Instruçãao Normativa SESA SSPDS

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Numero do Documento: 2719506

INSTRUÇÃO NORMATIVA CONJUNTA SESA/SSPDS Nº 001/2023 DE 02


DE MARÇO DE 2023
Estabelece normas de organização e
funcionamento dos órgãos para a realização e
otimização de necropsias no âmbito do Estado
do Ceará através do Centro de Serviço de
Verificação de Óbito Dr. Rocha Furtado – SVO e
da Perícia Forense do Estado do Ceará – Pefoce,
conforme suas atribuições institucionais, e dá
outras providências.

A Secretaria da Saúde do Estado do Ceará – SESA, inscrita no CNPJ sob o


nº 07.954.571/0001-04, sediada à Av. Almirante Barroso, nº 600, Praia de
Iracema, Fortaleza-Ceará, neste ato representada pelo sua Secretária Titular,
Sra. Tânia Mara Silva Coelho, brasileira, portadora do RG nº 96002330274 e
inscrita no CPF sob nº 743.027.793-49, e a Secretaria da Segurança
Pública e Defesa Social do Estado do Ceará - SSPDS, inscrita no CNPJ nº
01.869.566/0001-17, sediada na Av. Bezerra de Menezes, nº 581, bairro São
Gerardo, Fortaleza-Ceará, neste ato representada pelo seu Secretário Titular,
Samuel Elânio de Oliveira Júnior, brasileiro, portador do RG nº 97004004585 -
SSP/CE e inscrito no CPF sob o nº 818.744.643-91, no uso de suas atribuições
legais que lhes foram conferidas, respectivamente, pelos artigos 23 e 25 da
Lei 16.710, de 21 de dezembro de 2018.

Considerando as características, missões e objetivos específicos dos órgãos


envolvidos e dada a aproximação ou semelhança de procedimentos realizados
em torno do ato da necropsia para determinar o diagnostico final e a causa da
morte, se possível.

Considerando a necessidade de otimizar e integrar os fluxos de trabalho


inerentes aos órgãos em questão, bem como delimitar os campos de atuação
de cada órgão com base em suas missões institucionais.

Considerando as diferenças nas indicações de necropsia (morte natural e


morte violenta/suspeita).

Considerando que os órgãos públicos diretamente envolvidos nesta Instrução


Normativa têm atribuições bem definidas para emissão da Declaração de
Óbito, ato médico indispensável que deve revestir-se de ética e fidedignidade.
Considerando que a Declaração de Óbito é um documento de dúplice
relevância, seja por se constituir no instrumento jurídico hábil para lavratura
da certidão de óbito, seja por servir de base imprescindível de dados
epidemiológicos destinados à construção de políticas de saúde adequadas.

Resolvem:

Art. 1º Estabelecer norma conjunta de organização e funcionamento dos


órgãos respectivos para a realização de necropsias no âmbito do Estado do
Ceará, através do Centro de Serviço de Verificação de Óbito Dr. Rocha
Furtado, doravante chamado SVO, e da Perícia Forense Do Estado Do
Ceará, doravante denominada Pefoce.

TÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 2º Para efeitos da presente Instrução Normativa considera-se:

I - Morte natural é a que tem como causa a doença que iniciou a sucessão de
eventos mórbidos que levou a pessoa diretamente à morte, desde que não
tenha sido agravada por fator exógeno.
II – Morte suspeita é a que ocorre sem qualquer causa aparente, de forma
duvidosa, e para a qual não se tem evidência de ter sido de causa violenta ou
por antecedentes patológicos, incluindo-se aquelas ocorridas em unidades de
privação de liberdade e em locais de trabalho. Nesta hipótese, para envio do
corpo à Pefoce, deverá haver uma suspeita fundamentada acerca da
possibilidade de violência/causa externa.
III – Morte violenta é aquela resultante de ação exógena e lesiva, incluindo-
se as mortes oriundas de violência (homicídio, suicídio ou acidente) ou de
meios estranhos que agravem o fisiologismo normal ou as patologias internas.
Inclui também morte acidental violenta, sem qualquer participação humana,
mas motivada por força maior (eletricidade, fogo, inundação, terremoto, etc.)
ou por ação de animais (ofidismo, escorpionismo, aracnismo, etc.) ou em
ocasiões cujo descaso foi motivo da causa de morte por omissão de socorro.
Art. 3° O SVO é o órgão público vinculado à SESA que tem por finalidade
esclarecer a causa da morte através de necropsia, nos óbitos por causa
natural, com ou sem assistência médica, ainda sem elucidação diagnóstica.

