Temas em Educação
Temas em Educação
Temas em Educação
Múltiplos olhares
organizadoras:
junqueira&marin
editores
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Coordenação: Dinael Marin
Capa, Projeto Gráfico e Diagramação: www.zerocriativa.com.br
Impressão: Gráfica Compacta
Revisões: sob responsabilidade das organizadoras
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CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
T278
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-86305-69-6
...............................................................................................................................
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
...............................................................................................................................
CONSELHO CONSULTIVO
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................. 13
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 16
PARTE I
PARTE II
PARTE III
PARTE V
PARTE VI
PARTE VII
PARTE VIII
INCLUSÃO:
Produção científica,
políticas públicas, formação de professores,
ensino colaborativo
A INTEGRAÇÃO E A INCLUSÃO NA REVISTA BRASILEIRA DE
EDUCAÇÃO ESPECIAL: 1994 A 2004
Introdução
Objetivos
Objetivo geral
Objetivos específicos
Metodologia
Tipo de Pesquisa
Universo e População
Coleta de dados
Foi utilizada uma ficha contendo questões voltadas para os objetivos deste
estudo. Tivemos como referência para a elaboração das fichas os trabalhos de Silva (1997).
Resultados e discussão
Nível Técnico
ARTIGOS
ANO VOLUME NÚMERO Página RELACIONADOS À
TEMÁTICA
1995 02 03 21-30 Integração
1996 02 04 111-119 Integração
1999 03 05 73-86 Integração
1999 03 05 87-96 Integração
2000 06 01 27-42 Integração
2001 07 02 1-10 Inclusão
2001 08 01 15-26 Integração
2002 08 01 45-54 Inclusão
2002 08 02 157-168 Integração/inclusão
2002 08 02 233-244 Inclusão
2003 09 01 39-56 Inclusão
2003 09 01 57-78 Inclusão
2003 09 02 163-180 Inclusão
2003 09 01 181-194 Inclusão
2003 09 02 211-226 Inclusão
2004 10 01 1-14 Inclusão
Nível Teórico
Temáticas abordadas
Temáticas Abordadas
16
14
12
Número de artigos
10 9
8
6
6
4
2 1
0
Integração/ inclusão Integração Inclusão
Sub-temas
N u m ero d e A r
S u b -te m a s
16 11
12
8
4 1 1 1 2
0 s . .
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P S E
Verificamos que a maioria dos artigos abordados não trata de uma deficiência
específica, mas de aspectos gerais da deficiência. Em seguida, os dados apontam a
deficiência mental como a de maior incidência nos artigos publicados, devido a
preocupações com o processo educacional do aluno com Síndrome de Down. Isso pode
ser devido ao fato de a deficiência mental colocar em xeque a função primordial da
escola comum, que é a disseminação do saber (BRASIL, 2005), pelas peculiaridades do
subfuncionamento de suas funções cognitivas.
Problemas Priorizados
Quadro 1 - Demonstrativo do número e percentual dos problemas priorizados nos artigos da Revista
Brasileira de Educação Especial:
REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL
NÍVEL TEÓRICO
Objetivos Gerais
Quadro 2 - Demonstrativo do número e percentual dos objetivos dos artigos sobre inclusão e/ou integração
publicados na Revista Brasileira de Educação Especial:
REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL
Total 16 100%
Nível Metodológico
Concepção de Integração
Quadro 4 - Demonstrativo do número e percentual dos conceitos de integração encontrados nos artigos
publicados na Revista Brasileira de Educação Especial:
REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL
CONCEPÇÃO DE INTEGRAÇÃO
CONCEITOS NÚMERO PORCENTAGEM
Concepção educacional enquanto instrumento para o desenvolvimento
2 33.3
das potencialidades, do saber e da consciência crítica.
Concepção educacional voltada para a construção de uma sociedade
integradora, com estreitas relações com a realidade sócio-econômica e 2 33.3
políticas de um país.
Direito básico á educação, uma política nacional implicando em
1 16.7
mudanças de conceitos e atitudes de professores e colegas.
Fazer parte do espaço família e depois de toda a comunidade 1 16.7
Total 6 100%
Concepção de Integração/Inclusão
A partir das análises, foi possível verificar que a Revista Brasileira de Educação
Especial publicou sobre integração/inclusão priorizando a temática inclusão, o que já
era esperado, pois a partir de 1994, com a Declaração de Salamanca, norteou-se os novos
rumos da Educação Especial.
A Revista Brasileira de Educação Especial priorizou a deficiência mental,
discutindo as dificuldades educacionais no paradigma inclusivo. Priorizou, também, o
sub-tema ensino e aprendizagem, sendo esta também a principal preocupação voltada
para os estudos das dissertações e teses em educação especial.
Contudo, os objetivos e problemas mais evidenciados foram direcionados
para temas bastante diversificados, o que dificulta a análise mais profunda sobre um
assunto específico.
Concluímos que essas produções, de alguma forma, trouxeram reflexões
significativas para a área, no entanto, seria necessária para o seu melhor desenvolvimento
uma política que norteasse os rumos das publicações, nesse caso, os voltados para a
inclusão.
Notas
1
Mestre em Educação Especial pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Especial/ PPGEEs - UFSCar.
Professora da FAFICH (Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas de Goiatuba/Go).
2
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação Especial /PPGEEs – UFSCar.
3
Grupo de Trabalho 12 “Educação Especial” no III Simpósio Brasileiro de Pesquisa e Intercâmbio Científico
da ANPEPP (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Psicologia) de Águas de São Pedro,
entre dias 26 a 30 de agosto de 1990; na XIII Reunião da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa
em Educação (ANPED); no Encontro Nacional para discussão de Política Nacional para a Integração das
Pessoas Portadoras de Deficiência no Sistema Regular de Ensino, eventos acontecidos em 1990; na XIII
Reunião ANPED, em outubro de 1990; no Encontro Nacional para discussão de Política Nacional par
Integração das Pessoas Portadoras de Deficiência no Sistema Regular
Referências bibliográficas
Introdução
[...] a ciência será essencial para que a sociedade brasileira contribua de maneira
intencional e planejada para a superação de uma educação especial que atua contra
os ideais de inclusão social e plena cidadania. Traduzir a educação inclusiva das
leis, dos planos e das intenções para a realidade requer produção de conhecimento
e prática e essa é uma tarefa para a pesquisa científica [...]. (p. 230).
Objetivos
Metodologia
1) Área: os periódicos de Psicologia e Educação foram escolhidos por serem áreas que
historicamente pesquisam e têm práticas profissionais no âmbito da educação escolar
voltadas para as pessoas com NEE. Estas duas áreas também constituíram o foco do
trabalho de Nunes, Ferreira & Mendes (2004), mas, neste caso, analisaram-se
dissertações e teses sobre NEE em geral.
2) Temporal: adotou-se o ano de 1995 como ponto de partida e o de 2004 como marco
final do recorte temporal, abrangendo uma década de publicação. Há que se reiterar
que em 1994, mais precisamente no dia 10 de junho, foi aprovada por aclamação a
Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994); marco fundamental da educação
inclusiva.
3) Qualidade: somente periódicos avaliados como ‘A’ no sistema de Classificação de
Periódicos, Anais, Revistas e Jornais da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior) de 2003, isto é, ‘Qualis A’, compuseram o rol de periódicos
pesquisados. Para esta avaliação, ‘A’ constitui o nível mais elevado de qualidade.
4) Abrangência: foram consultados somente periódicos com abrangência nacional, pois
têm divulgação em praticamente todo o Brasil. Assim, descartaram-se os locais, por
ficarem restritos a certas regiões, e os internacionais, por não contemplarem os
objetivos estabelecidos. No entanto, incluíram-se, também, periódicos publicados no
Brasil com abrangência Internacional.
5) Tipológico: analisaram-se somente artigos, uma vez que eles constituem o principal
canal de comunicação do saber científico.
6) Temático: evidentemente, restringiu-se a busca aos artigos cujo tema é inclusão escolar.
Porém, outras expressões também foram incorporadas, tais como educação inclusiva,
escolas inclusivas e integração escolar.
Resultados e Discussão
Tabela 1: Distribuição temporal da produção científica de artigos sobre inclusão escolar publicada em Periódicos
‘Qualis A Nacional’ na primeira década pós-Declaração de Salamanca por área.
Área
Ano de
publicação Psicologia Educação Total
n % n % n %
1996 2 13,33 2 6,67
1998 1 6,67 1 3,33
1999 2 13,33 2 6,67
2000 8 53,33 1 6,67 9 30,00
2001 2 13,33 1 6,67 3 10,00
2002 1 6,67 1 3,33
2003 1 6,67 5 33,33 6 20,00
2004 2 13,33 4 26,67 6 20,00
Total 15 100,00 15 100,00 30 100,00
Tabela 2: Periódicos ‘Qualis A Nacional’ que publicaram artigos sobre inclusão escolar na primeira década pós-
Declaração de Salamanca por área.
Área
Título do periódico Psicologia Educação Total
n % n % n %
Cadernos Cedes 1 6,67 1 3,33
Cadernos de Psicologia 1 6,67 1 3,33
Educar 6 40,00 6 20,00
Educação 7 46,67 7 23,33
Estilos da Clínica 10 66,67 10 33,33
Estudos de Psicologia (Campinas) 2 13,33 2 6,67
Estudos de Psicologia (Natal) 1 6,67 1 3,33
Psicologia da Educação 1 6,67 1 3,33
Revista Brasileira de Educação 1 6,67 1 3,33
Total 15 100,00 15 100,00 30 100,00
Para ilustrar, vale mencionar que, de acordo com o Qualis de 2003 (CAPES,
2003), havia mais de oito dezenas de periódicos da área de Educação que se enquadravam
nos critérios estabelecidos para o presente estudo, isto é, ser “A” nacional pelo menos.
Assim, fica evidente que a temática da educação inclusiva tem sido negligenciada pelo
meio científico e acadêmico. O estudo de Nunes, Ferreira & Mendes (2004), de certa
forma, já tinha constatado isto no âmbito das dissertações e teses de Psicologia e Educação.
A Tabela 3 contém o resultado referente ao tipo de artigo publicado. No
total (n = 19; 63,33%; ÷2o = 12,20; gl = 2; p = 0,00) e na área de Educação (n = 10;
66,67%; ÷2o = 7,60; gl = 2; p = 0,02) prevaleceram publicações que fazem revisão de
literatura e/ou reflexões teóricas. Apesar do expressivo número de estudos que revisam
literatura e refletem sobre as teorias (n = 9; 60%), não houve diferença entre os três
tipos de artigo (÷2o = 5,20; gl = 2; p = 0,07) em Psicologia.
Tabela 3: Tipos de artigos sobre inclusão escolar publicados em periódicos ‘Qualis A Nacional’ na primeira
década pós-Declaração de Salamanca por área.
Área
Tipo de artigo Psicologia Educação Total
n % n % n %
Revisão de literatura 9 60,00 10 66,67 19 63,33
Relato de pesquisa 4 26,67 2 13,33 6 20,00
Relato de experiência 2 13,33 3 20,00 5 16,67
Total 15 100,00 15 100,00 30 100,00
Tabela 4: Autoria dos artigos sobre inclusão escolar publicados em periódicos ‘Qualis A Nacional’ na primeira
década pós-Declaração de Salamanca por área.
Área
Tipo Psicologia Educação Total
n % n % n %
Individual 4 26,67 11 73,33 15 50,00
Múltipla 11 73,33 4 26,67 15 50,00
Total 15 100,00 15 100,00 30 100,00
Vale destacar que, apesar de não existir diferença entre autoria individual e
autoria múltipla, o resultado obtido é preocupante, mas se justifica se se considerar o
escore de artigos de revisão de literatura, pois geralmente este tipo de escrito é produzido
isoladamente. O que preocupa, neste resultado, diz respeito à possibilidade de que existam
poucos grupos de pesquisa produzindo pesquisas sobre inclusão escolar com elevada
qualidade.
Um resultado equivalente ao de autoria foi encontrado no que se refere à
abordagem das NEE adotadas pelas duas áreas focadas no presente estudo (Tabela 5).
Assim, ocorreu, no total, uma proporção igual (n = 15; 50%) de escritos que tratam das
NEE de forma geral e de publicações que as abordam de forma específica (Deficiência
auditiva, deficiência mental, deficiência visual, etc.). Também foi verificada uma diferença
significante entre as duas áreas analisadas (÷2o = 6,53; gl = 1; p = 0,01), sendo que em
Psicologia, a maioria dos artigos possui abordagem de NEE específicas (n =11; 73,33%)
e em Educação, prevalece uma abordagem geral das NEE (n =11; 73,,33%).
Dentre os vários tipos de NEE, seguindo uma classificação terapêutica (Cf.
GONZÁLES, 2002), apareceram a deficiência auditiva (n = 5; 16,67%), os distúrbios
globais do desenvolvimento (n = 5; 16,67%), a deficiência mental (n = 4; 13,33%) e a
deficiência visual (n = 1; 3,33%). Os escores descritos na frase anterior dizem respeito
ao total da produção científica analisada, sendo que cada uma das NEE específica teve
um artigo da área de Educação.
Área
Psicologia Educação Total
Abordagem
das NEE n % n % n %
Geral 4 26,67 11 73,33 15 50,00
Específicas 11 73,33 4 26,67 15 50,00
Total 15 100,00 15 100,00 30 100,00
Tabela 6: Temas dos artigos sobre inclusão escolar publicados em periódicos ‘Qualis A Nacional’ na primeira
década pós-Declaração de Salamanca por área.
Área
Temas Psicologia Educação Total
n % n % n %
Inclusão escolar: aspectos políticos,
7 46,67 11 73,33 18 60,00
históricos e conceituais
Personagens da inclusão escolar 4 26,67 1 6,67 5 16,67
Processos de inclusão escolar 4 26,67 3 20,00 7 23,33
Total 15 100,00 15 100,00 30 100,00
Notas
1
Departamento de Psicologia da UFJF.
Referências Bibliográficas
SANTOS, R. N. M. Produção científica: por que medir? o que medir? Revista Digital de
Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, v. 1, n. 1, p. 22-38, 2003.
Introdução
Objetivos
Metodologia
Mesmo podendo ser inserido no tema anterior por ser uma atuação no espaço
escolar, optou-se por destacar um novo tema uma vez que o número de textos encontrados
foi bastante expressivo sobre esse tipo de ação do terapeuta ocupacional.
Para tanto, considerou-se importante ressaltar que o objetivo do profissional
no espaço escolar também é o de melhorar o desempenho ocupacional da pessoa, ou
seja, na possibilidade de execução das tarefas cotidianas próprias de sua faixa etária. No
entender de Zulian (2007), o terapeuta ocupacional deve utilizar de diversas estratégias
para facilitar ou mesmo viabilizar tal desempenho, através de pequenas adaptações do
cotidiano até a utilização de recurso de alta tecnologia para interface do sujeito com
graves comprometimentos motores na vida digitalizada.
Assim, Rocha, Luiz & Zulian (2003) revelaram que mesmo que a ação do
terapeuta ocupacional na escola não seja clínica nem voltada para os aspectos específicos
dos alunos com necessidades especiais, alguns problemas específicos apresentados podem
ser atendidos por meio de intervenção simples.
Nesse sentido, foram encontradas publicações abordando a atuação direta
no ambiente escolar, especialmente quanto ao mobiliário adaptado e o manuseio da
criança, visando à adequação postural para um ganho no rendimento acadêmico. Dutra et
al (2002) mencionaram ainda outras adaptações que podem ser realizadas para leitura e
escrita.
Especificamente sobre Tecnologia Assistiva ou Tecnologia de apoio conforme
Rocha & Castiglioni (2005), o uso de computadores e periféricos especiais capacita o
aluno com severas incapacidades motoras a participar das atividades corriqueiras da sala
de aula. Nesse cenário, o terapeuta ocupacional é o profissional habilitado para adequar
e adaptar, desde a altura do mobiliário escolar (mesa, cadeira), passando pela altura do
monitor, ao uso de mouses especiais, teclados adaptados.
O reconhecimento, por parte do conselho profissional, de que a prescrição
desses recursos é atribuição do terapeuta ocupacional, abriu novas perspectivas de atuação,
numa sociedade marcada pelo uso de tecnologia para a comunicação, para o lazer, para o
trabalho, para o estudo e para participar socialmente.
Verificou-se, ainda, que o trabalho com Tecnologia Assistiva por terapeutas
ocupacionais no ambiente escolar tem produção desde a década de 1990, com atuações
marcantes em várias regiões brasileiras, a partir das narrativas encontradas.
Oliveira (2002), juntamente com uma equipe multiprofissional, é responsável
pela escolarização de crianças paralíticas cerebrais em Belém (PA). A citada autora afirma
que o uso de computador “oferece possibilidades lúdicas e também independência,
qualidade de vida e inclusão social a esse portador de deficiência”. (OLIVEIRA, 2002,
p. 20). Isso se dá principalmente através da ampliação de sua comunicação, mobilidade,
controle de seu ambiente, habilidade de seu aprendizado, competição, trabalho e integração
com a família, amigos e sociedade. Em sua opinião, com os recursos da informática, a
Considerações Finais
Notas
1
Docente do PPGEEs/UFSCar e do Curso de Terapia Ocupacional / UFSCar.
2
Terapeuta Ocupacional, mestre em Educação Especial, doutoranda em Educação Especial - PPGEEs/
UFSCar.
Referências bibliográficas
JURDI, A.P.S. & AMIRALIAN, M.L.T.M. A inclusão escolar de alunos com deficiência
mental: uma proposta de intervenção do terapeuta ocupacional no cotidiano escolar.
Estud. Psicol., Campinas, v.23, n. 2, p. 191-202, abr/jun, 2006.
LAUAND, G. B. Fontes de informação sobre tecnologia assistiva para favorecer a inclusão escolar de
alunos com necessidades especiais. (Tese de Doutoramento). Universidade Federal de São
Carlos, São Carlos. 2006.
LIMA, A.C. & SANTOS, S. C. Projeto Inclusão: uma experiência em construção. Rev.
Ter. Ocup. Bahiana, Salvador, v.1, p. 11-13. 2004.
MARINS, S.C.F. & PALHARES, M.S. Educação inclusiva: relato de uma experiência a
Partir da visão de gestores municipais. Cad. Ter. Ocup. UFSCar, São Carlos, v. 15, n. 1, p.
69-90, jan/jun, 2007.
PELOSI, M.B. O papel do terapeuta ocupacional na Tecnologia Assistiva. Cad. Ter. Ocup.
UFSCar, São Carlos, v. 13, n. 1, p. 39-45, jan/jun, 2005.
PELOSI, M.B.Por uma escola que ensine e não apenas acolha recursos e estratégias para
Inclusão escolar, In: MANZINI, E.J. (org) Inclusão e Acessibilidade. Marília: ABPEE, 2006.
p. 121-132.
ROCHA, E. F.; LUIZ, A. & ZULIAN, M.A.R. Reflexões sobre as possíveis contribuições
da terapia ocupacional nos processos de inclusão escolar. Rev. Ter. Ocup. USP, São Paulo,
v. 14, n. 2, p. 72-78, mai/ago, 2003.
ROCHA, E.F., & CASTIGLIONI, M.C. Reflexões sobre recursos tecnológicos, ajudas
técnicas, tecnologia assistiva, tecnologia de assistência e tecnologia de apoio. Rev. Ter.
Ocup. USP, São Paulo, v. 16, n. 3, p. 97-104, set/dez, 2005.
