Resumos História
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Como ciência, a História do Direito descreve e revela, pesquisa, esclarece e explicita a vida
jurídica de um povo em todos os seus aspetos, detendo-se nas fontes, nos costumes, na
legislação que o rege, enfim, em todas as manifestações que resultam do conhecimento
dos factos ocorridos.
Aqui, os estudantes aprendem uma abordagem histórica da disciplina. Isso implica entender
como o contexto histórico, social, político e econômico influencia a formação e a
transformação do Direito. A disciplina busca reconstruir o passado jurídico de uma
sociedade, considerando fontes históricas e legais.
Esse tópico explora a interseção entre a História do Direito e a teoria jurídica. Como
disciplina jurídica, a História do Direito não apenas narra eventos passados, mas também
analisa o impacto desses eventos nas estruturas legais e no pensamento jurídico. Isso
ajuda os estudantes a entender como o Direito é moldado pela história.
Aqui, os alunos discutem sobre o que exatamente a História do Direito Estudado. A história
do direito tem como objeto de estudo o próprio direito como indagação, tendo o historiador
do direito o papel de relatar o que efetivamente vigorou como direito, pois a história do
direito visa reconstruir as ordens jurídicas que vigoraram no passado, ou seja, os institutos
jurídicos e as fontes do Direito.
O historiador do Direito como indagador.
História Narrativa
● A História Narrativa refere-se à apresentação de eventos históricos em forma de narrativa.
Os historiadores do Direito, ao adotarem uma abordagem narrativa, contam a história das
transformações de maneira envolvente, destacando causas e efeitos, bem como a
continuidade e a mudança ao longo do tempo.
História Pragmática
● A História Pragmática concentra-se nas práticas e instituições em suas manifestações
práticas. Ao estudar a História do Direito de maneira pragmática, os acadêmicos se
concentraram em como as leis eram aplicadas na prática, como as instituições jurídicas
operavam e como as normas legais afetavam a vida cotidiana.
História Genética
● A História Genética envolve a análise das origens e o desenvolvimento de uma ideia,
instituição ou prática ao longo do tempo. No contexto da História do Direito, uma
abordagem genética examinaria a evolução de concepções jurídicas, princípios legais ou
instituições desde suas origens até o presente. Isso pode incluir uma análise das
influências, mudanças e adaptações ao longo do tempo.
Os mitos
Existem dois instrumentos de trabalho para um historiador do Direito:
• Autognose: para conhecermos a juricidade de um Povo é necessário conhecer esse povo.
• Mito: conhecer o que faz parte do imaginário de um povo
A marca mítica é, assim, forte e importante num povo e tem um efeito percursos nas
constituições materiais. “Cada ideologia pretende ser (inconscientemente ou não) um todo
organizado e coerente de mitemas, ou mitos, ou temas míticos, que renova e
inter-relacionados numa tradição mítica própria.”
Jusnaturalismo e Juspositivismo
Juspositivismos:
- Legalista/exegético:
• Escola de Exegese – nascimento no século XIX em consonância com o Código
Napoleónico em França.
• Identifica o Direito com as Leis – O Legalismo acredita na lei e apenas e só no que ela
dita. Define uma obediência cega às ordens, mesmo que sob a forma de leis injustas.
Historicista:
Intimamente ligado ao materialismo histórico marxista – Marx entendia que tal como o
Estado, também o Direito caminha para o seu desaparecimento. No seu estudo científico
Marx conclui que o processo histórico. Se explica pelos conflitos de classes, esses conflitos
são fruto da repartição desigual dos meios de produção – uns que controlam e outros que
30 nada têm.
O Direito serve as classes dominantes, logo, se deixarem de existir classes, deixa de haver
direito e deixa de haver história.
Sociológico:
Intimamente relacionado com os factos sociais. O Direito tem de acompanhar os progressos
sociais e de acordo com certos comportamentos que se vão generalizando, o Direito tem de
os incorporar e tornar legais. Isto leva à Falácia Natural: se uma sociedade se comporta de
uma certa maneira, o direito tem de ir atrás e legalizar todo e qualquer comportamento
generalizado. Independentemente se isso é benéfico ou moral.