Art. 4° Incumbe à Pefoce a execução de perícias e realização de pesquisas e


estudos destinados à execução dos exames de corpo de delito para
comprovação da materialidade das infrações penais e de sua autoria
relacionados aos campos de atuação médico legais, odonto legais, criminais,
laboratoriais e papiloscópicos, bem como os serviços de identificação civil e
criminal.

Art. 5° Da abrangência e ação dos órgãos:


I - O SVO localiza-se em Fortaleza, atendendo aos seguintes municípios:
a) Fortaleza, Aquiraz, Caucaia, Cascavel, Chorozinho, Eusébio, Guaiúba,
Horizonte, Itaitinga, Maracanaú, Maranguape, Pacajus, Pacatuba, Paracuru,
Paraipaba, Pindoretama, São Luís do Curu, São Gonçalo do Amarante e Trairi.
b) demais municípios (excluídos os atendidos pelo SVO de Barbalha):
atendidos somente em casos de interesse da vigilância epidemiológica.

II - A Pefoce tem abrangência de atendimento em todo o Estado do Ceará,


resguardando-se a organização administrativa relativa às macrorregiões de
atuação de cada um de seus Núcleos regionais existentes no interior do
Estado (Juazeiro do Norte, Sobral, Iguatu, Tauá, Quixeramobim, Canindé,
Russas, Crateús, Itapipoca e demais que venham a ser criados).

TÍTULO II
DA RESPONSABILIDADE PELA EMISSÃO DE DECLARAÇÕES DE ÓBITO

Art. 6º. O correto preenchimento da Declaração de Óbito é dever do médico,


devendo ser observados todos os aspectos relativos à veracidade, completude
e fidedignidade das informações registradas.

Art. 7º Os médicos integrantes dos quadros da Pefoce, do SVO e dos serviços


públicos municipais de saúde deverão preencher as Declarações de Óbito sob
sua responsabilidade conforme seus respectivos campos de atuação:

I- A Pefoce será responsável pela emissão de Declarações de Óbitos em casos


de mortes violentas ou de mortes suspeitas com fundada possibilidade de
violência ou causa externa.
II- O SVO e o serviço de saúde pública dos municípios, naquilo que lhes
compete e na ausência de médico assistente, são responsáveis pela emissão
de Declarações de Óbitos em casos de mortes naturais.
Art. 8º. A fim de auxiliar o médico perito legista, tanto na condução do
processo necroscópico, como no correto preenchimento das Declarações de
Óbito, os delegados de polícia deverão, obrigatoriamente, fazer constar nas
guias de exame cadavérico, de forma clara, sucinta e precisa, as seguintes
informações:
I- Prováveis circunstâncias que levaram à morte não natural (Acidente,
Homicídio, Suicídio, etc.);
II- Descrição sumária do evento;
II- Número do Boletim de Ocorrência;
III- Endereço do local do acidente ou violência;

Art. 9º. Em casos de morte natural havidos nos municípios sem SVO:
I - a declaração de óbito deverá ser fornecida pelos médicos do serviço
público de saúde mais próximo do local onde ocorreu o evento ou, na sua
ausência, por qualquer médico da localidade, conforme Resolução 1.779/2005
do Conselho Federal de Medicina, Art. 2º, 1, b;
II – caberá às secretarias municipais de saúde normatizar o fluxo de
transporte local do corpo, bem como a emissão de declaração de óbito pelos
médicos de suas unidades.

TÍTULO III
ENCAMINHAMENTO E TRANSLADO DOS CORPOS

Art. 10. O encaminhamento ou translado dos corpos ao SVO e à Pefoce dar-se-


á da seguinte maneira:
I - nos casos de óbitos domiciliares ou em via pública, a comunidade informará
a ocorrência à Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops)
através do telefone 190, que, por sua vez, de posse das informações obtidas e
da aplicação do Relatório constante no anexo I, fará a triagem de acordo com
o Art. 2º e acionará o órgão competente para as providências cabíveis;
II - nos casos de mortes naturais, serão adotados os seguintes procedimentos:
a) quando o óbito se der em via pública, a Ciops acionará o veículo de
transporte fúnebre da Pefoce para translado do corpo diretamente ao SVO;
b) quando o óbito se der em domicílio, a Ciops direcionará o solicitante para
contato direto com o SVO;
III - quando na localidade não houver SVO, o procedimento dar-se-á conforme
art. 9º.

