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Dissertação - Frankcione Borges de Almeida - 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE AGRONOMIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONEGÓCIO

FRANKCIONE BORGES DE ALMEIDA

EFETIVIDADE SOCIAL DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA NA


SEGURANÇA ALIMENTAR DAS FAMÍLIAS RURAIS NO MUNICÍPIO
DE RIO VERDE (GO)

GOIÂNIA
2014
FRANKCIONE BORGES DE ALMEIDA

EFETIVIDADE SOCIAL DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA NA


SEGURANÇA ALIMENTAR DAS FAMÍLIAS RURAIS NO MUNICÍPIO
DE RIO VERDE (GO)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Agronegócio – PPAGRO, da
Escola de Agronomia, da Universidade
Federal de Goiás, como requisito para
obtenção do título de Mestre em Agronegócio.

Área de concentração: Sustentabilidade e


Competitividade dos Sistemas Agroindustriais

Orientador: Prof. Dr. Luiz Manoel de Moraes


Camargo Almeida

GOIÂNIA
2014
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação na (CIP)
GPT/BC/UFG

Almeida, Frankcione Borges.


A447e Efetividade social do programa bolsa família na
segurança alimentar das famílias rurais no município de Rio
Verde (GO) [manuscrito]. / Frankcione Borges de Almeida
- 2014.
132 f. : il.

Orientador: Prof. Luiz Manoel de Moraes Camargo


Almeida
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de
Goiás, Escola de Agronomia, 2014.
Bibliografia.
Inclui lista de quadros, gráficos, figuras, abreviaturas,
siglas e tabelas.
Anexos.
1. Programa Bolsa Família 2. Familias rurais – Aspectos
sociais 3. Bolsa família – Assistencia social – Famílias
rurais 4. Politicas públicas I. Título.
CDU: 636:364.3
Vós quereis os pobres assistidos.
Eu quero abolir a miséria.
Victor Hugo
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus de infinita bondade e amor que permitiu que eu pudesse caminhar e
chegar até aqui. Tudo tem o momento exato de acontecer e Deus sempre iluminou meu
caminho para que eu pudesse compreender, saber esperar e enxergar as oportunidades.

Agradeço todos os dias pelo período de união do grupo familiar. Minha mãe, um anjo
de amor e ternura que incansavelmente, com seu amor incondicional, cuidou do meu filho
com muito amor e carinho e ainda cuidava de mim com suas orações e fé quando as dores me
atormentavam. Sem minha mãe seria impossível ter chegado até aqui.

Agradeço ao meu querido esposo Emival pelo apoio, dedicação e por cuidar com
muito amor de nosso pequenino. Sempre com muita paciência cuidou de tudo e todos para
que eu pudesse viajar com tranquilidade.

Agradecimentos também a minha irmã Raucia, meu cunhado Fábio, meu irmão Frank
e aos meus sobrinhos Gabriella, João Pedro e Laura pelo apoio e pelos cuidados na minha
ausência ao pequenino.

Agradeço ao meu pai pelo apoio com o Luis Otávio na minha ausência.

Ao meu avô querido que já partiu, mas que sempre nos apoiou em nossos estudos e
nos deus muita inspiração. Às minhas tias e primos queridos, pelas palavras de apoio e pelas
orações.

Aos amigos e em especial: Lídia Milhomem, Alécio Oliveira, Iolanda Couto, Idalci
Cruvinel, Ada Bispo, Débora Ferguson, Renata Resende, que sempre estavam disponíveis
para tirarem minhas dúvidas e me dar apoio necessário. À Professora e amiga Tânia Regina,
pela dedicação e técnicas utilizadas para que eu pudesse aprender um pouco da língua inglesa.

Aproveito a oportunidade para agradecer os profissionais: Sandro Martins Leão, Elba


Fonseca Campos e Moacir de Andrade Júnior por terem cuidado de mim com muito carinho,
me proporcionando o equilíbrio do corpo e da mente.

Agradeço a Deus também pela oportunidade de ter ganhado dois irmãos queridos:
Sheila Marli de Melo Rezende e Hamilcar Pereira e Costa, que me ajudaram a suportar as
dores do coração, pelos bons momentos de descontração, na realização de diversos trabalhos e
pela acolhida. Estes levarei para a eternidade em meu coração. Estendo também os meus
agradecimentos a todos os meus colegas de mestrado.

Aos Professores do Programa de Pós-Graduação em Agronegócio e em especial:


Professor Alcido pela sua dedicação, gentileza, e paciência; Prof. Fausto pela sua
objetividade; Prof. Joel pelo seu conhecimento, gentileza e educação; Prof. Reginaldo pela
sua experiência, compreensão e conhecimento e Prof.ª Rusvênia por ter me proporcionado
navegar em outros mares e momentos de muita reflexão através de seu conhecimento.

Agradeço também à Coordenação do Programa na pessoa da Prof.ª Sônia Milagres e


do Servidor José Vieira Visconde, pelo apoio e pelos esclarecimentos quando necessários.
Estendo meus agradecimentos aos dirigentes do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia Goiano- Campus Rio Verde que possibilitaram meu afastamento através
do Programa de Capacitação do Servidor.

Agradeço à Secretaria de Assistência Social de Rio Verde na pessoa da Sra. Clarice


Leão Ferreira Martins e toda sua equipe pelas informações e receptividade.

Aos professores Adriano Rodrigues de Oliveira, Cleonice Borges de Souza e Francis


Lee Ribeiro pelas contribuições na banca.

Agradecimento todo especial ao meu orientador Luiz Manoel Moraes de Camargo


Almeida, que é o responsável pelos frutos que estão sendo colhidos agora de uma plantinha
que foi crescendo e crescendo. É uma pessoa querida, que me ajudou e tem me ajudado a
superar as dificuldades com temas, sujeitos desconhecidos e com uma palavra amiga. Levarei
para sempre comigo em meu coração sua generosidade e sua dedicação. Enquanto
profissional me espelharei sempre na sua humildade, respeito e conhecimento. Que Deus
possa sempre iluminar seu caminho e seja recompensado por tudo.

Obrigada, obrigada e obrigada a todos que me apoiaram e me enviaram vibrações que


muito me sustentaram neste período. Que o poder da luz de Deus brilhe sobre todos.
RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo avaliar a eficácia da gestão, identificar os entraves
institucionais e organizacionais e a efetividade do Programa Bolsa Família na segurança
alimentar de famílias rurais assistidas no município de Rio Verde (GO). Para atender aos
objetivos propostos, o estudo sustenta-se em revisão bibliográfica e análise quantitativa e
qualitativa dos dados provenientes da pesquisa de campo. O trabalho está estruturado em
cinco capítulos incluindo a introdução. No segundo capítulo, apresentam-se os contornos
teórico metodológicos, seguido de uma abordagem sobre políticas públicas, políticas de
transferência de renda, avaliação de políticas públicas e finaliza com segurança alimentar e
ruralidade. No terceiro capítulo apresentam-se os aspectos gerais do Programa Bolsa Família
e dados secundários obtidos em órgãos oficiais do programa no universo empírico estudado.
No quarto capítulo, são apresentadas a análise e discussão dos dados da segurança alimentar e
o programa bolsa família no universo pesquisado e no quinto as considerações finais. Foram
entrevistadas 94 famílias rurais beneficiárias do Programa com aplicação de questionário
semiestruturado. Também foram realizadas entrevistas com os gestores locais da assistência
social, educação e saúde com o objetivo de avaliar a gestão. A coleta e análise de dados
provenientes da pesquisa permitiram apresentar o perfil da situação socioeconômica e
sociodemográfica dos sujeitos e de suas percepções em relação ao programa e às entidades
responsáveis. Há prevalência de Insegurança Alimentar leve em 54,25% das famílias
pesquisadas, medida pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). Os resultados
permitiram a avaliação da eficácia e identificação dos entraves da Gestão Municipal nos eixos
de atuação do Programa Bolsa Família, além de propor condicionalidades específicas do
programa para o rural.

Palavras-chave: Políticas públicas. Efetividade. Programa Bolsa Família. Segurança


alimentar e nutricional. Famílias rurais.
ABSTRACT

This research had the objective to evaluate management efficacy, to identify institutional and
organizational obstacles and the effectiveness of Bolsa Família Program for the alimentary
safety of rural families assisted in the municipality of Rio Verde (GO). In order to achieve the
proposed goals, the study is supported by literature review and quantitative and qualitative
analysis of the data collected in the field research. The study is structured in five chapters,
including the introduction. In the second chapter, the theoretical and methodological aspects
are presented, followed by a discussion of public policies, transfer payment policies,
evaluation of public policies, alimentary safety and rurality. In the third chapter, we present
the general aspects of Bolsa Família Program and secondary data obtained from the official
agencies of the program in the researched empirical universe. In the fourth chapter, we
present the analysis and discussion of the data about alimentary safety and Bolsa Família
Program in the researched universe and in the fifth, our conclusion. 94 rural families, all
beneficiary of the program, were interviewed through the application of a semi-structured
questionnaire. Besides, interviews were carried out with the local managers of social
assistance, education and health with the aim of evaluating management. The data collection
and analysis allowed us to present the socioeconomic and sociodemographic profile of the
subjects and their perception of the program and of the agencies in charge. There is
prevalence of mild alimentary insecurity in 54,25% of the researched families, measured by
the Brazilian Scale of Alimentary Insecurity (EBIA). The results allowed the evaluation of the
efficacy and the identification of the obstacles in the municipal management in the acting
axis of Bolsa Família Program, as well as proposing specific conditionalities of the program
for the rural environment.

Keywords: Public policies. Effectiveness. Bolsa Família Program. Nutritional and alimentary
safety. Rural families.
LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – Questionário - Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA).......... 23


QUADRO 2 – Classificação dos níveis de Insegurança Alimentar (IA)............................ 24
QUADRO 3 – Categorias sociais e econômicas a serem confrontadas com nos níveis de
(in) segurança alimentar auferidos na EBIA........................................................................ 24
QUADRO 4 – Índice de Desenvolvimentos Humano Municipal....................................... 28
QUADRO 5 – Levantamento sistemático da produção agrícola – comparativo entre as
safras 2012/2013 e 2013/2014............................................................................................. 30
QUADRO 6 – Estimativa de famílias de baixa renda e pobres........................................... 56
QUADRO 7 – Diagnóstico e identificação das principais efetividades e entraves da
gestão do PBF em Rio Verde (GO)...................................................................................... 61
QUADRO 8 – Relação entre formas de acesso à alimentação das famílias residentes no
distrito de Ouroana e o nível de (in) segurança alimentar.................................................... 92
QUADRO 9 – Relação entre formas de acesso à alimentação das famílias residentes no
distrito de Riverlândia e o nível de (in) segurança alimentar............................................... 92
QUADRO 10 – Relação entre formas de acesso à alimentação das famílias residentes no
distrito de Lagoa do Bauzinho e o nível de (in) segurança alimentar.................................. 93
QUADRO 11– Relação entre o valor do benefício do PBF das famílias residentes no
distrito de Ouroana e o nível (in) segurança alimentar........................................................ 94
LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – Distribuição percentual da população extremamente pobre por faixa


etária..................................................................................................................................... 31
GRÁFICO 2 – Distribuição das famílias de acordo com a área de localização dos
domicílios............................................................................................................................. 64
GRÁFICO 3 – Situação domiciliar das famílias beneficiárias residentes nos distritos...... 64
GRÁFICO 4 – Situação domiciliar das famílias beneficiárias residentes nos
assentamentos rurais e pequenas propriedades.................................................................... 65
GRÁFICO 5 – Existência de banheiro no domicílio das famílias beneficiárias residentes
nos distritos.......................................................................................................................... 65
GRÁFICO 6 – Existência de banheiro no domicílio das famílias beneficiárias residentes
nos dos assentamentos e pequenas propriedades................................................................. 66
GRÁFICO 7 – Proveniência da água utilizada no domicílio das famílias beneficiárias
residentes nos distritos......................................................................................................... 66
GRÁFICO 8 – Proveniência da água utilizada no domicílio das famílias beneficiárias
residentes nos assentamentos e pequenas propriedades....................................................... 67
GRÁFICO 9 – Situação conjugal do titulares residentes nos distritos............................... 68
GRÁFICO 10 – Situação conjugal do titulares residentes nos assentamentos rurais e
pequenas propriedades......................................................................................................... 68
GRÁFICO 11 – Faixa etária dos titulares residentes nos distritos..................................... 69
GRÁFICO 12 – Faixa etária dos titulares residentes nos assentamentos rurais e
pequenas propriedades......................................................................................................... 69
GRÁFICO 13 – Faixa etária dos chefes de família residentes nos distritos....................... 70
GRÁFICO 14 – Faixa etária dos chefes de família residentes nos assentamentos rurais e
pequenas propriedades......................................................................................................... 70
GRÁFICO 15 – Quantidade de filhos menores de 18 anos das famílias residentes nos
distritos................................................................................................................................. 71
GRÁFICO 16 – Quantidade de filhos menores de 18 anos das famílias residentes nos
assentamentos rurais e pequenas propriedades.................................................................... 71
GRÁFICO 17 – Quantidade de membro das famílias residentes no imóvel dos
distritos................................................................................................................................. 72
GRÁFICO 18 – Quantidade de membros da família residentes no imóvel dos
assentamentos rurais e pequenas propriedades.................................................................... 72
GRÁFICO 19 – Escolaridade dos chefes de família residentes nos distritos.................... 73
GRÁFICO 20 – Escolaridade dos chefes de família residentes nos assentamentos rurais
e pequenas propriedades....................................................................................................... 73
GRÁFICO 21 – Escolaridade dos titulares residentes nos distritos.................................. 74
GRÁFICO 22 – Escolaridade dos titulares residentes nos assentamentos rurais e
pequenas propriedades......................................................................................................... 74
GRÁFICO 23 – Renda mensal agrícola e não agrícola das famílias residentes nos
distritos................................................................................................................................. 75
GRÁFICO 24 – Renda mensal agrícola das famílias residentes nos assentamentos rurais
e pequenas............................................................................................................................ 76
GRÁFICO 25 – Proteção social/auxílio recebido............................................................... 77
GRÁFICO 26 – Participação em grupos/organizações...................................................... 77
GRÁFICO 27 – Distribuição percentual das famílias residentes nos distritos por
realização das refeições diárias............................................................................................ 78
GRÁFICO 28 – Distribuição percentual das famílias residentes nos assentamentos
rurais e pequenas propriedades............................................................................................ 78
GRÁFICO 29 – Distribuição das famílias beneficiárias segundo a EBIA......................... 82
GRÁFICO 30 – Comparativo entre famílias beneficiárias segundo a EBIA por região.... 82
GRÁFICO 31 – Distribuição das famílias beneficiárias de acordo com a localização do
domicílio e o nível (in) de segurança alimentar................................................................... 83
GRÁFICO 32 – Distribuição das famílias beneficiárias residentes nos distritos e o nível
(in) de segurança alimentar.................................................................................................. 84
GRÁFICO 33 – Distribuição das famílias beneficiárias residentes em assentamentos
rurais e pequenas propriedades e o nível (in) de segurança alimentar................................. 84
GRÁFICO 34 – Relação entre renda mensal das famílias beneficiárias residentes nos
distritos e o nível de (in) segurança alimentar...................................................................... 85
GRÁFICO 35 – Relação entre renda mensal das famílias beneficiárias residentes nos
assentamentos rurais e pequenas propriedades e o nível de (in) segurança
alimentar............................................................................................................................... 85
GRÁFICO 36 – Relação entre a escolaridade dos chefes de família residentes nos
distrito e o nível de (in) segurança alimentar....................................................................... 86
GRÁFICO 37 – Relação entre a escolaridade dos titulares residentes nos distritos e o
nível de (in) segurança alimentar......................................................................................... 87
GRÁFICO 38 – Relação entre a escolaridade dos chefes de família residentes nos
assentamentos rurais e pequenas propriedades e o nível de (in) segurança alimentar......... 87
GRÁFICO 39 – Relação entre escolaridade dos titulares residentes nos assentamentos
rurais e pequenas propriedades e o nível de (in) segurança alimentar................................. 88
GRÁFICO 40 – Relação entre a dedicação às atividades da propriedade e o nível de (in)
segurança alimentar das famílias residentes nos assentamentos rurais e pequenas
propriedades......................................................................................................................... 89
GRÁFICO 41 – Relação entre o perfil produtivo e o nível de (in) segurança alimentar
das famílias residentes nos assentamentos rurais e pequenas propriedades......................... 89
GRÁFICO 42 – Produtos consumidos vindos da propriedade........................................... 90
GRÁFICO 43 – Tipos de produtos consumidos vindos da propriedade............................ 91
GRÁFICO 44 – Classificação das famílias beneficiárias de acordo com produção
alimentos para autoconsumo e o nível de (in) segurança alimentar..................................... 91
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Mapa de localização da pesquisa de campo.................................................. 21


FIGURA 2 – Mapa do município de Rio Verde (GO)........................................................ 26
FIGURA 3 – Mapa dos municípios de destaque no PIB 2011............................................ 28
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BSP Benefício para Superação da Extrema Pobreza na Primeira Infância


BPC Benefício de Prestação Continuada
BVCE Benefício Variável de Caráter Extraordinário
BVJ Benefício Vinculado ao Jovem
BVN Benefício Variável Nutriz
BVG Benefício Variável à Gestante
CadÚnico Cadastro Único para Programas Sociais
CELG Centrais Elétricas de Goiás
CRAS Centro de Referência de Assistência Social
CREAS Centro de Referência Especializada de Assistência Social
CTPS Carteira de Trabalho e Previdência Social
CNIS Cadastro Nacional de Informações Sociais
CONSEA Conselho Nacional de Segurança Alimentar
EBIA Escala Brasileira de Insegurança Alimentar
ECA Estatuto da Criança e do Adolescente
EUA Estados Unidos da América
FAO Organização para Agricultura e Alimentação das Nações Unidas
FCM Faculdade de Ciências Médicas
FEAGRI Faculdade de Engenharia Agrícola
IA Insegurança Alimentar
IAG Insegurança Alimentar Grave
IAL Insegurança Alimentar Leve
IAM Insegurança Alimentar Moderada
IBASE Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IF Goiano Instituto Federal Goiano
ICS Instância de Controle Social
IGD Índice de Gestão Descentralizada
INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira
INPA Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia
LOAS Lei Orgânica da Assistência Social
LOSAN Lei Orgânica da Segurança Alimentar e Nutricional
MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário
MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
MTE Ministério do Trabalho e Emprego
MPS Ministério da Previdência Social
NIS Número de Identificação Social
PA Projeto de Assentamento
PBF Programa Bolsa Família
PETI Programa de Erradicação do Trabalho Infantil
PIB Produto Interno Bruto
PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
PNSAN Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
PRONATEC Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego Relação
RAIS Relatório Anual de Informações Sociais
SA Segurança Alimentar
SAN Segurança Alimentar e Nutricional
SENARC Secretaria Nacional de Renda e Cidadania
SUAS Sistema Único de Assistência Social
SCFV Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos
SISOBI Sistema Informatizado de Controle de Óbitos
TSE Tribunal Superior Eleitoral
UF Unidade Federal
UFG Universidade Federal de Goiás
UNICAMP Universidade de Campinas
UNOCHAPECÓ Universidade Comunitária Regional de Chapecó
UFPB Universidade Federal da Paraíba
UNB Universidade de Brasília
UFMT Universidade Federal do Mato Grosso
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
UFPR Universidade Federal do Paraná
UFMS Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 16
2 CONTORNOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS........................................ 20
2.1 MÉTODOS E CAMINHOS DA PESQUISA................................................... 20
2.1.1 Instrumentos de coleta de dados..................................................................... 21
2.1.2 Avaliação da efetividade e gestão do programa Bolsa Família................... 24
2.2 CARACTERIZAÇÃO DO UNIVERSO EMPÍRICO: RIO VERDE (GO)...... 25
2.3 POLÍTICAS PÚBLICAS................................................................................... 32
2.4 POLÍTICAS DE TRANSFERÊNCIA DE RENDA.......................................... 35
2.5 AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS................................................. 36
2.6 SEGURANÇA ALIMENTAR E RURALIDADES.......................................... 39
3 O PROGRAMA BOLSA-FAMÍLIA.............................................................. 44
3.1 BREVE HISTÓRICO E REPERCUSSÕES...................................................... 44
3.2 O PROGRAMA: EIXOS, CRITÉRIOS DE SELEÇÃO, BENEFÍCIOS,
CONDICIONALIDADES E FUNCIONALIDADES....................................... 49
3.3 O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA EM RIO VERDE (GO).......................... 56
3.3.1 Gestão local do programa............................................................................... 58
4 DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO SOCIECONÔMICA E
SOCIODEMOGRÁFICA DAS FAMÍLIAS RURAIS BENEFICIÁRIAS
DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA EM RIO VERDE
(GO)................................................................................................................... 61
4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS FAMÍLIAS.......................................................... 63
4.1.1 Caracterização domiciliar............................................................................... 63
4.1.2 Caracterização dos titulares e membros das famílias.................................. 67
4.1.2.1 Perfil dos titulares e membros das famílias....................................................... 67
4.1.2.2 Escolaridade e renda.......................................................................................... 72
4.1.2.3 Alimentação, apoio e proteção social................................................................ 76
4.1.2.4 Saúde e trabalho................................................................................................. 79
4.2 ESCALA BRASILEIRA DE INSEGURANÇA ALIMENTAR (EBIA) X
CARACTERIZAÇÃO DAS FAMÍLIAS......................................................... 81
4.2.1 Escala Brasileira de Insegurança Alimentar x renda................................... 84
4.2.2 Escala Brasileira de Insegurança Alimentar x escolaridade....................... 86
4.2.3 Escala Brasileira de Insegurança Alimentar x trabalho.............................. 88
4.2.4 Escala Brasileira de Insegurança Alimentar X perfil produtivo................. 89
4.2.5 Escala Brasileira de Insegurança Alimentar X autoconsumo..................... 90
4.2.6 Valor do benefício do PBF x EBIA................................................................. 93
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 95
REFERÊNCIAS............................................................................................... 101
ANEXOS........................................................................................................... 107
ANEXO A – Autorização da Secretaria Municipal de Assistência Social
de Rio Verde (GO)........................................................................................... 108
ANEXO B – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa........................... 109
ANEXO C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido........................ 112
ANEXO D – Formulário socioeconômico e sociodemográfico das
famílias rurais beneficiárias do Programa Bolsa Família em Rio Verde... 115
ANEXO E – Roteiros das entrevistas semiestruturadas à gestão local do
Bolsa Família em Rio Verde........................................................................... 129
16

1 INTRODUÇÃO

Um dos maiores desafios do governo é conciliar o crescimento econômico com a


erradicação da pobreza, principalmente no meio rural, pela necessidade de diminuir a
desigualdade social e setorial.
Segundo Menezes (1998), o Brasil segue uma tendência mundial em que se identifica
uma maior pobreza e a maior carência nutricional no meio rural, mesmo com os significativos
avanços obtidos nos últimos anos na gestão do governo federal em termos de formulação de
política pública, mudanças na legislação, ampliação do crédito produtivo e aumento da
produção. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2009,
cujos resultados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
(BRASIL, 2010a), a prevalência de Insegurança Alimentar (IA) moderada1 ou grave2 foi
maior nos domicílios das áreas rurais do que nos das áreas urbanas.
A pesquisa também revelou que enquanto 6,2% e 4,6% dos domicílios da área urbana
tinham moradores em situação de IA moderada e grave, respectivamente, na área rural, as
proporções foram de 8,6% e 7,0%. Nos domicílios particulares urbanos em IA grave, viviam
5,3% da população urbana, enquanto nos rurais viviam 8,4% da população rural. Para os
domicílios em IA moderada, os índices de prevalência da população foram de 6,9% na área
urbana e 10,1% na rural.
Em relação a 2004, houve uma queda na proporção de domicílios em situação de IA
grave e moderada, tanto na área urbana quanto na rural. Entre 2004 e 2009 a redução da
proporção de domicílios com moradores em situação de IA caiu na área urbana (de 33,3%
para 29,4%) e na rural (de 43,6% para 35,1%), contudo, ao desagregar por intensidade de IA,
verificou-se que na área rural ocorreu redução da prevalência de domicílios em IA leve3, o
que não foi encontrado na área urbana.
Este estudo apresenta a discussão sobre a eficácia da gestão, entraves e efetividade do
Programa Bolsa Família na segurança alimentar de famílias rurais. O Programa Bolsa Família
(PBF) tem por objetivo combater a fome e promover a Segurança Alimentar e Nutricional
(SAN). É um programa de transferência direta de renda que beneficia famílias em situação de
pobreza e de extrema pobreza em todo o Brasil. Integra o Plano Brasil Sem Miséria (BSM),

1
Insegurança Alimentar Moderada: quando há restrições quantitativas especialmente relevantes entre pessoas
adultas.
2
Insegurança Alimentar Grave: quando há redução importante da quantidade de alimentos disponíveis, a adultos
quanto às crianças.
3
Insegurança Alimentar Leve: quando há preocupação ou incerteza quanto ao acesso aos alimentos, ou seja,
risco para a sustentabilidade e comprometimento da qualidade da dieta.
17

que tem como foco de atuação os 16 milhões de brasileiros com renda familiar per capita
inferior a R$ 70,00 mensais e está baseado: na garantia de renda, na inclusão produtiva e no
acesso aos serviços públicos (BRASIL, 2013a).
O BSM tem ações nacionais e regionais, baseadas em três eixos: garantia de renda,
inclusão produtiva e acesso a serviços públicos. No campo, onde se encontram 47% dos
beneficiários do programa, o objetivo central do plano é aumentar a produção por meio de
orientação e acompanhamento técnico, oferta de insumos e água. As principais estratégias do
BSM no meio rural são: assistência técnica diferenciada; apoio à produção de alimentos e à
comercialização da produção; acesso à água para consumo e produção; ampliação do
Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) (BRASIL, 2014b).
Segundo Traldi (2011), os limites e desafios das políticas públicas de ordem
emergencial, chamadas também de políticas compensatórias, na qual se insere o PBF, e das
políticas de caráter mais estrutural, mais específicas de combate à fome, são temas constantes
de discussão.
Para a população, a discussão entre segurança alimentar e o combate à fome, o
segundo prevalece no entendimento. Um dos fatores que contribui para a dificuldade da
compreensão é que o conceito de SAN ainda não foi assimilado no país, por ser um tema mais
ligado às organizações não governamentais da área, embora a segurança alimentar e a fome
sejam partes complementares (TAKAGI; BELIK, 2007).
A pobreza é um problema complexo, portanto não é fácil de ser resolvido. “Nos
estudos sobre extrema pobreza, as realizações e capacidades centrais são básicas, relacionadas
com nutrição, abrigo, em como evitar mortalidade prematura ou doenças.” (KAGEYAMA
2008, p. 55). A autora afirma ainda que essa abordagem advoga a ideia de pobreza como
privação das necessidades básicas, e que a falta de renda pode ser a causa principal, mas não a
única. A pobreza “real” pode ser muito maior do que aquela medida unicamente pela renda.
O problema não pode ser resolvido apenas por meio de um programa de transferência
de renda como o PBF. Segundo o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas
(IBASE) (BRASIL, 2008), na perspectiva de Amartya Sen, deve-se privilegiar as habilidades
e as capacidades das pessoas e não apenas a renda e a posse de bens.
Segundo (BRASIL, 2008), a compreensão do perfil de pobreza e de segurança
alimentar e nutricional das famílias, bem como as modificações provenientes da ampliação de
acesso aos alimentos e aos demais bens públicos, é uma tarefa que exige a abordagem de
múltiplas dimensões. O presente estudo irá tratar também das múltiplas dimensões, como: do
acesso, do consumo, da produção, do direito, das condições de vida e saúde.
18

De acordo com Traldi (2011), com base na pesquisa do IBASE (BRASIL, 2008), a
articulação de programas de SAN com o PBF fornece subsídios importantes para uma
reflexão profunda sobre os programas e a proposição de políticas públicas voltadas para a
garantia do direito humano à alimentação adequada e emancipação das famílias brasileiras
mais vulneráveis à fome como: reforço aos programas de segurança alimentar; articulação e
ampliação das ações de fortalecimento da agricultura familiar; implementação de programas
direcionados para a educação alimentar dos beneficiários; ampliação da alimentação escolar
para o ensino médio e intensificação das políticas de assistência social entre as famílias
beneficiadas, buscando sua integração com ações complementares capazes de melhorar suas
condições de saúde e educação.
No Brasil, após a década de 1990, a agenda das políticas públicas de proteção social,
combate à pobreza e promoção da saúde e da segurança alimentar e nutricional tem
incorporado o debate sobre os programas de transferência condicionada de renda. Alguns dos
maiores problemas na dimensão dessas políticas públicas são a eficiência, a eficácia e a
continuidade. Outro aspecto apontado por (ALMEIDA, 2008) é se estes programas
representam casos concretos, se terão duração apenas por um determinado período ou ainda
apenas instrumentos sem políticas e políticas com instrumentos ineficazes.
O Programa Bolsa Família nasceu da unificação de outros programas de transferência
de renda ligados a diferentes setores como saúde, educação e assistência social com o
propósito de combater a fome e promover a segurança alimentar e nutricional. Esse efeito
pode se estabelecer pelos possíveis impactos da renda na alimentação familiar ou pelas ações
de saúde que integram as condicionalidades do programa (BRASIL, 2008).
Para avaliação do PBF e atender os objetivos do estudo foi realizada uma pesquisa
com famílias rurais beneficiárias do PBF no município de Rio Verde (GO). O município está
localizado na microrregião sudoeste do estado de Goiás. A escolha desse universo empírico
ocorreu pela representatividade do município em questão no cenário nacional, uma vez que é
conhecido e reconhecido como a capital do agronegócio. Atualmente é um dos maiores
produtores de grãos e maior arrecadador de impostos sobre produtos agrícolas do estado. É
destaque também como um dos maiores no Produto Interno Bruto (PIB) Agropecuário para o
processamento industrial de carnes de aves e suínos. Tendo instalado o segundo maior
complexo agroindustrial da América Latina, indústrias no segmento de embalagens metálica,
plástica e celulose, bem como também de implementos rodoviários.
Rio Verde é um dos municípios que mais cresce no estado de Goiás. No entanto,
enfrenta os mesmos problemas das principais cidades brasileiras.
19

Na problematização do estudo, foram levantados os seguintes questionamentos: Quais


são as efetividades do Programa Bolsa Família para os elementos de Segurança Alimentar das
famílias rurais do município de Rio Verde (GO)? Existe diferença na efetividade do Programa
Bolsa Família entre as famílias residentes nos distritos e assentamentos rurais?
Estes questionamentos levantam as seguintes hipóteses: a) o PBF traz resultados
relevantes no que diz respeito à exclusão de famílias da condição de pobreza e extrema
pobreza4 e tem efeitos significativos em elementos de segurança alimentar; b) as famílias
residentes em assentamentos rurais possuem prioridades e modo de vida diferenciado, com
isso a efetividade do programa é diferente.
O objetivo geral é avaliar a eficácia da gestão, identificar os entraves institucionais e
organizacionais e a efetividade social do Programa Bolsa Família na segurança alimentar
tratada de maneira ampla5, dando enfoque à realidade das famílias rurais do município de Rio
Verde (GO). Já os objetivos específicos são: a) caracterizar a situação socioeconômica e o
nível de (in) segurança alimentar das famílias rurais beneficiárias do Programa Bolsa
Família; b) correlacionar o nível de (In) Segurança Alimentar das famílias com as variáveis
socioeconômicas; c) avaliar a eficácia e identificar os entraves da Gestão Municipal nos eixos
de atuação do Programa Bolsa Família; d) apontar as diferenciações entre as famílias
residentes nos distritos e assentamentos rurais; e) propor condicionalidades específicas do
Programa Bolsa Família para o rural.
O trabalho está estruturado em cinco capítulos, incluindo a introdução. No segundo
capítulo, apresentam-se os contornos teórico-metodológicos compostos pelos métodos e
caminhos da pesquisa, caracterização do universo empírico seguido de uma abordagem sobre
políticas públicas, políticas de transferência de renda, avaliação de políticas públicas e
finalizando com segurança alimentar e ruralidade. No terceiro capítulo, foram focalizados os
aspectos gerais do Programa Bolsa Família e dados secundários obtidos em órgãos oficiais do
programa no universo empírico estudado. No quarto capítulo, são apresentadas a análise e a
discussão dos dados da segurança alimentar e o programa bolsa família no universo
pesquisado e no quinto as considerações finais.

