Você Não Soube Me Amar - Maria Vitória
Você Não Soube Me Amar - Maria Vitória
Você Não Soube Me Amar - Maria Vitória
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Epílogo
Bônus
Agradecimentos
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em que Dominic surgiu em seu caminho, mostrando que a vida real não é tão
contrapartida, Dominic está em busca de sua redenção, mas sequer sabe aonde ir
E os recomeços inevitáveis
― Não me deixe, eu te imploro! Não me deixe, Dominic... ― Lágrimas
Jamais imaginei que poderia me humilhar tanto por uma pessoa, mas
agora vejo a que ponto cheguei por amor. Não consigo imaginar minha vida sem
ele, pode parecer bobagem, mas não é, eu o amo, daria minha própria vida por
esse homem.
disso.
― Sophia, não posso assumir essa criança. ― Vejo raiva em seu olhar.
― Não posso criar essa criança sozinha, não tenho condições, você mais
do que ninguém sabe disso.
Não acredito no que acabei de ouvir, jamais teria coragem de matar meu
filho, não seria capaz de tal atrocidade. Raiva me consome, realmente não
conhecia esse monstro verdadeiramente.
Ele me olha com fúria, não parecendo o mesmo homem que conheci há
meses.
― Por que fez isso? ― Pergunta em um sussurro, fazendo os pelos do
meu corpo se arrepiarem com seu tom de voz gélido. ― Espero nunca mais te
ver, quero que você desapareça da minha vida com essa criança. Esse golpe não
funcionará comigo. ― Essas palavras foram como se uma faca perfurasse meu
coração.
em minhas palavras. ― Tenho dó do meu filho por ter um pai como você, uma
pessoa mesquinha, sem coração. Fique tranquilo, nunca mais irei aparecer em
sua vida, isso será uma honra para mim. ― Passo o dorso da mão nas bochechas,
enxugando as lágrimas.
― Não irei entrar na justiça, não quero nada que te pertença. ― Falo
firme.
― Não é o que parece. Se não queria nada por que engravidou? Para de
mentir, Sophia. Nunca te assumiria, muito menos agora que está grávida.
Hoje pela manhã, quando estava me preparando para ter uma conversa
com Dom, não imaginei que esse seria o desfecho de nossa curta história.
mas sabe, foi melhor assim. Tenho vergonha de ter me envolvido com você. ―
Sussurro a última frase, tentando parecer forte, mas por dentro estou destruída.
Pego minha bolsa, saindo rapidamente da enorme sala da diretoria,
deixando lá o homem que amo, ou amava. Há alguns dias não conseguia ver um
futuro sem ele, mas é assim será daqui para frente, sei que aos poucos irei
esquecê-lo, daqui alguns anos Dom será apenas uma dolorosa lembrança
passado.
Unidos. Deixo o prédio com a entrada imponente para trás, deixando também
tudo que me fez mal, vou reconstruir minha vida longe daqui. Não preciso do
Para algumas pessoas o amor faz bem, mas para mim ele fez apenas mal,
conseguiu me destruir por inteira, esse maldito sentimento.
Dias atuais...
Aqui estou eu com uma bebê de dez meses, desempregada há um bom
tempo, quase sendo despejada por não pagar o aluguel, com uma mãe jogando
em sua cara que foi uma falta de responsabilidade ter engravidado, que eu
deveria ter abortado. Ninguém sabe o quanto é duro ouvir isso de sua própria
Minha raiva por Dominic só se intensifica, tenho raiva por ele ter me
deixado quando mais precisei. Não tenho raiva por ele ter me engravidado,
minha filha é uma benção. Na época, eu era muito boba, boba por pensar que um
homem como Dom poderia nutrir sentimentos por mim. Seria hipócrita se
dissesse que não o amo, tenho ódio desse sentimento, não quero e nem posso
amá-lo.
— Amiga, tudo ainda pode mudar. Tenha calma, você irá conseguir um
— Não, Evy, não vai mudar. Nada nunca mudou. Só não quero que
minha filha sofra. Eu queria dar uma vida digna a ela, mas não está sendo
possível, nós mal temos comida em casa. — Digo, olhando para minha filha,
meu pequeno porto seguro.
