Dogmatism o

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 36

Dogmatismo

Dogmatismo é, acima de tudo, uma postura, mas pode ser também uma doutrina (ou um conjunto
de doutrinas). A postura dogmática defende que existem certos postulados que estão fora do
alcance da crítica. Isso significa que algumas posições — morais, epistemológicas ou religiosas —
simplesmente não cabem no espectro da crítica e do questionamento. Algumas posições seriam
eternas, imutáveis e intransigentemente inquestionáveis. Para um cristão convicto pela fé, por
exemplo, a existência de Deus é um dogma.
Leia também: Empirismo - o conhecimento como produto da experiência prática
O que é dogmatismo filosófico?
A posição dogmática sempre trabalhará com a noção de verdade eterna e absoluta. Isso se dá no
campo dos costumes, mas também pode ocorrer no campo do conhecimento. A lógica, por
exemplo, é uma área do conhecimento tão exata quanto a matemática, aliás, ela explica muito do
que é feito na matemática. A lógica é um campo do conhecimento que podemos chamar de
dogmático, pois está fundamentada em princípios tão sólidos quanto a própria racionalidade.
Dessa maneira, quando existem princípios inabaláveis que definem uma área do saber, podemos
chamar essa área de dogmática.

Os
dogmas podem ser grilhões que aprisionam o conhecimento e impedem seu avanço.
Quando a lógica abre brecha para ser questionada, isso não demonstra que essa ciência não é
perfeitamente dogmática, mas que há um provável erro metodológico do pensador que estava
operando-a. Nessas áreas mais rígidas do conhecimento, a posição dogmática não é uma simples
questão de convicção do sujeito do conhecimento, mas algo inevitável. Os resultados
matemáticos, por exemplo, são exatos e é impossível que eles sejam questionados a menos que,
como no caso da lógica, haja algum erro metodológico ou erro operacional daquele que conduz o
cálculo.
Também chamamos dogmáticos aqueles filósofos que apresentam suas teorias como verdades
últimas e definitivas sobre temas. Muitas vezes, o dogmatismo delas é desmascarado por filósofos
posteriores, mas outras vezes não. É o caso de Aristóteles, de Platão, do
pensador escolástico Guilherme de Ocham ou de René Descartes. Algumas teorias desses
pensadores resistem ao tempo e são até hoje debatidas por acadêmicos e pensadores em geral.
Quando o dogmatismo adentra a esfera comportamental, podemos ter problemas. É fácil defender
e demonstrar a exatidão das ciências exatas, ficando fácil, portanto, defender uma posição
dogmática nessas ciências. Os costumes, a moral e a política estão embasados em outros
processos: não há uma rigidez e exatidão naquilo que é produzido nesses campos, pois tudo é
fruto de interações e do acaso, o que impede a existência de um cálculo ou regra que torne as
experiências exatas.
Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)
O que é dogmatismo e ceticismo
Essas duas posturas (a dogmática e a cética) são diametralmente opostas. A escola cética surgiu
entre as escolas gregas helenísticas e defende que não há meio de chegar-se a um conhecimento
verdadeiro e seguro, sendo melhor, portanto, abster-se da vontade de chegar-se à verdade.

O filósofo francês
René Descartes reinventou o ceticismo.
Segundo o filósofo brasileiro Plínio Junqueira Smith, um dos maiores especialistas em ceticismo
do Brasil, “os céticos são aqueles que mostram, por meio de uma argumentação que lhes é
peculiar, que não há nenhuma garantia de que conhecemos aquilo que alegamos conhecer.
Segundo eles, não sabemos nada, não temos certeza de nada e podemos colocar tudo em
dúvida; sequer sabemos que nada sabemos”|1|. Essa postura cética inaugura uma das bases de
ancoragem do pensamento filosófico. Enquanto temos os filósofos dogmáticos, que afirmam
verdades, temos os filósofos céticos, que questionam supostas verdades.
Segundo Plínio Smith, “refutar o ceticismo tornou-se uma obsessão dos filósofos dogmáticos”|1|,
isso porque a postura cética aniquila qualquer possibilidade dogmática. Os dogmáticos tentam,
então, mostrar que o ceticismo não pode condizer com a realidade por não levar a lugar algum. É
certo que o ceticismo antigo, fundado pelo filósofo Pirro na Grécia Antiga, parece estagnar o
pensamento. Há uma variante moderna de ceticismo, centrada na obra filosófica do francês René
Descartes, que muda a perspectiva cética e ergue um ceticismo construtivo.
Para Descartes, era necessário duvidar-se de tudo, manter-se uma postura cética sobre tudo no
mundo. Isso era, no entanto, uma artimanha intelectual para chegar-se ao ponto defendido por
Descartes: duvidar para pensar, pensar para chegar a um conhecimento verdadeiro.
Dogmatismo religioso
As religiões são compostas por dogmas. O nível de tolerância de cada fiel e de cada fé religiosa
varia, mas todas as religiões afirmam dogmas que, ao menos na lógica interna de seus
funcionamentos, operam como verdades absolutas. A santíssima trindade que une Pai, Filho e
Espírito Santo para os cristãos, a sabedoria sagrada do profeta Maomé para os muçulmanos ou a
força que emana dos orixás para os candomblecistas são exemplos de dogmas religiosos.
As religiões necessitam de dogmas para funcionarem. É no interior das regras e preceitos
religiosos que entendemos como isso se torna importante para a manutenção da fé. No entanto,
como a postura dos fiéis varia, temos pessoas mais ou menos dogmáticas. Como as regras
religiosas também variam, temos religiões mais ou menos dogmáticas. Dentro de grandes
religiões, como o cristianismo, temos variadas vertentes que também apresentam postura mais ou
menos dogmática em relação à doutrina, às escrituras sagradas e à tradição.
Dentro do catolicismo, temos vertentes mais progressistas, como a teologia da libertação, que
tenta unir duas coisas há muito tempo separadas: socialismo e catolicismo; também existem
vertentes mais conservadoras, que tendem a caminhar mais para o dogmatismo, como a linha
tradicionalista; existem ainda as linhas que unem elementos dogmáticos da liturgia católica a
elementos não dogmáticos, como a renovação carismática e os neoconservadores.

O papa Francisco pode ser considerado uma liderança progressista que reviu alguns dogmas da
Igreja Católica. [1]
Ainda dentro do cristianismo, há vertentes protestantes extremamente dogmáticas por afirmarem
os valores dos primeiros reformadores, Martinho Lutero e João Calvino. Há também vertentes que
se afastam da tradição, mas criam uma lógica litúrgica altamente dogmática dentro de si mesmas.
Temos, nessa segunda classificação, os pentecostais, os neopentecostais e os pentecostais
reformados. Se compararmos as vertentes, pode ser muito difícil entender o dogmatismo de cada
uma, pois elas são bem diferentes umas das outras.
Os protestantes tradicionais têm cultos mais moderados, enquanto pentecostais têm um ritual
litúrgico mais agitado, com palmas, louvores e pessoas que dizem falar línguas (uma espécie de
comunicação que, na tradição de certas religiões, manifesta-se como um vínculo intermediário
entre as pessoas e Deus). Os pentecostais reformados, por sua vez, resgatam muitos elementos
católicos, adotam o colarinho clerical, celebram o Espírito Santo, são mais moderados em seus
cultos, mas adotam elementos não dogmáticos dos protestantes tradicionais, como a oração em
línguas estranhas.
Isso mostra que o dogmatismo, sobretudo o religioso, depende muito da perspectiva em
questão. Os dogmas estão, na maioria das vezes, centrados nas lógicas internas das religiões,
não significando necessariamente que uma religião mais sectária seja mais dogmática e que uma
vertente religiosa mais progressista seja menos dogmática.
Veja mais: Intolerância religiosa – preconceito muitas vezes cometido por religiosos dogmáticos
Dogmatismo no senso comum
O conhecimento de senso comum é não testado e não validado por qualquer regra racional. Isso
não significa que esse tipo de conhecimento sempre estará errado, mas que apenas não é
possível confiar-se cegamente nele. Sendo assim, quando o senso comum é adotado de maneira
dogmática, pode haver um problema: enxergar o mundo de uma maneira desvirtuada do que ele
realmente é.
Intolerância religiosa
A intolerância religiosa é uma forma de preconceito por conta da religião. Geralmente, esse tipo
de intolerância manifesta-se por meio de discriminação, profanação e agressão.

