Dissertação - Frankcione Borges de Almeida - 2014
Dissertação - Frankcione Borges de Almeida - 2014
Dissertação - Frankcione Borges de Almeida - 2014
ESCOLA DE AGRONOMIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONEGÓCIO
GOIÂNIA
2014
FRANKCIONE BORGES DE ALMEIDA
GOIÂNIA
2014
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação na (CIP)
GPT/BC/UFG
Agradeço a Deus de infinita bondade e amor que permitiu que eu pudesse caminhar e
chegar até aqui. Tudo tem o momento exato de acontecer e Deus sempre iluminou meu
caminho para que eu pudesse compreender, saber esperar e enxergar as oportunidades.
Agradeço todos os dias pelo período de união do grupo familiar. Minha mãe, um anjo
de amor e ternura que incansavelmente, com seu amor incondicional, cuidou do meu filho
com muito amor e carinho e ainda cuidava de mim com suas orações e fé quando as dores me
atormentavam. Sem minha mãe seria impossível ter chegado até aqui.
Agradeço ao meu querido esposo Emival pelo apoio, dedicação e por cuidar com
muito amor de nosso pequenino. Sempre com muita paciência cuidou de tudo e todos para
que eu pudesse viajar com tranquilidade.
Agradecimentos também a minha irmã Raucia, meu cunhado Fábio, meu irmão Frank
e aos meus sobrinhos Gabriella, João Pedro e Laura pelo apoio e pelos cuidados na minha
ausência ao pequenino.
Agradeço ao meu pai pelo apoio com o Luis Otávio na minha ausência.
Ao meu avô querido que já partiu, mas que sempre nos apoiou em nossos estudos e
nos deus muita inspiração. Às minhas tias e primos queridos, pelas palavras de apoio e pelas
orações.
Aos amigos e em especial: Lídia Milhomem, Alécio Oliveira, Iolanda Couto, Idalci
Cruvinel, Ada Bispo, Débora Ferguson, Renata Resende, que sempre estavam disponíveis
para tirarem minhas dúvidas e me dar apoio necessário. À Professora e amiga Tânia Regina,
pela dedicação e técnicas utilizadas para que eu pudesse aprender um pouco da língua inglesa.
Agradeço a Deus também pela oportunidade de ter ganhado dois irmãos queridos:
Sheila Marli de Melo Rezende e Hamilcar Pereira e Costa, que me ajudaram a suportar as
dores do coração, pelos bons momentos de descontração, na realização de diversos trabalhos e
pela acolhida. Estes levarei para a eternidade em meu coração. Estendo também os meus
agradecimentos a todos os meus colegas de mestrado.
Esta pesquisa teve como objetivo avaliar a eficácia da gestão, identificar os entraves
institucionais e organizacionais e a efetividade do Programa Bolsa Família na segurança
alimentar de famílias rurais assistidas no município de Rio Verde (GO). Para atender aos
objetivos propostos, o estudo sustenta-se em revisão bibliográfica e análise quantitativa e
qualitativa dos dados provenientes da pesquisa de campo. O trabalho está estruturado em
cinco capítulos incluindo a introdução. No segundo capítulo, apresentam-se os contornos
teórico metodológicos, seguido de uma abordagem sobre políticas públicas, políticas de
transferência de renda, avaliação de políticas públicas e finaliza com segurança alimentar e
ruralidade. No terceiro capítulo apresentam-se os aspectos gerais do Programa Bolsa Família
e dados secundários obtidos em órgãos oficiais do programa no universo empírico estudado.
No quarto capítulo, são apresentadas a análise e discussão dos dados da segurança alimentar e
o programa bolsa família no universo pesquisado e no quinto as considerações finais. Foram
entrevistadas 94 famílias rurais beneficiárias do Programa com aplicação de questionário
semiestruturado. Também foram realizadas entrevistas com os gestores locais da assistência
social, educação e saúde com o objetivo de avaliar a gestão. A coleta e análise de dados
provenientes da pesquisa permitiram apresentar o perfil da situação socioeconômica e
sociodemográfica dos sujeitos e de suas percepções em relação ao programa e às entidades
responsáveis. Há prevalência de Insegurança Alimentar leve em 54,25% das famílias
pesquisadas, medida pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). Os resultados
permitiram a avaliação da eficácia e identificação dos entraves da Gestão Municipal nos eixos
de atuação do Programa Bolsa Família, além de propor condicionalidades específicas do
programa para o rural.
This research had the objective to evaluate management efficacy, to identify institutional and
organizational obstacles and the effectiveness of Bolsa Família Program for the alimentary
safety of rural families assisted in the municipality of Rio Verde (GO). In order to achieve the
proposed goals, the study is supported by literature review and quantitative and qualitative
analysis of the data collected in the field research. The study is structured in five chapters,
including the introduction. In the second chapter, the theoretical and methodological aspects
are presented, followed by a discussion of public policies, transfer payment policies,
evaluation of public policies, alimentary safety and rurality. In the third chapter, we present
the general aspects of Bolsa Família Program and secondary data obtained from the official
agencies of the program in the researched empirical universe. In the fourth chapter, we
present the analysis and discussion of the data about alimentary safety and Bolsa Família
Program in the researched universe and in the fifth, our conclusion. 94 rural families, all
beneficiary of the program, were interviewed through the application of a semi-structured
questionnaire. Besides, interviews were carried out with the local managers of social
assistance, education and health with the aim of evaluating management. The data collection
and analysis allowed us to present the socioeconomic and sociodemographic profile of the
subjects and their perception of the program and of the agencies in charge. There is
prevalence of mild alimentary insecurity in 54,25% of the researched families, measured by
the Brazilian Scale of Alimentary Insecurity (EBIA). The results allowed the evaluation of the
efficacy and the identification of the obstacles in the municipal management in the acting
axis of Bolsa Família Program, as well as proposing specific conditionalities of the program
for the rural environment.
Keywords: Public policies. Effectiveness. Bolsa Família Program. Nutritional and alimentary
safety. Rural families.
LISTA DE QUADROS
1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 16
2 CONTORNOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS........................................ 20
2.1 MÉTODOS E CAMINHOS DA PESQUISA................................................... 20
2.1.1 Instrumentos de coleta de dados..................................................................... 21
2.1.2 Avaliação da efetividade e gestão do programa Bolsa Família................... 24
2.2 CARACTERIZAÇÃO DO UNIVERSO EMPÍRICO: RIO VERDE (GO)...... 25
2.3 POLÍTICAS PÚBLICAS................................................................................... 32
2.4 POLÍTICAS DE TRANSFERÊNCIA DE RENDA.......................................... 35
2.5 AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS................................................. 36
2.6 SEGURANÇA ALIMENTAR E RURALIDADES.......................................... 39
3 O PROGRAMA BOLSA-FAMÍLIA.............................................................. 44
3.1 BREVE HISTÓRICO E REPERCUSSÕES...................................................... 44
3.2 O PROGRAMA: EIXOS, CRITÉRIOS DE SELEÇÃO, BENEFÍCIOS,
CONDICIONALIDADES E FUNCIONALIDADES....................................... 49
3.3 O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA EM RIO VERDE (GO).......................... 56
3.3.1 Gestão local do programa............................................................................... 58
4 DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO SOCIECONÔMICA E
SOCIODEMOGRÁFICA DAS FAMÍLIAS RURAIS BENEFICIÁRIAS
DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA EM RIO VERDE
(GO)................................................................................................................... 61
4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS FAMÍLIAS.......................................................... 63
4.1.1 Caracterização domiciliar............................................................................... 63
4.1.2 Caracterização dos titulares e membros das famílias.................................. 67
4.1.2.1 Perfil dos titulares e membros das famílias....................................................... 67
4.1.2.2 Escolaridade e renda.......................................................................................... 72
4.1.2.3 Alimentação, apoio e proteção social................................................................ 76
4.1.2.4 Saúde e trabalho................................................................................................. 79
4.2 ESCALA BRASILEIRA DE INSEGURANÇA ALIMENTAR (EBIA) X
CARACTERIZAÇÃO DAS FAMÍLIAS......................................................... 81
4.2.1 Escala Brasileira de Insegurança Alimentar x renda................................... 84
4.2.2 Escala Brasileira de Insegurança Alimentar x escolaridade....................... 86
4.2.3 Escala Brasileira de Insegurança Alimentar x trabalho.............................. 88
4.2.4 Escala Brasileira de Insegurança Alimentar X perfil produtivo................. 89
4.2.5 Escala Brasileira de Insegurança Alimentar X autoconsumo..................... 90
4.2.6 Valor do benefício do PBF x EBIA................................................................. 93
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 95
REFERÊNCIAS............................................................................................... 101
ANEXOS........................................................................................................... 107
ANEXO A – Autorização da Secretaria Municipal de Assistência Social
de Rio Verde (GO)........................................................................................... 108
ANEXO B – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa........................... 109
ANEXO C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido........................ 112
ANEXO D – Formulário socioeconômico e sociodemográfico das
famílias rurais beneficiárias do Programa Bolsa Família em Rio Verde... 115
ANEXO E – Roteiros das entrevistas semiestruturadas à gestão local do
Bolsa Família em Rio Verde........................................................................... 129
16
1 INTRODUÇÃO
1
Insegurança Alimentar Moderada: quando há restrições quantitativas especialmente relevantes entre pessoas
adultas.
2
Insegurança Alimentar Grave: quando há redução importante da quantidade de alimentos disponíveis, a adultos
quanto às crianças.
3
Insegurança Alimentar Leve: quando há preocupação ou incerteza quanto ao acesso aos alimentos, ou seja,
risco para a sustentabilidade e comprometimento da qualidade da dieta.
17
que tem como foco de atuação os 16 milhões de brasileiros com renda familiar per capita
inferior a R$ 70,00 mensais e está baseado: na garantia de renda, na inclusão produtiva e no
acesso aos serviços públicos (BRASIL, 2013a).
O BSM tem ações nacionais e regionais, baseadas em três eixos: garantia de renda,
inclusão produtiva e acesso a serviços públicos. No campo, onde se encontram 47% dos
beneficiários do programa, o objetivo central do plano é aumentar a produção por meio de
orientação e acompanhamento técnico, oferta de insumos e água. As principais estratégias do
BSM no meio rural são: assistência técnica diferenciada; apoio à produção de alimentos e à
comercialização da produção; acesso à água para consumo e produção; ampliação do
Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) (BRASIL, 2014b).
Segundo Traldi (2011), os limites e desafios das políticas públicas de ordem
emergencial, chamadas também de políticas compensatórias, na qual se insere o PBF, e das
políticas de caráter mais estrutural, mais específicas de combate à fome, são temas constantes
de discussão.
Para a população, a discussão entre segurança alimentar e o combate à fome, o
segundo prevalece no entendimento. Um dos fatores que contribui para a dificuldade da
compreensão é que o conceito de SAN ainda não foi assimilado no país, por ser um tema mais
ligado às organizações não governamentais da área, embora a segurança alimentar e a fome
sejam partes complementares (TAKAGI; BELIK, 2007).
A pobreza é um problema complexo, portanto não é fácil de ser resolvido. “Nos
estudos sobre extrema pobreza, as realizações e capacidades centrais são básicas, relacionadas
com nutrição, abrigo, em como evitar mortalidade prematura ou doenças.” (KAGEYAMA
2008, p. 55). A autora afirma ainda que essa abordagem advoga a ideia de pobreza como
privação das necessidades básicas, e que a falta de renda pode ser a causa principal, mas não a
única. A pobreza “real” pode ser muito maior do que aquela medida unicamente pela renda.
O problema não pode ser resolvido apenas por meio de um programa de transferência
de renda como o PBF. Segundo o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas
(IBASE) (BRASIL, 2008), na perspectiva de Amartya Sen, deve-se privilegiar as habilidades
e as capacidades das pessoas e não apenas a renda e a posse de bens.
Segundo (BRASIL, 2008), a compreensão do perfil de pobreza e de segurança
alimentar e nutricional das famílias, bem como as modificações provenientes da ampliação de
acesso aos alimentos e aos demais bens públicos, é uma tarefa que exige a abordagem de
múltiplas dimensões. O presente estudo irá tratar também das múltiplas dimensões, como: do
acesso, do consumo, da produção, do direito, das condições de vida e saúde.
18
De acordo com Traldi (2011), com base na pesquisa do IBASE (BRASIL, 2008), a
articulação de programas de SAN com o PBF fornece subsídios importantes para uma
reflexão profunda sobre os programas e a proposição de políticas públicas voltadas para a
garantia do direito humano à alimentação adequada e emancipação das famílias brasileiras
mais vulneráveis à fome como: reforço aos programas de segurança alimentar; articulação e
ampliação das ações de fortalecimento da agricultura familiar; implementação de programas
direcionados para a educação alimentar dos beneficiários; ampliação da alimentação escolar
para o ensino médio e intensificação das políticas de assistência social entre as famílias
beneficiadas, buscando sua integração com ações complementares capazes de melhorar suas
condições de saúde e educação.
No Brasil, após a década de 1990, a agenda das políticas públicas de proteção social,
combate à pobreza e promoção da saúde e da segurança alimentar e nutricional tem
incorporado o debate sobre os programas de transferência condicionada de renda. Alguns dos
maiores problemas na dimensão dessas políticas públicas são a eficiência, a eficácia e a
continuidade. Outro aspecto apontado por (ALMEIDA, 2008) é se estes programas
representam casos concretos, se terão duração apenas por um determinado período ou ainda
apenas instrumentos sem políticas e políticas com instrumentos ineficazes.
O Programa Bolsa Família nasceu da unificação de outros programas de transferência
de renda ligados a diferentes setores como saúde, educação e assistência social com o
propósito de combater a fome e promover a segurança alimentar e nutricional. Esse efeito
pode se estabelecer pelos possíveis impactos da renda na alimentação familiar ou pelas ações
de saúde que integram as condicionalidades do programa (BRASIL, 2008).
Para avaliação do PBF e atender os objetivos do estudo foi realizada uma pesquisa
com famílias rurais beneficiárias do PBF no município de Rio Verde (GO). O município está
localizado na microrregião sudoeste do estado de Goiás. A escolha desse universo empírico
ocorreu pela representatividade do município em questão no cenário nacional, uma vez que é
conhecido e reconhecido como a capital do agronegócio. Atualmente é um dos maiores
produtores de grãos e maior arrecadador de impostos sobre produtos agrícolas do estado. É
destaque também como um dos maiores no Produto Interno Bruto (PIB) Agropecuário para o
processamento industrial de carnes de aves e suínos. Tendo instalado o segundo maior
complexo agroindustrial da América Latina, indústrias no segmento de embalagens metálica,
plástica e celulose, bem como também de implementos rodoviários.
Rio Verde é um dos municípios que mais cresce no estado de Goiás. No entanto,
enfrenta os mesmos problemas das principais cidades brasileiras.
19
4
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), famílias na condição de pobreza
são aquelas com renda mensal por pessoa entre R$ 70,01 e R$ 140,00 e extrema pobreza são aquelas com renda
mensal por pessoa de até R$ 70,00 (BRASIL, 2013b).
5
Elementos de segurança alimentar tratada de maneira ampla abarcam variáveis ou indicadores econômicos,
sociais, culturais e ambientais como: nível de segurança alimentar, saúde, escolaridade, redes de cooperação,
trabalho, renda, pluriatividade, formação de redes de proteção social, autoconsumo, condições da moradia,
práticas ambientais mais sustentáveis, bens duráveis, acesso ao crédito, dentre outros (ALMEIDA, 2008).
20
2 CONTORNOS TEÓRICO–METODOLÓGICOS
aceitariam fazer parte do estudo. Diante da afirmativa do entrevistado, foi colhida assinatura
no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) apresentado pelo pesquisador em
duas vias conforme ANEXO C.
destacam-se as escalas psicométricas do acesso familiar aos alimentos, por exemplo, a Escala
Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), a qual foi utilizada no estudo proposto. As
escalas de medida direta da insegurança alimentar, como a EBIA, fornecem informações
estratégicas para a gestão de políticas e programas sociais, porque permitem tanto identificar e
quantificar os grupos sociais em risco de Insegurança Alimentar (IA) quanto os seus
determinantes e consequências.
De acordo com Alves Filho (2006), a EBIA foi colocada à disposição de
pesquisadores, gestores e representantes institucionais de políticas públicas. A interação
destes resultou na criação de uma rede interdisciplinar de estudo e pesquisa em segurança
alimentar e nutricional, a Rede Alimenta, estruturada para prover suporte descentralizado aos
gestores de políticas públicas nos âmbitos federal, estadual e municipal.
A Rede Alimenta é coordenada pela professora doutora Ana Maria Segall-Corrêa, do
Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da
Universidade de Campinas (UNICAMP), e é composta por pesquisadores da mesma
instituição e da Faculdade de Engenharia Agrícola (FEAGRI) da UNICAMP, além de
pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), do Mato Grosso (UFMT) e de
Brasília (UnB), do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA), e do Departamento
de Ciências da Nutrição da Universidade de Connecticut (EUA). Outros intercâmbios são
mantidos junto a pesquisadores das Universidades Federais do Paraná (UFPR), de Minas
Gerais (UFMG) e do Mato Grosso do Sul (UFMS) e ainda da Universidade Comunitária
Regional de Chapecó (Unochapecó).
De acordo com Segall-Corrêa e Salles-Costa (2008 apud GUERRERO, 2009), a EBIA
é um método de mensuração da situação alimentar domiciliar, que objetiva captar distintas
dimensões da IA, desde o receio de sofrer a privação alimentar no futuro, passando pelo
comprometimento da qualidade da dieta, limitação da qualidade de alimentos consumidos, até
o nível mais grave de fome já atingido.
A EBIA é aplicada diretamente a uma pessoa da família, que seja responsável pela
alimentação do domicílio, por meio de um questionário com questões fechadas composto por
15 (quinze) perguntas que possibilitam estimar a prevalência de segurança alimentar, que
classifica as famílias pesquisadas em quatro níveis6 (QUADRO 1).
6
(1) Segurança alimentar: quando não há restrição alimentar de qualquer natureza, nem mesmo a preocupação
com a falta de alimentos no futuro; (2) Insegurança Alimentar Leve: quando há preocupação ou incerteza quanto
ao acesso aos alimentos, ou seja, risco para a sustentabilidade e comprometimento da qualidade da dieta; (3)
Insegurança Alimentar Moderada: quando há restrições quantitativas especialmente relevantes entre pessoas
adultas e; (4) Insegurança Alimentar Grave: quando há redução importante da quantidade de alimentos
disponíveis, tantos aos adultos quanto às crianças.
23
Trata-se de uma ferramenta com excelente relação custo-efetividade que vem sendo
usada desde a década de 1990, em vários países.
01 Nos últimos 03 meses, o Sr. (a) teve preocupação que a comida acabasse antes que
pudesse comprar mais comida?
02 Nos últimos 03 meses, a comida acabou antes que o Sr. (a) tivesse dinheiro para
comprar mais?
03 Nos últimos 03 meses, o Sr. (a) ficou sem dinheiro para ter uma alimentação saudável e
variada?
04 Nos últimos 03 meses, o Sr.(a) teve que se arranjar com apenas alguns alimentos para
sua (s) criança (s)/adolescente(s), menores de 18 anos, porque o dinheiro acabou?
05 Nos últimos 03 meses, o Sr.(a) não pode oferecer a(s) sua(s) criança(s)/adolescentes(s),
menores de 18 anos, uma alimentação saudável e variada porque não tinha dinheiro?
06 Nos últimos 03 meses, a(s) criança(s)/adolescentes menores de 18 anos, não
comeu(comeram) quantidade suficientes porque não havia dinheiro suficiente para
comprar comida?
07 Nos últimos 03 meses, o Sr. (a) ou algum adulto em sua casa diminuiu, alguma vez, a
quantidade de alimentos nas refeições ou pularam refeições porque não havia dinheiro
suficiente para comprar comida?
08 Nos últimos 03 meses, o Sr.(a) alguma vez comeu menos do que achou que devia
porque não havia dinheiro suficiente para comprar comida?
09 Nos últimos 03 meses, o Sr.(a) sentiu fome mas não comeu porque não tinha dinheiro
suficiente para comprar comida?
10 Nos últimos 03 meses, o Sr.(a) perdeu peso porque não tinha dinheiro suficiente para
comprar comida?
11 Nos últimos 03 meses, o Sr.(a) ou qualquer outro adulto em sua casa ficou, alguma vez,
um dia inteiro sem comer ou, teve apenas uma refeição ao dia porque não tinha dinheiro
suficiente para comprar comida?
12 Nos últimos 03 meses, o Sr.(a) alguma (s) vez (es) diminuiu a quantidade de alimentos
das refeições de sua(s) criança(s)/adolescente(s) menores de 18 anos, porque não tinha
dinheiro para comprar comida?
13 Nos últimos 03 meses, alguma vez(es) o Sr.(a) teve que deixar de fazer uma refeição da
sua(s) criança(s)/adolescente(s), menores de 18 anos, porque não havia dinheiro para
comprar comida?
14 Nos últimos 03 meses, sua(s) criança(s)/adolescente(s), menores de 18 anos, teve
(tiveram) fome mas o Sr.(a) simplesmente não podia comprar mais comida?
15 Nos últimos 03 meses, sua(s) criança(s)/adolescente(s), menores de 18 anos, ficou
(ficaram) sem comer um dia inteiro porque não havia dinheiro para comprar comida?
Fonte: Segall-Corrêa e Leon (2009 apud SANTOS, 2011, p. 19).
Nº de respostas afirmativas/positivas
Classificação
Famílias com menores de 18 anos Famílias com pessoas adultas
SA 0 0
IAL 1a5 1a3
IAM 6 a 10 4a6
IAG 11 a 15 7a8
Fonte: Segall-Corrêa e Salles-Costa (2008).
Rio Verde foi fundada em 1854, pertence à microrregião Sudoeste do estado de Goiás,
como pode ser visto na FIGURA 2, e possui 8.379,661 km² de extensão territorial. No último
censo, a população era de 176.424 habitantes, sendo 163.540 na área urbana e 12.884 na área
rural e a estimativa em julho 2013 apontava uma população de 197.048 habitantes (BRASIL,
2010b).
Com a instalação do segundo maior complexo agroindustrial da América Latina em
1997 (na época era o maior), o município tornou-se atrativo para novas empresas e grandes
indústrias, mas nunca abandonou a atividade agropecuária que deu início à sua história, cada
vez mais moderna e tecnificada. O turismo local se baseia em feiras (Tecnoshow Comigo,
Sudoexpo e Exposição Agropecuária), em eventos ligados ao agronegócio, ecoturismo,
rodeios e recepção de turismo de negócios.
26
Verde (GO) tem se destacado por contar com uma importante estrutura agroindustrial e
cooperativa agrícola (GOIÁS, 2013a). O município é um importante produtor de arroz, soja,
milho, algodão, sorgo, feijão, girassol, conta ainda com um importante plantel bovino, avícola
e suíno. Destaque também para o processamento industrial de carnes de aves e suínos,
indústrias no segmento de embalagens metálica, plástica e celulose, bem como também de
implementos rodoviários.
Segundo a Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento (SEGPLAN), através do
Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (IMB), com referência aos
dez maiores municípios em valor adicionado da agropecuária, o município de Rio Verde
liderou o setor em 2011, com 6,0% (GOIÁS, 2012). Na agricultura, o aumento decorreu
principalmente do crescimento no valor adicionado da soja, milho, sorgo e café. Merece
destaque o desempenho na silvicultura, atividade em que o município saltou de 6,3% da
produção estadual em 2010, para 20,0% em 2011, devido à maior produção de lenha. Na
pecuária, o destaque foi o crescimento no efetivo de aves e suínos.
Nos últimos anos, o município de Rio Verde vem se consolidando como um dos
principais polos agroindustriais de Goiás, pela forte inter-relação entre os segmentos
produtivos da agropecuária e da agroindústria, com emprego de novas tecnologias, que de
certo modo têm tornado esta relação bastante competitiva.
Segundo (BRASIL, 2010b), Rio Verde apresentava um PIB de pouco mais de 4
bilhões e 160 milhões de reais − o quarto maior do estado de Goiás, o que dividido pelo seu
número de habitantes lhe dá um produto por habitante de R$ 23.571,97. Em 2011 não houve
mudanças nas posições em relação ao ano de 2010. Houve ganho de participação do
município de Rio Verde, que saiu de 4,3%, em 2010, para 5,0% o que se deve ao aumento de
participação na indústria de transformação e na atividade de construção civil (FIGURA 3). Na
indústria de transformação, o incremento resultou da maior produção, principalmente, de
óleos vegetais.
Em relação ao Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), Rio Verde
está acima da média nacional com o índice de 0,754 no geral, como pode ser visto no
QUADRO 4, sendo que em nível nacional a média é 0,727. O município possui o sexto
melhor IDHM do estado, situado na faixa de desenvolvimento humano alto.
28
7
Enquadrados de acordo com a Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006 (BRASIL, 2006a).
30
divulgados pelo MDS com base no banco de dados do Cadastro Único8 (CadÚnico). Havia
24.636 famílias registradas em dezembro de 2013 e 6.972 famílias beneficiárias do Programa
Bolsa Família (11,85% da população do município) (BRASIL, 2014c).
Conforme relatório divulgado pelo MDS baseado nos dados do censo de 2010, 7.034
das pessoas residentes no município se encontravam em situação de extrema pobreza
conforme GRÁFICO 1, ou seja, com renda domiciliar per capita abaixo de R$ 70,00, o que
representa 4,0% da população (BRASIL, 2014d). Do total de extremamente pobres, 545
(7,7%) viviam no meio rural e 6.489 (92,3%) no meio urbano. Outro dado importante que o
censo revelou do município foi das crianças na extrema pobreza na faixa de 0 a 3 anos,
87,60% não estavam frequentando creches.
35,49%
16,32% 17,44%
9,75% 10,52%
5,93% 4,55%
0 a 03 4a5 6 a 14 15 a 17 18 a 39 40 a 59 65 ou
mais
citadas que envolvem o desenvolvimento não são observadas no cenário atual, que apresenta
ainda problemas como desigualdade social, desigualdade no acesso a terra e número elevado
de pessoas em situação de extrema pobreza. A estatística apresentada pelos órgãos oficiais
locais indica que o número de famílias em situação de vulnerabilidade social tem aumentado,
o que remete à ideia de que este crescimento econômico ainda não proporcionou redução da
miséria.
O debate sobre políticas públicas envolve vários atores com interesses diversos e como
resultado tem-se a política propriamente dita. Estão inseridos os cientistas políticos, com o
papel de questionar a importância e validade de tais políticas públicas, o governo e a
sociedade representada por grupos de interesses. Essa última é responsável pela demanda e o
governo pelo debate em plenário, pela formulação, aprovação e, em uma última instância, a
avaliação, para se verificar se de fato houve eficiência, eficácia e efetividade dessas políticas
públicas.
Fazer política pública exige no mínimo o atendimento de demandas sociais da
população, necessitando-se de apoio político para aprovação da mesma, envolvendo grupos de
interesses, com reflexos em alguns setores da economia.
Segundo Bobbio (2000), o termo política ganhou evidência em função da obra de
Aristóteles, também denominada Política. O termo é uma derivação do adjetivo polis, quer
seja, tudo que se refere à cidade, aos seus cidadãos, tanto civil, quanto público e social.