Se tem uma coisa que não me arrependo é ter tido minha filha, muitos
julgam como um erro, mas eu não consigo a ver como um erro, vejo ela como
— Soph, não fale assim. Você sabe que passar fome vocês não vão, eu
nunca deixaria isso acontecer. Sei que as coisas só estão piorando com o passar
do tempo, mas podem mudar, ou melhor, vão mudar. Você não está sozinha, eu
sempre vou estar com você, não pense que está desamparada.
— Obrigada por tudo, Evelyn. Sei que você nunca vai me deixar. —
Abraço ela.
desse mundo.
Por que a vida teve que ser tão má comigo? Por que me apaixonei por
aquele cretino? Por que tudo isso teve que acontecer? São tantas perguntas.
— Espero que meu arco-íris seja lindo, pois a minha tempestade não está
fácil de enfrentar.
— Tchau, se cuida.
não é nada fácil, ela trabalha como garçonete em uma lanchonete. A dona do
estabelecimento é uma senhora intragável, nem sei como Evelyn a suporta. Falo
Infelizmente ou felizmente Bela nasceu a cara do pai, tem intensos olhos azuis
como os dele, puxou até os cabelos negros como a noite, ou seja, é a cópia fiel
de Dominic.
mesmo.
Não contei quem era o pai da minha filha para ela, achei melhor assim.
meu quarto.
fica me provocando, jogando na minha cara que não trabalho, e que tenho uma
— Não ligue para sua avó, minha princesinha, ela é chata assim mesmo.
a roupa, entrando no box. Ligo o chuveiro, deixando que água quente relaxe
meus músculos, passando sabonete líquido por todo corpo. Minutos depois, saio
do banho, seguindo até meu quarto, encontrando Bela quietinha no berço. Pego
uma calça jeans e uma regata preta. Escovo meus cabelos fazendo um coque
simples.
sendo agraciada com sua gargalhada gostosa. A levo até o banheiro, onde uma
banheira com a água quentinha a aguarda. Depois de vestir minha princesa,
começo arrumar minha bolsa, colocando tudo que vou precisar, fazendo o
mesmo com a bolsa da Bela. Pego minha bebê, descendo até a sala, onde
porta da casa simples, e quem a abre é a mãe da minha amiga. Maísa é bonita,
entrar.
— Será que a senhora pode olhar a Bela por algumas horas? — Pergunto,
um pouco envergonhada.
— Claro que posso. Você sabe que fico muito sozinha, ter a companhia
— Então já vou indo. Prometo que não vou demorar, qualquer coisa é só
me ligar, Maísa.
— Tudo bem. — Entrego Bela para ela, dando um beijo na testa da
minha bebê, sentindo meu coração ficar apertado por ter que ficar longe dela. —
Mamãe te ama muito. — Digo, juntando todas as minhas forças para deixá-la.
Agora começa a parte mais difícil: procurar um emprego. Vou até uma
banca de revistas, onde compro um jornal. O primeiro lugar que vou se trata de
uma lanchonete, onde infelizmente não consigo o emprego, pois a vaga já havia
sido preenchida. Hoje não é o meu dia de sorte, depois sigo até um escritório,
onde tinha uma vaga de secretária, mas falaram que eu não possuía capacidade
para o cargo. E eu não tenho mesmo, não tive chance de fazer uma graduação
disponível. Pego um ônibus, indo até o local, a empresa é linda por fora. Se trata
de um prédio todo espelhado, com um enorme jardim na entrada.
faxineira disponível? — Pergunto a uma senhora que está na recepção, ela deve
ter mais de cinquenta anos de idade, percebo isso pelos fios brancos de seu
cabelo.
— Sim, mas sinto muito em lhe informar que a vaga já foi preenchia.
me informar?
fracasso que foi meu dia. O dinheiro que me resta só dará para a comida desse
mês, e tenho certeza que seremos despejadas, há dois meses não pago o aluguel.
emprego?
— Para quem não tem uma graduação é muito difícil. Só Deus sabe o
nos braços.
bochecha da Bela.
Vou caminhando para casa o mais rápido possível, é perigoso andar pelas
ruas à noite, mais perigoso ainda quando se está com uma criança.
— Não, mãe, eu não consegui. — Vou direto para o quarto, evitando uma
discussão. Odeio ter que discutir com ela, na verdade, odeio discutir com
qualquer pessoa.
Dou um banho na Bela, a vestindo com um pijama, logo após dou a
mamadeira, colocando meu anjinho para dormir. A observo dormir
tranquilamente em seu berço, como a verdadeira mãe babona que sou. A cubro
com uma coberta fina, deixando apenas a luz fraca do abajur iluminando o
quarto.
