Revogação Da Prisão Preventiva
Revogação Da Prisão Preventiva
Revogação Da Prisão Preventiva
DO MÉRITO
Destarte, não está o requerente enquadrado nos motivos do art. 312 do Código de Processo Penal,
quais sejam: "garantia da ordem pública, da ordem econômica, conveniência da instrução criminal
ou segurança da aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício
suficiente da autoria."
"A necessidade dessa prisão cautelar só poderá justificar-se, exclusivamente,
com um daqueles motivos do Art. 312. (...) Outros motivos, por si mesmos, não
lhe podem dar fundamento, ainda que pareçam relevantes, como os maus
antecedentes, a ociosidade, a gravidade do crime." (A Defesa na Polícia e em
Juízo, José Barcelos de Souza)
Ademais, a prisão foi decretada sem fundamentação alguma do MM. Juiz de Direito, em perfeita
discordância ao disposto no Artigo 315 do Código de Processo Penal, que diz:
"O despacho que decretar ou denegar a prisão preventiva será sempre fundamentado."
Pelos motivos expostos, e assegurado pela lei, bem como pela doutrina e pela jurisprudência,
ingressou o requerente com a presente medida judicial, a fim de lhe ser assegurado o direito
constitucional de liberdade.
Em primeiro lugar, não há necessidade de garantia da ordem pública, circunstância que, revestiria
de legalidade o ato ora impugnado. Sirvamo-nos da doutrina, que é maciça e definitiva, com
relação ao significado de referido requisito:
“Diz-se ser necessária, para garantia da ordem pública, quando o agente está
praticando novas infrações penais, fazendo apologia de crime, incitando à
pratica do crime, reunindo-se em quadrilha ou bando. Aí, a paz social exige a
segregação provisória”
“No primeiro caso, há evidente perigo social decorrente da demora em se aguardar o provimento
definitivo, porque até o trânsito em julgado da decisão condenatória o sujeito já terá cometido
inúmeros delitos. Os maus antecedentes ou a reincidência são circunstâncias que evidenciam a
provável prática de novos delitos, e, portanto, autorizam a decretação da prisão preventiva com
base nessa hipótese. No segundo, a brutalidade do delito provoca comoção no meio social...”
Não existe, vê-se com clareza, nada que autorize a manutenção da prisão pelo argumento da ordem
pública. Esta não é e não pode ser definida por um critério subjetivo e temerário de “gravidade de
delito”. Não se pode relegar ao nosso lamentável sistema prisional – representação escancarada e
reconhecida de degradação humana – indivíduo sem qualquer histórico de violação da paz social e
de prática de crimes clamorosos.
Acerca da configuração desse requisito como embasamento para manter o paciente preso, é a
categórica posição da jurisprudência:
A eleição fria, e não fundamentada, de um requisito da prisão preventiva não se coaduna com o
caráter de ultima ratio da prisão. Também com relação a tal aspecto, é manso o entendimento
jurisprudencial, bem assim da melhor doutrina especializada, a exigir, para a manutenção da
prisão provisória, motivos plausíveis,
informados pela realidade dos fatos e pela efetiva necessidade de que o agente continue
encarcerado.
A decisão do decreto da prisão preventiva deve ser motivada convincentemente. Não basta como
fundamento dizer que é para garantia da ordem pública, por conveniência da instrução criminal e/ou
para assegurar a aplicação da lei penal, repetindo a letra fria da lei. Se o decreto de prisão preventiva
se der para garantia da ordem pública, o fundamento não é só a menção do fator indicativo, mas o
fato concreto que aponta sua aplicação...
Assim é que eleger a circunstância da garantia da ordem pública, como já demonstrado acima,
configura evidente coação ilegal.
qualquer evidência séria e concreta devidamente demonstrada nos autos, mera presunção de que,
talvez, em liberdade, venha a obliterar a instrução criminal. Fosse assim, toda a prisão formalizada
pelo Estado-Juiz tornar-se-ia fenômeno irreversível, na medida em que sobre todo cidadão recairia
a dúvida quanto à perturbação da demanda criminal recém-instaurada e à integridade das
testemunhas, o que não é razoável.
Ademais, também aqui, carece de qualquer fundamentação a decisão judicial lançada pelo MM.
Magistrado, o que a contamina de ilegalidade:
Decorrente a prisão preventiva da indicação do conveniência da instrução criminal, deve o julgador
fundamentar sua decisão, apontando concretamente o fato ou fatos que impedem o andamento
normal da instrução criminal, por culpa do próprio indiciado acusado, estando solto, como, por
exemplo: o aliciamento das testemunhas (devidamente comprovado); ocultação de provas etc. (...)
Será, pois, irregular a prisão de uma pessoa se o decreto não estiver convincentemente motivado,
limitando-se em meras conjecturas.
De outra parte, o Requerente é primário e possui bons antecedentes, família constituída, residência
fixa e sempre teve ocupação lícita, inexistindo o fumus boni júris que autoriza sua prisão preventiva.
Nobre é família do Requerente, onde todos reside juntos, no endereço acima declinado,
conforme comprovante de endereço em anexo.
Diz a Constituição Federal por seu artigo 5º, inciso LXV, que:
No caso vertente, por não verificar a ocorrência de uma das hipóteses que autorizam a prisão
preventiva, impõe-se a revogação da prisão preventiva, bem como para a concessão da liberdade
provisória, nos termos do artigo 310, parágrafo único, do CPP.
Observa-se que a inserção do artigo 310, parágrafo único, pela Lei 6.416, de 24 de maio de 1977, a
regra é a defesa do acusado em liberdade, sem ônus econômico, e a prisão em flagrante foi
equiparada a prisão preventiva; não permanecendo preso
aquele contra o qual não se deve decretar a prisão preventiva, por sinal, medida de exceção.
De outra parte, a legislação vigente, permite ao réu primário e de bons antecedentes, apelar sem
recolher à prisão.
Logo, inexiste o fumus boni júris que autoriza sua prisão preventiva, impõe- se responder ao processo
em liberdade.
Diante do exposto, com fundamento no art. 5º, incisos LXV e LXVI, da Constituição Federal e art.
310, parágrafo único, do CPP, e por estar ausentes os requisitos dos artigos 312 do CPP, corroborado
com a juntada dos inclusos documentos, respeitosamente, vem ao honrado juízo de Vossa Excelência,
norteador de sabedoria e alto espírito de justiça, para requerer a REVOGAÇÃO DA PRISÃO
PREVENTIVA, comprometendo-se, desde logo, a comparecer a todos os atos processuais.