Aula 3 - Sociologia 1
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Sociologia I
O Positivismo e a
Sociologia do
Século XIX
Objetivo da aula
Temas
1. Introdução 2
2. Contexto histórico e as Revoluções 3
2.1 A Revolução Industrial 3
2.2 A Revolução Francesa 4
3. O que é positivismo? 5
4. Auguste Comte, o criador da Sociologia científica 6
4.1 Os três estados do progresso da humanidade 6
4.2 A estática social e a dinâmica social 8
5. O Positivismo no Brasil 9
6. Conclusão 10
7. “Mergulhando no conteúdo” 10
8. Referências Bibliográficas 11
Professor
Renato Tinti Herbella
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Sociologia I Aula 03 - O Positivismo e a Sociologia do Século XIX
1. Introdução
Parabéns pelo avanço! Isso significa que você conseguiu compreender todos os con-
ceitos da pré-sociologia e está totalmente apto a conhecer os clássicos da sociologia, como
Auguste Comte, Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber, autores que serão trabalhados neste
módulo.
Por ora, podemos antecipar que o positivismo é uma corrente filosófica que surgiu na
Europa, mas influenciou muito a cultura brasileira, principalmente nas Academias de Direito.
Mas não só nelas, pois o positivismo aqui, além de ganhar outras interpretações e forte conota-
ção política, foi um grande responsável pelo movimento que proclamou a República em 1889.
Aliás, você sabia que a expressão “ordem e progresso”, escrita em nossa bandeira ad-
vém do pensamento positivista, cujo lema é: “O Amor por princípios, e a Ordem por base; o
Progresso por fim”?
Pois é. Além disto, iremos ver na aula de hoje que no século XIX a Sociologia foi criada
como ciência e o pensamento positivista foi o principal responsável pela superação das análi-
ses sociais feitas no período pré-sociológico estudados no Módulo I.
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Aula 03 - O Positivismo e a Sociologia do Século XIX
Desde já, alertamos que para compreensão do surgimento da sociologia como ciência é
fundamental entender o contexto histórico da época. Portanto, caso o Módulo I (especialmente
a aula 2) não tenha sido suficientemente claro, recomendamos que ele seja revisto para facili-
tar o avanço na disciplina.
Porém, caso você tenha compreendido todo o conteúdo histórico ministrado no módulo
passado, como as transições do feudalismo para o capitalismo, o movimento iluminista inves-
tindo na derrocada do absolutismo, o florescimento de uma nova classe social, a burguesia,
enfim, se você entendeu todo este contexto, a aula de hoje será “moleza”.
O final do século XVIII e início do século XIX foi marcado por grandes transformações
sociais. Esse conjunto de mudanças, ocorridas principalmente na Inglaterra e representado
pelas transformações no modo de produção de mercadorias é conceituado pela historiografia
como “Revolução Industrial”.
Houve um fato preponderante na Revolução Industrial - em sua primeira fase, qual seja,
a transformação nos modos de produção das mercadorias. Se antes a produção era artesa-
nal - produção manufatureira -, posteriormente, houve a concentração dos artesãos em locais
específicos, facilitando o controle das matérias primas e as atividades por eles exercidas.
Inaugurou-se, então, o sistema fabril. Esse sistema consistia na concentração dos arte-
sãos (trabalhadores) em um único lugar, as fábricas.
Desta forma, a primeira fase da Revolução Industrial pode ser definida com algumas
características bem marcantes, como o surgimento de fábricas, uma urbanização intensa, a
mecanização industrial, a formação da classe proletária, a separação entre o capital e o traba-
lho, a divisão de classes sociais entre a “burguesia” e o “proletariado”, etc.
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Sempre que se lê a expressão “revolução” é preciso ter em mente que se trata de trans-
formação, mudança, inovação, alteração, enfim, é preciso ter muito bem definido os limites da
palavra, para o adequado entendimento do tema.
Pois bem, na Europa, a maior parte dos países adotava a monarquia como regime de
governo, além da concepção de sociedade patriarcal e aristocrática, onde os representantes
das famílias mais importantes ocupavam os cargos mais elevados do Estado.