— Quero que você trabalhe, não vê que vamos ser despejadas. — Exalta
o tom de voz.
— Por que você não vai procurar um emprego também ao invés de ficar
Volto para o quarto, que nos últimos anos tem sido meu refúgio.
Olho para o berço, e lá está meu pedacinho do céu, quando a vejo todas
as palavras da minha mãe perdem o sentido. Tudo o que ela fala não me atinge, o
amor que sinto pela minha filha só cresce a cada dia mais. Aliso os cabelos da
poderia ter sido diferente, mas não foi, então eu preciso aceitar.
Minha vida se transformou em um verdadeiro inferno desde que deixei
Sophia. Mesmo sem saber, ela acabou me conquistando, descobri tarde demais
que a amava, daria tudo para tê-la ao meu lado. Depois do fatídico dia, não tive
um dia sequer de paz, já procurei Sophia e o nosso filho por toda parte, mas ela
simplesmente desapareceu, nunca mais tive notícias, contratei detetives, mas não
obtive resultados. Tenho consciência que errei ao falar palavras tão duras, foram
palavras difíceis, mas naquele tempo eu não tinha noção do quanto aquela
mulher era importante, o dia era mais bonito ao seu lado. Sophia era como o sol
da minha vida. Às vezes fico contente por saber que já tenho um filho, é incrível
imaginar que já sou pai, mas a tristeza toma conta ao pensar que ele nasceu
longe de mim.
frustrado, estou noivo de uma mulher a qual não amo. Eu e Natália ficamos
noivos há algumas semanas, claro, tudo não passa de pura conveniência. Ela não
é uma mulher inocente, sabe das minhas reais intenções.
resmunga.
frente.
pela última vez aqui. — Abaixo a cabeça. — Aquela mulher me mudou, Wesley.
— Ninguém sabe se essa criança nasceu. Você irá se casar com a Natália
daqui alguns meses, trate de esquecer a Sophia, vocês nunca teriam dado certo,
Dom. Você sabe que nossa família não iria aceitá-la. — Diz, passando a mão
— Eu lutaria por nós. Lutaria até com nossa família por ela.
coração, mesmo tentando, Natália nunca conseguiu fazer com que eu a amasse.
engatei um namoro que agradou bastante minha família, o que de certa forma foi
— Você não a achou até hoje. Desista, será melhor para todos.
— Ao contrário, agora que pude perceber a mulher incrível que perdi por
ser um idiota.
— Mesmo que você a ache novamente, ela nunca iria te aceitar, você fez
Odeio recordar de tudo que disse para Sophia. Eu não queria, não tinha
ideia naquela época, fui muito idiota, tinha uma mulher espetacular e a deixei ir
embora por bobeira, por classe social.
Somente Wesley sabe de tudo que aconteceu entre mim e Sophia. Não
quis que o restante da minha família soubesse. Tenho vergonha de tudo que fiz.
Fui um monstro quando pedi que ela abortasse nosso filho, isso não é atitude de
um homem, também fui idiota ao pensar que ela estava comigo por dinheiro.
— Não posso.
— Sim, podemos. Mas estou com saudades, quero te ver logo, baby.
— Claro, para você tudo é depois. — Diz, com uma certa irônica.
banais. Nos falamos em uma outra hora. — Tento dar um fim no assunto.
— Tchau, querido. — Se despende um tanto chateada, posso perceber
através de sua voz.
Natália é uma pessoa fútil, não consigo passar muito tempo em sua
presença. Sei que a escolha de estar com ela é apenas minha, e apenas eu posso
dar um fim nesse relacionamento.
— Até parece que você não sabe bater antes de entrar. — Resmungo.
— Você precisa melhorar seu humor, mas só vim avisar que amanhã
teremos um evento da empresa. Lá iremos comemorar o bom desenvolvimento,
então não se esqueça. — Fala, ainda de pé.
— Pode ir se acostumando, ela será sua futura esposa. Você terá que
suportá-la diariamente.
— Eu gosto dela, mas não a amo, mas quem sabe com o passar do tempo
ela me ajude a esquecer Sophia. — Volto minha atenção para o computador.
— Você sabe muito bem que isso não irá acontecer, não se esquece
alguém dessa forma. — Seu tom de voz sério deixa claro que não gostou do que
— Não irei mais tocar nesse assunto, mas pense muito bem antes de fazer
qualquer coisa.