Um cemitério judaico, localizado na França, teve as lápides pichadas com suásticas nazistas, ato
de preconceito e intolerância religiosa.
A intolerância religiosa é o desrespeito ao direito das pessoas de manterem as suas crenças
religiosas. Podemos considerar como atos intolerantes as ofensas pessoais por conta
da religião ou as ofensas contra liturgias, cultos e outras religiões. Ações desse tipo, em suas
formas mais graves, podem resultar em violência, como agressões físicas e depredação de
templos.
Veja também: O que é fundamentalismo?
Histórico da intolerância religiosa
No início da era cristã, os adeptos do cristianismo foram perseguidos e mortos. A Igreja
Católica, por sua vez, no auge de seu poder, que durou da alta Idade Média até o século XVII,
também perseguiu, condenou e matou hereges (entre os quais estavam os adeptos de outras
religiões). Para saber mais sobre, recomendamos a leitura deste texto: Inquisição.
Outro caso emblemático de intolerância na história foi o pensamento antissemita (sentimento de
ódio direcionado aos povos hebraicos, como os judeus). A perseguição aos judeus ocorreu em
muitos momentos da história, como a perseguição feita pelo Império Romano, que resultou na
fuga e dispersão desse povo, bem como durante a Idade Média, em razão das diferenças entre
católicos e judeus.
A intensificação da perseguição contra esses povos começou no século XIX e seu auge ocorreu
durante o Terceiro Reich, na Alemanha nazista. A intolerância nazista resultou na morte de
mais de seis milhões de judeus, e ideias desse cunho ideológico ainda perduram dentro de
grupos isolados, apesar de a promoção e a propaganda nazista serem proibidas em vários países.
Ainda é possível falar de intolerância religiosa quando analisamos os desdobramentos dos
atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, que foram o estopim para que o governo
estadunidense, então comandado por George W. Bush, iniciasse uma ofensiva contra países
do Oriente Médio chamada de guerra contra o terror.
Os alvos dessa guerra eram grupos terroristas liderados por radicais islâmicos (estima-se que
16% dos muçulmanos sejam adeptos da corrente xiita, a que promove interpretações radicais) e
governos autoritários. Entretanto, o resultado da guerra ao terror e dos atentados terroristas foi a
promoção de um pensamento estereotipado de que o islã promove o terrorismo, o que
resultou em intolerância religiosa.
Saiba também: Solução Final: o plano de extermínio dos judeus
Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)
Exemplos de práticas de intolerância religiosa
Boa parte dos que praticam atos ofensivos e intolerantes é composta por pessoas de maiorias
religiosas e por aquelas que carregam interpretações fanáticas sobre seus escritos religiosos.
Quando falamos em intolerância religiosa, não estamos falando apenas de agressões físicas e
verbais. Também podemos identificar como atos intolerantes
a profanação pública de símbolos religiosos, com o objetivo de afetar pessoas daquela
denominação;
a destruição de locais de culto;
a recusa à prestação de serviços nesses locais;
a restrição ao acesso a locais públicos ou coletivos por conta de fatores religiosos.
Lei sobre intolerância religiosa
O artigo 5º da Constituição Federal de 1988 garante que o Estado brasileiro é laico, o que
coaduna com o que está expresso na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Já a lei nº
9.459, de 13 de maio de 1997, prevê punição para crimes de discriminação, ofensa e injúria
praticados em virtude de raça, cor, etnia, procedência nacional ou religião.
A referida lei prevê punição de um a três anos de reclusão e aplicação de multa para quem
praticar ou incitar qualquer ato discriminatório por motivo de, entre outros fatores, prática religiosa.
Não há uma lei específica que criminalize apenas a intolerância religiosa, e, apesar das garantias
constitucionais e da lei 9459/97, esse tipo de intolerância continua sendo praticado em nosso país.
Acesse também: Estado laico e Estado religioso
Intolerância religiosa e xenofobia
A religião é uma das maiores marcas de uma cultura nacional. Assim sendo, a intolerância
religiosa é utilizada, muitas vezes, para atacar uma nação. Vemos, como exemplo, o ataque às
religiões islâmicas como um ataque à cultura e à nacionalidade dos povos oriundos do Oriente
Médio.
Atualmente, o preconceito contra muçulmanos oriundos de países árabes que sofrem com
conflitos acontece no mundo ocidental, em especial na Europa e nos Estados Unidos. Uma das
facetas de ataque a esses povos dá-se pelo ataque à religião.
O mundo vivenciou ataques terroristas comandados por islâmicos radicais de vertente xiita, como
o ataque às Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001 e os ataques comandados por células
do Estado Islâmico a partir de 2015. Essas experiências isoladas (os xiitas compreendem,
aproximadamente, 16% do total de islâmicos) fizeram com que se criasse um senso comum que
aponta o islamismo como fonte de radicalismo religioso e terrorismo.
Muitas vezes, quem promove esse tipo de pensamento estereotipado e preconceituoso é,
também, um radical religioso. O objetivo maior da disseminação desse tipo de pensamento é o
afastamento de estrangeiros do próprio território nacional.
Intolerância religiosa no Brasil
Praticantes do candomblé em celebração tradicional do Dia de Iemanjá.
A intolerância religiosa manifesta-se no Brasil diariamente. Vivenciamos constantes ataques
contra templos, profanação de imagens religiosas, ofensas contra pessoas e discriminação no
tratamento em locais públicos e estabelecimentos privados.
Em geral, as vítimas da intolerância religiosa no Brasil são adeptas de religiões de matriz
africana, como o candomblé e a umbanda. Nosso país é composto por uma maioria católica
(cerca de 64,4% da população), que registra apenas 1,8% das denúncias de intolerância religiosa.
Os protestantes (cerca de 22,2% da população) registram apenas 3,8% das denúncias. Já os
praticantes de religiões de matriz africana (aproximadamente 1,6% da população, número que
inclui todas as denominações originárias dos povos africanos que vieram para o Brasil, à força,
para servirem de mão de obra escrava) registram 25% das denúncias de intolerância religiosa.|1|
A agência de notícias Brasil de Fato promoveu uma matéria (sobre a intolerância religiosa
cometida contra adeptos de religiões de matriz africana no Brasil) intitulada “Terreiros: entre a
intolerância religiosa e a resistência diária”. O depoimento marcante da mãe de santo Iyá Imim
Efun Lade expõe a vivência do racismo com base na discriminação e nos atos de ofensa
motivados pela religião:
'A partir do momento em que o negro começa a fazer o exercício da sua religiosidade, aquilo é
demonizado, e essa demonização cresce ao longo da História, simplesmente por ser uma religião
preta. Simplesmente por representar a ancestralidade do povo preto.' O relato de Iyá Imim Efun
Lade, mulher, negra e sacerdotisa do Candomblé, representa uma realidade vivenciada por
diferentes pessoas que seguem religiões de matriz africana no Brasil. O depoimento deixa claro
que a intolerância e o racismo caminham juntos no país.|2|
Dados sobre a intolerância religiosa
No Brasil, existe um serviço gratuito que recebe denúncias de intolerância religiosa e encaminha-
as para os órgãos competentes, o Disque 100. Nesse canal, as vítimas de crimes motivados por
fatores religiosos, inclusive quando praticados por funcionários públicos, podem denunciar
abusos, ofensas, discriminação e violência cometidos em decorrência da religião.
No biênio ocorrido entre 2015 e 2017, uma denúncia de intolerância religiosa foi feita a cada 15
horas, apontou o extinto Ministério dos Direitos Humanos. A maior parte dos casos ocorreu em
São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.|3| Outros dados:
33,9% das ocorrências deram-se dentro de casa;
25% dos agressores são identificados como homens brancos;
25% das denúncias foram feitas por praticantes de religiões, como o candomblé e a umbanda, de
matriz africana (1,6% da população brasileira).
Solução Final: o plano de extermínio dos judeus
A Solução Final foi um plano elaborado por Heydrich e Himmler e visava o extermínio dos
judeus da Europa a partir do Einsatzgruppen e das câmaras de gás.

No portal de entrada
do campo de extermínio de Auschwitz está escrito: Arbeit Macht Frei (“o trabalho liberta”)
Solução Final foi o nome dado pelos nazistas para a sua política de genocídio cometida
principalmente contra os judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Conhecido como Holocausto,
esse plano de extermínio teve fases diferentes ao longo da guerra, e, após sua implantação em
meados de 1941, foi desenvolvida toda a estrutura que levou à morte de milhões de pessoas.
Durante a Solução Final, também foram mortos Testemunhas de Jeová, ciganos, homossexuais e
negros.

Antissemitismo no Nazismo
Antissemitismo é o termo usado para referir-se ao preconceito contra pessoas de origem semita,
como os judeus. O crescimento do antissemitismo na Alemanha aconteceu durante o século XIX e
tomou grandes proporções a partir da República de Weimar (1919-1933). Essa foi a primeira
experiência republicana da Alemanha em que foi colocado em prática um modelo de democracia
representativa.
Como esse período foi caracterizado pela forte crise econômica em decorrência da derrota
na Primeira Guerra Mundial e dos pesados termos impostos pelo Tratado de Versalhes, um
partido surgiu como alternativa para a população: o Partido Nazista. Adolf Hitler, a partir do seu
antissemitismo, transformou o judeu em um bode expiatório e passou a culpá-lo pelos problemas
da Alemanha. Além disso, Hitler responsabilizava os judeus pelo bolchevismo – o principal
adversário ideológico do nazismo.
Assim que o Partido Nazista ascendeu ao poder em 1933, uma série de medidas foi tomada com
o objetivo de progressivamente retirar os direitos de cidadãos dos alemães judeus e forçá-los a
migrarem da Alemanha. Conforme o que se desenrolou, porém, foi provado que o objetivo de
Hitler, além da guerra, era o extermínio total dos judeus da Europa.

Solução Final imposta na guerra


Com o início da guerra, Hitler voltou seus planos para a conquista da União Soviética, deixando a
“questão judaica” para ser colocada em prática após finalizado o conflito armado na Europa. No
entanto, à medida que a guerra avançava, a Alemanha transformou a questão dos judeus como
prioridade total do nazismo.
A Solução Final foi arquitetada por duas das pessoas mais próximas de Adolf
Hitler: Reinhard Heydrich e Heinrich Himmler. O plano elaborado por eles possuía como objetivo a
erradicação total dos judeus da Europa, assim como Hitler havia proposto. A ideia deles sugeria a
exploração, até a morte, do trabalho braçal dos judeus capacitados e a execução imediata de
todos os incapazes, como velhos e doentes.
Heydrich e Himmler apropriaram-se de antigos planos e projetos debatidos pela cúpula nazista e
sugeriram-nos a Adolf Hitler. Primeiramente, a Solução Final consistia em utilizar do trabalho dos
judeus, alimentados de forma mínima, em um regime de escravidão. Essa proposta baseava-se
no plano nazista que pretendia deixar 30 milhões de eslavos com pouca alimentação para que os
alimentos fossem prioritariamente direcionados aos cidadãos alemães.
Em seguida, seria implantado gradativamente o projeto de extermínio dos judeus durante a
guerra. Dessa forma, Heydrich e Himmler anteciparam o projeto de Hitler que pretendia dizimar os
judeus depois da guerra. Por fim, o trabalho dos judeus seria utilizado para transformar o Leste
Europeu em uma grande colônia de exploração alemã, assim como sugeria a ideia nazista de
“espaço vital”. A ordem de Hitler para iniciar a execução da Solução Final foi transmitida por
Hermann Göring em julho de 1941.

Primeira etapa: os Einsatzgruppen


A primeira etapa da Solução Final foi a utilização de esquadrões da morte para promover a
limpeza étnica em regiões do Leste Europeu. Esses esquadrões eram chamados pelos nazistas
de Einsatzgruppen (em português, “força-tarefa”). O trabalho do Einsatzgruppen era feito a partir
de fuzilamentos em valas comuns.
Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)
À princípio, na atuação do Einsatzgruppen, apenas judeus homens seriam fuzilados. No entanto,
com a expansão do projeto de genocídio, Himmler anunciou que tanto mulheres quanto crianças
judias seriam alvo desse grupo de extermínio e, portanto, seriam fuziladas. Segundo o historiador
Timothy Snyder, somente o Einsatzgruppen (auxiliado por forças da Wehrmacht e da SS) foi
responsável por 1 milhão de mortes até o final da guerra em 1945|1|.
O Einsatzgruppen foi dividido em três grandes grupos que atuaram em diferentes partes do Leste
Europeu:
Einsatzgruppen A: atuavam nos países bálticos (Letônia, Estônia e Lituânia);
Einsatzgruppen B: atuavam na Bielorrússia;
Einsatzgruppen C: atuavam na Ucrânia.
A ação dos Einsatzgruppen contribuiu para exterminar totalmente as populações judaicas de
determinadas partes da Europa, como no caso da Lituânia, onde, em dezembro de 1941, o
grupamento A executou 114.856 judeus|2|. Na Letônia, o Einsatzgruppen registrou, até o final de
1941, a morte de cerca de 70 mil dos 80 mil judeus que habitavam a região|3|.
Outro evento de destaque foi o massacre de Babi Yar, realizado após um ataque da polícia
secreta soviética (NKVD) contra um prédio ocupado pelos nazistas em Kiev. Como represália,
o Einsatzgruppen C realizou, nos dias 29 e 30 de setembro de 1941, um grande fuzilamento que
vitimou 33 mil pessoas em cerca de 36 horas, o que caracterizou o massacre dos judeus de Kiev
como um dos piores de toda a guerra.
No entanto, a utilização do Einsatzgruppen encontrou como grande obstáculo a barreira
psicológica que afetava muitos soldados após fuzilar inúmeras pessoas. Esses problemas
psicológicos acentuaram-se quando mulheres e crianças também passaram a ser fuziladas. Em
razão disso, os nazistas implantaram um sistema de execução mais “impessoal”: as câmaras de
gás.

Segunda etapa: os campos de extermínio e as câmaras de gás


A criação das câmaras de gás, além de resolver a questão psicológica que envolvia os
fuzilamentos do Einsatzgruppen, possibilitou aos nazistas ampliarem a quantidade de mortos. À
princípio, as câmaras de gás foram testadas em prisioneiros soviéticos em vagões de trem
adaptados. Esses prisioneiros foram mortos envenenados por monóxido de carbono.
Posteriormente, com os desmanches dos guetos e a implantação em larga escala dos campos de
concentração, os nazistas implantaram as câmaras de gás em locais adaptados para o banho.
Essa medida transformou o campo de concentração em um campo de extermínio.
Os judeus eram levados de diferentes partes da Europa para esses campos de concentração e
extermínio instalados, principalmente, na Polônia. Essas pessoas eram colocadas aos montes em
vagões de trem em péssimas condições. Durante a viagem, os judeus não recebiam água nem
alimento e muitos morriam de frio ou outras causas relacionadas às péssimas condições.
Em seguida, os nazistas passaram a utilizar o pesticida Zyklon B nas câmaras de gás. Os
principais campos de concentração e extermínio da Europa foram os de Auschwitz-
Birkenau, Treblinka, Belzec e Sobibor, todos localizados na Polônia ocupada pelos nazistas.
Estima-se que cerca de 3 milhões de judeus tenham morrido em decorrência das ações
diretamente relacionadas aos fuzilamentos ou às câmaras de gás e que outros 3 milhões tenham
morrido por causa das péssimas condições de vida a que eram sujeitos. Os historiadores apontam
que, dos 9 milhões de judeus que viviam na Europa antes da guerra, 6 milhões foram mortos.
Sunitas x Xiitas

Sunitas e Xiitas observam a crença e a


organização política muçulmana de formas distintas.
Quando as divergências dos povos muçulmanos ganham destaque nos noticiários, muitas
pessoas ficam confusas sobre as tendências políticas e concepções religiosas que regem as
diversas facções políticas islâmicas. Geralmente, muito se fala sobre a contenda entre os xiitas e
sunitas, mas poucos ainda conseguem distinguir que tipo de diferenciação é essa. Para tanto,
devemos voltar os olhos para o processo de formação da religião muçulmana e a expansão do
mundo árabe.

Por volta do século VII, logo após a disseminação do islamismo na Península Arábica, os
convertidos a essa nova religião organizaram investidas militares que deveriam empreender a
conversão religiosa de outros povos estrangeiros. Também conhecida como jihad, essa ação
tomada pelos árabes islâmicos possibilitou a conquista de um vasto território que, com passar do
tempo, se estendeu por regiões da Ásia, do Norte da África e da Península Ibérica.

A partir de então, o poderio sobre as ricas terras conquistadas com o processo de avanço da
crença muçulmana estabeleceu uma contenda política sobre quem deveria de fato prosseguir
controlando as regiões subordinadas ao comando árabe-islâmico. Sem dúvida, o crescimento da
comunidade islâmica contribuiu fortemente para que novos grupos políticos aparecessem. Foi por
meio de tal disputa que os sunitas e xiitas passaram a ganhar terreno como os dois principais
partidos políticos do mundo árabe.

Partindo de uma noção de viés religioso, os sunitas adotam a Suna – livro que conta a trajetória
do profeta Maomé – como referencial na resolução das questões não muito bem esclarecidas pelo
Alcorão. Seguindo tal livro sagrado, os sunitas somente reconhecem a ascensão dos líderes
religiosos que fossem diretamente escolhidos pela população islâmica. Ao todo, os sunitas
representam cerca de 80% da comunidade islâmica espalhada pelo mundo.

Tomando outras justificativas, o grupo xiita prefere uma interpretação mais rígida do Alcorão e não
reconhece os conselhos e exemplos provenientes de qualquer outro livro. De acordo com os
xiitas, o mundo islâmico deve ser politicamente controlado por membros diretos da família do
profeta Maomé. A justificativa apresentada para tal opção se baseia na crença de que somente os
descendentes da casa de Maomé teriam a sabedoria necessária para conduzir os fiéis.

Apesar das divergências políticas apresentadas, os árabes muçulmanos conseguiram propagar a


sua crença para diversas civilizações espalhadas pelo mundo. Segundo indica algumas
pesquisas, o islamismo é uma das religiões que mais crescem ao redor do mundo. Atualmente, o
grupo político xiita é comumente associado aos pequenos grupos terroristas que mancham a
reputação do mundo árabe. Contudo, tais alas radicais não refletem as posições políticas e
religiosas de grande parte da comunidade muçulmana.
Oriente Médio
Oriente Médio é uma zona estratégica na geopolítica mundial. Os embates militares e os
distúrbios políticos são característicos dos países localizados nessa porção do globo.

A
cidade de Jerusalém, localizada no Oriente Médio, é considerada sagrada para o cristianismo, o
judaísmo e o islamismo.
Oriente Médio é uma região do globo, localizada na Ásia, em uma zona de confluência do
continente asiático com a Europa e a África. Historicamente a região foi ocupada por diversas
civilizações assim como por dominadores estrangeiros. A história da região é marcada, ainda,
pela extensa lista de conflitos militares que ocorreram no seu território.
Localizado em uma zona árida de clima desértico, o Oriente Médio possui uma geografia marcada
pela escassez de precipitações. A economia local gira em torno da exploração de produtos
primários, com destaque para o petróleo e o gás natural. Nessa mesma lógica, a infraestrutura
dos países da região está voltada para o processo de produção e exportação de combustíveis
fósseis.
As formas de governo locais são diversas, mas, no geral, caracterizadas pelo autoritarismo e pela
perseguição aos Direitos Humanos. A população do Oriente Médio é formada em sua maior parte
por praticantes do islamismo, mas a região possui minorias importantes de judeus e cristãos. Em
termos culturais, é muito forte a influência da religião na cultura local, já que o Oriente Médio é o
berço das três religiões monoteístas do mundo.
Leia também: Qual é a diferença entre árabes e muçulmanos?
Resumo sobre o Oriente Médio
É formado por Afeganistão, Arábia Saudita, Barein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Irã,
Iraque, Israel, Jordânia, Kuwait, Líbano, Omã, Síria e Turquia.
Está geograficamente situado em uma zona estratégica no globo, na confluência entre os
continentes asiático, europeu e africano.
Possui clima e vegetação desérticos. A região registra baixíssimos volumes de precipitação do
longo do ano.
Sua população é formada por cerca de 270 milhões de habitantes. Os países mais populosos são
Irã, Turquia, Iraque e Arábia Saudita.
Sua economia está baseada na produção de bens primários voltados para exportação, como o
petróleo e o gás natural.
As cidades de Dubai (Emirados Árabes Unidos) e Doha (Catar), que possuem infraestruturas
muito desenvolvidas, centralizam as atividades de negócios e turismo na região.
Sua cultura é fortemente influenciada pela religião. O islamismo é a prática religiosa que possui o
maior número de adeptos nos países da região.
Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)
Dados gerais sobre o Oriente Médio
Localização: Ásia
Extensão territorial: 7.200.000 quilômetros quadrados
População: 270 milhões de habitantes
Idiomas: árabe, aramaico, azeri, hebraico, curdo, persa e turco
Religiões: islamismo, judaísmo e cristianismo
Climas: Árido e Semiárido
Países: 15
História do Oriente Médio
O Oriente Médio é uma região historicamente muito diversificada do continente asiático. O
território formando na atualidade pelos países do Oriente Médio foi ocupado por diferentes
civilizações ao longo do tempo, como mesopotâmios, hititas, judeus, persas e diversos povos
árabes. A região foi ocupada de forma abrangente pelo Império Romano, mas logo tomada
pelo Império Bizantino. Além deles, também foi amplamente ocupada por populações árabes e
turcas, sendo o segundo grupo o responsável pela fundação do Império Otomano, que dominou
toda a região até o início do século XX.
A história mais recente do Oriente Médio foi marcada pelas transformações territoriais advindas
das Grandes Guerras Mundiais, que culminaram na configuração territorial atual dos países dessa
região. O Oriente Médio, após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), foi ocupado por britânicos
e franceses. Os invasores europeus permaneceram na maior parte desse território até a Segunda
Guerra Mundial (1939-1945). Posteriormente, os países da região alcançaram maior autonomia,
apesar do envolvimento em diversos conflitos de caráter regional.
A fundação de Israel no território da Palestina, por exemplo, gerou vários conflitos entre a nação
judaica e os países árabes da região. Atualmente a Palestina é formada por duas porções de terra
(Faixa de Gaza e Cisjordânia) e luta pelo seu reconhecimento como um Estado. O Iraque é outro
país que passou por conflitos, primeiro contra o Irã, na chamada Guerra Irã-Iraque (1980-1988), e
depois na Guerra do Golfo (1991). O território iraquiano também foi invadido por tropas dos
Estados Unidos (2003).
Mais recentemente, por meio de questões como a luta por democracia empreendida na Primavera
Árabe, grande parte das nações do Oriente Médio vivenciou novos distúrbios políticos. A
ascensão de grupos extremistas também culminou na instabilidade dos países da
região. Atualmente, o Oriente Médio é marcado pelas disputas geopolíticas locais e globais,
notadamente fomentadas pelo extremismo religioso e pela violação dos Direitos Humanos.
Países do Oriente Médio e suas capitais
Capitais
istão Cabul
Saudita Riad
Manama
Doha
os Árabes Unidos Abu Dhabi
Sanaã
Teerã
Bagdá
Telavive
a Amã
Cidade do Kuwait
Beirute
Mascate
Damasco
a Ancara
Leia também: Quais são os 10 países mais pobres do mundo?
Geografia do Oriente Médio
Geograficamente o Oriente Médio é uma região muito diversa, localizada na confluência de três
grandes continentes do globo:
Ásia
Europa
África
O Oriente Médio é dividido em 15 países, porém essa definição não é um consenso, já que muitos
estudiosos agrupam um maior número de nações na composição da região. Ademais, há ainda
questionamento sobre a localização continental do Oriente Médio, que, apesar de situar-se
predominantemente na Ásia, possui países, como a Turquia, que têm parte do seu território no
continente europeu.
No mesmo sentido, o Egito, que guarda semelhanças culturais com os países do Oriente Médio, é
frequentemente apontado como uma nação dessa região, apesar de estar localizado na África.
Portanto, a divisão geográfica dessa região é objeto de discussão entre os geógrafos e
cartógrafos, sendo mais aceita sua composição em 15 países.
O território do Oriente Médio é banhado pelo mar Mediterrâneo, mar Vermelho e mar Arábico,
além dos mares Negro e Cáspio. A formação do seu relevo é bastante diversificada, marcada pela
presença de grandes planícies, como na região da península Arábica, até zonas de elevada
altitude e relevo montanhoso, como em países como Afeganistão e Irã.

Os desertos, assim como os climas Árido e Semiárido, são características geográficas típicas dos
países do Oriente Médio.
Os principais rios do Oriente Médio são o Tigre e o Eufrates. A região apresenta grande escassez
de fontes de água. O deserto da Arábia é o principal do Oriente Médio. O cenário climático é
caracterizado pelos tipos Árido e Semiárido. A região apresenta baixíssimos índices de
precipitação. A vegetação é desértica, com exceção de algumas áreas banhadas pelos mares e
cursos de água, que apresentam maiores espécies vegetais em razão da umidade.
Mapa do Oriente Médio
Demografia do Oriente Médio
A população do Oriente Médio é formada por um agrupamento de quase 300 milhões de
habitantes. Em termos demográficos, a região apresenta um crescimento expressivo, em razão de
questões culturais que influenciam na elevada taxa de natalidade local. Ademais, os países mais
ricos da região, localizados no golfo Pérsico, recebem um grande fluxo de imigrantes de outras
regiões da Ásia.
Em contrapartida, os países localizados na porção oeste do Oriente Médio, como Síria e Iraque,
são considerados centros repulsores de população, sendo inclusive a origem de um número
significativo de refugiados, que buscam abrigo em outras nações, como as localizadas na Europa.
Os habitantes do Oriente Médio são etnicamente muito diversos. A região é formada
predominantemente por falantes do idioma árabe. Há, ainda, falantes do hebraico, principalmente
em Israel, do turco, na Turquia, e do farsi, idioma do Irã. A maior parte da população local é
seguidora do islamismo. Há, ainda, praticantes do judaísmo, concentrados em Israel, e do
cristianismo, que formam minorias significativas no Líbano e na Síria. O Oriente Médio possui
países populosos, como Irã e Turquia, mas também nações pequenas em população, como Omã
e Kuwait. Os principais centros urbanos do Oriente Médio são:
Istambul (Turquia)
Ancara (Turquia)
Bagdá (Iraque)
Dubai (Emirados Árabes Unidos)
Doha (Catar)
Riad (Arábia Saudita)
Teerã (Irã)
Economia do Oriente Médio
A economia do Oriente Médio está baseada no setor primário, portando, é fortemente marcada
pelo desenvolvimento de atividades ligadas à agropecuária e, principalmente, ao extrativismo. Na
área da agricultura, destaca-se a fruticultura, em especial, de tâmaras e oliveiras. O cultivo de
lavouras de trigo e arroz também é comum na região. Já a pecuária está baseada em criações de
subsistência.
Por sua vez, o extrativismo mineral é o principal ramo da atividade primária no Oriente Médio. A
região é responsável por mais da metade de toda a produção mundial de petróleo, portanto,
apresenta uma grande importância em termos econômicos e geopolíticos para o mundo.
Os principais países exportadores de petróleo são:
Arábia Saudita
Irã
Iraque
Kuwait
Barein
Catar
Emirados Árabes Unidos
Além do petróleo, o gás natural também é um produto de exportação importante da região. As
divisas geradas pela produção petrolífera são fundamentais para a sustentação da economia de
grande parte dos países da região, com destaque para as nações localizadas no golfo Pérsico.
Por sua vez, o setor secundário apresenta uma participação tímida na maior parte dos países do
Oriente Médio. O único país industrializado da região é Israel, que possui uma forte indústria
bélica, eletrônica e de informática. No restante dos países, predominam atividades industriais de
ramos como o alimentício e o têxtil. Já a indústria petroquímica é muito forte nos países
exportadores de petróleo da região.
O setor terciário do Oriente Médio está ancorado em atividades como o comércio e os serviços.
As trocas comerciais são muito características da região, e podem ser conferidas no comércio
interno, nas tradicionais feiras árabes, assim como pelo protagonismo local na exportação
de combustíveis fósseis. As atividades turísticas também são uma atividade econômica
importante, principalmente o turismo religioso. Nos últimos anos, cidades como Dubai (Emirados
Árabes Unidos) e Doha (Catar) tornaram-se importantes centros de negócios e turismo da região.
Leia também: Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep)
A cidade de Dubai, localizada nos Emirados Árabes Unidos, é um dos principais centros
econômicos do Oriente Médio.
Infraestrutura do Oriente Médio
O Oriente Médio é uma região muito desigual em termos de infraestrutura, já que os países que a
formam possuem níveis distintos de desenvolvimento. A maior parte da infraestrutura local está
voltada para a exportação de petróleo, portanto, a instalação de portos e demais redes de
transportes tem como objetivo o comércio de combustíveis fósseis. Os países do Oriente
Médio, em sua maioria, possuem, ainda, uma grande infraestrutura militar, uma vez que a região
vive um estado permanente de tensão, marcado pelas rivalidades políticas e religiosas locais.
Já no que toca aos serviços, grande parte do Oriente Médio é atendida por redes de
abastecimento de energia e comunicação. Os sistemas de saúde e educação são universais na
maior parte das nações, mas fortemente marcados pela dificuldade de acesso da população
feminina. O Oriente Médio apresenta dificuldades em relação ao abastecimento de água, uma vez
que as condições climáticas da região dificultam o acesso aos recursos hídricos.
O quadro de infraestruturas do Oriente Médio é caracterizado fortemente pelas características
econômicas dos países que compõem a região. Nesse sentido, destaca-se o protagonismo de
Israel como a única nação desenvolvida e com infraestrutura avançada do Oriente Médio. Por sua
vez, o agrupamento de países localizados no golfo Pérsico, como Arábia Saudita, Catar e
Emirados Árabes Unidos, apresenta uma grande estrutura de transportes e comunicações. Essas
nações têm investido muito alto para a construção de equipamentos estruturais.
Por outro lado, o caso do Irã é emblemático, já que o país sofre com uma série de sanções
internacionais, que impedem o investimento estrangeiro na construção de infraestruturas no país.
Por sua vez, Afeganistão e Iêmen, os países mais pobres do Oriente Médio, apresentam redes
estruturais muito precárias. Os conflitos bélicos no Oriente Médio também atingem diretamente as
redes da infraestrutura local, como na Síria, que teve grande parte dos seus equipamentos
públicos destruídos pelos embates entre agrupamentos terroristas e militares.
Governo do Oriente Médio
O Oriente Médio é considerado a região mais conflituosa do globo, devido às questões políticas,
econômicas e religiosas, que marcam fortemente a geopolítica da região. Portanto, a instabilidade
política é uma característica dos governos dos países que o compõem.
Os governos locais apresentam características distintas conforme as especificidades políticas
internas. No geral predominam governos autocráticos e teocráticos, que limitam a liberdade de
expressão e a participação da população nas decisões políticas. Ademais, grande parte dos
governos locais viola diversos aspectos dos Direitos Humanos.
A única nação totalmente democrática da região é Israel, justamente o país mais desenvolvido do
Oriente Médio. Em países como Iraque e Turquia, há certa liberdade política, em razão do sistema
parlamentarista de governo. Nesse mesmo sentido, no Líbano e na Síria, há eleições para
determinados cargos públicos, apesar das grandes adversidades políticas vivenciadas nesses
dois países nos últimos anos.
O Afeganistão também é um país que vivenciou certa liberdade de escolha política após a
derrubada do regime extremista Talibã. Já no Irã predomina uma forma de governo teocrática
baseada em um líder supremo. Na maior parte dos países do golfo Pérsico, como Arábia Saudita
e Catar, predominam as monarquias.
Cultura do Oriente Médio
A cultura do Oriente Médio está fortemente ligada às práticas religiosas, uma vez que a região é o
berço das três religiões monoteístas do globo: islamismo, judaísmo e cristianismo. Sendo assim,
os hábitos culturais da população são marcados pela influência da religião, situação ainda mais
forte nos países que adotam preceitos religiosos como base das suas legislações jurídicas. Nesse
mesmo sentido, a maior parte das festividades locais está ligada aos calendários das
comemorações religiosas.
As cidades de Jerusalém (Israel/Palestina), Meca e Medina (Arábia Saudita) e os centros
históricos, como Petra (Jordânia), guardam muitas riquezas históricas ligadas ao desenvolvimento
de importantes civilizações do mundo, assim como possuem locais considerados sagrados pelas
religiões monoteístas.
A influência religiosa, em especial a islâmica, é predominante em vários aspectos da arquitetura
local, como as tradicionais mesquitas, que marcam a paisagem das cidades do Oriente Médio. A
literatura e a música locais também exprimem preceitos religiosos e contextualizam a relação da
população local como suas crenças. As vestimentas típicas locais, marcadas pelas extensas
vestes que cobrem os corpos, também são reflexos de hábitos religiosos da população.
O Oriente Médio também tem forte tradição na confecção de artesanatos, como tapetes e
joias, assim como na produção de vinhos e produtos lácteos. A culinária local é muito
diversificada, caracterizada pela utilização de diversos pães, massas e condimentos. O esporte
mais admirado na região é o futebol.
Curiosidades do Oriente Médio
O mar Morto é, na verdade, um lago exorreico. Ele banha o território de Israel, Palestina e
Jordânia. O seu nome é devido às altas taxas de salinidade das águas locais.
A cidade de Jerusalém é considerada sagrada para muçulmanos, judeus e islâmicos. Está
localizada entre os territórios da Palestina e de Israel.
A Palestina é um território não reconhecido por parte das nações globo, sendo formado pela Faixa
de Gaza e pela Cisjordânia.
A religião islâmica é a principal do Oriente Médio, porém ela não é uniforme, ou seja, apresenta
várias vertentes religiosas, com destaque para os xiitas e os sunitas.
O Oriente Médio é berço da formação de agrupamentos terroristas de extremismo religioso, como
a Al-Qaeda e o Estado Islâmico.
As nações do Oriente Médio adotam preceitos do islamismo nas suas normas jurídicas. Em
alguns países, são proibidos hábitos comuns no Brasil, como beijos em público.
A Arábia Saudita e o Irã, por exemplo, restringem amplamente o consumo de bebidas alcoólicas
nos seus territórios.
Os diretos LGBTQIA+ são desrespeitados em quase todos os países do Oriente Médio. O único
país da região que permite a união entre pessoas do mesmo sexo é Israel.
O prédio mais alto do mundo está localizado no Oriente Médio, na cidade de Dubai, nos Emirados
Árabes Unidos. O Burj Al Khalifa possui 828 metros.
A Copa do Mundo de Futebol Masculino de 2022 será realizada no Oriente Médio, mais
precisamente no Catar.
Diferença entre árabes e muçulmanos

