Aula 01 - RED - ITA - 2024
Aula 01 - RED - ITA - 2024
Aula 01 - RED - ITA - 2024
AULA 01
Tema, recorte temático e tese
Sumário
1 - Repertório de redação 3
O que é negacionismo 3
Negação da ciência 5
Revisionismo Histórico 9
Descrédito às vozes autorizadas 11
Fake News 14
4- Prática de redação 22
4.1 - Identificação de recortes temáticos e criação de teses 22
4.2 - Propostas de redação 24
5 - Considerações Finais 50
Apresentação
Olá!
Na aula de hoje, vamos nos dedicar a pensar as diferenças entre tema, recorte temático e tese.
Lembre-se do que vimos na aula passada, sobre a importância de identificar qual o tema sobre o qual
deve escrever e a importância de estabelecer um recorte temático.
Vamos lá?
1 - Repertório de redação
No nosso capítulo de repertório de hoje, vamos falar de negacionismo. Os tópicos abordados serão:
Descrédito às
O que é Negação da Revisionismo
vozes Fake News
negacionismo? ciência histórico
autorizadas
O que é negacionismo
Essa palavra que nem o corretor do word conhece.
Negacionismo
• Não confiança na ciência e distorção sistemática de dados e fatos para corroborar uma
informação.
• O resultado esperado já está decidido. Buscam-se dados para comprovar aquilo que se deseja.
Ceticismo
• Doutrina filosófica baseada em duvidar sempre, tendo em mente a ideia de que nunca podemos
ter certeza absoluta da verdade.
Por vezes, um fato é conflitante com nossos valores ou convicções políticas, religiosas ou
filosóficas. Algo que vai de encontro às nossas crenças ou à ideologia vigente.
Alguns fatos podem representar riscos para o interesse de empresas ou indivíduos em diversos
círculos. O conflito de interesses, seja no nível mercadológico, seja no nível político e social, pode
gerar a negação sistemática de algum fato.
Psicologia de grupo, ou seja, algumas vezes, precisamos da confirmação da massa de que estamos
corretos ou pertencemos a um grupo especial.
Para justificar a rejeição de algum fato, desenvolvem-se teorias complexas e cheias de detalhes.
As teorias da conspiração partem de um discurso aparentemente técnico ou científico para criar aparência
de verdade.
Elas criam organização de ideias e fatos em um mundo que, muitas vezes, não é tão simples de
compreender.
Uma das teorias mais conhecidas é a ideia de que o homem não foi à Lua.
Como Chris French explicou à BBC News, as teorias conspiratórias “são transversais em termos de classe social, gênero
e idade”, e pressupõem a falácia de que os dois lados de uma disputa científica, social ou política devem ter a mesma
veracidade. Se somarmos a isso que uma teoria conspiratória tem, como norma, a capacidade narrativa de criar padrões
regulares, podemos compreender que sejam objeto de sedução. Nosso presente parece ter acelerado o poder das
conspirações: são cada vez mais frequentes as ideias tóxicas sobre elites que controlam o mundo ou planos delirantes
para a introdução de migrantes de origem muçulmana com ajudas governamentais. Fonte:
<https://brasil.elpais.com/brasil/2019/03/21/opinion/1553190541_750395.html> Acesso em: ago.2019
Negação da ciência
Certos grupos ou pessoas não aceitam sequer a ciência como um método válido para atingir a
verdade. A ciência e o conhecimento científico é constantemente atacado por esses grupos como sendo
um empreendimento corrupto, que está atuando em função de algum interesse particular ou ideológico.
Atinge tanto as pessoas no nível social quanto político. Em contrapartida, são geralmente defendidas as
pseudociências.
Pretendem utilizar métodos e descobrimentos da ciência, enquanto que em realidade são desleais a sua natureza,
frequentemente porque se apoiam em provas insuficientes ou porque ignoram chaves que apontam em outra direção.
Estão infestados de credulidade. Com a cooperação desinformada (e frequentemente a conivência cínica) de periódicos,
revistas, editores, rádio, televisão, produtores de cinema e similares, essas ideias se encontram facilmente em todas as
partes. (p. 30)
A pseudociência é mais fácil de inventar que a ciência, porque há uma maior disposição a evitar confrontações
perturbadoras com a realidade que não permitem controlar o resultado da comparação. Os níveis de argumentação, o
que passa por provas, são muito mais relaxados. Em parte pelas mesmas razões, é muito mais fácil apresentar ao público
em geral a pseudociência que a ciência. (p. 31)
A crítica científica nasce a partir de um questionamento a uma realidade dada e, muitas vezes,
estabelecida como senso comum.
Em muitos sentidos, essas Ciências da Natureza nasceram da tensão, na vida social, entre
conservar o mundo tal como ele era ou revolucioná-lo.
Há uma relação entre as ideias em seu tempo histórico e os acontecimentos históricos que ajudam
a formar e a reformular as próprias ideias.
Método científico
As ciências:
O senhor “Buckley” —que sabia falar, era inteligente e curioso— não tinha ouvido virtualmente nada de ciência
moderna. Tinha um interesse natural nas maravilhas do universo. Queria saber de ciência, mas toda a ciência tinha sido
expurgada antes de chegar a ele. A este homem tinha falhado nossos recursos culturais, nosso sistema educativo, nossos
meios de comunicação. O que a sociedade permitia que se filtrasse eram principalmente aparências e confusão. Nunca
lhe tinham ensinado a distinguir a ciência real da áspera imitação. Não sabia nada do funcionamento da ciência.
(SAGAN, C. O mundo assombrado pelos demônios. Companhia de Bolso: São Paulo, 2006, p. 18.)
BMT: O senhor acredita que posicionamentos mais firmes da academia, da mídia e de demais formadores de opinião
podem ajudar?
Dr. Peter Hotez: Sim, é importante que acadêmicos exponham suas idéias e assumam um papel mais público.
Simplesmente escrever artigos para periódicos acadêmicos não é mais suficiente para combater as guerras de
informação ou as guerras de mídia. Eu acredito que o público precisa se identificar com os cientistas.
(Fonte: https://www.sbmt.org.br/portal/anti-vaccine-movement-is-one-of-the-ten-threats-to-global-health/)
Um conhecido homem de ciência (segundo as más línguas, Bertrand Russel) deu uma vez uma conferência sobre
astronomia. Descreveu como a Terra orbita em volta do Sol e como o Sol, por sua vez, orbita em redor do centro de um
vasto conjunto de Estrelas que constitui a nossa galáxia. No fim da conferência, uma velhinha, no fundo da sala,
levantou-se e disse: "O que o senhor nos disse é um disparate. O mundo não passa de um prato achatado equilibrado
nas costas de uma tartaruga gigante." O cientista sorriu com ar superior e retorquiu com outra pergunta: "E onde se
apoia a tartaruga?" A velhinha então exclamou: "Você é um jovem muito inteligente, mas são tudo tartarugas por aí
abaixo!“
A maior parte das pessoas acharia bastante ridícula a imagem do Universo como uma torre infinita de tartarugas. Mas
o que nos leva a concluir que sabemos mais? Que sabemos ao certo sobre o Universo e como atingimos esse
conhecimento? De onde veio e para onde vai? Teve um princípio e, nesse caso, que aconteceu antes dele? Qual é a
natureza do tempo? Acabará alguma vez? Descobertas recentes em física, tornadas possíveis em parte pela fantástica
tecnologia atual, sugerem respostas a algumas destas perguntas antigas. Um dia, essas respostas poderão parecer tão
óbvias para nós como o fato de a Terra girar em volta do Sol; ou talvez tão ridículas como uma torre de tartarugas. Só o
tempo (seja ele o que for) o dirá.
(Stephen Hawking, Uma breve história do tempo, p.11)
Segundo pesquisa recente, cerca de 7% da população brasileira crê que a terra é plana.
“Isso mostra uma falha do sistema educacional brasileiro. Eu acho que algumas dessas pessoas que dizem que a Terra é
plana na verdade não acham isso, e estão fazendo um movimento de ‘resistência’: eles acham que a ciência controla a
vida deles, que a sociedade moderna é manipulada pelas empresas que controlam a tecnologia e se veem vitimados pela
ciência. Então eles pegaram a coisa mais absurda possível, a ideia de a Terra ser plana, e usam isso para demonstrar
insatisfação.” (Marcelo Gleiser para Folha de São Paulo)
DICA DE FILME:
Movimento Antivacina
Movimento que ganha força a partir do fim dos anos 1990, com a publicação de um estudo –
posteriormente retratado pelo próprio pesquisador – de que as vacinas seriam responsáveis por
“dar autismo” em crianças.
O Brasil saiu da lista dos países que haviam eliminado o sarampo, possivelmente por conta da
diminuição da imunização.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) identificou surtos de sarampo em 170 países desde 2017,
mostrando que o avanço da doença é um fenômeno global. Este ano, houve um aumento de 300% no
número de casos, no mundo todo, em comparação com 2018. Além disso, em 2019 o movimento
antivacina passou a figurar na lista das dez maiores ameaças à saúde global, de acordo com a OMS, junto
com ebola, HIV, dengue e influenza e outras doenças. (Fonte: Fiocruz)
Revisionismo Histórico
Revisionismo histórico é a reinterpretação da História, baseada na ambiguidade dos fatos e na
imparcialidade (ou não) com que esses fatos podem ter sido registrados.
Ainda que seja um procedimento importante, pois pode fazer com que informações que tenham
sido registradas de maneira pouco fiel aos acontecimentos possam ser revistas – ou mesmo que se possa
jogar luz a temas pouco estudados – deve-se tomar o cuidado de não basear os questionamentos na
deturpação dos fatos.
Em uma sociedade sempre em guerra, completamente vigilada por câmeras e telas, a personagem
Winston Smith, um homem que trabalha alterando notícias de jornal, pensa secretamente em modos de
burlar a tirania do Estado do Grande Irmão, entidade que observa a todos por telas.
O trabalho de alteração das notícias faz com que a memória coletiva seja alterada, provocando
uma mudança nas percepções dos fatos históricos e recentes. Um aliado político, por exemplo, pode
passar a ser um inimigo de muitos anos a partir da mudança de notícias e imagens.
A adulteração de imagens no governo de Stalin é uma possível inspiração para essa passagem, mas
o livro é essencialmente uma crítica a todo tipo de autoritarismo de Estado, independentemente de qual
seja ele.
O revisionismo histórico, porém, nega os princípios básicos relativos a uma verdade histórica –
documentos que a comprovem, testemunhas do fato, obras diferentes falando do mesmo assunto etc.
"As Ciências Humanas, entretanto (a Filosofia, as Ciências Sociais, a História, as linguagens), fadadas a nunca gerarem
resultados materiais diretos, parecem sofrer ainda mais nessa crise de legitimidade das Ciências. São confundidas com
a simples opinião, acusadas de serem mero discurso ideológico e, principalmente, de serem “inúteis”, no sentido de que
não produzem avanços visíveis nem produtos passíveis de compra e venda. Não geram mercadoria; se inserem apenas
aos solavancos em qualquer lógica que as transforme em instrumento prático e, portanto, têm difícil entrada no mercado
de trabalho.
(Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/em-defesa-das-ciencias-humanas-5dzll7r6d1zwoud3mccil1io8/)
Teoria que ganha força por volta do fim da década de 1950 – pouco tempo depois do fim da
Segunda Guerra Mundial.
A teoria afirma que o extermínio do povo judeu é uma mentira histórica baseada na manipulação
de informação e propaganda, além de questionar as mortes nos campos de concentração como
sendo verdadeiras ou não.
Dialoga com a ideia de que a experiência pessoal não é válida: não basta que alguém diga que
viveu algo pessoalmente para que aquilo se torne verdadeiro.
Aqui, porém, não é apenas a experiência pessoal que está sendo levada em consideração: há uma
série de documentos que comprovam a história pessoal.
A exigência que Auschwitz não se repita é a primeira de todas para a educação. De tal modo ela precede quaisquer
outras que creio não ser possível nem necessário justificá-la. Não consigo entender como até hoje mereceu tão pouca
atenção. Justificá-la teria algo de monstruoso em vista de toda monstruosidade ocorrida. Mas a pouca consciência
existente em relação a essa exigência e as questões que ela levanta provam que a monstruosidade não calou fundo nas
pessoas, sintoma da persistência da possibilidade de que se repita no que depender do estado de consciência e de
inconsciência das pessoas. Qualquer debate acerca de metas educacionais carece de significado e importância frente a
essa meta: que Auschwitz não se repita.
(Theodor Adorno, Educação após Auschwitz, 1995)
Falsas controvérsias
Incitar a dúvida na população. Exigência de certeza absoluta
Pode envolver o financiamento de pessoas sem Utilizar da premissa de que toda descoberta
formação ou trabalho científico, mas que pode ser eventualmente falseada para
defendem conclusões opostas ao conhecimento desconsiderar o pensamento científico.
vigente.
(Fonte: http://comcept.org/2015/11/25/recurso-comcept-negacionismo-quando-os-factos-sao-rejeitados/)
Questiona-se quem tem o direito de dizer o que é “verdade” ou não, quem pode recomendar
comportamentos, e quem pode apontar notícias como sendo falsas ou não.
Professores, cientistas e especialistas enfrentam muita resistência por uma grande parcela da
sociedade.
Modernidade líquida
Um conceito muito popular hoje em dia é a ideia de Modernidade líquida, cunhado pelo sociólogo
Zygmunt Bauman (1925 – 2017). Segundo Bauman, hoje em dia, as relações humanas – sejam elas
individuais, interpessoais ou comunitárias – tendem a ser menos duradouras e/ou estáveis. Por não
conseguir sentir certeza naquilo que está a seu redor, o homem contemporâneo seria inseguro e teria
muita dificuldade de se ligar profundamente às outras pessoas.
Outro termo bastante comum na teoria de Bauman é a ideia de fluidez. A vida na modernidade é
essencialmente fluida. Segundo ele:
Os fluidos se movem facilmente. Eles “fluem”, “escorrem”, “esvaem-se”, “respingam”, “transbordam”, “vazam”,
“inundam”, “borrifam”, “pingam”; são “filtrados”, “destilados”; diferentemente dos sólidos, não são facilmente contidos
— contornam certos obstáculos, dissolvem outros e invadem ou inundam seu caminho. (...) Essas são razões para
considerar “fluidez” ou “liquidez” como metáforas adequadas quando queremos captar a natureza da presente fase,
nova de muitas maneiras, na história da modernidade. (BAUMAN, 2001, p. 09)
Essa ideia não se aplica apenas aos relacionamentos, mas também à postura do homem em
diversas outras áreas. De modo geral, o homem da modernidade líquida tem uma percepção de mundo
ligada a:
Falta de referenciais
Incertezas em pessoais, ou seja, Busca de
relação a tudo aquilo dificuldade em Relativização da experiências, não de
que parecia bem constituir sua ideia de verdade. instâncias
estabelecido. própria duradouras.
individualidade.
Segundo Bauman, hoje em dia, as relações humanas – sejam elas individuais, interpessoais ou
comunitárias – tendem a ser menos duradouras e/ou estáveis. Por não conseguir sentir certeza naquilo
que está a seu redor, o homem contemporâneo seria inseguro e teria muita dificuldade de se ligar
profundamente às outras pessoas. Essa ideia não se aplica apenas aos relacionamentos, mas também à
postura do homem em diversas outras áreas. Quando falamos de Negacionismo, isso pode aparecer nos
seguinte tópicos:
A comunicação em rede propiciada pela internet faz com que o sujeito sinta
que pode controlar alguma instância de sua vida, já que lá pode manter ou
excluir quem desejar. Esse poder é algo que não existe na sociedade.
Na internet, há uma maior disseminação de notícias falsas, as fake News,
pois qualquer um pode escrever o que desejar lá. Como na sociedade
contemporânea há uma relativização da ideia de verdade, o homem não
consegue mais saber o que é real e o que não é.
Fake News
O termo “fake news” (notícias falsas, em inglês) se tornou muito conhecido nos últimos tempos.
A primeira vez que apareceu com força foi nas eleições americanas de 2016, entre Donald Trump
e Hillary Clinton, em que os candidatos se acusaram mutuamente de produzir notícias falsas com o
objetivo deliberado de prejudicar a campanha um do outro.
Essencialmente, uma notícia falsa é redigida com o objetivo de legitimar uma ideia ou
deslegitimar algo/alguém.
- Seu alto poder de persuasão, independente do grau de escolaridade ou classe social do leitor; e
- Seu grande poder viral, já que são fortemente ligadas à comunicação e difusão de informações na
internet, sendo principalmente divulgadas em redes sociais.
Essas são justamente as características que diferem as fake news das informações falsas criadas
por escritores ao longo da história: por serem fortemente ligadas à internet, as fake news se espalham
rapidamente e são de difícil apuração. A origem das informações fica difusa, o que torna mais difícil checar
as fontes ou dados que poderiam corroborá-las.
Por isso, é muito importante que você seja capaz de fazer uma leitura crítica daquilo que é
veiculado nas mídias digitais.
Imprensa
Atire os primeiros bloquinho e caneta quem nunca ouviu a frase “jornalista tem que ouvir os dois lados”. Acontece que,
em ciência, as coisas podem ser um pouco mais complicadas. Ora, não há razão para entrevistar um indivíduo que
acredita que a Terra é plana em toda matéria sobre o nosso planeta redondo, muito menos dar voz a alguém que não
acredita em vacinas nas reportagens sobre os imunizantes. Nosso guia precisa ser a evidência científica e o que ela nos
assegura (ou não) sobre determinado assunto.
Numa palestra inspiradora, a cientista Naomi Oreskes, coautora do livro Merchants of doubt (Mercadores da dúvida,
em tradução livre), mostra como a própria indústria se aproveitou desse princípio jornalístico de isonomia para semear
um ponto de interrogação na cabeça das pessoas. Isso ocorreu (e ocorre), por exemplo, em questões ligadas ao cigarro
ou ao aquecimento global. Nas palavras da própria Naomi, precisamos rejeitar esse conceito de equidade cega e
indiscriminada quando fazemos jornalismo de ciência. “Se continuarmos apostando nesse senso errôneo de justiça,
cairemos numa falsa equivalência em que misturamos informações factuais com mentiras e desinformação”, afirma.
Fonte: <http://observatoriodaimprensa.com.br/jornalismo-cientifico/dez-inquietacoes-ideias-e-tendencias-que-pintaram-na-maior-conferencia-de-
jornalismo-cientifico-do-mundo/> Acesso em ago.2019.
De tempos em tempos, diversas pesquisas de opinião são realizadas pelo mundo para medir o quanto as pessoas
acreditam no sucesso das missões Apollo. O nível de descrença varia de 6% a 57% - este último impressionante número
é de levantamento divulgado ano passado pelo VTsIOM, o instituto nacional de pesquisas de opinião da Rússia, e deve
refletir sobretudo os esforços de contrapropaganda da Guerra Fria, quando a então União Soviética era rival dos Estados
Unidos na chamada corrida espacial.
