Angola Article Spatial Planning
Angola Article Spatial Planning
Angola Article Spatial Planning
aquicultura moderna
Por:
Maria A. D. Dombaxe - Ministério das
Pescas, República de Angola
República Demicrática do Congo
marialvaz66@hotmail.com
Rio Congo
Philip C. Scott - Consultor em Sistemas
de Informação Geográfica
philip.c.scott@gmail.com
Jose Aguilar-Manjarrez – FAO – Roma Bengo
jose.AguilarManjarrez@fao.org
Luanda
Rio Kwanza
Oceano
Atlântico
Pico Moco
Zâmbia
Nambia
marinhas
longo de seus 1.600 km de extensão. Isso é praticamente a
metade do que o Brasil produz com uma costa cinco vezes
da aquicultura em
em Angola
mais extensa. No entanto, principalmente na região sul, a Angola surge como
mais produtiva, são poucas as espécies capturadas, com
uma possibilidade
na Galícia
destaque para o carapau Trachurus trachurus, da família
Carangidae, que embora de baixo valor comercial é elemento
tradicional e importante na dieta do angolano.
e mesmo uma
necessidade, para
Potencial e opções
suprir a demanda de
Além de ser o berço da humanidade, a África é
também o berço das tilápias. No entanto, a espécie Oreo-
pescado e assegurar
chromis niloticus, estrela da aquicultura mundial, também a alimentação
conhecida como tilápia do Nilo, não é nativa de Angola,
nem mesmo da região do sub-Sahara. Mas, outras espécies no país."
interessantes de tilápia com potencial para piscicultura
podem ser encontradas nas seis grandes bacias hidro-
gráficas do país, entre elas diversas espécies do gênero país como “cacusso” e, no sul do país como “kimaia”.
Oreochromis, como a O. angolensis, O. andersonii, e O. Quando alcançam comprimentos maiores que 12 cm são
macrochir, e as do gênero Tilapia, como a T.rendalli e chamadas de “chopa”.
a T. zilli, essas essencialmente herbívoras. Entre essas
espécies, há algumas que são detritívoras ou omnívoras, Recursos hídricos e clima
e ainda não foram testadas em situações de cultivo.
As diversas espécies de tilápia se parecem bastan- As seis bacias hidrográficas de Angola são corta-
te entre si e são popularmente conhecidas no norte do das por grandes rios, sendo o Cuanza o mais importante.
Não se pode dizer que Angola já possui um modelo do rio Congo, como na Lagoa da Kilunda, barragem
de piscicultura adaptado ao país. Atualmente, existem pis- de Mabubas e em açudes (albufeiras) construídos há
ciculturas produzindo bem em tanques-rede, aproveitando décadas para garantir água aos rebanhos ovinos e capri-
os represamentos de hidroelétricas como a de Cambambe, nos. Existem também os tradicionais tanques de terra
na província do Cuanza, localizada ao norte, próximo a escavados, dotados de sistemas de adução e controle
Luanda, ou em lagos naturais nas baixadas logo ao sul de nível d’água, que se beneficiam dos esquemas de
irrigação do país, que oferecem bom potencial de for-
necimento de água em regiões planas. Há ainda outros
projetos arrojados que desenvolvem os cultivos em
tanques de concreto ou mesmo de lona plástica, usando
tecnologia israelense de circulação fechada. A maioria
desses projetos utiliza a tilápia do Nilo, porém alguns
utilizam o bagre Clarias gariepinus - uma espécie na-
tiva - ou mesmo outras espécies de tilápia como a O.
andersonii, cujos os alevinos são capturados nos rios
locais, como o Cunene, no sul do país.
Gargalos
Aquicultura
Isso, certamente, não é um incentivo.
Além dos gargalos citados acima, também podemos citar as "Dentre os gargalos
grandes distâncias que ligam a capital Luanda, principal mercado podemos citar as
marinhas
consumidor de pescados, às potenciais localidades onde o conjunto de
grandes distâncias
em Angola
fatores ambientais é favorável à piscicultura, que podem somar a mais
de 1.000 km por estradas nacionais muitas em mau estado de conserva-
que ligam Luanda,
na Galícia
ção. Além disso, a cadeia do frio também precisa ser desenvolvida. A
rede elétrica do país está sendo refeita e modernizada, mas por enquanto
não oferece segurança, fazendo com que aquicultores sejam obrigados
principal mercado
a investirem em grupos geradores. Finalmente, é preciso que o custo consumidor, às
do produto final seja accessível ao cidadão, uma vez que a renda per
capita do país é bastante baixa. localidades onde o
FAO
conjunto de fatores
ambientais é favorável
A FAO está fornecendo apoio técnico ao país, através do projeto
“Planejamento espacial para a identificação das zonas com potencial à piscicultura."