O pensamento jurídico romano era eminentemente prático, racional, entendia que o Direito
tinha como objetivos principais a realização social e a pacificação dos anseios humanos,
criando princípios de convivência claros e influenciando grande parte das sociedades
ocidentais com o seu sistema.
Além das características externas das normas jurídicas, para haver lei é preciso que sejam
observadas as características internas. O que nos leva aos tria praecepta iuris, porque
uma lei injusta não é lei:
• Honeste Vivere – viver honestamente): significa que ninguém deve abusar dos seus
poderes, dos seus direitos. Leva à proibição tanto do abuso do direito como do abuso da
liberdade.
• Altere non laedere – não prejudicar terceiros / não ofender ninguém: trata-se de respeitar
os direitos dos outros, de não prejudicar terceiros.
• Suum cuique tribuere – atribuir o seu a seu dono: remete para uma atribuição de acordo
com as necessidades individuais de cada indivíduo. “O mais específico da arte atributiva do
Direito.”
Crítica: existe uma fundamental incerteza e indeterminação do mundo jurídico: como este
direito é apenas fruto da vontade humana, existe um pluralismo de resultados igualmente
legítimos
Aristóteles, discípulo de Platão introduz uma alteração na teoria das ideias: define que
a própria realidade não se limita a ser um espelho das ideias – ela tem as ideias. A essência
das coisas não está no mundo inteligível, mas sim no mundo empírico. Embora este
realismo epistemológico possa diferir da conceção de Platão, ambos partilham a mesma
ideia de moral, de justiça e de Estado. A ideia de Platão, Aristóteles bem como Sócrates
acerca do Estado é a mesma: ambos vêm o Estado como instrumento para desenvolver a
natureza dos homens e alcançar a felicidade. Neste sentido, mesmo que as leis sejam
injustas, devem ser respeitadas e não desobedecidas de forma a evitar a desarmonia.
Aristóteles faz a distinção entre justo legal (justiça particular) e justiça natural (justiça geral)
Promulgação da “Lei Seca”: Esta lei, promulga nos EUA, na primeira metade do século
XX, proibia a comercialização de bebidas alcoólicas – tem uma natureza jurídica inexistente.
Nas conceções jurídicas positivistas, qualquer ordem jurídica tem conteúdo desde que o
Estado tenha força para isso. Mesmo conteúdos que não tenham força jurídica como foi a
“lei seca” que não passava de uma lei moral.
O "Bonus Pater Familias" é uma expressão latina que significa "bom chefe de família". Na
tradição jurídica romana, esse conceito era central e desempenhava um papel importante
na organização da sociedade e na criação do direito. Aqui estão alguns aspectos
relevantes:
A ideia de que a natureza prevalece sobre a lei muitas vezes está associada à
concepção da lei natural, o que sugere a existência de princípios éticos universais que
transcendem as leis humanas. A justiça seria derivada desses princípios.
A afirmação de que lei injusta não é lei enfatiza a ideia de que, em alguns contextos
éticos, uma lei que entra em conflito com princípios morais mais elevados pode não ser
considerada verdadeiramente legal. Esse ponto de vista sugere que a obediência à lei não é
automaticamente justificada se uma lei for considerada moralmente injusta.
● Nomeação do Iudex:
Após uma fase "in iure" perante o pretor, o caso foi encaminhado para o iudex, que seria um
particular escolhido para agir como juiz, frequentemente escolhido pelas partes envolvidas
no caso ou, em alguns casos, nomeado pelo pretor.
● Independência do Iudex:
Ao contrário do pretor, que tinha um papel ativo na condução do processo e na formulação
da fórmula, o iudex tinha um papel mais passivo e independente. A sua tarefa principal era
ouvir as alegações e evidências apresentadas pelas partes durante o julgamento e tomar
uma decisão final com base nessas informações.
● Função de Julgamento:
O iudex tinha a responsabilidade de avaliar as descrições e as evidências e interpretar e
aplicar o direito conforme estabelecido na fórmula. A sua função era agir como um julgador
imparcial e decidir a disputa com base nas normas legais e nos fatos apresentados.
● Flexibilidade no Procedimento:
O procedimento judicial o iudex era menos formal do que a fase “in iure”. Havia uma maior
flexibilidade, permitindo às partes apresentar suas alegações e evidências de maneira mais
livre. No entanto, o iudex ainda estava estipulado pelos termos da fórmula e pelas questões
legais em disputa.