Outrora, Bobbio (2000, p. 159) esclarece ainda que o termo política era utilizado
apenas para designar “[...] obras dedicadas ao estudo daquela esfera da atividade humana que
de algum modo faz referência às coisas de Estado [...]”. Atualmente, o termo é utilizado para
designar a polis enquanto sujeito, que comanda ou proíbe algo, ou é utilizado como objeto,
campo das ações, como “[...] conquistar, manter, defender, ampliar, reforçar, derrubar o poder
estatal” (BOBBIO, 2000, p. 160).
Lowi (2004 apud SOUZA, 2007, p. 68) fornece uma definição clássica sobre a política
pública: “[...] é uma regra formulada por alguma autoridade governamental que expressa uma
intenção de influenciar, alterar, regular, o comportamento individual ou coletivo através do
uso de sanções positivas ou negativas”.
33
O termo política pública deriva do inglês public policy. Os primeiros estudos sobre o
tema surgiram na Europa e nos Estados Unidos, mas com enfoques diferentes. Souza (2007)
afirma que é na Europa que a política pública surge a partir de estudos das teorias explicativas
sobre o papel do Estado e do governo; já nos Estados Unidos não se estabelecem relações
com as bases teóricas sobre o papel do Estado, enfatizando-se os estudos sobre a ação dos
governos.
A área de políticas públicas contou com quatro grandes “pais” fundadores: H. Laswell,
H. Simon, C. Lindblom e D. Easton. Em 1936 Laswell introduz a expressão policy analysis
(análise de política pública), como forma de conciliar o conhecimento científico e acadêmico
e estabelecer o diálogo entre cientistas sociais, grupos de interesse e governo.
Simon (1957 apud SOUZA, 2007) introduziu o conceito de racionalidade limitada dos
decisores públicos. Para ele a racionalidade dos decisores é sempre limitada por problemas
como informação incompleta, tempo para tomada de decisão, auto-interesse. Segundo ele, a
racionalidade pode ser maximizada até um ponto satisfatório pela criação de um conjunto de
regras e incentivos que enquadrem o comportamento dos atores e modelem esse
comportamento na direção de resultados desejados.
Já Lindblom (1959-1979 apud SOUZA, 2007), questionou o racionalismo de Simon e
propôs a incorporação de outras variáveis à formulação e à análise de políticas públicas, tais
como as relações de poder e a integração entre as diferentes fases do processo decisório. A
incorporação de outros elementos à sua formulação e à sua analise além de racionalidade,
como o papel das eleições, das burocracias, dos partidos e dos grupos de interesse.
A contribuição para a área de Easton (1965 apud SOUZA, 2007) foi definir política
pública como um sistema, como uma relação entre formulação, resultados e o ambiente.
Segundo ele os inputs recebidos dos partidos, da mídia e dos grupos de interesse influenciam
os resultados das políticas públicas.
De acordo com Frey (1999), o termo “política” em língua inglesa possui três
dimensões de significação: uma dimensão institucional (polity), uma dimensão processual
(politics) e uma dimensão material (policy/policies).
A abordagem utilizada no presente estudo refere-se à dimensão institucional e
material, ou seja, à materialização das propostas inseridas nos programas políticos,
relacionadas com os problemas técnicos e imediatos para atender as demandas da sociedade .
Nesse sentido, Easton (1970 apud RUA, 1998) exemplifica vários tipos de demandas
da sociedade onde,
34
[...] as demandas podem ser, por exemplo, desde reivindicações de bens e serviços,
como saúde, educação, estradas, transportes, segurança pública, normas de higiene e
controle de produtos alimentícios, previdência social, etc. Podem ser, ainda, as
demandas de participação no sistema político, como reconhecimento de voto dos
analfabetos, acesso a cargos públicos para estrangeiros, organização de associações
políticas, direitos de greve, etc. Ou ainda, demandas de controle da corrupção, de
preservação ambiental, de informação política, de estabelecimento de normas para o
comportamento dos agentes públicos e privados, etc. (EASTON, 1970 apud RUA,
1998, p. 2).
Dessa forma, fica evidente que os gestores de políticas públicas são influenciados pela
pressão e mobilização da sociedade civil no que tange ao atendimento das demandas sociais.
Pode-se então resumir política pública como, “[...] o campo do conhecimento que
busca, ao mesmo tempo, colocar o governo em ação e/ou analisar essa ação (variável
independente) e, quando necessário, propor mudanças no rumo ou no curso dessas ações
(variável dependente).” (SOUZA, 2007, p. 69).
Não existe definição única sobre o que seja política pública. Mead (1995 apud
SOUZA, 2007, p. 68) “[...] a define como sendo um campo dentro do estudo da política que
analisa o governo à luz de grandes questões públicas”. Segundo Souza (2007, p. 69), “[...]
definições de políticas públicas, mesmo as minimalistas, guiam o nosso olhar para o lócus
onde os embates em torno de interesses, preferências e ideias se desenvolvem, isto é, os
governos”.
Ainda segundo Souza (2007), a política pública em geral e a política social, em
particular, são campos multidisciplinares, mas cada qual adota um foco diferente. Poucas
vezes tem-se clareza de que existem distinções importantes nos seus focos e entre os estudos
de políticas públicas e sobre políticas sociais. Enquanto estudos em políticas públicas
concentram-se no processo e em responder questões como “por quê” e “como”, os estudos em
políticas sociais tomam o processo apenas como “pano de fundo” e se concentram nas
consequências da política, ou seja, o que a política faz ou fez.
De acordo com Souza (2007), dentro do campo da política pública, alguns modelos
foram desenvolvidos para se entender melhor como e por que o governo faz ou deixa de fazer
alguma ação que produzirá resultados ou mudanças na vida dos sujeitos. Apresentar-se-á a
seguir apenas o tipo e o ciclo da política pública que estão entre os principais.
Talvez a mais conhecida tipologia sobre política pública seja a desenvolvida por Lowi
(1964-1972 apud SOUZA, 2007), elaborada por meio de uma máxima: a política pública faz a
política. A política pode assumir quatro formatos. O primeiro é o das políticas distributivas,
em que decisões tomadas pelo governo desconsideram a questão dos recursos limitados,
gerando efeitos individuais, ao privilegiar certos grupos ou regiões. O segundo é o das
35
No primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, foi criado o Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), que centralizou as ações dos programas
sociais geridos pelo governo federal. O principal avanço foi a unificação dos programas de
transferência de renda. O governo incorporou e integrou, em um único programa, as ações
públicas nas áreas de assistência social, segurança alimentar e nutricional, saúde, educação
infantil e transferência de renda: o Programa Bolsa Família.
O governo Dilma lançou, em 2011, o programa Brasil Sem Miséria, cujo principal
foco de atuação são os 16 milhões de brasileiros, com renda familiar per capita inferior a R$
70,00 mensais, visando sua inserção na cidadania. O mesmo tem ações nacionais e regionais,
baseadas em três eixos: a) garantia de renda; b) inclusão produtiva e c) acesso a serviços
públicos. Houve uma continuidade dessas políticas no governo, havendo apenas algumas
alterações, como por exemplo de “Fome Zero” para “Brasil Sem Miséria”, abrangência do
número de pessoas a serem atingidas e ampliação de alguns programas.
Os programas de transferência de renda surgiram como uma alternativa para combater
a pobreza. Eles foram concebidos segundo a ideia de que o beneficiário tem a autonomia para
definir como melhor utilizar o benefício por saber quais são suas necessidades mais urgentes
(SANTANA, 2007).
De acordo com Schottz (2005 apud TRALDI, 2011), apesar de os programas de
transferência de renda terem conquistado avanços como uma estratégia de combate à fome e à
pobreza, como outras políticas de intervenção no Brasil, ainda eram caracterizados pela
fragmentação, pelo frágil controle social, sobre focalização de beneficiários e duplicação de
recursos.
As políticas de transferência de renda podem ter papel relevante na melhoria das
condições sociais das famílias rurais beneficiárias, especialmente entre aqueles em situação de
extrema pobreza.
De acordo com o UNICEF (1990 apud CUNHA, 2006), avaliação constitui exame
sistemático e objetivo de um projeto ou programa, finalizado ou em curso, que contemple o
seu desempenho, implementação e resultados, com vistas à determinação de sua eficiência,
efetividade, impacto, sustentabilidade e relevância de seus objetivos.
37
O referencial de Análise de Política Pública surgiu nos Estados Unidos nas décadas
de 1960-1970, em função do crescente interesse dos fazedores de política (policy
makers) e dos acadêmicos em explicar o processo de elaboração das políticas
públicas (BENINI et al, 2011, p. 334).
Para Santos (2011), avaliar política pública, além de ser um instrumento capaz de
melhorar ou corrigir a gestão governamental, mostra-se uma ferramenta de incremento da
transparência das ações dos governantes. Analisar tais políticas, focando apenas em suas
metas e resultados quantificados, pode incorrer em apreciação parcial de sua significância.
Deve-se também levar em consideração o aspecto qualitativo do resultado alcançado.
Contudo, eficiência, eficácia e impacto são conceitos importantes, pois promovem a
interpretação conjunta, com vistas à correlação, de etapas distintas da política pública. São
elas: planejamento, desenvolvimento e execução.
38
E por último, traduzem a efetividade como o conceito que revela em que medida a
correspondência entre os objetivos traçados em um programa e seus resultados foram
atingidos (BELLONI; MAGALHÃES; SOUSA, 2001).
Conforme Santos (2011), na implementação de uma política pública, há etapas a serem
percorridas, as quais se iniciam com o reconhecimento do problema, sendo este conduzido a
uma agenda com especificações de objetivos e a indicação das formas adequadas de condução
da ação pública. Daí, então, chega-se à etapa da implementação, de fato, da política,
observando-se diretrizes e prazos previamente estabelecidos. A avaliação da política dá-se por
métodos que verificam o seu impacto, se as metas estão sendo cumpridas, se há algo a ser
redirecionado, sua eficácia social, isto é, sua capacidade de alterar as relações sociais e sua
eficiência, ou seja, se apresenta eficácia maior em relação a outras políticas que visem aos
mesmos objetivos.
Para Cavalcanti (2006), a avaliação é um instrumento de fundamental importância
para a tomada de decisão dos gestores públicos, no entanto, ainda há dúvidas sobre os
modelos a serem adotados, tendo em vista que os resultados, muitas vezes, são parciais e
irrelevantes (devido, muitas vezes, à morosidade de sua execução). Contudo, tais dificuldades
reforçam o reconhecimento de que a avaliação de políticas públicas não deve se restringir
apenas a um modelo, e deve abordar os processos, resultados e impactos. Nesse sentido, o
esforço de seleção de variáveis de análise e de construção de indicadores é fundamental.
Jannuzzi (2005 apud TRALDI, 2011) ressalta a importância dos indicadores9 como
instrumentos que permitem “revelar” a eficácia e a efetividade social dos programas.
9
Um indicador consiste em um valor usado para medir ou acompanhar a evolução de algum fenômeno ou o
resultado de processos sociais. Indicadores podem ser produzidos com base em resultados de pesquisas de
39
De acordo com Traldi (2011), para avaliação dos resultados da eficácia há um conjunto
de indicadores que permite entender e avaliar o resultado concreto da política pública através de:
indicadores quantitativos (objetivos) − valores quantificáveis, como cifras absolutas, taxas,
proporções, médias, índices ou distribuições por classes, que permitem mensurar os efeitos
(respostas) concretos da ação da política; e indicadores qualitativos (subjetivos) − que dizem
respeito a uma apreciação, a um juízo de valor que um indivíduo ou um grupo de pessoas faz
da ação da política.
Nos últimos anos no Brasil, a gestão pública vem utilizando os indicadores de políticas
públicas como resposta ao interesse da sociedade que tem buscado acompanhar e fiscalizar o
gasto público, exigindo o uso mais eficiente, eficaz e efetivo do mesmo. A legislação vigente
e as novas tecnologias de informação contribuem para a disseminação da informação
administrativa compilada por órgãos públicos e a informação estatística produzida pelas
agências especializadas.
O termo “segurança alimentar” começou a ser utilizado após o fim da Primeira Guerra
Mundial. Com a traumática experiência da guerra vivenciada na Europa, tornou-se claro que
um país poderia dominar o outro, controlando seu fornecimento de alimentos. A alimentação
seria, assim, uma arma poderosa, principalmente se aplicada por uma potência a um país que
não tivesse a capacidade de produzir por conta própria e, suficientemente, seus alimentos.
Portanto, esta questão adquiria um significado de segurança nacional para cada país,
apontando para a necessidade de formação de estoques “estratégicos” de alimentos e
fortalecendo a ideia de que a soberania de um país dependia de sua capacidade de
autossuprimento de alimentos (MALUF; MENEZES, 2000).
Há uma larga tradição no tratamento da problemática alimentar na América Latina. No
Brasil, destacam-se as análises pioneiras e clássicas de Josué de Castro − um dos fundadores
da Organização para Agricultura e Alimentação das Nações Unidas (FAO) − sobre o
fenômeno da fome, ainda na década de 1930. Mas, somente em 1986, o objetivo da segurança
alimentar apareceu, pela primeira vez, entre os elementos definidores de uma proposta de
avaliação e estes também expressam certas condições relativas à estrutura, processos e resultados (indicadores de
impactos e efeitos) de acordo com as dimensões do estudo a partir do qual são produzidos (DRAIBE, 2001 apud
ALMEIDA, 2008).
40
política de abastecimento alimentar, sendo formulada por uma equipe de técnicos a convite do
Ministério da Agricultura, tendo poucas consequências na prática.
No Brasil, em 1991, divulgou-se a proposta de uma Política Nacional de Segurança
Alimentar elaborada pelo Governo Paralelo10, com um impacto inicial restrito. No início de
1993, ao ser aceita pelo Governo Itamar Franco como uma das fundamentações para a
instalação do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (CONSEA), contribuiu para a
definitiva introdução da questão agroalimentar e da fome como temas prioritários na agenda
política nacional (MALUF; VALENTE, 1996).