para a aquicultura em Angola”. Este projeto visa facilitar o investi-
mento e promover um setor aquícola efetivamente governado, que
seja socialmente inclusivo, equitativo e ambientalmente responsável. com os parceiros. Espera-se produzir um inventário
O governo de Angola providenciou US$ 200.000 para implementar das pisciculturas existentes e planejadas, suas carac-
a primeira fase, iniciada em 2014, com término previsto para março terísticas, entre elas as espécies cultivadas, tecnologia
de 2016. O projeto busca identificar as zonas de maior potencial para utilizada, sistemas de cultivo, ambientes, caracte-
o desenvolvimento da aquicultura, através de processo participativo rísticas das fazendas, volume produzido e valores,
fontes de alevinos, quantidade, etc. Adicionalmente técnicos O Brasil já é o principal fornecedor de insumos
do governo e parceiros-chave receberão treinamento no plane- necessários para a aquicultura em Angola, incluindo
jamento espacial, segundo uma Abordagem Ecossistêmica para tanques-rede, rações, aeradores e equipamentos diversos
a Aquicultura (AEA). para piscicultura intensiva. Essa tendência será crescente
O projeto irá equipar a Diretoria Nacional de Aquicultura visto o empenho do governo Angolano em dinamizar o
(DNA) de Angola com os dados e as ferramentas necessárias para setor. A qualificação de agentes treinados e aptos a serem
o planejamento espacial. A AEA é uma estrutura de planejamento eficientes extensionistas em Angola já ocorreu nas estações
e gestão para integrar de maneira eficaz as partes componentes de piscicultura da Codevasf. Essas ações são frutos da
do setor aquícola, dentro do planejamento local. Esta estrutura crescente cooperação bilateral já existente.
fornece mecanismos claros para engajar produtores, governo
e outros usuários de recursos, de modo a alcançar uma gestão Perspectivas e oportunidades
eficaz nas operações da aquicultura, levando em consideração
os aspectos ambientais, socioeconômicos e de governança, in- O Plano Nacional de Desenvolvimento do país visa
cluindo explicitamente conceitos de capacidade de carga e riscos. aumentar a produção aquícola para 2017 e a tecnologia já
Um dos primeiros passos na implementação de uma AEA existe. Com boa vontade e incentivos diversos isso será
é definir as áreas a serem usadas para aquicultura, através de um possível. Um fator “extra” que pressiona à favor deste
processo participativo de zoneamento. engajamento, é o efeito inexorável da mudança climática
global que prevê secas prolongadas, colheitas fracassadas
Cooperação com o Brasil e pesca deficitária ao longo da corrente de Benguela, cau-
sando desestabilização no suprimento de pescados para o
Tendo em vista as semelhanças culturais, climáticas país. Sendo assim, Angola acolhe com grande interesse as
e ecológicas, é natural que Angola busque estabelecer com parcerias com investidores internacionais em seu potencial
o Brasil parcerias produtivas, dentre as quais diversas que produtivo. Uma boa oportunidade de se inteirar melhor é
já estão em andamento com instituições como Sebrae, a participação na segunda edição da Feira Internacional
Codesvaf (desde 2012), Embrapa e o extinto MPA. Re- das Pescas e da Aquicultura de Angola (FIPA’2015) a ser
centemente os ministros de ambos os países visitaram o realizada de 26 a 29 de novembro próximo.
recém-inaugurado Centro de Larvicultura de Massangano.
Da mesma forma, representantes do Ministério da Pesca de Para saber mais:
Angola, realizaram visitas às pisciculturas brasileiras, oca- https://www.facebook.com/Aqüicultura-em-Angola-199710423538132/timeline/
http://ln2aqüicultura.com/
sião em que lhes foram apresentados os diversos aspectos http://www.fao.org/fishery/naso-maps/naso-maps/en/
http://www.minpescas.gov.ao/
da cadeia de produção da tilápia do Nilo. http://fil-angola.co.ao/pt/fip-2015