Aristóteles

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Peripatéia de Aristóteles

Vida de Aristóteles
Aristóteles nasceu em 384 a.C. em Estagira, na Macedônia
(então sob influência grega e onde o grego era a língua
predominante), filho de um médico. Aos 17 anos foi enviado
à Academia de Platão, em Atenas, onde estudou e produziu
filosofia durante 20 anos. Com a morte de Platão, em 347
a.C., Aristóteles mudou-se para Assos, na atual Turquia. Em
343 a.C., foi chamado por Felipe II, da Macedônia, para
educar seu filho, Alexandre, e permaneceu na função durante
vários anos, até que o pupilo começou a conquistar um vasto
império. De volta a Atenas, Aristóteles fundou a própria
escola, o Liceu, desenvolvendo uma obra marcadamente
antiplatônica. Depois da morte de Alexandre, Aristóteles
passou a ser perseguido por ter colaborado na educação do
imperador macedônio. Refugiou-se em Calcis, onde morreu
em 322 a.C.
Aristóteles, rompe com os ensinamentos do mestre (Platão) após a sua morte
e desenvolve o seu próprio sistema, rejeitando a teoria das ideias e o
dualismo platônico.
1. A Importância da Percepção Sensorial

Aristóteles defendia que o conhecimento se


origina na experiência sensível. Através dos
nossos sentidos, como a visão, audição e tato,
coletamos informações sobre o mundo que nos
rodeia. Essa percepção sensorial é a base
fundamental para todo o conhecimento posterior.
2. Do Empírico ao Científico

A partir da experiência sensível, acumulamos dados e construímos a


memória. A memória, por sua vez, permite a formação de "hábitos" e da
"experiência", que é um conhecimento prático e tácito adquirido através da
repetição. A experiência, então, pode ser utilizada como base para a "técnica",
que é um conhecimento sistematizado e aplicado a um fim específico.
Finalmente, a técnica, quando alcança um alto grau de rigor e universalidade,
transforma-se em "ciência", o conhecimento mais elevado para Aristóteles.
Como exprimimos um pensamento?
➢O nosso pensamento nada mais é do que a expressão de juízos sobre
as coisas, desde uma teoria mais complexa até uma simples descrição
dos objetos.
➢Exprimimos nossos pensamentos por meio da linguagem. Para
Aristóteles, a nossa linguagem nada mais é do que uma conexão de
proposições.
➢A essa conexão de proposições Aristóteles chama de silogismo.
➢Uma proposição é composta por termos ou categorias (são
sinônimos).
Termos ou Categorias

“O ser pode ser dito de várias maneiras ou categorias.”


• Termos ou categorias são palavras que servem para categorizar/designar
uma coisa.
• É aquilo que o nosso pensamento capta imediatamente sem necessidade
de demonstração.
AS 10 CATEGORIAS:
1- Substância: é o que permanece idêntico a si mesmo. É o ser que não muda
independente dos acidentes ou mudanças. É o que nunca é predicado, mas sempre
sujeito que sofre ou recebe a ação. Ex: homem, pedra, animal e etc.
2- Quantidade: é o que dá medida. Ex: Helson mede 1,75m.
3- Qualidade: é o “como é” das coisas. Ex: Helson é bom jogador de futebol.
4- Relação: é o que estabelece relação entre as coisas. Ex: 5 é metade de 10.
5- Lugar: é o que identifica onde a coisa está. Ex: O colégio está
no bairro Bom Jesus.
6- Tempo: é o momento que está. Ex: O colégio está aqui há 10
anos.
7- Posição: Se refere à posição que o objeto se encontra. Ex:
Helson está de pé.
8- Posse: é o que a coisa possui. Ex: a pedra possui muitos
minerais.
9- Ação: é um efeito da nossa vontade. Ex: Helson comprou um
carro.
10- Paixão ou passividade: é aquilo a que estamos vulneráveis.
É quando recebemos a ação. É a parte do corpo que não pensa.
O que é incontrolável. Ex: Jorge ama desesperadamente Joana.
3. A Lógica e o Silogismo
Para alcançar o conhecimento científico, Aristóteles propõe a lógica
como ferramenta fundamental.
A lógica é a disciplina que estuda os princípios do raciocínio correto.
O silogismo, um tipo de argumento dedutivo, é um dos instrumentos
mais importantes da lógica aristotélica. O silogismo é composto por três
premissas e uma conclusão. As premissas são enunciados que contêm
informações, e a conclusão é a inferência lógica que se deduz das
premissas.