Introdução
Objetivos
Metodologia
Resultados e discussão
TABELA 1: Matrículas* na educação especial, educação infantil e ensino fundamental por rede de ensino -
Maranhão - 1997-2002
NÍVEL/MODALIDADE ANO
REDE DE ENSINO
DE ENSINO 1997 2002**
TOTAL 4.840 6.703
FEDERAL 0 02
EDUCAÇÃO ESPECIAL ESTADUAL 2.550 2.796
MUNICIPAL 808 1.368
PRIVADA 1.482 2.537
TOTAL 247.436 332.216
FEDERAL 0 64
PRÉ-ESCOLAR ESTADUAL 31.319 10.022
MUNICIPAL 152.899 259.662
PRIVADA 63.218 62.468
TOTAL 1.480.256 2.264.174
FEDERAL 1.181 1.046
ENSINO
ESTADUAL 430.731 395.579
FUNDAMENTAL
MUNICIPAL 907.721 1.776.693
PRIVADA 140.623 91.396
TABELA 2: Matrículas* na educação especial por rede de ensino Brasil – Região Nordeste - Maranhão - 1998-
2002
ANO EVOL. 1998-
REDE DE
UNIDADE FEDERATIVA 2002
ENSINO 1998 2002 (%)
TOTAL 337.326 448.601 32,9
ESTADUAL 115.311 120.287 4,3
BRASIL
MUNICIPAL 63.155 118.143 87,0
PRIVADA 157.962 209.367 32,5
TOTAL 53.722 77.323 43,9
ESTADUAL 22.578 25.752 14,0
NORDESTE
MUNICIPAL 10.361 21.988 112,2
PRIVADA 20.783 29.573 42,2
TOTAL 5.110 6.703 31,1
ESTADUAL 2.775 2.796 0,7
MARANHÃO
MUNICIPAL 874 1.368 56,5
PRIVADA 1.461 2.537 73,6
Fonte: MEC/INEP/SEEC, 2002
*Matrículas em escolas ou classes especiais e em classes comuns (com ou sem salas de recursos).
Notas: (1) Os dados de 1997 não discriminam as matrículas em escolas ou classes especiais e em classes
comuns.
(2) A rede federal não foi incluída por apresentar um número reduzido de matrículas na educação
especial no Maranhão
Conclusão
Notas
1
Texto baseado na tese de doutorado em educação intitulada A Política Estadual Maranhense de
EducaçãoEspecial (1997-2002), UNIMEP, Faculdade de Ciências Humanas, 2004. Com o financiamento do
PICDT/CAPES
2
Lei 9394/96 (LDB); Emenda Constitucional 14/96; Lei 9.424/96 (FUNDEF); Lei 10.172/71 (PNE). Da
educação especial: Decreto 3.298/99; Resolução 02/01 do Conselho Nacional de Educação (CNE/CEB).
3
Professora adjunta da Universidade Federal do Maranhão.
4
Documentos de governo: Planos Plurianuais 1996-1999 e 2000-2003; Plano de Desenvolvimento Econômico
e Social Sustentável do Maranhão de 2002; Mensagens da governadora dos anos de 1997, 2001 e 2002;
Relatório de Atividades 1995-1998. Da educação: Diretrizes Políticas para a Educação 1995-1998; Plano
Estadual de Educação 1995-1998; Plano Plurianual de Capacitação 1995-1997; Diretrizes Políticas para a
Educação 1999-2002. Da educação especial: Resolução 177/97 do Conselho Estadual de Educação do
Estado do Maranhão (CEE/MA); da Assessoria de Ensino Especial foram analisados projetos, relatórios
anuais e outros denominados neste estudo documentos gerais por apresentarem informações globais
sobre a educação especial.
Introdução
Objetivos
Metodologia
Análise e discussão
Conclusão
Notas
1
Doutorando em Educação pela Universidade Estadual Paulista (UNESP/MARÍLIA), Mestre em Cognição
e Linguagem pela Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), Conselheiro da área de deficiência
visual do Conselho Municipal de Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência de Duque de Caxias.
Referências bibliográficas
SANTOS, M. (Org.). Controle social sobre o orçamento: Duque de Caxias-2003. In: Boletim
Especial do Observatório da Baixada. Rio de Janeiro: FASE, 2004.
Paola Bisaccioni1
Enicéia Gonçalves Mendes2
Introdução
No Brasil, o movimento pela Educação Inclusiva tem tido seu maior impacto
na discussão das políticas públicas educacionais para crianças e jovens com necessidades
educacionais especiais ou no contexto da Educação Especial, uma vez que essa parcela
da população vem sendo historicamente excluída da escola e da sociedade.
Apesar da força dos argumentos que apóiam a inclusão, existe uma
considerável variabilidade nos modos e extensão com que as práticas inclusivas têm sido
implementadas e ainda existem controvérsias sobre a conveniência da inclusão de todas
as crianças. Assim, o debate acerca da educação inclusiva vem sendo um assunto freqüente
em nosso país, mas a matrícula de alunos com necessidades educacionais especiais em
classes comuns das escolas regulares, uma garantia legal alcançada há aproximadamente
17 anos, parece estar avançando muito lentamente.
Bueno (2001) defende realisticamente que a inclusão escolar em nosso país
deva ser um processo gradativo, sistemático, contínuo e planejado. Também defende que
o estabelecimento de diretrizes e ações políticas inclusivas exige ousadia e coragem, mas
também prudência e sensatez, de tal forma que se constitua efetivamente numa realidade
de fato. Ainda segundo esse autor, o grande desafio dos sistemas de ensino seria
implementar procedimentos pedagógicos que respeitem à diversidade social e cultural
dos alunos e que contemplem as diversas formas como cada um deles incorpora e expressa
o “saber escolar”.
Assim, considerando que se encontra legalmente estabelecido o direito dos
alunos com necessidades especiais de ingressar nas classes comuns seria preciso, portanto,
preparar o educador para recebê-los, pois a inclusão de crianças com características diversas
vem impondo aos educadores muitas questões.
Fundamentalmente, parece necessário produzir conhecimento sobre como
deve ser formado o professor especializado e como deve ser capacitado o professor do
ensino regular para fazer frente à inclusão. Entretanto, também parece necessário conhecer
um pouco mais a realidade de nossas escolas e os desafios que representam para o professor
do ensino regular ter um aluno com necessidades especiais em sua turma.
Objetivos
Resultados e Discussão
Conclusões
Notas
1
Graduação em Psicologia pela Universidade Federal de São Carlos, Bolsista IC-CNPq
2
Professora do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Educação Especial da
Universidade Federal de São Carlos.
Referências bibliográficas
FALVEY, M. A.; GIVNER, C.C. & KIMM, C. O que eu farei segunda-feira pela manhã?
In: STAINBACK, S.B.; STAINBACK, W. (orgs.). Inclusão: um guia para educadores. Tradução:
Magda França Lopes. Porto Alegre: Artmed, 1999.
MITTLER, P. O futuro das escolas especiais. Pátio Revista Pedagógica, Porto Alegre, ano
VIII, n. 32, novembro, 2004.
Ione Arsenio1
Maria Cristina Bergonzoni Stefanini2
Silvia Angelita Rosa3
Introdução
Objetivo
Neste trabalho, temos como intuito fazer um relato das percepções dos
professores com relação à escolarização de alunos com acentuadas dificuldades de
aprendizagem, percepções estas abordadas em um Grupo Educacional Terapêutico (GET).
Os encontros do grupo ocorreram em uma unidade escolar pública, municipal, de Ensino
Fundamental, situada em uma região periférica de uma cidade do interior do Estado de
São Paulo. Na época do desenvolvimento deste projeto – ano de 2005 –, a escola estava
organizada em séries de 1ª a 4ª e atendia cerca de 520 alunos.
A principal queixa dos professores que deu origem ao GET foi a dificuldade
com relação à alfabetização de alunos que apresentavam dificuldades acentuadas de
aprendizagem. Neste caso específico, procurou-se dar prioridade ao envolvimento dos
Método
“O que acontece aqui nessa escola é que o professor do ano seguinte sempre culpa o do ano anterior
pelas dificuldades que o aluno (com necessidades especiais) apresenta, dá a impressão de que não
trabalhamos nada, que não foi desenvolvido trabalho algum”. (P8)
“Eu tinha muito medo de que o trabalho que desenvolvi com o aluno Paulo não
tivesse dado certo, mas a professora que está com ele esse ano disse que ele já lê
e escreve algumas coisinhas”.
“Eu participo mas não quero falar em grupo não gosto”. (P2)
Isso foi algo que nos chamou a atenção, pois falar em grupo faz parte do
ofício de um professor. Em outros momentos, observamos pequenos atritos entre algumas
professoras que sinalizavam julgar as atividades realizadas pela colega em classe com
seus alunos, ou na comparação do trabalho pedagógico de uma e de outra.
“Você não deveria iniciar dessa forma com seus alunos, trabalhando somente a letra bastão.
Acho necessário a apresentação de todas as formas de escrita das letras minúsculas, maiúsculas
tanto de forma, como cursivas”. (P6)
Tais trechos das falas das professoras asseveram nosso entendimento de que
os professores são seus próprios algozes e isso se reflete em práticas educativas
individualizadas e solitárias, posto que, aparentemente pelo medo de se expor e de expor
as suas dificuldades, os professores não desenvolvem efetivamente ações de troca e de
parceria em uma escola.
“Eu fico com medo, não tenho preparo, acho que não dou conta. Antes a escola não trabalhava
com esse tipo de aluno por isso ela era melhor. Eu fico com medo porque a gente nem consegue
trabalhar com a classe toda satisfatoriamente e os outros vão falar”. (P6)
“Me faz sentir muito mal quando a gente vê que tentou de tudo com o aluno e ainda assim ele não
aprende. É difícil muito... pois eu por exemplo, não tive formação na faculdade para trabalhar
com esse aluno que não aprende as vezes acho que não sei ensiná-lo”. (P10)
Embora ao longo dos encontros do GET seus membros fossem ficando mais
à vontade na exposição de suas idéias, podemos afirmar, a partir dos resultados e
discussões, que foi muito forte a necessidade de atitudes de verticalidade e direcionalidade
durante os encontros; as professoras tiveram dificuldade em atuar juntas ou de fato,
atuar em grupo, estabelecendo ações cooperativas, de troca, de obrigações e
responsabilidades.
Deparar-se com um tipo de organização grupal per meada pela
horizontalidade, em que todos os integrantes possam trabalhar juntos, estabelecendo
responsabilidades de um ponto de vista coletivo, não é um processo fácil entre professores,
porém, se instituído, poderá trazer importantes contribuições na forma de ajuda mútua,
organização e cooperação para uma unidade escolar. Esta é a proposta da Pedagogia
Institucional que pode ser empregada tanto junto aos professores quanto junto aos alunos.
Ela, atualmente, é estudada no Brasil por Claudio Batista (2004, 2005), Aline Abrantes
(2007) e é também pelo pedagogo francês Philippe Meirieu (2002). Este último investiga
a formação do professor e é defensor de uma pedagogia diferenciada.
O trabalho com a diversidade dos alunos, que a Educação Inclusiva coloca
como desafio à escola, requer novas práticas e outros modelos de relações dentro do
âmbito escolar. Para nós, estas práticas devem procurar privilegiar o coletivo e o
colaborativo, visando a superar atitudes isoladas e individuais que criam nichos entre os
professores, fragilizando suas ações.
Na Pedagogia Institucional, a diferença entre os alunos não se constitui em
um problema, justamente essas diferenças são vistas como enriquecedoras em um
ambiente de aprendizagem. Isso porque ela rechaça a cultura da normalidade (MRECH,
2005) existente na escola, que compara os alunos sob parâmetros ou padrões que devem
ser atingidos por todos. Por privilegiar o trabalho com as diferenças, o trabalho em grupo
e valendo-se de técnicas que estimulam a ajuda mútua entre os participantes, a perspectiva
da Pedagogia Institucional surge como um importante instrumento no tocante à inclusão
escolar, não só do aluno com necessidades especiais, mas de todos aqueles que da escola
são excluídos.
Notas
1
Mestre em Educação Escolar pela UNESP/Araraquara –SP, doutoranda em Educação pela Universidade
Federal de São Carlos e assistente educacional pedagógica da Secretaria Municipal de Educação de Araraquara
– SP – email ione3@itelefonica.com.br
2
Professora Doutora da FCL-UNESP/Araraquara -SP do departamento de Psicologia da Educação.
4
O termo instituição não deve ser entendido como uma representação de um prédio, ou de uma burocracia,
mas sim como uma relação sistemática entre um grupo e regras.
Referências bibliográficas
ARSENIO, I. Análise dos obstáculos à inclusão escolar da pessoa com deficiência: uma revisão da
literatura especializada. São Carlos: Suprema, 2007.
BHERING, E. Percepções de pais e professores sobre o envolvimento dos pais na educação infantil e
ensino fundamental. v. 3. Itajaí/SC: Contrapontos, 2003.
CONTRIN, J.T.D. Grupo escolar e inclusão: um estudo sobre a articulação grupal dos
profissionais da escola frente à inclusão educacional. (Dissertação de Mestrado).
Universidade Estadual Paulista, Marília, 2003.
MEIRIEU, P. A pedagogia entre o dizer e o fazer: a coragem de começar. 1. ed., Porto Alegre:
Artmed, 2002.
VASQUEZ, A. & OURY, F. Hacia uma pedagogia institucional. Madri: Editorial Popular,
2001.
Introdução
[...] (1) quando se está interessado numa instância em particular, isto é, numa
determinada instituição, numa pessoa ou num específico programa ou currículo;
(2) quando se deseja compreender profundamente essa instância em particular
em sua complexidade e em sua totalidade; (3) quando se estiver mais interessado
naquilo que está ocorrendo e no como está ocorrendo do que nos seus resultados;
(4) quando se busca descobrir novas hipóteses teóricas, novas relações, novos
conceitos sobre um determinado fenômeno; e (5) quando se quer retratar o
dinamismo de uma situação numa forma muito próxima do seu acontecer natural.
(p. 51-52).
Para isso, foi realizada uma revisão bibliográfica sobre a problemática e sobre
o histórico da deficiência, da educação especial e da inclusão de alunos com deficiência
no sistema regular de ensino. Carl R. Rogers (1997) e a Abordagem Centrada na Pessoa
contribuem para, por meio das condições facilitadoras das relações interpessoais,
elencarmos algumas das categorias de análise da presente pesquisa: Autenticidade,
Aceitação Positiva Incondicional e Compreensão Empática. Durante coleta de dados,
tornou-se relevante o suporte teórico sobre Clima Organizacional Escolar, de Luc Brunet
(1992), professor pesquisador em Ciências da Educação da Universidade de Montreal,
no Canadá, que complementa a visão das categorias anteriores, incluindo outros atributos
organizacionais, como por exemplo, o papel da direção da escola na construção de um
clima organizacional positivo ou negativo.
No total, foram realizadas quatorze observações e cinco entrevistas,
totalizando 41 horas de coleta de dados, entre os meses de abril e dezembro de 2004. Na
primeira fase da pesquisa, as observações ocorreram em ambiente de sala de aula, com
uma turma de alunos e uma professora de escolaridade e, posteriormente, na segunda
fase, decidimos aprofundar o trabalho ampliando as opções de observação (reunião de
professores, intervalo, outros alunos e outras professoras, etc.), incluindo também as
entrevistas com quatro professoras e com a diretora da escola para verificarmos,
principalmente, as concepções que possuíam sobre os alunos, sobre o trabalho pedagógico
e sobre a escola.
Com a discussão sobre diversidade, sobre as desigualdades sociais que se
transformam em desigualdades escolares, surgem alguns estudos nas áreas de currículo e
formação de professores, e um dos autores que ajuda a entender as diferenças na sala de
aula é Philippe Perrenoud, sociólogo suíço. Em seu livro Pedagogia diferenciada: das intenções
à ação, Perrenoud, citado por André (2002), explica que as pedagogias diferenciadas:
[...] foi o termo a que recorremos para indicar uma correspondência mais
adequada entre a experiência e a consciência. Pode ainda ser ampliado de modo
a abranger a adequação entre a experiência, a consciência e a comunicação [...].
(ROGERS, 1997, p. 392).
“[...]até que metodologicamente, didaticamente, a instituição estava caminhando, mas eles [alunos]
eram tratados como crianças, e agiam como tal, e as famílias também”.
Esse cuidado com o funcionário, com o professor, nas suas dúvidas, angústias,
medos frente ao desconhecido são apontados como uma das marcas de situações escolares
bem sucedidas no que tange à inclusão, como afirma Amaral (2002):
Nesse sentido, as atitudes que Rogers (1997) postula podem ser facilitadoras
nesse processo de escuta da direção e coordenação pedagógica frente às novas vivências
da equipe docente. Na medida em que há esse espaço dentro da escola, cada vez mais as
situações podem ser trabalhadas de maneira mais eficaz, amenizando as barreiras
atitudinais entre todos os atores educacionais envolvidos. Segundo Rogers (1997), as
atitudes facilitadoras podem ser manifestadas de maneira verbal ou não-verbal. Durante
observação constatamos que, durante uma interação, há o olhar atento em direção ao
olhar do outro, um dos sinais de uma escuta ativa. Isso demonstra que há a busca de uma
comunicação efetiva por meio da aceitação positiva e da empatia, embora exista a
dificuldade de comunicação com alguns alunos, como afirma uma das professoras:
“[...] às vezes eu tenho medo de não entender o que o aluno tá falando, de não
compreender o que ele tá falando, então, eu me preocupo um pouco. Eu acho...
pra mim é uma dificuldade, às vezes de não compreender o que o aluno está
querendo dizer no momento”. (profa L.)
“[...] e até os colegas, porque a gente trabalhando em equipe, eu acho assim que é
muito legal para que um ajude o outro, sabe, um tem alguma dificuldade, questiona
para o outro, pergunta”. (Profa. M.C.)
“Eu sempre pedi ajuda, o que eu preciso... ó, tem gente que acha que tem tudo.
Não!!! A gente sempre precisa de todo mundo!”.
“Quando a gente tem alguma dificuldade, você já coloca para a equipe, para os amigos, então a
dificuldade é logo superada”.
[...] fóruns coletivos [para que possamos] dar sustentação e amparo a dificuldades
individuais, oriundas não de incompetências ou insensibilidades, mas de uma
longa história de discriminação e segregação que impediu quase todos nós de
“[...] a gente vê que aqui é um ambiente onde todo mundo se respeita. Então a gente aqui, a gente
vê que, a gente respeita muito, desde a merendeira, da tia do portão, sabe, a gente chama... como
educadoras, porque elas tão em contato com todos os alunos”. (Professora M. C.)
“Aqui é assim, desde bolo a curso, tudo se passa. E as alegrias também são divididas e as
tristezas também, a gente é bem unido, é uma família, porque são quase trinta funcionários, é
assistente social, coordenadora, direção, fisio, é... a equipe inteira, toda trabalha junto e o resultado
é esse, positivo”. (Professora E.)
Assim, podemos perceber que no clima organizacional da escola em questão
predomina a cooperação entre seus membros, em contraposição à competição,
caracterizando um clima organizacional do tipo aberto, descrito como “um meio de trabalho
Notas
1
Professora Livre Docente do Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação: Psicologia da Educação
da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
2
Mestre em Educação: Psicologia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
3
Frase pronunciada pela diretora da escola durante entrevista.