Somente em 2010 foram estabelecidas a regulamentação da Lei Orgânica de
Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN) 11 e a instituição da Política Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN), através do Decreto n°. 7.272, de 25 de agosto
de 2010, assim como a incorporação da alimentação aos direitos sociais previstos na
Constituição Federal de 1988, por meio da Emenda Constitucional n°. 64, de 04 de fevereiro
de 2010. Com a regulamentação da LOSAN, instituiu-se a PNSAN que estabelece, entre as
diretrizes que deverão nortear a elaboração do Plano Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional, o monitoramento da realização do direito humano à alimentação adequada.
(BRASIL, 2010a).
A identificação e mensuração da Segurança Alimentar e Nutricional possui múltiplas
dimensões. De acordo com Kepple (2010 apud BRASIL, 2010a), disponibilidade do alimento
significa a oferta de alimentos para toda a população e depende da produção, importação,
sistemas de armazenamento e distribuição, o acesso físico e econômico aos alimentos, além
de depender da política de preços e da renda familiar. Ainda, segundo este autor, a
estabilidade é uma das dimensões que é decisiva para a definição da situação de segurança ou
insegurança alimentar das famílias, que implica no grau de perenidade da utilização, acesso e
disponibilidade dos alimentos. Esta dimensão envolve a sustentabilidade social, econômica e
ambiental, e demanda o planejamento de ações pelo poder público.
Segundo Almeida et al (2006), deve ser posto em pauta o conceito mais amplo de
SAN, o qual deve estar ligado a elementos e/ou valores fundamentais da população.
De acordo com Paulillo e Pessanha (2009), esses valores pertencem a cinco eixos:
10
O Governo Paralelo foi uma iniciativa do Partido dos Trabalhadores, em 1990, visando gerar propostas
alternativas de governo.
11
Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006, que cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
(SISAN) com vistas a assegurar o direito humano à alimentação adequada. Segundo esta lei, a segurança
alimentar e nutricional consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de
qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como
base práticas alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental,
cultural, econômica e socialmente sustentáveis.
41
convenções, fazendo com que a operação das políticas agroalimentares requeira soluções
diferenciadas.
Segundo (BRASIL, 2010a), a insegurança alimentar das famílias do rural é maior do
que a urbana em nível nacional. Esses dados apontam para o que foi levantado por Paulillo e
Alves (2009), que defendem a criação de políticas de segurança alimentar direcionadas. Neste
sentido, fortalece-se também a ideia de que as famílias rurais possuem prioridades
diferenciadas, e o gasto com o benefício nem sempre é destinado à alimentação, devido à
especificidade e peculiaridades do rural e a efetividade dos Programas de Segurança
Alimentar, no caso o PBF, é diferente do urbano.
Em seu estudo, Wanderley (2009) aponta que as profundas transformações resultantes
dos processos sociais mais globais – a urbanização, a industrialização, a modernização da
agricultura – não se traduziram por nenhuma “uniformização” da sociedade, provocando
assim, o fim das particularidades de certos espaços. A modernização, em seu sentido amplo,
redefine, sem anular, as questões referentes à relação campo/cidade.
Wanderley (2009) pondera ainda que,
[...] é preciso considerar, porém, que esta paridade está longe de ter sido alcançada
de forma homogênea, inclusive nas sociedades de capitalismo avançado. Partes
significativas do espaço rural correspondem, frequentemente, às zonas mais
fragilizadas dos territórios nacionais, que ainda se diferenciam do urbano pelas suas
condições de inferioridade no que se refere, precisamente, ao acesso da população
aos bens e serviços materiais, sociais e culturais (WANDERLEY, 2009, p. 229).
O Programa Bolsa Família (PBF), que integra o Plano Brasil Sem Miséria (BSM), foi
instituído pela Medida Provisória nº 132, de 20 de outubro de 2003, convertida na Lei nº
10.836/2004. O programa unificou os procedimentos de gestão e execução das ações de
transferência condicionada de renda então existentes12.
A unificação dessas ações possibilitou a emergência de um programa com desenho
relativamente simples. A ênfase nas condicionalidades como forma de garantir às famílias
beneficiárias o acesso a serviços básicos nas áreas de educação, saúde e assistência social deu
corpo à percepção de que certos determinantes da pobreza precisariam ser atacados para que
as futuras gerações pudessem efetivamente ter condições de superar a pobreza. Além disso,
buscou-se articular outras ações, como de capacitação profissional de forma a dar opções para
que as famílias beneficiárias pudessem melhorar sua inserção no mercado de trabalho
(PAIVA; FALCÃO; BARTHOLO, 2013).
De acordo com o estudo de Paiva, Falcão e Bartholo (2013), divulgado pelo Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o período de 2003 a 2004 marca o período inicial
do programa, com incrementos de cobertura baseados na migração das famílias já
12
O Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Educação (Bolsa Escola) foi criado pela Medida
Provisória (MP) nº 2.140-1, de 14 de março de 2001, originada da MP nº 2.140, de 13 de fevereiro de 2001, e
convertida na Lei nº 10.219, de 11 de abril do mesmo ano. O Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à
saúde (Bolsa Alimentação) foi criado pela Medida Provisória nº 2.206-1, de 6 de setembro de 2001, originada da
MP nº 2.206, de 10 de agosto de 2001. O Auxílio-Gás foi criado pela Medida Provisória nº 18, de 28 de
dezembro de 2001, regulamentada pelo Decreto nº 4.102, de 24 de janeiro de 2002.
13
A configuração mais atual dos benefícios pagos aos segurados especiais (Previdência Rural) veio com a Lei nº
8.213, de julho de 1991. Os benefícios não contributivos, por sua vez, foram expandidos com a criação do
Benefício de Prestação Continuada (BPC), criado pela Lei Orgânica da Assistência Social, de dezembro de 1993.
45
beneficiárias e nas primeiras concessões de benefícios para famílias que ainda não recebiam
transferência de renda. O período seguinte, de 2005 a 2006, foi marcado pela
institucionalização do papel dos entes federados na gestão do programa, com a assinatura de
termos de adesão por todos os municípios brasileiros e a criação do Índice de Gestão
Descentralizada (IGD), instrumento que mensura a gestão do município e ao qual está
associada a transferência mensal de recursos financeiros para apoio à gestão. Também foi
marcado pelos aperfeiçoamentos ocorridos no CadÚnico e pela edição de um conjunto de
normas sobre a concessão e pagamento de benefícios e ao acompanhamento de
condicionalidades.
Ainda de acordo com o estudo, em meados de 2006, o programa atingiu sua meta
inicial de atendimento, de cerca de 11 milhões de famílias beneficiárias. No biênio seguinte,
foram adotadas mudanças no desenho do programa – como a adoção da regra de permanência
e a criação do benefício variável vinculado ao adolescente (BVJ), pago a famílias com
membros com idade entre 16 e 17 anos. Data também deste período o início dos
procedimentos periódicos de averiguação de inconsistências cadastrais com base em
cruzamentos do CadÚnico com outros registros administrativos do governo federal.
De acordo com Soares (2009 apud PAIVA; FALCÃO; BARTHOLO, 2013), entre
2009 e 2010, o programa adotou uma nova perspectiva para elaboração de suas estimativas de
atendimento baseada na percepção de que a renda dos segmentos mais pobres da população
era não apenas baixa, mas, também volátil. O argumento era o de que o número de pessoas ou
famílias que, ao longo de um determinado período de tempo, experimentaria situação de
pobreza ou extrema pobreza seria naturalmente maior que o número de pessoas ou famílias
que eram encontradas nestas situações em um momento específico do tempo.
A partir desta perspectiva, as estimativas de atendimento do programa deveriam ser
naturalmente ampliadas. Além disso, foi utilizada a metodologia dos mapas de pobreza do
Banco Mundial, para tentar aprimorar as estimativas municipais, até então baseadas nos dados
do censo 2000 (PAIVA; FALCÃO; BARTHOLO, 2013).
No biênio 2009-2010 também teve início o procedimento de revisão cadastral das
famílias beneficiárias cujo cadastro estava sem atualização há mais de dois anos. Outros
avanços institucionais foram alcançados, como a aprovação do Protocolo de Gestão Integrada
de Benefícios e Serviços no Âmbito do Sistema Único de Assistência Social pela Comissão
Intergestores Tripartite da Assistência Social, que definiu a prioridade do acompanhamento
familiar para famílias do Bolsa Família em situação de descumprimento de condicionalidades
pela rede de assistência social. Ao final de 2010, o Programa Bolsa Família já havia alcançado
46
praticamente 13 milhões de famílias com focalização nos mais pobres (PAIVA; FALCÃO;
BARTHOLO, 2013).
Percebeu-se que entre 2003 e 2010, o programa passou por um processo de
consolidação, especialmente na transferência de renda e no acompanhamento de
condicionalidades. Segundo (BRASIL, 2013a), diversos estudos realizados evidenciam a
contribuição do programa na redução das desigualdades sociais e da pobreza, tendo como
objetivo assegurar o direito humano à alimentação adequada, promovendo a segurança
alimentar, o que deixa o programa em situação confortável.
Pesquisas realizadas sobre o programa, como a do IBASE, que entrevistou cinco mil
titulares do cartão Bolsa Família, em 229 municípios de todas as regiões do país, mostram
efeitos positivos do programa sobre a alimentação e inclusão social. Uma das conclusões
refere-se a gastos com a alimentação. A ampla maioria dos titulares, 94%, são mulheres,
sendo que 64% dos titulares são pretos e pardos e 50% vivem no Nordeste. Mais de 55% das
famílias beneficiadas estão sob a condição de insegurança alimentar grave e moderada, o que
faz com que a maior parte da renda proveniente do programa seja destinada a gastos com a
alimentação. As relações de trabalho investigadas revelam a ausência de oportunidades de
trabalho para este grupo e que o recebimento do benefício não fez com que 99,5% das
famílias deixassem de exercer alguma atividade (BRASIL, 2008).
Entre 2003 e 2010 houve também uma série de avanços do ponto de vista tecnológico.
Neste período, as versões do aplicativo do CadÚnico eram off line, isto é, dependiam de
aplicativos locais, instalados e atualizados nos computadores nos quais eram feitos o
cadastramento e a transmissão de dados para a base nacional, o que gerava diferenças entre as
bases locais e a base nacional do cadastro. Em 2010 surgiu uma versão on line do aplicativo
que eliminou as divergências entre a base local e nacional anteriormente apresentada na
versão off line.
Ressalta-se, que em abril de 2013 99,7% dos municípios brasileiros haviam migrado
para a nova versão. Hoje o CadÚnico conta com o registro de 25 milhões de famílias, 23
milhões com renda declarada de até meio salário mínimo per capita. São beneficiárias do
Bolsa Família 13,8 milhões de famílias. A evolução do CadÚnico e a introdução da versão
online foram passos importantes para a consolidação das informações das famílias de baixa
renda brasileiras, da execução do PBF, do uso por um maior número de programas e ações
sociais e, desta maneira, da confiança necessária para que surgisse uma estratégia como o
Plano Brasil Sem Miséria (PAIVA; FALCÃO; BARTHOLO, 2013).
47
a 16 anos que não frequentavam a escola, passando de 8,4% para 5,4%; b) a redução de 40%
da parcela de crianças de 6 a 10 anos de idade fora da escola, e redução de 30% para as faixas
etárias de 11 a 16 anos; c) a constatação de que a condicionalidade em educação foi
responsável pela queda de cerca de um terço da proporção de crianças entre 11 e 16 anos de
idade com até um ano de escolaridade fora da escola e d) a redução de 40% da proporção de
meninos de 6 a 16 anos de idade que não frequentavam a escola. No caso das meninas, a
redução foi de 30% (CRAVEIRO; XIMENES, 2013).
políticas específicas, que contribuem para a redução das vulnerabilidades sociais a que essas
famílias estão expostas. Atualmente, o CadÚnico conta com mais de 21 milhões de famílias
inscritas.
O CadÚnico é coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome (MDS), devendo ser obrigatoriamente utilizado para seleção de beneficiários de
programas sociais do Governo Federal, como o Bolsa Família.
Suas informações são regulamentadas pelo Decreto nº 6.135/07; pelas Portarias nº
177, de 16 de junho de 2011, e nº 274, de 10 de outubro de 2011; Instruções Normativas nº 1
e nº 2, de 26 de agosto de 2011; e as Instruções Normativas nº 3 e nº 4, de 14 de outubro de
2011. Essas informações podem também ser utilizadas pelos governos estaduais e municipais
para obter o diagnóstico socioeconômico das famílias cadastradas, possibilitando o
desenvolvimento de políticas sociais locais. Famílias com renda superior a meio salário
mínimo também podem ser cadastradas, desde que sua inserção esteja vinculada à inclusão
e/ou permanência em programas sociais implementados pelo poder público nas três esferas do
Governo.
O Programa Bolsa Família dispõe de benefícios financeiros definidos pela Lei nº
10.836/04, que são transferidos mensalmente às famílias beneficiárias. As informações
cadastrais das famílias são mantidas no CadÚnico e para receber o benefício são considerados
a renda mensal per capita da família, o número de crianças e adolescentes até 17 anos e a
existência de gestantes e nutrizes (BRASIL, 2013b).