Silogismo é a arte dialética


3. A Lógica e o Silogismo
O silogismo é:
1- mediato: exige um percurso de pensamento e de linguagem para se
chegar a uma conclusão.
2- dedutivo: parte de afirmações verdadeiras para obtermos uma
conclusão efetivamente verdadeira.
3- necessário: a verdade da conclusão depende necessariamente da
verdade das primeiras.

Exemplo clássico de silogismo:


Premissa maior: Todos os homens são mortais.
Premissa menor: Sócrates é um homem.
Conclusão: Portanto, Sócrates é mortal.
Verdade e validade

Todos os mamíferos são mortais. (V)


Ora, todas as cobras são mortais.(V)
Logo, todas as cobras são mamíferos.(F)

O mar é feito de água e sal.(V)


A bolacha Mabel é feita de água e sal.(V)
Logo, o mar é biscoito.(F)

Todos os homens são vertebrados.(V)


Todo cachorro é vertebrado.(V)
Logo, todos os cachorros são homens.(F)
A metafísica e o estudo do Ser

O conceito de "ser enquanto ser", em Aristóteles, é central em sua


metafísica e representa uma das ideias fundamentais de sua filosofia.
Em grego, é expresso como "to on he on", que é frequentemente
traduzido como "ser enquanto ser" ou "ser por si mesmo". Esse
conceito está intimamente ligado à sua investigação sobre a natureza do
ser e da realidade.
Para Aristóteles, entender o que algo é, envolve compreender sua
essência, sua forma ou natureza característica que o torna o que é. Ele
argumenta que o ser é o objeto de estudo da metafísica, que é a
investigação sobre o que é real e fundamental na existência.
A metafísica e o estudo do Ser
Aristóteles afirma que o ser pode ser entendido de diferentes maneiras,
dependendo do contexto. Ele distingue entre o ser em potência (dynamis) e o
ser em ato (energeia). O ser em potência refere-se ao estado de algo que tem
a capacidade de se tornar algo mais, mas ainda não o é atualmente. O ser em
ato, por outro lado, refere-se à realização ou atualização dessa
potencialidade, à existência plena e completa.
Além disso, Aristóteles diferencia entre diferentes categorias de ser, como
substância (ousia) e acidente (symbēkē), onde a substância é aquilo que
subsiste por si mesma e os acidentes são características que podem pertencer
a uma substância, mas não são essenciais para definir o que ela é.
Portanto, quando Aristóteles fala sobre "ser enquanto ser", ele está se referindo
à investigação da essência, natureza e existência fundamental das coisas.
Essa investigação metafísica é crucial para o entendimento da filosofia
aristotélica e influenciou profundamente o pensamento filosófico ocidental.
Conceitos Filosóficos de Aristóteles:
Matéria e Forma, Ato e Potência
Matéria e Forma: A realidade é composta por entidades individuais que
combinam matéria e forma. A matéria é o substrato universal, a base
material que não existe por si só, mas sempre em conjunto com uma
forma. Já a forma é a estrutura, o princípio que dá organização e
identidade à matéria, tornando-a um ser específico.
Exemplos:
Estátua de bronze: A matéria é o bronze (elemento material), enquanto a
forma é a figura específica esculpida no bronze (que dá identidade à
estátua).
Conceitos Filosóficos de Aristóteles:
Matéria e Forma, Ato e Potência
Ato e Potência: Ato se refere ao estado atual de algo, aquilo que ele é de
fato. Já potência se refere à capacidade que algo tem de se tornar outra
coisa, o seu potencial de mudança.
Exemplos:
Escultor esculpindo uma estátua: O ato é a estátua em processo de ser
esculpida, enquanto a potência é a forma final da estátua que ainda não se
concretizou.
Semente de carvalho: O ato é a semente como ela está no momento,
enquanto a potência é a sua capacidade de se transformar em um
carvalho.
A Busca pela Causa
Para Aristóteles, o conhecimento científico não se limita
à descrição dos fatos, mas busca compreender as causas
que os explicam.
Ele distingue quatro tipos de causas:
Causa material: a matéria que compõe um objeto.
Causa formal: a forma que dá a um objeto sua
identidade e estrutura.
Causa eficiente: o agente que produz a mudança em
um objeto.
Causa final: o objetivo ou propósito para o qual um
objeto existe.
E o além do sensível?