4
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), famílias na condição de pobreza
são aquelas com renda mensal por pessoa entre R$ 70,01 e R$ 140,00 e extrema pobreza são aquelas com renda
mensal por pessoa de até R$ 70,00 (BRASIL, 2013b).
5
Elementos de segurança alimentar tratada de maneira ampla abarcam variáveis ou indicadores econômicos,
sociais, culturais e ambientais como: nível de segurança alimentar, saúde, escolaridade, redes de cooperação,
trabalho, renda, pluriatividade, formação de redes de proteção social, autoconsumo, condições da moradia,
práticas ambientais mais sustentáveis, bens duráveis, acesso ao crédito, dentre outros (ALMEIDA, 2008).
20

2 CONTORNOS TEÓRICO–METODOLÓGICOS

2.1 MÉTODOS E CAMINHOS DA PESQUISA

O trabalho foi desenvolvido com apoio na revisão bibliográfica e na análise


quantitativa e qualitativa dos dados provenientes da pesquisa de campo. Foi aplicado
questionário semiestruturado aos beneficiários do PBF conforme ANEXO D e foram
realizadas entrevistas abertas a gestão local do PBF conforme ANEXO E. Ambos os
instrumentos foram adaptados de Traldi (2011) e de Santos (2011). Também foram utilizados
dados estatísticos organizados e publicados por órgãos públicos.
O projeto de pesquisa foi protocolado no Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), da
Universidade Federal de Goiás (UFG), para análise e emissão de parecer ético sob o número
047/13. Após análise o CEP/UFG emitiu parecer aprovando o mesmo, conforme ANEXO B.
Segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social, em setembro de 2012, Rio
Verde tinha aproximadamente 6.208 famílias beneficiárias do PBF. O sistema atual não
permite a separação entre as famílias rurais e urbanas e no último levantamento realizado com
base nas fichas, o número de famílias rurais beneficiárias do PBF era de aproximadamente
800 famílias.
A partir dos dados fornecidos com base na estimativa da proporção populacional
(recorte apenas nos beneficiários da área rural), com nível de confiança de 90% e erro
amostral de 5%, obteve-se uma amostra de 100 famílias.
As 100 (cem) famílias da amostra foram escolhidas aleatoriamente. Os dados
necessários para localização das mesmas foram fornecidos pela Secretaria Municipal de
Assistência Social do município de Rio Verde (GO) conforme autorização no ANEXO A e
com o apoio dos coordenadores, gestores e agentes de saúde de cada localidade. O apoio dos
agentes de saúde foi fundamental no processo de localização das famílias, tendo em vista que
a maioria recebe visita dos agentes mensalmente. Algumas famílias assentadas estavam sem
cobertura dos agentes de saúde e nestes casos a localização foi auxiliada pelos presidentes das
associações dos assentamentos.
As famílias entrevistadas residem em: assentamentos rurais, distritos do Município de
Rio Verde e pequenas propriedades rurais conforme pode ser visto na FIGURA 1. Cabe
ressaltar que o PBF considera as famílias dos distritos como rurais.
As entrevistas foram realizadas nas residências das famílias. Na abordagem inicial, as
mesmas recebiam esclarecimentos e informações sobre a pesquisa e eram indagadas se
21

aceitariam fazer parte do estudo. Diante da afirmativa do entrevistado, foi colhida assinatura
no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) apresentado pelo pesquisador em
duas vias conforme ANEXO C.

FIGURA 1 - Mapa de localização da pesquisa de campo

Fonte: Organizado por Queiroz Junior (2013).

No decorrer da pesquisa foi realizada entrevista com o gestor da área da saúde e


obteve-se a informação de que o número de famílias rurais beneficiárias atendidas era de
apenas 375 famílias, sendo 44 residentes em assentamentos rurais, 109 em pequenas
propriedades e acampamentos e 222 nos distritos. Foi feito novo cálculo e obteve-se uma
amostra de 45 famílias. Como já haviam sido feitas 94 entrevistas (54 nos distritos e 40 em
assentamentos rurais e pequenas propriedades), decidiu-se por encerrar as mesmas. No final
da pesquisa, o cálculo da margem de erro foi refeito e obteve-se um resultado de 3,18%.

2.1.1 Instrumento de coleta de dados

Entre os métodos de análise comumente empregados para medir a situação da SAN,


22

destacam-se as escalas psicométricas do acesso familiar aos alimentos, por exemplo, a Escala
Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), a qual foi utilizada no estudo proposto. As
escalas de medida direta da insegurança alimentar, como a EBIA, fornecem informações
estratégicas para a gestão de políticas e programas sociais, porque permitem tanto identificar e
quantificar os grupos sociais em risco de Insegurança Alimentar (IA) quanto os seus
determinantes e consequências.
De acordo com Alves Filho (2006), a EBIA foi colocada à disposição de
pesquisadores, gestores e representantes institucionais de políticas públicas. A interação
destes resultou na criação de uma rede interdisciplinar de estudo e pesquisa em segurança
alimentar e nutricional, a Rede Alimenta, estruturada para prover suporte descentralizado aos
gestores de políticas públicas nos âmbitos federal, estadual e municipal.
A Rede Alimenta é coordenada pela professora doutora Ana Maria Segall-Corrêa, do
Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da
Universidade de Campinas (UNICAMP), e é composta por pesquisadores da mesma
instituição e da Faculdade de Engenharia Agrícola (FEAGRI) da UNICAMP, além de
pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), do Mato Grosso (UFMT) e de
Brasília (UnB), do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA), e do Departamento
de Ciências da Nutrição da Universidade de Connecticut (EUA). Outros intercâmbios são
mantidos junto a pesquisadores das Universidades Federais do Paraná (UFPR), de Minas
Gerais (UFMG) e do Mato Grosso do Sul (UFMS) e ainda da Universidade Comunitária
Regional de Chapecó (Unochapecó).
De acordo com Segall-Corrêa e Salles-Costa (2008 apud GUERRERO, 2009), a EBIA
é um método de mensuração da situação alimentar domiciliar, que objetiva captar distintas
dimensões da IA, desde o receio de sofrer a privação alimentar no futuro, passando pelo
comprometimento da qualidade da dieta, limitação da qualidade de alimentos consumidos, até
o nível mais grave de fome já atingido.
A EBIA é aplicada diretamente a uma pessoa da família, que seja responsável pela
alimentação do domicílio, por meio de um questionário com questões fechadas composto por
15 (quinze) perguntas que possibilitam estimar a prevalência de segurança alimentar, que
classifica as famílias pesquisadas em quatro níveis6 (QUADRO 1).

6
(1) Segurança alimentar: quando não há restrição alimentar de qualquer natureza, nem mesmo a preocupação
com a falta de alimentos no futuro; (2) Insegurança Alimentar Leve: quando há preocupação ou incerteza quanto
ao acesso aos alimentos, ou seja, risco para a sustentabilidade e comprometimento da qualidade da dieta; (3)
Insegurança Alimentar Moderada: quando há restrições quantitativas especialmente relevantes entre pessoas
adultas e; (4) Insegurança Alimentar Grave: quando há redução importante da quantidade de alimentos
disponíveis, tantos aos adultos quanto às crianças.
23

Trata-se de uma ferramenta com excelente relação custo-efetividade que vem sendo
usada desde a década de 1990, em vários países.

QUADRO 1 – Questionário Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA)

01 Nos últimos 03 meses, o Sr. (a) teve preocupação que a comida acabasse antes que
pudesse comprar mais comida?
02 Nos últimos 03 meses, a comida acabou antes que o Sr. (a) tivesse dinheiro para
comprar mais?
03 Nos últimos 03 meses, o Sr. (a) ficou sem dinheiro para ter uma alimentação saudável e
variada?
04 Nos últimos 03 meses, o Sr.(a) teve que se arranjar com apenas alguns alimentos para
sua (s) criança (s)/adolescente(s), menores de 18 anos, porque o dinheiro acabou?
05 Nos últimos 03 meses, o Sr.(a) não pode oferecer a(s) sua(s) criança(s)/adolescentes(s),
menores de 18 anos, uma alimentação saudável e variada porque não tinha dinheiro?
06 Nos últimos 03 meses, a(s) criança(s)/adolescentes menores de 18 anos, não
comeu(comeram) quantidade suficientes porque não havia dinheiro suficiente para
comprar comida?
07 Nos últimos 03 meses, o Sr. (a) ou algum adulto em sua casa diminuiu, alguma vez, a
quantidade de alimentos nas refeições ou pularam refeições porque não havia dinheiro
suficiente para comprar comida?
08 Nos últimos 03 meses, o Sr.(a) alguma vez comeu menos do que achou que devia
porque não havia dinheiro suficiente para comprar comida?
09 Nos últimos 03 meses, o Sr.(a) sentiu fome mas não comeu porque não tinha dinheiro
suficiente para comprar comida?
10 Nos últimos 03 meses, o Sr.(a) perdeu peso porque não tinha dinheiro suficiente para
comprar comida?
11 Nos últimos 03 meses, o Sr.(a) ou qualquer outro adulto em sua casa ficou, alguma vez,
um dia inteiro sem comer ou, teve apenas uma refeição ao dia porque não tinha dinheiro
suficiente para comprar comida?
12 Nos últimos 03 meses, o Sr.(a) alguma (s) vez (es) diminuiu a quantidade de alimentos
das refeições de sua(s) criança(s)/adolescente(s) menores de 18 anos, porque não tinha
dinheiro para comprar comida?
13 Nos últimos 03 meses, alguma vez(es) o Sr.(a) teve que deixar de fazer uma refeição da
sua(s) criança(s)/adolescente(s), menores de 18 anos, porque não havia dinheiro para
comprar comida?
14 Nos últimos 03 meses, sua(s) criança(s)/adolescente(s), menores de 18 anos, teve
(tiveram) fome mas o Sr.(a) simplesmente não podia comprar mais comida?
15 Nos últimos 03 meses, sua(s) criança(s)/adolescente(s), menores de 18 anos, ficou
(ficaram) sem comer um dia inteiro porque não havia dinheiro para comprar comida?
Fonte: Segall-Corrêa e Leon (2009 apud SANTOS, 2011, p. 19).

A pontuação para a classificação dos níveis de segurança ou insegurança alimentar


(categorias descritas acima) das famílias entrevistadas dá-se pela somatória de valor 1 para
cada resposta afirmativa/positiva. A seguir, os pontos de corte que definem os diferentes
estratos, como mostra o QUADRO 2.
24

QUADRO 2 - Classificação dos níveis de Insegurança Alimentar (IA)

Nº de respostas afirmativas/positivas
Classificação
Famílias com menores de 18 anos Famílias com pessoas adultas
SA 0 0
IAL 1a5 1a3
IAM 6 a 10 4a6
IAG 11 a 15 7a8
Fonte: Segall-Corrêa e Salles-Costa (2008).

2.1.2 Avaliação da efetividade e gestão do programa Bolsa Família

O QUADRO 3 apresenta a segunda etapa da pesquisa, em que foram definidas


categorias de análise confrontadas com o nível de (in) segurança alimentar das famílias
auferido no EBIA. Esta etapa teve como objetivo de avaliar a efetividade do Programa Bolsa
Família na segurança alimentar das famílias. São indicadores baseados em pesquisas já
realizadas (BRASIL, 2008; TRALDI, 2011; SANTOS, 2011). As categorias de análise 6 e 7
não foram confrontadas e serviram como ferramentas auxiliares da análise.

QUADRO 3 – Categorias sociais e econômicas a serem confrontadas com os níveis de (in)


segurança alimentar auferidos na EBIA

INDICADOR A SER CATEGORIAS DE VARIÁVEIS DE ANÁLISE


CONFRONTADO COM AS ANÁLISE
VARIÁVEIS DE ANÁLISE
EBIA - Nível de (In) Renda Renda agrícola e não agrícola
Segurança Alimentar
EBIA - Nível de (In) Escolaridade Nível de escolaridade do chefe de
Segurança Alimentar família e do beneficiário
EBIA - Nível de (In) Trabalho Período de dedicação à
Segurança Alimentar propriedade (pluriatividade)
EBIA - Nível de (In) Perfil produtivo Nível de diversificação da
Segurança Alimentar produção
EBIA - Nível de (In) Autoconsumo Nível de autoconsumo
Segurança Alimentar
Perfil alimentar Discriminação das famílias por
realização das refeições diárias
Proteção social Auxílios recebidos
Fonte: Elaborado pela autora a partir de Almeida (2008), Traldi (2011) e Santos (2011).
25

Segundo Almeida (2008), a definição de um indicador ou de seu conjunto objetiva


identificar as características essenciais de uma determinada realidade e expressá-las na forma
de valores quantificáveis e/ou qualificáveis. No entanto, nenhum sistema de indicadores, por
mais complexo e sofisticado que seja, será capaz de representar a realidade exatamente como
ela é.
A avaliação da eficácia da gestão do PBF em Rio Verde (GO) foi a última etapa
realizada. Foram feitas entrevistas com os gestores da saúde, educação e assistência social que
integram a gestão local do programa com o objetivo de analisar a gestão do programa,
infraestrutura, recursos humanos e financeiros, comunicação, cadastramento,
condicionalidades, controle social, intersetorialidade, gestão compartilhada e segurança
alimentar. O roteiro das entrevistas pode ser melhor visualizado no ANEXO E.
Hoffmann e Kageyama (2008 apud KAGEYAMA, 2008) mostram que quando são
feitos simples cruzamentos entre algumas variáveis e a condição de segurança alimentar do
domicílio, os resultados sugerem que domicílios rurais e àqueles com atividade
exclusivamente agrícola têm maior chance de ter insegurança alimentar. A situação se inverte
quando são controlados os efeitos de outras variáveis, e com a utilização de um modelo mais
completo, em que considera outras variáveis além da renda, como educação, idade, região e
raça. O estudo em questão, como pode ser visto na metodologia apresentada, não fará apenas
simples cruzamentos entre certas variáveis e sim utilizará um modelo mais completo.

2.2 CARACTERIZAÇÃO DO UNIVERSO EMPÍRICO: RIO VERDE (GO)

Rio Verde foi fundada em 1854, pertence à microrregião Sudoeste do estado de Goiás,
como pode ser visto na FIGURA 2, e possui 8.379,661 km² de extensão territorial. No último
censo, a população era de 176.424 habitantes, sendo 163.540 na área urbana e 12.884 na área
rural e a estimativa em julho 2013 apontava uma população de 197.048 habitantes (BRASIL,
2010b).
Com a instalação do segundo maior complexo agroindustrial da América Latina em
1997 (na época era o maior), o município tornou-se atrativo para novas empresas e grandes
indústrias, mas nunca abandonou a atividade agropecuária que deu início à sua história, cada
vez mais moderna e tecnificada. O turismo local se baseia em feiras (Tecnoshow Comigo,
Sudoexpo e Exposição Agropecuária), em eventos ligados ao agronegócio, ecoturismo,
rodeios e recepção de turismo de negócios.
26

De acordo com o censo educacional de 2012 do Instituto Nacional de Estudos e


Pesquisas Educacionais (INEP) (BRASIL, 2012a), naquele ano o município contava com
mais de 76 (setenta e seis) escolas de ensino fundamental, 19 (dezenove) escolas de ensino
médio e 51 (cinquenta e uma) escolas de ensino pré-escolar.
Conta ainda com 04 (quatro) instituições de ensino superior e quatro centros de ensino
profissionalizante. Observa-se que mesmo com tantas escolas, cursos técnicos disponíveis e
superiores, os jovens têm apresentado dificuldades de se qualificarem, devido aos horários de
estudo e trabalho serem inconciliáveis pela maioria, que trabalha nas agroindústrias do
segmento de carnes e processamento de grãos. A indisponibilidade de mão-de-obra
qualificada é a principal queixa dos empresários locais, os quais importam essa mão-de-obra
de outras regiões do país, principalmente do Sul e Nordeste.

FIGURA 2 - Mapa do município de Rio Verde (GO)

Fonte: Laboratório de Inteligência Geográfica do IF Goiano, Campus Rio Verde (2013).

De acordo com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de


Goiás (EMATER), no recente crescimento do agronegócio brasileiro, o município de Rio
27

Verde (GO) tem se destacado por contar com uma importante estrutura agroindustrial e
cooperativa agrícola (GOIÁS, 2013a). O município é um importante produtor de arroz, soja,
milho, algodão, sorgo, feijão, girassol, conta ainda com um importante plantel bovino, avícola
e suíno. Destaque também para o processamento industrial de carnes de aves e suínos,
indústrias no segmento de embalagens metálica, plástica e celulose, bem como também de
implementos rodoviários.
Segundo a Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento (SEGPLAN), através do
Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (IMB), com referência aos
dez maiores municípios em valor adicionado da agropecuária, o município de Rio Verde
liderou o setor em 2011, com 6,0% (GOIÁS, 2012). Na agricultura, o aumento decorreu
principalmente do crescimento no valor adicionado da soja, milho, sorgo e café. Merece
destaque o desempenho na silvicultura, atividade em que o município saltou de 6,3% da
produção estadual em 2010, para 20,0% em 2011, devido à maior produção de lenha. Na
pecuária, o destaque foi o crescimento no efetivo de aves e suínos.
Nos últimos anos, o município de Rio Verde vem se consolidando como um dos
principais polos agroindustriais de Goiás, pela forte inter-relação entre os segmentos
produtivos da agropecuária e da agroindústria, com emprego de novas tecnologias, que de
certo modo têm tornado esta relação bastante competitiva.
Segundo (BRASIL, 2010b), Rio Verde apresentava um PIB de pouco mais de 4
bilhões e 160 milhões de reais − o quarto maior do estado de Goiás, o que dividido pelo seu
número de habitantes lhe dá um produto por habitante de R$ 23.571,97. Em 2011 não houve
mudanças nas posições em relação ao ano de 2010. Houve ganho de participação do
município de Rio Verde, que saiu de 4,3%, em 2010, para 5,0% o que se deve ao aumento de
participação na indústria de transformação e na atividade de construção civil (FIGURA 3). Na
indústria de transformação, o incremento resultou da maior produção, principalmente, de
óleos vegetais.
Em relação ao Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), Rio Verde
está acima da média nacional com o índice de 0,754 no geral, como pode ser visto no
QUADRO 4, sendo que em nível nacional a média é 0,727. O município possui o sexto
melhor IDHM do estado, situado na faixa de desenvolvimento humano alto.
28

FIGURA 3 – Mapa dos municípios de destaque no PIB 2011

Fonte: Organizado por Queiroz Junior (2013).

QUADRO 4 – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

Índice de Desenvolvimento Humano Municipal


1991 2000 2010
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) 0,488 0,633 0,754
IDHM – Educação 0,265 0,444 0,656
IDHM – Longevidade 0,687 0,802 0,853
IDHM – Renda 0,638 0,713 0,765

Fonte: Adaptado de Goiás (2013c).

O município é conhecido como a capital do agronegócio por ser um dos maiores


produtores de grãos do país. É conhecida como uma cidade rica, onde impera o modelo
produtivista. No último censo agropecuário 2006, foram identificados 1.313 estabelecimentos
29

da agricultura familiar7 e 976 da agricultura não familiar no município. Estes agricultores


familiares ocupavam uma área plantada de 45.304 hectares, enquanto os não familiares
ocupavam uma área de 576.373 hectares (BRASIL, 2006b).
Os dados do censo apresentam uma estrutura fundiária bastante concentrada no
município, apesar de apresentarem 57,36% do total dos estabelecimentos, os agricultores
familiares ocupavam apenas 7,29% da área plantada, e os não familiares ocupavam 92,71%.
No decorrer da pesquisa percebeu-se uma carência de dados estatísticos da Secretaria
Municipal de Agricultura onde apresente um mapeamento das atividades desenvolvidas pelos
agricultores do município.
Dentre as famílias entrevistadas com domicílios em assentamentos rurais, a pesquisa
apontou que na safra de 2012/2013, 51% exploravam a atividade agrícola, 31% exploravam a
pecuária e 18% não plantaram nesta safra. Vale ressaltar que essas famílias que não plantaram
não relataram desenvolver outras atividades e estavam sobrevivendo apenas do PBF e da
ajuda de familiares e amigos.
O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, elaborado pela agência do IBGE
de Rio Verde em fevereiro de 2014, aponta que mais de 50% da área plantada foi destinado à
soja, o que pode ser visualizado no QUADRO 5, que traz um comparativo entre a safra
2012/2013 e 2013/2014.
Segundo Macedo (2013), a taxa média de crescimento da população urbana do
município na década de 1990 foi de 2,6%. As transformações em sua base econômica a partir
do final da década de 1990 ampliaram-lhe os fluxos migratórios, o que contribuiu para o
rápido crescimento demográfico da cidade e resultou em uma impressionante taxa de
crescimento de sua população urbana de 4,4% nesta primeira década do século XXI, mais que
o dobro da região Centro-Oeste (2,1%) e superior à do estado de Goiás (1,6%) e do Brasil
(1,6%).
Esse crescimento urbano foi responsável pelo aumento das pressões sociais por
infraestrutura e serviços coletivos. Apesar de ser conhecido como um município com altos
índices de produtividade e crescimento econômico, essa “riqueza” não afasta do município os
problemas vivenciados por outras cidades do Brasil, como a miséria e a violência.

7
Enquadrados de acordo com a Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006 (BRASIL, 2006a).
30

QUADRO 5 – Levantamento sistemático da produção agrícola – comparativo entre as safras


2012/2013 e 2013/2014

SAFRA 2012/2013 SAFRA 2013/2014

CULTURAS Área Rendimento Produção Área Rendimento Produção


Plantada Médio (t) Plantada Médio (t)
(ha) (kg/ha) (ha) (kg/ha)
Algodão-1ª 435 4.501 1.958 200 4.500 900
safra
Algodão-2ª - - - - - -
safra
Arroz 600 2.900 1.740 300 1.800 540
sequeiro
Feijão-1ª 4.000 2.480 9.920 4.200 2.700 11.340
safra
Feijão-2ª 2.000 1.500 3.000 500 2.400 1.200
safra
Feijão-3ª 310 3.097 960 - - -
safra
Milho 3.000 9.600 28.800 1.000 9.000 9.000
Milho 210.000 4.800 1.008.000 200.000 5.500 1.100.000
safrinha
Girassol 300 1.500 450 1.000 1.500 1.500
Soja 290.000 3.000 870.000 300.000 2.700 810.000
Sorgo 25.000 2.800 70.000 30.000 3.000 90.000
granífero
Melancia 260 40.000 10.400 - - -
Trigo irrigado - - - - - -
Cana-de- 36.950 86.000 2.614.400 38.000 85.000 3.230.000
açúcar 30.400
Fonte: Elaborado pela autora a partir de dados do IBGE (BRASIL, 2014a).

O crescimento econômico acelerado do município provocou elevação do custo de


vida, crescimento do déficit habitacional, elevação dos índices de criminalidade. Entre estes
problemas citados, observa-se também o agravamento do transporte público que é insuficiente
para atender a demanda crescente e problemas de infraestrutura e mobilidade urbana. O
Município apresenta também número elevado de famílias em situação de vulnerabilidade
social, o que pode ser constatado segundo dados do Relatório de Informações Sociais
31

divulgados pelo MDS com base no banco de dados do Cadastro Único8 (CadÚnico). Havia
24.636 famílias registradas em dezembro de 2013 e 6.972 famílias beneficiárias do Programa
Bolsa Família (11,85% da população do município) (BRASIL, 2014c).
Conforme relatório divulgado pelo MDS baseado nos dados do censo de 2010, 7.034
das pessoas residentes no município se encontravam em situação de extrema pobreza
conforme GRÁFICO 1, ou seja, com renda domiciliar per capita abaixo de R$ 70,00, o que
representa 4,0% da população (BRASIL, 2014d). Do total de extremamente pobres, 545
(7,7%) viviam no meio rural e 6.489 (92,3%) no meio urbano. Outro dado importante que o
censo revelou do município foi das crianças na extrema pobreza na faixa de 0 a 3 anos,
87,60% não estavam frequentando creches.

GRÁFICO 1 - Distribuição percentual da população extremamente pobre por faixa etária

35,49%

16,32% 17,44%
9,75% 10,52%
5,93% 4,55%

0 a 03 4a5 6 a 14 15 a 17 18 a 39 40 a 59 65 ou
mais

Fonte: Adaptado de (BRASIL, 2014d).

Segundo Kageyama (2008), o desenvolvimento não é identificado com crescimento


econômico, mas sim como um processo que envolve múltiplas dimensões: a econômica, a
sociocultural, a político-institucional e a ambiental.
Pode-se perceber que o município apresenta apenas um crescimento econômico que
não se traduz também em desenvolvimento, mesmo tendo alguns índices favoráveis como a
produtividade de grãos, arrecadação de impostos, PIB e IDHM. As múltiplas dimensões
8
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, o Cadastro Único é um instrumento de
identificação e caracterização socioeconômica das famílias de baixa renda, entendidas como aquelas com renda
igual ou inferior a meio salário mínimo por pessoa (per capita) ou renda familiar mensal de até três salários
mínimos. Suas informações podem ser utilizadas pelos governos federal, estaduais e municipais para obter
diagnóstico socioeconômico das famílias cadastradas, para, desta forma, possibilitar a análise das suas principais
necessidades (BRASIL, 2013c).
32

citadas que envolvem o desenvolvimento não são observadas no cenário atual, que apresenta
ainda problemas como desigualdade social, desigualdade no acesso a terra e número elevado
de pessoas em situação de extrema pobreza. A estatística apresentada pelos órgãos oficiais
locais indica que o número de famílias em situação de vulnerabilidade social tem aumentado,
o que remete à ideia de que este crescimento econômico ainda não proporcionou redução da
miséria.

