Instrumentação Biomédica: Bruna Gerardon Batista
Instrumentação Biomédica: Bruna Gerardon Batista
Instrumentação Biomédica: Bruna Gerardon Batista
BIOMÉDICA
Introdução
Os métodos utilizados no laboratório de análises clínicas contribuem
para o diagnóstico que, na área da medicina e da assistência à saúde,
corresponde ao processo analítico e que auxilia na determinação de uma
conduta em conjunto com o quadro clínico do paciente. Sendo assim,
um laudo laboratorial emitido pode levar à conclusão da existência ou
não de uma doença, além de possibilitar o monitoramento do estado de
saúde de indivíduos e de fornecer informações que podem identificar uma
possível doença de forma prévia, relacionando com o seu prognóstico.
Existem inúmeros processos analíticos complementares que podem
fornecer informações relevantes sobre o paciente.
Neste capítulo, você vai aprender mais sobre os principais métodos
utilizados em laboratório de análises clínicas, assim como sua caracteri-
zação, e vai conhecer os benefícios da automatização para o ambiente
laboratorial, cada vez mais presente na rotina desses espaços.
2 Métodos de diagnóstico laboratorial
sangue;
urina;
sêmen;
fezes;
escarro;
secreções;
derrames cavitários;
líquido cerebrospinal.
Hemograma
No sangue total, um dos exames mais solicitados em um laboratório de análises
clínicas é o hemograma, que fornece informações sobre as células sanguíneas,
como a contagem e a avaliação de leucócitos, de hemácias e de plaquetas,
e cuja metodologia aplicada envolve tanto a avaliação de índices celulares
quantificáveis (avaliação quantitativa) quanto a avaliação qualitativa (carac-
terísticas celulares) das células (realizada tanto por microscopia quanto por
métodos automatizados).
A maioria dos laboratórios clínicos trabalha com equipamentos automati-
zados e o uso de métodos manuais é pequeno, apenas quando há necessidade
de validação de outra metodologia automatizada, ou para fins de checagem
de leucopenia ou de microcitose, por exemplo. A automação em hematologia
envolve a determinação de parâmetros, como a dosagem de hemoglobina,
a contagem global de eritrócitos, de leucócitos e de plaquetas, por meio de
equipamentos que trabalham com a emissão de sinais de alerta de alterações
( flags), ou seja, marcadores de parâmetros que necessitam avaliação minuciosa
(SOARES et al., 2012).
4 Métodos de diagnóstico laboratorial
Citometria de fluxo
A citometria de fluxo é uma técnica utilizada para contar, examinar e classificar
partículas microscópicas suspensas em meio líquido, permitindo a análise de
vários parâmetros ao mesmo tempo. Essa técnica é realizada com um aparelho
de detecção óptico-eletrônico, no qual é possível analisar características físicas
e/ou químicas de uma célula.
O princípio da citometria é a utilização de um feixe de luz (laser) de um
único comprimento de onda, direcionado a um meio líquido em fluxo. Cada
partícula suspensa nesse meio líquido que atravessar o laser, dispersa a luz
de uma forma específica; essa combinação de luz dispersa é captada pelos
detectores, determinando, assim, os resultados após explorar vários tipos de
Métodos de diagnóstico laboratorial 5
Imunoensaios
Imunoensaios são baseados na ligação específica de imunoglobulinas (anti-
corpos) com a substância que elas reconhecem (antígeno). Nessa metodologia,
a detecção de um anticorpo na amostra biológica se dá pela presença do
antígeno correspondente presente no teste. Entre os tipos de imunoensaios
estão os seguintes:
imunofixação;
imunocromatografia;
imunodifusão;
hemoaglutinação;
teste enzyme linked immunonosorbent assay (ELISA) (enzimaimuno-
ensaio).
Imunofixação
Imunocromatografia
Teste Controle
Figura 2. Teste rápido de fluxo lateral para Mycobacterium leprae (ML Flow).
Fonte: Adaptada de Bührer-Sékula (2008).
Imunodifusão e hemoaglutinação
Teste ELISA
Técnica colorimétrica
A técnica colorimétrica é um método de análise quantitativa que se baseia
na quantificação da cor produzida por uma reação química, comparando-se
com a cor produzida em reação desenvolvida com o uso de soluções-padrão
(soluções de concentração conhecida do analito em questão). De acordo com a
intensidade da cor produzida, infere-se a concentração do analito (substância
que se quer analisar).
Métodos fotométricos
Métodos fotométricos são utilizados para realizar a medida da luz, que pode
ser absorvida, refletida, emitida ou dispersa e, posteriormente, medida por
equipamentos específicos. É um dos métodos mais utilizados em análises
laboratoriais de bioquímica clínica. Muitos métodos de análises bioquímicas
são cinéticos ou cromogênicos de ponto final.
Método enzimático
Os métodos enzimáticos também são bastante utilizados em laboratório clínico
para determinar a concentração de um analito de interesse. Um exemplo que
pode ser citado é quando a atividade de uma enzima é analisada por meio da
sua reação com um composto químico denominado substrato que gera um
produto. Em geral, a reação é acoplada à uma reação colorimétrica: à medida
que a conversão enzimática se processa e o produto é gerado, há produção de
cor que deve ser medida em espectrofotômetro.