Segundo (BRASIL, 2013b), existem vários tipos de benefícios:
Benefício Básico − no valor de R$ 70,00, concedidos apenas a famílias
extremamente pobres, com renda per capita igual ou inferior a R$ 70,00;
Benefício Variável − no valor de R$ 32,00, concedidos pela existência na família
de crianças de zero a 15 anos, gestantes e/ou nutrizes, limitado a cinco benefícios
por família;
Benefício Variável Vinculado ao Adolescente (BVJ) − no valor de R$ 38,00,
concedidos pela existência na família de jovens entre 16 e 17 anos, limitado a dois
jovens por família;
Benefício Variável de Caráter Extraordinário (BVCE) − com valor calculado caso
a caso, e concedido para famílias migradas de Programas Remanescentes ao PBF;
Benefício para Superação da Extrema Pobreza na Primeira Infância (BSP) − com
valor correspondente ao necessário para que a todas as famílias beneficiárias do
51
PBF, com crianças entre zero e seis anos, superem os R$ 70,00 de renda mensal
por pessoa.
Para ingressar no programa as famílias devem possuir renda familiar mensal de até R$
140,00 por pessoa e estar cadastradas no CadÚnico. A renda da família é calculada a partir da
soma do rendimento de todas as pessoas da casa auferidos no mês. Esse valor deve ser
dividido pelo número de pessoas que vivem na casa, obtendo assim a renda da família por
pessoa (BRASIL, 2013a).
As famílias que possuem renda mensal entre R$ 70,00 e R$ 140,00 por pessoa só
ingressam no programa se possuírem crianças ou adolescentes de até 17 anos. Já as famílias
com renda mensal de até R$ 70,00 por pessoa podem participar do PBF, qualquer que seja a
idade dos membros da família. Se a família se encaixa em uma das faixas de renda definidas
pelo PBF, deve procurar o setor responsável pelo programa no município ou o gestor local,
com posse de documentos pessoais para se cadastrar.
O PBF seleciona as famílias com base nas informações inseridas no CadÚnico. Com
base nessas informações, o MDS seleciona, de forma automatizada, as famílias que serão
incluídas no programa. O critério principal é a renda familiar por pessoa. O cadastramento
não implica a entrada imediata das famílias no programa e o recebimento do benefício, pois
leva certo tempo para os manuais chegarem até o MDS para análise e seleção. As famílias
beneficiárias do PBF assumem alguns compromissos, que denominam-se condicionalidades,
assim como o poder público para ampliar o acesso dessas famílias a seus direitos sociais
básicos. Por um lado, as famílias devem assumir e cumprir esses compromissos para
continuar recebendo o benefício. Por outro, as condicionalidades responsabilizam o poder
público pela oferta dos serviços públicos de saúde, educação e assistência social (BRASIL,
2013c).
Na área de saúde, as famílias beneficiárias assumem o compromisso de acompanhar o
cartão de vacinação e o crescimento e desenvolvimento das crianças menores de sete anos. As
mulheres na faixa de 14 a 44 anos também devem fazer o acompanhamento e, se gestantes ou
nutrizes (lactantes), devem realizar o pré-natal e o acompanhamento da sua saúde e do bebê
(BRASIL, 2013d).
Na educação, todas as crianças e adolescentes entre seis e 15 anos devem estar
devidamente matriculados e com frequência escolar mensal mínima de 85% da carga horária.
Já os estudantes entre 16 e 17 anos devem ter frequência de, no mínimo, 75% (BRASIL,
2013d).
52
A gestão descentralizada é uma forma de gestão que permite que União, estados,
Distrito Federal e municípios compartilhem entre si os processos de tomadas de decisão do
PBF, criando bases de cooperação para o combate à pobreza e à exclusão social. Essa forma
de cooperação está prevista na constituição federal (BRASIL, 2013e).
Os entes federados, em conjugação de esforços, pactuam o desafio de conduzir a
implementação dessa política de transferência direta de renda com condicionalidades, sendo
parceiros efetivos, corresponsáveis pela implementação e controle do PBF e do cadastro
único. O desafio é articular os diversos agentes políticos em torno da promoção e inclusão
social das famílias beneficiárias. Para isso, deve ser estabelecido um modelo de gestão
compartilhada, com competências específicas para cada um dos entes federados (BRASIL,
2013e).
O MDS tem um instrumento que mede a qualidade de gestão do PBF em níveis
estadual e municipal, Índice de Gestão Descentralizada (IGD). Esse índice leva em conta a
eficiência na gestão do Programa, e as informações são utilizadas pelo MDS para o repasse de
recursos para aperfeiçoar as ações de gestão dos estados e dos municípios.
O controle social é a participação do cidadão na gestão pública, na fiscalização, no
monitoramento e no controle das ações da administração pública no acompanhamento das
políticas, um importante mecanismo de fortalecimento da cidadania. É Realizado por meio
das Instâncias de Controle Social (ICS), instituídas formalmente pelo município no ato de
adesão ao Programa, garantindo aos cidadãos espaço para o seu acompanhamento e buscando
assegurar os interesses da sociedade. É uma parceria entre Estado e sociedade que possibilita
compartilhar responsabilidades e proporciona transparência às ações do poder público,
buscando garantir o acesso das famílias mais pobres à política de transferência de renda
(BRASIL, 2013f).
As ICS do PBF devem atuar no acompanhamento de todos os componentes do
Programa e do CadÚnico, a gestão de benefícios, as condicionalidades, a fiscalização e as
oportunidades de desenvolvimento das capacidades das famílias desenvolvidas ou articuladas
pelo município e os Programas Complementares (BRASIL, 2013f).
O MDS desenvolve documentos com informações sobre a estruturação, o
funcionamento e a atuação das ICS, buscando subsidiar de ferramentas a gestão municipal
(BRASIL, 2013f). Além disso, o MDS desenvolve ações de fiscalização que visam garantir
eficiência, eficácia, efetividade e transparência na gestão do PBF. Dessa forma, é assegurado
que os benefícios cheguem às famílias que atendem aos critérios de elegibilidade do
Programa, em conformidade com as normas vigentes. A fiscalização é realizada in loco e a
54
distância com base no cruzamento de dados do Cadastro Único. Enquanto isso, outras ações
são desenvolvidas pelas Instâncias de Controle Social do PBF, que devem acompanhar as
atividades desenvolvidas pelo gestor municipal (BRASIL, 2013g).
As auditorias e ações de fiscalização são realizadas também pelas instituições de
controle interno e externo do Poder Executivo, que compõem a Rede Pública de Fiscalização
(RPF). O trabalho conjunto dessas instituições, integrado ao do MDS, tem como objetivo
fortalecer o monitoramento e o controle das ações voltadas à execução do PBF. Todo esse
processo é realizado sem que cause qualquer interferência na autonomia e competência de
cada uma das instituições (BRASIL, 2013g).
Em parceria com os estados e o Distrito Federal, a SENARC do MDS promove ações
de capacitação e disseminação de informações para os profissionais que atuam na gestão e na
implementação do PBF e do Cadastro Único.
Os principais objetivos da SENARC são: capacitar estados, municípios, Instâncias de
Controle Social e parceiros, priorizando informações sobre instrumentos normativos, sistemas
e procedimentos operacionais; apoiar ações de capacitação específicas dos estados,
direcionadas a questões institucionais e operacionais do Bolsa Família e do Cadastro Único e
planejar e executar capacitações continuadas (BRASIL, 2013h).
A estratégia de capacitação desenvolvida leva em consideração a complexidade do
PBF e do CadÚnico e as necessidades de ambientar e preparar os atores envolvidos nos seus
processos de gestão e operacionalização. As atividades são realizadas presencialmente e/ou a
distância, e os materiais de apoio são disponibilizados pela SENARC. O atendimento da
SENARC às demandas de apoio às capacitações dos municípios é feito por meio das
Coordenações Estaduais do PBF. Os municípios devem encaminhar as solicitações de
informações e formação a essas instâncias, que fazem análise e atendimento e enviam a esta
Secretaria uma solicitação de apoio técnico às capacitações descentralizadas (BRASIL,
2013h).
Para aprimorar a qualidade das informações fornecidas pelas famílias registradas pelos
municípios, o MDS avalia mensalmente os níveis de qualidade dos cadastros da base
nacional, incluindo seu grau de atualização. Por meio das informações contidas no Cadastro
Único para Programas Sociais são planejadas e desenvolvidas ações e políticas públicas
direcionadas à população mais vulnerável. Para tanto, é fundamental que os dados cadastrais
reflitam a realidade em que vivem as famílias brasileiras de baixa renda.
Os cadastros devem ser atualizados pelos municípios, no máximo, a cada dois anos
contados de sua data de inclusão ou última atualização. Além disso, o MDS realiza o
55
cruzamento dos dados do CadÚnico com outros registros administrativos que possuem
informações das pessoas. Dessa maneira, é possível identificar indícios de inconsistências nas
informações constantes no cadastro das famílias, principalmente no que se refere à renda
declarada, vínculo de trabalho e composição familiar.
De acordo com (BRASIL, 2013a) o cruzamento dos dados é realizado periodicamente
com:
Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) – base de dados do Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE), que contém informações sobre pessoas no mercado
de trabalho formal, cujo vínculo ocorre por meio da assinatura da Carteira de
Trabalho e Previdência Social (CTPS) ou do estabelecimento de contrato de
trabalho. Através do cruzamento da RAIS com o Cadastro Único, é possível
identificar omissão ou subdeclaração de renda da família;
Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) – gerido pelo Ministério da
Previdência Social (MPS), possui informações a respeito das pessoas que recebem
benefícios previdenciários ou contribuem com a Previdência Social. Possibilita a
identificação de indícios de omissão ou subdeclaração de renda;
Sistema Informatizado de Controle de Óbitos (SISOBI) – trata-se de um registro
administrativo pertencente ao CNIS que possui os dados dos óbitos ocorridos no
Brasil. O cruzamento dessas informações com o Cadastro Único possibilita
identificar se os dados da família estão atualizados, tendo sido excluída de sua
composição a pessoa falecida;
Base do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – registro com os políticos eleitos ou
suplentes de todas as eleições municipais, estaduais ou federais. Possibilita
verificar se pessoas que ocupam algum cargo eletivo estão cadastradas ou
recebendo algum benefício do Bolsa Família.
Além disso, é realizada anualmente pelo MDS a revisão cadastral. Neste processo, é
exigido que as famílias beneficiárias do PBF tenham as informações de seu cadastro
atualizadas ou revalidadas pelo menos a cada dois anos para que continuem recebendo seus
benefícios.
As famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família se enquadram em situações de
pobreza e extrema pobreza. A pobreza tem diversas dimensões e exige articulação das
Políticas Públicas com olhar específico para aqueles que sempre foram excluídos do acesso a
56
O Programa Bolsa Família foi implantado em 2004 na cidade de Rio Verde sendo de
responsabilidade da Secretaria Municipal de Assistência Social, e estão relacionados também
com a Secretaria Municipal da Saúde, Secretaria Municipal de Educação, Esporte e Lazer e
com o Conselho Municipal de Assistência Social.
Segundo o MDS (BRASIL, 2014c), e de acordo com o censo IBGE de 2010, o
município de Rio Verde (GO) tinha, naquele ano, as seguintes estimativas:
os critérios e que nunca foram visitados pela assistência social, apenas recebiam
acompanhamento dos agentes de saúde.
Segundo a assistente social da Secretaria de Assistência Social, as metas de
credenciamento ainda não foram cumpridas, e a principal tarefa é identificar as famílias em
situação de vulnerabilidade que ainda não foram cadastradas. Faz menção ainda ao fato de
que a população rural não foi cadastrada. Depois que essas metas forem alcançadas, o
próximo passo será o acompanhamento dessas famílias, ajudando-as a manter os benefícios,
cumprindo as condicionalidades, e oferecer meios de emancipação, visando ao
desenvolvimento pessoal, social e econômico que leve à quebra do ciclo de pobreza ao qual
estão expostas.
Na área da saúde, a entrevista foi realizada com uma nutricionista, que também
coordena o PBF. Percebe-se que a situação se inverte, uma vez que a entrevistada relata que
uma das maiores dificuldades no acompanhamento das condicionalidades seria a falta de
espaço físico, estrutura, recursos humanos. Outra dificuldade é a busca ativa das famílias, o
que deveria ser feito por agentes comunitários, mas infelizmente o número de agentes é
insuficiente e hoje contam apenas com 17% de cobertura de Estratégica Saúde da Família
(ESF) no município.
Em duas das regiões visitadas, não havia cobertura por agentes de saúde. Na entrevista
com as famílias rurais, percebeu-se que apenas a Secretaria de Saúde, através dos agentes de
saúde, faz um acompanhamento contínuo das famílias. Nas regiões em que há cobertura, o
agente de saúde é como se fosse o canal de comunicação entre as famílias e o programa. Os
agentes residem no local ou em regiões próximas. Outro problema encontrado em um dos
locais visitados foi que o agente não dispunha de balança para pesagem. Neste caso, as
famílias pesam em balanças próprias, até mesmo de pesar animais, e enviam o peso aos
agentes que encaminham para a Secretaria de Saúde. As condições de trabalho dos agentes
não são favoráveis. Existe falta de equipamentos, e transporte para realização das visitas. Em
alguns assentamentos, a distância entre um domicílio e outro é grande e muitos dos agentes
realizam as visitas a pé, a cavalo e alguns utilizam veículo próprio. Não recebem ajuda de
custo para este fim. Apesar de todas as dificuldades encontradas, as famílias têm os agentes
como facilitadores e tecem elogios a todos pelo trabalho desempenhado por eles.
Na área da educação o acompanhamento restringe-se apenas ao monitoramento da
frequência escolar que é realizada bimestralmente. Os dados são levantados pelas unidades
escolares que enviam ao gestor para conferência e envio ao MDS via on-line. O gestor da
educação não informou como é feito o acompanhamento das famílias que estão em
60
A maioria das famílias entrevistadas reside nos distritos, como pode ser visto pelo
GRÁFICO 2. Segundo dados obtidos na Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, existem 380 famílias residentes nos assentamentos rurais. De acordo com
dados do censo demográfico de 2010, a população era de 3.688 pessoas nos distritos.
