Scardoso, v49 n4 02
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Scardoso, v49 n4 02
NÍVEL SEGMENTAR
ABRÃO ANGHINAH *
NEURÔNIOS SENSITIVOS
Xa raiz posterior os vários tipos de fibras sensitivas que não são anatô-
micamente separáveis o foram, entretanto, mediante investigações eletrofisio-
lógicas.
O nervo periférico é constituído por fibras sensitivas mielínicas finas e
grossas, fibras amielínicas e fibras somáticas motoras.
Investigações mais recentes de Lloyde e C h a n g 1 4 e de Lloyd 13 permi-
tiram classificar as fibras nervosas nos seguintes grupos: Grupo I, fibras
mielínicas pelas quais transitam impulsos provindos de músculos e com espes-
sura e m torno de 22 \i; Grupo II, fibras mielínicas que levam influxos
provindos da pele e músculos, com cerca cie 8 LI de espessura: Grupo III,
fibras mielínicas e amielínicas por onde transitam impulsos provindos da
pele e músculos, com cerca de 3 u. de espessura; Grupo IV. fibras amielínicas
com 0,4 a 1,2 u. de espessura, que levam ao sistema nervoso central os in-
fluxos dolorosos. Por outro lado, H u n t 9 investigou e identificou as origens
das fibras aferentes provindas dos músculos gastrocnêmio e solear do gato.
Verificou que os aferentes do grupo I do F M (também denominados Ia)
provêm das terminações primárias ou anulospirais, e as do Grupo II se ori-
ginam nas terminações secundárias ou e m buquê; as fibras provindas dos O T
de Golgi são classificados no Grupo I e, e m virtude de serem menos es-
pêssas, foram denominadas Ib.
O corpo celular do primeiro neurônio das vias sensitivas ou aferentes,
encontra-se nos gânglios da raiz posterior e nos homólogos dos nervos cra-
nianos; seus prolongamentos centrais penetram na medula espinal pelo sulco
lateral posterior.
Segundo Basmajian 2 o desenvolvimento de técnicas de estimulação elé-
trica de raízes dorsais aplicadas por Piper no h o m e m , b e m como o re-
gistro da atividade elétrica obtida nos músculos por Hoffman, deu início
a nova era da fisiologia experimental. A eletrofisiologia dos proprioceptores
musculares foi estudada por Adrian e Zotterman e m músculos da rã e por
Matthews, que registrou pela primeira vez os potenciais de descarga dos F M
e O T e m músculos do gato.
A distinção entre fibras Ia e II só pode ser feita pelas diferentes velo-
cidades de condução do influxo nervoso, pois, ambas possuem período cie
silêncio semelhante durante a contração muscular e ambas são ativadas pelo
estiramento; as terminações e m buquê têm limiar de excitabilidade mais
elevado. A s fibras do Grupo Ib diferem não só pela resposta durante a
contração muscular como também por seu elevado limiar de excitabilidade
durante o estiramento.
NEURÔNIOS INTERNUNCIAIS
que, por sua vez, se dispõem em planos abstratos; entretanto, para Szenta-
gothai19 tais conexões lineares simples praticamente não existem perante a
realidade anatômica.
Investigações realizadas por Lorente de N ó 1 5 na formação reticular do
encéfalo de gatos demonstram que as fibras que se articulam com interneu-
rônios ou motoneurônios pertencem a "complexos neuronais", razão pela qual
não conduzem influxos isolados. Para Lorente de Nó, as sinapses interneu-
ronais obedecem a duas regras gerais: 1) multiplicidade, na qual cada inter-
neurônio constitui u m elo que conecta grupos de neurônios entre si; 2)
reciprocidade, na qual cada grupo de interneurônios vinculados a vários outros,
articula-se a outros mediante colaterais recorrentes de seus axônios.
Para Szentagothai19, estas verificações não constituem exclusividade da
formação reticular sendo, talvez, melhor compreendidas quando aplicadas à
medula espinal. Vejamos pois, como estes princípios funcionam nas conexões
entre neurônios que compõem o arco reflexo espinal.
Segundo Brodal 3 as observações de Cajal, Rasdolsky e Shimert demons-
tram que fibras da raiz dorsal vão conectar-se diretamente com células da
coluna cinzenta anterior da medula espinal. Investigações recentes de Sprague
(cit. por Brodal 3 ) demonstram que as fibras da raiz dorsal não só estabe-
lecem sinapse com células da coluna cinzenta anterior do m e s m o segmento
(conexões que são principalmente ipsolaterais, e e m parte são contralaterais
em segmentos sacros inferiores), como também se dirigem para células da
coluna cinzenta anterior situadas u m ou dois segmentos acima ou abaixo,
fatos estes que concordam com as verificações fisiológicas de que os aferentes
de u m dado músculo podem ativar outros músculos geralmente sinérgicos
(ativação heterônima de Eccles, Eccles e Lundberg). Schimert (cit. por Bro-
dal3) mediante secção de raízes cervicais, torácicas e lombossacras cio gato,
acompanhou o trajeto da degeneração das fibras, tendo constatado a exis-
tência de colaterais que se dirigem para as colunas cinzentas anteriores de
4 a 5 segmentos acima e 2 a 3 segmentos abaixo do nível de secção da raiz
correspondente. Tais achados não permitiram concluir se tais fibras eram
colaterais de fibras ascendentes ou se eram fibras diretas. C o m o mediante
investigações eletrofisiológicas não se capta atividade e m fibras dos funículos
dorsais após a estimulação dos F M , pode-se admitir que também os colaterais
destas fibras não são ativados. Por outro lado, a passagem de tais influxos
foi registrada por Laporte e Lundberg (cit. por Brodal 3 ) no trato espino-
cerebelar dorsal, que se origina nas células da coluna de Clarke; esta obser-
vação permite supor que as fibras da raiz dorsal que se dirigem para as
células da coluna cinzenta anterior são colaterais de fibras que chegam à
coluna de Clarke; faltam, entretanto, dados anatômicos que comprovem esta
hipótese.
D o ponto de vista fisiológico, importa saber se os aferentes da raiz pos-
terior que se conectam com as células da coluna cinzenta anterior da medula
espinal são diretos ou colaterais cie fibras ascendentes que chegam à coluna
de Clarke.
A maioria das investigações, por motivos de ordem prática, foi realizada
e m raízes lombossacras e e m músculos dos membros inferiores.
Segundo Oscarson, Eccles e Hubard (cit. por Brodal 3 ), os influxos oriundos
cie O T (grupo de fibras aferentes Ib) não ativam monossinàpticamente as
REVISTA DE MEDICINA
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TRATOS ESPINOCEREBELARES
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AGONISTA ANTAGONISTA
e constatou que ela ficava hipotônica. Tais fatos permitiram comprovar que
o tono do músculo esquelético e a manutenção da postura são regulados por
mecanismo reflexo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS