Manifestação Prorr Nova PRJ - 08015227620238190209

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 6

EXMO. SR.

JUIZ DE DIREITO DO 2º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA REGIONAL DA


BARRA DA TIJUCA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Processo nº: 08015227620238190209

Oi S.A. – em recuperação judicial, nos autos em referência, em curso


perante esse MM. Juízo, vem, por seus advogados abaixo assinados, em atenção aos
arts. 6º, § 4º, e 49, da Lei nº 11.101/2005, expor e requerer a V.Exa. o seguinte:

DEFERIMENTO PRORROGAÇÃO EM 12.09.2023- STAY PRIOD PELO PRAZO


90 DIAS

FATO NOVO RELEVANTE: DEFERIMENTO DO PROCESSAMENTO DA NOVA


RECUPERAÇÃO JUDICIAL DO GRUPO OI

1. Em 31.1.2023, o Grupo Oi requereu tutela de urgência cautelar, em


caráter antecedente, preparatória para seu novo pedido de recuperação judicial, para
que fossem antecipados alguns dos efeitos do seu processamento, como forma de
garantir a preservação das suas atividades empresariais (processo nº 0809863-
36.2023.8.19.0001). No dia 2.2.2023, o MM. Juízo da 7ª Vara Empresarial do Rio de
Janeiro proferiu decisão em que concedeu a tutela cautelar e antecipou em parte os
efeitos do processamento da recuperação judicial, especialmente aqueles que
garantissem a preservação do caixa das empresas, tais como o sobrestamento de
qualquer prática de ato constritivo contra o Grupo Oi.

2. No dia 1º.3.2023, o Grupo Oi emendou a inicial do pedido cautelar


antecedente, para apresentar seu pedido de recuperação judicial ao MM. Juízo da 7ª
Vara Empresarial do Rio de Janeiro (doc. anexo).

3. Posteriormente, no dia 16.3.2023, o MM. Juízo da 7ª Vara Empresarial


do Rio de Janeiro deferiu o processamento da nova recuperação judicial do
Grupo Oi, na forma do art. 52 da Lei nº 11.101/2005, para determinar “a suspensão
das execuções ajuizadas pelos credores particulares do sócio solidário, relativas a
créditos ou obrigações sujeitos à recuperação judicial, nos termos do art. 6º, incisos I
e II da Lei 11.101/2005 (doc. 1). Confira-se:

“Pelo exposto, nos termos do art. 52 da Lei 11.101/2005, DEFIRO o


processamento, em litisconsórcio processual e consolidação
substancial, da recuperação judicial de OI S.A., inscrita no CNPJ sob o
nº 76.535.764/0001-43, com sede e principal estabelecimento na Rua
1
do Lavradio nº 71, Centro, na Cidade e Estado do Rio de Janeiro, CEP
20230-070, PORTUGAL TELECOM INTERNATIONAL FINANCE B.V.,
pessoa jurídica de direito privado constituída de acordo com as Leis da
Holanda, com sede em Delflandlaan 1 (Queens Tower), 1062 EA,
Amsterdam, Holanda, e principal estabelecimento nesta cidade do Rio
de Janeiro e OI BRASIL HOLDINGS COÖPERATIEF U.A., pessoa
jurídica de direito privado constituída de acordo com as Leis da
Holanda, inscrita no CNPJ sob o nº 16.770.090/0001-30, com sede em
Delflandlaan 1 (Queens Tower), 1062 EA, Amsterdam, Holanda, e
principal estabelecimento nesta cidade do Rio de Janeiro. Para tanto
(...)
a) a suspensão do curso da prescrição das obrigações das devedoras
sujeitas ao regime desta Lei, bem como a suspensão das execuções
ajuizadas pelos credores particulares do sócio solidário, relativas a
créditos ou obrigações sujeitos à recuperação judicial, nos termos do
art. 6º, incisos I e II da Lei 11.101/2005;
b) a suspensão da publicidade dos protestos e inscrições nos órgãos
de proteção ao crédito em face das Recuperandas, pelo prazo de 180
dias, contados a partir da decisão que concedeu a tutela cautelar
antecedente (ID 45335542);
c) a proibição de qualquer forma de retenção, arresto, penhora,
sequestro, busca e apreensão e constrição judicial ou extrajudicial
sobre os bens dos devedores, oriunda de demandas judiciais ou
extrajudiciais cujos créditos ou obrigações sujeitem-se à recuperação
judicial, por força da previsão do art. 6º, III, da Lei 11.101/2005, bem
como do caráter erga omnes da decisão que defere o processamento
da recuperação judicial e da competência absoluta deste Juízo;
d) a manutenção das fianças judiciais e dos seguros garantia judiciais
prestados por terceiros em favor das Requerentes, que tenham por
objeto garantir créditos concursais, com a consequente proibição de
liquidação e/ou execução de tais instrumentos de garantia de
processos, sob pena de violação do princípio da pars conditio
creditorum.
Esclareço que, deferida a recuperação judicial, excetuada as
exceções legais, a ela estarão sujeitos todos os créditos ainda que
não vencidos, existentes na data do pedido (art. 49 da Lei
11.101/2005). Efetivamente, os créditos sujeitos à recuperação
judicial não podem ser satisfeitos fora do seu âmbito processual, sob
pena de quebra da paridade entre os credores, ainda que haja garantia
processual para sua satisfação, visto que, a partir da deflagração do
novo regime, devem ser observados todos os comandos ditados pela
Lei Especial da Recuperação Judicial, que neste sentido expressamente
dispõe em seu art. 59: "O Plano de recuperação judicial implica novação
dos créditos anteriores ao pedido, e obriga o devedor e todos os
credores a ele sujeitos, sem prejuízo das garantias, observado o
disposto no § 1º do art. 50 desta Lei.".

4. Com efeito, conforme constou na r. decisão que deferiu o


processamento da nova recuperação judicial do Grupo Oi, o art. 49 da Lei nº
11.101/2005 prevê que todos os créditos existentes na data do novo pedido de
Recuperação Judicial formulado pelo devedor devem se submeter ao processo de

2
Recuperação Judicial. Essa medida tem por escopo viabilizar a superação da
circunstancial crise econômico-financeira do devedor, bem como conferir tratamento
igualitário a todos os credores.

5. E os créditos sujeitos à recuperação judicial, conforme entendimento


vinculante do e. Superior Tribunal de Justiça, consolidado no julgamento de recursos
especiais afetados à sistemática dos repetitivos (Tema 1.051), são aqueles cujos fatos
geradores sejam anteriores à data do pedido de recuperação judicial, como ocorre
no presente caso. Veja-se:

“RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. DIREITO EMPRESARIAL.


RECUPERAÇÃO JUDICIAL. CRÉDITO. EXISTÊNCIA. SUJEIÇÃO AOS
EFEITOS DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL. ART. 49, CAPUT, DA LEI Nº
11.101/2005. DATA DO FATO GERADOR. 1. Recurso especial
interposto contra acórdão publicado na vigência do Código de
Processo Civil de 2015 (Enunciados Administrativos nºs 2 e 3/STJ). 2.
Ação de reparação de danos pela cobrança indevida de serviços não
contratados. Discussão acerca da sujeição do crédito aos efeitos da
recuperação judicial. 3. Diante da opção do legislador de excluir
determinados credores da recuperação judicial, mostra-se
imprescindível definir o que deve ser considerado como crédito
existente na data do pedido, ainda que não vencido, para identificar
em quais casos estará ou não submetido aos efeitos da recuperação
judicial. 4. A existência do crédito está diretamente ligada à relação
jurídica que se estabelece entre o devedor e o credor, o liame entre as
partes, pois é com base nela que, ocorrido o fato gerador, surge o
direito de exigir a prestação (direito de crédito). 5. Os créditos
submetidos aos efeitos da recuperação judicial são aqueles
decorrentes da atividade do empresário antes do pedido de
soerguimento, isto é, de fatos praticados ou de negócios celebrados
pelo devedor em momento anterior ao pedido de recuperação judicial,
excetuados aqueles expressamente apontados na lei de regência. 6.
Em atenção ao disposto no art. 1.040 do CPC/2015, fixa-se a seguinte
tese: Para o fim de submissão aos efeitos da recuperação judicial,
considera-se que a existência do crédito é determinada pela data em
que ocorreu o seu fato gerador. 7. Recurso especial provido” (REsp nº
1.843.332/RS, Ministro Ricardo Villas Boas Cueva, Segunda Seção, DJe
17.12.2020).

