Casos 1 e 2 (JC)
Casos 1 e 2 (JC)
Casos 1 e 2 (JC)
1) Imagine que faz parte do gabinete da Provedora de Justiça, o que faria para
ajudar o José?
A atividade do Provedor é desencadeada pelas queixas que os cidadãos lhe dirijam (23º/1
da CRP e 3º do Estatuto do Provedor), no exercício de um particular direito de petição
(52º/1 da CRP).
Artigo 1.º
Funções
1 – O Provedor de Justiça é, nos termos da Constituição, um órgão do Estado eleito pela Assembleia
da República, que tem por função principal a defesa e promoção dos direitos, liberdades, garantias e
interesses legítimos dos cidadãos, assegurando, através de meios informais, a justiça e a legalidade
do exercício dos poderes públicos.
Artigo 2.º
Âmbito de atuação
1 – As ações do Provedor de Justiça exercem-se, nomeadamente, no âmbito da atividade dos serviços
da administração pública central, regional e local, das Forças Armadas, dos institutos públicos, das
empresas públicas ou de capitais maioritariamente públicos ou concessionárias de serviços públicos
ou de exploração de bens do domínio público, das entidades administrativas independentes, das
associações públicas, designadamente das ordens profissionais, das entidades privadas que exercem
poderes públicos ou que prestem serviços de interesse geral.
A função do Provedor é a de «prevenir e reparar injustiças» (23º/1, in fine da CRP) praticadas, quer
por ilegalidade quer por violação dos princípios constitucionais que vinculam a actividade
discricionária da Administração, o que habilita o Provedor a apreciar a «injustiça» das decisões
tomadas no exercício do poder discricionário da Administração
Artigo 20.º
Competências
a) Dirigir recomendações aos órgãos competentes com vista à correção de atos ilegais ou injustos dos
poderes públicos ou à melhoria da organização e procedimentos administrativos dos respetivos
serviços;
b) Assinalar as deficiências de legislação que verificar, emitindo recomendações para a sua
interpretação, alteração ou revogação, ou sugestões para a elaboração de nova legislação, as quais
serão enviadas ao Presidente da Assembleia da República, ao Primeiro-Ministro e aos ministros
diretamente interessados e, igualmente, se for caso disso, aos Presidentes das Assembleias
Legislativas das regiões autónomas e aos Presidentes dos Governos Regionais;
3 – Compete ao Provedor de Justiça requerer ao Tribunal Constitucional a declaração de
inconstitucionalidade ou de ilegalidade de normas, nos termos do artigo 281.º, n.os 1 e 2, alínea d),
da Constituição.
Embora sejam recomendações, o órgão destinatário deve comunicar ao Provedor de Justiça num
prazo delimitado (60 dias, segundo o 38º/2 do Estatuto do Provedor) qual a posição que pretende
adaptar e, além disso, fundamentar o não acatamento da recomendação se for esse o caso (38º/3 do
Estatuto do Provedor).
Um importante e especial meio de ação do Provedor é o que se refere através do poder à fiscalização
da constitucionalidade, que ele possui de acionar junto do Tribunal Constitucional, quer o processo
de declaração de inconstitucionalidade (ou ilegalidade) de normas jurídicas, quer a verificação da
inconstitucionalidade por omissão 281°e 283° da CRP e 20.º/3 do Estatuto do Provedor.
No caso em concreto, não sendo seguidas as recomendações para revogação da resolução
do CM, seria de requerer a inconstitucionalidade orgânica e formal do diploma, conferindo
eficácia direta à atividade do Provedor de Justiça, indo de encontro à petição de José,
compensando, assim, ainda que indiretamente, a inexistência de uma ação direta de
inconstitucionalidade pelo José e pelos demais cidadãos.
2) Imagine que a Provedora de Justiça, por algum motivo, decide não ajudar o
José. Como poderia ele reagir e com que fundamentos?
O Provedor pode intervir, quer quando o cidadão tenha à sua disposição um meio gracioso ou
contencioso (recorrendo ou não simultaneamente a ele), caso em que o recurso ao provedor não
substituiu nem interfere com o recurso administrativo, quer quando o não tenha, por terem passado os
prazos de reclamação ou recurso, ou por a ele não haver lugar (caso dos actos discricionários da
Administração)
Encaminhamento
1 – Quando o Provedor de Justiça reconheça que o queixoso tem ao seu alcance um meio gracioso ou
contencioso, especialmente previsto na lei, pode limitar-se a encaminhá-lo para a entidade
competente.
2 – Independentemente do disposto no número anterior, o Provedor deve informar sempre o queixoso
dos meios contenciosos que estejam ao seu alcance.
Sem prejuízo do disposto no artigo 44.º, os atos do Provedor de Justiça não são suscetíveis
de recurso e só podem ser objeto de reclamação para o próprio Provedor.
Artigo 44.º
Recurso contencioso
Artigo 29.º
Aplicação da lei criminal
4. Ninguém pode sofrer pena ou medida de segurança mais graves do que as previstas no momento
da correspondente conduta ou da verificação dos respetivos pressupostos, aplicando-se
retroativamente as leis penais de conteúdo mais favorável ao arguido.