Introdução
Neste artigo, temos como objetivo partilhar com os leitores algumas reflexões
que emergem do processo de formação realizado no ano de 2005, organizado pelo Núcleo
de Educação Especial do município de Vila Velha, junto a 12 (doze) Unidades de Ensino
Dos objetivos
Do percurso metodológico
Diante das considerações dos docentes acerca dos benefícios trazidos pela
formação continuada, somados a reflexão da prática pedagógica, na análise dos dados
aparece de forma bastante dinâmica e pontual alguns pontos que merecem nossa
consideração devida, considerando-se sua grande relevância no processo educacional de
alunos com necessidades educacionais especiais. Nesse sentido, os docentes apontam
ser também o processo de formação continuada responsável por:
“Nas minhas práticas diárias tenho a preocupação de trabalhar com atividades diversificadas e
uma atenção especial, quando possível, aos alunos que necessitam de um apoio especial”.
(PROFESSORA LAURA).
“O processo de formação continuada [...] me trouxe maior segurança quando reúno os professores
“Esse processo tem sido importante porque na complexidade que nós educadores vivenciamos,
enfrentamos uma realidade de falta de tempo para reflexão de nossa prática pedagógica [...] A
realidade nas escolas onde estou atuando este ano, apresenta desafios, surpresas, que se tornam
importantes [...] somos nós, esses profissionais, que poderemos fazer a diferença de forma positiva,
favorecendo oportunidades de trocas de experiências, ajudando aos demais professores que ainda
não conseguem e muitas vezes não querem aceitar o processo de inclusão na sua realidade escolar”.
(PROFESSORA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL JANAÍNA).
Esses foram os pontos mais presentes nas falas dos docentes no registro final
de avaliação de um dos encontros noturnos da primeira fase da formação. Percebemos
que o movimento presente em suas formulações, a respeito da reflexão alcançada pela
via dos processos de formação continuada, contribui para o aprimoramento das práticas.
Dessa forma, a análise das falas dos professores traz à tona emergência da
comunicabilidade ou da instauração do diálogo (FREIRE, 2005b) nos contextos escolares.
Esses princípios fazem-se presentes nas falas dos docentes que acreditam encontrar na
discussão coletiva e politizada das demandas escolares uma possibilidade fecunda de
ampliação dos conceitos, visualizando assim melhores horizontes de enfrentamento da
problemática educacional. Assim suas falas refletem:
[...] uma educação que esteja [...] adaptada ao fim que se persegue: permitir ao
homem chegar a ser sujeito, constituir-se como pessoa, transformar o mundo,
estabelecer com os outros homens relações de reciprocidade, fazer a cultura e a
história [...]. (FREIRE, 2005a, p. 45).
Notas
1
Secretaria Municipal de Educação de Vila Velha/ES e Universidade Federal do Espírito Santo – Programa de
Pós-Graduação em Educação.
2
Secretaria Municipal de Educação de Vila Velha/ES e Universidade Federal do Espírito Santo – Centro de
Educação - Programa de Pós-Graduação em Educação.
3
A assessoria em educação especial constitui-se numa das propostas de políticas públicas do município de
Vila Velha, que tem por objetivo realizar avaliações pedagógicas e encaminhamentos dos alunos com NEE
pertencentes ao quadro de escolas da Rede; orientar e intervir junto aos profissionais das Unidades de
Ensino buscando estabelecer processos de formação continuada no contexto escolar, bem como, contribuir
na construção de práticas pedagógicas que atendam as diferenças dos alunos.
4
Todos os nomes são fictícios.
Referências bibliográficas
FREIRE, P. & SHOR, I. Medo e ousadia: o cotidiano do professor. Rio de Janeiro: Paz e
terra, 1986.
Introdução
Desenvolvimento
Considerações finais
1
Profa. Doutora do Departamento de Educação da Faculdade de Ciência da UNESP de Bauru.
2
Profa. Doutora do Programa de Pós-Graduação em Educação Especial da UFSCar – São Carlos.
Referências Bibliográficas
AINSCOW, M.; PORTER, G. & WANG, M. Caminhos para Escolas Inclusivas. Lisboa:
Instituto de Inovação Cultural, 1997.
AUSTIN, V.L. Teachers’ beliefs about co-teaching. Remedial and Special Education, 22, p.
245-255. 2001.
CARVALHO, R.E. Removendo Barreiras para a Aprendizagem. 3. ed. Porto Alegre: RS Editora
Mediação, 2003.
CLARK, C.; HERTER, R.J. & MOSS, P.A. Continuing the dialogue on collaboration.
American Educational Research Journal, v. 35, n. 4, p. 785-791, 1998.
JESUS D. M. de. O estudo de caso como dispositivo para formação continuada numa perspectiva
inclusiva. (Trabalho apresentado no I Congresso Brasileiro de educação Especial). São
Carlos: UFSCar, 2003.
PIMENTA, S.G. et al. Pesquisa Colaborativa na Escola como Abordagem Facilitadora para o
Desenvolvimento Profissional de Professores. (Relatório de Pesquisa),1999.
ZEICHNER, K.M. A formação reflexiva de professores: idéias e práticas. Lisboa: Educa, 1993.
Introdução
Objetivos
Metodologia
Resultados e Discussão
Lajota Emborrachado
Lajota (interior) e (corredores), Lajota (interior) e (corredores), Lajota e
Tipos de pisos
cimento (pátio) decorflex (salas) e cimento (pátio) decorflex (salas) e parquet
cimento (pátio) cimento (pátio)
Sinalização de
Inexistente Inexistente Inexistente Inexistente Inexistente
acessibilidade
Sim (masculino
Banheiro
com barras Não Não Não Não
adaptado
paralelas)
Bebedouros
Inexistentes Inexistentes Inexistentes Inexistentes Inexistentes
adaptados
Telefones
(“orelhões”) Inexistentes Inexistentes Inexistentes Inexistentes Inexistentes
adaptados
Conclusão
2
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Referências Bibliográficas
CARVALHO, R. Educação inclusiva: com os pingos nos “is”. Porto Alegre: Mediação, 2004.
CHIZZOTTI, A. Pesquisas em ciências humanas e sociais. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1998.
FOUCAULT, M. Microfísica do poder. 17. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1979; 1999.
FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 26. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.
GIL, A. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991.
MEDINA, J. O brasileiro e seu corpo: educação e política do corpo. 2. ed. Campinas: Papirus,
1990.
SCHWENGBER, M. Professora, cadê seu corpo? In: MEYER, D. & SOARES, R. (orgs.).
Corpo, gênero e sexualidade. Porto Alegre: Mediação, 2004. p. 73-84.
SILVA, A. et al. A inclusão escolar de alunos com necessidades educacionais especiais: deficiência
física. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2006.
Introdução
Metodologia
Cabe aqui esclarecer que a proposta não teve como objetivo formar ginastas,
mas contribuir com o desenvolvimento integral das crianças por meio de atividades lúdicas
fundamentadas na modalidade gímnica, proporcionando alternativas para a diversidade
de atividades para aulas de educação física que permita contribuições para a arte e o
movimento corporal e, assim, antes de selecionar e excluir, praticar a inclusão.
As análises realizadas a partir dos índices dos quadros demonstrativos
individuais da aprendizagem da Ginástica Acrobática em relação aos alunos da escola
comum salientam que, de forma geral, houve aprendizagem, conforme demonstra a
Figura 1.
4,0
2,8
3,0
Pré
1,6 Pós
2,0
1,0
1
Fig. 1 – Evolução dos Fundamentos da Ginástica Acrobática dos alunos da escola comum.
4,0
3,0 2,1
Pr é
Pós
1,3
2,0
1,0
1
Fig. 2 – Evolução dos Fundamentos da Ginástica Acrobática dos alunos da escola especial.
4,0
2,5
3,0
Pré
1,4
Pós
2,0
1,0
1
Comentários Finais
Notas
1
Doutorando em Educação Especial – UFSCar. douglasedufisica@yahoo.com.br
2
Doutora em Educação – Área de Metodologia do Ensino - UFSCar. fadenari@terra.com.br
3
A escala de Pontuação consta no Manual de Observação Psicomotora elaborado por FONSECA (1995, p.
105). Serve como instrumento de identificação, de cotação respostas das crianças. O autor mede
numericamente (entre 1 e 4) o nível de classificação do movimento.
Referências Bibliográficas
BARROS, M. M. L. Uma leitura antropológica do desvio social. In: DIAS et al. (Orgs.).
Temas em educação Especial 1. São Carlos: UFSCar/PPGEES/FAPESP/CNPq, 2003.
KREBS, R. J. A Educação Física que Eles Merecem. FAE: Rio de Janeiro; SEED-MEC:
Brasília, 1984.
PIRES, J. A questão ética frente às diferenças: uma perspectiva da pessoa como valor. In:
MARTINS, L. A. et al. (Orgs.). Inclusão: compartilhando saberes. Petrópolis: Vozes, 2006.
Introdução
[...] a prática desportiva vem sendo incorporada pelas pessoas com deficiência,
motivadas por diferentes objetivos, os quais são justificados pela sua importância
no processo de reintegração, inclusão social, reabilitação ou promoção de uma
melhor qualidade de vida da referida população. (p. 37).
Metodologia
Caracterização da pesquisa
População e amostra
Instrumento
Resultados e discussão
A idade dos atletas variou de 21 a 52 anos. Porém, para eles o que interessa
é a força de vontade, motivação e a igualdade, e não a idade, já que nos treinamentos
todos são tratados de forma igual, sendo que muitas vezes isso não acontece em outros
locais quando em contato com outras pessoas. Isto condiz com a afirmação de Gorla,
Araújo & Carminato (2005), de que as pessoas com deficiência buscam o desporto por
melhoras no seu bem estar físico e psicológico.
O estado civil é diferenciado, 8 (oito) são solteiros, 3 (três) são casados e 2
(dois) são divorciados. Apenas 2 (dois) dos atletas têm filhos. Todos os atletas participantes
do estudo são paraplégicos e, ao serem questionados sobre as deficiências, afirmaram
que a deficiência foi adquirida por várias causas: arma de fogo, paralisia infantil, acidente
de trabalho, distrofia muscular e acidente automobilístico.
Em relação às profissões, apenas 3 (três) deles estão inseridos no mercado
de trabalho: comerciante, técnico administrativo e atendente comercial; os demais, pelo
contrário, não trabalham atualmente, mas antes de adquirirem a deficiência estavam
inseridos no mercado de trabalho; outros são aposentados. Isto condiz com o que foi dito
por Brazuna & Mauerberg-de Castro (2001), que os atletas com deficiência possuem
apoio financeiro do estado, ou auxilio por invalidez, além de empregos formais.
Uma das questões da entrevista visava a saber por que da busca dos atletas
pelo BCR. Os participantes responderam que no momento era o único disponível, e por
ser um esporte dinâmico, movimenta o corpo inteiro. A maioria dos atletas foi influenciada
por amigos, professores e médicos.
Mais uma vez os achados vêem ao encontro das afirmações de Brazuna &
Mauerberg-de Castro (2001), quando afirmam que os atletas buscam o desporto adaptado
por causa das necessidades terapêuticas e conseqüências sociais positivas. Os resultados
Considerações finais
Notas
1
Professor de Educação Física. Doutorando em Educação Especial no Programa de Pós-Graduação em
Educação Especial da UFSCar. douglasedufisica@yahoo.com.br
2
Professor de Educação Física. Especialista em Educação Especial.
3
Professor de Educação Física. Especialista em Educação Especial.
Referências bibliográficas
ADAM’S, R. C., DANIEL, A. N. & RULLMAN, L. Jogos, esportes e exercícios para o deficiente
físico. 3. ed. São Paulo: Manole, 1985.
FRONTERA, W.; DAWSON, D. & SLOVIK, D. Exercício Físico e Reabilitação. Porto Alegre:
Artmed editora, 2001. 392 p.
GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1996.
MATTOS, E. Educação Física e o desporto para pessoa portadora de deficiência. Local: Ministério
dos Esportes. Curso de atualização. Convenio SESI/INDESP, 1994.
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
E FORMAÇÃO DOCENTE
ANÁLISE DE DOIS CURSOS DE PEDAGOGIA, DO PROBÁSICA/UFRN,
NO TOCANTE À FORMAÇÃO INICIAL DE DOCENTES PARA ATUAÇÃO
EM CLASSES INCLUSIVAS
Introdução
[...] uma das dimensões importantes para a materialização de uma política global
para os profissionais de educação, articulada à formação inicial e a condições de
trabalho, salário e carreira e deve ser entendida como a continuidade da formação
profissional e novos meios para desenvolver e aprimorar o trabalho
pedagógico[...]. (apud BITTENCOURT, 2003, p. 71).
O projeto
Caracterização da população
Para fins deste artigo, situaremos dados relativos a dois cursos de Pedagogia
realizados pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em convênio
com Prefeituras de três municípios, através de um Programa de Qualificação Profissional
para a Educação Básica – PROBÁSICA. Esse programa vem representando uma
Procedimento de investigação
Resultados e discussões
inclusiva deficiência
Como
pessoas
25% comuns
10% S e n te m - s e
e m p a r te Como
p re p a r a d o s pessoas
N ão se
s e n te m capazes
59%
p re p a r a d o s
31% E s tã o Não
p re p a r a d o s 42% 33% respondeu
GRÁFICO 3
GRÁFICO 4
25%
Sentem-se
preparados
Em parte
preparados
75%
Pessoas capazes
38%
Pessoas diferentes
50% Deficientes
Não compreendeu
6% 6%
De maneira
19% inclusiva
12% Com amor,
carinho
Não
69% Compreendeu
Algumas considerações
1) Uma análise mais detalhada da estrutura curricular do curso, das ementas e objetivos
Notas
1
Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
CARVALHO, R. E. Educação inclusiva com os pingos nos “is”. Porto Alegre: Mediação, 2004.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991.
RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
Introdução
Materiais e Métodos
Resultados e discussão
“De início ela (professora) não dava abertura para que pudéssemos conversar com a turma,
sempre dava algumas ordens para fazermos algo, inclusive para ir ao banheiro e beber água por
várias vezes”.
“[...] foi fonte de inspiração para a nossa prática em sala de aula. Em nenhum momento se
recusou a esclarecer nossas dúvidas e esteve sempre disposta a nos auxiliar durante todo estágio.
Sempre aberta a sugestões, nos questionou diversas vezes sobre alguns assuntos e pedia a nossa
opinião enquanto estudantes do curso de Pedagogia e alunas da universidade.” (Relato da
aluna-estagiária sobre a relação que construiu com a professora).
Considerações Finais
Notas
1
Mestranda da linha de Diversidade e Práticas Inclusivas do Programa de Pós-Graduação em Educação da
UFES.
2
Professora Doutora do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFES.
Referências Bibliográficas
ALARCÃO, I. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo: Cortez, 2003.
Introdução
Método
Instrumentos
Procedimento metodológico
Resultado e discussão
TABELA 1 - Experiência profissional dos participantes em contato com alunos com deficiência mental
Categorias N %
Em escola regular 7 33,33
Em escola especial 6 28,57
Ambulatório e escola especial 3 14,28
Em escola especial e ensino regular 3 14,28
Avaliação pedagógica 1 04,76
Deficiente mental na família 1 04,76
Total 21 100,00
TABELA 2 - Experiência profissional dos participantes sem contato com deficiência mental
Categorias N %
Não tinha experiência profissional em magistério 11 37,93
Ensino de 1º grau (séries iniciais) 09 31,03
Educação básica 05 17,27
Ensino de 1º grau (5ª a 8ª) 02 06,89
Educação infantil 01 03,44
Psicopedagogia. 01 03,44
Total 29 100,00
Tabela 3 - Fase da profissão e procura do curso de especialização em Educação Especial –Deficiência Mental
Categorias N %
Inicio de carreira (um ano de experiência) 25 50
Carreira sedimentada (dez anos ou mais) 13 26
Sem experiência profissional 05 10
Mudança de área de atuação 03 06
Não respondeu 04 08
Total 50 100
Considerações finais
Como pode ser visto através dos dados descritos e discutidos, o objetivo do
trabalho foi alcançado. Observa-se que 21 (42%) dos participantes já tinham algum tipo
de contato com deficiência na época em que freqüentavam o curso, sendo que a maioria
trabalhava no ensino regular, com 7 (33,33%) participantes, e 6 (28,57%) atuavam em
escola especial. Em relação aos participantes que não tinham contato com portadores de
deficiência, havia 29 (58%), verificando-se que 11 (37,03%) deles não possuíam qualquer
experiência profissional em magistério, e 9 (31,03%) atuavam nas séries iniciais no ensino
regular.Dessa forma, pôde-se perceber um resultado bastante próximo entre os
participantes que buscaram a formação de especialista em educação especial e que
possuíam experiência com portadores de deficiência e os que não possuíam tal experiência.
Entretanto, é importante ressaltar que dos 50 participantes, metade (50%) se submeteu
à seleção do curso quando se encontravam no inicio da sua carreira profissional, ou seja,
com experiência em magistério de apenas um ano, e 13 (26%) já exerciam a profissão há
10 anos ou mais. Diante de tal resultado, pôde-se compreender que a busca pelo curso de
especialização em educação especial pareceu não estar relacionada à experiência
profissional dos participantes, mas, provavelmente, em razão do movimento inclusivo,
quer pela possibilidade de receber aluno com deficiência, seja no ensino regular ou especial;
quer pela exigência legal estabelecida pelo Estado, apesar das diferenças das exigências
da escola pública e das instituições privadas de ensino especial, como já foi discutido.
Independente da fase profissional em que os participantes se encontravam
Notas
1
Universidade Estadual de Londrina
2
Universidade Estadual de Londrina
3
APAE e CAPSI de Cambe.
4
UNESP – Campus de Marília.
Referências bibliográficas
BAUER, M. W. & GASKELL, G. (Orgs.). Pesquisa qualitativa com textos, imagem e som.
Petrópolis: Vozes, 2002.
Introdução
Método
Participantes
Resultados e discussão
A maioria dos participantes (oito) indicou que não teve contato com os
professores de seus clientes e três não quiseram responder a esta questão.