Levantamento semelhante realizado pelo instituto Gallup nos Estados Unidos apontou que 6% dos americanos não
acreditam que o homem tenha pisado na Lua. Mas outras sondagens chegam a apontar que esse número pode ser bem
maior: na casa dos 20%.
De acordo com pesquisa recente realizada pela empresa YouGov, um em cada seis britânicos acredita que a conquista
da Lua foi encenada. E, entre os jovens de até 35 anos, "informados" intensamente por canais de YouTube e fóruns de
internet, esse número é ainda maior: 21%.
Fonte: <https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2019/07/11/o-que-pensam-os-que-nao-acreditam-que-o-
homem-chegou-12-vezes-a-lua.ghtml> Acesso em: ago.2019
Umberto Eco
Para o escritor e filólogo italiano Umberto Eco, as redes sociais concederam o direito à palavra a
uma “legião de imbecis” que antes falavam apenas “em um bar e depois de uma taça de vinho,
sem prejudicar a coletividade”.
Normalmente, os imbecis eram imediatamente calados, mas agora eles têm o mesmo direito à
palavra de um Prêmio Nobel.
Desse modo, conclui Eco, o grande drama da internet é que ela promoveu o “idiota da aldeia” a
portador da verdade.
Pense nesse processo como um funil: você deve sair do mais amplo para o menos amplo, ou seja,
do grande tema para sua análise sobre esse tema. Evidentemente, um mesmo tema possibilita diversos
recortes temáticos.
A tese é, como você sabe, seu posicionamento com relação a um determinado tema, podendo ser positiva
ou negativa, em muitos casos. Contudo, sempre é a representação de sua opinião. Ainda assim, muitas
vezes vocês ficam inseguros com relação a colocar sua tese em prática.
É comum ouvirmos que vocês têm medo de se posicionar com relação a uma ideia, dado que muitas vezes
foram orientados a não fazer isso, tornando o texto impessoal inclusive com relação ao conteúdo.
Construir um texto formal não quer dizer não falar sua opinião sobre algum assunto. Sua tese precisa:
ATENÇÃO
Por vezes, você pode escrever sua tese a partir de uma opinião que você não concorda
necessariamente, mas que se apresenta mais fácil de ser argumentada.
Não estamos falando aqui em agradar a banca. Longe disso. O que ocorre é que em alguns temas,
principalmente os ditos "polêmicos", é comum encontrarmos mais facilmente argumentos que
comprovem opiniões que não necessariamente concordamos.
O único cuidado que você deve tomar nesses casos é de não defender ações ou assuntos que
poderiam ser considerados crimes ou desrespeitosos a leis e direitos. Fora isso, o importante é
fundamentar bem as ideias.
Seu objetivo é ser capaz de fazer uma boa argumentação sempre! O que importa para o corretor
é que você seja capaz de defender sua ideia de maneira consistente. Ele não conhece você, lembre-se
disso ;)
Recorte temático
O recorte temático, como vimos na primeira aula, é uma forma de definição mais clara daquilo que
falaremos em nossa redação. Muitos temas apresentam-se muito amplos e, por isso, devemos mais
claramente como ocorrerá essa construção de pensamentos.
Normalmente, temas que se aproximam de assuntos aberto necessitam de uma construção mais
específica de recorte temático. Imaginemos a situação a seguir:
Nesse exemplo, percebe-se a amplitude de possibilidades. Claro que a tese apresentada é somente um
exemplo do que podemos ter com relação à temática abordada. Poderíamos fazer recortes e apresentar
teses distintas. Por exemplo, poderíamos apresentar a ideia de que as redes sociais são mal utilizadas na
sociedade e podem levar ao isolamento das pessoas com relação à sociedade, como usualmente se
apregoa no senso comum. Não há nenhum problema em você caminhar pelo senso comum, desde que
sua argumentação esteja sustentada. O que importa é isso: sustentação dos argumentos para que eles
sejam válidos.
Esse tipo de tema é diferente dos mais específicos. Por vezes o próprio tema já indicará alguns recortes
para você. Imagine essa situação:
Tese:
Recorte A maior
Tema: A inclusão das
temático:
importância da mulheres nas
Ações que
inclusão das forças armadas
foram feitas
mulheres nas depende de de
para aumentar
forçar armadas inicitivas por
a inclusão
parte das
instituições
Perceba que o caminho já estava muito estabelecido pelo próprio tema. Não havia tantos
caminhos possíveis a serem seguidos. Por isso, é importante que você, a partir do tema, consiga identificar
suas possibilidades.
Tese
A tese se encontra expressa no primeiro parágrafo da redação. Clareza é fundamental. Por isso, é
importante que você deixa evidente no seu texto qual é a tese que você irá desenvolver. É preciso facilitar
a leitura do corretor. Ele não pode ter dúvidas do que você está propondo.
Você não pode, porém, simplesmente “jogar sua tese” no parágrafo inicial e esperar que ela resolva sua
introdução. Ela deve ser contextualizada. A introdução é composta por duas partes: contextualização e
tese. Na aula de hoje, vamos pensar apenas na tese. Em nossa próxima aula, nos dedicaremos a falar
mais profundamente sobre contextualizações.
Um dos modos mais fáceis de elaborar uma tese é trabalhar com a ideia de causa e consequência. Algo
ocorre no mundo e isso gera uma consequência – tanto para o indivíduo quanto para a sociedade.
FÓRMULA DA TESE
Se você tem dificuldade em criar uma tese, tente pensar de maneira matemática. Vou apresentar
a você minha fórmula da tese. Use-a para praticar na hora de escrever sua redação.
Funciona assim:
X, pois Y, logo Z
Você substituirá:
- X por sua opinião pessoal, sua ideia sobre o assunto.
- Y por uma informação que estabeleça relação de causa com sua ideia.
- Z por uma informação que estabeleça relação de consequência com sua ideia.
Assim, você garante que sua tese será completa e bem compreensível. Veja um exemplo:
Crianças devem ter contato com a arte desde cedo, pois ela amplia a percepção de mundo, logo,
tornam-se pessoas mais criativas.
Temas sociais
Os temas sociais são aqueles que se fundam em problemas diretamente ligados a questões da
sociedade e a relação entre o homem e a sociedade que o cerca. Entram aqui temas ligados a mudanças
na sociedade, impacto social das ações pessoais, política, meio ambiente, noções de comunidade,
políticas públicas etc.
A identificação dos recortes temáticos e a criação de teses a partir de temas sociais costuma ser
mais simples, pois ela é mais diretamente identificável.
Temas subjetivos
Os temas subjetivos são aqueles que discutem a relação das pessoas consigo mesmas. Entram aqui
temas ligados ao comportamento humano, modo como reagimos às situações, psicologia,
comportamento etc. Também entram aqui os temas que que discutem a relação do homem com outros
homens: temas ligados a relações afetivas de todo modo, comportamento em grupo, convivência, família
etc.
Pense que você chegou no dia da sua prova e o tema era empatia. Pode ser que você tenha dificuldades
de saber por onde começar essa redação. Dificilmente poderíamos desenvolver esse tema pensando
apenas em falar de maneira abstrata sobre o assunto. É preciso pensar sobre como esse conceito aparece
na vida socialmente, por exemplo: em que a falta de empatia impacta as relações sociais; como mais
empatia poderia resolver problemas da sociedade; etc.
Texto não-verbal
Fonte: Willtirando, 07/10/2017. Disponível em: < http://www.willtirando.com.br/a-arte-imita-a-vida/> Acesso em 18 Mar. 2019.
Ainda que se utilizem na tirinha exemplos de artistas de outras épocas, não é possível afirmar que
este comportamento seja comum através do tempo. Só se pode dizer que hoje em dia há uma
desvalorização da figura do artista.
Há algumas ideias que se pode levantar a partir desse texto – ainda que elas não estejam
necessariamente nele. Pense em maneiras de incluir seu conhecimento de mundo numa análise, pois
isso pode trazer possíveis argumentos no futuro.
O artista é visto como alguém improdutivo. O produto de seu trabalho não é considerado passível
de valor de troca.
Texto Verbal
A jovem que construiu a própria a casa e é a única brasileira a dar dicas de reforma no
YouTube
Paloma e sua mãe foram as responsáveis pela ampliação da casa onde moram há 25 anos,
que tinha originalmente apenas dois cômodos. Hoje, são quatro quartos, dois banheiros,
cozinha, sala, varanda e quintal – e, em todos estes ambientes, a youtuber já fez alguma
obra.
Ela aprendeu a fazer as reformas com os amigos da mãe, que ajudaram a ampliar o imóvel
quando o dinheiro da família para as reformas acabou. Logo, descobriu que gostava de fazer
isso e, mais, que tinha talento.
Com o passar dos anos, Paloma e Ivone se tornaram as únicas “mestres de obras” da casa.
Embora a mãe não se aventure tanto nisso quanto a filha, ela ajuda nos acabamentos. “A
gente fala que sou a pedreira, e minha mãe, a servente.”
A experiência levou a jovem a estudar engenharia civil em 2013, mas ela largou o curso no
primeiro semestre para se dedicar ao YouTube, quando o projeto ainda era sobre outros
temas. Hoje, é uma especialista no tema.