Métodos de diagnóstico laboratorial 9
Fotometria de chama
A fotometria de chama é a mais simples das técnicas analíticas baseadas em
espectroscopia atômica. O equipamento realiza a técnica que irá determinar
a dosagem de eletrólitos, por exemplo sódio (Na+) e potássio (K+), em uma
amostra clínica. Nessa técnica, a solução a ser analisada é exposta à ação de
uma chama. Os átomos são excitados e, ao retornarem ao estado de repouso,
emitem luz. O comprimento de onda da luz emitida é específico para cada
elemento e pode ser quantificado em condições adequadas (OKUMURA;
CAVALHEIRO; NÓBREGA, 2004).
Esse método está em crescente desuso em laboratórios clínicos, sendo
substituído por eletrodos seletivos ou sensores de íons, caracterizando a me-
todologia eletrodo íon seletivo (ISE). Os eletrodos de íons seletivos são
eletrodos de membrana que respondem seletivamente a alguns íons e esses
equipamentos são compostos por um medidor, uma sonda e os componentes
sensíveis às concentrações iônicas.
10 Métodos de diagnóstico laboratorial
Cromatografia
Quimioluminescência
Fluorescência
Imunoturbidimetria
A busca de uma otimização dos custos nos laboratórios de análises clínicas é indis-
pensável para a redução dos valores médios pagos pelo cliente por cada exame.
Como exemplo, podemos citar os Estados Unidos, país que tem uma política de
gestão com dados bem documentados e, no ano de 1990, tinha uma receita média
por exame de US$ 24, em 1995 era de US$ 16 e, em 2005, esse valor já estava próximo
a US$ 10. Nesse contexto, a distribuição dos custos técnicos sofreu uma mudança
importante. Em 1991, os gastos foram representados por 43% em quadro pessoal, 35%
em equipamentos e reagentes e 22% de despesas gerais, enquanto no ano de 1999,
essa distribuição foi de 65%, 15% e 20%, respectivamente. Essa tentativa de diminuir os
valores gastos é resultado da pressão por reduções de custos. A pressão aqui descrita
é relacionada com os colaboradores da empresa, que exigem uma maior segurança,
a produtividade do processo com a eliminação de atividades desnecessárias com
combinação das atividades em processos únicos (simplificação) e a padronização do
processo, o que leva à redução na quantidade de documentação de suas atividades.
A automação na medicina laboratorial também permite o gerenciamento remoto
dos analisadores, padronização de protocolos de interfaceamento e facilidade na
integração de plataformas (CAMPANA; OPLUSTIL, 2011).
12 Métodos de diagnóstico laboratorial
Quantitativos
Uma análise quantitativa pode ser caracterizada como a separação e a deter-
minação da quantidade de um analito em uma amostra que busca determinar
a concentração. A dosagem de ácido úrico tem seu resultado em números
determinando a quantidade do analito no soro do paciente. Esse resultado é
obtido após a aplicação de um método enzimático colorimétrico, enquadrando
essa metodologia como quantitativa.
Semiquantitativos
Em métodos de análise semiquantitativa são atribuídos valores; porém, não há
a necessidade de atribuir um valor que corresponda exatamente à magnitude
real. O objetivo dessa análise é produzir resultados mais detalhados, mas sem
sugerir valores absolutos, apenas relatando se esse valor é “superior a” ou “in-
ferior a”. Um exemplo de metodologia semiquantitativa pode ser observada em
técnicas de aglutinação em látex, que utiliza partículas de látex sensibilizadas
com antígenos ou anticorpos. Na rotina laboratorial, esses exames são muito
utilizados pela facilidade de manuseio e interpretação do resultado, pois os
casos positivos são submetidos a uma diluição seriada que revelará a titulação,
podendo ser superior a 64 mg/L, por exemplo.
Qualitativos
Os métodos qualitativos têm como objetivo determinar a natureza do composto
em uma amostra, não têm o intuito de obter concentrações, podendo indicar
apenas se há ou não presença de determinada substância em uma amostra.
Um método qualitativo pode ser exemplificado pelo teste rápido beta-hCG
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(Continua)
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(Continuação)
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(Continuação)
Leituras recomendadas
BRASIL. Ministério da Saúde. Doença de Chagas: triagem e diagnóstico sorológico em
unidades hemoterápicas e laboratórios de saúde público. Brasília, DF: Ministério da
Saúde, 1998. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd07_08.pdf.
Acesso em: 27 set. 2019.
HERMES PARDINI. Automação laboratorial: o futuro dos laboratórios. Brasil, [2018?].
Disponível em: http://hermespardini.com.br/blog/?p=202. Acesso em: 27 set. 2019.
LABTESTS ONLINE. Métodos laboratoriais. Brasil, 2012. Disponível em: https://labtest-
sonline.org.br/articles/metodos-laboratoriais. Acesso em: 27 set. 2019.