“[...] Não tive oportunidade, pois o período de estágio é muito curto e não dá tempo de entrar em
contato com os professores. Mas a gente orienta a família. [...]”. (P1)
“[...] Não tive contato com nenhum professor de crianças. [...]”. (P2)
“[...] Não, nunca tivemos esta oportunidade. [...]”. (P5)
“[...] Quando tinha algum problema, assim, quando surgia algum atraso no desenvolvimento,
nós encaminhávamos para os profissionais adequados, mas, não tivemos que orientar. Você diz
conversar com os professores?” (P8)
“[...] Inclusão das pessoas que são rejeitadas, isso? Ah, acho que é isso, estar chamando as
pessoas rejeitadas para viver na sociedade, igualmente [...]”. (P1)
“[...] Inclusão como? Inclusão da criança na sociedade. Ah, uma vez na igreja Católica, teve a
inclusão das pessoas excluídas da sociedade. [...]”. (P3)
“[...] Inclusão... sobre crianças com algum problema em classes normais?! É isso?” (P5)
“[...] Então inclusão acho que é justamente isso, você pega uma criança que é considerada com
limitações, tipo criança com síndrome de Down ou Pc e coloca essa criança em uma classe comum,
para ela se desenvolver junto com outras crianças, porque não é porque ela tem uma limitação ela
tem um atraso no desenvolvimento motor que ela é limitada, ela tem um potencial tão bom,
“[...] Fisioterapia na escola? Ah, em psicologia a gente teve mais específicos das deficiências, de
todas as deficiências, mas na escola, na escola, não tive nada específico”. (P2)
“[...] Não, mas na matéria Preventiva que chama, então já tem a fisioterapia atuando na área
preventiva. Não só em firma, mas tem o profissional da família, então, o fisioterapeuta não está
incluído nesse meio, é o medico enfermeiro, agente comunitário; mas conforme a prefeitura poderia
contratar o fisioterapeuta, que está também em família. [...]”. (P3)
“[...] Não, só em relação a avaliação onde podemos descobrir alguns atrasos e assim já iniciar
tratamento precocemente”. (P9)
“[...] Ah, o jeito de lidar com a criança, observar o problema mesmo certinho, o jeito de cuidar
de sentar, mais a postura. Orientação da postura, orientação em casa, é a forma de lidar”. (P2)
“[...] Eu acho que poderia estar atuando com orientação aos pais sobre a postura dos alunos,
tudo. Até tem vários trabalhos que falam, até no programa de televisão, o médico estava falando,
ensinando as crianças a carregar bolsa. Mas assim, seria mais a fisioterapia, que iria falar da
carteira, cadeira, como a criança vai ficar maior parte do tempo ali sentada, como vai ficar a
postura dela. Para ela escrever, para ver a parte postural”. (P3)
“[...] Eu acho que si, nessa parte postural e tem que ser a professora, pois a professora passa a
maior parte do tempo com aluno, e se ela perceber algum tipo de atraso estar encaminhando”.
(P4)
“[...] Acho que seria orientar os professores em relação ao posicionamento que as crianças podem
ter em sala de aula, a melhor forma de ela realizar uma atividade”. (P5)
“[...] Poderia, poderia orientar sim. Em relação a, posicionamento da criança na cadeira, em
“[...] Ah, é, acho que conversar sobre o atraso e orientar sobre como trabalhar de forma
adequada com a criança, como lidar com ela mesmo sabe!?” (P1)
“[...] ah, tem crianças que as vezes vai de cadeira de rodas para a escola, né! A carteira, a
cadeira de rodas é maior que a carteira comum, então a mesa onde ela vai estar escrevendo, teria
que ser maior, também, que a normal. Isso aí, acho que isso não precisa nem ser uma fisioterapeuta
para saber isso [...]”. (P3)
“[...] Eu acho que de posicionamento, não. Eu acho que seria mas em relação ao atraso que eles
tem”. (P4)
“[...] Em relação a, posicionamento da criança na cadeira, em sala de aula, coordenação dos
Considerações finais
Notas
1
Fisioterapeuta, Doutora em Educação Física pela Unicamp, Docente do curso de fisioterapia da Unesp-
Marília-SP, Departamento de Educação Especial. - bracci@marilia.unesp.br (Apoio financeiro: CNPq/
CAPES/PROESP/MEC/SEESP /Fundo de Pesquisa da FFC/Marília)
2
Pedagoga formada em Educação especial, Deficiência Física e Mental, pela Universidade Estadual Paulista –
UNESP - Marília-SP, Pós-graduada em Psicopedagogia clínica e institucional pela Faculdade de Medicina de
S.J. do Rio Preto – FAMERP. carolccampos@uol.com.br
3
Pedagoga, Mestre em Educação pela UNESP– Marília, com habilitação em Educação Especial, Deficiência
Mental e Física, pela Universidade Estadual Paulista – UNESP - Marília-SP, Pós-graduada em Psicopedagogia,
Docente da Faculdades Integradas Claretianas. profwalkiria@hotmail.com
Referências bibliográficas
Introdução
[...] nos perturbam porque não sabemos exatamente como lidar com elas. Então,
para aliviar nossa tensão e nosso mal-estar, e diminuir a probabilidade de
problemas, a tendência da sociedade como um todo, e cada um de nós
individualmente, é afastar essas pessoas (ou nos afastar delas, o que vem a dar no
mesmo). (p. 15).
O outro, ao olhar-nos, põe-nos em questão, tanto o que nós somos como todas
a imagens que construímos para classificá-lo, para excluí-lo, para proteger-nos de
sua presença incomoda, para enquadrá-lo em nossas instituições, para submetê-
lo às nossas práticas e, finalmente, para fazê-lo como nós, isto é, para reduzir o
que pode ter de inquietante e de ameaçador. (p. 8-9).
Sob esse prisma, entende-se que a inclusão traz à tona inúmeros desafios
para o professor, mobilizando elementos diferentes e, por vezes, contraditórios num mesmo
indivíduo. Desse modo, a noção de deficiência é decorrente de uma forma de conceber e
perceber o outro, fruto de uma elaboração psicossocial. Isto é, as imagens da deficiência
e da inclusão estão ligadas a conteúdos de nosso mundo interno, perpassados por códigos
e normas sócio-culturais, o que se traduz numa forma de ver e atribuir significado à
Pensar que falta esclarecimento, que antes de implementar uma proposta inovadora
os professores têm de ser treinados, não resolve problemas que são mais
complicados. [...] Que fácil resulta equacionar as reações dos mestres frente às
Finalizando...
Notas
1
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Rio Grande do Norte.
Mestre em Educação e Especialista em Educação Especial pela Universidade Federal de Santa Maria.
2
Profª Drª em Psicologia Social/USP/SP, docente do Departamento de Educação Especial, credenciada ao
Programa de Pós-Graduação em Educação/CE/UFSM.
Referências bibliográficas
LIPP, Marilda Novaes (Org.). O stress do professor. Campinas, SP: Papirus, 2002.
Introdução
Metodologia
Inclusão Digital
A formação continuada através do recurso EaD foi uma opção para trabalhar
a inclusão digital dos docentes. O acesso à Web, às mídias de leitura e gravação de dados,
e o próprio uso do PC (Personal Computer) é pouco estimulado e utilizado por essa
classe de profissionais. Seu preparo para o magistério inclui um mínimo de estudo nas
áreas de ciências exatas e biológicas, e isto é um desconforto declarado por eles. A
formação continuada com ênfase nessas áreas do conhecimento torna-se um parceiro
importante para a inclusão digital. Deste modo, a informática entra como um dos
elementos no processo da construção do conhecimento.
O curso EaD foi desenvolvido no ambiente TelEduc, e trabalhou os temas
escolhidos na metodologia, tomando como referência os órgãos dos sentidos, que é um
assunto familiar no estudo de ciências para o Ensino Fundamental. A tabela 1 mostra
como foram realizadas as conexões entre os temas. O TelEduc é um ambiente de suporte
para ensino-aprendizagem a distância destinado para a realização de cursos através da
Internet. É um software livre que pode ser distribuído e está disponível para download no
seguinte endereço: http://www.nied.unicamp.br. Possui quatro tipos de usuários: o
administrador, o coordenador do curso, o formador e os alunos. Os coordenadores da
proposta “A Terra em que Vivemos” atuam como coordenadores e formadores, ficando
a administração a cargo do núcleo de EaD do CECEMCA. O TelEduc possui ferramentas
que permitem a apresentação e organização de informações, disponibilização de conteúdo
e a comunicação entre os participantes do curso. Esses recursos são escolhidos pelos
coordenadores de acordo com o perfil de seus usuários. Para que formadores e alunos
tenham acesso ao curso, são fornecidas senhas quando do cadastramento no ambiente.
O curso foi elaborado em sua forma piloto e, para testá-lo, o projeto contou com a
colaboração de 16 professoras voluntárias do Ensino Fundamental (1a a 4a séries) da
Escola Marcelo Schmidt, de Rio Claro (SP), com tempo de magistério superior a 10 anos.
O curso em EaD “A Terra em que Vivemos” foi organizado em 23 aulas,
correspondendo aos seis temas escolhidos, durante um período de 3 meses. A figura 1
apresenta uma tela do curso, onde o lado esquerdo indica os recursos disponíveis para
esse curso: Agenda, Atividades; Material de Apoio; Leituras; Mural e Perfil. A tela da
figura mostra a Agenda, que é a página de entrada do ambiente e contém informações
sobre o curso em andamento. O caderno em CD-ROM e as aulas do curso ficaram
disponíveis no “Material de Apoio”, e as instruções para o desenvolvimento do curso, na
ferramenta “Atividades”. No ícone “Leituras”, ficaram disponíveis textos complementares,
como notícias de revistas e outros assuntos de interesse e apoio para o curso. O “Mural”
foi disponibilizado para que os alunos pudessem compartilhar suas dúvidas e sugestões
O assunto está incluído no tema “O Futuro será macio”: sua apresentação para os
educadores inicia-se com uma parte teórica sobre os constituintes da matéria – os átomos, e
discorre sobre a importância das energias de ligação entre eles para a formação dos diferentes
estados em que a matéria pode se apresentar na natureza. Os modelos teóricos são
apresentados na forma de alegorias, usando grãos ou sementes para representar os átomos,
dispondo-os de diferentes maneiras em um substrato de papel, como mostrado nas figuras 2
e 3.
Cores e Luz
Resultados e discussão
Conclusão
Shulman (1986) sugere três categorias nas quais o conhecimento pode ser
organizado: o conhecimento do conteúdo da disciplina, o conhecimento pedagógico e o
conhecimento curricular. Essa proposta procurou fornecer subsídios para que as três
classes de conhecimento fossem contempladas, não através de um saber formalizado em
teorias, porém, enfatizando o conhecimento curricular através de sugestões para o trabalho
e ações do professor em sala de aula. Essas considerações apontam também para uma
análise mais cuidadosa e uma revisão quanto à formação acadêmica das licenciaturas nas
diferentes áreas do conhecimento. A experiência com os estudantes de graduação mostrou
que há uma premente necessidade de atualização de currículo nas Licenciaturas, que
contemple a inclusão digital e as práticas docentes voltadas para alunos com necessidades
educacionais especiais.
O caráter inclusivo da proposta “A Terra em que vivemos” mostrou-se como
um catalisador de reflexões para o desenvolvimento profissional em ciências dos docentes
no ensino fundamental. Esse material está disponível junto à Rede Nacional de Formação
Continuada do MEC, através do CECEMCA.
Notas
1
Departamento de Física – Instituto de Geociências e Ciências Exatas – UNESP – Rio Claro.
2
TECE/INCUNESP – Tecnologia e Ciência Educacional/ Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da
Referências bibliográficas
Introdução
O que é diferente salta aos olhos, perturba. Ver o outro com sua forma
diferente de ser/estar no mundo incomoda. A presença desses seres “diferentes a esses
demais caracterizados pelo espelhismo da normalidade, é vivida como uma grande
perturbação”. (FERRE, 2001, p. 197). A diferença é perturbação porque representa um
espelho do que há de errado, feio, imperfeito em nós. Ela lembra os defeitos, as limitações,
e isso perturba.
Eizirik (2001) afirma que a organização lógica e de significados define o
lugar do outro, seus limites e possibilidades. O outro não é sempre o que está fora, o
estranho separado de mim, mas o estranho em mim. O modo como percebemos o outro,
como olhamos para este indivíduo que se aproxima, repercute em nosso modo de pensar
e agir. Nesse sentido, a professora Heloisa relata, a seguir, um momento marcante em sua
vida, quando conheceu uma menina com Síndrome de Down. Antes de tornar-se
professora, ela trabalhava no comércio, e uma antiga colega foi visitá-la com a irmã e a
sobrinha.
“Elas chegaram na minha casa, e eu não sabia como reagir, o que fazer, eu não sabia se me
aproximava, se eu me afastava, se eu falava com ela, ou se eu ignorava a presença dela ali. Eu
optei em ignorar, para não querer magoar a menina, sem saber que eu tava magoando e muito
a menina, porque ela tem a Síndrome de Down, mas ela fala, ela faz carinho, ela chora, ela sente,
ela tem um coraçãozinho dentro dela, e eu na hora bloqueei, não sabia como fazer isso, a única
“[...] eu levei os meus alunos, eram vinte dois ou vinte três, pra visitar a classe especial porque
inclusive eu tinha uma menina que ela andava de transporte escolar com um coleguinha da classe
especial e ela tinha medo desse coleguinha. No transporte ela não queria sentar perto, ela se
afastava desse colega e eu fiquei pensando, mas eu disse para aí, tá acontecendo com ela a mesma
coisa que aconteceu comigo”. (Heloisa).
“Se eu fosse uma criança com limitação, seja ela qual fosse, eu gostaria que minha professora fosse
uma pessoa que me incentivasse a crescer, a produzir, a aprender o que minha capacidade
permitisse, que me respeitasse e me desafiasse a querer tentar ir sempre além do que eu imaginava
ser capaz, enfim, que me tratasse com muito carinho e atenção, que fizesse com que eu não me
sentisse insegura, incapaz ou sozinha na turma que eu fizesse parte. Uma professora que não
visse o meu erro em atividades propostas como fracasso, mas que utilizasse-o como forma de
incentivar a minha atitude do fazer, não fazendo as coisas por mim ou me dando-as prontas”.
(Heloisa).
Esse desejo de ser melhor conduz a uma reflexão capaz de criar novas
significações, um novo pensar em relação ao aluno incluído e, por conseguinte, promover
alterações na forma de ensinar esse aluno.
Sonhar significa pensar, projetar. Mas, muitas vezes, o que sonhamos implica
mudanças, as quais podemos, ou não, conseguir implementar. Assim, ao se deparar com
um aluno com necessidades educacionais especiais, o professor pode entrar em conflito
com seu pensar a educação e com seu fazer docente, pois este implica em tomada de
decisões frente a esse novo contexto educacional.
Já a professora Sonia está há sete anos na escola, e desde o início trabalha
com alunos incluídos. Nesse momento, a professora demonstra grande preocupação em
relação ao seu fazer docente, sentindo necessidade de um suporte maior e acredita que é
preciso ter formação em Educação Especial para poder realizar um bom trabalho.
Imaginando-se como uma criança com necessidades educacionais especiais, a professora
descreve como gostaria que fosse seu professor.
“Eu gostaria que a professora tivesse conhecimentos sobre a minha deficiência. Que tivesse um
curso de graduação em Educação Especial, ou um curso de formação para trabalhar com
“Gostaria que ela fosse calma, atenciosa, perspicaz, disposta e competente. Que
fosse comprometida com seu papel de professora e gostasse de trabalhar com
criança portadora de necessidades especiais. Gostaria que ela buscasse mais
conhecimentos sobre minhas limitações, para melhor trabalhar comigo. E sentasse
perto de mim, quando fosse possível, dando-me explicações individualizadas. E
que os conteúdos fossem bem adaptados para melhorar o meu desempenho
escolar”. (Escrita da professora Tania).
Se parece mais difícil ensinar em classes inclusivas, classes nas quais os (chamados)
normais estão misturados com os (chamados) anormais, não é tanto porque seus
(assim chamados) níveis cognitivos são diferentes, mas antes, porque a própria
lógica de dividir os estudantes em classes – por níveis cognitivos, por aptidões,
por gênero, por idades, por classes sociais etc. – foi um arranjo inventado para,
justamente, colocar em ação a norma, através de um crescente e persistente
movimento de separando o normal do anormal, marcar a distinção entre
normalidade e anormalidade. (p. 110).
Ser diferente é fugir da norma, sendo assim, excluído. Norma instituída
socialmente, que todas as pessoas têm de se comportar de forma igual, homogeneamente.
Dessa forma, a heterogeneidade é olhada com desconfiança, medo, insegurança. E a
escola é o lugar onde a heterogeneidade é indesejada, todos têm de atender as mesmas
exigências, de disciplina e de desenvolvimento. É no espaço escolar que as diferenças se
apresentam de forma mais nítida, sendo também, legitimadas por ele através do simbolismo
presente em suas ações hierarquizando e privilegiando espaços e fazeres. A escola, ao
mesmo tempo em que sonha com a homogeneização do pensar e agir, solidifica e institui
papéis, legitimando relações de poder.
Conclusão
Notas
1
Educadora Especial, Pedagoga, Mestre em Educação pela UFSM e doutoranda em Educação pela UFSCar
2
Imaginários e Saberes Docentes na Escola Inclusiva: um Estudo dos Processos de Formação e Autoformação.
Dissertação de Mestrado. UFSM. 2005.
3
Também entendidas como representações por Castoriadis (1982).
Referências Bibliográficas
BARBIER, R. Sobre o imaginário. Em Aberto. Brasília, ano 14, n. 61. 1994, p. 15-23.
MANTOAN, M. T. E. Uma escola de todos, para todos e com todos: o mote da inclusão.
In.: STOBÄUS, C. D. & MOSQUERA, M. (Org.). Educação Especial: em direção à educação
inclusiva. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003. p. 27-40.
Introdução
Até 1950, foram criados mais de cinqüenta estabelecimentos no País que atendiam
a pessoas consideradas deficientes. É importante salientar que o poder público
nunca se ocupou, de fato, com a melhoria e ampliação da educação especializada,
ficando tal responsabilidade a cargo da iniciativa privada. As duas entidades
privadas que, com o passar do tempo, obtiveram um maior alcance nacional
foram as sociedades Pestalozzi e as Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais
(APAEs) criadas nas décadas de 30 e 50, respectivamente que mantêm, até hoje,
escolas especiais.(p. 62).
Metodologia
Participantes
Resultados e discussão
Associação livre
Quadro II - Palavras e expressões associadas ao estímulo: “expectativas em relação ao aluno da classe especial”
Palav ras ou exp res s ões evo cadas
LE R P A RA V IDA ; NÃ O SE RE M V IS TOS CO MO EXT RA TE RREST RES ;
AT ING IR OBJ ETIV O S D E V IDA ; F A ZÊ-LO CRES CER; S ER
R E C ON H E C I DO C O MO PE SS OA ; SU J EITO LIMI TAD O ; AP R EN DE R;
DI RE ITOS RE SP EITA DO S ; P S EUD O - IND EP EN DÊN CIA ;
MA IO R D EP EN DÊN C IA.
Entrevistas
“Enquanto eles estiverem aqui, eu pretendo estar também e enquanto eles estiverem me ensinando
eu quero estar aprendendo com eles.” (P1)
“Minha preocupação no ensino regular é que eles não sejam vistos com loucos, aquele deficiente
mental, ou fulaninhos [...]”. (P3)
“A minha prática educativa ela começa no amor. Se não, não funciona”. (P7)
“Nunca me senti tão amada, nunca fui tão respeitada, depois que vim para a educação especial,
sou valorizada na íntegra”. (P2)
“Eu acho muito interessante o caminho que eles me ensinam para chegar até eles. Na verdade são
eles que me ensinam muitas vezes o caminho [...]”. (P)
“Eu muitas vezes trabalhando com eles, eu defendo, eu brigo, eu me sinto até um pedacinho dele,
eu brigo por eles. É como um animal, que outro está chegando no seu território. Então, é meu e
eu tenho que defender,tenho que buscar o melhor deles”. (P5)
“Às vezes a gente perde o sentido da vida e quando eu os vejo carente de afetividade, de um sorriso
apenas, e eu procurando coisa grande. Aí eu digo: eles são mais importantes ainda”. (P6)
Esse resultado indica que o aluno com deficiência na escola é muito mais um
ato de amor, compaixão para com o próximo, que padece a redenção da docente, do que
o direito à educação.