Ela estima ter economizado quase R$ 25 mil fazendo a construção e a reforma da sua casa
por conta própria. “Com certeza, não teria condições de pagar por todas as coisas que fiz.”
Mayra Sartorato, da BBC News Brasil, 23 março 2019. Trecho disponível em:
<https://www.bbc.com/portuguese/geral-47661993> Acesso em 10 set.2019.
O texto fala sobre uma menina que construiu a própria casa e transmite esse conteúdo na internet.
Para além das questões de gênero óbvias – o estereótipo que mulheres não se envolveriam com
construção civil, por exemplo – há que se pensar sobre o papel da internet e das novas
comunicações na busca de uma sociedade mais igual.
Qual a importância da internet para uma mudança social verdadeira? Como as novas mídias
podem ser uma aliada na busca de uma maior igualdade de gênero?
Parece haver maior espaço para vozes dissonantes na internet e, com isso, uma maior divulgação
de experiências e vivências distintas. Como a luta pela igualdade se beneficia disso?
4- Prática de redação
Tema I
Tema: A censura de obras literárias é legítima em alguma situação?
Recorte temático:
Tese:
Possíveis argumentos:
Tema II
Recorte temático:
Tese:
Possíveis argumentos:
Tema III
Tema: A obrigatoriedade de vacinação no Brasil
Recorte temático:
Tese:
Possíveis argumentos:
Tema IV
Tema: A aceleração da vida na modernidade
Recorte temático:
Tese:
Possíveis argumentos:
Item 1.
Item 2.
Fonte: Sidney Harris. A ciência ri: o melhor de Sidney Harris. Seleção e tradução Jesus de Paula Assis. São Paulo: Editora
UNESP, 2007, p. 61.
Item 3.
Em 2015, o cientista Stephen Hawking respondeu a um internauta que lhe perguntara sobre riscos
de uma eventual inteligência artificial maligna:
Se as máquinas produzirem tudo de que precisamos, o resultado dependerá de como as coisas
são distribuídas. Todo mundo poderá aproveitar uma vida de lazer luxuoso se a riqueza produzida
pela máquina for compartilhada, ou a maior parte das pessoas pode se tornar miserável se os
donos das máquinas conseguirem se posicionar contra a redistribuição da riqueza. Até agora, a
tendência tem sido para a segunda opção, com a tecnologia aumentando a desigualdade.
Apud: https://olhardigital.com.br/noticia/stephen-hawking-explica-o-risco-da-evolucao-dainteligencia-artificial/52029.
Publicado em 08/10/2015. Acessado em 17/08/2019. 4
Item 4.
“A França anunciou um Concurso Internacional de Arquitetura para reconstruir a torre
central (popularmente conhecida como ‘agulha’ ou ‘flecha’) da Catedral de Notre-Dame de Paris,
depois que ela desmoronou em um grande incêndio no dia 15 de abril. O primeiro-ministro
francês, Édouard Philippe, disse que o concurso garantirá que o marco arquitetônico danificado
receba uma nova torre ‘adaptada às técnicas e desafios de nossos tempos’.
A execução do plano de reconstrução será uma questão de talento. São poucos os
especialistas em construção em pedra, mas felizmente, esforços recentes para reconstruir
catedrais garantiram um grupo de profissionais habilidosos na área, a partir de reparos como o
da Catedral De Nidaros, em Trondheim, na Noruega e a Catedral York Minster, na Inglaterra. Em
adição à competência dos profissionais, a reconstrução de Notre-Dame também será beneficiada
pela tecnologia moderna. Em 2010, o historiador de arte Andrew Tallon realizou um scan a laser
do interior da catedral, que fornece uma planta virtual àqueles que irão reconstruir o
monumento.
Fonte: https://www.caubr.gov.br/catedral-notre-dame-franca-anuncia-concurso-de-arquiteturapara-reconstruir-
torre/. Publicado em 17/04/2019. Adaptado. Acessado em 20/07/2019. Fonte das imagens:
https://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,de-vista-panoramica-ateto-de-vidro-saiba-como-os-arquitetos-estao-
imaginando-a-nova-notre-dame,70002827347. Publicado em 13/05/2019. Acessado em 17/08/2019.
(IME - 2022)
Texto 1
ENGENHEIROS DA VITÓRIA
Solução de problemas na história
[...] Quando se fala na eficiência em conseguir equipamentos de combate e transferir
combatentes de A para B, os britânicos são campeões; certamente isso não foi por causa de
alguma inteligência especial, mas pela ampla experiencia em organização e senso crítico depois
de enfrentar chances adversas em 1940, juntamente com a perspectiva de derrota. Aqui a
necessidade foi a mãe da invenção. Eles tinham que defender suas cidades, transportar tropas
até o Egito, apoiar os gregos, proteger as fronteiras da Índia, trazer os Estados Unidos para a
guerra e depois levar aquele imenso potencial americano para a área da Europa. Era mais um
problema a ser ´ resolvido. Como foi possível fazer com que 2 milhões de soldados americanos,
depois de chegar às bases de Clyde, fossem para bases no sul da Inglaterra preparando-se para o
ataque a Normandia, quando a maior parte das ferrovias britânicas estava ocupada em
transportar vagões de carvão para as fabricas de ferro e aço que não podiam parar de produzir?
Como se viu, uma organização composta por pessoas que cresceram decorando os horários
da estrada de ferro de Bradshaw como passatempo pode fazer isso, enquanto os altos
comandantes consideravam que tudo estava garantido porque confiavam na capacidade de seus
administradores de nível médio. Churchill acreditava que o melhor era não se preocupar demais
com os problemas, pois tudo se resolveria, isto ˜ e, uma maneira havia de ser encontrada, passo
a passo.
Ha uma outra forma de pensar sobre essa história de soluções de problemas, e ela vem de
um exemplo bem contemporâneo. Em novembro de 2011, enquanto o genial líder da Apple, Steve
Jobs, recebia inúmeras homenagens póstumas, um artigo intrigante foi publicado na revista New
Yorker. Nele o autor, Malcom Gladwell, argumentava que Jobs não era o inventor de uma
máquina ou de uma ideia que mudou o mundo; poucos seres o são (exceto talvez Leonardo da
Vinci e Thomas Edison). Na verdade, seu brilhantismo estava em adotar invenções alheias que
não deram certo, a partir das quais construía, modificava e fazia aperfeiçoamentos constantes.
Para usar uma linguagem atual, ele era um tweaker, e sua genialidade impulsionou como nunca
o aumento de eficiência dos produtos de sua companhia. ˆ
A história do sucesso de Steve Jobs, contudo, n ´ ao era nova. A chegada da Revolução
Industrial do século XVIII na Grã-Bretanha – muito provavelmente a maior revolução para explicar
a ascensão do Ocidente – ocorreu porque o país possuía uma imensa coleção de tweakers em sua
cultura que encorajaram o progresso [. . . ]
Texto 2
Fernando Pessoa (1888-1935) foi um dos mais importantes poetas da literatura portuguesa. Criou
uma obra de natureza filosófica sobre a consciência e as suas mais profundas inquietações
existenciais. Expressou uma personalidade estética multifacetada por meio dos heterônimos, os
quais consistiam em várias identidades que detinham biografia e características psicológicas
distintas: Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Bernardo Soares e Álvaro de Campos, um engenheiro
naval, a quem se deve a “Ode triunfal”. Esse heterônimo apresenta uma personalidade estética
marcada pelas concepções futuristas e pela intenção de assimilar ao eu lírico a realidade exterior,
considerada em suas manifestações mais prosaicas, ao mesmo tempo em que aquele se projeta
no mundo.
ODE TRIUNFAL
A dolorosa luz das grandes l lâmpadas electricas da fabrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Texto 3
Lima Barreto (1881-1922) viveu em um período de intensas transformações sociais no País,
marcado pela abolição da escravatura (1888), advento da ordem republicana (1889) e
urbanização crescente. Filho de pais negros (o pai era tipógrafo e a mãe, professora), Lima Barreto
abordou principalmente os temas e os personagens típicos dos subúrbios cariocas, cruzando os
limites da realidade e da ficção. Nessa perspectiva, o conto A nova California, publicado em 1916,
faz uma alusão à Corrida do ouro, nos Estados Unidos, da primeira metade do século XIX, para
condenar ironicamente a ganancia e a busca do enriquecimento fácil.
Sinopse do conto
Raimundo Flamel, um químico, chega a pequena cidade de Tubiacanga, no Rio de Janeiro. Anos
depois, ele encontra uma formula secreta capaz de transformar ossos humanos em ouro, o que
transformaria profundamente a cidade, até então, ordeira e tranquila. Depois de revelar a sua
descoberta, Flamel some misteriosamente. A partir daí, o cemitério é profanado, ocorrendo
vários roubos de cadáveres.
A NOVA CALIFORNIA
Ninguém sabia donde viera aquele homem. O agente do Correio pudera apenas informar
que acudia ao ´ nome de Raimundo Flamel, pois assim era subscrita a correspondência que
recebia. E era grande. Quase diariamente, o carteiro lá ia a um dos extremos da cidade, onde
morava o desconhecido, sopesando um maço alentado de cartas vindas do mundo inteiro, grossas
revistas em línguas arrevesadas, livros, pacotes. . .
Quando Fabrício, o pedreiro, voltou de um serviço em casa do novo habitante, todos na
venda perguntaram-lhe que trabalho lhe tinha sido determinado.
– Vou fazer um forno, disse o preto, na sala de jantar.