A diferença entre árabes e muçulmanos acontece porque um termo se refere a um tronco


etnolinguístico, ao passo que o outro faz referência a uma religião.

Nem todo árabe é muçulmano e nem todo muçulmano é árabe

Muitas pessoas, ao ouvirem as expressões “árabe”, “muçulmano” ou “islâmico”, pensam que se


trata de uma mesma coisa. Isso faz parte de um problema que atinge não apenas os povos
ligados a esses termos, mas também várias culturas, o que está ligado ao hábito que grande parte
das pessoas tem de construir preconceitos a partir daquilo que pouco conhecem.

Qual é a diferença entre árabes e muçulmanos?

A diferença entre árabes e muçulmanos está no fato de um termo referir-se a uma composição
étnica e o outro ser o nome dado aos praticantes de uma religião. Embora uma mesma pessoa
possa ser árabe e muçulmana ao mesmo tempo, é importante verificar que os dois termos são
totalmente distintos entre si.

O árabe é um idioma e também uma composição étnica que possui, em torno de si, uma grande
variedade de troncos etnolinguísticos interligados. Já muçulmano é o nome dado a quem pratica
o Islamismo, a religião fundamentada nos princípios estabelecidos pelo profeta Maomé. Existem
povos, portanto, que são árabes e não são muçulmanos e existem muitos muçulmanos que não
são árabes.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Estima-se que existam, no norte da África e no Oriente Médio, cerca de 15 milhões de árabes
cristãos, embora esse número venha diminuindo pela constante batalha religiosa entre os povos
e também pelas emigrações que os cristãos muitas vezes fazem dessas regiões.

Por outro lado, é interessante observar que, embora a maioria dos árabes seja muçulmana, o
maior país islâmico existente, em número de adeptos, não é árabe. A Índia, por ser o
segundo país mais populoso do mundo, consegue ter um número de 174 milhões de
muçulmanos, o equivalente a cerca de 16% de sua população, que é majoritariamente hindu. O
segundo colocado, o Paquistão, possui cerca de 165 milhões de islâmicos e também não
adota o árabe como idioma oficial.
OS PRINCÍPIOS ISLÂMICOS

O Alcorão reúne os elementos fundamentais da religião muçulmana.

Como bem sabemos, Maomé foi o responsável maior pela consolidação do islamismo no interior
do mundo árabe. Ao longo de sua vida, conheceu diferentes lugares e culturas que acabaram
exercendo forte influência na construção dos pressupostos fundamentais dessa nova crença.
Segundo a fé muçulmana, no ano de 610, o profeta Maomé começou a receber mensagens de um
anjo que lhe ensinou os fundamentos da nova religião.

O primeiro valor divulgado por Maomé foi a crença em Alá, o único e verdadeiro Deus, e a
condenação expressa do culto às imagens. Além disso, estabelecia a existência dos céus e dos
infernos, que serviam de morada para todos os indivíduos. Aquele que fosse exemplar na
aceitação dos preceitos islâmicos seria fartamente recompensado com um confortável além-vida.
De fato, podemos ver que a crença muçulmana possui vários pontos em comum com as religiões
judaica e cristã.