Conclusão
Notas
1
Mestre em Educação pela UFPE (2007), especialista em Psicopedagogia pela FAFIRE (2003) e Educação
Especial pela UNICAP (1999). Atualmente é professora concursada da Prefeitura Municipal de Jaboatão dos
Guararapes; exerce na Secretaria de Educação - SEDUC, a função de técnica na assessoria pedagógica do
Departamento de Educação Especial. Tem experiência na área de formação docente com ênfase na Educação
Especial.
Referências bibliográficas
BRASIL. Lei Nº. 9.394/96 de 20 de dezembro 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e legislação correlata. 4.
ed. Brasília: Câmara dos deputados, coordenação de publicações, 2007.
Introdução
Objetivos
Pesquisa de campo
Metodologia
Participantes
Resultados e Discussão
“[...] aqui dentro, quando eu vim fazer a prova do mestrado, eu tive toda ajuda [...] eu tive
prova ampliada, sala especial, sala do mestrado, eu tive pessoas pra ler na prova de línguas, por
que podia consultar dicionário e a letra é muito pequena, eu coloquei que isso não daria, que eu me
perderia na prova e eles não botaram nenhuma dificuldade, então quer dizer, nesta parte eu tive
professores dentro do mestrado realmente que bateram de frente com ações em relação a inclusão
comigo [...]”.
“[...] eu acho que para todos os deficientes a maior dificuldade começa no vestibular, porque, no
meu caso, eu tenho que ditar e o meu tempo é igual ao de todo mundo, então eu tenho que ler a
“Não tive (dificuldade) por conhecer bem o espaço, que dispõe de rampas de acesso, mas nenhuma
indicação em Braille, por exemplo”.
Uma questão que trouxe respostas bem divergentes foi em relação aos
relacionamentos traçados entre os alunos portadores de necessidades especiais e os outros
estudantes do Curso, e qual seria a responsabilidade da Faculdade nesse aspecto. Alguns
entrevistados responderam que a relação é e sempre foi ótima, já outros relataram que
tiveram dificuldades num primeiro momento, mas que o relacionamento foi melhorando
com o tempo. A aluna Fernanda, com malformação congênita, disse:
“[...] eu sempre joguei muito claro com as pessoas, no entanto o pessoal me acolheu numa boa”.
“O primeiro contato com os meus colegas é aquele, eu sempre evito problemas futuros já falo no
primeiro dia: “a colega de vocês é surda falem de frente”. É mais fácil quando é no caso mestrado
em Educação, por que a maioria das minhas colegas são pessoas já esclarecidas, já são pessoas que
já deram esse problema e na linha de pesquisa em Educação Especial, eu não conheço ninguém
que não tenha trabalhado com alguma deficiência, então elas são pessoas compreensivas, amigas.
Eu acredito que estou fazendo o que considero o mestrado ideal para mim, estou no meio, então
“”
Foi descoberto no contato na sala de aula. No caso da aluna com paralisia cerebral, descobri
mais rapidamente porque era mais visível, não é? No caso da aluna cega, eu demorei um
pouquinho até a descobrir porque ela se sentava, e participava e, sabe, dialogava com os demais”.
Conforme apontam Glat & Pletsch (2004), sobre as questões que permeiam
a Educação Inclusiva no Ensino Superior:
Eu acho que a UERJ toda não está preparada para isso. Você tem que treinar os funcionários
para receber essas pessoas. O elevador, os nossos elevadores não param, raramente param no
Carvalho (1999) aponta que o Ensino Superior brasileiro pode, com qualidade,
incluir portadores de deficiência no seu corpo discente, desde que, para isto, eles estejam
qualificados. Não se trata de introduzir tais alunos como “mais um” no grupo e sim lhes
propiciar condições para que, efetivamente, façam parte do grupo. A autora considera
também que é na organização e implementação das respostas educativas que reside o
“espírito” da inclusão, que faculta a todos a apropriação do saber e do saber fazer,
desenvolvendo neste tipo de aluno a capacidade crítica e reflexiva, em prol do exercício
de sua cidadania.
Considerações finais
Notas
1
Pedagogo formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro
2
Pedagoga formada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
3
Aluno de graduação em Pedagogia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
4
Doutora em Psicologia pela Fundação Getulio Vargas, Professora Adjunta da Faculdade de Educação da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
GLAT, R. Somos iguais a vocês: depoimentos de mulheres com deficiência mental. Rio de
Janeiro: Editora Agir, 1989.
GLAT, R.; FONTES, R. & PLETSCH, M. D. Uma breve reflexão sobre o papel da
Educação Especial frente ao processo de inclusão de pessoas com necessidades
educacionais especiais em rede regular de ensino. Cadernos de Educação 6: Inclusão Social
Desafios de uma Educação Cidadã, p.13-33. Duque de Caxias, RJ: UNIGRANRIO Editora,
2006.
MANTOAN, M.T.E. Ser ou estar, eis a questão: explicando o déficit intelectual. Rio de
Janeiro: Wva, 1997.
Introdução
Metodologia
“Teve visita geológica nos morros [...] falei para o professor que não podia ir, ficar andando [...]
ficar subindo morro [...] Ele falou: tudo bem, eu trago as amostras e daí a gente marca um
horário e eu explico com amostras que gente vê no campo você vê em laboratório. Isto é respeitar.
Ele me passar o que eu não podia ver ele me passou. Foi ótimo”. (E7-DML).
“Eu pedi durante a aula, três vezes, para ela me dar transparência. Eu já estava, assim, quase
chorando de tristeza. Meu! Como pode. Era só falar tó! (estava emocionada, quase chorando).
Mas, eu sempre procuro relevar. Levar na boa porque não adianta”. (E4-BV).
“A senha que eu recebo, eu vejo o número, o problema para mim é o visor porque é vermelho em
cima do preto, por não ver as cores, as cores para mim são muito parecidas, são escuras.[...] eu
tenho que pedir para todo mundo, para o guarda.” (E4-BV).
[...] eu não vejo o número do ônibus vindo, por exemplo [...] então eu pergunto [...] Daí se a
pessoa fala: Vou. Então tá bom quando chegar você me avisa. Pronto e não tem problemas.
Nunca apareceu ninguém cruel que me enfiou no ônibus errado”. (E4-BV).
“Eu conto com o apoio de colegas de classe, no sentido de, como eu não enxergo no quadro, em
transparência, eles passam o material da sala, quando os professores, não fazem. A minha
turma é uma turma muito unida. [...] Até para eu ler mural é uma tristeza né?. Os colegas lêem
[...]”. (E4-BV).
2) Os professores que não têm interesse e não provêm o atendimento de suas demandas
educacionais de forma a favorecer o acesso à informação, indispensáveis ao ensino-
aprendizagem e avaliação:
“Sei que existe (legislação), mas não conheço. Se não me engano, [...] eles têm obrigação, uma
coisa até meio obrigatório por lei, da universidade. Só que não adianta eu forçar uma pessoa, ela
fazer aquilo que ela não quer, porque ela não vai fazer bem feito e vai ficar com birra de você”.
(E2-BV)
“[...] quando entrei na universidade estava muito preocupado...de como ia fazer...de como ia fazer
para enxergar as coisas no quadro...as transparências...[...] desde o primeiro dia de aula eles
(PROENE) vieram, atrás, depois que escrevi algumas coisas na ficha de matrícula. Sempre me
trataram muito bem, assim, eles me deixaram muito tranqüilo. [...] Provavelmente, se eles não
existissem, eu não saberia como teria sido. Eles tiveram uma importância muito grande na
minha vida acadêmica com certez.”. (E2-BV)
“[...] Se não fossem esses procedimentos seria muito difícil eu fazer o curso, teria desistido. Teria
tentado outro vestibular em outro ano para começar tudo de novo. Mas como deu certo está parte
e tudo e eu falei que queria fazer o curso”. (E7- DML)
“Acontece que o PROENE manda para o coordenador, o coordenador manda para o professor,
mas, é um conjunto que não dá certo.[...] Sempre tentam, como posso dizer, resolver os problemas
que eu levo [...]”. (E11-DF)
Cabe ressaltar que, para o atendimento das demandas apresentadas por este
segmento universitário, é necessário que o PROENE tenha uma equipe multiprofissional
com carga-horária integral, além de recursos financeiros para implementar o atendimento
às suas necessidades educacionais especiais.
“[...] se tivesse alguém exclusivo do PROENE, não ia passar um negócio desse (não reserva de
vaga no estacionamento). Então, eu acho que a UEL poderia pôr mais gente para trabalhar no
PROENE”. (E5 – DML).
“Olha, eu acho que é o começo da realização de um sonho. Sempre sonhei em me formar, ser
engenheiro e a UEL está no meio”. (E7-DML)
“Eu acho que o coordenador deve trabalhar com o PROENE e os professores do departamento.
Trabalhar em prol desses estudantes que têm necessidade.[...]. Quando um professor entra em
uma sala, ele já tem os dados do estudante especial, que ele vai ter. Então, ele já vai saber como
agir vai preparar as aulas beneficiando também este estudante. Não fica a coisa solta, o que a
gente vê é que cada professor faz a coisa de um jeito e quando o PROENE manda a cartinha
de solicitação, eles, vêm, conversam com a gente tudo. Mas, você vê que um professor é meio
distante do outro. Eu acho que o colegiado deveria estar fazendo está mediação, unindo todos os
professores e o PROENE. Uma coisa única sabe. Não ficar muito dividido, separado”. (E1-BV)
Notas
1
O presente artigo é um recorte da Dissertação de Mestrado Acessibilidade na Universidade Estadual de
Londrina: o ponto de vista do estudante com deficiência, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Educação da UNESP/Marília, em 2003.
2
Assistente Social na Universidade Estadual de Londrina – Serviço de Bem Estar da Comunidade – SEBEC
e Mestre em Educação.
3
Docente do Depto de Educação Especial e Programa de Pós-Graduação da Unesp de Marília, Líder do
grupo de pesquisa Deficiências Físicas e Sensoriais.
4
Esta portaria foi revogada, estando em vigor a Portaria 3.204 de 07, de novembro de 2003.
5
Deficiência Múltipla, neste artigo, significa a presença de mais de uma condição especial, seja ela decorrente de
deficiência física ou sensorial, ou de associação a uma doença orgânica ou emocional.
Referências bibliográficas
Introdução
Objetivo
Resultados e discussão
Conclusão
Notas
1
Professores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) envolvidos no Grupo de Trabalho de
Apoio aos Universitários com Necessidades Educacionais Especiais (GT-AUNE), em 2005.
Referências bibliográficas
BRITO L. F. Por uma Gramática de Língua de Sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro,
UFRJ, Departamento de Lingüística e Filosofia. 1995.
MORIN, E. Sabereis globais e saberes locais: o olhar transdisciplinar. 4.ed. Rio de Janeiro:
Garamond, 2004.
Nazineide Brito1
Introdução
Objetivos
Procedimento metodológico
Resultados e discussões
Conclusões
2
Para melhor conhecimento acerca das competências, consultar Perrenoud (2000).
3
Equivalentes às licenciaturas de 6º aos 9º anos, conforme Resolução n. 3/2005-CNE/CEB (BRASIL, 2005).
4
O CERES se apresenta enquanto uma das unidades cêntricas da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, instalado no interior do Estado, e composto pelos campi de Caicó e Currais Novos.
5
A disciplina “Introdução à Educação Especial”, de cunho obrigatório, oferecida no 2º semestre do curso; na
estrutura curricular, ainda se registrava a possibilidade de oferta de quatro disciplinas do núcleo de Educação
Especial (optativo), mas até então não haviam sido oferecidas por não se contar com professores qualificados.
6
A disciplina obrigatória “Seminário de Educação Inclusiva” nos cursos de Geografia e História; e “Introdução
à Educação Especial”, como disciplina optativa no Curso de Matemática.
7
Inclusive, nos possibilitando a participação da aluna de iniciação científica Juliana D’aparecida Souza Silva, a
quem agradecemos o esforço e a dedicação com que se empenhou no desenvolvimento das diferentes fases
desse processo.
Referências bibliográficas
PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre-RS: Artes Médicas,
2000.
Introdução
Temos visto que a maioria das pesquisas sobre a educação inclusiva tem-se
centrado na educação básica e repetidamente tem destacado que um dos principais fatores
que dificulta a promoção da inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais
(NEE) é o despreparo de seus professores. (BEYER, 2003; GUASSELLI, 2005;
OLIVETO & MANZINI, 1999; PIRES, 2006, entre outros). Essa constatação, aliada à
preocupação de acelerar o processo de inclusão dos referidos alunos, levou-nos a buscar
identificar estratégias para melhorar a formação dos professores.
Sabemos que a formação do professor é um processo permanente, que
“ocorre, antes, durante e após a formação acadêmica específica, sendo permeada por
valores que são construídos ao longo da vida do sujeito e de acordo com o contexto de
sua formação enquanto pessoa e profissional”. (SALGADO, 2006, p. 66). Neste trabalho,
nos dedicaremos a analisar um determinado período desse processo, denominado de
inicial, que ocorre nos cursos de graduação, denominado licenciatura. Concordamos com
Abad & Monclús (1998) quando analisam que as reformas educacionais de um país
implicam mudanças na formação dos professores, pois estes serão responsáveis pelos
novos rumos da educação.
Mittler (2003) também apresenta uma análise semelhante, considera que, a
longo prazo, o melhor investimento que se pode fazer é “assegurar que os professores
recentemente qualificados tenham uma compreensão básica do ensino inclusivo. [...] Isto
assenta os alicerces para uma ‘boa prática’[...]”. (p. 189). Esse mesmo autor comenta que
o Governo britânico estabeleceu, em 1994, uma Agência de Capacitação de Professores
(TTA) “com responsabilidade por toda Formação em nível de Educação Inicial
(universitário)” (p. 187), e educação continuada, e esta, desde então, embora confrontada
pelas instituições de ensino superior, teve sua importância pelo fato de incluir a
preocupação com a formação dos professores em relação às necessidades educacionais
especiais.
Outra medida, também descrita por Mittler (2003), instituída pelo Governo
britânico para assegurar a formação inicial dos professores em relação às necessidades
educacionais especiais foi emitida em 1978 pelo Comitê de Warnock, que recomendou:
Resultados e discussão
A análise dos relatos obtidos por meio de entrevista foi realizada mediante a
organização de seis categorias, tendo como base os objetivos da pesquisa.
Quadro 1: Descrição das dificuldades vivenciadas pelos participantes para lidar com os alunos com NEE
Como abordar o estudante com necessidades NEE
Como identificar os procedimentos de ensino que são necessários para favorecer a aprendizagem do
estudante com NEE
Como identificar as necessidades educacionais especiais do estudante
Como saber o que o estudante com NEE é capaz de realizar em relação às atividades acadêmicas e
avaliações propostas
Como integrar o estudante com NEE na turma
Como proceder para não piorar as dificuldades do estudante com NEE
Como evitar assumir uma atitude paternalista em relação ao estudante com NEE
“Muita, muita necessidade de orientação. É, primeiro veio aquela sensação assim, de inutilidade
diante do quadro e justamente por ter uma formação defasada nesse sentido, nós não somos
preparados, especificamente a biologia, [...] eu me senti assim bastante preocupado com ele, mas
principalmente por não poder ajudá-lo de uma maneira correta [...]”.
“[...] o que você pensa sobre isso? Você conseguiu ler o texto? Você conseguiu entender o texto?
[...] eu comecei a ver que ela se sentia incomodada com essa minha posição então eu preferi, não
mais questioná-la diretamente e sim a classe como um todo”.
Quadro 2: sugestões de temas a serem abordados no programa de formação para inclusão de alunos com
NEE.
Conceituação de inclusão e suas implicações educacionais
Conceituação e caracterização das necessidades educacionais especiais
Metodologia de ensino adequada às diversas necessidades especiais
Estratégias para lidar em sala de aula com alunos que apresentam NEE
Conhecimentos que possibilitem identificação das dificuldades dos estudantes com NEE
Formas de organização das atividades e dos recursos didáticos para promover a participação e
aprendizagem dos estudantes com NEE
Conhecimentos referentes a como promover a integração social dos estudantes com necessidades
especiais com os demais colegas de turma.
Sugestões para melhorar a formação dos futuros professores com vistas à promoção
da inclusão dos alunos com NEE
Quadro 3. Sugestões para melhorar a formação dos graduandos para promover a inclusão dos estudantes
com NEE
Conscientizar os próprios professores dos cursos de licenciaturas sobre a necessidade de
conhecerem a proposta de educação inclusiva
As disciplinas de Metodologia e Prática de Ensino abordarem conteúdos referentes à inclusão dos
estudantes com NEE
Incluir uma disciplina específica sobre inclusão no currículo dos cursos de licenciaturas
Incluir na ementa das disciplinas dos cursos de licenciaturas temas relacionados às necessidades
especiais e inclusão
Organizar oportunidades de discussão entre os docentes sobre esta questão, com vistas a organizar
estratégias para melhorar a formação dos graduandos.
Conclusão
Notas
1
Professora Adjunta do Departamento de Educação da Universidade Estadual de Londrina – Participante
do Programa de Mestrado em Educação da UEL.
Referências bibliográficas
BRASIL. Lei n.º 9.394/96. Lei de Diretrizes e Bases da educação nacional. 1996.
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/txt/lei9394_ldbn2.txt. Acesso
em: 20 nov. 2007.
GLAT, R. Integração social dos portadores de deficiências: uma reflexão. Rio de Janeiro: Sete
Letras, 1995. (Questões Atuais em Educação Especial, v.1).
A QUESTÃO DO ABORTO
POR ANOMALIA FETAL,
RECÉM-NASCIDOS DE RISCO E
PRÉ-ESCOLARES AGRESSIVOS
O MOVIMENTO DE DEFICIENTES NO BRASIL FRENTE À QUESTÃO
DO ABORTO POR ANOMALIA FETAL
Alessandra Barros1
Introdução
Este trabalho é uma adaptação de um dos estudos de caso que compôs a tese
de doutorado A deficiência relativizada - entre discursos e a prática política.2 O estudo de caso
aqui apresentado analisou a mobilização da comunidade brasileira de deficientes –
entidades organizadas e outros atores sociais – em torno da questão do aborto por anomalia
fetal. Abro um parênteses para ressalvar que me valho dos termos “comunidade de
deficientes” e “movimento de deficientes” como sinônimos, muito embora, do ponto de
vista da teoria social, estes merecessem uma distinção conceitual, a qual contudo, optei
por não abordar neste espaço3.
O aborto por anomalia fetal, também denominado de aborto seletivo, é
previsto legalmente em muitos países onde o aborto não é proibido (de modo algum) ou
tem um leque de permissões maior. Aqui no Brasil esta não é uma forma de aborto
autorizada pela Lei, só podendo ser realizada a partir de autorizações extraordinárias. No
contexto brasileiro, este tipo de aborto tem sido aplicado quase que exclusivamente à
anencefalia – uma grave e rara anomalia na qual o feto não tem cérebro e não sobrevive
fora do útero da gestante. Estas autorizações tem sido executadas, e por vezes revogadas,
sob intenso e polêmico debate4. Mundo afora, mesmo naqueles países onde o aborto não
é criminalizado, se interpreta este tipo de aborto, em que o feto gestado tem anomalias
graves, como sendo uma prática discriminatória. Nestes termos, evitar a concepção de
bebês com doenças genéticas ou cromossômicas que derivam em anomalias físicas e/ou
mentais, seria uma expressão de discriminação dirigida às crianças e às pessoas adultas
com deficiências já instaladas.