● Papel do Jurisconsulto:
No sistema romano, os jurisconsultos (consultores jurídicos) desempenharam um papel
essencial na formação e interpretação do direito. Eles eram especialistas em questões
jurídicas e ofereciam orientação aos litigantes. O papel do jurisconsulto foi menos
proeminente na Grécia, onde a interpretação da lei muitas vezes recai mais diretamente
sobre os magistrados e legisladores.
● Adversarialismo Romano:
O sistema romano era mais adversário do que o grego. Isso significa que as partes tiveram
um papel mais ativo na apresentação de suas discussões e na condução do processo. A
fase "in iure" perante o pretor, onde as partes apresentaram seus argumentos, e a fase
"apud iudicem", onde as partes compareceram diante do juiz, refletiram essa abordagem
mais adversarial.
O Cursus Honorum
O “Cursus Honorum” foi uma sequência de cargas políticas e militares que os romanos
aristocráticos buscavam como parte de sua carreira pública. Essa prática reflete a evolução
administrativa romana e a estruturação cuidadosa de papéis e responsabilidades dentro da
República Romana. Vamos examinar algumas das cargas mencionadas no contexto do
"Cursus Honorum":
● Questores (Questores):
Os questores eram os mais baixos na classificação do "Cursus Honorum". Eles eram
responsáveis pela supervisão financeira e administrativa. Inicialmente, eram encarregados
do tesouro e das finanças, mas ao longo do tempo, suas funções se expandiram para incluir
vários deveres administrativos.
● Pretores (Pretores):
Os pretores eram magistrados com poder judicial. Inicialmente, foram designados para
ajudar os cônsules em funções militares, mas ao longo do tempo, suas funções evoluíram
para incluir a administração da justiça em questões civis. Eles também podiam ser
encarregados de governar províncias romanas em nome dos cônsules.
● Cônsules (Cônsules):
Os cônsules eram os mais altos magistrados romanos. Havia dois cônsules eleitos a cada
ano, e eles serviam como os chefes do governo e do exército. Os cônsules tinham o poder
de veto um ao outro e presidiam o Senado e as assembleias. Esta era uma carga de grande
prestígio e importância no "Cursus Honorum".
● Censores:
Os censores eram responsáveis pelo censo e pelo registro da população e da riqueza. Eles
também exerceram autoridade moral, removendo ou adicionando nomes ao Senado com
base no comportamento moral dos senadores. Embora a carga não tenha feito parte do
"Cursus Honorum" no início, posteriormente, tornou-se uma etapa significativa para muitos
políticos
A romanização
A romanização da Península Ibérica foi um processo complexo que exemplifica a
colonização romana e teve impactos duradouros na região. A concessão da latinidade por
parte do imperador Vespasiano em 73 ou 74 dC é considerada crucial para compreender
essa transformação, muitas vezes sendo vista como mais significativa do que a concessão
da cidadania pelo imperador Caracala em 212 dC.
Direito Romano
No contexto do direito romano, a cidadania era um status complexo e multifacetado, que
concedia diversos direitos e privilégios. Entre esses, destacaram-se quatro elementos
principais: "Ius Suffragii", "Ius Honorum", "Ius Commercii" e "Ius Connubii".
A diferenciação entre esses direitos no âmbito do Direito Público e Privado era uma
característica distintiva da cidadania romana. No entanto, é importante observar que a
posse de todos esses direitos não era automática para todos os cidadãos romanos.
Algumas distinções regionais e sociais podiam depender de quem tinha acesso a certos
privilégios.
Quanto aos latinos peninsulares, a situação era específica. Eles possuíam o "Ius Suffragii",
o que poderia participar nas eleições e nas assembleias populares. No entanto, não
possuíam o "Ius Honorum", o que os impedia de buscar ou ocupar certas cargas públicas.
No âmbito do Direito Privado, eles tinham o “Ius Commercii”, permitindo atividades
comerciais, mas não tinham o “Ius Connubii”, o que poderia impactar a natureza jurídica de
suas relações matrimoniais.
Contribuição de Triboniano:
Triboniano, o ministro de Justiniano, desempenhou um papel fundamental na organização e
compilação do "Corpus Iuris Civilis".