2.3 POLÍTICAS PÚBLICAS

O debate sobre políticas públicas envolve vários atores com interesses diversos e como
resultado tem-se a política propriamente dita. Estão inseridos os cientistas políticos, com o
papel de questionar a importância e validade de tais políticas públicas, o governo e a
sociedade representada por grupos de interesses. Essa última é responsável pela demanda e o
governo pelo debate em plenário, pela formulação, aprovação e, em uma última instância, a
avaliação, para se verificar se de fato houve eficiência, eficácia e efetividade dessas políticas
públicas.
Fazer política pública exige no mínimo o atendimento de demandas sociais da
população, necessitando-se de apoio político para aprovação da mesma, envolvendo grupos de
interesses, com reflexos em alguns setores da economia.
Segundo Bobbio (2000), o termo política ganhou evidência em função da obra de
Aristóteles, também denominada Política. O termo é uma derivação do adjetivo polis, quer
seja, tudo que se refere à cidade, aos seus cidadãos, tanto civil, quanto público e social.
Outrora, Bobbio (2000, p. 159) esclarece ainda que o termo política era utilizado
apenas para designar “[...] obras dedicadas ao estudo daquela esfera da atividade humana que
de algum modo faz referência às coisas de Estado [...]”. Atualmente, o termo é utilizado para
designar a polis enquanto sujeito, que comanda ou proíbe algo, ou é utilizado como objeto,
campo das ações, como “[...] conquistar, manter, defender, ampliar, reforçar, derrubar o poder
estatal” (BOBBIO, 2000, p. 160).
Lowi (2004 apud SOUZA, 2007, p. 68) fornece uma definição clássica sobre a política
pública: “[...] é uma regra formulada por alguma autoridade governamental que expressa uma
intenção de influenciar, alterar, regular, o comportamento individual ou coletivo através do
uso de sanções positivas ou negativas”.
33

O termo política pública deriva do inglês public policy. Os primeiros estudos sobre o
tema surgiram na Europa e nos Estados Unidos, mas com enfoques diferentes. Souza (2007)
afirma que é na Europa que a política pública surge a partir de estudos das teorias explicativas
sobre o papel do Estado e do governo; já nos Estados Unidos não se estabelecem relações
com as bases teóricas sobre o papel do Estado, enfatizando-se os estudos sobre a ação dos
governos.
A área de políticas públicas contou com quatro grandes “pais” fundadores: H. Laswell,
H. Simon, C. Lindblom e D. Easton. Em 1936 Laswell introduz a expressão policy analysis
(análise de política pública), como forma de conciliar o conhecimento científico e acadêmico
e estabelecer o diálogo entre cientistas sociais, grupos de interesse e governo.
Simon (1957 apud SOUZA, 2007) introduziu o conceito de racionalidade limitada dos
decisores públicos. Para ele a racionalidade dos decisores é sempre limitada por problemas
como informação incompleta, tempo para tomada de decisão, auto-interesse. Segundo ele, a
racionalidade pode ser maximizada até um ponto satisfatório pela criação de um conjunto de
regras e incentivos que enquadrem o comportamento dos atores e modelem esse
comportamento na direção de resultados desejados.
Já Lindblom (1959-1979 apud SOUZA, 2007), questionou o racionalismo de Simon e
propôs a incorporação de outras variáveis à formulação e à análise de políticas públicas, tais
como as relações de poder e a integração entre as diferentes fases do processo decisório. A
incorporação de outros elementos à sua formulação e à sua analise além de racionalidade,
como o papel das eleições, das burocracias, dos partidos e dos grupos de interesse.
A contribuição para a área de Easton (1965 apud SOUZA, 2007) foi definir política
pública como um sistema, como uma relação entre formulação, resultados e o ambiente.
Segundo ele os inputs recebidos dos partidos, da mídia e dos grupos de interesse influenciam
os resultados das políticas públicas.
De acordo com Frey (1999), o termo “política” em língua inglesa possui três
dimensões de significação: uma dimensão institucional (polity), uma dimensão processual
(politics) e uma dimensão material (policy/policies).
A abordagem utilizada no presente estudo refere-se à dimensão institucional e
material, ou seja, à materialização das propostas inseridas nos programas políticos,
relacionadas com os problemas técnicos e imediatos para atender as demandas da sociedade .
Nesse sentido, Easton (1970 apud RUA, 1998) exemplifica vários tipos de demandas
da sociedade onde,
34

[...] as demandas podem ser, por exemplo, desde reivindicações de bens e serviços,
como saúde, educação, estradas, transportes, segurança pública, normas de higiene e
controle de produtos alimentícios, previdência social, etc. Podem ser, ainda, as
demandas de participação no sistema político, como reconhecimento de voto dos
analfabetos, acesso a cargos públicos para estrangeiros, organização de associações
políticas, direitos de greve, etc. Ou ainda, demandas de controle da corrupção, de
preservação ambiental, de informação política, de estabelecimento de normas para o
comportamento dos agentes públicos e privados, etc. (EASTON, 1970 apud RUA,
1998, p. 2).

Dessa forma, fica evidente que os gestores de políticas públicas são influenciados pela
pressão e mobilização da sociedade civil no que tange ao atendimento das demandas sociais.
Pode-se então resumir política pública como, “[...] o campo do conhecimento que
busca, ao mesmo tempo, colocar o governo em ação e/ou analisar essa ação (variável
independente) e, quando necessário, propor mudanças no rumo ou no curso dessas ações
(variável dependente).” (SOUZA, 2007, p. 69).
Não existe definição única sobre o que seja política pública. Mead (1995 apud
SOUZA, 2007, p. 68) “[...] a define como sendo um campo dentro do estudo da política que
analisa o governo à luz de grandes questões públicas”. Segundo Souza (2007, p. 69), “[...]
definições de políticas públicas, mesmo as minimalistas, guiam o nosso olhar para o lócus
onde os embates em torno de interesses, preferências e ideias se desenvolvem, isto é, os
governos”.
Ainda segundo Souza (2007), a política pública em geral e a política social, em
particular, são campos multidisciplinares, mas cada qual adota um foco diferente. Poucas
vezes tem-se clareza de que existem distinções importantes nos seus focos e entre os estudos
de políticas públicas e sobre políticas sociais. Enquanto estudos em políticas públicas
concentram-se no processo e em responder questões como “por quê” e “como”, os estudos em
políticas sociais tomam o processo apenas como “pano de fundo” e se concentram nas
consequências da política, ou seja, o que a política faz ou fez.
De acordo com Souza (2007), dentro do campo da política pública, alguns modelos
foram desenvolvidos para se entender melhor como e por que o governo faz ou deixa de fazer
alguma ação que produzirá resultados ou mudanças na vida dos sujeitos. Apresentar-se-á a
seguir apenas o tipo e o ciclo da política pública que estão entre os principais.
Talvez a mais conhecida tipologia sobre política pública seja a desenvolvida por Lowi
(1964-1972 apud SOUZA, 2007), elaborada por meio de uma máxima: a política pública faz a
política. A política pode assumir quatro formatos. O primeiro é o das políticas distributivas,
em que decisões tomadas pelo governo desconsideram a questão dos recursos limitados,
gerando efeitos individuais, ao privilegiar certos grupos ou regiões. O segundo é o das
35

políticas regulatórias, mais visíveis ao público, envolvendo burocracia, políticos e grupos de


interesse. O terceiro é o das políticas redistributivas, que atingem o maior número de pessoas
e impõem perdas concretas no curto prazo para certos grupos sociais e ganhos incertos para
outros no futuro. E por fim, as políticas constitutivas, que lidam com procedimentos. Cada
uma dessas políticas vai encontrar diferentes formas de apoio e de rejeição, processando-se
dentro do sistema político de forma também diferente.
Souza (2007, p. 74) define que o modelo ciclo da política pública “[...] vê a política
como um ciclo deliberativo, formado por vários estágios e constituindo um processo dinâmico
e de aprendizado”. O ciclo da política pública é constituído dos seguintes estágios: agenda
(quando um problema chama a atenção da política); formulação (quando o governo formula
opções para um problema); decisão (escolha das opções); implementação (quando o governo
coloca ação em prática) e avaliação (os resultados são monitorados pelo governo e atores
sociais).
Ao completar o ciclo com o estágio de avaliação, a política pode então ser encerrada
ou voltar ao seu estágio inicial. Dentro do ciclo da política pública, a avaliação destaca-se
como um instrumento valioso para a gestão.

2.4 POLÍTICAS DE TRANSFERÊNCIA DE RENDA

Os programas de transferência de renda começaram a ser desenvolvidos em vários


países da Europa a partir dos anos 1930. No Brasil, a temática dos programas de transferência
de renda ganha espaço e tem seu desenvolvimento a partir dos anos 1990. Na ocasião, houve a
aprovação de leis importantes como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a Lei
Orgânica de Assistência Social (LOAS).
Desde então, a transferência de renda caracteriza-se como uma transferência monetária
direta a indivíduos ou a famílias. No caso brasileiro e de várias experiências da América
Latina, são programas focalizados em segmentos pobres da população e têm sua prestação
condicionada a determinadas exigências.
No final do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso (1999-2003), foram
lançadas algumas políticas voltadas para melhoria da renda e da qualidade de vida da
população mais pobre: Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), Agente Jovem,
Sentinela, Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Cartão-Alimentação e Auxílio-Gás.
36

No primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, foi criado o Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), que centralizou as ações dos programas
sociais geridos pelo governo federal. O principal avanço foi a unificação dos programas de
transferência de renda. O governo incorporou e integrou, em um único programa, as ações
públicas nas áreas de assistência social, segurança alimentar e nutricional, saúde, educação
infantil e transferência de renda: o Programa Bolsa Família.
O governo Dilma lançou, em 2011, o programa Brasil Sem Miséria, cujo principal
foco de atuação são os 16 milhões de brasileiros, com renda familiar per capita inferior a R$
70,00 mensais, visando sua inserção na cidadania. O mesmo tem ações nacionais e regionais,
baseadas em três eixos: a) garantia de renda; b) inclusão produtiva e c) acesso a serviços
públicos. Houve uma continuidade dessas políticas no governo, havendo apenas algumas
alterações, como por exemplo de “Fome Zero” para “Brasil Sem Miséria”, abrangência do
número de pessoas a serem atingidas e ampliação de alguns programas.
Os programas de transferência de renda surgiram como uma alternativa para combater
a pobreza. Eles foram concebidos segundo a ideia de que o beneficiário tem a autonomia para
definir como melhor utilizar o benefício por saber quais são suas necessidades mais urgentes
(SANTANA, 2007).
De acordo com Schottz (2005 apud TRALDI, 2011), apesar de os programas de
transferência de renda terem conquistado avanços como uma estratégia de combate à fome e à
pobreza, como outras políticas de intervenção no Brasil, ainda eram caracterizados pela
fragmentação, pelo frágil controle social, sobre focalização de beneficiários e duplicação de
recursos.
As políticas de transferência de renda podem ter papel relevante na melhoria das
condições sociais das famílias rurais beneficiárias, especialmente entre aqueles em situação de
extrema pobreza.

2.5 AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

De acordo com o UNICEF (1990 apud CUNHA, 2006), avaliação constitui exame
sistemático e objetivo de um projeto ou programa, finalizado ou em curso, que contemple o
seu desempenho, implementação e resultados, com vistas à determinação de sua eficiência,
efetividade, impacto, sustentabilidade e relevância de seus objetivos.
37

O objetivo da avaliação é orientar os tomadores de decisão, no que diz respeito à


continuidade, necessidade de correções ou mesmo suspensão de uma determinada política ou
programa.
Segundo Almeida (2008), a avaliação tem sido instrumento valioso de gestão para o
conhecimento e a viabilização de programas e projetos, para o redirecionamento, quando se
fizer necessário, de seus objetivos, até mesmo para a reformulação de rumos e propostas,
fornecendo subsídios para tomadas de decisão. A avaliação das políticas não pode ser apenas
um instrumento de aperfeiçoamento ou redirecionamento dos programas empreendidos pelo
governo, mas, principalmente, uma ferramenta capaz de prestar contas à sociedade das ações
governamentais.
Conforme Silva (1999), o motivo mais imediato do interesse pela avaliação de
atividades de governo seria a preocupação com a efetividade, isto é, com a aferição dos
resultados esperados e não esperados alcançados pela implementação dos programas. O
segundo motivo seria o de entender o processo pelo qual os programas alcançaram ou não
esses resultados, analisando a dinâmica da intervenção estatal e os problemas concretos
advindos da implementação. Outros motivos relevantes seriam a aprendizagem organizacional
das instituições públicas sobre suas atividades, a tomada de decisão sobre a continuidade ou
não dos programas e, ainda, a transparência, qualidade e accountability na gestão dos recursos
públicos (responsabilização dos gestores por decisões e ações implementadas).
Benini et al (2011) destacam que:

O referencial de Análise de Política Pública surgiu nos Estados Unidos nas décadas
de 1960-1970, em função do crescente interesse dos fazedores de política (policy
makers) e dos acadêmicos em explicar o processo de elaboração das políticas
públicas (BENINI et al, 2011, p. 334).

Para Santos (2011), avaliar política pública, além de ser um instrumento capaz de
melhorar ou corrigir a gestão governamental, mostra-se uma ferramenta de incremento da
transparência das ações dos governantes. Analisar tais políticas, focando apenas em suas
metas e resultados quantificados, pode incorrer em apreciação parcial de sua significância.
Deve-se também levar em consideração o aspecto qualitativo do resultado alcançado.
Contudo, eficiência, eficácia e impacto são conceitos importantes, pois promovem a
interpretação conjunta, com vistas à correlação, de etapas distintas da política pública. São
elas: planejamento, desenvolvimento e execução.
38

Eficiência, eficácia e efetividade são conceitos comumente usados quando se fala em


avaliação de políticas públicas. É necessário fazer a distinção destes conceitos, pois
normalmente são tratados de forma igual.
Para Belloni, Magalhães e Sousa (2001, p. 62), “[...] a eficiência diz respeito ao grau
de aproximação e à relação entre o previsto e o realizado, no sentido de combinar os insumos
e os implementos necessários à consecução dos resultados visados”. Assim, de acordo com
estes autores,

A eficácia corresponde ao resultado de um processo, entretanto contempla também a


orientação metodológica adotada e a atuação estabelecida na consecução dos
objetivos e metas, em um tempo determinado, tendo em vista o plano, programa ou
projeto originalmente exposto (BELLONI; MAGALHÃES; SOUSA, 2001, p. 62).

E por último, traduzem a efetividade como o conceito que revela em que medida a
correspondência entre os objetivos traçados em um programa e seus resultados foram
atingidos (BELLONI; MAGALHÃES; SOUSA, 2001).
Conforme Santos (2011), na implementação de uma política pública, há etapas a serem
percorridas, as quais se iniciam com o reconhecimento do problema, sendo este conduzido a
uma agenda com especificações de objetivos e a indicação das formas adequadas de condução
da ação pública. Daí, então, chega-se à etapa da implementação, de fato, da política,
observando-se diretrizes e prazos previamente estabelecidos. A avaliação da política dá-se por
métodos que verificam o seu impacto, se as metas estão sendo cumpridas, se há algo a ser
redirecionado, sua eficácia social, isto é, sua capacidade de alterar as relações sociais e sua
eficiência, ou seja, se apresenta eficácia maior em relação a outras políticas que visem aos
mesmos objetivos.
Para Cavalcanti (2006), a avaliação é um instrumento de fundamental importância
para a tomada de decisão dos gestores públicos, no entanto, ainda há dúvidas sobre os
modelos a serem adotados, tendo em vista que os resultados, muitas vezes, são parciais e
irrelevantes (devido, muitas vezes, à morosidade de sua execução). Contudo, tais dificuldades
reforçam o reconhecimento de que a avaliação de políticas públicas não deve se restringir
apenas a um modelo, e deve abordar os processos, resultados e impactos. Nesse sentido, o
esforço de seleção de variáveis de análise e de construção de indicadores é fundamental.
Jannuzzi (2005 apud TRALDI, 2011) ressalta a importância dos indicadores9 como
instrumentos que permitem “revelar” a eficácia e a efetividade social dos programas.

9
Um indicador consiste em um valor usado para medir ou acompanhar a evolução de algum fenômeno ou o
resultado de processos sociais. Indicadores podem ser produzidos com base em resultados de pesquisas de
39

De acordo com Traldi (2011), para avaliação dos resultados da eficácia há um conjunto
de indicadores que permite entender e avaliar o resultado concreto da política pública através de:
indicadores quantitativos (objetivos) − valores quantificáveis, como cifras absolutas, taxas,
proporções, médias, índices ou distribuições por classes, que permitem mensurar os efeitos
(respostas) concretos da ação da política; e indicadores qualitativos (subjetivos) − que dizem
respeito a uma apreciação, a um juízo de valor que um indivíduo ou um grupo de pessoas faz
da ação da política.
Nos últimos anos no Brasil, a gestão pública vem utilizando os indicadores de políticas
públicas como resposta ao interesse da sociedade que tem buscado acompanhar e fiscalizar o
gasto público, exigindo o uso mais eficiente, eficaz e efetivo do mesmo. A legislação vigente
e as novas tecnologias de informação contribuem para a disseminação da informação
administrativa compilada por órgãos públicos e a informação estatística produzida pelas
agências especializadas.

2.6 SEGURANÇA ALIMENTAR E RURALIDADES

O termo “segurança alimentar” começou a ser utilizado após o fim da Primeira Guerra
Mundial. Com a traumática experiência da guerra vivenciada na Europa, tornou-se claro que
um país poderia dominar o outro, controlando seu fornecimento de alimentos. A alimentação
seria, assim, uma arma poderosa, principalmente se aplicada por uma potência a um país que
não tivesse a capacidade de produzir por conta própria e, suficientemente, seus alimentos.
Portanto, esta questão adquiria um significado de segurança nacional para cada país,
apontando para a necessidade de formação de estoques “estratégicos” de alimentos e
fortalecendo a ideia de que a soberania de um país dependia de sua capacidade de
autossuprimento de alimentos (MALUF; MENEZES, 2000).
Há uma larga tradição no tratamento da problemática alimentar na América Latina. No
Brasil, destacam-se as análises pioneiras e clássicas de Josué de Castro − um dos fundadores
da Organização para Agricultura e Alimentação das Nações Unidas (FAO) − sobre o
fenômeno da fome, ainda na década de 1930. Mas, somente em 1986, o objetivo da segurança
alimentar apareceu, pela primeira vez, entre os elementos definidores de uma proposta de

avaliação e estes também expressam certas condições relativas à estrutura, processos e resultados (indicadores de
impactos e efeitos) de acordo com as dimensões do estudo a partir do qual são produzidos (DRAIBE, 2001 apud
ALMEIDA, 2008).
40

política de abastecimento alimentar, sendo formulada por uma equipe de técnicos a convite do
Ministério da Agricultura, tendo poucas consequências na prática.
No Brasil, em 1991, divulgou-se a proposta de uma Política Nacional de Segurança
Alimentar elaborada pelo Governo Paralelo10, com um impacto inicial restrito. No início de
1993, ao ser aceita pelo Governo Itamar Franco como uma das fundamentações para a
instalação do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (CONSEA), contribuiu para a
definitiva introdução da questão agroalimentar e da fome como temas prioritários na agenda
política nacional (MALUF; VALENTE, 1996).
Somente em 2010 foram estabelecidas a regulamentação da Lei Orgânica de
Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN) 11 e a instituição da Política Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN), através do Decreto n°. 7.272, de 25 de agosto
de 2010, assim como a incorporação da alimentação aos direitos sociais previstos na
Constituição Federal de 1988, por meio da Emenda Constitucional n°. 64, de 04 de fevereiro
de 2010. Com a regulamentação da LOSAN, instituiu-se a PNSAN que estabelece, entre as
diretrizes que deverão nortear a elaboração do Plano Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional, o monitoramento da realização do direito humano à alimentação adequada.
(BRASIL, 2010a).
A identificação e mensuração da Segurança Alimentar e Nutricional possui múltiplas
dimensões. De acordo com Kepple (2010 apud BRASIL, 2010a), disponibilidade do alimento
significa a oferta de alimentos para toda a população e depende da produção, importação,
sistemas de armazenamento e distribuição, o acesso físico e econômico aos alimentos, além
de depender da política de preços e da renda familiar. Ainda, segundo este autor, a
estabilidade é uma das dimensões que é decisiva para a definição da situação de segurança ou
insegurança alimentar das famílias, que implica no grau de perenidade da utilização, acesso e
disponibilidade dos alimentos. Esta dimensão envolve a sustentabilidade social, econômica e
ambiental, e demanda o planejamento de ações pelo poder público.
Segundo Almeida et al (2006), deve ser posto em pauta o conceito mais amplo de
SAN, o qual deve estar ligado a elementos e/ou valores fundamentais da população.
De acordo com Paulillo e Pessanha (2009), esses valores pertencem a cinco eixos:

10
O Governo Paralelo foi uma iniciativa do Partido dos Trabalhadores, em 1990, visando gerar propostas
alternativas de governo.
11
Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006, que cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
(SISAN) com vistas a assegurar o direito humano à alimentação adequada. Segundo esta lei, a segurança
alimentar e nutricional consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de
qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como
base práticas alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental,
cultural, econômica e socialmente sustentáveis.
41

a) Eixo da saúde: com suas dimensões dietética e farmacêutica, ligadas à


composição nutricional dos alimentos;
b) Eixo da higiene e da seguridade dos alimentos: ausência de elementos tóxicos ou
nocivos;
c) Eixo ecológico ou orgânico: que corresponde à produção de alimentos sem riscos
tóxicos e à reivindicação do respeito ao meio ambiente, pois a demanda alimentar
concerne tanto à qualidade do alimento quanto à maneira de produzi-lo, e a
ecologia é um valor crescente nos hábitos de vida da população;
d) Eixo da autenticidade: que se refere aos valores naturais e tradicionais da
produção agroalimentar, à valorização da origem dos produtos e à especificação
do processo produtivo;
e) Eixo da solidariedade: no qual os valores morais e ideológicos impulsionam a
participação da população bem nutrida em ações humanitárias no processo de
consumo, pela aquisição de um produto socialmente correto.

Este entendimento foi reafirmado na Lei Orgânica de Segurança Alimentar e


Nutricional (LOSAN), aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente da
República em 15 de setembro de 2006. Segundo Paulillo e Alves (2009),

[...] a segurança alimentar vai além do acesso à renda, porque é um elemento


fundamental de inclusão social. Isso significa fazer com que as camadas sociais
marginalizadas tenham acesso a direitos básicos (como emprego, educação, saúde,
etc.) e possam participar das decisões que afetam suas vidas. Para estes autores
muitas dessas decisões podem ocorrer em nível local. Câmaras setoriais pluralistas,
governos municipais com gestão participativa em áreas rurais e urbanas,
condomínios de agricultores e trabalhadores rurais são alguns exemplos de formação
desses novos campos de decisão (PAULILLO; ALVES, 2009, p. 9).

No Brasil, mesmo as regiões com produções agroindustriais relevantes não resolveram


as questões de segurança alimentar. O universo empírico estudado destaca-se como um dos
maiores produtores de grãos do país e, no entanto 4% da população em 2010 apresentava
situação de extrema pobreza. Esses dados contribuem para a afirmação de Paulillo e Alves
(2009) de que a presença de grandes cadeias agroalimentares em uma região não garante a
redução da fome.
Paulillo e Alves (2009) defendem que certas questões acerca do bem-estar social dos
lugares, como a insegurança alimentar, podem ser atenuadas por políticas públicas
direcionadas a cada região. A história dos lugares abrange a cultura regional, as regras, as
42

convenções, fazendo com que a operação das políticas agroalimentares requeira soluções
diferenciadas.
Segundo (BRASIL, 2010a), a insegurança alimentar das famílias do rural é maior do
que a urbana em nível nacional. Esses dados apontam para o que foi levantado por Paulillo e
Alves (2009), que defendem a criação de políticas de segurança alimentar direcionadas. Neste
sentido, fortalece-se também a ideia de que as famílias rurais possuem prioridades
diferenciadas, e o gasto com o benefício nem sempre é destinado à alimentação, devido à
especificidade e peculiaridades do rural e a efetividade dos Programas de Segurança
Alimentar, no caso o PBF, é diferente do urbano.
Em seu estudo, Wanderley (2009) aponta que as profundas transformações resultantes
dos processos sociais mais globais – a urbanização, a industrialização, a modernização da
agricultura – não se traduziram por nenhuma “uniformização” da sociedade, provocando
assim, o fim das particularidades de certos espaços. A modernização, em seu sentido amplo,
redefine, sem anular, as questões referentes à relação campo/cidade.
Wanderley (2009) pondera ainda que,

[...] o recorte rural-urbano, em suas novas e modernas formas, permanece como um


recorte pertinente para analisar as diferenças espaciais e sociais das sociedades
modernas, apontando não para o fim do mundo rural, mas para a emergência de uma
nova ruralidade. (WANDERLEY, 2009, p. 205).

Assim, de acordo com Wanderley (2009), nas sociedades modernas, reduziram-se as


diferenças mais gritantes entre as condições de vida dos habitantes da zona rural e os da
urbana. Assim sendo, a paridade social atingida tornou atrativa a vida no campo para muitos
citadinos que, sem renunciar às vantagens e facilidades do progresso “urbano”, procuram ao
mesmo tempo beneficiar-se da qualidade de vida associada à vida rural. Esta autora ressalta
que,

[...] é preciso considerar, porém, que esta paridade está longe de ter sido alcançada
de forma homogênea, inclusive nas sociedades de capitalismo avançado. Partes
significativas do espaço rural correspondem, frequentemente, às zonas mais
fragilizadas dos territórios nacionais, que ainda se diferenciam do urbano pelas suas
condições de inferioridade no que se refere, precisamente, ao acesso da população
aos bens e serviços materiais, sociais e culturais (WANDERLEY, 2009, p. 229).

O modelo de desenvolvimento no campo teve como objetivo principal assegurar a


autossuficiência em produtos agrícolas. As políticas adotadas tinham como prioridade o
aumento da eficiência que se expressou na implantação do modelo produtivista da
43

modernização agrícola, cuja base era a adoção de sistemas intensivos de produção e a


crescente integração à complexa economia de mercado (WANDERLEY, 2009).
Pode-se afirmar que este desenvolvimento é representado apenas por um crescimento
econômico e tecnológico oriundo da chamada Revolução Verde “Padrão Produtivista
Agrícola”, que entrou em crise a partir dos anos 1980. É inegável o sucesso da modernização
do campo, mas, por outro lado, esse crescimento gerou suas próprias crises: aumento da
poluição, aumento da pobreza, aumento da produção de lixo, concentração de terras e renda,
devastação das florestas e esgotamento dos recursos naturais. A Revolução Verde com uma
visão econômica e tecnológica provocava impactos negativos sociais e ambientais e,
consequentemente, Insegurança Alimentar.
Kageyama (2008, p. 60) afirma que: “[...] a atividade agrícola em novas bases ainda
pode continuar a ser a raiz do desenvolvimento rural. Quais são essas novas bases?”. A
resposta a essa questão pode ser encontrada em Veiga (2001 apud KAGEYAMA, 2008), que
propõe uma alternativa estratégica para o desenvolvimento rural brasileiro, que sintetiza suas
ideias em: diversificação das economias locais, diversidade multissetorial, agricultura em
sistema de policultura, salubridade do meio ambiente e pluriatividade das famílias rurais para
a absorção da mão de obra. Ao contrário do modelo produtivista, o novo modelo de
desenvolvimento rural apresenta uma nova configuração socioeconômica, tendo como foco o
fortalecimento da agricultura familiar, a criação de políticas públicas direcionadas,
sustentabilidade ambiental e segurança alimentar.
44

3 O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA

3.1 BREVE HISTÓRICO E REPERCUSSÕES

O Programa Bolsa Família (PBF), que integra o Plano Brasil Sem Miséria (BSM), foi
instituído pela Medida Provisória nº 132, de 20 de outubro de 2003, convertida na Lei nº
10.836/2004. O programa unificou os procedimentos de gestão e execução das ações de
transferência condicionada de renda então existentes12.
A unificação dessas ações possibilitou a emergência de um programa com desenho
relativamente simples. A ênfase nas condicionalidades como forma de garantir às famílias
beneficiárias o acesso a serviços básicos nas áreas de educação, saúde e assistência social deu
corpo à percepção de que certos determinantes da pobreza precisariam ser atacados para que
as futuras gerações pudessem efetivamente ter condições de superar a pobreza. Além disso,
buscou-se articular outras ações, como de capacitação profissional de forma a dar opções para
que as famílias beneficiárias pudessem melhorar sua inserção no mercado de trabalho
(PAIVA; FALCÃO; BARTHOLO, 2013).