— Irei pensar no que é melhor para mim. Não se preocupe comigo, Wes,
— Eu sei, mas tenho medo das escolhas que você ainda irá fazer.
— Pode ter certeza de que irei fazer o que é melhor para mim, não vou
fazer nada que possa me arrepender futuramente. Já estourei minha cota de
arrependimentos.
— Minha tia tem reclamado, segundo ela você não a vê há dias, ela está
com saudades, Dom.
me afastar, só não consigo ir lá e ter que escutar eles dizendo que preciso me
casar logo com Natália.
— Você nem sabe se Sophia se casou. Ela pode ter uma família.
— Eu a conheço, sei que não se casaria com outro homem. Ela disse que
me amava, e eu acredito.
velho Dominic?
irei desistir de procurá-la, e quando a achar irei fazer de tudo para tê-la
Já são nove horas da noite quando dou por encerrado meu experimente.
Sempre sou o último a deixar o prédio, ficar em casa não tem sido um dos meus
hobbies favoritos. A casa que antes era confortável, passou a ser espaçosa
demais.
estaria feliz.
Abro a porta de entrada da minha casa, adentrando na mesma. O local
está silencioso, mas logo Vanessa surge da cozinha, ela era empregada da minha
— Não seria má ideia ficar doente, minha vida não tem sentido algum.
— Isso não é verdade, você tem uma família, uma noiva, e tem a mim
também. A vida nunca perde o sentido. — Ela passa as mãos no meu rosto.
— Meu caso é diferente, Vanessa. — Não dou oportunidade que ela diga
mais nada, seguindo diretamente para meu quarto.
Meu caso é totalmente diferente, e é tudo mais complicado pelo que fiz,
barulho.
— Oi, Evelyn.
— Bom dia, amiga! Desculpe por ligar tão cedo, mas tenho uma ótima
notícia para a senhorita.
Bela poderia ficar com a avó, mas minha mãe não perderia a
oportunidade de jogar na minha cara o erro que foi ter engravidado, que não dou
conta de cuidar da minha própria filha.
— Se você fizer isso, ficarei muito agradecida. Minha mãe poderia ficar
— Eu sei como é a sua mãe, por isso me ofereci para cuidar da Bela, e
ela é um anjo.
Se tem alguém que eu sempre posso contar, esse alguém é a Evelyn, ela
me ajuda desde o nascimento da Bela. Quando nos tornamos mãe, nosso círculo
de amizade reduz drasticamente.
especial?
— Amiga, você é um anjo, não sei o que seria de mim sem você.
— Você que é um anjo, ou melhor, você e a Bela são dois anjos. Eu amo
poder ajudar vocês.
— Ela ligou para avisar que encontrou um emprego para mim, não é algo
fixo.
— Ser garçonete.
— Olha só aonde você chegou, irá trabalhar como garçonete. Poderia ter
feito uma graduação, caso tivesse feito, estaria em um emprego digno.
Minha mãe é a primeira a julgar, não importa qual seja a situação, mas
não faz absolutamente nada para mudar nossa realidade. Mesmo que
indiretamente, toda responsabilidade da casa recai sobre mim.
— Não quero falar sobre, então vamos esquecer esse assunto, por favor.
— Peço.
— Como se fosse fácil. Você é muito boba mesmo, essa criança tem um
pai sim, e você deveria procurá-lo, a responsabilidade não é apenas sua. E não
venha falar que você não sabe quem é o pai.
— Já falei que ela não tem um pai. — Repito pela milésima vez.
— Para de bobeira, Sophia. Se você não falar quem é o pai dela irei
descobrir sozinha.
Nunca tive a intenção de contar quem era o pai da Bela, sei que a
informação mexeria com a ambição da minha mãe, algo que não quero que
aconteça.
Fecho os olhos, sentindo uma lágrima escorrer pelo meu rosto, ainda dói
recordar de tudo, evito ao máximo pensar em Dom, mas parece que tudo acaba
Desde que me afastei de Dominic tinha em mente que não contaria para a
minha mãe quem era o pai da minha filha. Obviamente ela sempre me julgou,
mas não me arrependo de forma alguma dessa decisão.
— Calma, anjinho. A mamãe está aqui. Você está com fome, né? — Olho
sorrindo para ela.
Aos poucos ela vai se acalmando. É mágico ver que tenho o poder de
acalmar um ser humano, Bela pode estar desesperada, mas sempre se acalma
Bela.