Tal sugestão, emitida a partir da condição de deficiência dos fetos e daí dirigida
a todos os deficientes vivos, apregoaria que a própria existência das pessoas com
deficiência não deveria ser permitida ou valorizada. Em outras palavras, a eliminação de
futuras ou prováveis pessoas deficientes pode ser considerada algo como uma conduta
discriminatória “por antecipação”. Esta mensagem, portanto, implicaria na negação do
reconhecimento dos direitos de cidadania dos deficientes e na reafirmação de preconceitos
vigentes na sociedade. O argumento segundo o qual este tipo de aborto expressaria
discriminação em relação aos deficientes é chamado, na língua inglesa, de expressivist
argument, sendo originalmente tributável a Buchanan (1996). Tal posicionamento, embora
não elaborado teoricamente por acadêmicos ou militantes brasileiros, é por muitos destes
defendida.
Além disso, aqui no Brasil, o modo como a mídia noticiou os tantos eventos
que giraram em torno do aborto por anomalia fetal – votação de projetos de lei e autorização
de centenas de alvarás judiciais, fez parecer que também à síndrome de Down esta forma
de aborto se aplicaria. Muitas matérias de jornal, por exemplo, apesar de terem como
pauta, principal ou secundária, a questão do aborto por anomalia fetal e, portanto, estarem
Objetivos
Metodologia
Resultados e Discussão
Graf. 1 Articuladores dos argumentos CONTRÁRIOS ao Aborto Anomalia Fetal - Presença na Mídia (1996-
2001)
Tabela 1 – Classes de Argumentos CONTRÁRIOS ao ABORTO POR ANOMALIA FETAL VEICULADOS NA MÍDIA
– 1996-2001 (%)
Estimular infanticídio de recém-nascidos deficientes 3,70
Discriminação contra os deficientes já existentes 24,00
Eugenia e intolerância generalizadas 9,25
Constitui um Crime contra a sacralidade da vida 50,00
Descrédito pelo diagnóstico pré-natal 3,70
Risco de Liberar aborto amplamente 9,25
Tabela 3 – Classes de Argumentos veiculados na Mídia a FAVOR DO ABORTO POR ANOMALIA FETAL – 1996-
2001 (%)
Promover Justiça Sanitária (combater clandestinidade) 11,4
Atender ao acúmulo de Jurisprudência pelos alvarás 15,2
Proteger a Saúde Psíquica da Mulher 17,1
Promover Autonomia Reprodutiva da mulher ou casal 23,8
Interromper a Ausência de sentido na gravidez em curso 6,6
Atualizar Código Penal defasado pela Ciência 20,0
Poupar a criança de sofrimento desnecessário 3,8
Evitar ônus futuro ao Estado na despesa com deficiente 1,9
Tabela 4 – Autonomia Reprodutiva justificando a prática do Aborto por anomalia Fetal e seus porta-vozes na
Mídia. 1996 – 2001 (%)
Bioeticistas Mov. Fem. Prof. Saúde Estado Gestante Jornalistas
Autonomia 0 32 24 16 0 28
Reprodutiva
Notas
1
Mestre em Saúde Coletiva, Doutora em Antropologia, Professora adjunta da Faculdade de Educação da
Universidade Federal da Bahia. FACED/UFBA. Pesquisadora do Grupo de Estudos em Educação Inclusiva
e Necessidades Especiais – GEINE e do Centro de Estudos sobre Recreação, Escolarização e Lazer em
Enfermarias Pediátricas www.cerelepe.faced.ufba.br. contatos: alssb@ufba.br e 55 71 32837231
2
O outro estudo de caso, que desenvolve reflexões auxiliares à compreensão dos argumentos aqui
desenvolvidos, encontra-se de forma resumida no artigo “Alunos com deficiências nas escolas regulares: limites de
um discurso”. (BARROS, 2005).
3
Àqueles interessados nessa discussão sugiro o artigo de minha autoria, denominado “Pode-se falar em um
‘Movimento de Deficientes’ no Brasil? (BARROS, 2007).
4
Para mais detalhes sobre o assunto ver DINIZ & RIBEIRO, 2003.
5
No que tange ao tema aborto por anomalia fetal, as matérias a que se refere esse levantamento pertenciam ao
banco de matérias jornalísticas da ANIS: Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero, organização
não-governamental sediada em Brasília, tendo sido gentilmente cedidas para a investigação. Eram cópias,
por sua vez, provenientes do serviço de monitoramento, arquivamento e controle da entidade CCR –
Comissão de Cidadania e Reprodução, responsável última pelo volume amostral e pela clippagem. As
matérias referentes aos demais temas foram levantadas, basicamente, a partir da análise dos dados brutos da
pesquisa de Marques (2001). Foram, então, acessadas através das edições eletrônicas dos jornais na internet.
6
Pois ainda que Igreja parecesse correr em socorro dos interesses dos deficientes, ela assim o fazia secundaria
Referências Bibliográficas
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of inclusion. Social Philosophy and Policy, Cambridge, v.13.2, n.7, p. 18-45, 1996.
DINIZ, D. & RIBEIRO, D. Aborto por anomalia fetal. Brasília: Letras Livres, 2003.
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North Carolina, v. 16, p. 79-138, 1993.
GILL, R. Análise de discurso. In: BAUER, M.W. & GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com
texto, imagem e som: um manual prático. 3. ed. Petrópolis:Vozes, 2004. p. 244-270.
KAPLAN, D. Prenatal screening and its impact on persons with disabilities In:
ROTHENBERG, K. H.; THOMSON, E. J. Women and prenatal testing: facing the challenges
of genetic technology. Columbus: Ohio State Press, 1994.
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selective abortion. In: PARENS, E., ASCH, A. Prenatal testing and disability rights.
Washington: Georgetown University Press, 2000.
WERNECK, C. Ninguém mais vai ser bonzinho na sociedade inclusiva. 2. ed. Rio de Janeiro:
WVA, 2000.
Introdução
Objetivos
Metodologia
Para a seleção dos sujeitos que passaram por condições clínicas de risco,
utilizou-se como critério a necessidade de internação na Unidade de Tratamento Intensivo
Neonatal (UTIN) do HUSM e o marcador clínico para predição de danos neurológicos
de longo prazo, o índice de Apgar inferior a 7 no 1º, 5º, e 10º minuto. O que possibilitou
a qualidade da coleta dos dados, sem a interferência de outras variáveis.
Foi realizado um levantamento de dados por meio de consulta aos arquivos
eletrônicos (registro software - SPSS), prontuários e pastas de internação dos RN no
HUSM (Serviço de Arquivo Médico - SAME).
Realizou-se entrevista estruturada com as mães das crianças, na qual continha
o termo de consentimento livre e esclarecido, devidamente assinado pela pelas mesmas.
As entrevistas aplicadas buscaram o conhecimento sobre o atendimento recebido após
alta hospitalar, desenvolvimento global de seus filhos e filhas, bem como sobre os
atendimentos especializados que freqüentaram nos primeiros 3 anos de vida.
Resultados e Discussão
* AIG: Adequado para a idade gestacional; PIG: Pequeno para a idade gestacional; GIG: Grande para a
idade gestacional; **DMH: Doença da Membrana Hialina; DBP: Displasia Bronco-pulmonar; SEP: Sepse;
INN = Infecção Neonatal; SAM: Síndrome da aspiração do mecônio; ANN: Anóxia; PNN: Pneumonia
Neonatal; TOC: Tocotraumatismo.
Quanto ao índice de Apgar, foi possível evidenciar que 80% dos RN estudados
nasceram gravemente deprimidos no primeiro minuto de vida, permanecendo nessa
situação no quinto minuto 60% dos RN. Já no 10º minuto, todos passam de deprimidos
graves para deprimidos moderados naquele momento, como mostra a Figura 1.
Conclusão
Notas
1
Programa de Pós-Graduação - Universidade Federal de Santa Maria.
2
Departamento de Educação Especial - Universidade Federal de Santa Maria.
3
Departamento de Obstetrícia - Universidade Federal de Santa Maria.
4
Serão utilizados os símbolos < e e” para indicar respectivamente menor e maior e/ou igual.
5
A escolha do período selecionado teve como critério a fundamentação teórica do trabalho de Estimulação
Essencial, que preconiza os atendimentos a crianças nascidas de risco, entre 0 a 3 anos e 11 meses de idade.
6
Encefalopatia Crônica Não Progressiva da Infância (ECNPI) ou Paralisia Cerebral (PC) é uma seqüela de
uma agressão encefálica, que se caracteriza primordialmente por um transtorno persistente, porém não
invariável do tono, da postura e do movimento, que surge na primeira infância e que não é somente
secundária a esta lesão não evolutiva do encéfalo, mas se deve também à influência que a referida lesão exerce
sobre a maturação neurológica. (DIAMENT, 1998).
APGAR, V. A proposal of a new method of evoluation of the new born infant. Current
Researches in Anesthesia and Analgesia, 1953.
BARBOSA, N.M.M. et al. Temas de Pediatria: Follow-up do Bebê de Risco. Rio de Janeiro:
Serviço de Informação Científica Nestlé, 1993.
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1022-1024, 1993.
GOLDABER, K.G. et al. Pathologic fetal acidemia. Obstetrics e Gynecology, v. 78, p. 1103-
1107, 1991.
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umbilical acidemia. Am J Obstet Gynecol, v. 162, p. 1506-1512, 1992.
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MORAIS, E. N. et al. Profound Depression and Neonatal Mortality in Very Low Weight
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PELOWSKI, A.; FINER, N.N. Birth asphyxia in the term infant. In: SINCLAIR, J.; LUCEY,
J. Effective care of the newborn infant. Oxford: Oxford University Press, p. 263-6, 1992.
Introdução
Objetivos
Metodologia
Resultados
O aumento da sobrevida dos RNs com SDR pode ser atribuída, em grande
parte, aos avanços do suporte ventilatório, utilizando estrategicamente a maximização
com o mínimo de exposição ao oxigênio, por meio da otimização da CRF e da ventilação
alveolar. A PEEP é largamente utilizada para estabilizar a CRF, melhorar a complacência
e diminuir o desequilíbrio na relação ventilação/perfusão.
Segundo Field, Milner e Hopkin (1985), a PEEP tem sido um padrão
tecnológico usado para aumentar a oxigenação de crianças dependentes da ventilação,
desde que Herman & Reynolds descreveram os efeitos benéficos em neonatos com SDR
idiopático. Afirmam ainda, que o uso da PEEP também tem se mostrado eficiente na
elevação da PaO2 para um dado aumento da pressão nas vias aéreas.
Os citados autores estudaram vinte e dois bebês, sendo quinze portadores
de SDR e sete acometidos por apnéia da prematuridade, avaliando os efeitos da PEEP
nas crianças pré-termo durante a ventilação mecânica; concluíram que a PEEP se mostra
uma proveitosa manobra ventilatória, usualmente produzindo uma elevação na PaO2.
Porém, sua eficiência está limitada desde que o bebê seja ventilado, em parte, com uma
menor complacência para a curva pressão-volume.
A queda da complacência reflete um aumento da rigidez dos alvéolos
altamente distendidos. Por outro lado, o aumento na PaO2 pode indicar uma simultânea
ocorrência de recrutamento de espaços aéreos associados a hiperinsulflação de alvéolos
previamente abertos.
Philips III et al. (1980), estudando vinte e quatro RNs com SDR e seis sem
SDR, sob ventilação mecânica com o objetivo de determinar o efeito da PEEP na
complacência dinâmica, também concluíram que se o VC cair devido ao aumento da
PEEP, o Vmin também cairá e, assim, ocorrerá mais distensão alveolar e aumento na
pressão intratorácica, levando a retenção de CO2, ruptura alveolar e/ou diminuição do
DC.
No estudo realizado por Bartholomew et al, (1994), afirma-se que, com o
uso da PEEP de 8 cmH2O em RNPT portadores da SDR, foi observado, no presente
estudo, uma variação nos resultados referentes à SatO2, isto é, um aumento na oxigenação
de parte dos pacientes e uma diminuição da mesma, ocorrendo, também, uma variação
quanto à FC. Dados estes mensurados pela oximetria de pulso que, segundo Piva et al.
(1999), tem como vantagens a não-invasividade, simples de aplicação e a rapidez de sua
resposta às alterações na oxigenação.
Pelos dados obtidos no presente estudo, a saturação de oxigênio aumentou
em 40% nos pacientes estudados, 40% tiveram uma diminuição e 20% não sofreram
alterações. Quanto à freqüência cardíaca, foi observado um aumento em 50% dos
pacientes: 40% apresentaram uma diminuição e 10% permaneceram inalterados.
Evidenciou-se, pois, que o uso da PEEP com valor apropriado para as
condições clínicas apresentadas repercutirá em bons resultados, prevenindo, desta forma,
o colapso alveolar, mantendo um volume no final da expiração e melhorando a relação
V/Q, aumentando, assim, a PaO2. Caso contrário, implicará no comprometimento da
oxigenação e/ou hemodinâmica do paciente em questão.
Com base na pesquisa realizada com dez RNPT, com idade gestacional entre
25 e 32 semanas, de ambos os sexos, contendo diagnóstico clínico e radiológico de SDR,
internados na UTI neonatal do HMMS, sob ventilação pulmonar mecânica, monitorizados
através de oxímetro de pulso, foram submetidos à terapia invasiva com PEEP de 8 cmH2O,
apresentando condições hemodinâmicas estáveis.
Evidenciou-se que o valor estabelecido para a PEEP não mostrou alterações
significativas quanto ao aumento ou diminuição da SatO2 e FC, na qual as condições
apresentadas por cada RNPT, quanto à imaturidade pulmonar e ao grau de severidade da
SDR, mostraram dados importantíssimos, tornando-se, assim, indispensável o estudo
mais aprofundado e rico em detalhes, melhorando a qualidade de atendimento aos RNPT.
Sugerem-se avaliações mais específicas, com outros parâmetros referentes à
mecânica ventilatória, como PIP, Tinsp, CRF e complacência, na tentativa de se obter
maiores resultados acerca da realidade analisada ao longo da pesquisa proposta.
Notas
1
Fisioterapeuta e Especialista em Reabilitação do Sistema Músculo Esquelético pela Faculdade Santa Terezinha
– CEST.
2
Fisioterapeuta pela Faculdade Santa Terezinha – CEST.
Referências bibliográficas
BARTHOLOMEW K. M. et al. To PEEP or not to PEEP? Arch Dis Child, 1994. p. 209-
12.
Introdução
Objetivos
Metodologia
Resultados
Tabela 1- Queixas feitas pelas Professoras e as Classificações limítrofe e clínica segundo TRF.
Sujeito Queixas comportamentais Classificações de problemas de Classificações de problemas de
feitas pelas professoras comportamento segundo TRF comportamento segundo TRF
Limítrofe Clinico
2 Agressividade
3 Hiperatividade
9 Agressividade
Conclusões
Notas
1
Trabalho derivado da dissertação de mestrado da primeira autora, sob orientação da Prof. Dra. Tânia Maria
Santana de Rose, do Programa de Pós Graduação em Educação Especial, da Universidade Federal de São
Carlos.
2
Graduação em Psicologia pela Universidade Federal de São Carlos (2001) e especialização em psicoterapia e
psicopedagogia comportamental infantil pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Mestrado em Educação
Especial (Educação do Indivíduo Especial) pela Universidade Federal de São Carlos (2006). Experiência na
área de Psicologia, atuando principalmente nos seguintes temas: psicoterapia, psicopedagogia, educação
infantil, manejo do comportamento agressivo.
3
Graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1976), especialização em Análise
e Programação de Condições de Ensino pela Universidade Federal de São Carlos (1979), mestrado em
Psicologia (Psicologia Experimental) pela Universidade de São Paulo (1987) e doutorado em Psicologia
(Psicologia Experimental) pela Universidade de São Paulo (1995). Atualmente é Professor Associado I da
Universidade Federal de São Carlos. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia do
Desenvolvimento Humano. Atua principalmente nos seguintes temas: compreensão de leitura, formação
de professores.
Referências bibliográficas
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LUIZZI, L. & DE ROSE. Prevenção de comportamentos agressivos entre pré-escolares: uma proposta
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& ROCHA G.V.M. Santo André: ESETec Editores Associados, 2002.
PICADO, J.R. & DE ROSE, T.M.S. Fatores de risco e de proteção: um estudo de acompanhamento
em pré-escolares com comportamentos agressivos. (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal
de São Carlos, São Carlos, 2006.
FAMILIARES DE CRIANÇAS
COM NECESSIDADES ESPECIAIS:
Questões variadas
ESTUDO COMPARATIVO DE RECURSOS NO AMBIENTE
FAMILIAR DE CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA E DE
CRIANÇAS COM FRACASSO ESCOLAR
Introdução
Método
Comitê de ética
Sujeitos
Procedimento
Instrumento
Análise de dados
Para análise dos dados, efetuou-se a estatística descritiva das questões dos
módulos componentes do RAF apontando os valores máximos, mínimos, médios, desvio-
padrão e freqüência relativa dos dados sócio-demográficos.
Resultados
Discussão
Considerações finais
Notas
1
Pedagoga, Mestre e Doutoranda em Educação Especial pela Universidade Federal de São Carlos.
2
Docente do Departamento de Terapia Ocupacional e do Programa de Pós-Graduação em Educação Especial
da Universidade Federal de São Carlos.
3
A terminologia “ Fracasso Escolar” refere-se ao nome dado pela Secretaria Municipal de Educação - da cidade onde
4
O grupo de crianças com deficiência era constituído por 12 crianças com Deficiência Auditiva, 10 crianças com
Deficiência Mental, 08 crianças com Deficiência Visual e 03 crianças com Deficiência Múltipla.
Referências bibliográficas
GRIFFITH, J. Student and parent perceptions of school environment: are they group
based? The Elementary School Journal, Chicago, v.98, n. 2, p. 135-150, 1998.
MANCINI, M. C. et al. Efeito moderador do risco social na relação entre risco biológico
e desempenho funcional infantil. Revista Brasileira de Saúde Materna e Infantil, Recife, v.4,
n.1, p. 25-34, 2004.
PARO, V. H. Qualidade do ensino: A contribuição dos pais. São Paulo: Xamã, 2000.
PARREIRA, V. L. C. & MARTURANO, E. M. Como Ajudar seu Filho na Escola. 2. ed. São
Paulo: Editora Ave Maria, 1999.
Introdução
Objetivos
Metodologia
a) cada guia ou manual foi numerado de acordo com a ordem cronológica de publicação;
b) a partir disso, cada material foi tomado para análise, iniciando-se pelo registro do
título, país e ano de publicação;
c) as informações referentes aos itens da parte “Conteúdo” (questões 1 a 12) e da parte
“Forma” foram identificadas, fazendo-se a escolha da opção mais adequada em cada
questão do protocolo, com base na avaliação da pesquisadora;
d) ao final, fez-se a identificação dos temas de conteúdo a partir dos itens do sumário,
quando possível, e respectivo registro escrito no item 12 da parte “Conteúdo”. Com
os guias e manuais que não apresentavam sumários, a identificação dos temas de
conteúdo foi feita a partir dos títulos e subtítulos no corpo do texto de cada material.
Para a análise das informações obtidas do estudo dos guias e manuais, foram
utilizados dois procedimentos:
Características de conteúdo
Características de Forma
Discussão
Conclusão
Notas
1
Grupo de Pesquisa Deficiências Físicas e Sensoriais da UNESP de Marília.