Os programas de transferência condicionada de renda – que emergiram


primeiramente em nível local, em seguida em nível nacional e que foram
consolidados no Bolsa Família – voltaram-se especificamente para a população
pobre, com um definitivo viés pró-criança. O nível dos benefícios pagos deixava
clara a natureza complementar – e não substitutiva – da transferência de renda, o
que, praticamente, supunha algum tipo de capacidade produtiva. Pode-se dizer,
assim, que o PBF, talvez ainda mais que os benefícios semi e não contributivos que
emergiram ainda durante os anos 1970 e que foram significativamente expandidos
no início dos anos 199013 – representou uma ruptura com a trajetória do sistema de
proteção social brasileiro criado nos anos 1920, fundamentalmente voltado para a
concessão de benefícios (preferencialmente pela via contributiva) para aqueles que
perderam a capacidade produtiva (PAIVA; FALCÃO; BARTHOLO, 2013, p. 27).

De acordo com o estudo de Paiva, Falcão e Bartholo (2013), divulgado pelo Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o período de 2003 a 2004 marca o período inicial
do programa, com incrementos de cobertura baseados na migração das famílias já

12
O Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Educação (Bolsa Escola) foi criado pela Medida
Provisória (MP) nº 2.140-1, de 14 de março de 2001, originada da MP nº 2.140, de 13 de fevereiro de 2001, e
convertida na Lei nº 10.219, de 11 de abril do mesmo ano. O Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à
saúde (Bolsa Alimentação) foi criado pela Medida Provisória nº 2.206-1, de 6 de setembro de 2001, originada da
MP nº 2.206, de 10 de agosto de 2001. O Auxílio-Gás foi criado pela Medida Provisória nº 18, de 28 de
dezembro de 2001, regulamentada pelo Decreto nº 4.102, de 24 de janeiro de 2002.
13
A configuração mais atual dos benefícios pagos aos segurados especiais (Previdência Rural) veio com a Lei nº
8.213, de julho de 1991. Os benefícios não contributivos, por sua vez, foram expandidos com a criação do
Benefício de Prestação Continuada (BPC), criado pela Lei Orgânica da Assistência Social, de dezembro de 1993.
45

beneficiárias e nas primeiras concessões de benefícios para famílias que ainda não recebiam
transferência de renda. O período seguinte, de 2005 a 2006, foi marcado pela
institucionalização do papel dos entes federados na gestão do programa, com a assinatura de
termos de adesão por todos os municípios brasileiros e a criação do Índice de Gestão
Descentralizada (IGD), instrumento que mensura a gestão do município e ao qual está
associada a transferência mensal de recursos financeiros para apoio à gestão. Também foi
marcado pelos aperfeiçoamentos ocorridos no CadÚnico e pela edição de um conjunto de
normas sobre a concessão e pagamento de benefícios e ao acompanhamento de
condicionalidades.
Ainda de acordo com o estudo, em meados de 2006, o programa atingiu sua meta
inicial de atendimento, de cerca de 11 milhões de famílias beneficiárias. No biênio seguinte,
foram adotadas mudanças no desenho do programa – como a adoção da regra de permanência
e a criação do benefício variável vinculado ao adolescente (BVJ), pago a famílias com
membros com idade entre 16 e 17 anos. Data também deste período o início dos
procedimentos periódicos de averiguação de inconsistências cadastrais com base em
cruzamentos do CadÚnico com outros registros administrativos do governo federal.
De acordo com Soares (2009 apud PAIVA; FALCÃO; BARTHOLO, 2013), entre
2009 e 2010, o programa adotou uma nova perspectiva para elaboração de suas estimativas de
atendimento baseada na percepção de que a renda dos segmentos mais pobres da população
era não apenas baixa, mas, também volátil. O argumento era o de que o número de pessoas ou
famílias que, ao longo de um determinado período de tempo, experimentaria situação de
pobreza ou extrema pobreza seria naturalmente maior que o número de pessoas ou famílias
que eram encontradas nestas situações em um momento específico do tempo.
A partir desta perspectiva, as estimativas de atendimento do programa deveriam ser
naturalmente ampliadas. Além disso, foi utilizada a metodologia dos mapas de pobreza do
Banco Mundial, para tentar aprimorar as estimativas municipais, até então baseadas nos dados
do censo 2000 (PAIVA; FALCÃO; BARTHOLO, 2013).
No biênio 2009-2010 também teve início o procedimento de revisão cadastral das
famílias beneficiárias cujo cadastro estava sem atualização há mais de dois anos. Outros
avanços institucionais foram alcançados, como a aprovação do Protocolo de Gestão Integrada
de Benefícios e Serviços no Âmbito do Sistema Único de Assistência Social pela Comissão
Intergestores Tripartite da Assistência Social, que definiu a prioridade do acompanhamento
familiar para famílias do Bolsa Família em situação de descumprimento de condicionalidades
pela rede de assistência social. Ao final de 2010, o Programa Bolsa Família já havia alcançado
46

praticamente 13 milhões de famílias com focalização nos mais pobres (PAIVA; FALCÃO;
BARTHOLO, 2013).
Percebeu-se que entre 2003 e 2010, o programa passou por um processo de
consolidação, especialmente na transferência de renda e no acompanhamento de
condicionalidades. Segundo (BRASIL, 2013a), diversos estudos realizados evidenciam a
contribuição do programa na redução das desigualdades sociais e da pobreza, tendo como
objetivo assegurar o direito humano à alimentação adequada, promovendo a segurança
alimentar, o que deixa o programa em situação confortável.
Pesquisas realizadas sobre o programa, como a do IBASE, que entrevistou cinco mil
titulares do cartão Bolsa Família, em 229 municípios de todas as regiões do país, mostram
efeitos positivos do programa sobre a alimentação e inclusão social. Uma das conclusões
refere-se a gastos com a alimentação. A ampla maioria dos titulares, 94%, são mulheres,
sendo que 64% dos titulares são pretos e pardos e 50% vivem no Nordeste. Mais de 55% das
famílias beneficiadas estão sob a condição de insegurança alimentar grave e moderada, o que
faz com que a maior parte da renda proveniente do programa seja destinada a gastos com a
alimentação. As relações de trabalho investigadas revelam a ausência de oportunidades de
trabalho para este grupo e que o recebimento do benefício não fez com que 99,5% das
famílias deixassem de exercer alguma atividade (BRASIL, 2008).
Entre 2003 e 2010 houve também uma série de avanços do ponto de vista tecnológico.
Neste período, as versões do aplicativo do CadÚnico eram off line, isto é, dependiam de
aplicativos locais, instalados e atualizados nos computadores nos quais eram feitos o
cadastramento e a transmissão de dados para a base nacional, o que gerava diferenças entre as
bases locais e a base nacional do cadastro. Em 2010 surgiu uma versão on line do aplicativo
que eliminou as divergências entre a base local e nacional anteriormente apresentada na
versão off line.
Ressalta-se, que em abril de 2013 99,7% dos municípios brasileiros haviam migrado
para a nova versão. Hoje o CadÚnico conta com o registro de 25 milhões de famílias, 23
milhões com renda declarada de até meio salário mínimo per capita. São beneficiárias do
Bolsa Família 13,8 milhões de famílias. A evolução do CadÚnico e a introdução da versão
online foram passos importantes para a consolidação das informações das famílias de baixa
renda brasileiras, da execução do PBF, do uso por um maior número de programas e ações
sociais e, desta maneira, da confiança necessária para que surgisse uma estratégia como o
Plano Brasil Sem Miséria (PAIVA; FALCÃO; BARTHOLO, 2013).
47

Em 2011 foram anunciados o aumento no número máximo de benefícios variáveis por


famílias e a implementação dos benefícios para gestantes e nutrizes. Estes que, mesmo
previstos na legislação original do programa, por limitações operacionais, não eram
efetivamente pagos. Em 2012 o programa Bolsa Família passou a ser complementado com um
novo benefício, o de Superação da Extrema Pobreza, destinado às famílias que continuavam
com renda familiar per capita igual ou inferior a R$ 70,00, mesmo após o recebimento dos
benefícios “tradicionais” do programa.
Em 2012 foram acompanhados pelas equipes de atenção básica do Sistema Único de
Saúde (SUS) cerca de 8,6 milhões de famílias e 18,7 milhões de beneficiários, sendo 5,1
milhões de crianças, 13,8 milhões de mulheres e aproximadamente 165 mil gestantes.

É preciso investir em estudos e pesquisas que persistam em avaliar outros


impactos do programa de transferência de renda nas condições de vida, saúde
e nutrição das famílias beneficiárias. A opção de implementar o programa de
forma descentralizada deve ser acompanhada de permanente articulação e
envolvimento dos gestores estaduais e municipais em prol do
aperfeiçoamento da gestão e dos instrumentos de monitoramento e
coordenação do programa. Acredita-se ser esta a oportunidade de
implementação real da intersetorialidade como medida central do
enfretamento da pobreza e miséria no Brasil, a partir da compreensão de que
o acompanhamento em saúde do PBF garanta efetivamente o acesso das
famílias com vistas à universalidade e equidade (MAGALHÃES JÚNIOR;
JAIME; LIMA, 2013, p. 105).

Desde a criação e implementação do PBF, muito se tem discutido sobre o potencial do


programa na redução da pobreza e da desigualdade de renda e na garantia da inclusão das
famílias às ações e serviços básicos de saúde, educação e assistência social. A partir daí,
foram surgindo estudos e pesquisas de avaliação do impacto do programa em condições de
vida e saúde das famílias beneficiárias. Observa-se que o programa de transferência de renda
contribui para a redução da desnutrição, mortalidade infantil e baixo peso ao nascer e há
avanços importantes no acompanhamento das condicionalidades, em especial no conjunto de
condicionalidades de saúde (MAGALHÃES JÚNIOR; JAIME; LIMA, 2013).
Em relação à educação, estudos realizados recentemente têm demonstrado que o
acompanhamento da frequência escolar do Programa Bolsa Família tem produzido melhorias
significativas nos indicadores educacionais do público acompanhado comparativamente ao
público geral. Destaca-se a pesquisa: O impacto do Programa Bolsa Família sobre a
frequência escolar: uma análise de diferenças, a partir da PNAD, realizada pelo Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) (BRASIL, 2011).
Alguns indicativos apontados pelo INEP também traduzem resultados positivos: a) a
condicionalidade da educação contribuiu para reduzir em 36% a porcentagem de crianças de 6
48

a 16 anos que não frequentavam a escola, passando de 8,4% para 5,4%; b) a redução de 40%
da parcela de crianças de 6 a 10 anos de idade fora da escola, e redução de 30% para as faixas
etárias de 11 a 16 anos; c) a constatação de que a condicionalidade em educação foi
responsável pela queda de cerca de um terço da proporção de crianças entre 11 e 16 anos de
idade com até um ano de escolaridade fora da escola e d) a redução de 40% da proporção de
meninos de 6 a 16 anos de idade que não frequentavam a escola. No caso das meninas, a
redução foi de 30% (CRAVEIRO; XIMENES, 2013).

O Programa de Acompanhamento da Frequência Escolar de Crianças e Jovens em


Vulnerabilidade, condicionalidade do Programa Bolsa Família, realizado pela área
de educação, tem um grande potencial de contribuição para as agendas prioritárias
das políticas educacionais brasileiras. (CRAVEIRO; XIMENES, 2013, p. 123).

Ainda segundo estes mesmos autores, continuar aprimorando a gestão de


condicionalidades de educação é uma complexa operação intersetorial e intergovernamental
de políticas públicas. Operação esta que é responsável pela mobilização regular das famílias e
do poder público para o acompanhamento da frequência à escola, sendo este um dos fatores
essenciais a se considerar para o alcance de resultados positivos quanto às taxas de abandono
e de aprovação nos ensinos fundamental e médio dos estudantes de famílias em situação de
pobreza, acompanhados pelas condicionalidades do Programa Bolsa Família.
Campello e Neri (2013) destacam que o PBF vem apresentando resultados relevantes
na redução da desnutrição e da insegurança alimentar e nutricional. O programa integrou-se
ao esforço de construção de uma política de segurança alimentar e nutricional, tendo
proporcionado melhora efetiva no acesso dos segmentos mais vulneráveis aos alimentos. O
aumento nos gastos em alimentação das famílias beneficiárias foram tanto maiores quanto
maior era sua situação de insegurança alimentar.
Destacam ainda que ao longo destes dez anos, o PBF criou uma nova estrutura,
aperfeiçoou mecanismos, adicionou benefícios e ampliou o alcance e o impacto distributivo
das transferências. O programa se consolidou e assumiu centralidade na política social
brasileira. Internacionalmente é referência em tecnologia de transferência de renda
condicionada e está entre as ações mais efetivas de combate à pobreza.
Questionamentos e críticas ao modelo do PBF sempre ocorrerão. De tempos em
tempos, mesmo sistemas de proteção social muito consolidados passam por questionamentos
e reformas. Haverá aqueles que defenderão sua transformação em um benefício de caráter
universal e aqueles que argumentarão por um benefício de caráter mais restritivo. Mesmo para
os mais críticos, seria difícil imaginar o Brasil sem um instrumento que vocalizasse e
49

explicitasse as necessidades da parcela mais vulnerável da população, como é hoje o


CadÚnico. Ou em uma situação na qual os mais pobres não tivessem acesso a uma renda
modesta – tanto do ponto de vista da família beneficiária quanto, especialmente, da renda
nacional –, de natureza complementar à renda do trabalho. Ou, ainda, em situação na qual as
crianças continuassem apresentando taxas de extrema pobreza duas vezes mais altas que a
média nacional (PAIVA; FALCÃO; BARTHOLO, 2013).
A crescente literatura acadêmica sobre o programa revela impactos positivos, entre
outros, na redução da pobreza e da desigualdade e na melhoria de indicadores educacionais e
de saúde. Pela pesquisa realizada, observa-se que há muito a evoluir, principalmente no que
diz respeito à gestão local na articulação com outras secretarias para o acompanhamento do
cumprimento das condicionalidades, na identificação das famílias que estão excluídas do
programa e na oferta de capacitação profissional aos beneficiários que vivem no rural.
No rural, o PBF tem um desafio ainda maior que seria a geração de condições
estruturantes que permitissem inclusão dessas famílias na sociedade, garantindo uma
educação no campo, qualificação através de cursos que possibilitariam o acesso ao mercado
de trabalho, melhorando as condições de vida e minimizando o êxodo rural.

3.2 O PROGRAMA: EIXOS, CRITÉRIOS DE SELEÇÃO, BENEFÍCIOS,


CONDICIONALIDADES E FUNCIONALIDADES

O programa possui três eixos principais: a) transferência de renda: alívio imediato da


pobreza; b) condicionalidades: reforçam o acesso a direitos sociais básicos na área da
educação, saúde, e assistência social e c) programas complementares: objetivam o
desenvolvimento das famílias de modo que os benefícios consigam superar a situação de
vulnerabilidade (BRASIL, 2013a).
A Secretaria Nacional de Renda e Cidadania (SENARC), criada em janeiro de 2004,
juntamente com o MDS, é a instância responsável pela implementação e gestão do PBF e pela
inclusão/seleção das famílias que devem ser beneficiadas pelos programas sociais, através do
CadÚnico. Junto aos estados, municípios e sociedade, busca promover o acesso dos
beneficiários aos serviços de saúde e de educação, procurando ainda articular sua participação
em programas complementares voltados à geração de trabalho e renda.
O Governo Federal, por meio de um sistema informatizado, consolida os dados
coletados no Cadastro Único e a partir daí, o poder público pode formular e implementar
50

políticas específicas, que contribuem para a redução das vulnerabilidades sociais a que essas
famílias estão expostas. Atualmente, o CadÚnico conta com mais de 21 milhões de famílias
inscritas.
O CadÚnico é coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome (MDS), devendo ser obrigatoriamente utilizado para seleção de beneficiários de
programas sociais do Governo Federal, como o Bolsa Família.
Suas informações são regulamentadas pelo Decreto nº 6.135/07; pelas Portarias nº
177, de 16 de junho de 2011, e nº 274, de 10 de outubro de 2011; Instruções Normativas nº 1
e nº 2, de 26 de agosto de 2011; e as Instruções Normativas nº 3 e nº 4, de 14 de outubro de
2011. Essas informações podem também ser utilizadas pelos governos estaduais e municipais
para obter o diagnóstico socioeconômico das famílias cadastradas, possibilitando o
desenvolvimento de políticas sociais locais. Famílias com renda superior a meio salário
mínimo também podem ser cadastradas, desde que sua inserção esteja vinculada à inclusão
e/ou permanência em programas sociais implementados pelo poder público nas três esferas do
Governo.
O Programa Bolsa Família dispõe de benefícios financeiros definidos pela Lei nº
10.836/04, que são transferidos mensalmente às famílias beneficiárias. As informações
cadastrais das famílias são mantidas no CadÚnico e para receber o benefício são considerados
a renda mensal per capita da família, o número de crianças e adolescentes até 17 anos e a
existência de gestantes e nutrizes (BRASIL, 2013b).
Segundo (BRASIL, 2013b), existem vários tipos de benefícios:
 Benefício Básico − no valor de R$ 70,00, concedidos apenas a famílias
extremamente pobres, com renda per capita igual ou inferior a R$ 70,00;
 Benefício Variável − no valor de R$ 32,00, concedidos pela existência na família
de crianças de zero a 15 anos, gestantes e/ou nutrizes, limitado a cinco benefícios
por família;
 Benefício Variável Vinculado ao Adolescente (BVJ) − no valor de R$ 38,00,
concedidos pela existência na família de jovens entre 16 e 17 anos, limitado a dois
jovens por família;
 Benefício Variável de Caráter Extraordinário (BVCE) − com valor calculado caso
a caso, e concedido para famílias migradas de Programas Remanescentes ao PBF;
 Benefício para Superação da Extrema Pobreza na Primeira Infância (BSP) − com
valor correspondente ao necessário para que a todas as famílias beneficiárias do
51

PBF, com crianças entre zero e seis anos, superem os R$ 70,00 de renda mensal
por pessoa.

Para ingressar no programa as famílias devem possuir renda familiar mensal de até R$
140,00 por pessoa e estar cadastradas no CadÚnico. A renda da família é calculada a partir da
soma do rendimento de todas as pessoas da casa auferidos no mês. Esse valor deve ser
dividido pelo número de pessoas que vivem na casa, obtendo assim a renda da família por
pessoa (BRASIL, 2013a).
As famílias que possuem renda mensal entre R$ 70,00 e R$ 140,00 por pessoa só
ingressam no programa se possuírem crianças ou adolescentes de até 17 anos. Já as famílias
com renda mensal de até R$ 70,00 por pessoa podem participar do PBF, qualquer que seja a
idade dos membros da família. Se a família se encaixa em uma das faixas de renda definidas
pelo PBF, deve procurar o setor responsável pelo programa no município ou o gestor local,
com posse de documentos pessoais para se cadastrar.
O PBF seleciona as famílias com base nas informações inseridas no CadÚnico. Com
base nessas informações, o MDS seleciona, de forma automatizada, as famílias que serão
incluídas no programa. O critério principal é a renda familiar por pessoa. O cadastramento
não implica a entrada imediata das famílias no programa e o recebimento do benefício, pois
leva certo tempo para os manuais chegarem até o MDS para análise e seleção. As famílias
beneficiárias do PBF assumem alguns compromissos, que denominam-se condicionalidades,
assim como o poder público para ampliar o acesso dessas famílias a seus direitos sociais
básicos. Por um lado, as famílias devem assumir e cumprir esses compromissos para
continuar recebendo o benefício. Por outro, as condicionalidades responsabilizam o poder
público pela oferta dos serviços públicos de saúde, educação e assistência social (BRASIL,
2013c).
Na área de saúde, as famílias beneficiárias assumem o compromisso de acompanhar o
cartão de vacinação e o crescimento e desenvolvimento das crianças menores de sete anos. As
mulheres na faixa de 14 a 44 anos também devem fazer o acompanhamento e, se gestantes ou
nutrizes (lactantes), devem realizar o pré-natal e o acompanhamento da sua saúde e do bebê
(BRASIL, 2013d).
Na educação, todas as crianças e adolescentes entre seis e 15 anos devem estar
devidamente matriculados e com frequência escolar mensal mínima de 85% da carga horária.
Já os estudantes entre 16 e 17 anos devem ter frequência de, no mínimo, 75% (BRASIL,
2013d).
52

Na área de assistência social, crianças e adolescentes com até 15 anos em risco ou


retiradas do trabalho infantil pelo Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI)
devem participar dos Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) do PETI
e obter frequência mínima de 85% da carga horária mensal (BRASIL, 2013d).
O poder público deve fazer o acompanhamento gerencial para identificar os motivos
do não cumprimento das condicionalidades. A partir daí, são implementadas ações de
acompanhamento das famílias em descumprimento, consideradas em situação de maior
vulnerabilidade social.
A família que encontra dificuldades em cumprir as condicionalidades deve, além de
buscar orientações com o gestor municipal do PBF, procurar o Centro de Referência de
Assistência Social (CRAS), o Centro de Referência Especializada de Assistência Social
(CREAS) ou a equipe de assistência social do município. O objetivo é auxiliar a família a
superar as dificuldades enfrentadas. As famílias que não cumprem e esgotam as chances de
reverter o descumprimento das condicionalidades, podem ter o benefício do PBF bloqueado,
suspenso ou até mesmo cancelado (BRASIL, 2013d).
Quanto à gestão das condicionalidades, o Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome faz o acompanhamento das condicionalidades do PBF de forma articulada
com os Ministérios da Educação e da Saúde. Nos municípios, o acompanhamento deve ser
feito intersetorialmente entre as áreas de saúde, educação e assistência social. Os objetivos do
acompanhamento das condicionalidades são:
 Monitorar o cumprimento dos compromissos pelas famílias beneficiárias, como
determina a legislação do programa;
 Responsabilizar o poder público pela garantia de acesso aos serviços e pela busca
ativa das famílias mais vulneráveis;
 Identificar, nos casos de não cumprimento, as famílias em situação de maior
vulnerabilidade e orientar ações do poder público para o acompanhamento dessas
famílias.

O acompanhamento das condicionalidades acontece de acordo com calendários


previamente acordados pelas áreas envolvidas. Os calendários definem os períodos em que os
municípios devem realizar o acompanhamento das famílias e os registros das informações
relativas a cada condicionalidade. Todas as informações devem constar em seus respectivos
sistemas informatizados.
53

A gestão descentralizada é uma forma de gestão que permite que União, estados,
Distrito Federal e municípios compartilhem entre si os processos de tomadas de decisão do
PBF, criando bases de cooperação para o combate à pobreza e à exclusão social. Essa forma
de cooperação está prevista na constituição federal (BRASIL, 2013e).
Os entes federados, em conjugação de esforços, pactuam o desafio de conduzir a
implementação dessa política de transferência direta de renda com condicionalidades, sendo
parceiros efetivos, corresponsáveis pela implementação e controle do PBF e do cadastro
único. O desafio é articular os diversos agentes políticos em torno da promoção e inclusão
social das famílias beneficiárias. Para isso, deve ser estabelecido um modelo de gestão
compartilhada, com competências específicas para cada um dos entes federados (BRASIL,
2013e).
O MDS tem um instrumento que mede a qualidade de gestão do PBF em níveis
estadual e municipal, Índice de Gestão Descentralizada (IGD). Esse índice leva em conta a
eficiência na gestão do Programa, e as informações são utilizadas pelo MDS para o repasse de
recursos para aperfeiçoar as ações de gestão dos estados e dos municípios.
O controle social é a participação do cidadão na gestão pública, na fiscalização, no
monitoramento e no controle das ações da administração pública no acompanhamento das
políticas, um importante mecanismo de fortalecimento da cidadania. É Realizado por meio
das Instâncias de Controle Social (ICS), instituídas formalmente pelo município no ato de
adesão ao Programa, garantindo aos cidadãos espaço para o seu acompanhamento e buscando
assegurar os interesses da sociedade. É uma parceria entre Estado e sociedade que possibilita
compartilhar responsabilidades e proporciona transparência às ações do poder público,
buscando garantir o acesso das famílias mais pobres à política de transferência de renda
(BRASIL, 2013f).
As ICS do PBF devem atuar no acompanhamento de todos os componentes do
Programa e do CadÚnico, a gestão de benefícios, as condicionalidades, a fiscalização e as
oportunidades de desenvolvimento das capacidades das famílias desenvolvidas ou articuladas
pelo município e os Programas Complementares (BRASIL, 2013f).
O MDS desenvolve documentos com informações sobre a estruturação, o
funcionamento e a atuação das ICS, buscando subsidiar de ferramentas a gestão municipal
(BRASIL, 2013f). Além disso, o MDS desenvolve ações de fiscalização que visam garantir
eficiência, eficácia, efetividade e transparência na gestão do PBF. Dessa forma, é assegurado
que os benefícios cheguem às famílias que atendem aos critérios de elegibilidade do
Programa, em conformidade com as normas vigentes. A fiscalização é realizada in loco e a
54

distância com base no cruzamento de dados do Cadastro Único. Enquanto isso, outras ações
são desenvolvidas pelas Instâncias de Controle Social do PBF, que devem acompanhar as
atividades desenvolvidas pelo gestor municipal (BRASIL, 2013g).
As auditorias e ações de fiscalização são realizadas também pelas instituições de
controle interno e externo do Poder Executivo, que compõem a Rede Pública de Fiscalização
(RPF). O trabalho conjunto dessas instituições, integrado ao do MDS, tem como objetivo
fortalecer o monitoramento e o controle das ações voltadas à execução do PBF. Todo esse
processo é realizado sem que cause qualquer interferência na autonomia e competência de
cada uma das instituições (BRASIL, 2013g).
Em parceria com os estados e o Distrito Federal, a SENARC do MDS promove ações
de capacitação e disseminação de informações para os profissionais que atuam na gestão e na
implementação do PBF e do Cadastro Único.
Os principais objetivos da SENARC são: capacitar estados, municípios, Instâncias de
Controle Social e parceiros, priorizando informações sobre instrumentos normativos, sistemas
e procedimentos operacionais; apoiar ações de capacitação específicas dos estados,
direcionadas a questões institucionais e operacionais do Bolsa Família e do Cadastro Único e
planejar e executar capacitações continuadas (BRASIL, 2013h).
A estratégia de capacitação desenvolvida leva em consideração a complexidade do
PBF e do CadÚnico e as necessidades de ambientar e preparar os atores envolvidos nos seus
processos de gestão e operacionalização. As atividades são realizadas presencialmente e/ou a
distância, e os materiais de apoio são disponibilizados pela SENARC. O atendimento da
SENARC às demandas de apoio às capacitações dos municípios é feito por meio das
Coordenações Estaduais do PBF. Os municípios devem encaminhar as solicitações de
informações e formação a essas instâncias, que fazem análise e atendimento e enviam a esta
Secretaria uma solicitação de apoio técnico às capacitações descentralizadas (BRASIL,
2013h).
Para aprimorar a qualidade das informações fornecidas pelas famílias registradas pelos
municípios, o MDS avalia mensalmente os níveis de qualidade dos cadastros da base
nacional, incluindo seu grau de atualização. Por meio das informações contidas no Cadastro
Único para Programas Sociais são planejadas e desenvolvidas ações e políticas públicas
direcionadas à população mais vulnerável. Para tanto, é fundamental que os dados cadastrais
reflitam a realidade em que vivem as famílias brasileiras de baixa renda.
Os cadastros devem ser atualizados pelos municípios, no máximo, a cada dois anos
contados de sua data de inclusão ou última atualização. Além disso, o MDS realiza o
55

cruzamento dos dados do CadÚnico com outros registros administrativos que possuem
informações das pessoas. Dessa maneira, é possível identificar indícios de inconsistências nas
informações constantes no cadastro das famílias, principalmente no que se refere à renda
declarada, vínculo de trabalho e composição familiar.
De acordo com (BRASIL, 2013a) o cruzamento dos dados é realizado periodicamente
com:
 Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) – base de dados do Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE), que contém informações sobre pessoas no mercado
de trabalho formal, cujo vínculo ocorre por meio da assinatura da Carteira de
Trabalho e Previdência Social (CTPS) ou do estabelecimento de contrato de
trabalho. Através do cruzamento da RAIS com o Cadastro Único, é possível
identificar omissão ou subdeclaração de renda da família;
 Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) – gerido pelo Ministério da
Previdência Social (MPS), possui informações a respeito das pessoas que recebem
benefícios previdenciários ou contribuem com a Previdência Social. Possibilita a
identificação de indícios de omissão ou subdeclaração de renda;
 Sistema Informatizado de Controle de Óbitos (SISOBI) – trata-se de um registro
administrativo pertencente ao CNIS que possui os dados dos óbitos ocorridos no
Brasil. O cruzamento dessas informações com o Cadastro Único possibilita
identificar se os dados da família estão atualizados, tendo sido excluída de sua
composição a pessoa falecida;
 Base do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – registro com os políticos eleitos ou
suplentes de todas as eleições municipais, estaduais ou federais. Possibilita
verificar se pessoas que ocupam algum cargo eletivo estão cadastradas ou
recebendo algum benefício do Bolsa Família.

