Resenha de Negociação e Conflito, João José Silva.
Resenha de Negociação e Conflito, João José Silva.
Resenha de Negociação e Conflito, João José Silva.
FLUMINENSE
MACAÉ
2023
João José Reis, um dos principais nomes não apenas na historiografia
brasileira como também nos estudos sobre a escravidão do século XIX, inicia o
primeiro capítulo de sua obra com uma reflexão sobre o papel ativo das pessoas
escravizadas nas negociações com os senhores. Para o autor, essas pessoas
não chegaram ao Brasil apenas como força de trabalho, mas exerceram sua
posição como agentes históricos nesse período imperial. Considerando que a
população da época era em boa parte composta por pessoas escravizadas – e
libertos –, esse volume e presença amedrontavam os senhores e demais
população. Dessa forma, com esse poder de negociação e, em certos episódios,
mediação de conflitos, era raro um escravizado assassinar seu senhor ou
fomentar rebeliões, justamente pela possibilidade de levar a vida de forma mais
tranquila, nas melhores condições possíveis. Assim, João José Reis busca, com
estes capítulos abordados, posicionar as pessoas escravizadas enquanto partes
ativas da sociedade, e não apenas explorados.
No sexto capítulo, sobre o levante dos malês, João José Reis interpreta o
escravo como um agente político na sociedade. Com o tráfico de africanos para
a Bahia no século XVIII, partindo principalmente na região sudoeste da Nigéria,
foram importados com estes conflitos étnicos e religiosos, muitos deles vítimas
de revoltas políticas em sua origem. A concentração de indivíduos de origens
étnicas comuns colaborou, além do levante aqui abordado, na formação de uma
cultura escrava unificada e mais independente. Os cantos, as juntas de alforria
e as práticas culturais e religiosas existiam como formas de resistência e
sobrevivência para esses povos escravizados, que viviam em um espaço social
bastante limitado.
PRADO JR., Caio. A era do liberalismo, In: História Econômica do Brasil. São
Paulo: Brasiliense, 1981.