Movimentos Sociais - Negros, Indigenas e Mulheres
Movimentos Sociais - Negros, Indigenas e Mulheres
Movimentos Sociais - Negros, Indigenas e Mulheres
Os negros no pós-Abolição
O mundo do trabalho
Passadas as comemorações, os libertos procuraram se firmar socialmente como pessoas
livres. Nas áreas rurais, negociaram com os senhores sua permanência nas fazendas em troca
de salário, do direito de ter a própria roça e de um tratamento digno.
Muitas vezes, ao ver que o tratamento a eles continuava o mesmo, os libertos ocupavam
terras abandonadas, onde cultivavam mandioca e criavam animais. Ou então se mudavam para
as cidades em busca de uma vida melhor. Nas cidades, alguns conseguiam se empregar nas
fábricas que surgiam; outros continuavam desempregados, pois a maioria dos empregos era
dado aos imigrantes europeus. Outros ainda viviam de fazer “bico” em troca de pouco dinheiro.
Os libertos também tinham de enfrentar o racismo e a violência policial, que os impediam
de circular livremente pelas ruas ou de praticar suas religiões. Nesse contexto, surgiu a imprensa
negra.
A imprensa negra
Antes e depois da abolição, a comunidade negra nunca deixou de lutar por direitos,
criando jornais próprios: a chamada imprensa negra.
Os primeiros jornais editados por negros são do final do século XIX. O Treze de Maio, A
Pátria, O Exemplo, que circulou em porto alegre, são exemplos. Depois vieram O Baluarte, A
Pérola, O Menelick, O Alfinete, O Kosmos e O Clarim da Alvorada.
Nas primeiras décadas do século XX, o tema predominante desses jornais era a denúncia
do racismo, da falta de oportunidades e da violência. Esses jornais publicavam também matérias
sugerindo comportamentos à população negra, estimulando sua autoestima e valorizando suas
formas de associação e participação política. Homenageavam personalidades negras, elevando-
as ao estatuto de heróis, e também divulgavam bailes e salões onde se permitia a entrada de
negros.
Os negros se encontravam em salões alugados para bailes, onde exibiam suas danças,
elegância de gestos e modos que convinham aos “homens e mulheres de cor”, na linguagem da
época.
Os indígenas na República
Com a proclamação da República, ocorreu uma mudança importante na abordagem da
questão indígena: Ele não era visto como “bom selvagem”. A República não olhou para o
indígena, e sim para as figuras como a de Tiradentes e a dos Bandeirantes. Tiradentes por se
opor à Monarquia e como a República precisava de um herói, ele foi o escolhido. Já os
Bandeirantes, que caçavam índios, foram transformados em heróis, figuras decisivas para a
expansão e a formação territorial do Brasil.
Os hábitos e costumes indígenas incorporados pelos “bandeirantes” foram esquecidos. A
língua Tupi, usada como língua-geral no território colonial durante os primeiros séculos, também
foi esquecida. Já a ideia de “guerra justa” para justificar a escravidão indígena foi revalorizada.
No campo econômico, o avanço das fazendas de café rumo ao interior vinha se fazendo
por meio da tomada das terras e das vidas dos indígenas. Na época, alguns homens públicos
chegaram a defender o extermínio dos indígenas para que a “civilização” pudesse triunfar. No
início do século XX a questão indígena passa a ser um problema nacional e precisava ser
resolvida. Surgiram diferentes propostas para resolvê-la e uma delas foi a criação do Serviço de
Proteção aos Índios (SPI), cuja função era prestar assistência aos indígenas.
Movimento de mulheres
A partir do advento da República, também as aspirações das mulheres foram mudando
significativamente. Elas passaram a reivindicar o acesso pleno à educação, indispensável à
autossuficiência econômica, e o direito de votar e de serem eleitas, indispensável à cidadania
plenas.
A Constituição de 1891, negou o direito da mulher ao voto. A advogada Myrthes Campos
e a professora Leolinda Daltro tentaram se alistar para votar, mas tiveram seus pedidos negados.
Leolinda reagiu fundando em 1910 o Partido Republicano Feminino. Em 1917, ela organizou
uma passeata com 84 mulheres no centro do Rio. No mesmo ano, o deputado Mauricio de
Lacerda apresentou um projeto de lei favorável ao voto feminino, mas o projeto não chegou a
ser discutido: as autoridades se opunham às lutas das mulheres por direito. A imprensa
engrossava o coro antifeminista, ridicularizando as demandas das mulheres com piadas,
ilustrações e charges de mau gosto.
É nesse contesto que a feminista Bertha Lutz chega da Europa, em 1918, disposta a lutar
pela emancipação da mulher no Brasil.