Além disso, é realizada anualmente pelo MDS a revisão cadastral. Neste processo, é
exigido que as famílias beneficiárias do PBF tenham as informações de seu cadastro
atualizadas ou revalidadas pelo menos a cada dois anos para que continuem recebendo seus
benefícios.
As famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família se enquadram em situações de
pobreza e extrema pobreza. A pobreza tem diversas dimensões e exige articulação das
Políticas Públicas com olhar específico para aqueles que sempre foram excluídos do acesso a
56

direitos sociais básicos, de forma a garantir equidade de oportunidades no exercício da


cidadania a todos.
Assim, em consonância com os eixos do Programa Bolsa Família relacionados à
ruptura intergeracional da pobreza e desenvolvimento das famílias, são desenvolvidas
parcerias intersetoriais consideradas estratégicas. As parcerias visam qualificar o acesso das
famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família a direitos sociais básicos, por meio de
políticas e programas relacionados às áreas de saúde, segurança alimentar e nutricional,
educação e assistência social, em complementação às condicionalidades (BRASIL, 2013a).

3.3 O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA EM RIO VERDE (GO)

O Programa Bolsa Família foi implantado em 2004 na cidade de Rio Verde sendo de
responsabilidade da Secretaria Municipal de Assistência Social, e estão relacionados também
com a Secretaria Municipal da Saúde, Secretaria Municipal de Educação, Esporte e Lazer e
com o Conselho Municipal de Assistência Social.
Segundo o MDS (BRASIL, 2014c), e de acordo com o censo IBGE de 2010, o
município de Rio Verde (GO) tinha, naquele ano, as seguintes estimativas:

QUADRO 6 – Estimativa de famílias de baixa renda e pobres

Estimativa de famílias de baixa renda – Perfil Cadastro Único 13.909


Estimativa de famílias pobres – Perfil Bolsa Família 8.028
Fonte: Adaptado de (BRASIL, 2014c).

Ao fazer o levantamento de dados no Cadastro Único da Secretaria de Assistência


Social de Rio Verde, pode-se constatar que o número de famílias inscritas é bastante superior
ao da estimativa do IBGE 2010. Em setembro de 2012 existiam 17.238 famílias cadastradas
em diversos programas sociais existentes, no entanto, em dezembro 2013 o total de famílias
inscritas no Cadastro Único elevou-se para 24.636 famílias.
Pela estimativa do IBGE 2010, 8.028 famílias teriam perfil Bolsa Família. No entanto
em dezembro de 2013 existiam 6.972 famílias beneficiárias − 11,85% da população do
município, o que representa uma cobertura de 86,85% da estimativa de famílias pobres do
município.
57

Em Rio Verde, as famílias recebem benefícios com valor médio de R$ 122,48 e o


valor total transferido pelo governo federal em benefícios às famílias atendidas alcançou R$
854.834,00 em janeiro de 2014.
Em relação às condicionalidades, a família assume alguns compromissos: as crianças e
jovens devem frequentar a escola; as crianças precisam ser vacinadas e ter acompanhamento
nutricional e as gestantes devem fazer o pré-natal. Segundo o relatório de informações sociais,
divulgado pelo MDS (BRASIL, 2014c), o município encontrava-se assim:
 Educação: no município, 74,01 % das crianças e jovens de seis a 17 anos do Bolsa
Família têm acompanhamento de frequência escolar. A média nacional é de
85,84%. O município está abaixo da média, por isso é importante que as
secretarias de assistência social e de educação se articulem para melhorar esse
percentual, ou seja, para aumentar o número de famílias cujos filhos têm
frequência escolar verificada. Ressalta-se que, no bimestre de novembro de 2012
este índice ficava em torno de 79,95%;
 Saúde: o acompanhamento da saúde das famílias chega a 84,7%. Na vigência de
dezembro de 2012, atingiu 73,44 %. A média nacional é de 73,12%;
 Benefícios Variáveis Gestantes e Nutrizes: além de ter benefícios específicos para
famílias com crianças e jovens, em 2011 o Bolsa Família começou a pagar
também benefícios para gestantes e nutrizes. Em março de 2013, 45 famílias
recebiam o Benefício Variável à Gestante (BVG) e 95 famílias recebiam o
Benefício Variável Nutriz (BVN) no município. Já em janeiro de 2014, 65
famílias recebiam o benefício variável à gestante (BVG) e 108 famílias recebiam
o benefício variável nutriz (BVN) no município.

Observa-se que há uma disparidade entre o número de famílias de baixa renda


estimadas pelo IBGE em 2010 e as cadastradas no CadÚnico do município. O
acompanhamento destas famílias pelos assistentes sociais é fundamental para um diagnóstico
preciso e da real necessidade de cobertura pelo PBF. Importante ressaltar que o número de
famílias cadastradas no último trimestre de 2013 teve um aumento de 69,97%.
Os dados divulgados pela Secretaria de Assistência Social e MDS são apresentados de
forma geral e não demonstram dados específicos do rural no município. A divulgação dos
resultados do rural e urbano destes órgãos daria maior subsídio ao pesquisador, permitiria um
comparativo com os resultados encontrados na pesquisa e traria uma maior transparência e
eficácia ao PBF.
58

3.3.1 Gestão local do programa

A avaliação da gestão local baseou-se em entrevistas realizadas com os gestores locais


da assistência social, saúde, educação e em entrevistas com os beneficiários. Foram também
realizadas visitas na sede da Secretaria Municipal de Assistência Social para observação da
estrutura física e atendimento.
Segundo a gestora da área de assistência social do PBF, a Secretaria Municipal de
Assistência Social dispõe de uma estrutura física adequada para atender a demanda.
Recentemente houve uma reforma no local e todo mobiliário e equipamentos foram
substituídos por novos. Com a reforma, foi implantado o sistema de senha eletrônica, o que
tem facilitado o atendimento das famílias. O quadro de servidores é composto por uma
gestora, um assistente social e 15 atendentes. Segue um trecho da entrevista: “[..] todos os
recursos necessários para implementação e atendimento do programa estão a nossa
disposição. Temos profissionais suficientes, carro para visitas domiciliares e a instituições,
computadores com internet de boa velocidade (utilizada somente no setor do Bolsa Família),
estrutura física adequada, material de consumo e equipamentos eletrônicos suficientes”.
Verifica-se que o número de assistentes sociais é insuficiente para o acompanhamento
devido ao número de famílias cadastradas e beneficiárias do programa. Nas entrevistas
realizadas com as famílias rurais, detectou-se que as mesmas nunca foram visitadas pela
equipe da gestão local da assistência social; o contato dá-se apenas quando do
recadastramento. Diante da controvérsia entre o relatado pelos sujeitos da pesquisa e gestão
da assistência social, levantou-se um questionamento à gestora local sobre o motivo da
ausência de visitas às famílias rurais. Foi informado que não havia carro nem assistentes
sociais suficientes para este fim. As visitas somente acontecem caso haja denúncia de
irregularidades. A secretaria solicitou um cofinanciamento junto ao MDS para ser aplicado
com este fim, mas o mesmo foi negado devido ao índice de pobreza do município ser
considerado baixo.
Na visita aos locais do estudo, percebeu-se muitas famílias em situação de
vulnerabilidade social que poderiam estar participando do PBF ou até mesmo estarem
cadastradas para possível enquadramento em programas sociais destinados a famílias de baixa
renda. Questionou-se uma das famílias encontradas nesta situação, o porquê não estavam
cadastradas em programas sociais. A responsável pela unidade familiar disse que desconhecia
59

os critérios e que nunca foram visitados pela assistência social, apenas recebiam
acompanhamento dos agentes de saúde.
Segundo a assistente social da Secretaria de Assistência Social, as metas de
credenciamento ainda não foram cumpridas, e a principal tarefa é identificar as famílias em
situação de vulnerabilidade que ainda não foram cadastradas. Faz menção ainda ao fato de
que a população rural não foi cadastrada. Depois que essas metas forem alcançadas, o
próximo passo será o acompanhamento dessas famílias, ajudando-as a manter os benefícios,
cumprindo as condicionalidades, e oferecer meios de emancipação, visando ao
desenvolvimento pessoal, social e econômico que leve à quebra do ciclo de pobreza ao qual
estão expostas.
Na área da saúde, a entrevista foi realizada com uma nutricionista, que também
coordena o PBF. Percebe-se que a situação se inverte, uma vez que a entrevistada relata que
uma das maiores dificuldades no acompanhamento das condicionalidades seria a falta de
espaço físico, estrutura, recursos humanos. Outra dificuldade é a busca ativa das famílias, o
que deveria ser feito por agentes comunitários, mas infelizmente o número de agentes é
insuficiente e hoje contam apenas com 17% de cobertura de Estratégica Saúde da Família
(ESF) no município.
Em duas das regiões visitadas, não havia cobertura por agentes de saúde. Na entrevista
com as famílias rurais, percebeu-se que apenas a Secretaria de Saúde, através dos agentes de
saúde, faz um acompanhamento contínuo das famílias. Nas regiões em que há cobertura, o
agente de saúde é como se fosse o canal de comunicação entre as famílias e o programa. Os
agentes residem no local ou em regiões próximas. Outro problema encontrado em um dos
locais visitados foi que o agente não dispunha de balança para pesagem. Neste caso, as
famílias pesam em balanças próprias, até mesmo de pesar animais, e enviam o peso aos
agentes que encaminham para a Secretaria de Saúde. As condições de trabalho dos agentes
não são favoráveis. Existe falta de equipamentos, e transporte para realização das visitas. Em
alguns assentamentos, a distância entre um domicílio e outro é grande e muitos dos agentes
realizam as visitas a pé, a cavalo e alguns utilizam veículo próprio. Não recebem ajuda de
custo para este fim. Apesar de todas as dificuldades encontradas, as famílias têm os agentes
como facilitadores e tecem elogios a todos pelo trabalho desempenhado por eles.
Na área da educação o acompanhamento restringe-se apenas ao monitoramento da
frequência escolar que é realizada bimestralmente. Os dados são levantados pelas unidades
escolares que enviam ao gestor para conferência e envio ao MDS via on-line. O gestor da
educação não informou como é feito o acompanhamento das famílias que estão em
60

descumprimento com a condicionalidade frequência escolar. Segundo ele, as principais


dificuldades dos beneficiários são: evasão escolar, mudança de endereço
(escola/cidade/estado) e falta de compromisso dos responsáveis pelas crianças. Relatou ainda
que o programa Bolsa Família não consegue atingir grandes impactos no que se refere à
profissionalização das famílias, a fim de que possam sair do programa e deixar o estado de
pobreza extrema.
Quando perguntados sobre: como está a situação de segurança alimentar no seu
município? O que já está sendo feito e o que deveria ser feito para garantir a segurança
alimentar dos beneficiários do Bolsa Família no seu município? Que políticas você identifica
nesta área na secretaria da qual você faz parte? Os gestores deram a seguinte resposta: “não
sei responder”.
Por diversas vezes, a Secretaria Municipal de Agricultura foi procurada para se obter
informações sobre o Conselho de Segurança Alimentar do Município. A informação fornecida
foi que o conselho estava sendo criado e estavam na fase de elaboração de regimento. Não foi
possível entrevistar o presidente do conselho, que foi procurado por diversas vezes; a resposta
era que estava sendo substituído. O secretário da Agricultura acumula também o cargo de
presidente do conselho e já havia sido trocado durante o período da pesquisa por três vezes, e
este foi um dos motivos relatados por um dos membros do conselho ao justificar o não
funcionamento ainda do mesmo.
Em relação à Instância de Controle Social, é representada pelo Conselho de
Assistência Social, não sendo exclusiva para o PBF. Segundo a assistente social, existem
dificuldades em se tratar de assuntos específicos do PBF, já que o conselho precisa discutir
problemas diversos relacionados à assistência social e o tempo dispendido ao programa é
inferior ao necessário.
Detectou-se pouca articulação e comunicação entre as Secretarias que compõem o
programa no município, embora todos os gestores afirmem que exista e seja “boa”. A gestora
da área da assistência social afirma que os gestores têm um diálogo aberto e trocam
informações o tempo todo. Trabalha-se na elaboração de um planejamento conjunto das ações
para o ano de 2014. Não foi possível durante a pesquisa identificar nenhuma ação sendo
realizada em conjunto pelas Secretarias envolvidas no rural.
No decorrer da pesquisa, estava sendo implantado Centro de Referência de Assistência
Social (CRAS) nos distritos com o apoio das subprefeituras. Acredita-se que essa iniciativa
vai melhorar o atendimento e acompanhamento das famílias que residem nestes locais e para
61

aquelas que residem em assentamentos próximos. Com a implantação do CRAS, poderão


ocorrer também melhorias na oferta de cursos para capacitação profissional.
A gestão municipal por meio dos CRAS trabalha a questão do empoderamento das
famílias por meio de palestras, conversas, oferta de cursos de geração de renda, entre outros.
Segundo a assistente social do programa, é preciso desmistificar a ideia de que o benefício é
vitalício e desenvolver a percepção de que ele é um apoio pontual para que as famílias saiam
de uma situação de risco. Afirma ainda que é um trabalho lento, mas que vem sendo realizado
e tem que ser contínuo.
O QUADRO 7, representa um resumo das principais efetividades e entraves
identificados na análise qualitativa da gestão local.

QUADRO 7 - Diagnóstico e identificação das principais efetividades e entraves da gestão do PBF


em Rio Verde (GO)

Principais efetividades e entraves identificados

 Esforço e comprometimento quanto às metas de cadastramento e


recadastramento;
Efetividades  Satisfação dos beneficiários em relação ao atendimento no
Cadastro Único;
 Implantação do CRAS nos distritos;
 Satisfação dos beneficiários quanto ao acompanhamento e
atendimento pelos agentes de saúde;
 Planejamento de ações que serão desenvolvidas em conjunto
pelas secretarias envolvidas.

 Falta de investimento em infraestrutura e em funcionários diante


da grande demanda;
 Espaço físico e quantidade de equipamentos inadequados para a
Entraves Secretaria da Saúde;
institucionais e  Falta de comunicação entre gestão local e os beneficiários, em
organizacionais relação ao conhecimento do programa (100% das famílias
desconhecem o Eixo de Programas Complementares);
 Ausência de cursos de capacitação para os beneficiários;
 Falta de atuação da instância de controle social, bem como a
criação de conselho específico e a inclusão de beneficiários no
Conselho;
 Ausência do Conselho de Segurança Alimentar;
 Baixa intersetorialidade entre as entidades responsáveis pelas
condicionalidades e pelo controle social.
 Ausência de monitoramento, avaliação para aprimoramento do
programa.
Fonte: Elaboração própria.
62

O capítulo a seguir demonstrará características socioeconômicas, sociodemográficas, o


nível de (in) segurança alimentar segundo a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar –
EBIA, cruzamento de variáveis e nível de (In) Segurança Alimentar, especificamente das
famílias rurais beneficiárias do programa. Os dados levantados e tabulados seguidos da
discussão e análise trarão subsídios para atender aos objetivos propostos no estudo.
63

4 DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO SOCIOECONÔMICA E SOCIODEMOGRÁFICA


DAS FAMÍLIAS RURAIS BENEFICIÁRIAS DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA EM
RIO VERDE (GO)

Este capítulo tem como objetivo apresentar a caracterização socioeconômica,


sociodemográfica e o nível de (in) segurança alimentar das famílias entrevistadas. Será
apresentado o cruzamento do nível de (in) segurança alimentar das famílias com variáveis
socioeconômicas conforme QUADRO 3, apresentado na página 24.
Os dados são oriundos das entrevistas realizadas com 94 famílias rurais beneficiárias
do PBF no município de Rio Verde no período de junho a outubro de 2013. Foram aplicados
54 questionários nos distritos do município de Rio Verde, 34 em assentamentos rurais e 06 em
pequenas propriedades. Optou-se por apresentar os dados dos distritos separadamente dos
assentamentos rurais e pequenas propriedades por terem modo de vida diferenciado. Apenas
foram agrupados os dados dos assentamentos e pequenas propriedades pelas peculiaridades
das famílias.

4.1 CARACTERIZAÇÕES DAS FAMÍLIAS

4.1.1 Caracterização domiciliar

A maioria das famílias entrevistadas reside nos distritos, como pode ser visto pelo
GRÁFICO 2. Segundo dados obtidos na Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, existem 380 famílias residentes nos assentamentos rurais. De acordo com
dados do censo demográfico de 2010, a população era de 3.688 pessoas nos distritos.
Das 375 famílias beneficiárias do PBF residentes no rural, 44 estão localizadas em
assentamentos rurais, 222 nos distritos e 109 estão em pequenas propriedades e
acampamentos. Das famílias beneficiárias residentes em assentamentos, foram entrevistadas
34 famílias, o que representa 36,17% do total das famílias entrevistadas. Nos distritos, foram
entrevistadas 54 famílias, representando 57,45% do total das famílias entrevistadas.
Já nas pequenas propriedades rurais foram entrevistadas apenas seis famílias, o que
representa 6,38% do total das famílias entrevistadas. Em acampamentos não foi possível
localizar nenhuma família, pois em todas as visitas feitas não havia ninguém.
64

GRÁFICO 2 - Distribuição das famílias de acordo com a área de localização dos domicílios

6,38%

36,17% Distritos
57,45% Assentamentos rurais
Pequenas propriedades

Fonte: Elaboração própria.

Os GRÁFICOS 3 e 4 indicam a situação domiciliar das famílias. Enquanto 48,15%


das famílias residentes nos distritos possuem imóvel próprio, nos assentamentos rurais e
pequenas propriedades este número é bem maior (70%). Nos distritos, aparece a situação
domiciliar alugado que representa 24,07% das famílias vivem em imóvel alugado e 27,78%
em imóvel cedido.

GRÁFICO 3 - Situação domiciliar das famílias beneficiárias residentes nos distritos

27,78% 24,07%
Alugada
48,15%
Própria
Cedida

Fonte: Elaboração própria.


65

GRÁFICO 4 - Situação domiciliar das famílias beneficiárias residentes nos assentamentos


rurais e pequenas propriedades

10%

20%
Própria
70%
Cedida
Outras

Fonte: Elaboração própria.

Nos assentamentos rurais e pequenas propriedades, não aparece a situação “alugado”,


até porque não é permitido por lei que os lotes sejam alugados ou arrendados. A pesquisa
apontou que existem 20% das famílias em imóvel cedido e 10% em outras. Os 20%
representam famílias que construíram suas casas dentro dos lotes dos parentes e os 10%
representam as que estão residindo temporariamente com parentes.
Os GRÁFICOS 5 e 6 indicam que nos distritos 79,63% possuem banheiro dentro da
casa e 20,37% fora. Nos assentamentos rurais e pequenas propriedades, a situação se difere
um pouco: 82,5% contam com banheiro dentro das casas, 12,5% fora e 5% dos imóveis não
possuem banheiro. Estes 5% representam as famílias que construíram suas casas dentro dos
lotes de parentes. Nestes casos, são obrigadas a utilizarem o banheiro das casas próximas.

GRÁFICO 5 - Existência de banheiro no domicílio das famílias residentes nos distritos

20,37%

79,63% Dentro da casa


Fora da casa

Fonte: Elaboração própria.


66

GRÁFICO 6 - Existência de banheiro no domicílio das famílias residentes nos assentamentos


rurais e pequenas propriedades

12,5% 5%

Dentro da casa
82,5%
Fora da casa
Não existe

Fonte: Elaboração própria.

Em relação a proveniência da água utilizada nos domicílios, apenas 1,85% das


famílias residentes nos distritos recebem água oriunda de cisterna de placa. 27,78% tem
acesso a água proveniente de poço ou nascente e 70,37% é da rede geral de distribuição,
conforme pode ser visto no GRÁFICO 7.

GRÁFICO 7 - Proveniência da água utilizada no domicílio das famílias residentes nos


distritos

27,78% Rede geral de


distribuição
Cisterna de placa
70,37%
1,85% Poço ou nascente

Fonte: Elaboração própria.

Importante destacar que os distritos de Ouroana e Riverlândia recebem 100% e 90%,


respectivamente, de água proveniente da rede geral de distribuição. Já no distrito de Lagoa do
Bauzinho, para 100% das famílias a origem da água é de poços ou nascentes.
Nos assentamentos rurais e em pequenas propriedades, a situação se inverte, pois as
famílias não recebem água tratada, sendo que 62,5% a proveniência é de poço ou nascente,
35% de cisterna de placa e 2,5% de açude, conforme se pode ver no GRÁFICO 8.
67

GRÁFICO 8 - Proveniência da água utilizada no domicílio das famílias residentes nos


assentamentos rurais e pequenas propriedades

2,5 %

35 %
Açude
62,5 % Cisterna de placa
Poço ou nascente

Fonte: Elaboração própria.

A pesquisa apontou que as famílias entrevistadas não recebem água tratada e não
existe tratamento do esgoto. Nos distritos 98,15%, utilizam fossa e 1,85% soltam a água
consumida nos quintais. Nos assentamentos e pequenas propriedades, 85% utilizam fossa e
15%, o quintal. Em relação ao destino do lixo, nos distritos 100% é coletado pela prefeitura.
Nos assentamentos e pequenas propriedades todo o lixo é queimado.
Nos distritos, 90,74% da construção domiciliar é de alvenaria, 1,8% é de madeira e
7,41% de placa de muro. Nos assentamentos, a construção é 87,5% de alvenaria, 2,5% de
taipa não revestida e 10% de placa de muro.
Todas as famílias residentes nos distritos têm fornecimento de energia e possuem
relógio próprio. Nos assentamentos rurais e pequenas propriedades, 82,5% possuem relógio
próprio e 17,5% compartilham o relógio. No distrito de Ouroana, os entrevistados reclamaram
que é constante a falta de energia e ocasiona prejuízos ao comércio, aos produtores de leite e à
comunidade em geral. O subprefeito do distrito informou que investimento para criação de
uma nova subestação estava em estudo com as Centrais Elétricas de Goiás (CELG).

4.1.2 Caracterização dos titulares e membros das famílias

4.1.2.1 Perfil dos titulares e membros das famílias

Como ocorre em nível nacional, a maior porcentagem dos titulares do PBF é de


mulheres. Existe uma tendência do próprio MDS de conceder preferencialmente às mulheres,
68

o que pode ser constatado pela pesquisa apontando que os titulares são em ampla maioria
mulheres (98,94%).
Na maioria das famílias residentes nos distritos (38,89%), a situação conjugal é de
amasiados e nos assentamentos e pequenas propriedades há 57,5% de casados, conforme se vê
nos GRÁFICOS 9 e 10. Pode-se observar que no caso dos distritos a renda dos companheiros
é formal, mensal e acima do valor permitido pelo PBF, o que induz os beneficiários a não
legalizar a união. Já no caso dos assentamentos rurais, a renda é difícil de ser mensurada e
confrontada pelo CadÚnico. Outro fator também observado é que as famílias residentes nos
assentamentos rurais e pequenas propriedades têm alguma religião bem definida, o que
influencia diretamente na legalização das uniões.

GRÁFICO 9 - Situação conjugal dos titulares residentes nos distritos

1,85%
9,26% 1,85%
27,78%

38,89% 20,37 %

Solteiro Casado Amasiado Separado Divorciado Viúvo

Fonte: Elaboração própria.

GRÁFICO 10 - Situação conjugal dos titulares residentes nos assentamentos rurais e


pequenas propriedades

2,5% 2,5% 2,5%

35%

57,5%

Solteiro Casado Amasiado Separado Divorciado Viúvo

Fonte: Elaboração própria.


69

A maioria dos beneficiários entrevistados está situada na mesma faixa etária, entre 31
a 40 anos, sendo que nos distritos representam 38,89% e nos assentamentos rurais e pequenas
propriedades representam 40%, como pode ser visto nos GRÁFICOS 11 e 12.

GRÁFICO 11 - Faixa etária dos titulares residentes nos distritos

5,55%

20,37% 35, 19%


17-30
31-40
41-50
38,89% 51-60

Fonte: Elaboração própria.

GRÁFICO 12 - Faixa etária dos titulares residentes nos assentamentos rurais e pequenas
propriedades

10,%
22,5%

27,5% 17-30
31-40
41-50
40% 51-60

Fonte: Elaboração própria.

Os GRÁFICOS 13 e 14 demonstram a faixa etária do chefe de família, indicando que


nos distritos a concentração maior está situada na faixa entre 41 a 50 anos (31,48%). Já nos
assentamentos rurais e pequenas propriedades, a concentração maior está na faixa entre 31 e
70

40 anos (42,5%). Nos distritos, 64,81% dos chefes de família são representados pelos homens,
e nos assentamentos rurais e pequenas propriedades esse número é bem maior (92,5%).
Percebe-se que o modo de vida entre as famílias que vivem nos distritos e assentamentos
rurais diferencia-se devido a questões culturais. Nos assentamentos, percebe-se que o poder
patriarcal é mais forte que nos distritos, pois nesses há uma influência maior do urbano.

GRÁFICO 13 - Faixa etária dos chefes de família residentes nos distritos

5,56%
11,11%
27,78%
17-30
31-40
31,48% 41-50
24,07% 51-60
Acima de 60

Fonte: Elaboração própria.

GRÁFICO 14 - Faixa etária dos chefes de família residentes nos assentamentos rurais e
pequenas propriedades

2,5% 7,5%

15%
17-30
31-40
42,5%
32,5% 41-50
51-60
Acima de 60

Fonte: Elaboração própria.


71

Os GRÁFICOS 15 e 16 indicam que na maioria dos domicílios há crianças e


adolescentes menores de 18 anos. Dos entrevistados dos distritos, 38,89% possuem até dois
filhos menores de 18 anos, e nos assentamentos rurais e pequenas propriedades, 50%.

GRÁFICO 15 - Quantidade de filhos menores de 18 anos das famílias residentes nos distritos

7,41% 7,41%
9,25%

Nenhum
37,04% Um
Dois
38,89%
Três
Quatro

Fonte: Elaboração própria.

GRÁFICO 16 - Quantidade de filhos menores de 18 anos das famílias residentes nos


assentamentos rurais e pequenas propriedades

2,5% 2,5%

22,5%
22,5%
Um
Dois
Três
Quatro
50%
Cinco

Fonte: Elaboração própria.

Os GRÁFICOS 17 e 18 indicam que na maioria dos domicílios há pelo menos quatro


moradores, sendo 37,04% nos distritos e 52,5% nos assentamentos rurais e pequenas
propriedades. Vale destacar que nos assentamentos rurais e pequenas propriedades o número
de membros é um pouco maior que nos distritos, chegando, em alguns casos, a oito.
72

GRÁFICO 17 - Quantidade de membros no imóvel das famílias residentes nos distritos

7,41% 1,85% 5,55%

Dois
18,52% 29,63%
Três
Quatro
Cinco
37,04% Seis
Sete

Fonte: Elaboração própria.

GRÁFICO 18 - Quantidade de membros da família residentes no imóvel dos assentamentos


rurais e pequenas propriedades

2,5% 5% 2,5%

17,5%
Três
20%
Quatro
Cinco
Seis
52,5% Sete
Oito

Fonte: Elaboração própria.

4.1.2.2 Escolaridade e renda

Os chefes de família possuem baixo grau de escolaridade. Tanto nos distritos quanto
nos assentamentos rurais e pequenas propriedades, a faixa maior concentra-se no ensino
fundamental I, como pode ser visto nos GRÁFICOS 19 e 20. O que chama atenção é que nos
73

distritos 14,81% consideram-se não alfabetizados e nos assentamentos rurais e pequenas


propriedade, 2,5%.

GRÁFICO 19 - Escolaridade dos chefes de família residentes nos distritos

Ensino fundamental I
11,12%
Ensino fundamental II
29,63%
14,81%
Ensino médio completo
3,70%

20,37% Ensino médio


12,96%
incompleto
7,41%
Superior completo

Não alfabetizado

Fonte: Elaboração própria.

GRÁFICO 20 - Escolaridade dos chefes de família residentes nos assentamentos rurais e


pequenas propriedades

Ensino fundamental I
5% 2,5%
12,5% Ensino fundamental II

50%
Ensino médio completo
30%
Ensino médio
incompleto
Superior completo

Não alfabetizado

Fonte: Elaboração própria.