Parágrafo único. Nos casos de mortes que exijam atuação da Pefoce, serão
acionados, simultaneamente, a Coordenadoria de Perícia Criminal e o veículo
de transporte fúnebre da Pefoce para que se proceda à análise
perinecroscópica, ao exame do local da ocorrência e à remoção do corpo à
Pefoce.

Art. 11. Havendo deslocamento do Perito Criminal da Pefoce ao local indicado


pela Ciops ou por outro órgão acionante, e se constatando no local,
posteriormente, que não foram identificados elementos compatíveis com
morte violenta ou suspeita de violência/causa externa e não havendo sinais
de decomposição cadavérica, o Perito Criminal emitirá em duas vias o
“Relatório de Encaminhamento de Corpo ao SVO”, devendo encaminhar, por
meio do veículo de transporte fúnebre da Pefoce, o corpo ao SVO com a
primeira via do documento devidamente preenchida e assinada conforme
anexo I.

§1º A fim de auxiliar o Perito Criminal com a correta classificação provisória da


morte como natural, para que se deem de forma correta a triagem e o
direcionamento do corpo ao SVO, este Perito poderá analisar relatórios
relativos à ocorrência porventura expedidos pelo Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência – SAMU constantes na base de dados deste órgão via
contato telefônico com a Ciops, examinar as características do local da
ocorrência ou coletar quaisquer informações com vistas ao seu livre
convencimento, circunstanciando tudo conforme diretrizes do anexo I.

§2º Em caso de encaminhamento ao SVO, caberá ao médico plantonista


deste órgão o juízo de valor definitivo acerca da causa mortis do corpo triado
pelo Perito Criminal que atendeu à ocorrência.

§3º Não havendo SVO na localidade, o corpo será encaminhado ao serviço


público de saúde conforme estabelecido no art. 9º.

§4º Quando o agente acionante a que se refere o caput deste artigo for o
Delegado de Polícia, e mesmo não sendo identificados pelo Perito Criminal
elementos compatíveis com morte violenta ou suspeita de violência/causa
externa, o corpo deverá ser, necessariamente, encaminhado à Pefoce a fim de
que o médico perito legista proceda à avaliação pertinente.
§5º Ao preencher o formulário constante no anexo I, em caso de resposta
“SIM” em quaisquer dos itens 1 a 8, o Perito Criminal automaticamente
deverá encaminhar o corpo à Pefoce.

Art. 12. A qualquer momento após admissão do corpo no SVO, caso seja
encontrado ou verificado no histórico da ocorrência e/ou no corpo qualquer
tipo de lesão que possa ter iniciado os eventos que levaram ao óbito
decorrente de violência, acidente, suicídio, uso de drogas (lícitas ou ilícitas) ou
outro evento de causa externa, bem como morte suspeita, o corpo será
encaminhado à Pefoce, nos termos do art. 15, e lá será executada a
necropsia.

Art. 13. Todo e qualquer corpo encontrado em processo ou estado de


decomposição cadavérica, incluindo os esqueletizados, para efeito dessa
Instrução Normativa, passa a ser tratado como morte suspeita, devendo o
corpo ser encaminhado para exame aos médicos peritos legistas da Pefoce,
bem como nos casos de suspeitas de erro médico ou procedimento realizado
por profissional não médico.

Art. 14. No caso de óbitos de causa natural havidos em unidades de


assistência à saúde da rede pública, privadas ou filantrópicas, conveniadas ou
não com o Sistema Único de Saúde – SUS, bem como nos abrigos para
pessoas em situação de vulnerabilidade e congêneres, desde que não esteja
definida a causa do óbito, o médico assistente, plantonista ou substituto
poderá solicitar o esclarecimento da “causa mortis” junto ao SVO, cabendo às
instituições a adoção de providências para o encaminhamento e translado do
corpo, bem como comunicar aos familiares, preferencialmente de primeiro
grau, e/ou responsável legal para se dirigirem ao SVO munidos de
documentos de identificação próprio e da pessoa falecida.

Art. 15. No caso de encaminhamento de corpo originariamente ao SVO, mas


de responsabilidade de atuação da Pefoce, será preenchido o documento
“Relatório de Encaminhamento de Corpos para Pefoce”, Anexo II, sendo
adotadas as providências necessárias por aquele órgão de perícia criminal
para comunicação do fato ao Delegado de Polícia a fim de ser emitida a
respectiva guia cadavérica e de efetuar o translado do corpo à Pefoce por
meio de seu veículo de transporte fúnebre.
Art. 16. A Pefoce contará com médico perito legista regulador que atuará na
análise perinecroscópica e exame ectoscópico de cadáveres originariamente
remetidos à Pefoce.