Imaginem o espanto da pequena cidade de Tubiacanga, ao saber de tão extravagante
construção: um forno ˜ na sala de jantar! E, pelos dias seguintes, Fabrício pode contar que vira
balões de vidros, facas sem corte, copos como os da farmácia – um rol de coisas esquisitas a se
mostrarem pelas mesas e prateleiras como utensílios de uma bateria de cozinha em que o próprio
diabo cozinhasse. O alarme se fez na vila. Para uns, os mais adiantados, era um fabricante de
moeda falsa; para outros, os crentes e simples, um tipo que tinha parte com o tinhoso.
Chico da Tirana, o carreiro, quando passava em frente da casa do homem misterioso, ao
lado do carro a chiar, e olhava a chaminé da sala de jantar a fumegar, não deixava de persignar-
se e rezar um “credo” em voz ˜ baixa; e, não fora a intervenção do farmacêutico, o subdelegado
teria ido dar um cerco à casa daquele indivíduo suspeito, que inquietava a imaginação de toda
uma população.
Tomando em consideração as informações de Fabrício, o boticário Bastos concluíra que o
desconhecido devia ser um sábio, um grande químico, refugiado ali para mais sossegadamente
levar avante os seus trabalhos científicos.
Homem formado e respeitado na cidade, vereador, medico também, porque o doutor
Jeronimo não gostava de receitar e se fizera socio da farmácia para mais em paz viver, a opinião
de Bastos levou tranquilidade a todas as consciências e fez com que a população cercasse de uma
silenciosa admiração a pessoa do grande químico, que viera habitar a cidade.
De tarde, se o viam a passear pela margem do Tubiacanga, sentando-se aqui e ali, olhando
perdidamente as aguas claras do riacho, cismando diante da penetrante melancolia do
crepúsculo, todos se descobriam e não era raro que as “boas noites” acrescentassem “doutor”. E
tocava muito o coração daquela gente a profunda ˜ simpatia com que ele tratava as crianças, a
maneira pela qual as contemplava, parecendo apiedar-se de que elas tivessem nascido para sofrer
e morrer.
Na verdade, era de ver-se, sob a doçura suave da tarde, a bondade de Messias com que
ele afagava aquelas crianças pretas, tão lisas de pele e tão tristes de modos, mergulhadas no seu
cativeiro moral, e também as brancas, de pele baca, gretada e áspera, vivendo amparadas na
necessária caquexia dos trópicos.
Por vezes, vinha-lhe vontade de pensar qual a razão de ter Bernardin de Saint-Pierre gasto
toda a sua ternura com Paulo e Virgínia e esquecer-se dos escravos que os cercavam. . .
Em poucos dias a admiração pelo sábio era quase geral, e não o era unicamente porque
havia alguém que não tinha em grande conta os méritos do novo habitante. Capitão Pelino,
mestre-escola e redator da Gazeta de Tubiacanga, órgão local e filiado ao partido situacionista,
embirrava com o sábio. “Vocês hão de ver, dizia ele, quem e esse tipo. . . Um caloteiro, um
aventureiro ou talvez um ladrão fugido do Rio.”
A sua opinião em nada se baseava, ou antes, baseava-se no seu oculto despeito vendo na
terra um rival para a fama de sábio de que gozava. Não que Pelino fosse químico, longe disso; mas
era sábio, era gramatico. Ninguém escrevia em Tubiacanga que n ao levasse bordoada do capitão
Pelino, e mesmo quando se falava em algum homem notável lá no Rio, ele não deixava de dizer:
“Não há dúvida! O homem tem talento, mas escreve: ´ ‘um outro’, ‘de resto’. . . ”. E contraía os
lábios como se tivesse engolido alguma coisa amarga.
Toda a vila de Tubiacanga acostumou-se a respeitar o solene Pelino, que corrigia e
emendava as maiores glorias nacionais. Um sábio. . .
Ao entardecer, depois de ler um pouco o Sotero, o Candido de Figueiredo ou o Castro
Lopes, e de ter passado mais uma vez a tintura nos cabelos, o velho mestre-escola saía
vagarosamente de casa, muito abotoado no seu paletó de brim mineiro, e encaminhava-se para
a botica do Bastos a dar dois dedos de prosa. Conversar é um modo de dizer, porque era Pelino
avaro de palavras, limitando-se tão somente a ouvir. Quando, por ˜ em, dos lábios de alguém
escapava a menor incorreção de linguagem, intervinha e emendava. “Eu asseguro, dizia o agente
do Correio, que. . . ” Por aí, o mestre-escola intervinha com mansuetude evangélica: “Não diga
‘asseguro’, ˜ senhor Bernardes; em português e garanto”.
E a conversa continuava depois da emenda, para ser de novo interrompida por uma outra.
Por essas e outras, houve muitos palestradores que se afastaram, mas Pelino, indiferente, seguro
dos seus deveres, continuava o seu apostolado de vernaculismo. A chegada do sábio veio distraí-
lo um pouco da sua missão. Todo o seu esforço voltava-se agora para combater aquele rival, que
surgia tão inopinadamente.
Foram vãs as suas palavras e a sua eloquência: não só Raimundo Flamel pagava em dia as
suas contas, como era generoso – pai da pobreza – e o farmacêutico vira numa revista de
específicos seu nome citado como químico de valor.
BARRETO, Lima. A nova California e outros contos . São Paulo: Unesp, 2012, p. 11-23 (texto adaptado).
(AFA - 2020)
TEXTO I
Trecho da peça teatral A raposa e as uvas, escrita por Guilherme de Figueiredo. A cena ocorre na
cidade de Samos (Grécia antiga), na casa de Xantós, um filósofo grego, que recebe o convidado Agnostos,
um capitão ateniense. O jantar é servido por Esopo e Melita, escravos de Xantós.
(Entra Esopo, com um prato que coloca sobre a mesa. Está coberto com um pano. Xantós e Agnostos se
dirigem para a mesa, o primeiro faz ao segundo um sinal para sentarem-se.)
XANTÓS (Descobrindo o prato) – Ah, língua! (Começa a comer com as mãos, e faz um sinal para que Melita
sirva Agnostos. Este também começa a comer vorazmente, dando grunhidos de satisfação.) Fizeste bem
em trazer língua, Esopo. É realmente uma das melhores coisas do mundo. (Sinal para que sirvam o vinho.
Esopo serve, Xantós bebe.) Vês, estrangeiro, de qualquer modo é bom possuir riquezas. Não gostas de
saborear esta língua e este vinho?
XANTÓS – Outro prato, Esopo. (Esopo sai à esquerda e volta imediatamente com outro prato coberto.
Serve, Xantós de boca cheia.) Que é isto? Ah, língua de fumeiro! É bom língua de fumeiro, hein, amigo?
ESOPO – Língua.
XANTÓS – Mais língua? Não te disse que trouxesse o que há de melhor para meu hóspede? Por que só
trazes língua? Queres expor-me ao ridículo?
ESOPO – Que há de melhor do que a língua? A língua é o que nos une todos, quando falamos. Sem a língua
nada poderíamos dizer. A língua é a chave das ciências, o órgão da verdade e da razão. Graças à língua
dizemos o nosso amor. Com a língua se ensina, se persuade, se instrui, se reza, se explica, se canta, se
descreve, se elogia, se mostra, se afirma. É com a língua que dizemos sim. É a língua que ordena os
exércitos à vitória, é a língua que desdobra os versos de Homero. A língua cria o mundo de Ésquilo, a
palavra de Demóstenes. Toda a Grécia, Xantós, das colunas do Partenon às estátuas de Pidias, dos deuses
do Olimpo à glória sobre Tróia, da ode do poeta ao ensinamento do filósofo, toda a Grécia foi feita com a
língua, a língua de belos gregos claros falando para a eternidade.
XANTÓS (Levantando-se, entusiasmado, já meio ébrio) – Bravo, Esopo. Realmente, tu nos trouxeste o que
há de melhor. (Toma outro saco da cintura e atira-o ao escravo) Vai agora ao mercado, e traze-nos o que
houver de pior, pois quero ver a sua sabedoria! (Esopo retira-se à frente com o saco, Xantós fala a
Agnostos.) Então, não é útil e bom possuir um escravo assim?
AGNOSTOS (A boca cheia) – Hum. /.../ (Entra Esopo com prato coberto)
XANTÓS – Agora que já sabemos o que há de melhor na terra, vejamos o que há de pior na opinião deste
horrendo escravo! Língua, ainda? Mais língua? Não disseste que língua era o que havia de melhor? Queres
ser espancado?
ESOPO – A língua, senhor, é o que há de pior no mundo. É a fonte de todas as intrigas, o início de todos
os processos, a mãe de todas as discussões. É a língua que usam os maus poetas que nos fatigam na praça,
é a língua que usam os filósofos que não sabem pensar. É a língua que mente, que esconde, que tergiversa,
que blasfema, que insulta, que se acovarda, que se mendiga, que impreca, que bajula, que destrói, que
calunia, que vende, que seduz, é com a língua que dizemos morre e canalha e corja. É com a língua que
dizemos não. Com a língua Aquiles mostrou sua cólera, com a língua a Grécia vai tumultuar os pobres
cérebros humanos para toda a eternidade! Aí está, Xantós, porque a língua é a pior de todas as coisas!
(FIGUEIREDO, Guilherme. A raposa e as uvas – peça em 3 atos. Cópia digitalizada pelo GETEB – Grupo de Estudos e
Pesquisa em Teatro Brasileiro/UFSJ. Disponível para fins didáticos em www.teatroparatodosufsj.com.br/
download/guilherme-figueiredo-araposa-e-as-uvas-2/ Acesso em 13/03/2019.)