Referido sistema social e político que vigorou desde o Renascimento (séc. XVI) até a
Revolução Francesa (séc. XVIII) ficou conhecido por Ancien Régime (Antigo Regime) (CICCO,
2007, p. 163).
Vale ressaltar que o objetivo da Revolução de 1789 não era apenas mudar a estrutura
do Estado, mas abolir radicalmente o antigo regime com todas as suas instituições tradicio-
nais, costumes, leis e hábitos, e ao mesmo tempo promover profundas inovações na econo-
mia, na política, na vida cultura, etc. O contexto revolucionário gerou reflexos até mesmo no
clero que, perdeu propriedades e transferiu ao Estado as funções da educação, antes em seu
poder (MARTINS, 1994, p. 13).
Assim, nestas circunstâncias de transformações que visavam inaugurar uma nova or-
dem política, jurídica e social, cabia aos pensadores da época com seus ideais iluministas de
“igualdade, liberdade e fraternidade”, racionalizar sobre essa nova ordem e encontrar uma
saída para a desordem então existente. Deveriam buscar, portanto, uma organização, um
aperfeiçoamento, um arranjo social que visava o progresso.
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Aula 03 - O Positivismo e a Sociologia do Século XIX
3. O que é Positivismo?
Na Sociologia iremos demonstrar o que foi o positivismo, o que ele se propunha a fazer,
com quem ele surgiu, enfim, vamos juntos responder a questão: - O que é positivismo?
Posto isto, vamos ao pensamento daquele que é tido por muitos como o fundador da
Sociologia. Auguste Comte.
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Isidore Auguste Marie François Xavier Comte (1798-1857), conhecido somente por Au-
guste Comte, foi um filósofo francês tido por fundador da Sociologia e do Positivismo, principal-
mente ao publicar as obras “Curso de Filosofia Positiva” e “Discurso Sobre o Espírito Positivo”.
Há, portanto, no pensamento comtiano uma finalidade última, uma ideia de progresso na
história, a qual começaria de um determinado ponto e caminharia, evoluiria para um fim, para
um momento em que as sociedades chegariam a um estado de perfeição.
Comte parte do princípio de que a ciência pode ser usada para construir um mundo melhor,
na ideia de organização e progresso. Desta forma, propõe que se reconte a história a partir de
três estados. São eles:
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A divisão faz com que surja uma noção de escala, níveis de conhecimento sociológico,
demonstrando a possibilidade de progressão e evolução social, exatamente no ideal de pro-
gresso defendido por Comte, de uma história teleológica que busca um fim específico.
Por isso, que para Comte a Sociologia se configuraria como uma ciência da Era Con-
temporânea, pois, até então o que existia era a pré-sociologia (Módulo I) que, como vimos,
nunca partia de dados científicos para compreensão da sociedade.
Para Comte haveria ainda nesta fase três diferentes momentos da compreensão huma-
na. Num primeiro momento, o homem explicaria o mundo através de fenômenos da natureza
(como trovões, o sol e a lua). Seria a fase fetichista. Posteriormente, haveria a ideia de deuses
e espíritos para as explicações do mundo, e estes, estariam fora da natureza e da sociedade.
Trata-se da fase politeísta. Por fim, a última etapa do Estado Teológico, seria a fase do mono-
teísmo, e, neste momento, todos os atributos mágicos e poderosos passariam a se reunir em
uma figura só, pensada como sendo a criadora universal (MARCARO, 2009, p. 69).
Por fim, o ápice da evolução e progresso humano se daria no último Estado, o Positivo.
A compreensão do mundo, aqui, só seria possível a partir da ciência, da observação dos fatos.
Inspirado na física, química e biologia, Comte buscou compreender as leis que regem
os fenômenos sociais. Assim, se na física os cientistas buscam as fórmulas para conhecer as
constantes da natureza, na sociologia positiva o cientista deveria buscar a estabilidade norma-
tiva de tudo aquilo que envolve a vida social humana.