§1º Após as análises e exames inferidos no caput desse artigo, caso o médico
perito legista regulador não encontre elementos compatíveis com os incisos II
e III do Art. 2º, e não havendo sinais de decomposição cadavérica, admitir-se-
á o encaminhamento do corpo da Pefoce ao SVO.

§2º Cumpridos os requisitos do caput e do §1º, o médico perito legista


regulador deverá preencher o documento “Relatório de Encaminhamento de
Corpos para o SVO”, Anexo III, sendo adotadas as devidas providências para
translado do corpo ao SVO pelo veículo de transporte fúnebre da Pefoce.

§3º Ocorrendo o encaminhamento de um corpo pela Pefoce ao SVO, tendo em


vista a existência de guia cadavérica previamente emitida pelo Delegado de
Polícia, o médico perito legista regulador da Pefoce, por meio de relatório
fundamentado e de ofício padrão (Anexo IV), dará ciência à delegacia
respectiva de que o corpo fora transladado ao serviço de saúde pública por
não terem sido identificados elementos que vinculem a morte a circunstâncias
de violência.

§4º Admitir-se-á a devolução ulterior do corpo do SVO à Pefoce caso sejam


encontrados elementos contidos no art. 12, sendo necessária nesse caso a
emissão de guia policial complementar para devido registro do incidente de
devolução e ciência dos fatos ao Delegado de Polícia.

§5º Após translado do corpo da Pefoce ao SVO, por conta das diretrizes
contidas no Art. 16, §1º, 2º e 3º, sobrevindo fato novo que chegue ao
conhecimento do Delegado de Polícia que atraia a incidência de circunstâncias
de violência ou suspeição de violência sobre o caso, a Pefoce, após ser
cientificada pelo Delegado, atuará junto ao SVO para devolução do corpo a
este órgão de perícia criminal:

I – O fato novo encaminhado pelo Delegado de Polícia que importe na atuação


da Pefoce deverá ser devidamente circunstanciado, e a solicitação para
exame necroscópico neste órgão de perícia criminal oficial deverá ser
precedida de fundamentação idônea e de toda a quesitação pertinente a fim
de se explicitar que a necropsia do cadáver passou a ser de interesse de
investigação criminal.
TÍTULO IV
DA IDENTIFICAÇÃO DOCUMENTAL DO “DE CUJUS”

Art. 17. Para efeitos de identificação civil, esta pode ser atestada por
quaisquer dos seguintes documentos:
I – carteira de identidade;
II – carteira de trabalho e previdência social;
III – carteira profissional;
IV – passaporte;
V – carteira de identificação funcional;
VI – outro documento público que permita a identificação do falecido.

Parágrafo único. Para as finalidades desta Instrução Normativa, equiparam-se


aos documentos de identificação civis os documentos de identificação
militares.

Art. 18. Não havendo meios para a comprovação da identidade civil do de cujus,
a Pefoce encarregar-se-á de identificá-lo através de procedimentos de sua
atribuição.

§1º Tratando-se de corpo ainda não identificado, mas sob responsabilidade de


atuação do SVO e lá custodiado, este órgão procederá conforme as diretrizes
constantes no Título VI.

§2º Tratando-se de corpos que, embora identificados, não tenham parentes de


1º grau para proceder à respectiva liberação, o SVO deverá atentar-se ao que
consta no Título VII.

§3º Tratando-se de corpo com documentação rasurada ou documentação


diversa da presente no art. 17, o SVO entrará em contato com a Pefoce, que
remeterá as informações pertinentes para efeitos de identificação do cadáver.

TÍTULO V
REALIZAÇÃO DE NECROPSIAS

Art. 19. No SVO, as necropsias serão procedidas somente nos casos de morte
natural, devendo considerar que as necropsias serão realizadas após o
consentimento por escrito do responsável legal ou familiar de até segundo
grau do falecido, em ordem preferencial, ou daquele em que é possível
estabelecer o vínculo familiar.

§1º Nas necropsias de atribuição do SVO, em caso de interesse e natureza


compulsória da Vigilância Epidemiológica Estadual, o consentimento do
membro da família ou representante legal será dispensado.