TEXTO II
Em 1934, um redator de Nova York chamado Robert Pirosh largou o emprego bem remunerado
numa agência de publicidade e rumou para Hollywood, decidido a trabalhar como roteirista. Lá chegando,
anotou o nome e o endereço de todos os diretores, produtores e executivos que conseguiu encontrar e
enviou-lhes o que certamente é o pedido de emprego mais eficaz que alguém já escreveu, pois resultou
em três entrevistas, uma das quais lhe rendeu o cargo de roteirista assistente na MGM.
Prezado senhor:
Gosto de palavras. Gosto de palavras gordas, untuosas, como lodo, torpitude, glutinoso, bajulador.
Gosto de palavras solenes, como pudico, ranzinza, pecunioso, valetudinário. Gosto de palavras espúrias,
enganosas, como mortiço, liquidar, tonsura, mundana. Gosto de suaves palavras com “V”, como Svengali,
avesso, bravura, verve. Gosto de palavras crocantes, quebradiças, crepitantes, como estilha, croque,
esbarrão, crosta. Gosto de palavras emburradas, carrancudas, amuadas, como furtivo, macambúzio,
escabioso, sovina. Gosto de palavras chocantes, exclamativas, enfáticas, como astuto, estafante,
requintado, horrendo. Gosto de palavras elegantes, rebuscadas, como estival, peregrinação, Elísio,
Alcíone. Gosto de palavras vermiformes, contorcidas, farinhentas, como rastejar, choramingar, guinchar,
gotejar. Gosto de palavras escorregadias, risonhas, como topete, borbulhão, arroto.
Gosto mais da palavra roteirista que da palavra redator, e por isso resolvi largar meu emprego
numa agência de publicidade de Nova York e tentar a sorte em Hollywood, mas, antes de dar o grande
salto, fui para a Europa, onde passei um ano estudando, contemplando e perambulando.
Acabei de voltar e ainda gosto de palavras. Posso trocar algumas com o senhor?
Robert Pirosh
Madison Avenue, 385
Quarto 610
Nova York
Eldorado 5-6024.
(USHER, Shaun .(Org) Cartas extraordinárias: a correspondência inesquecível de pessoas notáveis. Trad. de Hildegard
Feist. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.p.48.)
TEXTO III
Javier Villafañe busca em vão a palavra que deixou escapar bem quando ia pronunciá-la. Onde terá
ido essa palavra, que ele tinha na ponta da língua?
Haverá algum lugar onde se juntam todas as palavras que não quiseram ficar? Um reino das
palavras perdidas? As palavras que você deixou escapar, onde estarão à sua espera?
TEXTO IV
Poesia
inquieto, vivo.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. 8. ed. Rio de Janeiro: Record, 2007, p. 45.)
TEXTO V
/.../
/.../
Palavra do ano
Todo fim de ano é a mesma coisa: confraternizações na firma, festas de Natal e a seleção da
“palavra do ano” por dicionários gringos. Muito mais do que apenas uma palavra, o termo escolhido
procura representar o que marcou o ano como um todo — e essa escolha pode provocar reflexões e até
‘polêmicas’.
Dois casos exemplificam bem isso: em 2015, o famoso dicionário Oxford (editado pela
universidade de mesmo nome) fez uma escolha controversa, elegendo como palavra do ano o ‘emoji que
chora de rir’. Muitos linguistas não receberam bem a decisão, alegando que era uma afronta ao alfabeto.
Já em 2016, a escolha provocou reflexão: o mesmo dicionário inglês elegeu o termo “pós-verdade” como
palavra do ano. O termo, que até então era pouco conhecido, se refere a algo bem atual: a era da “pós-
verdade” é aquela em que crenças pessoais têm mais peso do que fatos.
Agora: 2018. Escolher uma só palavra para definir este ano deve ter sido um desafio, vide vários
acontecimentos marcantes: crescimento de uma onda conservadora mundial (no Brasil, com um processo
eleitoral extremamente polarizado), grande número de denúncias de assédio contra mulheres vieram à
tona, um livro revelou boicotes feitos ao presidente norte-americano Donald Trump pelos próprios
assessores dele e até a Alemanha deu vexame na Copa do Mundo. O dicionário Oxford cravou: a palavra
de 2018 é “tóxico”. (...) Apesar da importância literal, foi também pela versatilidade da palavra que ela foi
escolhida: “De ‘ar tóxico’ a ‘política tóxica’, o escopo de sua aplicação em 2018 tornou “tóxico” a escolha
para nossa Palavra do Ano (…)."
Glossário:
Emoji: termo de origem japonesa que designa uma imagem capaz de transmitir a ideia de uma palavra.
Considerando as informações acima, escolha qual, para você, seria a palavra do ano 2019. Redija
um texto dissertativo-argumentativo, em prosa, defendendo a sua escolha.
Orientações:
Considere os textos desta prova como motivadores e fontes de dados. Não os copie, sob
pena de ter a redação zerada.
A redação deverá conter no mínimo 100 (cem) palavras, considerando-se palavras todas
aquelas pertencentes às classes gramaticais da Língua Portuguesa.
Recomenda-se que a redação seja escrita em letra cursiva legível. Caso seja utilizada letra
de forma (caixa alta), as letras maiúsculas deverão receber o devido realce.
Dê um título à redação.
Liberdade de expressão
Cidades globais como Paris, Londres ou Nova York, e seus entornos, possuem 10 milhões de pessoas ou
mais em uma área menor que uma fazenda de criação de gado de tamanho médio nos EUA. Se os cidadãos
fossem todos de uma só religião, uma só raça e uma só visão de mundo, a questão da liberdade de
expressão nunca teria surgido.
Uma área reduzida de uma cidade pode conter todas as raças da Terra e todas as visões religiosas, políticas
e existenciais imagináveis.
Diariamente, a partir de seus templos, as religiões blasfemam umas às outras. Jesus é filho de Deus? Não,
se você é muçulmano. Maomé foi o último mensageiro de Deus na Terra? Não, se você é cristão. O
universo pode ser explicado ou explorado a partir de uma cosmologia sem deuses, baseada na física? Não,
se você é muçulmano ou cristão.
A história europeia nos recorda que quando o cristianismo vivia sua pompa totalitária, anterior ao
iluminismo, a intolerância das pequenas diferenças levou à barbárie e a massacres em escala chocante,
como a Guerra dos Trinta Anos.
O islã – do Paquistão à Arábia Saudita e outros países do Golfo Pérsico, da Indonésia e da Turquia ao Egito
– vive sua versão própria de um momento totalitário. Diariamente lemos sobre casos de tortura, prisão e
execução de muçulmanos que desejam deixar o islã ou discuti-lo.
No Paquistão, políticos usam as leis de blasfêmia como armas letais. Uma professora está presa no Egito
há três anos por ter falado a seus alunos sobre outras religiões. Em todo o Oriente Médio, o cristianismo
e o zoroastrismo estão sendo expulsos dos lugares onde nasceram. Na Turquia, a liberdade de imprensa
está sob ataque cerrado por parte de conservadores religiosos.
Regimes árabes autoritários utilizam a sharia, a lei islâmica, como meio de reprimir a oposição política. Os
grupos radicais Boko Haram e Estado Islâmico representam uma intensificação do que é praticado em
certos Estados.
Na Arábia Saudita, que abriga os santuários mais reverenciados do islã, o abandono da fé é punido com a
pena de morte. A mais recente repressão à liberdade de expressão cometida naquele país – mil chicotadas
e dez anos de prisão – mostra que o governo saudita denigre o islã como religião da paz. A sentença
provocou reações de repulsa em todo o mundo, algumas delas manifestadas por muçulmanos.
O único fiador da liberdade de religião e da tolerância é o Estado laico. Ele respeita todas as religiões e
acredita em todas – ou em nenhuma.
A liberdade que permite aos jornalistas do semanário Charlie Hebdo* criarem sua sátira é exatamente a
mesma liberdade que permite aos muçulmanos na França seguirem sua religião e expressarem seus
pontos de vista abertamente.
Os devotos não podem ter as duas coisas. A livre expressão é dura, é barulhenta e, às vezes, fere, mas,
quando tantas visões de mundo precisam conviver lado a lado, a única alternativa à livre expressão é a
intimidação, a violência e o conflito acirrado entre comunidades.
É impossível exagerar a importância da liberdade de expressão. Ela não é um simples luxo de jornalistas e
escritores. Também não é um valor absoluto. Quando é reduzida (por exemplo, para limitar o alcance
online de pedófilos), precisa ser por meio de leis, em conformidade com as instituições democráticas. Mas
sem liberdade de expressão, a democracia é uma farsa.
Todas as liberdades que gozamos ou desejamos gozar tiveram que ser pensadas e discutidas livremente
e instituídas por escrito.
* Referência ao atentado sofrido pelo jornal Charlie Hebdo em 07 de janeiro de 2015, em Paris. O
jornal foi atacado por terroristas após a publicação de uma charge que satirizava de maneira dura Maomé.
Doze pessoas foram mortas na sede do jornal.
Ian McEwan, escritor britânico, é autor de Sábado, Reparação e Na Praia (todos pela Companhia
das Letras), entre outros livros.
TEXTO II
O Artigo 18 protege teístas, não teístas e ateus, assim como aqueles que não professam qualquer
religião ou credo. Menos conhecido é o papel que organizações religiosas desempenharam na realização
e no apoio ao movimento por direitos humanos.