Os GRÁFICOS 21 e 22 evidenciam que os titulares do PBF, assim como os chefes de


família, possuem um baixo grau de escolaridade, concentrando-se na faixa de Ensino
fundamental I para aqueles que residem nos assentamentos rurais e pequenas propriedades e
Ensino fundamental II para aqueles que residem nos distritos. Embora o índice de não
alfabetizados entre os titulares seja menor do que dos chefes de família, o percentual dos que
74

residem nos assentamentos rurais e pequenas propriedades continua sendo menor (5%) do que
nos distritos (7,41%).
Todas as crianças e jovens dos distritos, assentamentos e das pequenas propriedades
frequentam escolas. As crianças residentes nos assentamentos são transportadas por ônibus
contratado pelo município. Alguns jovens estudam na cidade de Rio Verde e são também
transportadas por ônibus fornecido pelo município. Observou-se que quando estes ônibus
apresentam defeitos, as crianças e jovens não frequentam as aulas. As mães relataram na
entrevista que, quando isso ocorre, elas justificam na secretaria da escola. Neste caso, a falta
não é computada para efeito do controle de frequência do PBF.

GRÁFICO 21- Escolaridade dos titulares residente nos distritos

Ensino fundamental I

7,41% 3,7% Ensino fundamental II


1,85%
20,37%
Ensino médio completo
18,52%
Ensino médio
12,96% 35,19%
incompleto
Superior completo

Não alfabetizado

Não informado

Fonte: Elaboração própria.

GRÁFICO 22 - Escolaridade dos titulares residentes nos assentamentos rurais e pequenas


propriedades

Ensino fundamental I
5%
12,5%
Ensino fundamental II
45%
15% Ensino médio completo

22,5% Ensino médio


incompleto
Superior completo

Não alfabetizado

Fonte: Elaboração própria.


75

O GRÁFICO 23 indica a renda agrícola e não agrícola das famílias residentes nos
distritos. Apenas 20% das famílias possuem renda advinda das atividades agrícolas; para os
outros 80% a renda é proveniente de outras atividades. Detectou-se que 24,07% são
trabalhadores rurais e 75,93% exercem outras atividades. A pesquisa apontou que nos
distritos, além de trabalhadores rurais, existem servidores públicos nas diversas áreas, como
educação, saúde e limpeza pública. O comércio local é bastante fraco, empregando apenas os
proprietários e as indústrias próximas exigem mão de obra qualificada.
Segundo a subprefeita do distrito de Riverlândia, um dos maiores problemas
enfrentados pelos distritos é o desemprego. Estes trabalhadores, em sua maioria, trabalham
como safristas e diaristas e não têm emprego permanente. Na entressafra é muito comum
encontrar estes trabalhadores em suas casas ou exercendo outras atividades não agrícolas.
No decorrer da pesquisa, foi possível detectar com as entrevistadas que existe carência
de emprego para o gênero feminino. Na época da pesquisa, estava em estudo a vinda de uma
empacotadora de carvão para o distrito de Riverlândia e existia uma expectativa de
empregabilidade das mulheres. Nos demais distritos, a dificuldade de empregar a mão de obra
feminina é a mesma. O trabalho encontrado é de faxineira, babá ou na limpeza pública da
subprefeitura.

GRÁFICO 23 - Renda mensal agrícola e não agrícola das famílias residentes nos distritos

35%
35
30%
30

25

20
15% Renda agrícola
15 Renda não agrícola
10%
10
5% 5%
5

0
Até 200 R$ 201 a R$ 401 a R$ 601 a Acima de
R$ 400 R$ 600 R$ 800 R$ 801

Fonte: Elaboração própria.

O GRÁFICO 24 mostra que 100% da renda das famílias residentes nos assentamentos
rurais e pequenas propriedades é proveniente da produção agrícola, o que configura apenas
76

renda agrícola. A maioria dedica todo o tempo de trabalho na propriedade, e em nenhuma das
famílias detectou-se a pluriatividade. Observou-se que algumas famílias têm dificuldade em
mensurar sua renda em valores monetários e mensal, em função desta dificuldade a renda foi
indexada em salários mínimos. Vale destacar que 17,5% das famílias não informaram sua
renda.

GRÁFICO 24 - Renda mensal agrícola das famílias residentes nos assentamentos rurais e
pequenas propriedades

17,5% 15% Menos de 01 salário


mínimo
12,5% Entre 01 e 02 salários
mínimos
Acima de 02 salários
55% mínimos
n.i.

Fonte: Elaboração própria.

4.1.2.3 Alimentação, apoio e proteção social

O GRÁFICO 25 retrata que a maioria das famílias não recebe qualquer tipo de ajuda
além do PBF. Apenas 12,50% e 20,37% das famílias residentes nos assentamentos rurais,
pequenas propriedades e distritos, respectivamente, afirmaram receber algum tipo de ajuda.
Estes auxílios advêm de familiares, amigos e, em alguns casos de empregadores em forma de
alimento.
O GRÁFICO 26 demonstra a participação dos beneficiários em organizações sociais;
80% das famílias residentes nos assentamentos rurais e pequenas propriedades participam de
pelo menos um grupo. Já nos distritos a situação é bastante diversa, apenas 43% participam.
Em todos os assentamentos rurais visitados existe uma associação constituída pelos
assentados. Embora não seja atuantes em nenhuma, a maioria das famílias é associada.
Merecem destaque duas cooperativas de agricultores familiares localizadas na região
verificou-se que a maioria dos assentados é cooperado em uma delas. Em relação às famílias
77

que residem nos distritos, sua participação em organizações sociais se dá em igrejas e na


pastoral da criança.

GRÁFICO 25 - Proteção social/auxílio recebido

100%
90%
80%
70% 79,63%
60% 87,50%
Não
50%
Sim
40%
30%
20% 20,37%
10% 12,50%
0%
Distritos Assentamentos rurais e
pequenas propriedades

Fonte: Elaboração própria.

GRÁFICO 26 - Participação em grupos/organizações

100%
20%
90%
80% 57%
70%
60% Não
50%
80% Sim
40%
30% 43%
20%
10%
0%
Distritos Assentamentos rurais e
pequenas propriedades

Fonte: Elaboração própria.

Em relação à alimentação, pode-se verificar nos GRÁFICOS 27 e 28, que a maioria


das famílias dos distritos, assentamentos rurais e pequenas propriedades toma café da manhã
(81,48% e 92,5% respectivamente), almoçam (100%) e jantam (100%) nos sete dias da
semana. A porcentagem do café da manhã é a menor, pois muitos relataram não estar
78

acostumados a fazer a refeição matinal, principalmente nos dias em que as crianças não têm
aulas.

GRÁFICO 27 - Distribuição percentual das famílias residentes nos distritos por realização
das refeições diárias

Jantar 100

Almoço 100

Café da manhã 81,48%

Fonte: Elaboração própria.

GRÁFICO 28 - Distribuição percentual das famílias residentes em assentamentos rurais e


pequenas propriedades rurais por realização das refeições diárias

Jantar 100%

Almoço 100%

Café da manhã 92,50%

Fonte: Elaboração própria.

Das famílias que possuem crianças frequentando escolas ou creches, 100% recebem,
refeição escolar em média, uma vez ao dia. Nos distritos, algumas escolas passaram a
funcionar em período integral no ano de 2013 e as crianças que estão matriculadas nestas
escolas recebem três refeições diárias, assim como nas creches. Percebeu-se a resistência de
79

algumas mães em mandar seus filhos para escolas de período integral. As entrevistadas
relataram que existe uma pressão da direção e até mesmo ameaça de serem cortadas do PBF
caso resistam.
As crianças matriculadas em escolas localizadas nos assentamentos e nas demais
escolas dos distritos recebem apenas uma refeição diária. A merenda escolar é complementar
e pode contribuir, mesmo que indiretamente, para a melhora dos níveis de insegurança
alimentar, além de ser importante para o orçamento doméstico (menos gastos em casa com
alimentação das crianças), de acordo com o IBASE (BRASIL, 2008).
Todas as famílias entrevistadas nos distritos afirmaram efetuar a compra de alimentos
em supermercados, assim como as famílias dos assentamentos rurais e pequenas propriedades.
Nos distritos, 50,24% das famílias possuem dívidas com alimentos. Destaque para o
distrito de Ouroana que apresentou o maior índice (65%). Essas dívidas são contraídas nos
supermercados locais que trabalham com a forma de pagamento a prazo e o controle é feito
em cadernetas. Nos assentamentos rurais e pequenas propriedades as famílias efetuam suas
compras à vista ou com cheques pré-datados, e não é comum a sistemática de cadernetas.
Ao serem questionadas sobre o que acontece com a alimentação das crianças menores
de 14 anos durante as férias escolares, 63% das famílias nos distritos disseram que não há
alteração, 18,12% disseram que piora e 18,9% disseram que melhora. Nos Assentamentos
rurais e pequenas propriedades, 15,21% responderam que melhora a alimentação, 77,08%
disseram que não há alteração e 7,71% não tem filhos menores de 14 anos.
O principal gasto das famílias entrevistadas com o valor do benefício PBF é com a
alimentação, com material escolar e com vestuário das crianças e adolescentes (roupas,
uniformes e acessórios). Percebeu-se também que muitas das famílias, quando recebem o
benefício, utilizam-no para a necessidade do momento e nem sempre segue essa ordem, como
por exemplo pagar uma conta de água ou energia que está em atraso. Outro fator observado é
que as famílias têm dificuldade de controlar os gastos, pois quando perguntadas dos valores
empregados em cada área, ou seja, educação, saúde e alimentação, não souberam responder
com exatidão.

4.1.2.4 Saúde e trabalho

Não foi possível levantar o percentual de famílias que apresentem problema crônico de
saúde. De acordo com os agentes de saúde, as doenças mais comuns são hipertensão e/ou
80

colesterol alto. Eles disseram que é bastante comum entre as famílias residentes nos
assentamentos rurais alguma destas doenças, principalmente nas mulheres. Grande parte das
famílias necessita de cuidados em relação à saúde, principalmente no incentivo à prática de
atividade física. Nos distritos, com a implantação do CRAS, serão oferecidas aulas com
educador físico e palestras. Em todos os distritos, existem na praça alguns aparelhos que
permitem a prática de atividade física com acompanhamento de educador físico que vem de
Rio Verde em alguns dias da semana. Já nos assentamentos, a única atividade, quando
praticada, é a caminhada.
Em uma das pequenas propriedades visitadas, havia uma mulher e uma criança recém-
nascida com diagnóstico de leptospirose (doença causada por uma bactéria chamada
leptospira presente na urina de ratos). A doença foi contraída durante a gravidez, no entanto
não foi diagnosticada, pois a mãe não realizou os exames necessários e a criança também
nasceu com a doença. Ambas já estavam fora de perigo e em tratamento.
Em todos os distritos existe posto de saúde, onde tanto a comunidade local, os
assentados e residentes em propriedades próximas podem realizar consultas previamente
agendadas. Quando necessária a realização de exames, as famílias são encaminhadas para Rio
Verde. Pelo menos uma vez por ano existe a presença do trailer da saúde nos assentamentos
rurais. Os agentes de saúde encaminham as famílias para atendimento nos postos de saúde e
em Rio Verde.
No decorrer da pesquisa, aconteceu no Assentamento Pontal do Buriti o Dia da Saúde,
promovido pela Secretaria Municipal da Saúde. Estes eventos têm sido constantes neste local
devido ao acidente ocorrido em maio de 2013. Na ocasião, um avião agrícola contratado por
um dos produtores da região fazia combate na lavoura próxima à escola e, segundo relato do
presidente da associação e do diretor da instituição de ensino, o avião sobrevoou o prédio
várias vezes, em especial a quadra de concreto, molhando 60 crianças que ali se encontravam
com um tipo de pesticida. Os alunos, com idade entre 4 e 16 anos, que naquele momento
lanchavam a céu aberto, engoliram o composto denominado piretroide (classe toxicidade 3 e
4). O caso teve repercussão nacional, e todas as crianças necessitaram de atendimento nos
hospitais próximos e ainda recebem acompanhamento.
Ainda segundo o presidente da associação do Assentamento Pontal do Buriti, a água
consumida pelo alunos e funcionários da escola estava sendo trazida em caminhões pipa da
cidade. Em uma análise feita da água para verificar a contaminação pelo pesticida jogado pelo
avião, detectou-se que era imprópria para consumo devido a grande quantidade de coliformes
fecais.
81

Em relação à situação de trabalho dos chefes de família dos distritos, 20,37% têm
trabalho permanente, ou seja, têm registro em carteira ou são servidores públicos
efetivos/comissionados; 66,67% trabalham sem registro em carteira (temporariamente ou por
conta própria); 1,85% são aposentados e 11,11% estão desempregados ou à procura de
emprego. Segundo (BRASIL, 2008) o fato de os titulares serem, na maioria, mulheres pode
explicar o baixo índice de trabalhadores permanentes, pois as mulheres dedicam-se mais à
gestão da casa ou trabalham como diaristas.
No caso dos chefes de família dos assentamentos rurais e pequenas propriedades, 90%
trabalham somente nos lotes, 2,5% trabalha como servidor público (auxiliar de serviços gerais
na escola), 2,5% está procurando emprego e 5% são trabalhadores rurais com carteira
assinada. Todas as mulheres exercem algum tipo de atividade na propriedade.

4.2 ESCALA BRASILEIRA DE INSEGURANÇA ALIMENTAR (EBIA) X


CARACTERIZAÇÃO DAS FAMÍLIAS

De acordo com a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), 28,72% das


famílias pesquisadas beneficiárias do PBF encontra-se em situação de Segurança Alimentar
(SA), ou seja, não apresentam nenhuma restrição alimentar e preocupações futuras com a falta
de alimentos; e 71,28% apresentam níveis de Insegurança Alimentar, ou algum tipo de
privação de alimentos.
O GRÁFICO 29 indica que 54,25% das famílias apresentam insegurança alimentar
leve (IAL), ou seja, as famílias têm medo ou receio de sofrer IA futuramente; 12,77% de
insegurança alimentar moderada (IAM), onde há restrições na quantidade e qualidade de
alimentos e apenas 4,26% de insegurança alimentar grave (IAG), caracterizada pela fome
entre adultos e/ou crianças.
De acordo com a pesquisa IBASE, (BRASIL, 2008) com beneficiários do PBF, 16,9%
das famílias em nível nacional apresentavam SA, seguido da região Centro-Oeste com 23,1%.
Ainda de acordo com a pesquisa, as regiões Sul e Centro-Oeste tiveram percentuais mais
elevados de SA. No GRÁFICO 30 pode-se observar que as famílias de Rio Verde estão um
pouco acima da média nacional e da região Centro-Oeste. De acordo com a PNAD, cujos
resultados foram divulgados pelo IBGE (2010a) na Região Norte, todos os estados
apresentaram prevalências domiciliares de SA inferior à registrada para o Brasil. Já na região
82

Centro-Oeste, apenas o estado de Goiás estava nestas condições, ou seja, estava abaixo da
média nacional.

GRÁFICO 29 - Distribuição das famílias beneficiárias segundo a EBIA

4,26%

12,77%
28,72%

SA
IAL
IAM
54,25%
IAG

Fonte: Elaboração própria.

GRÁFICO 30 - Comparativo entre famílias beneficiárias segundo a EBIA por região

IAG 4,26 14,60 20,70

IAM 12,77 31,20 34,10


RIO VERDE
CENTRO OESTE

IAL 54,25 31,10 28,30 BRASIL

SA 28,72 23,10 16,90

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do IBASE (2008).

Observa-se pelo GRÁFICO 31 que nos distritos (31,48%) o nível de segurança


alimentar é maior do que nos assentamentos (25%). Em relação à IA, nos assentamentos não
aparece a IAG, enquanto que nos distritos o índice é de 7,41%.
83

GRÁFICO 31 - Distribuição das famílias beneficiárias de acordo com a localização do


domicílio e o nível (in) de segurança alimentar

25,00 70,00 5,00


ASSENTAMENTOS
SA
IAL
IAM
IAG
31,48 42,60 18,517,41
DISTRITOS

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Fonte: Elaboração própria.

O distrito de Riverlândia, como pode ser visto no GRÁFICO 32, é o que apresenta
maior índice SA (45%). A pesquisa também apontou que este é o único distrito que possui
creche e uma unidade do Programa de Erradicação de Trabalho Infantil (PETI). A creche não
exige que as mães estejam trabalhando para receber as crianças na instituição, até porque se
esta fosse uma exigência, segundo as mães entrevistadas, não haveria crianças suficientes para
estar em funcionamento.
São oferecidas na creche, três refeições diárias, sendo café da amanhã, almoço e
lanche da tarde, isso pode favorecer o nível de segurança alimentar das famílias deste distrito.
Os demais distritos, embora tenham uma população equivalente à de Riverlândia, não
possuem creches. Segundo informações da comunidade local, a prefeitura municipal fez
levantamento e o número de crianças é pequeno para implantação.
O GRÁFICO 33 apresenta o nível de (in) segurança alimentar dos assentamentos
rurais; neste caso, as famílias residentes nas pequenas propriedades foram agrupadas com o
assentamento. O que chama atenção é o resultado do assentamento Pontal do Buriti, que
apresenta menor percentual de SA (6,67%) e o único com IAM (13,33%).
A pesquisa revela que 27,92% das famílias entrevistadas deste assentamento não
plantaram na última safra e apontam a falta de crédito como uma das dificuldades. 93,33%
não têm acesso a crédito no momento e o motivo é a falta de documentação e inadimplência.
O assentamento Vale do Cedro apresenta segundo menor percentual de SA (16,67%); neste
84

caso também existe um número elevado de famílias que não plantaram na última safra
(16,67%) e 100% das famílias não acessam o crédito. O motivo apontado pelas famílias do
Assentamento Vale do Cedro por não acessarem o crédito é falta de documentação, seguido
de não quererem investir na produção.

GRÁFICO 32 - Distribuição das famílias beneficiárias residentes nos distritos e o nível (in)
de segurança alimentar

RIVERLÂNDIA 45 40 15

SA
IAL
OUROANA 30 35 20 15
IAM
IAG

LAGOA DO BAUZINHO 14,28 57,14 21,43 7,15

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Fonte: Elaboração própria.

GRÁFICO 33 -: Distribuição das famílias beneficiárias residentes em assentamentos rurais e


pequenas propriedades e o nível (in) de segurança alimentar

PA FORTALEZA II 25 75

PA RIO DOCE 33,33 66,67

PA RIO VERDINHO 66,67 33,33 SA

16,67 83,33 IAL


PA VALE DO CEDRO
IAM
PA VALE DO SONHO 33,33 66,67
IAG
PA VAIANÓPOLIS 50 50

PA PONTAL DO BURITI 6,67 80 13,33

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Fonte: Elaboração própria.

4.2.1 Escala Brasileira de insegurança alimentar x renda


85

O GRÁFICO 34 indica que as famílias residentes nos distritos que recebem entre
duzentos e quatrocentos reais são as que apresentam os menores níveis de segurança alimentar
e as famílias que recebem acima de seiscentos reais apresentam um percentual maior de SA.
O GRÁFICO 35 apresenta a situação das famílias residentes nos assentamentos, onde a
prevalência de IA está entre aquelas que recebem menos de um salário mínimo e entre 01 e 02
salários mínimos. A partir dos dados apresentados, pode-se afirmar que quanto maior a renda,
maiores os níveis de SA, ou seja, há uma ligação direta entre renda e SA.

GRÁFICO 34 - Relação entre renda mensal das famílias beneficiárias residentes nos
distritos e o nível de (in) segurança alimentar

IAG 25,00 25,00 25,00 25,00


Até R$ 200
IAM 10,00 40,00 10,00 40,00 R$ 201 a R$ 400
4,35 R$ 401 a R$ 600
IAL 8,69 8,70 52,17 26,09
R$ 601 a R$ 800
5,88 Acima de R$ 801
SA 5,88 11,77 35,29 41,18

0% 50% 100%

Fonte: Elaboração própria.

GRÁFICO 35 - Relação entre renda mensal das famílias beneficiárias residentes nos
assentamentos rurais e o nível de (in) segurança alimentar

IAM 50 50 Menos de 01 Salário


Mínimo
Entre 01 e 02 Salário
10,71 60,71 10,7117,86 Mínimo
IAL
Acima de 02 Salário
Mínimos
n.i.
SA 60 20 20

0% 50% 100%

Fonte: Elaboração própria.


86

A renda foi o dado mais difícil de ser coletado, uma vez que havia um desconforto por
parte das famílias em informar. A habilidade e a confiança transmitida foram fatores
fundamentais para obtenção desta informação. Mesmo assim, pode-se dizer que é um dado
frágil. As famílias, principalmente as que residem em assentamentos, têm dificuldade de
mensurar a renda auferida. Em alguns casos, como pode ser visto pelo gráfico, esse valor não
foi informado. Algumas famílias não tiveram produção na última safra e estavam
sobrevivendo apenas com o valor do PBF, da produção para autoconsumo e da ajuda de
parentes e amigos.

4.2.2 Escala Brasileira de Insegurança Alimentar x escolaridade

Os GRÁFICOS 36 e 37 apresentam o cruzamento dos dados do indicador EBIA com a


categoria de análise escolaridade dos chefes de família e titulares residentes em distritos.
Pode-se observar que em toda a amostra há prevalência de IA, com exceção da categoria
superior completo. Outro dado importante e que chama atenção é que, entre os chefes de
família que apresentaram IAG, 50% estão na categoria não alfabetizado e 50% com apenas
ensino fundamental I. O mesmo ocorre com os titulares, ou seja, dos que estão em IAG, 25%
estão na categoria não alfabetizado e 75% na categoria ensino fundamental I.

GRÁFICO 36 - Relação entre escolaridade dos chefes de família residentes no distrito e o


nível de (in) segurança alimentar

Não informado 17,65 17,39 20

Não alfabetizado 17,65 13,04 50

Ensino médio incompleto 17,65 8,70

Ensino médio completo 17,65 8,70 20

Ensino fundamental II 5,88 26,09 10

Ensino fundamental I 23,53 26,09 50 50

0% 20% 40% 60% 80% 100%

SA IAL IAM IAG

Fonte: Elaboração própria.


87

GRÁFICO 37 - Relação entre escolaridade dos titulares residentes nos distritos e o nível de
(in) segurança alimentar

Não informado 4,35

Não alfabetizado 23,5 10 25

Superior completo 5,9

Ensino médio incompleto 17,6 26,09

Ensino médio completo 23,5 4,35 20

Ensino fundamental II 17,6 47,83 40

Ensino fundamental I 11,8 17,39 30 75

0% 20% 40% 60% 80% 100%

SA IAL IAM IAG

Fonte: Elaboração própria.

Os GRÁFICOS 38 e 39 também apresentam o cruzamento dos dados do indicador


EBIA com a categoria de análise escolaridade dos chefes de família e titulares residentes em
assentamentos. Embora tenha sido destacada alta prevalência de IA em toda a amostra, a
categoria de não alfabetizado dos chefes de família tiveram percentuais mais elevado de IA.

GRÁFICO 38 - Relação entre escolaridade dos chefes de família residentes nos


assentamentos rurais e pequenas propriedades e o nível de (in) segurança alimentar

Não alfabetizado 100

Ensino médio incompleto 50 50


SA

20 80 IAL
Ensino médio completo
IAM
25 75 IAG
Ensino fundamental II

Ensino fundamental I 30 65 5

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Fonte: Elaboração própria.


88

GRÁFICO 39 - Relação entre escolaridade dos titulares residentes nos assentamentos rurais e
pequenas propriedades e o nível de (in) segurança alimentar

Não alfabetizado 50 50

Ensino médio incompleto 16,67 83,33


SA

100 IAL
Ensino médio completo
IAM
Ensino fundamental II 22,22 55,56 22,22 IAG

Ensino fundamental I 33,33 66,67

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Fonte: Elaboração própria.

4.2.3 Escala Brasileira de Insegurança Alimentar x trabalho

A análise a seguir refere-se à categoria trabalho direcionado à produção na parcela de


terra. Constata-se que quanto maior o tempo dedicado ao trabalho, menores os níveis de
insegurança alimentar e maior o nível de segurança alimentar, o que pode ser visualizado no
GRÁFICO 40. A atividade agrícola aparece como a principal atividade destas famílias (51%),
seguida da Pecuária (31%) e 18% não fizeram plantio na última safra. Na atividade agrícola a
cultura da soja aparece como o principal produto, seguido do milho, sorgo (plantio apenas na
safrinha) e hortaliças. No caso da pecuária, merecem destaque para gado de leite, suínos e
aves. Os produtos soja, milho e sorgo são comercializados em duas cooperativas locais de
agricultores familiares que revendem para as indústrias, sendo que a soja é vendida para
produção de biodiesel. As hortaliças são vendidas em feiras locais e para feirantes que
revendem nestas mesmas feiras. O leite é entregue para as cooperativas.
A atividade agrícola aparece como atividade principal destas famílias e exige uma
dedicação diária, o que dificulta o aumento da renda com outras atividades não agrícolas.
Todos que estão inseridos na atividade agrícola fazem duas safras anuais, sendo soja na
primeira safra e milho/sorgo na segunda safra. Na última safra de milho e sorgo houve perdas
significativas devido à falta de chuva, o que contribuiu, segundo as famílias entrevistadas,
para aumentar o grau de endividamento, pois o prejuízo na segunda safra (milho e sorgo)
absorveu todo o lucro da primeira (soja). Segundo relatos, quando isso ocorre, se não fosse a
renda do PBF e o autoconsumo, estariam passando fome.
89

GRÁFICO 40 - Relação entre período de dedicação às atividades da propriedade e o nível de


(in) segurança alimentar das famílias residentes nos assentamentos rurais e pequenas
propriedades

Parte da semana 100

SA
IAL
Parte do dia 100
IAM
IAG
Todo o dia 28,57 65,71 5,72

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Fonte: Elaboração própria.

4.2.4 Escala Brasileira de Insegurança Alimentar X perfil produtivo

A diversificação da produção das famílias proporciona estágios mais favoráveis


quanto a segurança alimentar das mesmas, apresentando um percentual de 30,43% em
condições de SA e reduz os percentuais de IAM. Conforme pode ser visto no GRÁFICO 41,
as famílias com maior diversificação de culturas apresentam 69,57% de IA, enquanto que as
pouco diversificadas apresentam 86,67%.

GRÁFICO 41 - Relação entre perfil produtivo e o nível de (in) segurança alimentar das
famílias residentes nos assentamentos rurais e pequenas propriedades

Pouco diversificada - 0 a 01 13,33 46,67 40


cultura SA
IAL
IAM
Muito diversificada - 02 ou 30,43 43,48 26,09 IAG
mais culturas

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Fonte: Elaboração própria.


90

4.2.5 Escala Brasileira de Insegurança Alimentar X autoconsumo

A categoria de análise autoconsumo é representada a seguir pelos GRÁFICOS 42, 43 e


44 (assentamentos e pequenas propriedades rurais) e pelos QUADROS 8, 9 e 10 (distritos),
que demonstram a relação entre as faixas percentuais de consumo de produtos produzidos no
próprio lote frente ao consumo total e os níveis de (in) segurança alimentar verificados.
Alguns estudos revelam uma tendência à diminuição de níveis mais críticos de insegurança
alimentar quanto maior for o percentual de autoconsumo.
Pode-se afirmar que essa tendência não se confirmou na pesquisa realizada, o que
pode ser visto nos GRÁFICOS 42 e 44. Muito pouco do que é consumido pelas famílias é
produzido por elas.

GRÁFICO 42 - Produtos consumidos vindos da propriedade

18%
25%

13%

44%

Quase tudo Próximo da metade Muito pouco Nada

Fonte: Elaboração própria.

A pesquisa apontou que 25% das famílias consomem quase tudo produzido na
propriedade (GRÁFICO 43). Dentre elas que consomem quase tudo vindo da propriedade,
70,59% estão em condição de IA. A conclusão é que quanto menor a renda destas famílias,
maior o autoconsumo.
91

GRÁFICO 43 – Tipos de produtos consumidos vindos da propriedade

Ervas medicinais 20 2,5 47,5 30

Frutas 32,5 17,5 25 25

Horticultura 45 7,5 27,5 20

Carnes 30 38 15 17,5
2,5
Arroz, feijão e outros cereais 2,5 62,5 32,5

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Quase tudo Próximo da metade Muito pouco Nada

Fonte: Elaboração própria.

GRÁFICO 44 - Classificação das famílias beneficiárias de acordo com produção alimentos


para autoconsumo e o nível de (in) segurança alimentar

Nada 25 61,11 13,89

21,84 77,01 1,15 SA


Muito pouco
IAL
IAM
Próximo da metade 42,31 57,69
IAG

Quase tudo 21,57 70,59 7,84

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Fonte: Elaboração própria.