§2º É de responsabilidade de atuação do SVO, além de outras atribuições


correlatas, a realização de necropsia nos seguintes tipos de morte:
I - óbitos em pacientes com suspeita de doenças de investigação
epidemiológica (covid-19, dengue, febre amarela, meningites, H1N1,
hantavirose, leptospirose, etc);
II - óbitos em pacientes previamente saudáveis;
III - óbitos inesperados em pacientes com diagnóstico clínico e tratamento
corretos;
IV - pacientes internados que vão a óbito sem diagnóstico firmado,
independente do tempo de internação;
V - óbito de pacientes em protocolo de tratamento experimental;
VI - óbitos em mulheres no ciclo gravídico puerperal;
VII - óbitos de recém-nascidos e/ou fetos mortos com mais de 20 semanas ou
500g ou maior que 25 cm, sem causa esclarecida;
VIII - óbitos em crianças e adolescentes sem causa esclarecida;
XIX - óbitos inesperados no transoperatório, pós-operatório imediato ou tardio.

Art. 20. Na Pefoce, as necropsias serão procedidas somente nos casos


previstos no art. 2º, II e III, conforme diretrizes internas da Pefoce.

Parágrafo único. É de responsabilidade de atuação da Pefoce, além de outras


atribuições correlatas, a realização de necropsia nos seguintes tipos de morte:
I - traumatismo craniano;
II - traumatismo raquimedular;
III – politraumatismo;
IV – atropelamento;
V – homicídios;
VI - suicídios (ex: enforcamento, intoxicação exógena);
VII – afogamento;
VIII - abortamentos provocados;
XIX - acidente com arma de fogo;
X - acidente com arma branca;
XI - acidentes com animais peçonhentos;
XII - acidente de trabalho;
XIII - acidente automobilístico;
XIV - qualquer tipo de fratura (desde que haja nexo de causalidade entre a
fratura e a morte);
XV – quando houver morte causada por (ou decorrente de) queda, seja da
própria altura, de escada ou de qualquer nível do solo (independente do
tempo decorrido ente a lesão causada pela queda e o óbito);
XVI - suspeita de envenenamento (ex. venenos em geral, inseticidas, etc);
XVII - suspeita de uso de drogas ou overdose (ex: cocaína, crack, etc),
inclusive fetos mortos em casos de drogadição materna aguda;
XVIII – fundada suspeita de erro médico (imperícia, imprudência ou
negligência);
XIX - morte suspeita sob circunstâncias de violência;
XX - cadáveres em decomposição, ainda que não haja indícios de morte
violenta.

TÍTULO VI
DA IDENTIFICAÇÃO CADAVÉRICA DE CORPOS LOCALIZADOS NO SVO

Art. 21. Tão logo o corpo seja admitido no SVO, o responsável legal deverá ser
questionado sobre a existência de documentos de registro civil (Certidão de
Nascimento ou Certidão de Casamento) e/ou documentos oficiais de
identidade (Carteira de Identidade Civil, CTPS, Passaporte, dentre outros
documentos de identificação válidos - Lei nº 7.116/83 e Lei nº 13.037/2009)
relativos ao cadáver.

§1º Caso seja apresentado documento oficial de identificação civil, pairando


quaisquer dúvidas acerca deste, o servidor/colaborador do SVO entrará em
contato com a equipe do Laboratório de Identificação Necropapiloscópica (LIN)
da Pefoce através de contato telefônico e do e-mail lin@pefoce.ce.gov.br,
apresentando os dados biográficos do corpo para realização de consulta ao
Sistema de Identificação Humana e Perícias Biométricas (SIHPB) e ao banco
de dados do Sistema Galileu da Pefoce, tudo por meio da supervisão e
coordenação direta da Coordenadoria de Identificação Humana e Perícias
Biométricas (CIHPB) da Pefoce.

§2º Identificados dados coincidentes com os registros constantes na base civil


estadual, caberá ao Perito Criminal da CIHPB a elaboração de laudo pericial a
ser direcionado ao SVO.
§3º Havendo necessidade de coleta de impressões digitais ou de
procedimentos destinados a exames necropapiloscópicos do cadáver sobre o
qual se pairam dúvidas acerca de sua identificação, será deslocada equipe do
LIN da Pefoce para que se realizem os atos necessários.