O positivismo seria então a última etapa da história humana, na qual o homem explicaria
tudo ao seu redor pela ciência, pela ciência humana, pela ciência da sociedade, ou seja, pela
Sociologia.
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Neste contexto, constata-se que a sociologia foi criada para estudar cientificamente os
problemas da sociedade e resolvê-los. Ou seja, ao solucionar estes problemas sociais, seria
garantida a ordem e, segundo os ideais positivistas, somente pela ordem seria possível o pro-
gresso.
Esta ideia de progresso, inclusive, é o que leva Comte a considerar a Sociologia como
a mais importante das ciências. Se comparada com outra (física, química, biologia), realmente
ela é a última a surgir, e isto se deve ao fato de que, enquanto cada uma dessas ciências em
específico lida com “partes do todo” - os átomos, as energias, as leis mecânicas - a Sociologia
lida com “o todo” e, por conta disso, é a maior das ciências, a mais difícil e a mais importante.
Há ainda dois conceitos importantes tratados na obra de Comte, quais sejam, a estática
social e a dinâmica social.
Assim, com o conhecimento científico sobre essas forças, seria possível levar a socie-
dade ao seu estágio evolutivo, o positivo.
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5. Positivismo no Brasil
Por fim, como ressaltado na aula de hoje, a crença no modelo positivista ainda é muito
enraizada na cultura jurídica brasileira. Para “superar” ou criticar seus argumentos, é neces-
sário o conhecimento profundo de suas propostas. Portanto, aconselhamos que siga a dica
abaixo.
Saiba mais
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6. Conclusão
Nesta aula pudemos constatar qual o foi o contexto histórico de surgimento da Sociolo-
gia como ciência, bem como qual foi o movimento filosófico que deu ensejo ao seu nascimento,
o positivismo.
Esperamos que com os fundamentos aqui delineados, principalmente com lições dos
três estados e a forma científica de observação social, inauguradas principalmente com Com-
te, seja possível um aprofundamento na matéria em busca de um conhecimento mais comple-
to.
Destacamos, por fim, que a proximidade histórica das teorias que estamos estudando
se aproximam dos dias atuais, ou seja, após conhecer os clássicos, caberá a nós o desenvol-
vimento dos novos rumos desta ciência.
7. “Mergulhando no conteúdo”
Caso queira se aprofundar nos temas abordados nesta aula, abaixo estão sugestões de
filmes e livros:
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8. Referências bibliográficas
COMTE, Auguste. Curso de filosofia positiva. Tradução José Arthur Giannotti e Miguel Lemos.
São Paulo: Abril Cultural, 1978.
_____. Discurso sobre o espírito positivo. Tradução José Arthur Giannotti e Miguel Lemos. São
Paulo: Abril Cultural, 1978.
DE CICCO, Cláudio. História do pensamento jurídico e da filosofia do direito. 3ª ed. reform. São
Paulo: Saraiva, 2006.
MARTINS, Carlos Benedito. O que é sociologia. 38ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. (Cole-
ção primeiros passos; 57)
MASCARO, Alysson Leandro. Lições de Sociologia do Direito. 2ª ed. São Paulo: Quartier Latin,
2009.
RIBEIRO JUNIOR, João. O que é positivismo. 10ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2003. (Coleção
primeiros passos)
Glossário
Capital: aqui é abordado em seu sentido amplo, considerando o dinheiro e os equipamentos, por
exemplo.
Coesão social: É o termo que representa as forças que mantém os homens formados em uma
estrutura social, permitindo-lhes o convívio em consenso e ordem.
Liberdade, igualdade e fraternidade: De caráter iluminista, Liberté, Egalité, Fraternité foi o lema
da Revolução Francesa. São os direitos que sintetizaram a natureza do novo cidadão, diferente
daquele que há séculos fora oprimido.
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Revolução Industrial: foi o período compreendido entre os séculos XVIII ao XIX, cuja principal
característica foi a substituição do trabalho artesanal pelo assalariado com uso de máquinas.
Teleologia: é a doutrina que identifica a presença de fins ou objetivos, uma finalidade guiando a
natureza e a humanidade.
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