Das 375 famílias beneficiárias do PBF residentes no rural, 44 estão localizadas em
assentamentos rurais, 222 nos distritos e 109 estão em pequenas propriedades e
acampamentos. Das famílias beneficiárias residentes em assentamentos, foram entrevistadas
34 famílias, o que representa 36,17% do total das famílias entrevistadas. Nos distritos, foram
entrevistadas 54 famílias, representando 57,45% do total das famílias entrevistadas.
Já nas pequenas propriedades rurais foram entrevistadas apenas seis famílias, o que
representa 6,38% do total das famílias entrevistadas. Em acampamentos não foi possível
localizar nenhuma família, pois em todas as visitas feitas não havia ninguém.
64
GRÁFICO 2 - Distribuição das famílias de acordo com a área de localização dos domicílios
6,38%
36,17% Distritos
57,45% Assentamentos rurais
Pequenas propriedades
27,78% 24,07%
Alugada
48,15%
Própria
Cedida
10%
20%
Própria
70%
Cedida
Outras
20,37%
12,5% 5%
Dentro da casa
82,5%
Fora da casa
Não existe
2,5 %
35 %
Açude
62,5 % Cisterna de placa
Poço ou nascente
A pesquisa apontou que as famílias entrevistadas não recebem água tratada e não
existe tratamento do esgoto. Nos distritos 98,15%, utilizam fossa e 1,85% soltam a água
consumida nos quintais. Nos assentamentos e pequenas propriedades, 85% utilizam fossa e
15%, o quintal. Em relação ao destino do lixo, nos distritos 100% é coletado pela prefeitura.
Nos assentamentos e pequenas propriedades todo o lixo é queimado.
Nos distritos, 90,74% da construção domiciliar é de alvenaria, 1,8% é de madeira e
7,41% de placa de muro. Nos assentamentos, a construção é 87,5% de alvenaria, 2,5% de
taipa não revestida e 10% de placa de muro.
Todas as famílias residentes nos distritos têm fornecimento de energia e possuem
relógio próprio. Nos assentamentos rurais e pequenas propriedades, 82,5% possuem relógio
próprio e 17,5% compartilham o relógio. No distrito de Ouroana, os entrevistados reclamaram
que é constante a falta de energia e ocasiona prejuízos ao comércio, aos produtores de leite e à
comunidade em geral. O subprefeito do distrito informou que investimento para criação de
uma nova subestação estava em estudo com as Centrais Elétricas de Goiás (CELG).
o que pode ser constatado pela pesquisa apontando que os titulares são em ampla maioria
mulheres (98,94%).
Na maioria das famílias residentes nos distritos (38,89%), a situação conjugal é de
amasiados e nos assentamentos e pequenas propriedades há 57,5% de casados, conforme se vê
nos GRÁFICOS 9 e 10. Pode-se observar que no caso dos distritos a renda dos companheiros
é formal, mensal e acima do valor permitido pelo PBF, o que induz os beneficiários a não
legalizar a união. Já no caso dos assentamentos rurais, a renda é difícil de ser mensurada e
confrontada pelo CadÚnico. Outro fator também observado é que as famílias residentes nos
assentamentos rurais e pequenas propriedades têm alguma religião bem definida, o que
influencia diretamente na legalização das uniões.
1,85%
9,26% 1,85%
27,78%
38,89% 20,37 %
35%
57,5%
A maioria dos beneficiários entrevistados está situada na mesma faixa etária, entre 31
a 40 anos, sendo que nos distritos representam 38,89% e nos assentamentos rurais e pequenas
propriedades representam 40%, como pode ser visto nos GRÁFICOS 11 e 12.
5,55%
GRÁFICO 12 - Faixa etária dos titulares residentes nos assentamentos rurais e pequenas
propriedades
10,%
22,5%
27,5% 17-30
31-40
41-50
40% 51-60
40 anos (42,5%). Nos distritos, 64,81% dos chefes de família são representados pelos homens,
e nos assentamentos rurais e pequenas propriedades esse número é bem maior (92,5%).
Percebe-se que o modo de vida entre as famílias que vivem nos distritos e assentamentos
rurais diferencia-se devido a questões culturais. Nos assentamentos, percebe-se que o poder
patriarcal é mais forte que nos distritos, pois nesses há uma influência maior do urbano.
5,56%
11,11%
27,78%
17-30
31-40
31,48% 41-50
24,07% 51-60
Acima de 60
GRÁFICO 14 - Faixa etária dos chefes de família residentes nos assentamentos rurais e
pequenas propriedades
2,5% 7,5%
15%
17-30
31-40
42,5%
32,5% 41-50
51-60
Acima de 60
GRÁFICO 15 - Quantidade de filhos menores de 18 anos das famílias residentes nos distritos
7,41% 7,41%
9,25%
Nenhum
37,04% Um
Dois
38,89%
Três
Quatro
2,5% 2,5%
22,5%
22,5%
Um
Dois
Três
Quatro
50%
Cinco
Dois
18,52% 29,63%
Três
Quatro
Cinco
37,04% Seis
Sete
2,5% 5% 2,5%
17,5%
Três
20%
Quatro
Cinco
Seis
52,5% Sete
Oito
Os chefes de família possuem baixo grau de escolaridade. Tanto nos distritos quanto
nos assentamentos rurais e pequenas propriedades, a faixa maior concentra-se no ensino
fundamental I, como pode ser visto nos GRÁFICOS 19 e 20. O que chama atenção é que nos
73
Ensino fundamental I
11,12%
Ensino fundamental II
29,63%
14,81%
Ensino médio completo
3,70%
Não alfabetizado
Ensino fundamental I
5% 2,5%
12,5% Ensino fundamental II
50%
Ensino médio completo
30%
Ensino médio
incompleto
Superior completo
Não alfabetizado
residem nos assentamentos rurais e pequenas propriedades continua sendo menor (5%) do que
nos distritos (7,41%).
Todas as crianças e jovens dos distritos, assentamentos e das pequenas propriedades
frequentam escolas. As crianças residentes nos assentamentos são transportadas por ônibus
contratado pelo município. Alguns jovens estudam na cidade de Rio Verde e são também
transportadas por ônibus fornecido pelo município. Observou-se que quando estes ônibus
apresentam defeitos, as crianças e jovens não frequentam as aulas. As mães relataram na
entrevista que, quando isso ocorre, elas justificam na secretaria da escola. Neste caso, a falta
não é computada para efeito do controle de frequência do PBF.
Ensino fundamental I
Não alfabetizado
Não informado
Ensino fundamental I
5%
12,5%
Ensino fundamental II
45%
15% Ensino médio completo
Não alfabetizado
O GRÁFICO 23 indica a renda agrícola e não agrícola das famílias residentes nos
distritos. Apenas 20% das famílias possuem renda advinda das atividades agrícolas; para os
outros 80% a renda é proveniente de outras atividades. Detectou-se que 24,07% são
trabalhadores rurais e 75,93% exercem outras atividades. A pesquisa apontou que nos
distritos, além de trabalhadores rurais, existem servidores públicos nas diversas áreas, como
educação, saúde e limpeza pública. O comércio local é bastante fraco, empregando apenas os
proprietários e as indústrias próximas exigem mão de obra qualificada.
Segundo a subprefeita do distrito de Riverlândia, um dos maiores problemas
enfrentados pelos distritos é o desemprego. Estes trabalhadores, em sua maioria, trabalham
como safristas e diaristas e não têm emprego permanente. Na entressafra é muito comum
encontrar estes trabalhadores em suas casas ou exercendo outras atividades não agrícolas.
No decorrer da pesquisa, foi possível detectar com as entrevistadas que existe carência
de emprego para o gênero feminino. Na época da pesquisa, estava em estudo a vinda de uma
empacotadora de carvão para o distrito de Riverlândia e existia uma expectativa de
empregabilidade das mulheres. Nos demais distritos, a dificuldade de empregar a mão de obra
feminina é a mesma. O trabalho encontrado é de faxineira, babá ou na limpeza pública da
subprefeitura.
GRÁFICO 23 - Renda mensal agrícola e não agrícola das famílias residentes nos distritos
35%
35
30%
30
25
20
15% Renda agrícola
15 Renda não agrícola
10%
10
5% 5%
5
0
Até 200 R$ 201 a R$ 401 a R$ 601 a Acima de
R$ 400 R$ 600 R$ 800 R$ 801
O GRÁFICO 24 mostra que 100% da renda das famílias residentes nos assentamentos
rurais e pequenas propriedades é proveniente da produção agrícola, o que configura apenas
76
renda agrícola. A maioria dedica todo o tempo de trabalho na propriedade, e em nenhuma das
famílias detectou-se a pluriatividade. Observou-se que algumas famílias têm dificuldade em
mensurar sua renda em valores monetários e mensal, em função desta dificuldade a renda foi
indexada em salários mínimos. Vale destacar que 17,5% das famílias não informaram sua
renda.
GRÁFICO 24 - Renda mensal agrícola das famílias residentes nos assentamentos rurais e
pequenas propriedades
O GRÁFICO 25 retrata que a maioria das famílias não recebe qualquer tipo de ajuda
além do PBF. Apenas 12,50% e 20,37% das famílias residentes nos assentamentos rurais,
pequenas propriedades e distritos, respectivamente, afirmaram receber algum tipo de ajuda.
Estes auxílios advêm de familiares, amigos e, em alguns casos de empregadores em forma de
alimento.
O GRÁFICO 26 demonstra a participação dos beneficiários em organizações sociais;
80% das famílias residentes nos assentamentos rurais e pequenas propriedades participam de
pelo menos um grupo. Já nos distritos a situação é bastante diversa, apenas 43% participam.
Em todos os assentamentos rurais visitados existe uma associação constituída pelos
assentados. Embora não seja atuantes em nenhuma, a maioria das famílias é associada.
Merecem destaque duas cooperativas de agricultores familiares localizadas na região
verificou-se que a maioria dos assentados é cooperado em uma delas. Em relação às famílias
77
100%
90%
80%
70% 79,63%
60% 87,50%
Não
50%
Sim
40%
30%
20% 20,37%
10% 12,50%
0%
Distritos Assentamentos rurais e
pequenas propriedades
100%
20%
90%
80% 57%
70%
60% Não
50%
80% Sim
40%
30% 43%
20%
10%
0%
Distritos Assentamentos rurais e
pequenas propriedades
acostumados a fazer a refeição matinal, principalmente nos dias em que as crianças não têm
aulas.
GRÁFICO 27 - Distribuição percentual das famílias residentes nos distritos por realização
das refeições diárias
Jantar 100
Almoço 100
Jantar 100%
Almoço 100%
Das famílias que possuem crianças frequentando escolas ou creches, 100% recebem,
refeição escolar em média, uma vez ao dia. Nos distritos, algumas escolas passaram a
funcionar em período integral no ano de 2013 e as crianças que estão matriculadas nestas
escolas recebem três refeições diárias, assim como nas creches. Percebeu-se a resistência de
79
algumas mães em mandar seus filhos para escolas de período integral. As entrevistadas
relataram que existe uma pressão da direção e até mesmo ameaça de serem cortadas do PBF
caso resistam.
As crianças matriculadas em escolas localizadas nos assentamentos e nas demais
escolas dos distritos recebem apenas uma refeição diária. A merenda escolar é complementar
e pode contribuir, mesmo que indiretamente, para a melhora dos níveis de insegurança
alimentar, além de ser importante para o orçamento doméstico (menos gastos em casa com
alimentação das crianças), de acordo com o IBASE (BRASIL, 2008).
Todas as famílias entrevistadas nos distritos afirmaram efetuar a compra de alimentos
em supermercados, assim como as famílias dos assentamentos rurais e pequenas propriedades.
Nos distritos, 50,24% das famílias possuem dívidas com alimentos. Destaque para o
distrito de Ouroana que apresentou o maior índice (65%). Essas dívidas são contraídas nos
supermercados locais que trabalham com a forma de pagamento a prazo e o controle é feito
em cadernetas. Nos assentamentos rurais e pequenas propriedades as famílias efetuam suas
compras à vista ou com cheques pré-datados, e não é comum a sistemática de cadernetas.
Ao serem questionadas sobre o que acontece com a alimentação das crianças menores
de 14 anos durante as férias escolares, 63% das famílias nos distritos disseram que não há
alteração, 18,12% disseram que piora e 18,9% disseram que melhora. Nos Assentamentos
rurais e pequenas propriedades, 15,21% responderam que melhora a alimentação, 77,08%
disseram que não há alteração e 7,71% não tem filhos menores de 14 anos.
O principal gasto das famílias entrevistadas com o valor do benefício PBF é com a
alimentação, com material escolar e com vestuário das crianças e adolescentes (roupas,
uniformes e acessórios). Percebeu-se também que muitas das famílias, quando recebem o
benefício, utilizam-no para a necessidade do momento e nem sempre segue essa ordem, como
por exemplo pagar uma conta de água ou energia que está em atraso. Outro fator observado é
que as famílias têm dificuldade de controlar os gastos, pois quando perguntadas dos valores
empregados em cada área, ou seja, educação, saúde e alimentação, não souberam responder
com exatidão.
Não foi possível levantar o percentual de famílias que apresentem problema crônico de
saúde. De acordo com os agentes de saúde, as doenças mais comuns são hipertensão e/ou
80
colesterol alto. Eles disseram que é bastante comum entre as famílias residentes nos
assentamentos rurais alguma destas doenças, principalmente nas mulheres. Grande parte das
famílias necessita de cuidados em relação à saúde, principalmente no incentivo à prática de
atividade física. Nos distritos, com a implantação do CRAS, serão oferecidas aulas com
educador físico e palestras. Em todos os distritos, existem na praça alguns aparelhos que
permitem a prática de atividade física com acompanhamento de educador físico que vem de
Rio Verde em alguns dias da semana. Já nos assentamentos, a única atividade, quando
praticada, é a caminhada.