Levo um susto assim que a porta se abre, revelando minha mãe, seu
semblante sério deixa claro que não está nada contente, o que não é nenhuma
novidade.
Ela vive emburrada, com um péssimo humor, é quase impossível vê-la sorrindo,
queria saber o que aconteceu a ela, não sei nada do seu passado, pode parecer
um tanto estranho não saber do passado da própria mãe. Mas ela sempre foi
bastante fechada, então nunca tivemos conversas normais entre mãe e filha.
decisões, e que aceitasse minha filha, mas pelo jeito isso nunca irá acontecer.
cama.
— Olá, Evelyn. — Digo alegremente. — Fala oi pra sua titia, meu amor.
— O que a sua mãe tem? — Indaga, pegando Bela nos braços. — Ela
estava com uma cara péssima.
saber quem é o pai da Bela, e você sabe que para mim ela não tem pai.
— Mas tente entendê-la, Soph. Como sua mãe, ela tem uma certa
— Você sabe como ela é, Evelyn. Se descobrir quem é o pai da Bela, irá
atrás dele. Minha mãe é movida pelo dinheiro, e eu não quero depender
financeiramente do Dom.
— Ele não quis a filha, apenas você sabe tudo o que Dominic falou,
aquele imbecil pediu que eu abortasse. Acha que ele merece saber da existência
da Bela? — Indago, olhando para Bela, que é uma mini versão do pai.
— Não, ele não mudou. Pessoas ruins como ele não mudam.
— Esse ódio não te faz nada bem, Sophia. — Fala, brincando com Bela.
— Não vou deixar, Evy. Mas nunca irei esquecer de tudo que ele me fez,
é impossível. Acha que já não tentei? Mesmo que queira, eu olho para o pequeno
clone dele todos os dias.
— Eu sei que você nunca irá esquecer, e não estou pedindo tal coisa.
darei um jeito.
vida tão complicada, não desiste. Sabe que tem mais coragem que muitos por aí?
Você desistiu da faculdade por amor a sua filha, sabe, essa atitude te fez essa
mulher guerreira, você mudou muito nos últimos meses.
fosse possível. Renunciaria tudo pela minha filha, até a minha própria vida, se
fosse necessário.
— A dor me fez mudar, me fez perceber que não preciso ser apenas uma
pessoa doce, amável, gentil, ela me mostrou que também preciso ser forte,
porque a vida não é tão fácil quanto parece.
No passado, eu era uma menina doce, não via maldade em ninguém. Não
vi maldade alguma em Dominic, só enxergava a bondade, e foi por isso que ele
conseguiu me iludir tão facilmente, mas graças a ele me tornei uma mulher forte.
Aprendi ver o lado ruim das pessoas. Aprendi que nem todos que se aproximam
são pessoas boas, aprendi que não posso confiar em palavras, que o mundo não é
perfeito como nos contos de fadas. Imaginava que iria encontrar um príncipe e
me casar, e assim seríamos felizes para sempre, o que não aconteceu, pois eu
príncipe.
— Não vou deixar desaparecer, pode ter certeza. — Sorrio para ela.
— Assim que sair da lanchonete venho pegar a Bela. — Ela beija minha
bebê.
— Está bem. Odeio quando tenho que ficar longe do meu pedacinho do
céu.
— Amiga, o papo está ótimo, mas alguém tem que voltar para a
Você precisa ir bem maquiada, e com um salto preto, parece que vai ser um
evento formal.
— Eles são exigentes, pra que tudo isso? Acho um tremendo exagero da
parte deles.
— Eu preciso muito.
uma sopa de legumes. Olho para a janela, me distraindo por alguns segundos,
— Não acredito que você fez isso, Bela! Que coisa feia. — Repreendo-a.
largo sorriso.
a limpar.
Bela tem a aparência do pai, fez questão de puxar exatamente tudo. Mas
a doçura em seu sorriso me faz lembrar que ela não possui a mesma
das cinco da tarde, o que significa que necessito me apressar, já que preciso
minha princesa estar calma para tomar um banho rápido, retornando ao quarto
em um tempo recorde, agradecendo por Bela ainda estar quietinha em seu berço.
Depois que ela nasceu não sei o que é um longo banho sem preocupação alguma.
direção a escada.
rostinho rosado.
braços.
estranha.
— Vai lá então.