Até o período em que Maomé orientou o desenvolvimento da religião muçulmana, todos os


preceitos eram rigorosamente transmitidos pela oralidade. Contudo, quando o primeiro e mais
importante líder espiritual islâmico faleceu, se fez necessária a concepção de um livro sagrado. A
partir desta demanda surgiram duas obras: o Alcorão, que registra os ensinamentos que Maomé
divulgou ao longo da vida; e a Suna, livro que se ocupa da biografia e ações políticas desse
mesmo profeta.

Na visão dos muçulmanos, os fundamentos pregados no Alcorão representam a conclusão de um


processo de aprimoramento dos valores anteriormente ensinados pelo judaísmo e pelo
cristianismo. Dessa forma, Jesus Cristo e os vários profetas hebreus são valorizados como
intermediadores de uma experiência religiosa que atinge o seu ápice com o surgimento do
islamismo.

Enquanto o Alcorão é colocado como livro comum a todo o verdadeiro seguidor do Islã, a Suna foi
a grande responsável pela primeira divisão entre os islâmicos. De acordo com esta obra, qualquer
muçulmano poderia se colocar como líder religioso do islamismo. Em contrapartida, o Alcorão
aponta que somente os descendentes diretos de Maomé poderiam exercer esse mesmo papel de
chefia. Por meio dessa discordância, surgiram as principais seitas do islamismo: os sunitas e
xiitas, respectivamente.

Além do reconhecimento de Alá como o único deus verdadeiro, os muçulmanos ainda devem
obedecer a outros importantes pontos que sustentam o islamismo. Todo o muçulmano deve orar
cinco vezes ao dia com seu corpo em direção à Meca; peregrinar até a cidade Meca, pelo menos,
uma vez na vida; não manter relações sexuais e ficar em jejum (entre o amanhecer e o anoitecer)
ao longo do mês do Ramadã; e praticar a caridade cedendo uma parcela de sua renda anual.
Por qual motivo as mulheres muçulmanas
usam véu (hijab)?
O hijab é o véu que cobre os cabelos e o corpo das mulheres
muçulmanas. É um dos símbolos mais populares do islã.

Mulheres muçulmanas usando hijab.

As mulheres muçulmanas usam o véu, o hijab, como símbolo cultural,


religioso e de identidade. De todos os símbolos do islã, talvez o hijab seja
o mais conhecido. Ele é utilizado para cobrir os cabelos e o corpo
feminino.
Seu uso varia de acordo com o tempo e o contexto social. Muitas
mulheres muçulmanas usam o véu, para além da religião, como
expressão de identidade. Sobre seu uso, é importante destacar que
muitas mulheres o fazem por opção e não por serem forçadas, como se
acredita em grande parte do Ocidente.
A vestimenta é citada no Alcorão, o livro sagrado do islamismo. Além
disso, Maomé, o profeta mais importante da religião, teria pedido a suas
esposas que usassem o véu. Nesse caso, ele serviria como forma de
diferenciação de suas esposas em relação às demais, demonstrando seu
status.
Seu uso é difundido nos locais onde a maior parte de sua população é
islâmica. O adereço pode ser opcional, porém, em alguns países, como o
Irã, ele é obrigatório.
No Irã, desde a revolução de 1979, o uso do hijab é compulsório para
todas as mulheres, muçulmanas ou não. Por outro lado, países como
França, Bélgica e Holanda proíbem o uso do véu em locais públicos.
Leia mais: Ramadã — nono mês do calendário islâmico e considerado
um período sagrado para os mulçumanos

Tipos de véu

Existem diversas interpretações do hijab, pois o Alcorão o define


apenas como uma vestimenta que cobre o cabelo, as orelhas e o
pescoço. Essa ampla definição permite a existência de variações da
vestimenta. Conheça os tipos de véu islâmico.

 Hijab

Lenço que cobre os cabelos e pescoço, com rosto à mostra. Ele pode ter
cores e desenhos variados, de acordo com o gosto, a moda e a
personalidade de cada mulher. Além disso, há diversas formas de amarrá-
lo.
Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

 Burca

Cobre todo o rosto e corpo, com uma espécie de rede na altura dos olhos.
É o véu com maior cobertura e costuma ser utilizado em cores sólidas,
como preto e azul. É obrigatório nas regiões do Afeganistão e Paquistão.
Mulhere
s de burca.

 Niqab

Cobre todo o rosto das mulheres, com exceção dos olhos, e costuma ser
todo preto. É utilizado com outras vestimentas que cobrem o corpo inteiro.
É influência dos pregadores wahhabi. Foi uma herança das tribos sauditas
do deserto, que cobriam o rosto de suas mulheres.
Mulher usando niqab.

 Chador

Apenas o rosto da mulher fica de fora do véu. Ele pode ser decorado e
estampado, porém costuma ser preto. Seu uso é tradicional no Irã e foi
popularizado no Ocidente após a Revolução Islâmica. Atualmente também
é utilizado em países como Líbano, Iraque, Bahrein e Arábia Saudita.
Mulher muçulmana usando chador.

 Al-amira

É composto por duas peças que cobrem cabeça e pescoço: uma


cilíndrica, que se ajusta ao contorno do rosto, e um lenço, que o cobre.
Seu uso é mais popular entre as mulheres mais jovens.
Mulher muçulmana usando al-almira.

 Shayla

Lenço grande e retangular que é enrolado no pescoço, cobrindo o


pescoço e deixando o rosto de fora.
Mulher de shayla.

Hijab no Alcorão

Diversas passagens do Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos, fazem


referência ao uso do véu. Veja um exemplo:
Ó profeta, dizei a tuas esposas, tuas filhas e às mulheres dos crentes que, quando
saírem, se cubram com as suas mantas; isso é mais conveniente, para que se distingam
das demais e não sejam molestadas. (Alcorão 33:59)
Ramadã
Ramadã é o nono mês do calendário lunar islâmico e, por ser um
mês sagrado, é marcado por práticas como o jejum, que se estende
do nascer ao pôr do Sol.

As
orações são uma das práticas realizadas no Ramadã, o mês sagrado dos
muçulmanos.

Ramadã é o nome pelo qual se conhece o nono mês do calendário


islâmico, baseado nos ciclos lunares. Os muçulmanos acreditam que
nesse mês, o profeta Muhammad recebeu a revelação da palavra de
Allah, e, por isso, eles consideram esse período sagrado. Todo
muçulmano deve cumprir o jejum desse período, que se inicia com o
nascer do Sol e se encerra quando o astro se põe.
Trata-se de um período sagrado para a religião islâmica. Além do jejum,
os muçulmanos precisam se livrar de qualquer prática pecaminosa,
devendo também ampliar a leitura do Alcorão e realizar as orações
diárias. O início desse período se dá quando a Lua crescente fica visível
no fim de Shaaban, o oitavo mês.
Veja também: Árabes e muçulmanos — qual é a diferença?
Resumo sobre o Ramadã

 O Ramadã é conhecido como o nono mês do calendário islâmico.


 Seu início é determinado pela aparição da Lua crescente no final de
Shaaban, oitavo mês do calendário islâmico.
 Esse período é marcado pela realização de jejuns que se estendem do
nascer ao pôr do Sol.
 A observância do Ramadã é um dos cinco pilares do islamismo.
 Aqueles que não puderem observar os jejuns podem realizá-los em
outro momento do ano ou então alimentar pessoas carentes.

O que significa o Ramadã?