No sul da Ásia, o hinduísmo inspirou a longa marcha de Mahatma Gandhi pela libertação da Índia.
Cristãos protestantes lideraram a luta para abolir escravidão no Reino Unido e nos Estados Unidos no
século 19. Católicos romanos na Polônia e luteranos na Alemanha Oriental estavam na vanguarda do
combate ao autoritarismo no final do século 20. Católicos romanos na América Latina pressionaram por
justiça social com a “teologia da libertação”. (...)
No entanto, religiões e direitos humanos são frequentemente vistos como conflitantes, com
debates na Europa Ocidental sobre se mulheres deveriam poder usar véus e leis de blasfêmia
supostamente usadas de forma irregular em partes da Ásia para resolver rancores pessoais.
Alguns argumentam que é preciso não só liberdade religiosa, mas liberdade da própria religião,
especialmente quando ela é citada como justificativa para práticas discriminatórias e prejudiciais.
TEXTO III
Decisão do governo sobre data de reinício das Missas públicas desagrada episcopado francês
O episcopado francês expressa suas reservas, como aconteceu com o episcopado italiano em relação à
decisão semelhante tomada pelo governo Giuseppe Conte alguns dias antes, não obstante compartilhe a
preocupação do governo de limitar ao máximo a circulação da epidemia.
Causa estranheza aos bispos a proibição da celebração de Missas públicas, pois poderiam promover a
disseminação do coronavírus, enquanto que por outro lado são retomadas as atividades econômicas e
comerciais e há a reabertura gradual das escolas.
"A dimensão espiritual e religiosa do ser humano contribui, estamos convencidos disso, para a paz dos
corações, para o fortalecimento nas provações, para a fraternidade entre as pessoas e para toda a vida
social”, insistem os prelados.
“A liberdade de culto é um alicerce da vida democrática. É por isso que os bispos desejam se reunir com
as autoridades públicas, nacionais ou locais, para preparar a retomada efetiva do culto. Os católicos
respeitaram e respeitarão as instruções do governo”, diz a nota.
TEXTO IV
O Brasil está destruindo um dos seus maiores valores, sua proverbial tolerância religiosa e a coexistência
pacífica entre as diferentes confissões. A quem interessa essa onda iconoclasta que cresceu 4.960% em
apenas cinco anos, que registra uma denúncia de hostilidade ou profanação de locais de culto e pessoas
que os dirigem a cada 15 horas?
Os mais perseguidos são os locais de culto das religiões de matriz africana, mas também atinge templos
católicos e protestantes, igrejas evangélicas, centros espíritas e sinagogas judaicas. Imagens de orixás são
queimadas, uma imagem de Nossa Senhora Aparecida é destruída a golpes de martelo, os sacrários das
igrejas católicas são violados e as hóstias consagradas são jogadas no chão e nem os cemitérios são
respeitados.
Que estamos diante de um fato novo e é urgente descobrir o que se esconde por trás dessa nova guerra
contra o sagrado. Que a um Brasil atravessado por uma perigosa corrente de ódio político e social se
queira acrescentar a intolerância e a agressão física aos símbolos e pessoas religiosas poderia ser a última
etapa da barbárie. A tolerância e a riqueza de entidades religiosas convivendo em paz neste país foi
resultado da feliz conjunção histórica do encontro de três crenças trazidas pelos três povos que
engendraram o Brasil: a indígena, a cristã - contribuição dos europeus -, e a africana, dos quatro milhões
de escravos.
Fonte: Adaptado de https://brasil.elpais.com/brasil/2017/11/14/opinion/1510697413_063183.html. Acesso em 30/04/20.
TEXTO V
A história da intolerância religiosa é uma história de séculos. No Império Romano os católicos foram
perseguidos. Na Idade Média, católicos perseguiram judeus e pagãos. No Brasil, os portugueses não
aceitavam as crenças religiosas dos índios e os catequizaram e no período da escravidão, proibiam os
negros de cultuar seus deuses. Esses são apenas alguns exemplos.
Segundo o professor Antonio Ozaí da Silva, a raiz da intolerância está na transição das religiões politeístas
para as religiões monoteístas. Isso porque, ao reconhecer a existência de um Deus único, as religiões
deixam de aceitar a existência de outros deuses. É daí que surge a ideia de guerra santa, isto é, a realização
de conflitos para afirmar a concepção de um Deus.
Com base nos textos de apoio e em seus conhecimentos gerais, construa um texto dissertativo-
argumentativo, em terceira pessoa, de 25 (vinte e cinco) a 30 (trinta) linhas, sobre o tema:
Em seu texto Direitos humanos e Literatura, Antonio Candido defende que a literatura é, ou ao
menos deveria ser, um direito básico do ser humano, pois a ficção/fabulação atua no caráter e na
formação dos sujeitos.
Primeiramente, ele destaca o que são os direitos humanos, aqueles ligados a alimentação,
moradia, vestuário, instrução, saúde, a liberdade individual, o amparo da justiça pública, a resistência a
opressão, bem como o direito à crença, à opinião, ao lazer. Este são bens que asseguram a sobrevivência
física e também a integridade espiritual. Neste gancho, Candido indaga: e por que não o direito à arte e à
literatura também?
De início, A. Candido destaca que chama de literatura, nesse texto, tudo aquilo que tem toque
poético, ficcional ou dramático nos mais distintos níveis de uma sociedade, em todas as culturas, desde o
folclore, a lenda, as anedotas e até as formas complexas de produção escritas das grandes civilizações. E
defende a ideia de que não há um ser humano sequer que viva sem alguma espécie de fabulação/ficção,
pois ninguém é capaz de ficar as vinte quatro horas de um dia sem momentos de entrega ao “universo
fabulado”.
Se ninguém passa o dia todo sem mergulhar no universo da ficção e da poesia, a literatura (no
sentido amplo dado nesse texto) “parece corresponder a uma necessidade universal, que precisa ser
satisfeita e cuja satisfação constitui um direito” (CANDIDO, 1989, p. 112). A literatura é, para ele, “o sonho
acordado da civilização” (p. 112), e assim como não é possível haver equilíbrio psíquico sem sonho durante
o sono, “talvez não haja equilíbrio social sem a literatura” (p. 112). É por esta razão que a literatura é fator
indispensável de humanização e confirma o ser humano na sua humanidade, por atuar tanto no
consciente quanto no inconsciente.
(Disponível em <https://www.casadasrosas.org.br/centro-de-apoio-ao-escritor/manual-a-literatura-como-direito-
do-ser-humano> Acesso em 14 jan. 2021)
Texto II
A Constituição de 1988 determina que livros são produtos isentos de tributação. Desde 2004, a lei
10.865 também libera os livros do pagamento do Cofins e do PIS. Mas se a reforma proposta por Guedes
for aprovada como está, os livros ficarão sujeitos a uma taxação de 12%, alíquota geral da CBS.
Essa crise se intensificou com a recessão econômica provocada pela pandemia do novo
coronavírus, que obrigou livrarias a permanecerem fechadas e reduziu o consumo de muitos brasileiros.
Em abril de 2020, o levantamento Painel do Varejo de Livros no Brasil, feito pela Nielsen Bookscan, já
mostrava uma perda de 47% no faturamento do mercado livreiro em relação ao mesmo mês de 2019.
O debate sobre a tributação dos livros opõe, de modo geral, duas visões: a de que, sendo o livro
um produto consumido por uma população de maior renda no país, ele deve ser taxado; e a de que, como
um veículo de promoção da educação e da cultura, o livro deve permanecer livre de tributos.
(Disponível em <https://www.nexojornal.com.br/expresso/2020/08/14/O-plano-de-taxar-livros-num-mercado-
editorial-em-crise> Acesso em 15 jan. 2021)
Texto III
Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de que?
Você tem fome de que?...
Texto IV
Mãos
(Bráulio Bessa)
Um poeta agarra um lápis
e escreve uma poesia,
um palhaço pinta o rosto
pra espalhar alegria,
o pintor pinta uma tela
de uma paisagem tão bela,
e a Ana faz um fuxico
usando o poder das mãos
e o amor do coração
faz-se até luxo no lixo.
Com base nos textos da prova de Língua Portuguesa, bem como no seu conhecimento de mundo,
escreva um texto dissertativo-argumentativo, em prosa, sobre o seguinte tema:
A importância da garantia do acesso à cultura para a construção de uma sociedade mais justa
Orientações
• Considere os textos da prova de Língua Portuguesa como motivadores e fonte de dados. Não os copie,
sob pena de ter a redação zerada.
• A redação deverá conter no mínimo 100 (cem) palavras, considerando-se palavras todas aquelas
pertencentes às classes gramaticais da Língua Portuguesa.
• Recomenda-se que a redação seja escrita em letra cursiva legível. Caso seja utilizada letra de forma
(caixa alta), as letras maiúsculas deverão receber o devido realce.