§4º Para fins de liberação do corpo, havendo apresentação por parte do


responsável legal apenas de documento de Registro Civil (certidão de
nascimento ou casamento) do cadáver, o SVO adotará as providências
cabíveis para o procedimento de liberação segundo suas diretrizes, cabendo
previamente ao LIN da CIHPB nesse caso:

I - preencher cadastro com os dados biográficos constantes no Registro Civil


apresentado;
II - coletar impressões digitais e digitalizar a ficha decadactilar do cadáver;
III – custodiar essas informações para consulta e/ou comparações futuras com
bancos de dados civis e criminais estaduais de outras unidades da federação
caso necessário.

§5º Resultando o Laudo Pericial da CIHPB como inconclusivo ou negativo e não


havendo responsável legal para liberação do corpo, o SVO adotará as devidas
providências para comunicação do fato ao Delegado de Polícia para emissão
de guia específica destinada à identificação do corpo, promovendo-se o
translado do corpo pelo veículo de transporte fúnebre da Pefoce.

§6º Resultando o Laudo Pericial da CIHPB como conclusivo e positivo e não


havendo responsável legal para liberação do corpo, o SVO realizará a coleta
do material genético para envio à Coordenadoria de Análises Laboratoriais
Forenses - CALF da Pefoce e adotará as devidas providências para realizar a
destinação do corpo.

TÍTULO VII
DA LIBERAÇÃO DE CORPOS QUE NÃO APRESENTEM PARENTES PARA
LIBERAÇÃO E COLETA DE DNA

Art. 22. Os cadáveres relacionados ao Art. 21, §6º, que, embora identificados,
não apresentem parentes que comprovem o vínculo familiar para proceder à
sua liberação (pai, mãe, filho ou irmãos) ou cônjuge, deverão ser submetidos
à coleta de material biológico pela equipe do SVO com vistas à inserção do
respectivo perfil genético no Banco Nacional de Perfis Genéticos (BNPG) pela
Pefoce.

Art. 23. O procedimento relativo à coleta e ao transporte do material genético


dar-se-á mediante supervisão direta do SVO, sendo realizado pelos seus
funcionários conforme critérios estabelecidos no Anexo V.

Art. 24. O SVO responsabilizar-se-á pelo envio à Pefoce das amostras


destinadas a exame de DNA devidamente acompanhadas da documentação
necessária, conforme anexo VI, com as informações pertinentes, respeitando-
se as diretrizes definidas pela CALF da Pefoce.

Art. 25. Os materiais biológicos, junto às documentações, serão recebidos por


servidores lotados na recepção do Núcleo de Controle Cartorial e Expediente
(NUCCE) da CALF, na sede da Pefoce situada em Fortaleza na Avenida
Presidente Castelo Branco, 901, Bairro Moura Brasil, no horário de 08h00min
às 12h00min e de 13h00min às 17h00min.

TÍTULO VIII
DA NÃO APLICABILIDADE OU USO DE FORMOL

Art. 26. Não é permitida e não se aplica a formolização e embalsamento de


cadáveres no SVO e na Pefoce.

TÍTULO IX
DOS CASOS OMISSOS

Art. 27. Os casos omissos serão solucionados mediante entendimento entre as


partes e, se for o caso, formalizados por meio de Termos Aditivos.
TÍTULO X
DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 28. Em caso de outras pactuações entre o gestor estadual da SESA e os


gestores municipais do SUS/CE para a prestação de serviços de verificação de
óbito no âmbito do Estado, serão reguladas por outra Instrução Normativa.

Art. 29. Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação,
revogando-se todas as disposições em contrário.

Fortaleza/CE, 02 de março de 2023.

_____________________________________________________
Samuel Elânio de Oliveira Júnior
Secretário da Segurança Pública e Defesa Social
Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará

_______________________________________________
Tânia Mara Silva Coelho
Secretária da Saúde do Ceará
Secretaria da Saúde do Estado do Ceará
ANEXO I
RELATÓRIO DE ENCAMINHAMENTO DE CORPO DA COORDENADORIA DE
PERÍCIA CRIMINAL (COPEC) DA PEFOCE AO SVO

I – DADOS DA OCORRÊNCIA:
Data/hora aproximada do óbito:
Local do óbito:
Data/hora do comparecimento da perícia:

II – DADOS DA VÍTIMA:
Nome:
Documento de identificação:
Data de Nascimento e Naturalidade:
Filiação:
Endereço:

Diante de morte aparentemente não violenta, o Perito Criminal deverá preencher o


questionário abaixo e, havendo resposta negativa a TODAS as perguntas, o corpo DEVERÁ ser
encaminhado ao Serviço de Verificação de Óbitos (SVO).