Na metafísica de Aristóteles, há uma


concepção de deus, que não se encaixa
na concepção tradicional de um ser
divino criador do universo.
Em vez disso, ele é o Primeiro Motor
Imóvel, a causa final e a forma pura
que move o cosmos sem ser movido
por nada externo.
E o além do sensível?

Características:
Imaterial e Incorruptível: theos não é
composto de matéria e, portanto, não está
sujeito à mudança ou à morte. Ele é puro
ato, sem potencialidade para se tornar
algo diferente do que é.
Eterno e Imutável: theos existe fora do
tempo e do espaço, permanecendo
sempre o mesmo. Ele não se envolve nas
contingências do mundo, mas contempla
eternamente a si mesmo.
E o além do sensível?
Características:
Primeiro Motor Imóvel: theos é a causa
primeira do movimento no universo. Ele não é
movido por nenhuma força externa, mas move
tudo como o objeto amado move o amante
(analogia aristotélica).
Pensamento Puro: A atividade de theos é
puramente intelectual, consistindo na
contemplação perfeita de si mesmo. Essa
atividade é a mais alta forma de vida e a fonte
de toda a felicidade.
Forma Pura: theos é a forma pura, a
atualidade perfeita sem nenhuma
potencialidade. Ele é a inteligência suprema e
o Bem Supremo.
Influência da concepção de Deus de
Aristóteles na teologia cristã:

Pontos em comum:
Deus como causa do
movimento: Aristóteles e a teologia cristã
concordam que Deus é a causa do movimento
no universo.
Deus como ser perfeito: Ambos concebem
Deus como um ser perfeito, imutável e
eterno.
Deus como objetivo final: Tanto para
Aristóteles quanto para a teologia cristã, Deus
é o objetivo final de tudo.
Influência da concepção de Deus de
Aristóteles na teologia cristã:

Diferenças:
Visão de Deus: Na teologia cristã, Deus é um
ser pessoal que se envolve com o mundo e
com a humanidade. Já para Aristóteles, Deus
é um ser impessoal e distante.
Relação com o mundo: A teologia cristã
enfatiza a criação do universo por Deus e sua
providência constante. Já para Aristóteles,
Deus não intervém diretamente no mundo.
Política em Aristóteles
A concepção de Política em Aristóteles é complexa e multifacetada, abrangendo diversos
aspectos da vida social e do governo. Para o filósofo, a Política era uma ciência prática que
buscava alcançar o bem comum da comunidade.

Alguns dos principais pontos da concepção aristotélica de


Política incluem:
A visão do ser humano como um animal político: Para
Aristóteles, o ser humano é um ser naturalmente social que
só pode alcançar sua plena potencialidade na comunidade. A
polis, ou cidade-estado, era vista como o ambiente ideal para
o desenvolvimento humano.
A busca pelo bem comum: O objetivo principal da Política
era alcançar o bem comum, que consistia na vida boa para
todos os cidadãos. Esse bem comum não se resumia apenas à
prosperidade material, mas também incluía o
desenvolvimento moral e intelectual dos cidadãos.
Política em Aristóteles
A importância da justiça: A justiça era vista como um
elemento fundamental para a coesão social e a estabilidade da
polis. Para Aristóteles, a justiça distributiva, que se preocupa
com a distribuição justa de bens e recursos, era tão importante
quanto a justiça corretiva, que busca corrigir erros e injustiças.
As diferentes formas de governo: Aristóteles identificava três
formas principais de governo: monarquia, aristocracia e
democracia. Cada uma dessas formas tinha suas vantagens e
desvantagens, e a melhor forma de governo para uma
determinada comunidade dependeria de suas características
específicas.
A importância da educação: A educação era vista como um
instrumento fundamental para a formação de bons cidadãos.
Para Aristóteles, a educação deveria preparar os cidadãos para a
participação na vida política e para o exercício da virtude.
“A felicidade é a atividade da alma de acordo
com a virtude.”
“A felicidade é o fim último da vida
humana.”
“A felicidade é uma atividade
contemplativa.”
Felicidade: Para Aristóteles, a felicidade (eudaimonia) não é apenas um sentimento
passageiro, mas sim um estado de bem-estar duradouro que se alcança através da vida
virtuosa.
Atividade da alma: A felicidade não reside em bens materiais ou em prazeres momentâneos,
mas sim na atividade da alma, ou seja, no uso da razão e das outras faculdades humanas para
alcançar o que é bom e belo.
Virtude: As virtudes são características que nos permitem agir de forma boa e justa. Algumas
das principais virtudes para Aristóteles são a coragem, a temperança, a justiça e a prudência.

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