento do apelo que se fazia ao desenvolvimento sustentável, de acordo com as
considerações feitas porAlier et al. (2010). Estes autores atribuíram o enfraquecimento a
diversos motivos, e isto contribuiu para o sucesso dos trabalhos e iniciativas que estavam
relacionados ao tema decrescimento. Reconhecidamente, esse é um paradigma cujo potencial
é atraente quando colocado frente ao conceito de desenvolvimento sustentável.
Com isso, ainda de acordo com Alier et al (2010), do ponto de vista dos defensores da
ideia de decrescimento, mesmo que o crescimento econômico continue se disfarçando de
desenvolvimento sustentável, ele, inevitavelmente, levaráa humanidade ao colapso social e
ecológico.

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