QUESTIONÁRIO DE LOCAL DE OCORRÊNCIA SIM NÃO


1. Há suspeita de que “mataram” o falecido (homicídio)?
2. Há suspeita de que o falecido “se matou” (sucidício)?
3. Há suspeita de que o falecido sofreu acidente?
4. O falecido estava “bêbado” (embriagado) na hora da morte?
5. O falecido estava “drogado” (uso de drogas ilícitas) na hora da morte?
6. O falecido usou “remédio controlado/tarja preta” na hora da morte?
7. Há sinais de arrombamento, roubo, furto ou violência no local?
8. Há mais alguma coisa a informar que possa tornar a morte suspeita?
9. Se sim à pergunta 8, qual seria a informação? Escrever abaixo:

III – DADOS DO PERITO CRIMINAL:


Nome:
Matrícula Funcional:
Assinatura:
ANEXO II
RELATÓRIO DE ENCAMINHAMENTO DE CORPOS DO SVO PARA PEFOCE

NOME:

DOCUMENTO DE IDENTIFICAÇÃO:

ESTADO CIVIL: IDADE:

SEXO: ( ) FEMININO ( ) MASCULINO DATA DO ÓBITO:

LOCAL DO ÓBITO: HORÁRIO:

PAI:

MÃE:

DATA DE NASCIMENTO: NATURALIDADE:

OCUPAÇÃO:

ENDEREÇO:

PARECER MÉDICO

Fortaleza, de de 2022
_______________________________
Médico Plantonista
ANEXO III
RELATÓRIO DE ENCAMINHAMENTO DE CORPO DA COORDENADORIA DE
MEDICINA LEGAL (COMEL) DA PEFOCE AO SVO

I – DADOS DA VÍTIMA:

Nome:
Local do óbito:
Data do óbito: Hora:

II – DADOS DA GUIA POLICIAL:

Delegacia:
N° da guia policial:
Informações sobre a causa mortis:

III – JUSTIFICATIVA DO ENCAMINHAMENTO:

IV – DADOS DO MÉDICO PERITO LEGISTA:

Data do encaminhamento: Hora:


Nome:
CRM/Matrícula Funcional:
Assinatura:
ANEXO IV
OFÍCIO DESTINADO AO DELEGADO DE POLÍCIA PARA CIÊNCIA NOS CASOS DE
TRANSLADO DOS CORPOS DA PEFOCE AO SVO
Ao Senhor
[Nome da Delegado de Polícia]
Delegado de Polícia Civil
[Delegacia requisitante]

Senhor Delegado,
O médico perito legista da Coordenadoria de Medicina Legal (Comel), abaixo
citado, informa que o cadáver identificado como [nome relativo ao cadáver],
encaminhado a esta coordenadoria por meio da Guia Cadavérica nº [citar nº da guia]
expedida por esta delegacia, foi submetido à prévia avaliação por médico perito legista,
constatando-se, diante das circunstâncias que permeiam o caso, que se trata de cadáver
que não reclama procedimento necroscópico por parte da Pefoce, haja vista encontrar-
se envolto, até então, em circunstâncias que apontam apenas para causa mortis natural
e não violenta. Dessa forma, o corpo será transladado ao Serviço de Verificação de
Óbito (SVO), órgão ligado à Secretaria de Saúde do Estado do Ceará, ou aos cuidados
da Secretaria de Saúde do município onde ocorreu o óbito.
Informamos que o SVO tem por atribuição institucional esclarecer a causa da morte
nos óbitos relacionados à causa natural, ainda sem elucidação diagnóstica, com ou sem
assistência médica.
Ressaltamos ainda que a Pefoce/Comel tem por missão precípua realizar exames
periciais e pesquisas médico e odonto legais de interesse das investigações criminais,
realizando procedimentos necroscópicos em vítimas de morte violenta ou suspeita de
violência e em mortes de indivíduos não identificados, intrinsecamente ligados,
portanto, a circunstâncias jurídico criminais.
Dessa forma, considerando as especificidades das atribuições dos órgãos públicos
em questão, tendo em vista que não há na guia cadavérica ou outro documento
expedido pela Delegado de Polícia qualquer informação que correlacione o cadáver a
circunstâncias violentas a serem apuradas e considerando as informações contidas no
relatório fundamentado em anexo expedido por este médico perito legista regulador,
estamos dando ciência a vossa senhoria do translado do cadáver para aquele órgão de
saúde pública (SVO) ou aos cuidados da Secretaria de Saúde do município [cidade do
fato].
Para fins de ciência e providências administrativas referentes a procedimento
investigatório eventualmente existente relacionado à guia cadavérica em questão.
Atenciosamente,
_______________________________
Médico Perito Legista Regulador
Coordenadoria de Medicina legal
ANEXO V
DO PROCEDIMENTO PARA COLETA DO MATERIAL GENÉTICO DESTINADO À
COORDENADORIA DE ANÁLISES LABORATORIAIS FORENSE (CALF) DA PEFOCE