2
Departamento de Educação Especial da UNESP de Marília; Grupo de Pesquisa Deficiências Físicas e Sensoriais
da UNESP de Marília.
APEL, K. & MASTERSON, J. L. Beyond baby talk: from sounds and sentences: a parent´s
complete guide to language development. 1. ed. New York: Three Rivers Press, 2001.
ARMBRUSTER, B. B., LEHR, F. & OSBORN, J. A child becomes a reader: birth through
preschool. National Institute for Literacy, 2003.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Tradução: Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. 3. ed.
São Paulo: Edições 70, 2004.
DELIBERATO, D. Linguagem, fala e audição: como e quando o meu filho começa a falar.
Marília: Unesp, 1997. 9 p. (il.) (manual informativo).
DODGE, D. T. & HEROMAN, C. Cómo estimular el cérebro infantil: uma guía para padres
de família. Tradução: Claudia Caicedo Núñez. Teaching Strategies Inc., 1999.
GERÁRD, F. & ROEGIERS, X. Conceber e avaliar manuais escolares. Tradução: Júlia Ferreira
e Helena Peralta. Portugal: Porto, 1998.
HEBALD, B. & McCREADY, V. A book about talking: principles of language stimulation for
parents, teachers, clinicians. 3. ed. Maine: Rhino Press, 1979.
KUMIN, L. Classroom language skills for children with Down syndrome: a guide for parents and
teachers. 1. ed. Bethesda: Woodbine House, 2001.
PEPPER, J. & WEITSMAN, E. It takes two to talk: a practical guide for parents of children
with language delays. 3. ed. Canada: The Hanen Centre, 2004.
SCHWARTZ, S. The new language of toys: teaching communication skills to children with
special needs. 3.ed. Bethesda: Woodbine House, 2004.
Introdução
Método
Participantes
Local
Materiais
Resultados e discussão
freqüência (%)
80 alun
60 o1
alun
40 o2
alun
20 o3
0
linha de base informação treino de suporte
habilidades emocional
Figura 1: nível de desenvolvimento dos alunos durante a linha de base e após cada um dos grupos oferecidos.
aluno
1
freqüência de presença (%)
100 aluno
80 2
aluno
60
40
20
0
linha de base informação treino de suporte
habilidades emocional
grupos oferecidos
Notas
1
Universidade Federal da Grande Dourados.
2
Programa de Pós-Graduação em Educação Especial da Universidade Federal de São Carlos.
3
Programa de Pós-Graduação em Educação Especial da Universidade Federal de São Carlos.
Referências bibliográficas
COLNAGO, N.A.S. Orientação para pais de crianças com síndrome de Down: elaborando e
testando um programa de intervenção. (Tese de Doutorado). Universidade de São Paulo,
Ribeirão Preto. 2000.
OMOTE, S. Reações de mães de deficientes mentais ao reconhecimento da condição dos filhos afetados:
um estudo psicológico. (Dissertação de Mestrado). Universidade de São Paulo, São Paulo.
1980.
SELTZER, M.M. et al. Life course impacts of parenting a child with a disability. American
Journal on Mental Retardation, v. 106, n. 3, p. 265-286, 2001.
Introdução
Método
Participantes
Local
Instrumentos
Procedimentos
b) Coleta de dados
Resultados e discussão
Filhos 40,97
Amigos 9,69
Vizinhos 4,85
Total 100,00
Os resultados indicam que as mães reconhecem seus filhos como maior fonte
de suporte social (40,97%); em segundo lugar, apontam seus pais e irmãos (24,67%); em
seguida, citam os técnicos dos serviços de saúde mental dos quais recebem tratamento
(17,62%).
Diferentemente de outras pesquisas, em que o cônjuge é a maior fonte de
suporte social apontado pelas mães (MATSUKURA, 2001), nota-se que para as mães
deste estudo, além de não serem identificados como suportivos, os cônjuges aparecem
como fonte de stress, como se observa no seguinte discurso construído a partir da entrevista
com as mães.
“Que eu passava muito nervoso com o meu ex-marido (...) Não recebia nenhum tipo de ajuda,
não havia entendimento (...) Eu tinha medo de me separar, eu tinha medo dele”. (DSC –
Mães)
“A minha família sempre deu apoio pra nós na parte da alimentação, financeira, ajudou também
a fazer a casa pra nós morar (...) Ela chegou a morar quatro meses com o meu irmão e a minha
cunhada (...)”. (DSC – Mães)
“Todas as minhas filhas! Sempre tavam ali no momento triste e no momento alegre. Estão
sempre se preocupando, querendo saber o que eu to sentindo, entendeu? (...) Foi ele que levava
comida pra mim na cama e eu não comia. Ele é mais carinhoso. (...) Ela pegou bastante livro pra
ler, que falavam de depressão (...) E a reação dela, quando ela ficou sabendo, foi marcar logo,
conversar logo com um especialista... ela que foi atrás”. (DSC – Mães)
“Saio de vez em quando à noite, quando tem tipo, balada do tipo, aí vai eu, minhas irmãs
também. É mais descontraído. [...] Ah, eu acho que é razoável (meu desempenho escolar). [...]
Mas eu me esforço, assim, e tento, eu procuro sempre ta direitinho”. (DSC – Filhos)
“[...] Tenho o meu avô, ele é muito bonzinho, e a minha avó [...] Amo muito eles, nossa, não sei
o que seria da minha vida sem eles. Com os meus tios, com as minhas tias, sempre tive um bom
relacionamento com todos eles!”. (DSC – Filhos)
“Então ela é do tipo de pessoa que não pode confiar. Assim, hoje ela ta bem, amanhã ela não ta,
entendeu. Então é assim, você tem que saber levar. Então amanhã ela pode acordar minha
amiga, mas ela também pode acordar como se fosse minha inimiga, entendeu [...] E tem hora
assim que eu acabo ficando nervosa também. Ela chora muito por qualquer coisa... Fala às vezes
demais sabe... Na hora do nervosismo ela acaba falando coisa assim até que machuca né. E às
vezes quando ela fica muito nervosa assim, agora não né, mas quando ela fica muito nervosa ela
acaba batendo em mim [...]”. (DSC – Filhos)
“Ah, e pelos problemas da minha mãe, né. Eu tenho que continuar levando. Eu fico pensando, sei
lá na hora de eu casar, ela vai ficar sozinha [...] E estudar bastante [...] E depois arrumar um
namorado, casar e ter um filho, ter uma família”. (DSC – Filhos)
Considerações finais
Notas
1
Este estudo recebeu apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.
2
Professora do Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e do
Programa de Pós Graduação em Educação Especial.
3
Terapeuta Ocupacional, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação Especial (PPGEEs/
UFSCar); Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/ CNPq/ UFSCar de 2004 a 2006.
Referências bibliográficas
GARMEZY, N. & MASTEN, A.S. Chronic adversities. In: RUTTER, M.; TAYLOR, E.
& HERSOV, L. (Orgs.). Child and adolescent psychiatry: modern approaches. 3. ed. Oxford:
Blackwell, p. 191-208, 1994.
HAMMEN, C. et. al. The impact of maternal depression on adolescent adjustment: the
role of expressed emotion. Journal of consulting and clinical psychology, Washington, v.71, n.
5, p. 935-944, 2003.
OATES, M. The prevalence of patients as parents: risk assessment and children. The
british journal of psychiatry, Oxford, v.170, n.32, p. 22-27, 1997.
OYSERMAN, D. et al. Parenting among mothers with a serious mental illness. American
journal of orthopsychiatry, Washington, v.70, n. 3, p. 296-315, 2000.
OYSERMAN, D. et al. Positive parenting among african american mothers with a serious
mental illness. Journal of marriage and family, Oxford, v.64, n.1, p. 65-77, 2002.
OYSERMAN, D. et al. When mothers have serious mental health problems: parenting as
a proximal mediator. Journal of Adolescence, London, v.28, n.4, p. 443–463, 2005.
Introdução
Nessa lógica, o bairro como parte do habitus, lugar de interação, está na base
dos princípios geradores das práticas e interpretações de mundo, bem como na base das
representações em resposta a uma relação de força e poder simbólico.
Nesse sentido, a exclusão social é concebida e se dá a partir das relações
estabelecidas historicamente pela sociedade, em uma relação de exclusão, um se faz
eliminando o outro, dominando o outro.
“Estudando posso construir o futuro. Eu gostaria mais de estudar do que trabalhar. Eu trabalho
por que preciso das coisas, de roupa, caderno, para ir para aula, mas, eu trabalhando eu não
posso estudar”.
“Destino que Deus me deu, né? Muita responsabilidade para uma pessoa só, não é? Eu não sei,
é difícil de explicar”.
Para os atores sociais envolvidos, ser mãe e chefe de família se define pela
mesma lógica do que é ser mulher e seu papel na sociedade. Implica o papel de mãe como
tarefa principal, fundamentando as práticas do sustentar, cuidar sozinha dos membros de
sua família e, por conta disso, orgulhar-se de si mesma.
Diante da situação dessas famílias, as professoras apontam as meninas mais
velhas com mais dificuldades em alcançar o padrão escolar satisfatório, por assumir o
lugar de mãe quando da ausência desta. Nos discursos e a nas práticas das mães sobre a
educação, encontram-se as representações, mesmo sem querer representar. O trabalho
em detrimento do estudo confirmou que os atores sociais constroem suas representações
no jogo das relações sociais em realidades concretas. Exemplo disso é o que diz a mãe do
caso 4:
Caso 4
“Não dava para eu assumir sozinha todo mundo. Aí eu ficava com vergonha de falar na escola,
que elas faltavam, porque eu tinha mandado trabalhar e mentia dizendo, que mandava todos
para a casa da avó. Às vezes não era, eu mandava ir trabalhar, botava na casa de alguém [...]
pra trabalhar, pra ajudar, por que [...] qualquer coisa que viesse de lá já era uma benção, era
melhor do que á dentro de casa e passando fome”.
Algumas conclusões
Notas
1
Professora Assistente da Universidade Estadual de Feira de Santana, BA.
2
Nome fictício.
3
Toma os pressupostos de Lüdke & André (1986, p. l1).
4
Para Bell Rodriguez (2000, p. 67), são consideradas cinco fontes de diversidade: 1. O gênero (igualdade de
oportunidade para um e outro sexo); 2. A cultura de procedência (pertencimento a grupos étnicos, religiosos,
lingüísticos e culturais); 3. Os fatores que incidem na aprendizagem do aluno (estilo de aprendizagem,
competência, instrumentos, conhecimentos prévios, estratégias de aprendizagem, motivação para aprender,
autoconceito, equilíbrio pessoal, contexto escolar, entorno familiar, contexto social próximo).
5
O original é em espanhol com tradução livre da autora deste estudo.
Referências bibliográficas
CHARLOT, B. Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Porto Alegre: Artes
médicas, 2000.
Introdução
Instrumentos
Resultados
Figura 1 – Freqüência de respondentes do sexo feminino com repertório de habilidades sociais deficitário,
bom e elaborado no Escore Total (ET) e nos fatores: F1 = Enfrentamento e auto-afirmação com risco; F2 =
Auto-afirmação na expressão de sentimento positivo; F3 = Conversação e desenvoltura social; F4 = Auto-
exposição a desconhecidos e situações novas; F5 = Autocontrole da agressividade.
Figura 2 – Freqüência de respondentes do sexo masculino com repertório de habilidades sociais deficitário,
bom e elaborado no Escore Total (ET) e nos fatores: F1 = Enfrentamento e auto-afirmação com risco; F2 =
Auto-afirmação na expressão de sentimento positivo; F3 = Conversação e desenvoltura social; F4 = Auto-
exposição a desconhecidos e situações novas; F5 = Autocontrole da agressividade.
Discussão
Embora grande parte das mulheres com deficiência física da amostra deste
estudo tenha se situado nas classes desejáveis de habilidades sociais, percebe-se no escore
total e em todos os fatores uma percentagem relativamente elevada com repertório
deficitário, principalmente no fator que compreende as habilidades de exposição a pessoas
desconhecidas e situações novas. Esse resultado se assemelha aos achados da pesquisa
de Thomas, Bax & Smith (1988), no qual as mulheres com deficiência física relataram
maiores dificuldades em freqüentar ambientes públicos, misturar-se com pessoas no colégio
ou no trabalho, fazer amizades, sair com uma pessoa que está interessada para
relacionamento amoroso e encontrar estranhos quando comparadas as mulheres sem
deficiência. Tal constatação sugere a necessidade de disponibilizar Programas de
Treinamento de Habilidades Sociais para o atendimento de mulheres com deficiência
física, com o objetivo de desenvolver o repertório de comportamentos sociais e, por
conseqüência, possibilitar que elas ampliem suas interações e consigam estabelecer
relacionamentos mais duradouros e gratificantes.
Já os homens com deficiência física, em geral, relataram repertório elaborado
de habilidades sociais. Apenas no fator que demanda habilidades de autocontrole da
agressividade é que a maioria dos homens se avaliou um pouco abaixo dos demais, tendo
o repertório de habilidades sociais contraposto ao repertório classificado como deficitário
ou elaborado. A literatura aponta que os homens são mais expansivos e tendem a expressar
seus sentimentos negativos (raiva, discordância) mais facilmente do que as mulheres.
(PAPALIA, 2003). Como o resultado encontrado foi baseado no auto-relato, torna-se
importante uma avaliação mais aprofundada da proficiência e da funcionalidade dos
homens com deficiência física na expressão desses sentimentos em situações aversivas
(críticas, chacotas, etc.).
Considerações finais
Notas
1
Psicóloga com Especialização em Gestão Organizacional e Recursos Humanos (UFSCar), Mestrado em
Educação Especial (UFSCar) e, atualmente, Doutoranda no mesmo programa. É integrante do Grupo de
Pesquisa Relações Interpessoais e Habilidades Sociais (RIHS) do Laboratório de Interação Social da UFSCar.
2
Professor Titular do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Educação Especial
da UFSCar. É coordenador do Grupo de Pesquisa Relações Interpessoais e Habilidades Sociais (RIHS) do
Laboratório de Interação Social da UFSCar. Endereço eletrônico: adprette@power.ufscar.br.
Referências bibliográficas
DEL PRETTE, Z. A. P. & DEL PRETTE, A. Psicologia das habilidades sociais: terapia e
educação. Petrópolis: Vozes, 1999.
DEL PRETTE, A. & DEL PRETTE, Z. A. P. Psicologia das relações interpessoais: vivências
para o trabalho em grupo. Petrópolis: Vozes, 2001a.
DEL PRETTE, Z. A. P. & DEL PRETTE, A. Psicologia das habilidades sociais na infância:
teoria e Prática. Petrópolis: Vozes, 2005.
DONOHUE, B. et al. Financial management and job social skills training components
in a summer business institute: a controlled evaluation in high achieving predominantly
ethnic minority youth. Behavior Modification, v. 29, n. 4, p. 653-676, julho-2005.
PEREIRA, C. S. Habilidades sociais em trabalhadores com e sem deficiência física: uma análise
comparativa. (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.
2006.
THOMAS, A. P.; BAX, M. C. & SMYTH, D. P. The social skill difficulties of young
adults with physical disabilities. Child: care, health and development, v. 14, nº.4, p. 255-
264, julho/agosto-1988.
Introdução
MÉTODO
Amostra
Instrumento
RESULTADOS E DISCUSSÃO
1,75
1,5
1,25
Médias
1
0,75
0,5
0,25
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 2 21
Situações
Figura 1. Escores médios da adequação obtidos nas reações habilidosas, não habilidosas ativas e passivas em
cada uma das 21 situações, segundo a avaliação dos professores.
Como se vê na Figura 1, a média por item das reações habilidosas foi 1,83
(dp= 0,27), apontando para um julgamento próximo de dois (muito adequada). Em todos
os itens, os escores mais elevados foram encontrados nas reações habilidosas, enquanto
os menores foram atribuídos às não habilidosas ativas. As médias das reações não-
habilidosas passivas foram sempre abaixo das habilidosas e acima das não-habilidosas
ativas, exceto no item (17) resistir pressão do grupo, em que os escores foram equivalentes.
Esses dados sugerem que os professores diferenciam comportamentos sociais adequados
daqueles que não são.
Esse resultado corrobora a literatura da área (GRESHAM et al.,1999) que
afirma que problemas internalizantes (aferidos aqui pelas reações passivas) em comparação
aos externalizantes (relacionados à emissão de reações ativas), são menos freqüentemente
foco de atenção e encaminhamentos. Isso pode ser também indício de pouca preocupação
dos professores com tal repertório deficitário, por esse não interferir de forma conspícua
na rotina em sala de aula.
Quanto à adequação das reações habilidosas, nota-se que os itens que
obtiveram os mais elevados escores médios foram: (19) elogiar objeto do colega (1,96; dp=
0,18), (18) consolar o colega (1,96; dp=0,26), (10) oferecer ajuda (1,95; dp=0,29), (13) responder
pergunta à professora (1,95; dp=0,29). Em contrapartida, as reações habilidosas com menores
escores foram: (1) abordar o grupo (156; dp=065), (21) defender o colega (156; dp=065),(3)
expressar desagrado (1,63; dp= 0,61) e (7) demonstrar espírito esportivo (1,72; dp= 0,67). Com
base nos resultados, conclui-se que os itens com maiores escores de adequação das reações
habilidosas relacionaram-se às habilidades empáticas e de civilidade.
Importancia adequação da reação habilidosa
2
1,75
1,5
Média
1,25
1
0,75
0,5
0,25
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
Situações
Figura 2. Escores médios de importância e adequação atribuídas pelos professores às reações habilidosas em
cada uma das 21 situações.
Notas
1
Este estudo é produto de subprojeto desenvolvido pela primeira autora enquanto Bolsista de Iniciação
Científica - CNPq sob orientação dos dois últimos autores. O segundo e o terceiro autores participaram do
tratamento de dados e do relatório final desse estudo.
3
Mestre e Doutorando em Educação Especial pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Especial
UFSCar.
4
Mestre em Educação Especial pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Especial UFSCar.
5
Professor do Departamento de Psicologia; Laboratório de Integração Social – LIS da Universidade Federal
de São Carlos.
6
Professora do Departamento de Psicologia; Laboratório de Integração Social – LIS da Universidade Federal
de São Carlos.
Referências bibliográficas
DEL PRETTE, A. & DEL PRETTE, Z. A. P. Psicologia das relações interpessoais: Vivências
para o trabalho em grupo. Petrópolis: Vozes, 2001.
DEL PRETTE, Z. A. P. & DEL PRETTE, A. Psicologia das habilidades sociais: Terapia e
educação. Rio de Janeiro: Vozes, 1999.
DEL PRETTE, Z. A. P. & DEL PRETTE, A. Psicologia das habilidades sociais na infância:
Teoria e prática. Rio de Janeiro: Vozes, 2005a.
GRESHAM, F.M. et al. Social and academic profiles of externalizing and internalizing
groups: risk factors for emotional and behavioral disorders. Behavioral Disorders, v. 24, p.
231-245, 1999.
LANE, K. L et al. Designing effective interventions for children at-risk for antisocial
behavior: An integrated model of components necessary for making valid inferences.
Psychology in the Schools, Los Angeles: University of California, v. 38, n.4, p. 365-379,
2001.
Carly Cruz1
Maria Aparecida Santos Correa Barreto2
Maria da Penha Costa Benevides França Silva3
Introdução
Dos objetivos
• Analisar o trabalho desenvolvido nas intervenções do PAAT, sob a ótica dos ex-
alunos, por meio da sua escuta.