Em uma das pequenas propriedades visitadas, havia uma mulher e uma criança recém-
nascida com diagnóstico de leptospirose (doença causada por uma bactéria chamada
leptospira presente na urina de ratos). A doença foi contraída durante a gravidez, no entanto
não foi diagnosticada, pois a mãe não realizou os exames necessários e a criança também
nasceu com a doença. Ambas já estavam fora de perigo e em tratamento.
Em todos os distritos existe posto de saúde, onde tanto a comunidade local, os
assentados e residentes em propriedades próximas podem realizar consultas previamente
agendadas. Quando necessária a realização de exames, as famílias são encaminhadas para Rio
Verde. Pelo menos uma vez por ano existe a presença do trailer da saúde nos assentamentos
rurais. Os agentes de saúde encaminham as famílias para atendimento nos postos de saúde e
em Rio Verde.
No decorrer da pesquisa, aconteceu no Assentamento Pontal do Buriti o Dia da Saúde,
promovido pela Secretaria Municipal da Saúde. Estes eventos têm sido constantes neste local
devido ao acidente ocorrido em maio de 2013. Na ocasião, um avião agrícola contratado por
um dos produtores da região fazia combate na lavoura próxima à escola e, segundo relato do
presidente da associação e do diretor da instituição de ensino, o avião sobrevoou o prédio
várias vezes, em especial a quadra de concreto, molhando 60 crianças que ali se encontravam
com um tipo de pesticida. Os alunos, com idade entre 4 e 16 anos, que naquele momento
lanchavam a céu aberto, engoliram o composto denominado piretroide (classe toxicidade 3 e
4). O caso teve repercussão nacional, e todas as crianças necessitaram de atendimento nos
hospitais próximos e ainda recebem acompanhamento.
Ainda segundo o presidente da associação do Assentamento Pontal do Buriti, a água
consumida pelo alunos e funcionários da escola estava sendo trazida em caminhões pipa da
cidade. Em uma análise feita da água para verificar a contaminação pelo pesticida jogado pelo
avião, detectou-se que era imprópria para consumo devido a grande quantidade de coliformes
fecais.
81
Em relação à situação de trabalho dos chefes de família dos distritos, 20,37% têm
trabalho permanente, ou seja, têm registro em carteira ou são servidores públicos
efetivos/comissionados; 66,67% trabalham sem registro em carteira (temporariamente ou por
conta própria); 1,85% são aposentados e 11,11% estão desempregados ou à procura de
emprego. Segundo (BRASIL, 2008) o fato de os titulares serem, na maioria, mulheres pode
explicar o baixo índice de trabalhadores permanentes, pois as mulheres dedicam-se mais à
gestão da casa ou trabalham como diaristas.
No caso dos chefes de família dos assentamentos rurais e pequenas propriedades, 90%
trabalham somente nos lotes, 2,5% trabalha como servidor público (auxiliar de serviços gerais
na escola), 2,5% está procurando emprego e 5% são trabalhadores rurais com carteira
assinada. Todas as mulheres exercem algum tipo de atividade na propriedade.
Centro-Oeste, apenas o estado de Goiás estava nestas condições, ou seja, estava abaixo da
média nacional.
4,26%
12,77%
28,72%
SA
IAL
IAM
54,25%
IAG
O distrito de Riverlândia, como pode ser visto no GRÁFICO 32, é o que apresenta
maior índice SA (45%). A pesquisa também apontou que este é o único distrito que possui
creche e uma unidade do Programa de Erradicação de Trabalho Infantil (PETI). A creche não
exige que as mães estejam trabalhando para receber as crianças na instituição, até porque se
esta fosse uma exigência, segundo as mães entrevistadas, não haveria crianças suficientes para
estar em funcionamento.
São oferecidas na creche, três refeições diárias, sendo café da amanhã, almoço e
lanche da tarde, isso pode favorecer o nível de segurança alimentar das famílias deste distrito.
Os demais distritos, embora tenham uma população equivalente à de Riverlândia, não
possuem creches. Segundo informações da comunidade local, a prefeitura municipal fez
levantamento e o número de crianças é pequeno para implantação.
O GRÁFICO 33 apresenta o nível de (in) segurança alimentar dos assentamentos
rurais; neste caso, as famílias residentes nas pequenas propriedades foram agrupadas com o
assentamento. O que chama atenção é o resultado do assentamento Pontal do Buriti, que
apresenta menor percentual de SA (6,67%) e o único com IAM (13,33%).
A pesquisa revela que 27,92% das famílias entrevistadas deste assentamento não
plantaram na última safra e apontam a falta de crédito como uma das dificuldades. 93,33%
não têm acesso a crédito no momento e o motivo é a falta de documentação e inadimplência.
O assentamento Vale do Cedro apresenta segundo menor percentual de SA (16,67%); neste
84
caso também existe um número elevado de famílias que não plantaram na última safra
(16,67%) e 100% das famílias não acessam o crédito. O motivo apontado pelas famílias do
Assentamento Vale do Cedro por não acessarem o crédito é falta de documentação, seguido
de não quererem investir na produção.
GRÁFICO 32 - Distribuição das famílias beneficiárias residentes nos distritos e o nível (in)
de segurança alimentar
RIVERLÂNDIA 45 40 15
SA
IAL
OUROANA 30 35 20 15
IAM
IAG
PA FORTALEZA II 25 75
O GRÁFICO 34 indica que as famílias residentes nos distritos que recebem entre
duzentos e quatrocentos reais são as que apresentam os menores níveis de segurança alimentar
e as famílias que recebem acima de seiscentos reais apresentam um percentual maior de SA.
O GRÁFICO 35 apresenta a situação das famílias residentes nos assentamentos, onde a
prevalência de IA está entre aquelas que recebem menos de um salário mínimo e entre 01 e 02
salários mínimos. A partir dos dados apresentados, pode-se afirmar que quanto maior a renda,
maiores os níveis de SA, ou seja, há uma ligação direta entre renda e SA.
GRÁFICO 34 - Relação entre renda mensal das famílias beneficiárias residentes nos
distritos e o nível de (in) segurança alimentar
0% 50% 100%
GRÁFICO 35 - Relação entre renda mensal das famílias beneficiárias residentes nos
assentamentos rurais e o nível de (in) segurança alimentar
0% 50% 100%
A renda foi o dado mais difícil de ser coletado, uma vez que havia um desconforto por
parte das famílias em informar. A habilidade e a confiança transmitida foram fatores
fundamentais para obtenção desta informação. Mesmo assim, pode-se dizer que é um dado
frágil. As famílias, principalmente as que residem em assentamentos, têm dificuldade de
mensurar a renda auferida. Em alguns casos, como pode ser visto pelo gráfico, esse valor não
foi informado. Algumas famílias não tiveram produção na última safra e estavam
sobrevivendo apenas com o valor do PBF, da produção para autoconsumo e da ajuda de
parentes e amigos.
GRÁFICO 37 - Relação entre escolaridade dos titulares residentes nos distritos e o nível de
(in) segurança alimentar
20 80 IAL
Ensino médio completo
IAM
25 75 IAG
Ensino fundamental II
Ensino fundamental I 30 65 5
GRÁFICO 39 - Relação entre escolaridade dos titulares residentes nos assentamentos rurais e
pequenas propriedades e o nível de (in) segurança alimentar
Não alfabetizado 50 50
100 IAL
Ensino médio completo
IAM
Ensino fundamental II 22,22 55,56 22,22 IAG
SA
IAL
Parte do dia 100
IAM
IAG
Todo o dia 28,57 65,71 5,72
GRÁFICO 41 - Relação entre perfil produtivo e o nível de (in) segurança alimentar das
famílias residentes nos assentamentos rurais e pequenas propriedades
18%
25%
13%
44%
A pesquisa apontou que 25% das famílias consomem quase tudo produzido na
propriedade (GRÁFICO 43). Dentre elas que consomem quase tudo vindo da propriedade,
70,59% estão em condição de IA. A conclusão é que quanto menor a renda destas famílias,
maior o autoconsumo.
91
Carnes 30 38 15 17,5
2,5
Arroz, feijão e outros cereais 2,5 62,5 32,5
Optou-se por demonstrar essa categoria de análise para os distritos de forma diferente
devido possuírem modo de vida com características urbanas e não possuem áreas suficiente
para produção.
A aquisição no supermercado foi considerada pelos beneficiários dos distritos a
principal forma de obtenção de alimentos, seguida pela produção de alimento para
autoconsumo e por último pela ajuda de parentes e amigos. Vale destacar que a forma de
acesso por meio de programas públicos de assistência alimentar não aparece em nenhum dos
distritos.
92
Embora as famílias dos distritos tenham modo de vida diferente dos assentamentos, a
produção de alimentos para autoconsumo aparece como uma das formas de acesso para
obtenção de alimentos. No QUADRO 8, observa-se que no distrito de Ouroana 92,43% das
famílias que estão em SA adquirem seus alimentos nos supermercados e que o maior
percentual de famílias que produzem alimentos para autoconsumo estão em IA.
Entre as famílias que estão em SA, 6,06% produzem alimentos para autoconsumo e as
que estão em IAG, 15,15% produzem alimentos para autoconsumo. A realidade apresentada
pelo distrito de Ouroana remete a ideia que o fator renda influencia diretamente no aumento
93
da produção para autoconsumo. O distrito em questão foi o que apresentou menor percentual
de famílias que ganham acima de oitocentos e um reais (10%).
Este cruzamento só foi possível fazer para um dos distritos, uma vez que as famílias
apresentaram dificuldade em informar o valor correto recebido. Por diversas vezes foram
realizadas consultas no Portal da Transparência para confirmação e levantamento do valor
recebido pelos titulares, mas o sistema apresentava erro.
Assim, optou-se por apresentar no QUADRO 11 dados de pelo menos um dos
distritos, no caso Ouroana, por apresentar maior confiabilidade.
Observa-se que quanto maior o valor do benefício maior o nível de SA. As famílias
que recebem entre cento e trinta e cinco reais e cento e noventa e oito reais apresentam
94
percentual maior de SA e menor nível de IA. Acredita-se que a conclusão seria a mesma em
relação aos demais locais pesquisados.
QUADRO 11 – Relação entre valor do benefício do PBF das famílias residentes no distrito de
Ouroana e o nível de (in) segurança
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
14
O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC) foi criado pelo Governo
Federal, em 2011, com o objetivo de ampliar a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica (BRASIL,
2012b).
98
Incentivo para que as famílias assentadas produzam alimentos sem riscos tóxicos
ou nocivos para autoconsumo;
Busca ativa das famílias vulneráveis e monitoramento das famílias já beneficiadas
através de diagnóstico pelas assistentes sociais.
Os produtos propostos nesse estudo serão caminhos importantes de avaliação
continuada e de transferência de conhecimento ao poder público dessa política social tão
relevante, especificamente para as famílias rurais.
101
REFERÊNCIAS
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e programas de segurança alimentar: análise comparativa entre municípios paulistas.
Campinas: UNICAMP/ Faculdade de Engenharia Agrícola, 2008.
ALMEIDA, Luiz Manoel de Moraes Camargo et al. Políticas públicas, redes de segurança
alimentar e agricultura familiar: elementos para construção de indicadores de eficácia.
Estudos Sociedade e Agricultura, Rio de Janeiro, v. 14, n. 2, p. 205-235, 2006.
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avaliação de políticas públicas: uma experiência em educação profissional. São Paulo:
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10.836, de 9 de janeiro de 2004. Cria o Programa Bolsa Família e dá outras providências.
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BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei n.
11.326, de 24 de julho de 2006. Estabelece as diretrizes para a formulação da Política
Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais. Brasília, 2006a.
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______. ______. O impacto do Programa Bolsa Família sobre a frequência escolar: uma
análise das diferenças a partir da PNAD. Boletim de Estudos Educacionais do INEP,
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102
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CAMPELLO, Tereza; NERI, Marcelo Côrtes (Org.). Programa Bolsa Família: uma década
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CRAVEIRO, Clélia Brandão; XIMENES, Daniel de Aquino. Dez anos do Programa Bolsa
Família: desafios e perspectivas para a universalização da educação básica no Brasil. In:
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104
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Sem Miséria: um resumo do percurso brasileiro recente na busca da superação da pobreza
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ROMANO, Jorge Osvaldo. Política nas políticas. Rio de Janeiro: Edur, 2009; Maud X, 2009.
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SILVA, Maria Ozanira da Silva e; LIMA, Valéria Ferreira Santos de Almada (Coord.).
Avaliando o Bolsa Família: unificação, focalização e impactos. São Paulo: Cortez, 2010.
SOUZA, Celina. Estado da arte da pesquisa em políticas públicas. In: HOCHMAN, Gilberto;
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TUDE, João Martins. Conceitos gerais de politicas públicas. In: FERRO, Daniel dos Santos;
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Brasil S/A, 2010.
WANDERLEY, Maria de Nazareth Baudel. O mundo rural como um espaço de vida. Porto
Alegre: EDUFRGS, 2009.
ANEXOS
108
Você está sendo convidado(a) para participar, como voluntário(a), de uma pesquisa.
Meu nome é Frankcione Borges de Almeida, sou o pesquisador responsável e minha área de
atuação é Agricultura Familiar e Agronegócio. Após receber os esclarecimentos e as
informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste
documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável.
Em caso de recusa, você não será penalizado(a) de forma alguma.
Em caso de dúvida sobre a pesquisa, você poderá entrar em contato com o(s)
pesquisador(es) responsável(is), Frankcione Borges de Almeida nos telefones: (64) 3613-
3220, (64) 9643-9028. Em casos de dúvidas sobre os seus direitos como participante nesta
pesquisa, você poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Federal de Goiás, nos telefones: 3521-1075 ou 3521-1076.
Título: Efetividade social do programa bolsa família na segurança alimentar das famílias
rurais no município de Rio Verde (GO).