Optou-se por demonstrar essa categoria de análise para os distritos de forma diferente
devido possuírem modo de vida com características urbanas e não possuem áreas suficiente
para produção.
A aquisição no supermercado foi considerada pelos beneficiários dos distritos a
principal forma de obtenção de alimentos, seguida pela produção de alimento para
autoconsumo e por último pela ajuda de parentes e amigos. Vale destacar que a forma de
acesso por meio de programas públicos de assistência alimentar não aparece em nenhum dos
distritos.
92

Embora as famílias dos distritos tenham modo de vida diferente dos assentamentos, a
produção de alimentos para autoconsumo aparece como uma das formas de acesso para
obtenção de alimentos. No QUADRO 8, observa-se que no distrito de Ouroana 92,43% das
famílias que estão em SA adquirem seus alimentos nos supermercados e que o maior
percentual de famílias que produzem alimentos para autoconsumo estão em IA.

QUADRO 8 – Relação entre formas de acesso à alimentação das famílias residentes no


distrito de Ouroana e o nível de (in) segurança alimentar

FORMAS DE ACESSO EBIA


SA IAL IAM IAG
% % % %
Compra de Alimentos no Supermercado 92,43 88,31 86,36 84,85
Doação/Ajuda de Parentes e Amigos 1,51 2,60 4,55 -
Produção de Alimentos para Autoconsumo 6,06 9,09 9,09 15,15
Programas Públicos de Assistência Alimentar - - - -
TOTAL 100 100 100 100
Fonte: Elaboração própria.

Nos distritos de Riverlândia e Lagoa do Bauzinho (QUADROS 9 e 10) a situação


também não difere quanto à ordem da forma de acesso a alimentação. A maioria das famílias
adquire seus alimentos no supermercado.

QUADRO 9 – Relação entre formas de acesso à alimentação das famílias residentes no


distrito de Riverlândia e o nível de (in) segurança alimentar

FORMAS DE ACESSO EBIA


AS IAL IAM IAG
% % % %
Compra de Alimentos no Mercado 94,95 95,46 90,91 -
Doação/Ajuda de Parentes e Amigos 1,01 3,41 9,09 -
Produção de Alimentos para Autoconsumo 4,04 1,14 - -
Programas Públicos de Assistência Alimentar - - - -
TOTAL 100 100 100 100
Fonte: Elaboração própria.

Entre as famílias que estão em SA, 6,06% produzem alimentos para autoconsumo e as
que estão em IAG, 15,15% produzem alimentos para autoconsumo. A realidade apresentada
pelo distrito de Ouroana remete a ideia que o fator renda influencia diretamente no aumento
93

da produção para autoconsumo. O distrito em questão foi o que apresentou menor percentual
de famílias que ganham acima de oitocentos e um reais (10%).

QUADRO 10 – Relação entre formas de acesso à alimentação das famílias residentes no


distrito de Lagoa do Bauzinho e o nível de (in) segurança alimentar

FORMAS DE ACESSO EBIA


AS IAL IAM IAG
% % % %
Compra de Alimentos no Mercado 90,91 97,73 100 100
Doação/Ajuda de Parentes e Amigos 4,54 2,27
Produção de Alimentos para Autoconsumo 4,55
Programas Públicos de Assistência Alimentar - - - -
TOTAL 100 100 100 100
Fonte: Elaboração própria.

Nestes dois casos, as famílias que produzem para autoconsumo concentram-se na


condição de SA, ao contrário do que ocorre no distrito de Ouroana, o que fortalece a ideia de
que o fator renda nestes três casos influencia na forma de acesso a alimentação, ou seja,
quanto maior a renda, menor produção de alimentos para autoconsumo. É importante ressaltar
que, o distrito de Riverlândia, 30% das famílias têm uma renda acima de oitocentos e um reais
e o distrito de Lagoa do Bauzinho esse índice é de 28,57% contra 10% do distrito de Ouroana.
Outro fator que também chamou atenção na pesquisa é que o distrito de Ouroana é o que mais
se aproxima do modo de vida rural.

4.2.6 Valor do benefício do PBF x EBIA

Este cruzamento só foi possível fazer para um dos distritos, uma vez que as famílias
apresentaram dificuldade em informar o valor correto recebido. Por diversas vezes foram
realizadas consultas no Portal da Transparência para confirmação e levantamento do valor
recebido pelos titulares, mas o sistema apresentava erro.
Assim, optou-se por apresentar no QUADRO 11 dados de pelo menos um dos
distritos, no caso Ouroana, por apresentar maior confiabilidade.
Observa-se que quanto maior o valor do benefício maior o nível de SA. As famílias
que recebem entre cento e trinta e cinco reais e cento e noventa e oito reais apresentam
94

percentual maior de SA e menor nível de IA. Acredita-se que a conclusão seria a mesma em
relação aos demais locais pesquisados.

QUADRO 11 – Relação entre valor do benefício do PBF das famílias residentes no distrito de
Ouroana e o nível de (in) segurança

VALOR DO BENEFÍCIO EBIA

SA IAL IAM IAG


% % % %
Até R$ 70,00 16,67 28,57 25,00 -

R$ 71,00 a R$ 134,00 16,67 42,87 25,00 66,66


R$ 135,00 a R$ 198,00 50,00 14,28 25,00 33,34
Acima de R$ 199,00 - 14,28 25,00 -
n.i. 16,66 - - -
TOTAL 100 100 100 100
Fonte: Elaboração própria.
95

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo desenvolvido demonstra a importância da discussão da avaliação das


políticas sociais direcionadas para a segurança alimentar das famílias rurais, em especial o
Programa Bolsa Família. Observa-se interesse por parte do governo e da população na
avaliação dos programas e das políticas públicas, avaliação essa que reflete maior
transparência em suas ações.
Dentre as variáveis pesquisadas, foi observado que os principais entraves para a
efetividade social do programa em elementos de segurança alimentar das famílias em questão
consistem na baixa renda, baixa escolaridade, ausência de atividades pluriativas, dificuldade
de acesso ao crédito, falta de qualificação, ausência de assistência técnica e trabalho informal
no caso dos distritos.
Ao caracterizar as famílias foi detectada pouca participação das famílias dos distritos
em grupos e organizações. Nos assentamentos, essa participação é mais efetiva e contribui
principalmente no acesso de informações relacionadas à atividade desenvolvida.
Outro dado obtido pela caracterização é a quantidade de membros da família
residentes no imóvel; tanto nos distritos quanto nos assentamentos há pelo menos quatro
moradores. 95,75% das famílias pesquisadas possuem filhos menores de 18 anos. Levando em
consideração que a renda destas famílias fica em torno de 01 e 02 salários mínimos, justifica-
se o fator renda como um limitador ao acesso de bens de consumo, alimentação e melhores
condições de moradia.
Ressalta-se que a maioria das famílias dos distritos tem dificuldade a emprego, e a
maioria trabalha na informalidade. Embora a questão trabalho seja um pouco diferente para as
famílias assentadas, por terem acesso a terra, as mesmas enfrentam dificuldade de permanecer
na terra. Percebeu-se baixa qualificação das famílias, pouca diversificação da produção e uma
grande dificuldade no acesso a políticas públicas. Existem políticas de crédito específicas,
mas, devido à inadimplência que vem desde a fase inicial do assentamento essas famílias não
conseguem acessá-las.
Em um dos assentamentos pesquisados 50% das famílias ali residentes não trabalham
em seus lotes, buscando alternativas em propriedades vizinhas ou até mesmo na cidade.
Segundo as famílias as condições do solo deste local não permitem muita diversificação, e a
atividade da pecuária é a que prevalece (50%). As famílias só recebem assistência técnica por
meio das cooperativas e associações a que pertencem. As famílias que não estão associadas às
96

cooperativas ou associações recebem gratuitamente assistência das empresas das quais


adquirem insumos agrícolas.
Observou-se que as famílias residentes nos distritos têm uma alimentação bastante
restrita, muitas delas não consomem frutas e verduras. Segundo os relatos, nem sempre há
verduras e frutas frescas para aquisição nos supermercados locais, pois estes produtos
normalmente vêm de Rio Verde (GO) e estão disponíveis para venda em poucos dias da
semana, deteriorando-se rapidamente.
O cruzamento das variáveis com os níveis de (in) segurança alimentar permitiu
identificar as principais dificuldades das famílias e oportunidades para alcançar a Segurança
Alimentar. De acordo com a análise feita no capítulo anterior as variáveis renda e
escolaridade interferem diretamente na Segurança Alimentar das famílias. Quanto maior a
renda, melhor os níveis de Segurança Alimentar. A maioria das famílias complementa a renda
com o valor do benefício do PBF que, segundo eles contribui de forma significativa nos
gastos com alimentação.
A efetividade do programa, em relação à gestão, traduz-se no esforço e
comprometimento quanto às metas de cadastramento e recadastramento das famílias. As
famílias foram unânimes em informar que são bem atendidas e não tinham reclamações a
fazer quanto à gestão local, que foi considerada por todos como “boa”, apesar de 100%
afirmarem nunca terem sido visitados pela assistência social e educação.
Embora o município apresente bons índices em relação ao acompanhamento das
condicionalidades, percebeu-se deficiência no Eixo Condicionalidades, especificamente na
área da saúde e assistência social. No caso da saúde, exemplifica-se o caso de um dos
assentamentos que está há vários meses sem cobertura de agentes de saúde. Em relação à
assistência social, 100% das famílias entrevistadas nunca receberam ou tiveram alguma
contato com assistentes sociais. O único contato destas famílias com a gestão municipal é
quando do cadastramento e recadastramento no Cadastro Único.
O Eixo Programas Complementares consiste no desenvolvimento de ações que
envolvam as famílias de modo que os beneficiários consigam superar a situação da pobreza.
Essas ações são bastante diversificadas e incluem capacitação profissional, geração de
trabalho e renda, ampliação de escolaridade, acesso e melhoria nas condições habitacionais e
desenvolvimento local. Identificou-se por meio das entrevistas que este eixo é bastante frágil.
As famílias disseram que nunca foram informadas, nunca fizeram nenhum curso de
capacitação profissional oferecido pelo PBF e desconhecem esse tipo de ação.
97

Em um dos assentamentos estava acontecendo um treinamento por meio do Programa


Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego 14 (PRONATEC) promovido pelo Instituto
Federal Goiano, Campus Rio Verde (IF Goiano). Em conversa com o coordenador adjunto do
PRONATEC do IF Goiano, o mesmo informou que este curso estava sendo realizado com a
articulação da associação do assentamento. Disse ainda que nunca foram procurados pelas
entidades municipais para a realização de cursos no rural e que recentemente haviam
procurado a Secretaria Municipal da Educação para articular a realização do PRONATEC no
campo, mas não foram bem recebidos e que por isso hoje só estão atendendo o urbano. De
acordo com informações levantadas junto aos órgãos locais que oferecem o PRONATEC,
ainda não foi formada nenhuma turma do PRONATEC no campo em Rio Verde devido a
problemas burocráticos. Inclusive o treinamento que foi oferecido no assentamento foi
realizado com recursos do PRONATEC urbano.
Percebe-se que na área urbana existem muitas ações sendo realizadas no CRAS, no
entanto na área rural nenhuma ação que contempla o Eixo Programas Complementares está
sendo desenvolvida. O papel do CRAS é fundamental junto às famílias, e isso só ocorre nos
distritos.
Propõe-se que seja criada área específica na gestão local para atender especialmente as
famílias rurais devido às suas peculiaridades. As famílias têm dificuldade de deslocamento até
a cidade para atendimento nas diversas áreas, principalmente da saúde e assistência social. Em
todos os assentamentos existe uma sede que é destinada ao atendimento de atividades
conjuntas da comunidade. Este espaço poderia ser utilizado para oferecimento de cursos,
palestras, atendimento médico e funcionar como um ponto de apoio para os agentes de saúde
e assistentes sociais. Dentro do Eixo Programas Complementares, sugere-se o envolvimento e
comprometimento da Secretaria Municipal da Agricultura, proporcionando assessoria técnica,
o que permitiria maior qualificação destas famílias e até mesmo aumento da renda.
Na problematização do estudo, foram levantados os seguintes questionamentos: Quais
são as efetividades do Programa Bolsa Família para os elementos de Segurança Alimentar das
famílias rurais do município de Rio Verde (GO)? Existe diferença na efetividade do Programa
Bolsa Família entre as famílias residentes nos distritos e assentamentos rurais?
Para estes questionamentos levantaram-se as seguintes hipóteses: a) o PBF traz
resultados relevantes no que diz respeito à exclusão de famílias da condição de pobreza e
extrema pobreza e tem efeitos significativos em elementos de segurança alimentar; b) as

14
O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC) foi criado pelo Governo
Federal, em 2011, com o objetivo de ampliar a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica (BRASIL,
2012b).
98

famílias residentes em assentamentos rurais possuem prioridades e modo de vida


diferenciado, com isso a efetividade do programa é diferente.
Os estudos já realizados em nível nacional e dados divulgados pelo governo apontam
que o Programa Bolsa Família traz benefícios à segurança alimentar de seus beneficiários, e o
governo reitera que o programa retirou um número satisfatório de famílias da linha de
extrema pobreza.
Partindo de todas as análises, a pesquisa aponta que o PBF contribui parcialmente no
que diz respeito à efetividade em elementos de segurança alimentar. É importante ressaltar
que, no universo empírico estudado, apenas o Eixo Transferência de Renda que promove o
alívio imediato da pobreza é contemplado. Percebeu-se que a renda, propicia uma evolução
dos níveis de segurança alimentar dos beneficiários e neste sentido o PBF traz efetividade. O
Eixo das Condicionalidades e Programas Complementares não atendem aos objetivos
propostos, como já foi relatado acima.
A efetividade revela em que medida a correspondência entre os objetivos traçados em
um programa e seus resultados foram atingidos. Em consonância com este conceito conclui-se
que o programa traduz parcialmente em efetividade por entender que os objetivos propostos
nos eixos do programa não estão sendo atingidos e os resultados não estão sendo monitorados.
Percebe-se que existe uma preocupação da gestão em monitorar as famílias e auxiliá-
las a superar as dificuldades. No entanto, essa gestão concentra-se esforços apenas nas
famílias urbanas. As famílias residentes em áreas urbanas estão mais próximas da gestão e
isso talvez implique maior cobrança.
Em relação à diferença na efetividade do Programa Bolsa Família entre as famílias
residentes nos distritos e assentamentos rurais, verificou-se que as famílias residentes nos
distritos têm maior facilidade em acessar as ações desenvolvidas pela gestão local para
atender o Eixo das Condicionalidades e Programas Complementares. Com a implantação do
CRAS nos distritos irá gerar oportunidades de capacitação, de trabalho e renda, que são
elementos necessários à emancipação destas famílias e irá ter reflexo direto nos níveis de
segurança alimentar e traduzirá em maior efetividade do programa nos distritos.
O ciclo da política pública é constituído de agenda, formulação, decisão,
implementação e avaliação. A pesquisa revelou que o PBF no universo empírico estudado não
completa o ciclo com o estágio de avaliação. A avaliação constitui exame sistemático do
programa e destaca-se como um instrumento valioso para a gestão. Ela permitiria, no caso
específico, a identificação das fragilidades levantadas pela pesquisa, a transparência das ações
99

e correções do programa. Os resultados do programa com as famílias rurais não são


monitorados pelo governo e atores sociais.
Atualmente as famílias só são excluídas do programa caso haja descumprimento das
condicionalidades, denúncia de irregularidades e cruzamentos de dados que identifiquem
renda superior ao permitido. O diagnóstico, o acompanhamento e a busca ativa das famílias
vulneráveis permitiriam identificar beneficiários que não se enquadram nas exigências do
programa a inclusão de famílias que estão em vulnerabilidade social.
Todas as famílias entrevistadas estão há mais de dois anos no programa, a maioria
delas não sabe precisar desde quando. Existem famílias que estão sendo beneficiadas desde a
implantação, ou seja, há dez anos.
Os resultados da pesquisa alertam para a importância da integração do PBF com
outros programas sociais para melhoria nos índices de segurança alimentar; da saúde; da
educação (pelo baixo grau de escolaridade); da capacitação (pela grande porcentagem de
famílias residentes nos distritos) sem registro em carteira e desempregados; e principalmente
na alimentação, visto que os maiores gastos das famílias são com alimentos, na qual o PBF
tem grande representatividade, principalmente nas famílias com os níveis mais altos de IA. Há
a necessidade de intensificar estratégias de comunicação em relação ao conhecimento do
programa pelos beneficiários, pois a falta de comunicação dificulta a inserção das famílias em
outros programas sociais.
Diante disso sugerem-se algumas propostas que contribuiriam para a garantia de maior
independência, inclusão na sociedade e retirada destas famílias da situação de vulnerabilidade
social:
 Estratégias de divulgação do programa para as famílias (melhorar comunicação);
 Diagnóstico e acompanhamentos das famílias pela assistência social;
 Ações específicas que possam contribuir na qualificação profissional;
 Implementação de programas direcionados à educação alimentar e à saúde das
famílias rurais;
 Plano de ação de atividades conjuntas entre as secretarias da educação, saúde,
assistência social e agricultura;
 Implementação do Conselho de Segurança Alimentar;
 Envolvimento da secretaria da agricultura, Meio ambiente e órgãos oficiais que
fornecem assessoria técnica e desenvolvem pesquisas;
 Implantação do PRONATEC no campo;
 Incentivo e campanhas de práticas ambientais sustentáveis;
100

 Incentivo para que as famílias assentadas produzam alimentos sem riscos tóxicos
ou nocivos para autoconsumo;
 Busca ativa das famílias vulneráveis e monitoramento das famílias já beneficiadas
através de diagnóstico pelas assistentes sociais.
Os produtos propostos nesse estudo serão caminhos importantes de avaliação
continuada e de transferência de conhecimento ao poder público dessa política social tão
relevante, especificamente para as famílias rurais.
101

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uma década de inclusão e cidadania. Brasília: IPEA, 2013. p. 25-46.

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segurança alimentar e agricultura familiar: a merenda escolar como instrumento de
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Conexões, Implicações e Regionalização. In: PAULILLO, Luiz Fernando; ALVES, Francisco
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São Carlos: Edufscar, 2009.

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SANTANA, Jomar Álace. A evolução dos programas de transferência de renda e o Programa


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GO. 2011. 123f. Dissertação (Mestrado em Agronegócio)−Escola de Agronomia e
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106

TRALDI, Daiane Roncato Cardozo. Efetividades e entraves do Programa Bolsa Família


no município de Araraquara/SP: um olhar sobre a segurança alimentar e nutricional dos
beneficiários. 2011. 192f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio
Ambiente)−Centro Universitário de Araraquara, Araraquara, 2011.

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SANTA, Fábio Pablo; TUDE, João Martins (Org.). Políticas públicas. Curitiba: IESDE
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WANDERLEY, Maria de Nazareth Baudel. O mundo rural como um espaço de vida. Porto
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WEISSHEIMER, M. A. Bolsa Família: avanços, limites e possibilidades do programa que


está transformando a vida de milhões de famílias no Brasil. São Paulo: Fundação Perseu
Abramo, 2006.
107

ANEXOS
108

ANEXO A - Autorização da Secretaria Municipal de Assistência Social de Rio Verde


(GO)
109

ANEXO B – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa


110
111
112

ANEXO C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL


UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-
GRADUAÇÃO
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado(a) para participar, como voluntário(a), de uma pesquisa.
Meu nome é Frankcione Borges de Almeida, sou o pesquisador responsável e minha área de
atuação é Agricultura Familiar e Agronegócio. Após receber os esclarecimentos e as
informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste
documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável.
Em caso de recusa, você não será penalizado(a) de forma alguma.
Em caso de dúvida sobre a pesquisa, você poderá entrar em contato com o(s)
pesquisador(es) responsável(is), Frankcione Borges de Almeida nos telefones: (64) 3613-
3220, (64) 9643-9028. Em casos de dúvidas sobre os seus direitos como participante nesta
pesquisa, você poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Federal de Goiás, nos telefones: 3521-1075 ou 3521-1076.

INFORMAÇÕES IMPORTANTES SOBRE A PESQUISA

Título: Efetividade social do programa bolsa família na segurança alimentar das famílias
rurais no município de Rio Verde (GO).

Justificativa: O presente estudo irá apresentar a discussão da eficácia da gestão, dos entraves
institucionais e da efetividade das políticas sociais na segurança alimentar de famílias rurais.
Um dos maiores desafios do governo é conciliar o crescimento econômico com a erradicação
da pobreza, principalmente no meio rural, salientando a necessidade de diminuir a
desigualdade social e setorial. Segundo Menezes (1998), o Brasil segue uma tendência
mundial em que se identifica uma maior pobreza e a maior carência nutricional no meio rural.
Mesmo com os significativos avanços obtidos nos últimos oito anos em nível de gestão do
governo federal em termos de formulação de política pública, mudanças na legislação,
ampliação do crédito produtivo e aumento da produção, de acordo com os dados do IBGE
(2010), a prevalência de Insegurança Alimentar (IA) moderada ou grave foi maior nos
domicílios das áreas rurais do que nos das áreas urbanas. Sabe-se que os maiores problemas
na dimensão dessas políticas públicas são a eficiência, a eficácia e a continuidade. Isso deixa
aberto o caminho dessas iniciativas, isto é, se elas poderão representar casos concretos de
políticas públicas locais, se são apenas programas que duram determinado período ou ainda
apenas instrumentos sem políticas e políticas com instrumentos ineficazes (ALMEIDA,
2008). Os produtos propostos nesse estudo serão caminhos importantes de avaliação
continuada e de transferência de conhecimento ao poder público dessa política social tão
relevante, especificamente para as famílias rurais. Para tanto, será realizado um estudo com
famílias rurais beneficiárias do Programa Bolsa Família no município de Rio Verde (GO).

Objetivos e Procedimentos:
113

Avaliar a eficácia da gestão, entraves institucionais e organizacionais e a efetividade social do


Programa Bolsa Família na segurança alimentar tratada de maneira ampla, dando enfoque à
realidade das famílias rurais do município de Rio Verde (GO) e apontar as diferenciações com
o meio urbano do município de Araraquara (SP).
Caracterizar a situação socioeconômica e o nível de (in) segurança alimentar das famílias
rurais beneficiárias do Programa Bolsa Família;
Correlacionar o nível de (in) segurança alimentar das famílias com as variáveis
socioeconômicas;
Avaliar a eficácia e entraves da Gestão Municipal nos eixos de atuação do Programa Bolsa
Família;
Analisar o estudo feito no município de Araraquara – SP com famílias urbanas beneficiárias
do Programa Bolsa Família e fazer um comparativo com o presente estudo;
Propor condicionalidades específicas do Programa Bolsa Família para o rural.
A sua participação da pesquisa não representará nenhum risco para si.
Não está previsto qualquer tipo de benefício, pagamento ou gratificação financeira pela sua
participação da pesquisa.
Não está prevista qualquer tipo de indenização em caso de danos decorrentes de sua
participação na pesquisa;
Você não será de forma alguma cobrado valor algum pela sua participação da pesquisa, sendo
que todos os custos envolvidos são da inteira responsabilidade do pesquisador.
Para a realização da nossa entrevista/questionário, precisaremos entre 1 a 2 horas de tempo e a
nossa sessão poderá ter lugar em sua casa, na sua comunidade ou no seu local de trabalho.
Para o registro das informações utilizaremos um gravador e máquina fotográfica com a sua
prévia autorização.
Ao responder o questionário, lembre-se que você não está obrigado a responder às perguntas
que possam ocasionar-lhe constrangimentos de alguma natureza.
Você pode recusar-se a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase da pesquisa,
sem penalização alguma e sem prejuízo ao seu cuidado.
As informações fornecidas serão tratadas de forma confidencial e não serão fornecidas a
terceiros e serão utilizadas somente para os objetivos da pesquisa.

_______________________________________
Frankcione Borges de Almeida
(Pesquisadora)
114

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL


UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-
GRADUAÇÃO
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO DA


PESQUISA

Eu, _____________________________________, RG/ CPF/ n.º de prontuário/ n.º de


matrícula ______________________________, abaixo assinado, concordo em participar do
estudo Efetividade social do programa bolsa família na segurança alimentar das famílias
rurais no município de Rio Verde (GO) como sujeito. Fui devidamente informado(a) e
esclarecido(a) pelo pesquisador(a) Frankcione Borges de Almeida sobre a pesquisa, os
procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de
minha participação. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer
momento, sem que isto leve a qualquer penalidade (ou interrupção de meu acompanhamento/
assistência/tratamento, se for o caso).

Local e data:________________________________________________

Nome e Assinatura do sujeito: ____________________________________


115

ANEXO D - Formulário Socioeconômico e Sócio-Demográfico das Famílias Rurais


Beneficiárias do Programa Bolsa Família em Rio Verde (GO).

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS


ESCOLA DE AGRONOMIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONEGÓCIO

QUESTIONÁRIO

Pesquisa do perfil socioeconômico das famílias rurais beneficiárias do


Programa Bolsa Família em Rio Verde (GO)

Nº do questionário: ______

Data: ______/_______/__________

Nome do entrevistador: ________________________________________________________

Nome do Entrevistado: _________________________________________________________

Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino Data de Nascimento: ____/_____/______

Município de Nascimento: _______________________ UF: ___________

Local da entrevista: ( ) Assentamento ( ) Distrito ( ) Outros

CARACTERIZAÇÃO GERAL
Área total da propriedade: _______ha ou _______ alqueires;

Número de pessoas da família que trabalha na propriedade agrícola: _________;

Responsável pela gestão da produção agrícola (grau de parentesco): ____________________;

A renda da produção agrícola é responsável por:

0 a 25% do total da renda familiar;


De 25,1 a 50% da renda familiar;
De 50,1 a 75% da renda familiar;
De 75,1 a 100% da renda familiar.

É beneficiário (a) de qual (is) programa (s)?

Pronaf tipo: ___________;


Programa de Assentamentos Rurais;
Programa Bolsa Família (PBF);
Programas de Segurança Alimentar;*
Outros. Qual (is)? ___________________________________________.

*Merenda Escolar, Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), Restaurante Popular, Programa Direto do Campo, Banco de
Alimentos, Hortas Escolares e Comunitárias, Agroindústrias familiares (processa algum produto?), Cozinhas Comunitárias.
116

Quem é responsável pela alimentação familiar? (Essa pessoa responderá o Módulo II. Caso não for possível, verificar
se o próprio entrevistado tem informações da alimentação da própria residência)
_______________________________________________________.

MÓDULO I- INFORMAÇÕES GERAIS DO DOMICÍLIO

Qual a área de localização do domicílio?

(referência do lugar:_____________________________)

Qual é o seu ENDEREÇO?

Tipo de logradouro |___|(Av; R; Pç; Tv)


Nome do logradouro |___________________________________________________________|
Nº do logradouro |__________|
Bairro/lote |____________________________ ___| CEP |_____________-__________|
Telefone residencial |__________-___________| Celular |__________-___________|
Cidade: |_______________________________________|

Qual a situação do domicílio?

1( ) Própria, já paga 2( ) Própria, ainda pagando 3( ) Alugada


4( ) Cedida 5( ) Outra condição

Qual o material predominante na construção das paredes externas?

1( ) Alvenaria 2( ) Madeira 3( ) Taipa não-revestida 4( ) Palha 5( ) Outros

5.1. A água utilizada para consumo neste domicílio é proveniente de:

1( ) Rede geral de distribuição 2( ) Poço ou nascente 3( ) Caminhão Pipa


4( ) Cisterna de placa 5( ) Açude 6( ) Bica pública 7( ) Outra forma (anotar)

5.2. A água utilizada neste domicílio é proveniente de:

1( ) Rede geral de distribuição 2( ) Poço ou nascente 3( ) Caminhão Pipa


4( ) Cisterna de placa 5( ) Açude 6( ) Bica pública 7( ) Outra forma (anotar)
_________________.

Existe banheiro com privada na sua casa?

1( ) Não 2( ) Sim (fora da casa) 3( ) Sim (dentro da casa)

Qual o destino dado ao lixo do domicílio e da propriedade? (Pode ser assinalada mais de uma opção)

1( ) Coletado pela prefeitura;


2( ) Queimado e/ou enterrado na propriedade;
3( ) Jogado em terreno baldio ou outro local próximo à casa;
4( ) Jogado no córrego, rio, lago ou mar;
5( ) Outra forma (anotar) _____________________.

Qual o tipo de esgoto que há na casa?

1( ) Rede coletora de esgoto ou de chuva 2( ) Fossa 3( ) Vala 4( ) Direto para o rio, lago ou mar
5( ) Outra forma (anotar) _____________________.

Você tem fornecimento de energia elétrica em casa?

1( ) Sim, relógio próprio 2( ) Relógio compartilhado 3( ) Sem relógio 4( ) Não tem energia elétrica
5( ) Outra forma (anotar) _____________________.

O que mais usam para cozinhar?

