Hospital Colônia de Barbacena
Hospital Colônia de Barbacena
Hospital Colônia de Barbacena
Barbacena, Minas Gerais, foi um dos maiores hospitais psiquiátricos do país. Nele, pacientes
eram submetidos a condições desumanas, maus-tratos, experiências pseudocientíficas, abusos
físicos e psicológicos. Esse episódio retrata bem como as pessoas neurodivergentes eram
tratadas naquela época, totalmente marginalizadas, isoladas, postas em condições subumanas.
Os pacientes eram transportados para o hospital pelos conhecidos “trens de loucos” por uma
ferrovia, de forma parelha à que os prisioneiros de Auschwitz e os demais campos de
concentração nazistas eram transportados. Quando chegavam se deparavam com uma
situação precária, um hospital, inicialmente projetado com 200 leitos, agora com uma
superlotação de aproximadamente 5.000 pacientes, e as condições se agravavam ainda mais
se fosse época de frio ou chuva, afinal, se nem mesmo leitos haviam para todos os pacientes,
quem dirá cobertores. É ainda mais preocupante o fato de não ter opção alguma para se
proteger da temperatura quando descobrimos que o hospital situava-se na Serra da
Mantiqueira a uma altitude de 1.164 metros, uma região de clima úmido, com meses de forte
friagem e até mesmo geadas.
HORRORES
Sônia cresceu sozinha no hospital. Foi vítima de todos os tipos de violação. Sofreu agressão física, tomava
choques diários, ficou trancada em cela úmida sem um único cobertor para se aquecer e tomou as
famosas injeções de ‘entorta’, que causavam impregnação no organismo e faziam a boca encher de cuspe.
Deixada sem água, muitas vezes, ela bebia a própria urina para matar a sede. Tomava banho de mergulho
na banheira com fezes, uma espécie de castigo imposto a pessoas que, como Sônia, não se enquadravam
às regras. Por diversas vezes, teve sangue retirado sem o seu consentimento por vampiros humanos que
enchiam recipientes de vidros, a fim de aplica-lo em organismos mais debilitados que o dela,
principalmente nos pacientes que passavam pela lobotomia. A intervenção cirúrgica no cérebro para
seccionar as vias que ligam os lobos frontais ao tálamo era recorrente no Colônia. Embora tenha sido
considerada uma técnica bárbara da psicocirurgia, a lobotomia ainda é realizada no país [escrito em 2013]
(ARBEX, 2013, p. 51).