I. DA COLETA DO MATERIAL GENÉTICO

• Deverá ser coletado sangue periférico ou da cavidade cardíaca, da veia femoral


ou de outros vasos, desde que o seu conteúdo esteja preservado e se mantenha
a integridade da amostra.
• Não deverá ser coletado sangue da cavidade torácica ou abdominal, devido a
possíveis contaminações, também, por conteúdo estomacal e/ou intestinal.
• As coletas serão procedidas utilizando-se materiais fornecidos pela Pefoce. Em
cada procedimento, deverão ser utilizados 02 (dois) swabs estéreis ou papel tipo
FTA, o que estiver disponível, conforme protocolo adotado pela CALF.

II. DO ACONDICIONAMENTO E TRANSPORTE NO MATERIAL BIOLÓGICO COLETADO

• No caso de a coleta ser realizada com swabs, estes deverão ser acondicionados
em caixa padrão própria para o transporte, que deverá ser também fornecida pela
Pefoce, contendo a devida identificação do cadáver à qual se relaciona. Os swabs
não deverão ser guardados, armazenados ou enviados em saco plástico.
• No caso de a coleta ser realizada em papel FTA, o kit também será fornecido pela
Pefoce, e deverá ser acondicionado de acordo com instruções próprias.
• Não há necessidade de armazenar tanto os swabs como o papel FTA em
geladeira ou freezer, podendo ser mantidos à temperatura ambiente até posterior
entrega à CALF.
• Ressalte-se que o calor e a umidade excessiva podem degradar o DNA.

III. DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA PARA ENCAMINHAMENTO DE AMOSTRAS

• Os materiais deverão ser encaminhados cada qual acompanhado de seu


respectivo ofício.
• O ofício, nos termos padronizados pela CALF, deverá ser confeccionado em 02
(duas) vias com a finalidade de cadastro e controle no sistema informatizado da
Pefoce, o Galileu, devendo constar, necessariamente, as seguintes informações:
nome do cadáver, filiação e descrição do tipo de material coletado.
• Anexo ao ofício que encaminha a amostra, deverá ser também remetido,
devidamente preenchido, o formulário de informações de coleta de acordo com
modelo fornecido pela CALF, conforme anexo VI.
• Deverão ser remetidas cópias de documentos de identificação porventura
apresentados e relacionados ao cadáver, bem como cópia do Informativo Técnico
eventualmente produzido pela CIHPB conforme o caso.
ANEXO VI
FORMULÁRIO DE ENCAMINHAMENTO DE MATERIAL GENÉTICO COLETADO
PELO SVO E DESTINADO À COORDENADORIA DE ANÁLISES LABORATORIAIS
FORENSES (CALF) DA PEFOCE

I – DADOS DA VÍTIMA
Nome:
Data de Nascimento:
Documento de Identificação:
Filiação:

II – DADOS DA OCORRÊNCIA
Data/hora aproximada do óbito:
Local do óbito:

III – MATERIAL COLETADO:

IV – DADOS DO MÉDICO RESPONSÁVEL PELA COLETA


Data do encaminhamento: Hora:
Nome:
CRM/Matrícula Funcional:
Assinatura:
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

SESA Secretaria de Saúde do Estado do Ceará


SSPDS Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará
PEFOCE Perícia Forense Do Estado Do Ceará
SVO Centro de Serviço de Verificação de Óbito Dr. Rocha Furtado
CIOPS Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança
SAMU Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
CTPS Carteira de Trabalho e Previdência Social
LIN Laboratório de Identificação Necropapiloscópica
SIHPB Sistema de Identificação Humana e Perícias Biométricas
CIHPB Coordenadoria de Identificação Humana e Perícias Biométricas
CALF Coordenadoria de Análises Laboratoriais Forenses
BNPG Banco Nacional de Perfis Genéticos
NUCCE Núcleo de Controle Cartorial e Expediente
COPEC Coordenadoria De Perícia Criminal
COMEL Coordenadoria de Medicina Legal

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