A pós-mentira
Em 2016, o Dicionário Oxford elegeu “pós-verdade” como a palavra do ano. Nunca se mentiu
tanto, sobre tudo. As fake news infestaram o mundo por um motivo simples: elas funcionam. “As pessoas
se identificam com aquela informação, mesmo sem fundamento. É quase uma torcida”, diz Diogo Rais,
professor da Universidade Mackenzie e fundador do Instituto Liberdade Digital. A pandemia vem tendo
seu quinhão de notícias falsas, mas há sinais de que a onda está começando a virar. As redes sociais
deram o primeiro passo. Em março, Twitter, Facebook e Instagram excluíram posts que continham
mentiras sobre o coronavírus – incluindo mensagens publicadas por chefes de Estado, como os
presidentes Jair Bolsonaro e Nicolás Maduro, e o ex-prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani. Essa censura
das redes sociais, mesmo com intenção protetiva, abre um precedente arriscado. “Como sociedade,
aceitamos esse controle, dada a gravidade da situação. Mas pode ser um caminho sem volta”, diz Pablo
Ortellado, professor de gestão pública da USP. Também há outro fator envolvido: uma certa “pressão
evolutiva”. Os indivíduos que acreditarem em mentiras, e não se protegerem contra o SARS-CoV-2,
correrão maior risco de ter Covid-19 – e os sintomas pesados da doença poderão forçá-los a aceitar, na
própria pele, as verdades científicas.
A primazia da ciência, por sinal, deverá ser outro eixo do mundo pós-coronavírus. Em condições
normais, uma decisão ou política equivocada pode levar décadas até mostrar seu efeito negativo. Agora,
não é assim: a conta chega rápido, e pode ser altíssima. “A crise pode representar uma derrota a quem
se coloca como antagonista da ciência e das universidades”, diz Ortellado.
Essa mudança poderá reduzir outro elemento central da última década: a polarização ideológica.
É o que acredita o psicólogo Peter Coleman, professor da Universidade Columbia e especialista em
resolução de conflitos. Ele se baseia em duas premissas. A primeira é histórica: pela primeira vez em cem
anos, desde a gripe espanhola, a humanidade tem um inimigo comum – o coronavírus, contra o qual
todos são iguais. A outra é estatística: números mostram que eventos graves tendem a unir os povos.
Uma análise feita pela Universidade de Michigan, que analisou 850 conflitos políticos ocorridos entre
1816 e 1992, constatou que 75% acabaram após o surgimento de um grande choque. Coleman cita como
exemplo a política americana após a Primeira Guerra Mundial (1918), que estabeleceu uma convivência
mais pacífica entre democratas e republicanos até 1980.
As eleições vão mudar, até na forma: a médio prazo, têm grande chance de acontecer online.
Eleições pela internet exigiriam um período maior de votação, de uma semana ou até um mês: é a única
forma de evitar que falta de energia elétrica, congestionamentos na rede (eleições online não são como
votação do Big Brother, demandam sistemas parrudos de segurança) ou outros problemas técnicos
impeçam as pessoas de participar. Votar sem sair de casa poderia banalizar as eleições e gerar polêmica,
já que não há como recontar os votos. A solução pode estar em tecnologias como o Blockchain, um
banco de dados praticamente impossível de fraudar. Ele já foi usado para que militares americanos que
estavam fora dos EUA votassem nas eleições de 2018. A Estônia, um pequeno país do Leste Europeu,
adota o voto online desde 2007. No Brasil, o primeiro passo nessa direção veio do Congresso Nacional,
que tem votado remotamente durante a pandemia. Nossos deputados e senadores estão em home
office.
Eles mais seis em cada dez brasileiros. Essa é a massa que estava trabalhando de casa em março,
de acordo com a empresa de monitoramento Hibou. E muitos continuarão assim. Em 2019, 45% das
empresas já permitiam alguma espécie de home office, segundo a Sociedade Brasileira de Teletrabalho.
Mas isso era visto como um privilégio. “Agora, passará a ser considerado um modelo de trabalho”, diz
Leonardo Berto, da consultoria de RH Robert Half. As empresas irão repensar a necessidade de manter
escritórios grandes e caros – o que deve diminuir o trânsito, a poluição e o consumo de energia. Mas o
trabalho não será totalmente remoto. Encontros e feiras de negócios terão ainda mais força. “Serão
oportunidades para a criação das redes de relacionamento, algo que o mundo virtual não oferece da
mesma maneira”, afirma Berto.
lotaram os parques, pontos turísticos e espaços públicos das cidades. As pessoas estavam desesperadas
para sair de casa. Mas também celebrar, numa apoteose coletiva, o único desfecho aceitável: a vitória
da humanidade sobre o vírus.
Vários autores. Revista Superinteressante - Maio 2020 (p. 26 - 28). Edição do Kindle.
Texto II
Texto III
Mãos Dadas
a vida presente.
Texto IV
Solidariedade
Sou ligado
Ao vendeiro da esquina,
Ao santo e ao demônio,
Com base nos textos de apoio, nos texto da prova e em seus conhecimentos gerais, construa um texto
dissertativo-argumentativo, em terceira pessoa, de 25 (vinte e cinco) a 30 (trinta) linhas, sobre o tema:
No início dos anos 2000, quando muitos comentaristas estavam maravilhados com a liberdade da
internet e seu potencial democrático, o jurista Cass Sunstein fez um sério alerta.
Esse Velho Oeste virtual, disse ele, nos permite superar algumas barreiras sociais e geográficas e
estabelecer uma visão mais balanceada do mundo. Mas é igualmente possível simplesmente construir
novas barreiras, à medida que pessoas que pensam parecido se reunem em grupos homogêneos,
compartilhando os mesmos pontos de vista e fontes de informação.
"Embora milhões de pessoas estejam usando a internet para expandir seus horizontes, muitas
estão fazendo o oposto, criando um Jornal Eu (uma espécie de noticiário personalizado) sob medida para
seus interesses e preconceitos", escreveu Sunstein. Com isso, eles viveriam em "câmaras de eco",
provocando grande polarização na política de um país.
Facebook e Twitter, por exemplo, podem entender que você costuma clicar mais em notícias
compartilhadas pelo jornal americano The New York Times do que pelo tabloide britânico Daily Mail e,
por isso, promoverem especificamente essas histórias para você.
"Isso é feito porque existe informação demais, e uma pessoa não conseguiria consumir tudo", diz
Elizabeth Dubois, da Universidade de Ottawa, no Canadá. "Essa é uma ferramenta muito útil, mas isso
significa que você vai acabar em uma bolha com base no que a plataforma ou companhia decidiu que se
encaixa em seus objetivos."
Hoje, os riscos de "câmaras de eco" e "bolhas" são uma verdade incontestável e ajudam a explicar
as divisões na opinião pública que muitas vezes parecem seguir rígidas linhas partidárias.
Quase 78% dos eleitores da democrata Hillary Clinton apoiavam o movimento "Black Lives Matter"
(Vidas Negras Importam, em inglês), por exemplo, comparados a apenas 31% dos eleitores do republicano
Donald Trump.
Mas será que isso realmente surge de um comportamento online cego? Ou ocorrem por dinâmicas
mais sutis?
Embora haja pouca dúvida de que nossos hábitos de leitura moldam nossas opiniões políticas -
ainda que não esteja claro até que ponto a propaganda direcionada pode influenciar o comportamento
dos eleitores -, alguns estudos relevantes sugerem que a influência das câmaras de eco e bolhas tem sido
superestimada.
Considere o artigo de Seth Flaxman e seus colegas da Universidade de Oxford, no Reino Unido,
que examinaram o histórico online de 50 mil usuários nos Estados Unidos.
Em linha com o senso comum, usuários de mídias sociais e mecanismos de busca acabaram
encontrando fontes de notícias mais polarizadas, o que pode se traduzir numa visão de mundo mais
extrema.
"Parece contraintuitivo, mas a navegação direta geralmente consiste em apenas um ou dois sites
que você lê regularmente - tais como BBC e CNN - enquanto que, por sua natureza, as redes sociais vão
expor um número maior de fontes, aumentando a diversidade", diz Flaxman, que agora integra a equipe
do Imperial College London.
Flaxman enfatiza que o estudo tem base em dados de 2013 e que a situação pode ter mudado
desde então. Mas uma pesquisa sobre as eleições presidenciais de 2016 vai totalmente de encontro com
esses achados, com a maioria das pessoas relatando uma gama de opiniões em seus feeds de mídia social.
Texto II
RECLAME
agradece a preferência
(Chacal)
Texto III
As empresas de internet se esforçam para entregar exatamente aquilo que seus usuários desejam,
mas há poucos detalhes sobre como fazem isso. Entre os critérios divulgados estão a localização do
usuário, os assuntos de interesse, o idioma, a popularidade do conteúdo e o grau de interação com a
pessoa que fez a postagem. "Não podemos divulgar exatamente como os algoritmos funcionam, porque
os sites poderiam utilizar essas informações para burlar os resultados, subir no ranking e, desta forma,
reduzir a relevância para os usuários", explica Bruno Possas, engenheiro-chefe de buscas do Google.
Já o Facebook afirma que seus 1,3 bilhão de usuários podem receber 1.500 novas histórias por dia,
considerando status, links, fotos e vídeos. Mas o sistema faz uma filtragem, priorizando 300 delas. O
Twitter deve adotar uma linha parecida. A empresa cogita destacar posts que o internauta deveria ver e
também disponibilizar uma linha do tempo personalizada para novos usuários - eles receberiam conteúdo
de seu interesse, mesmo sem escolher quem seguir.
Quando a meta de entregar o conteúdo certo é cumprida, as empresas têm um benefício direto.
"Mais de 80% do que os usuários assistem na Netflix vêm das listas de recomendações. Quanto mais
acertadas essas indicações, maior o engajamento dos clientes e menor o número de cancelamentos",
explica Carlos Gomez-Uribe, vice-presidente de algoritmos da empresa.
Texto IV
5 - Considerações Finais
Não deixe de produzir as redações e enviá-las para correção. É muito importante que você não
acumule redações para a última hora, pois não teremos tempo para corrigir.