O Ramadã (ou Ramadan) é o nome pelo qual se conhece o nono mês do


calendário islâmico, um calendário diferente do gregoriano (usado no
Ocidente). O calendário islâmico se baseia nos ciclos da Lua, tem 354 ou
355 dias de duração e 12 meses, com 29 ou 30 dias de extensão cada.
É um mês sagrado para os muçulmanos, pois na religião islâmica esse
foi o mês em que o arcanjo Gabriel desceu dos céus com a palavra de
Allah. Essa palavra, o Alcorão (livro sagrado dos muçulmanos), foi
revelada a Muhammad (ou Maomé), o profeta do islamismo. Nessa
ocasião, Muhammad estava retirado no deserto para meditar.
Os muçulmanos se referem a esse acontecimento como Noite do Destino
e afirmam que ele aconteceu em 610, momento em que Muhammad tinha
por volta de 40 anos. Durante a revelação, o profeta recitou um verso para
Allah e então iniciou sua trajetória de pregação da palavra de Deus. Esse
acontecimento transformou o Ramadã em um mês sagrado para os
fiéis do islamismo.
Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Importância do Ramadã no islamismo

A importância da revelação do Alcorão tornou o Ramadã um mês sagrado


para os muçulmanos. Por isso, esse período é dedicado à realização de
jejuns, que se iniciam com o nascer do Sol e se encerram com o pôr do
Sol. O jejum no Ramadã é uma prática obrigatória do islamismo e é um
dos cinco pilares que sustentam essa religião.
Os muçulmanos chamam o jejum durante o Ramadã de Saum.
Os outros pilares do islamismo são:
 a profissão de fé (Shahada);
 a peregrinação em Meca para aqueles que possuírem condição (Hajj);
 a doação para obras de caridade (Zacat);
 a realização das orações diárias (Salat).
Os jejuns são uma iniciativa da religião islâmica que visa à aproximação
do fiel com Allah. Além deles, o muçulmano deve intensificar as leituras
do Alcorão e as orações para Allah. Outro fato comum desse período é o
aumento da prática de obras de caridade.

Quando começa o Ramadã?

O início do Ramadã ocorre quando se avista a Lua crescente no céu no


29º dia do mês de Shaaban (oitavo mês). Caso o céu não esteja aberto,
realizam-se cálculos para concluir se a Lua crescente apareceu. Essa
observação e os cálculos são feitos com muito cuidado, porque a aparição
dessa Lua dura apenas 20 minutos.
Caso a Lua crescente não apareça, o dia seguinte será o 30º dia do mês
de Shaaban, e o Ramadã se iniciará depois disso. No entanto, se essa
Lua for avistada no 29º dia de Shaaban, o dia seguinte será o primeiro
dia de Ramadã, e as celebrações e o jejum serão iniciados. Esse
processo é repetido no 29º dia do Ramadã para determinar se haverá um
30º dia ou se o nono mês, chamado Shawwal, se iniciará.
Podemos perceber, portanto, que os ciclos da Lua são importantes
para a celebração do Ramadã, pois, como vimos, o calendário islâmico é
um calendário lunar, que tem 12 meses que podem ter 29 ou 30 dias cada
um. Os meses que formam o calendário islâmico são estes:
1. Muharram
2. Safar
3. Rabi al-Awwal
4. Rabi al-Akhir
5. Jamadi al-Awwal
6. Jamadi al-Akhir
7. Rajab
8. Shaaban
9. Ramadã
10. Shawwal
11. Dhu al-Qidah
12. Dhu al-Hija

Quais são as práticas do Ramadã?


Como mencionado, o Ramadã pode ter duração de 29 ou 30 dias. Esse é
um período em que o muçulmano deve abster-se de atitudes
consideradas pecaminosas e deve purificar-se por meio do jejum, da
leitura do Alcorão e das orações. O jejum é uma prática que consta no
Alcorão, assim como a sua observância durante o Ramadã.

→ Jejum do Ramadã

Como a realização do jejum é um dos cinco pilares do islamismo, isso


significa que estamos falando de uma prática obrigatória a todo
muçulmano. No entanto, há exceções previstas no texto sagrado. Os
muçulmanos entendem que os seguintes grupos não precisam jejuar no
Ramadã:
 idosos;
 crianças;
 doentes;
 pessoas em viagem;
 mulheres grávidas;
 mulheres em amamentação;
 mulheres menstruadas.
Em todos esses casos, o jejum pode ser feito em outro momento do
calendário islâmico, mas deve ocorrer antes do início do Ramadã do ano
seguinte. Caso o jejum não possa ser observado de maneira alguma, a
pessoa pode substituí-lo por uma prática de caridade. No caso, uma
pessoa necessitada deve ser alimentada, e o ato deve ocorrer uma vez
por dia, durante o período de extensão do Ramadã.
O jejum do Ramadã consiste em não consumir alimentos nem bebidas
entre o nascer e o pôr do Sol. Há também a proibição do consumo de
cigarros, das relações sexuais e da menção de palavras profanas
(xingamentos), e não é permitido que as pessoas briguem, se
desentendam ou mintam umas para as outras.
Por volta das quatro horas da madrugada, os muçulmanos realizam
o Suhur, a primeira refeição do dia e, logo depois, a Fajr, a primeira
oração do dia. Quando o Sol se põe, ocorre uma oração conhecida como
Magrib e, em seguida, o Iftar, que é a refeição da noite. Essa última
refeição é entendida como um momento de comunhão e, por isso, é feita
coletivamente.
→ Outros costumes praticados no Ramadã

Somam-se à prática obrigatória do jejum a leitura do Alcorão e a


realização das cinco orações diárias. Todas essas ações visam à
aproximação do fiel com Allah e a seu crescimento espiritual. Como o
Ramadã é entendido como o mês do perdão, todas as boas obras
realizadas nesse período possuem relevância maior. O objetivo dessa
época é, então, o crescimento de cada pessoa, para que cada uma se
torne melhor.

O ato de presentear pessoas é muito comum durante o Eid al-Fitr, a festa


de encerramento do Ramadã.

No encerramento do Ramadã acontece o Eid al-Fitr, uma celebração que


se estende por três dias. O termo pode ser traduzido como “festival de
quebra de jejum”. Esses três dias são feriado nos países muçulmanos, e
os banquetes e as trocas de presentes são comuns à celebração.
Saiba mais: Qual é o significado da Páscoa para os cristãos?

Ramadã 2023
Em 2023, o Ramadã terá duração de 30 dias e se estenderá de 23
de março até o dia 21 de abril. Como vimos no texto, a definição das
datas do Ramadã se orienta pelo calendário islâmico, que é lunar, e
depende da visualização da Lua crescente para encerrar o oitavo mês e
dar início ao novo mês, o Ramadã.
Além disso, o calendário islâmico possui menos dias em relação ao
calendário gregoriano, utilizado no Brasil. Portanto, todos os anos, no
calendário gregoriano, o Ramadã começa de 10 a 12 dias antes em
relação ao Ramadã do ano anterior. Em 2023, foi previsto que a Lua
seria avistada no dia 22 de março em Meca, o que significa que o Ramadã
se inicia no dia seguinte.
Em alguns locais, como a Malásia, a previsão era de que o Ramadã se
iniciasse no dia 24 de março, porque a Lua crescente só seria avistada no
dia 23. Com isso, se inicia o jejum que se estende no período entre o
nascer e o pôr do Sol, como já dito.
No Brasil, a duração do jejum será de aproximadamente 12 horas,
mas em outras partes do planeta, como na Escócia, o jejum terá extensão
de 13 a 15 horas. Sendo assim, os muçulmanos que residem na Escócia
precisarão observar o jejum durante todo esse período. O encerramento
do Ramadã em 2023 está previsto para 21 de abril.
Esse evento religioso se iniciará nos seguintes dias, nos próximos
anos:
 2024: 11 de março.
 2025: 1º de março.
 2026: 18 de fevereiro.
 2027: 8 de fevereiro.
 2028: 28 de janeiro.
 2029: 16 de janeiro.
 2030: 5 de janeiro.

Você também pode gostar