6. Ou seja, o eg. Superior Tribunal de Justiça, assim como o MM. Juízo


Recuperacional, consolidou o entendimento de que os créditos cujos fatos geradores
sejam anteriores ao pedido de recuperação judicial submetem-se aos seus efeitos e,
na forma do art. 59 da Lei nº 11.101/2005, devem ser pagos na forma prevista no
Plano.

7. No caso dos autos, o crédito postulado pelo requerente possui origem


em fato gerador anterior ao pedido de recuperação judicial, formulado no dia
1º.3.2023, e, portanto, se encontra submetido aos efeitos da nova recuperação
judicial do Grupo Oi, nos termos do art. 49 da Lei nº 11.101/2005. Nesse caso, o

3
crédito deverá ser pago na forma do Plano de Recuperação Judicial que será
apresentado, aprovado pelos credores e homologado pelo Juízo da 7ª Vara
Empresarial do Rio de Janeiro, como prevê o art. 59 da Lei nº 11.101/2005.

8. Cabe destacar que os créditos sujeitos à primeira recuperação judicial


do Grupo Oi e ainda não quitados também serão sujeitos aos efeitos do segundo
processo recuperacional, uma vez que seus fatos geradores são anteriores a
1º.3.2023. O mesmo ocorre para os créditos que não se sujeitavam ao primeiro
processo, mas que possuam fatos geradores anteriores a 1º.3º.2023, na forma do art.
49 da Lei nº 11.101/2005.

9. Assim, considerando que o crédito perquirido pelo requerente está


sujeito à Recuperação Judicial da empresa, requer-se seja determinada a
suspensão desta execução/cumprimento de sentença, em atenção ao disposto
nos artigos arts. 6º, § 4º, 49 e 59 da Lei nº 11.101/2005 e à decisão proferida por
aquele MM. Juízo Recuperacional, pelo período de 180 (cento e oitenta) dias,
ressalvando-se eventuais prorrogações do prazo legal de suspensão (stay period).

IMPOSSIBILIDADE DE ATOS CONSTRITIVOS DE BENS E ATIVOS DA EMPRESA EM


RECUPERAÇÃO JUDICIAL

10. Além da necessária suspensão deste feito, nos termos do art. 6º da Lei
nº 11.101/2005, e da decisão proferida pelo MM. Juízo Recuperacional, é relevante
destacar, ainda, que o MM. Juízo da Recuperação Judicial, na linha da placitada
jurisprudência do e. Superior Tribunal de Justiça, tem competência exclusiva para
deliberar sobre o patrimônio das empresas em Recuperação Judicial.

11. Em outras palavras, a prática de atos de constrição contra o patrimônio


das sociedades em recuperação judicial somente poderá ser analisada e determinada
pelo Juízo da Recuperação Judicial, no caso em questão, pelo MM. Juízo da 7ª Vara
Empresarial do Rio de Janeiro. Confira-se a jurisprudência consolidada do e. STJ
nesse sentido:

“AGRAVO INTERNO NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA -


RECUPERAÇÃO JUDICIAL - EXECUÇÃO TRABALHISTA -
PROSSEGUIMENTO - ATOS CONSTRITIVOS - INVIABILIDADE -
NECESSIDADE DE EXAME PELO R. JUÍZO UNIVERSAL -
JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA DA SEGUNDA SEÇÃO -
DELIBERAÇÃO UNIPESSOAL QUE CONHECEU DO CONFLITO E
DECLAROU A COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA RECUPERAÇÃO
JUDICIAL - INSURGÊNCIA DO EXEQUENTE.
1. Destaca-se a competência deste Superior Tribunal de Justiça para o
exame do presente incidente, uma vez que envolve juízos vinculados a
Tribunais diversos, nos termos do que dispõe o artigo 105, inciso I,
alínea "d", da Constituição Federal.
2. Iniciada a recuperação judicial, é mister que os atos constritivos aos
ativos da sociedade sejam submetidos ao Juízo Recuperacional, sob

4
pena de esvaziamento dos propósitos da recuperação, mesmo após
transcorrido o prazo de 180 dias (art. 6º, § 4º, da Lei 11.101/2005).
Precedentes.
3. Agravo interno desprovido. (AgInt no CC n. 185.802/GO, relator
Ministro Marco Buzzi, Segunda Seção, julgado em 25/10/2022, DJe de
28/10/2022.)

12. Esse entendimento, inclusive, já foi adotado pelo e. Superior Tribunal


de Justiça no caso concreto do Grupo Oi, no julgamento dos conflitos de
competência nº 149.545/RJ, 149.811/RJ, 150.936/RJ, 151.611/RJ, 152.221/RJ,
152.349/RJ, 152.742/RJ, 152.865/RJ, 153.982/RJ, 161.092/RJ, entre outros.

13. Na decisão que deferiu o processamento da nova recuperação judicial


do Grupo Oi, o MM. Juízo da 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro destacou que está
proibida “qualquer forma de retenção, arresto, penhora, sequestro, busca e apreensão
e constrição judicial ou extrajudicial sobre os bens dos devedores, oriunda de
demandas judiciais ou extrajudiciais cujos créditos ou obrigações sujeitem-se à
recuperação judicial, por força da previsão do art. 6º, III, da Lei 11.101/2005, bem
como do caráter erga omnes da decisão que defere o processamento da recuperação
judicial e da competência absoluta deste Juízo” (doc. anexo).

14. Em 12.09.2023, restou deferida a prorrogação do stay priod pelo prazo


90 dias, a contar da data de 12/09/2023, conforme colação abaixo:

“Por todo o esposado, defiro o pedido de id: 74531998 e


prorrogo o stay period pelo prazo de 90(noventa) dias, na forma do §
4º do art. 6º da Lei nº 11.101/2005, a contar da presente data.
Publique-se a presente decisão no DJE, COM URGÊNCIA.RIO DE
JANEIRO, 12 de setembro de 2023.”

15. Assim, a executada requer que seja reconhecida a impossibilidade de


prática de atos de constrição contra o patrimônio das empresas que pertencem ao
Grupo Oi, nos termos da placitada jurisprudência do e. Superior Tribunal de Justiça.

CONCLUSÃO

16. Diante do exposto, com fundamento nos arts. 6º, § 4º, 49 e 59 da Lei nº
11.101/2005 e em atenção à decisão proferida pelo MM. Juízo da 7ª Vara Empresarial
da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro, nos autos do processo nº
0809863-36.2023.8.19.0001, que deferiu o processamento da nova recuperação
judicial do Grupo Oi (doc. Anexo), confia a Oi em que V. Exa. (i) determinará a
imediata suspensão da presente execução, pelo período de 90 (noventa) dias; e (ii)
reconhecerá a impossibilidade de prática de atos de constrição contra o patrimônio
da Oi, nos termos da placitada jurisprudência do e. Superior Tribunal de Justiça.

5
Nestes termos,
P. deferimento.

Rio de Janeiro, 23 de outubro de 2023.

ELADIO MIRANDA LIMA

OAB/RJ nº 86.235

Você também pode gostar