Justificativa: O presente estudo irá apresentar a discussão da eficácia da gestão, dos entraves
institucionais e da efetividade das políticas sociais na segurança alimentar de famílias rurais.
Um dos maiores desafios do governo é conciliar o crescimento econômico com a erradicação
da pobreza, principalmente no meio rural, salientando a necessidade de diminuir a
desigualdade social e setorial. Segundo Menezes (1998), o Brasil segue uma tendência
mundial em que se identifica uma maior pobreza e a maior carência nutricional no meio rural.
Mesmo com os significativos avanços obtidos nos últimos oito anos em nível de gestão do
governo federal em termos de formulação de política pública, mudanças na legislação,
ampliação do crédito produtivo e aumento da produção, de acordo com os dados do IBGE
(2010), a prevalência de Insegurança Alimentar (IA) moderada ou grave foi maior nos
domicílios das áreas rurais do que nos das áreas urbanas. Sabe-se que os maiores problemas
na dimensão dessas políticas públicas são a eficiência, a eficácia e a continuidade. Isso deixa
aberto o caminho dessas iniciativas, isto é, se elas poderão representar casos concretos de
políticas públicas locais, se são apenas programas que duram determinado período ou ainda
apenas instrumentos sem políticas e políticas com instrumentos ineficazes (ALMEIDA,
2008). Os produtos propostos nesse estudo serão caminhos importantes de avaliação
continuada e de transferência de conhecimento ao poder público dessa política social tão
relevante, especificamente para as famílias rurais. Para tanto, será realizado um estudo com
famílias rurais beneficiárias do Programa Bolsa Família no município de Rio Verde (GO).
Objetivos e Procedimentos:
113
_______________________________________
Frankcione Borges de Almeida
(Pesquisadora)
114
Local e data:________________________________________________
QUESTIONÁRIO
Nº do questionário: ______
Data: ______/_______/__________
CARACTERIZAÇÃO GERAL
Área total da propriedade: _______ha ou _______ alqueires;
*Merenda Escolar, Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), Restaurante Popular, Programa Direto do Campo, Banco de
Alimentos, Hortas Escolares e Comunitárias, Agroindústrias familiares (processa algum produto?), Cozinhas Comunitárias.
116
Quem é responsável pela alimentação familiar? (Essa pessoa responderá o Módulo II. Caso não for possível, verificar
se o próprio entrevistado tem informações da alimentação da própria residência)
_______________________________________________________.
(referência do lugar:_____________________________)
Qual o destino dado ao lixo do domicílio e da propriedade? (Pode ser assinalada mais de uma opção)
1( ) Rede coletora de esgoto ou de chuva 2( ) Fossa 3( ) Vala 4( ) Direto para o rio, lago ou mar
5( ) Outra forma (anotar) _____________________.
1( ) Sim, relógio próprio 2( ) Relógio compartilhado 3( ) Sem relógio 4( ) Não tem energia elétrica
5( ) Outra forma (anotar) _____________________.
( ) TV
( ) Rádio
( ) Telefone fixo
( ) Telefone celular
( ) Geladeira
( ) Fogão
( ) Microcomputador
( ) Internet
Nos últimos 12 meses, quantas vezes sua residência recebeu visitas de agentes comunitários de saúde ou de assistentes
sociais?
1( ) Nenhuma vez 2( ) Entre 1 e 2 vezes 3( ) Entre 4 e 6 vezes 4( ) Mais de 6 vezes 5( ) Não sabe/
não lembra
01 Nos últimos 03 meses, o Sr. (a) teve preocupação que a comida acabasse antes que pudesse
comprar mais comida?
03 Nos últimos 03 meses, o Sr. (a) ficou sem dinheiro para ter uma alimentação saudável e
variada?
1( ) SIM 2 ( ) NÃO 3( ) NÃO SABE OU RECUSA A RESPONDER
04 Nos últimos 03 meses, o Sr.(a) teve que se arranjar com apenas alguns alimentos para sua (s)
criança (s)/adolescente(s), menores de 18 anos, porque o dinheiro acabou?
05 Nos últimos 03 meses, o Sr.(a) não pode oferecer a(s) sua(s) criança(s)/adolescentes(s),
118
menores de 18 anos, uma alimentação saudável e variada porque não tinha dinheiro?
07 Nos últimos 03 meses, o Sr. (a) ou algum adulto em sua casa diminuiu, alguma vez, a
quantidade de alimentos nas refeições ou pularam refeições porque não havia dinheiro
suficiente para comprar comida?
08 Nos últimos 03 meses, o Sr.(a) alguma vez comeu menos do que achou que devia porque não
havia dinheiro suficiente para comprar comida?
09 Nos últimos 03 meses, o Sr.(a) sentiu fome mas não comeu porque não tinha dinheiro
suficiente para comprar comida?
10 Nos últimos 03 meses, o Sr.(a) perdeu peso porque não tinha dinheiro suficiente para comprar
comida?
11 Nos últimos 03 meses, o Sr.(a) ou qualquer outro adulto em sua casa ficou, alguma vez, um
dia inteiro sem comer ou, teve apenas uma refeição ao dia porque não tinha dinheiro
suficiente para comprar comida?
12 Nos últimos 03 meses, o Sr.(a) alguma (s) vez (es) diminuiu a quantidade de alimentos das
refeições de sua(s) criança(s)/adolescente(s) menores de 18 anos, porque não tinha dinheiro
para comprar comida?
13 Nos últimos 03 meses, alguma vez(es) o Sr.(a) teve que deixar de fazer uma refeição da sua(s)
criança(s)/adolescente(s), menores de 18 anos, porque não havia dinheiro para comprar
comida?
Nº de Primeiro nome do Sexo Idade Qual é Relação de parentesco com Situação conjugal
ordem morador (anos ou sua o chefe do domicílio do chefe da
meses) raça/cor? família
1-M Anos/meses 1. Branca 1. Chefe do domicílio 1. Solteiro (a)
2-F (anotar 00 2. Negra 2. Esposo(a) 2. Casado (a)
para menor 3. Amarela /companheiro(a) 3. Amasiado (a)
de 1 ano) 4. Parda 3. Filho(a) /enteado(a) 4. Separado (a)
5. 4. Pai, mãe, sogro(a) 5. Divorciado (a)
Indígena 5. Irmão(ã) 6. Viúvo (a)
6. Não 6. Neto(a), bisneto(a)
sabe/ não 7. Nora, genro
responde 8. Outro parente
9. Agregado(a)
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
Freqüenta (Se freqüenta Qual série está (se não Qual é a Trabalha (Apenas
creche ou creche ou freqüentando? freqüenta) Até condição de com para a área
escola? escola) Qual o que série atividade e carteira RURAL)
nível que 1. Primeira estudou e ocupação? assinada? Toca a
freqüenta? 2. Segunda completou? (poderá ser lavoura/
1. Não 3. Terceira assinalada mais 1. Não criação?
2. Sim, 1. Creche 4. Quarta 1. Sem de uma opção) 2. Sim
pública 2. Pré-escola 5. Quinta escolaridade 1. Não
3. Sim, 3. Ensino 6. Sexta 2. Não sabe ler 1. Empregado 2. Sim, o
privada Fundamental 7. Sétima e escrever permanente, sem dia todo
4. Ensino Médio 8. Oitava 3. Sabe ler e contar o trabalho 3. Sim,
5. Supletivo do 9. NA escrever na propriedade parte do dia
E. Fundamental 4. Fundamental 2. Empregado 4. Sim,
6. Supletivo do (1ª a 4ªsérie) temporário parte da
E. Médio 5. Fundamental 3. Conta própria semana
7. Pré-vestibular (5ª a 9ªsérie) 4. Empregador 5. Sim, no
8. Superior 6. Ensino 5. Trabalhador fim de
9. Mestrado/ Médio não remunerado semana
Doutorado Incompleto (para membros da 6. Sim,
10. Não sabe 7. Ensino família) durante a
Médio 6. Aposentado safra
Completo 7. Pensionista 7. Não se
8. Superior 8. Procura aplica
Incompleto emprego
9. Superior 9. Estudante
Completo 10. Dona de casa
10. Não sabe 11. Não se aplica
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
121
Os moradores deste domicílio recebem ajuda, em forma de alimento, de alguma instituição ou de alguma pessoa não
moradora da casa para sua alimentação?
1( ) Sim 2( ) Não (pular para 3) 3( ) Não sabe/ não responde (pular para 3)
Que tipo de ajuda? LEIA TODAS AS OPÇÕES, IDENTIFIQUE QUANTIDADE, FREQÜÊNCIA E DOADOR.
1. Cesta básica
2. Leite em pó/caixinha/saquinho
3. Vegetais e frutas
122
4. Outros alimentos
5. Refeições prontas
Nestes últimos 6 meses, algum morador deste domicílio recebeu ajuda em dinheiro?
Participam de alguma organização comunitária, associações, cooperativas ou reuniões com ações conjuntas a outros
beneficiários? Esses grupos podem ser formalmente organizados ou apenas grupos de pessoas que se reúnem
regularmente, para praticar alguma atividade, ou apenas conversar.
Quantidade de membros
Tipo de Organização ou Grupo Nome da Organização ou Grupo familiares que
participam do grupo
N º de Rendimento Mensal em R$
123
Ao adquirir os alimentos para o consumo da família, como são feitos os pagamentos desta compra? (Pode haver mais
de uma opção)
Quanto em dinheiro é gasto com as despesas de alimentação durante o mês? (Se não souber, perguntar quantos % da
renda é gasto)
Quanto em dinheiro é gasto com as despesas de educação durante o mês? (Se não souber, perguntar quantos % da renda
é gasto)
Quanto em dinheiro é gasto com as despesas de saúde durante o mês? (Se não souber, perguntar quantos % da renda é
gasto)
Em sua opinião, a renda total de sua família permite que vocês levem a vida até o fim do mês com:
1( ) Sim 2( ) Não
______anos _____meses
Qual o destino do benefício, ou seja, com o que é gasto? Ou em prioridade de gastos ( 1 maior prioridade a 10 menor
prioridade) (Poderá ser assinalada mais de uma opção)
Você possui o conhecimento dos valores corretos dos benefícios, a quem são destinados e as condicionalidades do
programa?
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
Quais os documentos você precisou para entrar no programa? Você tinha ou precisou tirá-los?
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
Em sua opinião, a entidade social local (Secretarias, CRAS, Conselho) responsável pelo programa é?
1( )sim 2( )não
Em sua opinião, o esforço empreendido pela entidade para manter os beneficiários no programa é:
A entidade que atende as famílias do programa é fundamental para o benefício chegar até você?
1( )sim 2( )não
125
Por quê?
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
Você procura a entidade responsável pelo programa bolsa família quanto tem algum problema com o benefício?
1( )sim 2( )não
Você já participou de algum curso de capacitação profissional oferecido pela entidade responsável pelo programa
bolsa família?
1( )sim 2( )não
Por quê?
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
Destino
Principal e
Secundário
1. Venda
mercado
tradicional
2. Venda
Quem cuida?
mercado
1. Titular
institucional
Área Produção/ 2. Conjugue
Tipo de Cultura Renda (R$) 3. Autoconsumo
(ha) ano 3. Filhos
4. Venda
4. Pais/sogros
mercado
5. Outros
institucional e
autoconsumo
5. Venda
mercado
tradicional e
autoconsumo
6. Troca, doa
Destino
Principal e
Quem cuida? Secundário
1. Titular 1. Venda
Produção 2. Conjugue mercado
Criação / Atividade Quantidade Renda (R$)
(nasc.) / ano 3. Filhos tradicional
4. Pais/sogros 2. Venda
5. Outros mercado
institucional
3.
126
Autoconsumo
4. Venda
mercado
institucional e
autoconsumo
5. Venda
mercado
tradicional e
autoconsumo
6. Troca,doa
Sua família tem dificuldades na agricultura e/ou criação de animais? (Marcar até 03 opções)
1( ) Não há dificuldades;
2( ) Sim, pouca terra;
3( ) Sim, acesso limitado ou inadequado à crédito;
4( ) Sim, baixa formação técnica;
5( ) Sim, alto custo dos insumos e mão-de-obra;
6( ) Sim, riscos associados à produção (seca, pragas, enchentes);
7( ) Sim, infraestrutura para comercialização;
8( ) Sim, falta de tempo.
Você adquiriu crédito para custeio ou investimento nas últimas safras? (Caso não, pular para a 07)
1( ) Sim;
2( ) Não.
Tipo de crédito:
1( ) Custeio;
2( ) Investimento.
1( ) Pronaf;
2( ) Cooperativas;
3( ) Bancos;
4( ) Empréstimos de terceiros.
Recebe Assistência Técnica Rural: (Caso não, pule para o próximo módulo)
1( ) Sim;
2( ) Não.
De onde?__________________________________________________________.
Defina um grau de satisfação sobre a assistência técnica rural disponibilizada à sua propriedade:
1( ) Insatisfatória;
2( ) Pouco satisfatória;
3( ) Satisfatória;
4( ) Muito satisfatória.
Entrevista semi-estruturada
Gestor local do Programa Bolsa Família
Perfil da entidade
Gestão do programa
Cadastramento
Condicionalidades
Controle social
Intersetorialidade
Gestão compartilhada
O que você acha do recurso ser transferido diretamente ao beneficiário pelo governo federal?
Segurança alimentar
Portas de saída
Como a gestão do PBF trabalha a perspectiva do desligamento das famílias com relação ao
PBF?
Na sua opinião, que outras políticas sociais são estratégicas para que as famílias possam
encontrar “portas de saída” (deixar de precisar) do programa?
Opinião
Entrevista semi-estruturada
Secretarias Educação/Assistência Social
Atribuições
Quais são as atribuições desta secretaria com relação ao Programa Bolsa Família?
Condicionalidades
Intersetorialidade
Controle social
Segurança alimentar
Opinião