De modo específico:
I- Importância das experiências vividas por meio das atividades desenvolvidas no projeto;
“O que ficou de você em minha lembrança foi o fato de nós aprendermos bastantes lições juntos e
foi graças a você que eu descobri meu potencial e minhas virtudes”. (João).
Por fim, no terceiro ponto, foi considerado o PAAT parte do passado que, no
entanto, se faz muito presente nas suas vidas atuais.
“No período em que participei do PAAT, aprendi a planejar, tive minha criatividade estimulada,
discuti idéias. De fato, foi um período muito proveitoso”. (Marcos).
Não podemos desperdiçar nossas inteligências; há por toda parte um rico manancial
de jovens esperando por melhores oportunidades e desafios as suas capacidades.
Precisamos de uma política educacional mais ampla, mais inteligente, voltada
para as necessidades educacionais de todos os indivíduos, dando-lhes
oportunidades concretas de se desenvolver adequadamente, engajando-os em
programas especiais bem planejados. (p. 16).
Notas
1
Pedagoga,Professora do Projeto PAATe Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação do Centro
de Educação da UFES.
2
Professora Adjunta do Programa de Pós-Graduação em Educação - PPGE do Centro de Educação da
UFES.
3
Técnica Pedagógica da Secretaria de Estado da Educação e Coordenadora do PAAT.
4
A ABSD-ES era uma seccional da ABSD Nacional que foi a primeira associação deste tipo no Brasil, fundada
em 1978 no Rio de Janeiro-RJ.
5
Em todas as versões do projeto, as alusões ao aluno superdotado são sempre feitas por meio de
comportamento pré-estabelecidos derivados de várias check-list que não consideram o caráter singular do
sujeito.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes gerais para o atendimento educacional aos alunos
portadores de Altas Habilidades/Superdotação e Talentos. Brasília: Secretária de Educação,
1995. (Série Diretrizes, 10).
Introdução
Objetivos
Metodologia
80
Número de Matrículas
60
RE
40
RP
20 RM
0
96
97
98
99
00
01
02
03
04
19
19
19
19
20
20
20
20
20
Anos
Resultados e Discussão
Conclusão
Notas
1
Universidade Cidade de São Paulo – UNICID
Referências bibliográficas
BRASIL. Congresso Nacional. Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei nº 9394/
96, de 20 de dezembro de 1996. Brasília:Diário Oficial da União, 23 de dezembro de
1996.
CARVALHO, E. R. Educação inclusiva: com os pingos nos “is”. Porto Alegre: Editora
Mediação, 2004.
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diferenciam seu atendimento. Revista do Centro de Educação. Cadernos, n. 22, 2003.
Disponível em www.ufsm.br/ce/revista/ceesp/2003/02/a4.htm. Acesso em 10 de
Fevereiro de 2005.
AUTISMO:
Aspectos comunicativos
IDENTIFICAÇÃO DAS FORMAS DE COMUNICAÇÃO EM SITUAÇÕES
DE ATIVIDADES DA VIDA DIÁRIA NA CRIANÇA AUTISTA
Introdução
Objetivo
Material e método
Aspectos Éticos
Resultados e discussão
Conclusão
Por meio deste estudo, foi possível identificar dois aspectos relevantes. O
primeiro está relacionado ao fato de a criança autista ser semi-independente para a realização
de suas atividades de vida diária. O segundo refere-se à capacidade de a criança manifestar
os seus desejos, porém há a necessidade de que o objeto concreto esteja em seu campo
visual para que seja possível expressar-se funcionalmente. Este dado evidenciou que a
falta de adequação entre as demandas da pessoa, da tarefa e do ambiente, pode restringir
a capacidade da criança. O estudo também evidenciou que as incapacidades não são
advindas unicamente da condição de deficiente, mas também das condições do meio
oferecidas à pessoa deficiente.
Baleotti (2006) enfatizou que a adequação pessoa-atividade-ambiente refere-
se à compatibilidade entre as habilidades e capacidades do indivíduo, às demandas da
atividade, e às características dos ambientes físico, social e cultural, o que é importante e
fundamental para determinar o sucesso do indivíduo é a interação entre essas áreas.
É por meio da compreensão da interação entre as áreas de desempenho
ocupacional que constatamos a necessidade da elaboração de um sistema de comunicação
alternativa para que essa criança possa manifestar seus desejos de forma funcional,
aumentando o seu repertório de habilidades nas atividades de vida diária. Em função
disso, este estudo certamente terá continuidade.
Notas
1
Docente do Curso de Terapia Ocupacional. Departamento de Educação Especial – FFC/UNESP, Marília.
Referências bibliográficas
BALLONE, G. J. Autismo Infantil. In: PsiqWeb, Psiquiatria Geral, 2002. Disponível em:
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República, Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Coordenadoria Nacional para
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, 2005. p. 11-15.
Introdução
Método
Participantes
Material
Procedimento
* O termo “comparação” é utilizado para se referir a cada comparação realizada entre as díades mãe-criança
normais e com TEA.
Resultados
Tabela 2 – Valores de média e mediana do número de atos comunicativos por minuto das crianças
Comparações Crianças com TEA Crianças Normais
1 2,07 7,53
2 2,53 6,93
3 4,73 5,33
4 5,13 8,67
5 5,80 8,80
Média 4,05 7,45
Mediana 4,73 7,53
Tabela 4 – Valores de média e mediana das funções mais e menos interativas das crianças
1 12 104 19 9
2 16 104 22 0
3 25 74 46 6
4 63 130 14 0
5 76 127 11 5
Tabela 5 – Valores de média e mediana do número de Atos Comunicativos por minuto das mães
Discussão
Conclusão
Notas
1
Fonoaudióloga, mestre em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem - UNESP/Bauru, Doutoranda
em Educação - UNESP/Marília.
2
Fonoaudióloga, Docente do Departamento de Fonoaudiologia - UNESP/Marília.
3
Psicólogo, Docente do Programa de Pós-graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem da
UNESP/Bauru.
Referências Bibliográficas
BOWLBY, J. Cuidados maternos e saúde mental. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1981.
DAWSON, G. et al. Affective exchanges between young autistic children and theirs
mothers. J. Abnorm. Chil Psychol., v. 3, p. 335-345, 1990.
FRANK, S. M. et al. Linguistic performance in vulnerable and autistic children and their mothers,
v, 133, n. 8, p. 909-15, Aug. – 1976.
KALRA, V.; SETH, R. & SAPRA, S. Autism - experiences in a tertiary care hospital.
Indian J Pediatr, v. 72, p. 227-30, 2005.
SIGMAN, M. et al. Social interactions of autistic, mentally retarded and normal children
and theirs caregivers. J. Child. Psychol. Psychiat., v. 27, p. 647-56, 1986.
TECNOLOGIA ASSISTIVA,
TERAPIA OCUPACIONAL,
ESCOLARIZAÇÃO,
INICIAÇÃO CIENTÍFICA
TECNOLOGIA ASSISTIVA: UMA PROPOSTA DE
CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO1
Introdução
Metodologia
Resultados
Após a coleta dos dados, para cada recurso identificado foi caracterizado
com as seguintes informações: a) nome; b) recomendações para o uso (informações do
produto fornecidas pelo representante/fabricante); c) cópia da imagem/ilustração; d)
fontes de obtenção das informações. A ficha a seguir ilustra um modelo de preenchimento
da ficha de caracterização, como resultado deste procedimento.
FOTO OU ILUSTRAÇÃO
Figura 1. Exemplo ilustrativo do preenchimento de uma ficha de caracterização dos recursos de tecnologia
assistiva.
Tabela 1: Sistema de classificação dos recursos de tecnologia assistiva, suas respectivas categorias, subcategorias
e itens de subcategorias.
Categorias Subcategorias Itens de Subcategorias
1. equipamentos de entrada e 1. recursos de entrada de informações para computadores
saída de informação no (sistema de entrada de informações Braille / sistema de
computador; entrada de informações controlado pelo mouse / sistema de
entrada de informações controlado pelo toque / teclados
especiais / scanner de texto e gráfico)
2. recursos de saída do computador (impressora -inclui
impressora Braille; / monitor com sistema de ampliação)
UT 2. conjunto de programas de 3. softwares-acesso de interface-programa de ajuda para acesso
computador – Softwares ao computador
3. acessórios para computadores; 4. sobreteclados / suporte para braço e mão / suporte para
punho para teclado / suporte de monitor / sistema de
montagem / sistema de carregamento de disco Braille /
apoio do mouse
4. calculadoras especiais; 5. calculadoras eletrônicas
5. transporte (veículos 6. adaptações para veículos motorizados (adaptações de
motorizados e bicicletas); controle (ex: controles de pé) / sistemas de controle
(sistemas de navegação assistida, travas) / sistemas de
contenção (cinto de segurança, coletes) / assentos e
almofadas especiais / plataformas para cadeira de rodas /
recursos para carregar cadeiras de rodas)
7. adaptações em bicicletas (selim / adaptação de rodas /
rodas paralelas / pedais especiais)
RMP 6. ajudas para levantar e andar 8. bengalas, bastões
9. muletas/ andadores
7. cadeira de roda 10. cadeira de rodas com controle remoto /cadeiras de rodas
elétricas
11. cadeira de rodas manualmente controlada, roda
direcional traseira / dianteira
12. cadeira de rodas de viagem e scooters
13. cadeiras de rodas esportivas
14. cadeira de rodas reclinável
15. acessórios para cadeiras de rodas (direção/sistemas de
controle / apoios para as costas/assentos /apoios para a
cabeça / apoio para os pés / unidades de propulsão /
sistemas de direção / bandejas giratórias para cadeira de
rodas / breques / baterias/carregadores de bateria)
Dispositivos e Accesórios UT 4 5
Computacionais
Mobilidade RMP 4 13
Elementos Sensoriais ES 4 10
Atividades da Vida Diária AVD 13 38
Adaptações Pedagógicas AD 2 17
Elementos Arquitetônicos Earq 6 12
Mobiliário e Equipamento MEM 4 7
Modificado
Controles Ambientais SMCA 3 3
Recreação/ Lazer/ Esportes LR 5 6
TOTAL 9 45 111
Conclusão
Notas
1
Este trabalho é parte da Tese de Doutorado da área de Educação Especial, defendida na Universidade Federal
2
Doutora em Educação Especial. Programa de Pós-Graduação em Educação Especial. Universidade Federal
de São Carlos.
3
Docente do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-graduação em Educação Especial. Universidade
Federal de São Carlos.
4
Sistema Nacional de Classificação para Recursos e Serviços de Tecnologia Assistiva dos Estados Unidos da
América, 2000.
Referências Bibliográficas
BRASIL. Lei no. 9394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. São Paulo.
Editora do Brasil. 1996.
BRASIL. O acesso de pessoas com deficiência às classes e escolas comuns da rede regular de ensino.
Brasília: Ministério Público Federal. Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão. 2003.
COOK, A. M. & HUSSEY, S. M. Assistive Technologies. Principles and Practice. 2. ed. St.
Louis, Missouri: Mosby, Inc. 2002.
JUTAI, J. W. Occupational Therapy and assistive technology: the research challenge. The
Israel Journal of Occupational Therapy. Israel. 2002.
KING, T. W. Assistive Technology: essential human factors. Allyn & Bacon. 1999.
Introdução
Objetivos
Esta revisão tem por objetivo discutir sobre seis avaliações do comportamento
de brincar, utilizadas por terapeutas ocupacionais, e suas evidências para a prática
profissional na clínica e na pesquisa, e, de certa forma, contribuir com um corpo de
conhecimento no campo da educação especial.
Metodologia
Resultados
Histórico Lúdico3
Foi elaborada para avaliar crianças com deficiência física e fornece dados
através de quatro áreas: 1) nível geral de interesse da criança, 2) habilidades e interesses
lúdicos básicos, 3) características das atitudes lúdicas da criança em geral, 4) comunicação
das necessidades e sentimentos.
Cada área é pontuada quantitativamente (0 a 2) conforme o nível de interesse,
sendo possível assinalar, também, quando o comportamento não foi observado (NO).
As áreas de habilidades e interesses lúdicos básicos, características das atitudes
lúdicas da criança em geral, comunicação das necessidades e sentimentos recebem também
uma pontuação (variando de 0 a 2 pontos) quanto ao nível de habilidades. Ao longo de
todas as áreas é possível especificar como a ação foi realizada, qual mão é utilizada,
quais as dificuldades, possibilitando também um registro qualitativo. (FERLAND, 2006).
Esse teste é interessante por considerar as habilidades que a criança apresenta
e não somente seus déficits, além de contemplar aspectos relativos à função manual, que
nas crianças com problemas no desenvolvimento podem estar deficitárias, por exemplo,
na paralisia cerebral, na mielomeningocele, nas distrofias musculares, dentre outras
deficiências físicas. Os critérios de pontuação também permitem quantificar o
Teste de Entretenimento7
Conclusão e implicações
Notas
1
Docente do curso de graduação em Terapia Ocupacional, Professora Doutora do Departamento de
Neurologia, Psiquiatria e Psicologia Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São
Paulo-USP, Ribeirão Preto-SP. E-mail: luziara@fmrp.usp.br.
2
Terapeuta Ocupacional Junior do Centro de Reabilitação do Hospital Israelita Albert Einstein-HIAE,
3
“Play History” (TAKATA, 1974).
4
“Preschool Play Scale-PPS”. (KNOX, 2000).
5
“Transdisciplinary Play-Based Assessment- TPBA”. (LINDER, 2001).
6
“L’èvalutaion du comportament ludique- ECL”. (FERLAND, 2006).
7
“Test of Playfulness-ToP”. (BUNDY, 2000).
8
“The Child-Initiated Pretend Play Assessment-ChiPPA”. (STAGNITTI, 2000).
Referências bibliográficas
COUCH, K.J., DEITZ, J. C. & KANNY, E.M. The role of play in pediatric occupational
therapy. American Journal of Occupational Therapy, v.52, n. 2, p. 111-117, Feb. – 1998.
CRUZ, D. M. C. & DIMOV, T. Uma discussão com docentes acerca das contribuições da
terapia ocupacional na educação especial. Temas sobre Desenvolvimento, São Paulo, v.14,
n.80/81, p. 40-46, mai./ago. – 2005.
GATELY, S.E. & GATELY, F.J. Understanding coteathing components. The council for
exceptional children, v. 33, n. 4, p. 40-47, out./dez. – 2001.
KNOX, S. Avaliação da recreação e lazer. In: NEISTADT, M.E.; CREPEAU, E.B. Willard
& Spackman terapia ocupacional. Tradução: José Eduardo Ferreira de Figueiredo. 9. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. p. 195-201.
MORRISON, C.D. & METZGER, P. Play. In: CASE-SMITH, J. Occupational Therapy for
children. St. Louis: Mosby, 2001.p. 528-544.
OKIMOTO, A.M., BUNDY, A. & HANZILK, J. Playfulness in children with and without
disability: measurement and intervention. American Journal of Occupational Therapy, v.54,
n. 1, p.73-82, Jan./Feb. – 2000.
Introdução
Considerações Finais
Notas
1
O termo “problemas de escolarização” foi cunhado por Proença (2002, p. 192) e vem substituir a concepção
tradicional dos problemas de aprendizagem, uma vez que “(...) desloca o eixo da análise do indivíduo para
a escola e o conjunto de relações institucionais, históricas, psicológicas, pedagógicas que se fazem presentes
no dia-a-dia escolar”.
2
Docente da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
3
Docente da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
4
Doutoranda em Educação Escolar pela UNESP/Araraquara, bolsista FAPESP.
5
Docente da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
6
Docente da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
8
A estatística do SAEB, em 2001, mostra um índice alarmante na avaliação por amostragem de alunos, no
tocante ao domínio de português e matemática. Para acessar os índices, veja o site: <http://www.inep.gov.br/
basica/saeb/saeb_01.htm>
9
A pesquisa intitulada “Qualidade da educação: uma nova leitura do desempenho dos estudantes da quarta série do ensino
fundamental”, divulgada pelo Ministério da Educação, demonstra que, em língua portuguesa, apenas 5% da
amostra podem ser considerados leitores competentes por possuírem habilidades de leitura relacionadas
com a série cursada e dominam alguns recursos lingüísticos; e em matemática, apenas 7% conseguem
resolver problemas de forma coerente. (INEP/MEC, 2003).
10
É importante aqui que não se entenda este termo como uma adaptação mecânica. Para maiores esclarecimentos
sobre as diversas terminologias utilizadas por Luria ver Tuleski (2007).
Referências bibliográficas
BRECHT, B. Teatro completo. Tradução: Schwartz, Roberto et.al. v.4. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1990.
LURIA, A. R. The problem of the cultural behavior of the child. In: The Vygotsky reader.
Cambridge, USA: Blackwell Publishers, 1994b.
Introdução
[...] o PIBIC é um dos programas mais importantes do CNPq. Sua atuação tem
produzido modificações consideráveis nas universidades e institutos. Em primeiro
lugar, as universidades reforçam sua capacidade de formação de recursos humanos
e de orientação, uma vez que as bolsas são alocadas a doutores com plena
capacidade de orientar pesquisa. Além disso, a necessidade de um comitê externo
de avaliação, recomendada pelo CNPq, possibilita o amadurecimento de um
sistema permanente de acompanhamento, o que traz reflexos fundamentais no
próprio desempenho da universidade, dado o rigor que se exige na avaliação. O
programa PIBIC tem, também, estimulado uma ampla modificação no sistema
de ensino de graduação, pelo fato de que o treinamento dos estudantes aperfeiçoa-
se em contato direto com o orientador, ampliando, assim, seus horizontes além
dos cursos e aulas formais (...). O apoio ao recrutamento de jovens cientistas é
uma das tarefas fundamentais do CNPq. (p. 1).
O PIBIC na UFSCar
1996/97 57%
1997/98 52%
1998/99 47%
1999/00 38%
2000/01 21%
Fonte: PROPG/UFSCar
Notas: *Foram bolsistas de IC do CNPq (PIBIC ou quota ao pesquisador), FAPESP ou financiados pela
instituição de ensino. **H – Homens. ***M – Mulheres.
Fonte: PPGEEs/UFSCar e CNPq (Currículo Lattes).
2000 01 (M***) - 01 - -
2001 02 (M***) - - 01 01
2003 02 (M***) - 01 01 -
[...] os mestres e doutores titulados pelo PPG-EEs hoje atuam nas principais
universidades do país e, para atestar a qualidade na formação de profissionais, o
Programa foi avaliado pela CAPES com o conceito 5 e se encontra entre os 10
melhores cursos de pós-graduação da área de Educação do Brasil. (p. 37).
Conclusão
Notas
1
Analista de C&T do CNPq, Doutor em Educação Especial PPGEEs/UFSCar e professor da IESGO.
2
Professora do PPGEEs/UFSCar.
3
Mestre em Educação Especial PPGEES/ UFSCar, Doutoranda em Educação –UNESP/Araraquara.
4
Professora do PPGEEs/UFSCar.
5
PIBIC/CNPq.
Referências bibliográficas
NÉDER, Roberto Toledo. A iniciação científica como ação de fomento do CNPq: o Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação Científica. (Dissertação de Mestrado). Centro de
Desenvolvimento Sustentável, Brasília, 2001.
VELLOSO, J.; VELHO, L. & PRANDI; R. Trajetória, bolsas e perspectivas dos mestrando e
doutorandos no país. Brasília, 1997. (mimeog.)