Sua abordagem de reunir e sistematizar as leis existentes, juntamente com a criação de
manuais para estudantes, foi inovadora e teve um impacto duradouro na educação e na
prática jurídica.
O Cristianismo e o direito.
A relação entre o cristianismo e o direito é marcada por uma profunda influência ética e
moral. Os ensinamentos cristãos, como os Dez Mandamentos, moldaram concepções de
justiça e ética. O desenvolvimento do direito canônico e as contribuições de pensadores
cristãos, como Santo Agostinho e Tomás de Aquino, influenciaram a filosofia jurídica
ocidental. A influência cristã na justiça, caridade e direitos naturais promoveu movimentos
sociais e contribuiu para a concepção moderna de direitos humanos. No entanto, a
influência do Cristianismo varia em diferentes culturas e períodos, e a separação entre
Igreja e Estado é uma característica significativa em muitos sistemas jurídicos
contemporâneos.
● Lei Eterna:
A Lei Eterna, segundo Santo Agostinho, é a razão divina e eterna que governa toda a
criação. É a ordem divina estabelecida por Deus que permeia o universo e orienta a
conduta moral. A Lei Eterna é imutável e representa a vontade divina, operando como um
padrão supremo para a moralidade.
● Lei Natural:
A Lei Natural, para Santo Agostinho, está intimamente ligada à Lei Eterna. Ele via a Lei
Natural como a participação racional na Lei Eterna por parte das criaturas racionais,
especialmente dos seres humanos. A Lei Natural está inscrita nos corações das pessoas
por Deus e serve como uma orientação moral derivada da natureza humana. Agostinho
enfatizou que a verdadeira justiça e moralidade falharam na conformidade com a Lei
Natural.
● Lei Positiva:
A Lei Positiva, ou lei humana, é a legislação elaborada pelos seres humanos para regular a
sociedade. Santo Agostinho reconhecia a necessidade da Lei Positiva para manter a ordem
social, mas ele a via como derivada da Lei Natural. Ele argumentou que as leis humanas
justas deveriam refletir e estar em conformidade com a Lei Natural, pois apenas assim
seriam legítimas e verdadeiramente justas.
Peregrinos (Peregrinos):
● Estrangeiros sem cidadania romana ou latina.
● Condições legais mais limitadas, mas o direito romano aplicava-se em alguns
aspectos.
Deeditícios (Dediticii):
● Indivíduos ou comunidades que se tornaram ao Império sem resistência
militar.
● Inclui no sistema legal romano, com direitos variáveis.
Escravos (Servi):
● Sem personalidade jurídica.
● Considerados propriedade, sem direitos civis ou políticos.
● Algumas leis regulavam as relações entre mestres e escravos ao longo do
tempo.
A dicotomia entre Papado e Império como a mais relevante de toda a Idade-Média.
A dicotomia entre o Papado e o Império foi, de fato, uma das questões mais relevantes e
rigorosas durante a Idade Média, moldando significativamente a política, a religião e a
sociedade. Essa tensão entre a autoridade espiritual do Papado e a autoridade temporal do
Império Romano-Germânico persistiu ao longo dos séculos e teve implicações importantes.
Aqui estão alguns pontos-chave que destacam a relevância dessa dicotomia na Idade
Média:
Conflito de Autoridade:
A dicotomia representava o conflito fundamental de autoridade entre a esfera religiosa e a
temporal. O Papado afirmava sua autoridade espiritual e influência sobre os assuntos da
Igreja, enquanto o Império reivindicava autoridade política e governança secular.
3. Concílios de Toledo:
- Os concílios de Toledo foram assembleias eclesiásticas realizadas em Toledo durante o
período visigodo.
- Esses concílios discutiam questões religiosas e, em alguns casos, também tinham
implicações legais e políticas.
- Alguns concílios visigodos abordaram a relação entre a Igreja e o Estado, influenciando
as políticas e leis da época.
4. Legislação Visigoda:
- A legislação visigoda, especialmente o Código de Eurico (Lex Visigothorum) e o
Breviário de Alarico, foi uma fonte importante de leis.
- Essas leis refletiam a fusão de tradições romanas e germânicas, buscando regular a
convivência entre os diferentes grupos étnicos e sociais.
- Os visigodos adotaram uma abordagem tolerante em relação às tradições locais e
costumes hispânicos pré-existentes.