1( ) Eletricidade 2( ) Gás de botijão 3( ) Gás encanado 4( ) Carvão ou lenha


117

5( ) Outros (especificar) ____________________. 6( ) Não utiliza nada/ não cozinha

Em sua residência existe? (1 – Sim; 2 – Não)

( ) TV
( ) Rádio
( ) Telefone fixo
( ) Telefone celular
( ) Geladeira
( ) Fogão
( ) Microcomputador
( ) Internet

Nos últimos 12 meses, quantas vezes sua residência recebeu visitas de agentes comunitários de saúde ou de assistentes
sociais?

1( ) Nenhuma vez 2( ) Entre 1 e 2 vezes 3( ) Entre 4 e 6 vezes 4( ) Mais de 6 vezes 5( ) Não sabe/
não lembra

MÓDULO II- CARACTERIZAÇÃO DA SEGURANÇA


ALIMENTAR/FOME

Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA)


Antes de iniciar, anote o nome do morador que vai responder a este módulo:
|____________________________________________________________________________|

01 Nos últimos 03 meses, o Sr. (a) teve preocupação que a comida acabasse antes que pudesse
comprar mais comida?

1( ) SIM 2 ( ) NÃO 3( ) NÃO SABE OU RECUSA A RESPONDER


02 Nos últimos 03 meses, a comida acabou antes que o Sr. (a) tivesse dinheiro para comprar
mais?

1( ) SIM 2( ) NÃO 3( ) NÃO SABE OU RECUSA A RESPONDER

EM TODOS OS QUESITOS, O ENTREVISTADOR DEVE REFERIR OS ÚLTIMOS 03


MESES PARA ORIENTAR

03 Nos últimos 03 meses, o Sr. (a) ficou sem dinheiro para ter uma alimentação saudável e
variada?
1( ) SIM 2 ( ) NÃO 3( ) NÃO SABE OU RECUSA A RESPONDER

OS QUESITOS DE 04 A 06 DEVEM SER RESPONDIDOS APENAS NOS


DOMICÍLIOS COM MORADORES MENORES DE 18 ANOS
(CRIANÇAS/ADOLESCENTES)

04 Nos últimos 03 meses, o Sr.(a) teve que se arranjar com apenas alguns alimentos para sua (s)
criança (s)/adolescente(s), menores de 18 anos, porque o dinheiro acabou?

1( ) SIM 2( ) NÃO 3( ) NÃO SABE OU RECUSA A RESPONDER

05 Nos últimos 03 meses, o Sr.(a) não pode oferecer a(s) sua(s) criança(s)/adolescentes(s),
118

menores de 18 anos, uma alimentação saudável e variada porque não tinha dinheiro?

1( ) SIM 2 ( ) NÃO 3( ) NÃO SABE OU RECUSA A RESPONDER


06 Nos últimos 03 meses, a(s) criança(s)/adolescentes menores de 18 anos, não comeu(comeram)
quantidade suficientes porque não havia dinheiro suficiente para comprar comida?

1( ) SIM 2( ) NÃO 3( ) NÃO SABE OU RECUSA A RESPONDER

07 Nos últimos 03 meses, o Sr. (a) ou algum adulto em sua casa diminuiu, alguma vez, a
quantidade de alimentos nas refeições ou pularam refeições porque não havia dinheiro
suficiente para comprar comida?

1( ) SIM 2( ) NÃO 3( ) NÃO SABE OU RECUSA A RESPONDER

08 Nos últimos 03 meses, o Sr.(a) alguma vez comeu menos do que achou que devia porque não
havia dinheiro suficiente para comprar comida?

1( ) SIM 2( ) NÃO 3( ) NÃO SABE OU RECUSA A RESPONDER

09 Nos últimos 03 meses, o Sr.(a) sentiu fome mas não comeu porque não tinha dinheiro
suficiente para comprar comida?

1( ) SIM 2( ) NÃO 3( ) NÃO SABE OU RECUSA A RESPONDER

10 Nos últimos 03 meses, o Sr.(a) perdeu peso porque não tinha dinheiro suficiente para comprar
comida?

1( ) SIM 2( ) NÃO 3( ) NÃO SABE OU RECUSA A RESPONDER

11 Nos últimos 03 meses, o Sr.(a) ou qualquer outro adulto em sua casa ficou, alguma vez, um
dia inteiro sem comer ou, teve apenas uma refeição ao dia porque não tinha dinheiro
suficiente para comprar comida?

1( ) SIM 2( ) NÃO 3( ) NÃO SABE OU RECUSA A RESPONDER

OS QUESITOS DE 12 A 15 DEVEM SER RESPONDIDOS APENAS NOS


DOMICÍLIOS COM MORADORES MENORES DE 18 ANOS
(CRIANÇAS/ADOLESCENTES)

12 Nos últimos 03 meses, o Sr.(a) alguma (s) vez (es) diminuiu a quantidade de alimentos das
refeições de sua(s) criança(s)/adolescente(s) menores de 18 anos, porque não tinha dinheiro
para comprar comida?

1( ) SIM 2( ) NÃO 3( ) NÃO SABE OU RECUSA A RESPONDER

13 Nos últimos 03 meses, alguma vez(es) o Sr.(a) teve que deixar de fazer uma refeição da sua(s)
criança(s)/adolescente(s), menores de 18 anos, porque não havia dinheiro para comprar
comida?

1( ) SIM 2( ) NÃO 3( ) NÃO SABE OU RECUSA A RESPONDER

14 Nos últimos 03 meses, sua(s) criança(s)/adolescente(s), menores de 18 anos, teve (tiveram)


fome mas o Sr.(a) simplesmente não podia comprar mais comida?
119

1( ) SIM 2( ) NÃO 3( ) NÃO SABE OU RECUSA A RESPONDER

15 Nos últimos 03 meses, sua(s) criança(s)/adolescente(s), menores de 18 anos, ficou (ficaram)


sem comer um dia inteiro porque não havia dinheiro para comprar comida?

1( ) SIM 2( ) NÃO 3( ) NÃO SABE OU RECUSA A RESPONDER

MÓDULO III - CARACTERÍSTICAS SÓCIO-DEMOGRÁFICAS


QUADRO DE CARACTERÍSTICAS SÓCIO-DEMOGRÁFICAS:
Anote, com os códigos correspondentes, as informações de todos os moradores do domicílio.

Nº de Primeiro nome do Sexo Idade Qual é Relação de parentesco com Situação conjugal
ordem morador (anos ou sua o chefe do domicílio do chefe da
meses) raça/cor? família
1-M Anos/meses 1. Branca 1. Chefe do domicílio 1. Solteiro (a)
2-F (anotar 00 2. Negra 2. Esposo(a) 2. Casado (a)
para menor 3. Amarela /companheiro(a) 3. Amasiado (a)
de 1 ano) 4. Parda 3. Filho(a) /enteado(a) 4. Separado (a)
5. 4. Pai, mãe, sogro(a) 5. Divorciado (a)
Indígena 5. Irmão(ã) 6. Viúvo (a)
6. Não 6. Neto(a), bisneto(a)
sabe/ não 7. Nora, genro
responde 8. Outro parente
9. Agregado(a)

01
02
03
04
05
06
07
08
09
10

QUADRO DE CARACTERÍSTICAS DA ESCOLARIDADE E TRABALHO:


Anote, com os códigos correspondentes, as informações de todos os moradores do domicílio.
120

Freqüenta (Se freqüenta Qual série está (se não Qual é a Trabalha (Apenas
creche ou creche ou freqüentando? freqüenta) Até condição de com para a área
escola? escola) Qual o que série atividade e carteira RURAL)
nível que 1. Primeira estudou e ocupação? assinada? Toca a
freqüenta? 2. Segunda completou? (poderá ser lavoura/
1. Não 3. Terceira assinalada mais 1. Não criação?
2. Sim, 1. Creche 4. Quarta 1. Sem de uma opção) 2. Sim
pública 2. Pré-escola 5. Quinta escolaridade 1. Não
3. Sim, 3. Ensino 6. Sexta 2. Não sabe ler 1. Empregado 2. Sim, o
privada Fundamental 7. Sétima e escrever permanente, sem dia todo
4. Ensino Médio 8. Oitava 3. Sabe ler e contar o trabalho 3. Sim,
5. Supletivo do 9. NA escrever na propriedade parte do dia
E. Fundamental 4. Fundamental 2. Empregado 4. Sim,
6. Supletivo do (1ª a 4ªsérie) temporário parte da
E. Médio 5. Fundamental 3. Conta própria semana
7. Pré-vestibular (5ª a 9ªsérie) 4. Empregador 5. Sim, no
8. Superior 6. Ensino 5. Trabalhador fim de
9. Mestrado/ Médio não remunerado semana
Doutorado Incompleto (para membros da 6. Sim,
10. Não sabe 7. Ensino família) durante a
Médio 6. Aposentado safra
Completo 7. Pensionista 7. Não se
8. Superior 8. Procura aplica
Incompleto emprego
9. Superior 9. Estudante
Completo 10. Dona de casa
10. Não sabe 11. Não se aplica
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10

QUADRO DE CARACTERÍSTICAS DAS FAMÍLIAS COM CRIANÇAS MENORES DE 14 ANOS:


Anote, com os códigos correspondentes, as informações de todos os moradores do domicílio.

(Somente para O que O (Somente (Somente para me- Alguma criança


menores de 14 anos) acontece com transporte para nores de 02 anos) menor de 14 anos
A escola/creche a alimentação escolar é menores de Além do leite tem algum
oferece alguma das crianças gratuito? 02 anos) A materno a criança trabalho fora de
refeição? durante as criança toma água, suco, casa?
férias 1. Não mama no outro leite ou come
1. Não escolares? 2. Sim peito? algum alimento? 1. Não
2. Sim, 1 vez/dia 2. Sim, não
3. Sim, 2 vezes/dia 1. Melhora 1. Não 1. Não remunerado
4. Sim, mas não come 2. Piora 2. Sim 2. Sim 3. Sim, com algum
porque não gosta 3. Não há tipo de
alteração remuneração

01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
121

MÓDULO IV - CARACTERIZAÇÃO DO PADRÃO DE CONSUMO


ALIMENTAR

Quantos dias por semana a(o) Sra.(Sr.) faz as seguintes refeições?

Refeição N° de dias por semana


1. Café da manhã/desjejum/quebra - torto
2. Almoço
3. Jantar/lanche da noite

Percepção sobre o consumo de alguns alimentos:

Alimentos Nº de vezes A maior parte dos


consumidos alimentos desses tipos são:
nos últimos 7 1. Comprados
dias 2. Produzidos pela família
(anotar o nº de 3. Doados
vezes)
Arroz e cereais (macarrão, farinha de mandioca, de
milho ou fubá, de trigo ou pão, tapioca, amido de
milho)
Biscoitos (bolachas ou bolos)
Leite (queijos, iogurte, coalhada e achocolatados)
Ovos
Frutas e sucos naturais
Vegetais (verduras e legumes)
Feijões (outras leguminosas e milho)
Carnes (vermelhas, frango, pescados, de porco, de
bode, de caça)
Óleos (margarina, manteiga)
Industrializados (embutidos, bebidas alcoólicas, café,
chá, produtos enlatados e prontos pra consumo –
sucos, macarrão, salgadinhos)
Raízes (mandioca, batata, cará, inhame)
Açucares (mel, rapadura, melado de cana, doces,
sorvetes, geléias, balas, gelatinas, refrigerantes,
bombons)

MÓDULO V - REDES DE COOPERAÇÃO E PROTEÇÃO SOCIAL

Os moradores deste domicílio recebem ajuda, em forma de alimento, de alguma instituição ou de alguma pessoa não
moradora da casa para sua alimentação?

1( ) Sim 2( ) Não (pular para 3) 3( ) Não sabe/ não responde (pular para 3)

Que tipo de ajuda? LEIA TODAS AS OPÇÕES, IDENTIFIQUE QUANTIDADE, FREQÜÊNCIA E DOADOR.

TIPO A quantidade é: DOADOR


1. Regular 1. Governo
2. Não regular 2. Familiares
3. Amigos
4. Igreja
5. Empregador de algum morador
6. Feira livre (sobras)
7. Restaurantes/padaria/lanchonete
8. Outros

1. Cesta básica
2. Leite em pó/caixinha/saquinho
3. Vegetais e frutas
122

4. Outros alimentos
5. Refeições prontas

Nestes últimos 6 meses, algum morador deste domicílio recebeu ajuda em dinheiro?

1( ) Sim, Bolsa Família;


2( ) Sim, do PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil);
3( ) Sim, Auxílio a portadores de Deficiência/ Idosos;
4( ) Sim, Programa Estadual;
5( ) Sim, Programa Municipal;
6( ) Sim, de parentes, amigos ou organizações comunitárias;
7( ) Outros;
8( ) Não.

Participam de alguma organização comunitária, associações, cooperativas ou reuniões com ações conjuntas a outros
beneficiários? Esses grupos podem ser formalmente organizados ou apenas grupos de pessoas que se reúnem
regularmente, para praticar alguma atividade, ou apenas conversar.

Quantidade de membros
Tipo de Organização ou Grupo Nome da Organização ou Grupo familiares que
participam do grupo

Grupo ou cooperativa agrícola/ de pescadores


Grupos de outros tipos de produção
Associação de comerciantes ou de negócios
Associação profissional (de médicos, professores,
veteranos)
Sindicato dos comerciantes ou dos trabalhadores
Comitê do(a) bairro/localidade
Grupo religioso ou espiritual (ex: igreja, mesquita, templo,
grupo religioso informal, grupo de estudo religioso)
Grupo ou movimento político
Grupo ou associação cultural (ex. arte, música, teatro,
cinema )
Sociedade organizadora de festivais
Grupo financeiro, de crédito ou de poupança
Grupo educacional (ex: Associação de pais e professores,
comitê escolar)
Grupo de saúde
Grupo ligado ao meio ambiente (água e resíduos)
Grupo esportivo
Grupo de jovens
ONG ou grupo cívico (ex: Rotary Club, Cruz Vermelha)
Grupo baseado na comunidade étnica
Outros grupos

MÓDULO VI - CARACTERIZAÇÃO DO TRABALHO E DA RENDA


Preencha o quadro abaixo com as informações de renda de todos os moradores do domicílio que trabalham como
empregados ou em propriedade agrícola, que são aposentados ou pensionistas e de programas de transferência de
renda – Bolsa Família, PETI, Renda Cidadã, etc. (utilize a coluna Renda principal). Especifique sempre que
existirem segundo e terceiro trabalhos na coluna outro trabalho.

N º de Rendimento Mensal em R$
123

Ordem Nome Renda principal Outro Benefícios sociais


trabalho (Bolsa Família
e/ou
aposentadoria)
01 _________________________ (chefe do
domicílio)
02
03
04
05
06
07
08

A família costuma comprar alimentos em: (1 – Sim; 2 – Não)

( ) Supermercados e mercadinhos (armazéns, mercearias)


( ) Tenda, cantina, vendinhas
( ) Feiras/mercados municipais
( ) Sacolão, varejão, frutaria

Ao adquirir os alimentos para o consumo da família, como são feitos os pagamentos desta compra? (Pode haver mais
de uma opção)

1( ) Pagamento à vista 2( ) Pagamento a prazo (prestações/cheque pré-datado)


3( ) Sistema de cadernetas 4( ) Com o trabalho 5( ) Outros 6( ) Não sabe/não responde

Os moradores deste domicílio têm dívidas relativas à compra de alimentos?

1( ) Sim 2( ) Não 3( ) Não sabe/não responde

Quanto em dinheiro é gasto com as despesas de alimentação durante o mês? (Se não souber, perguntar quantos % da
renda é gasto)

R$________________________ 1( ) Não sabe/não responde

Quanto em dinheiro é gasto com as despesas de educação durante o mês? (Se não souber, perguntar quantos % da renda
é gasto)

R$________________________ 1( ) Não sabe/não responde

Quanto em dinheiro é gasto com as despesas de saúde durante o mês? (Se não souber, perguntar quantos % da renda é
gasto)

R$________________________ 1( ) Não sabe/não responde

Em sua opinião, a renda total de sua família permite que vocês levem a vida até o fim do mês com:

1( ) Muita dificuldade 2( ) Dificuldade 3( ) Facilidade 4( ) Muita facilidade

MÓDULO VII – INSERÇÃO DO PROGRAMA NA FAMÍLIA


Qual o valor total dos benefícios recebidos? R$ _________________________________

Em sua opinião, o valor do benefício do programa é suficiente?

1( ) Sim 2( ) Não

Há quanto tempo a família participa do programa?

______anos _____meses

Qual sua avaliação do programa Bolsa Família?

1( )Muito Bom 2( )Bom 3( )Regular 4( )Ruim


124

Por quê (justificar resposta)?


___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

Qual o destino do benefício, ou seja, com o que é gasto? Ou em prioridade de gastos ( 1 maior prioridade a 10 menor
prioridade) (Poderá ser assinalada mais de uma opção)

1( )Alimentação 2 ( )Remédios 3( )Material Escolar 4( )Vestuário 5( )Aluguel 6( )Gás


7( ) Luz 8( )Lazer 9( ) Outros

Qual é o gasto (R$) com cada um?

1( )Alimentação 2 ( )Remédios 3( )Material Escolar 4( )Vestuário 5( )Aluguel 6( )Gás


7( ) Luz 8( )Lazer 9( ) Outros

Como você ficou sabendo do Programa Bolsa família?


___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

Você possui o conhecimento dos valores corretos dos benefícios, a quem são destinados e as condicionalidades do
programa?
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

Quais os documentos você precisou para entrar no programa? Você tinha ou precisou tirá-los?
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

Em sua opinião, a entidade social local (Secretarias, CRAS, Conselho) responsável pelo programa é?

1( ) muito bem vista junto aos cidadãos


2( ) pouco bem vista junto aos cidadãos
3( ) nada bem vista junto aos cidadãos
4( )não sabe

Já fez reclamação contra a entidade local?

1( )sim 2( )não

Quais foram as reclamações?______________________________________________________________

Onde fez as reclamações?_________________________________________________________________

Em sua opinião, o esforço empreendido pela entidade para manter os beneficiários no programa é:

1( )forte 2( )moderada 3( )fraco 4( )não sabe

Quais são esses esforços?


___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

A entidade que atende as famílias do programa é fundamental para o benefício chegar até você?

1( )sim 2( )não
125

Por quê?
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

Você procura a entidade responsável pelo programa bolsa família quanto tem algum problema com o benefício?

1( )sim 2( )não

Ela te ajuda a resolver os problemas de forma adequada?

1( )sim 2( )não 3( )mais ou menos/às vezes

Você já participou de algum curso de capacitação profissional oferecido pela entidade responsável pelo programa
bolsa família?

1( )sim 2( )não

Por quê?
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

MÓDULO VIII – PRODUÇÃO E AUTOCONSUMO


Produção Agrícola (referente ao último ano agrícola/safra) – 2012/2013

Destino
Principal e
Secundário
1. Venda
mercado
tradicional
2. Venda
Quem cuida?
mercado
1. Titular
institucional
Área Produção/ 2. Conjugue
Tipo de Cultura Renda (R$) 3. Autoconsumo
(ha) ano 3. Filhos
4. Venda
4. Pais/sogros
mercado
5. Outros
institucional e
autoconsumo
5. Venda
mercado
tradicional e
autoconsumo
6. Troca, doa

Produção Pecuária e Pequenos animais – 2012/2013

Destino
Principal e
Quem cuida? Secundário
1. Titular 1. Venda
Produção 2. Conjugue mercado
Criação / Atividade Quantidade Renda (R$)
(nasc.) / ano 3. Filhos tradicional
4. Pais/sogros 2. Venda
5. Outros mercado
institucional
3.
126

Autoconsumo
4. Venda
mercado
institucional e
autoconsumo
5. Venda
mercado
tradicional e
autoconsumo
6. Troca,doa

Sua família tem dificuldades na agricultura e/ou criação de animais? (Marcar até 03 opções)

1( ) Não há dificuldades;
2( ) Sim, pouca terra;
3( ) Sim, acesso limitado ou inadequado à crédito;
4( ) Sim, baixa formação técnica;
5( ) Sim, alto custo dos insumos e mão-de-obra;
6( ) Sim, riscos associados à produção (seca, pragas, enchentes);
7( ) Sim, infraestrutura para comercialização;
8( ) Sim, falta de tempo.

Quanto da alimentação é preenchido com produtos vindos da propriedade?

1- Quase Tudo 2- Próximo da metade 3 – Muito Pouco


( ) Arroz, feijão e outros cereais;
( ) Carnes;
( ) Horticultura;
( ) Frutas;
( ) Ervas medicinais.

Você adquiriu crédito para custeio ou investimento nas últimas safras? (Caso não, pular para a 07)

1( ) Sim;
2( ) Não.

Tipo de crédito:

1( ) Custeio;
2( ) Investimento.

O crédito foi por qual programa ou instituição?

1( ) Pronaf;
2( ) Cooperativas;
3( ) Bancos;
4( ) Empréstimos de terceiros.

O crédito adquirido foi suficiente para a realização do pretendido?

1( ) Não foi suficiente;


2( ) Pouco suficiente;
3( ) Muito suficiente.

Por que sua família nunca usou crédito?

1( ) Não quer investir na produção;


2( ) Não sabe como acessar;
3( ) Não tem a documentação;
127

4( ) Não tem avalista;


5( ) Pediu crédito e não foi atendido;
6( ) Outro. Qual(is) motivo(s)? _____________________________________________________.

Recebe Assistência Técnica Rural: (Caso não, pule para o próximo módulo)
1( ) Sim;
2( ) Não.

Com que frequência?_______________________________________________________.

De onde?__________________________________________________________.

Defina um grau de satisfação sobre a assistência técnica rural disponibilizada à sua propriedade:

1( ) Insatisfatória;
2( ) Pouco satisfatória;
3( ) Satisfatória;
4( ) Muito satisfatória.

Muito obrigado(a) pela sua participação e colaboração!


128

ANEXO E - Roteiros das Entrevistas Semiestruturadas à Gestão Local do Bolsa Família


em Rio Verde

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS


ESCOLA DE AGRONOMIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONEGÓCIO

EFETIVIDADE SOCIAL DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA NA SEGURANÇA


ALIMENTAR DAS FAMÍLIAS RURAIS NO MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO)

Entrevista semi-estruturada
Gestor local do Programa Bolsa Família

(nome, idade, profissão/formação, escolaridade atual)

Perfil da entidade

Qual a condição da sede?


Qual a idade da sede?
Teve mudanças provocadas pela inclusão do programa, como entidades criadas?

Gestão do programa

Qual a função do gestor?


Quais as principais atividades do gestor?
Que órgão está gerindo o PBF? Esse órgão já fazia parte da estrutura organizacional da
prefeitura? Quais foram os critérios utilizados para definir o órgão gestor?
Quando o PBF começou a ser implementado no município?

Recursos Humanos e Financeiros

Qual a quantidade de profissionais atuantes na gestão?


Como analisa a capacitação, qualificação, remuneração e motivação desses profissionais?
E em relação à disponibilidade, agilidade, reputação e cooperação dos profissionais?
Como é a comunicação interna entre os profissionais? Há flexibilidade de diálogos?
Quais os recursos disponíveis atualmente para implementação e atendimento do programa?

Cadastramento

Como é feita a divulgação do programa e a comunicação com os beneficiários?


Quantas famílias, atualmente, são atendidas no município? Como esse número foi definido?
Há perspectiva de ampliação? Qual sua opinião sobre esse número?
Quais são os critérios e como está sendo (foi) utilizado o processo de seleção, captação,
cadastramento e recadastramento do PBF?
129

Como avalia a atuação da prefeitura para definir quem entra no programa?


Como avalia a vulnerabilidade das famílias para o cadastro no PBF? Existem fatores para
além dos requisitos estabelecidos pelo MDS que influenciam a seleção das famílias? Quais?
Você adota alguma estratégia específica para chegar até as famílias mais vulneráveis? Quais?
Na sua opinião, atingidas as metas de credenciamento, quais passaram a ser as principais
tarefas do gestor local?

Condicionalidades

Como é realizado o acompanhamento para o cumprimento das condicionalidades?


Existe algum tipo de acompanhamento das famílias no que se refere, especificamente, às
contrapartidas exigidas pelo programa (mecanismos de acompanhamento da evolução das
condições da família)?
Como o município está estruturado para ofertar os serviços de saúde e educação,
especificamente aqueles que se referem às condicionalidades do PBF?
Quais são as dificuldades encontradas no acompanhamento das condicionalidades?
Quais as principais dificuldades para os beneficiários cumprirem as condicionalidades?

Controle social

Em que instância acontece o controle social do Programa Bolsa Família?


Quais as competências dessa instância com relação ao Bolsa Família?
Se a instância não é específica para o Bolsa Família, quais têm sido as implicações?
No seu município, como é a atuação da instância de controle social? Comente.
Na sua opinião, a instância de controle social tem um papel na integração entre o Bolsa
Família e outros programas sociais? Que iniciativas são realizadas nesse sentido?

Intersetorialidade

Quais secretarias atuam/participam do Programa Bolsa Família? Como se dá o diálogo entre


as secretarias envolvidas em torno do programa?
Como se dá o processo de tomada de decisão com relação à implementação do programa?
Que outros atores atuam na gestão do programa?
Na sua opinião, quais são parcerias estratégicas para otimizar o programa? Por quê? Com
relação:
– à comunicação com o beneficiário;
– ao credenciamento;
– ao cumprimento das condicionalidades;
– à articulação com outras políticas sociais;
– ao controle social.
No seu município, aconteceram iniciativas articuladas com o Bolsa Família que fizeram
avançar a conquista de direitos para os beneficiários?

Gestão compartilhada

O que você acha do papel do município na gestão compartilhada? Quais as vantagens e


desvantagens para o município?
Quais são os incentivos para as administrações locais implementarem o programa?
130

O que você acha do recurso ser transferido diretamente ao beneficiário pelo governo federal?

Segurança alimentar

Como está a segurança alimentar no seu município?


O que já esta sendo feito, e o que deveria ser feito, para garantir a segurança alimentar dos
beneficiários do Bolsa Família no seu município?
Que políticas nessa área estão sendo implementadas no seu município?

Portas de saída

Como a gestão do PBF trabalha a perspectiva do desligamento das famílias com relação ao
PBF?
Na sua opinião, que outras políticas sociais são estratégicas para que as famílias possam
encontrar “portas de saída” (deixar de precisar) do programa?

Opinião

Na sua opinião, por que o governo federal criou o Bolsa Família?


Quais são os maiores entraves para o sucesso do programa?
Qual é o maior mérito do programa?
131

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS


ESCOLA DE AGRONOMIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONEGÓCIO

EFETIVIDADE SOCIAL DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA NA


SEGURANÇA ALIMENTAR DAS FAMÍLIAS RURAIS NO MUNICÍPIO DE
RIO VERDE (GO)

Entrevista semi-estruturada
Secretarias Educação/Assistência Social

(nome, idade, profissão/formação, escolaridade atual)

Atribuições
Quais são as atribuições desta secretaria com relação ao Programa Bolsa Família?

Condicionalidades

Quais são as condicionalidades no campo da educação/assistência social acompanhadas no


seu município?
Como é feito esse acompanhamento?
Como o município está estruturado para ofertar os serviços de saúde e educação,
especificamente aqueles que se referem às condicionalidades do PBF?
Quais as principais dificuldades enfrentadas no acompanhamento das condicionalidades?
Quais as principais dificuldades para os beneficiários cumprirem as condicionalidades?

Intersetorialidade

Como é a relação desta secretaria com a equipe gestora do Bolsa Família?


Existem iniciativas de articulação ou ações conjuntas entre as secretarias?
Como a secretaria vê a relação do PBF com outros programas que visam a combater a fome e
a pobreza?
Que outras ações no campo da saúde/educação poderiam estar articuladas ao Bolsa Família
com o objetivo de:
– ampliar a rede de proteção social;
– garantir a segurança alimentar das famílias;
– abrir portas de saída.
No seu município, aconteceram iniciativas articuladas ao Bolsa Família que fizeram avançar a
conquista de direitos para os beneficiários?

Controle social

Qual a instância de controle social que acompanha o programa Bolsa Família?


Como é a atuação da instância de controle social do PBF no seu município? Comente sobre o
assunto.
132

Qual a participação das instâncias de controle social da saúde/educação no acompanhamento


do programa?
Quais as questões que têm sido tratadas no âmbito desses conselhos que considera de maior
relevância para o campo da segurança alimentar e nutricional?

Segurança alimentar

Como está a situação de segurança alimentar no seu município?


O que já está sendo feito e o que deveria ser feito para garantir a segurança alimentar dos
beneficiários do Bolsa Família no seu município? Que políticas você identifica nesta área na
secretaria da qual você faz parte?

Opinião

Na sua opinião, quais são os impactos do Bolsa Família na educação/assistência social?


Quais são as principais diferenças do Bolsa Família com relação aos programas de
transferência de renda anteriores?
Na sua opinião, por que o governo federal criou o Bolsa Família?
Quais são os maiores entraves para o sucesso do programa?
Qual é o maior mérito do programa?

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