Vou até meu quarto, pegando minha bolsa e a da Bela, retornando para a
sala em seguida.
Posso parecer exagerada por colocar tudo isso na bolsa, mas se tem uma
coisa que aprendi quando me tornei mãe, foi que sempre preciso que andar
prevenida.
— Meu Deus, Sophia! Bela não irá se mudar para a minha casa. —
Começa a gargalhar.
— Sim. Vou te ligar assim que tiver um tempinho para ver como a Bela
— Já estou indo. Minha mãe saiu, então será que você poderia esperá-la
para avisar que já fui trabalhar? Não quero que ela tenha algo para jogar na
minha cara.
da Bela. — A mamãe te ama muito, desculpe por não poder ficar com você. — A
essa altura meus olhos já estão cheios de lágrimas.
Sou uma mãe completamente protetora, que quer o filho por perto
sempre. A perda de Dominic fez com que eu me apegasse mais a Bela, ela foi
quem me deu forças para continuar vivendo, então todo o amor que eu tinha
guardei para ela, quando Dom me deixou eu me senti sozinha, mas não estava,
— Irei ser forte. Tchau! — Me despeço, dando uma última olhada para
minha filha.
Assim que fecho a porta, solto um longo suspiro. Preciso me acalmar, sei
que Bela está em ótima companhia, mas não consigo deixar de ficar preocupada.
Caminho até o ponto de ônibus rapidamente, vendo que a noite será mais
fria que o comum. Assim que chego ao ponto, cumprimento uma senhora com
um sorriso, sentando ao seu lado. Não demorou muito para que o ônibus
iluminado, vejo que na parte interna algumas paredes são de vidro. Sigo até uma
mulher que aparenta estar recepcionando os convidados.
— Claro. Você pode seguir reto, lá na frente tem um salão de festas onde
ocorrerá o evento. Logo na entrada terá uma pessoa responsável por receber os
garçons.
Posso dizer que tudo aqui é lindo, o piso é todo no mármore, as paredes são
brancas como a neve. Entro no salão principal, ficando embasbacada com todo o
luxo. O enorme lustre de cristal posicionado no centro do teto toma toda atenção
para si.
idade pergunta. Pelo seu traje deduzo que também está trabalhando.
pessoas correm de um lado para outro, garçons entram e saem a todo instante. —
Você vai começar servindo champanhe e alguns aperitivos, depois teremos o
jantar, cada garçom ficará encarregado de servir uma mesa. Estamos entendidos?
— Ele fala tudo rapidamente.
Com o tempo minhas pernas começam a doer, não é fácil andar com
esses saltos enormes por toda parte servido as pessoas. Aposto que amanhã meus
pés estarão inchados e doloridos.
Robert não pode me ver parada nem por um segundo que já me olha com
cara feia. Esse homem chupou limão, única explicação para tamanho mau-
humor.
Vou até a cozinha para pegar mais algumas taças de champanhe, tomando
cuidado para não acabar as derrubando.
— Está bem.
— Tudo bem.
Sigo o senhor mau-humor até a cozinha, onde pego uma bandeja maior
que contém os pratos de entrada. Caminho com uma certa dificuldade até a mesa
que estou responsável, quando sem querer esbarro em um homem que estava
prestes a se sentar.
aqui. Dominic está parado a minha frente, ele continua lindo, seus cabelos
negros como a noite estão bem arrumados, seu corpo musculoso combina
perfeitamente com o terno cinza bem alinhado que veste, seus olhos continuam
Meu coração bate como na primeira vez que o vi, vejo que meus
sentimentos continuam os mesmos de a quase dois anos atrás. Queria ter o poder
Caso pudesse, excluiria essa noite da minha vida. Maldita hora em que
aceitei esse trabalho!
— Sophia... — Sussurra, tocando suavemente meu braço, seu toque me
deixa frágil.
Não dou oportunidade que ele diga mais nada, sigo o mais rápido
Não Deus, não pode ser! Por que tinha que reencontrá-lo novamente?
— Sophia, por que não está servindo as... — Robert para de falar quando
me vê. — Meu Deus! Você está bem? Está branca como um papel.
— Fique aqui descansando, irei tomar conta da mesa que você era
Ainda não estou acreditando que o vi, é como se tudo não passasse de um
pesadelo tenebroso. Tenho medo que ele me humilhe novamente, aquele homem
deixou bem claro que não queria nunca mais me ver em sua frente.
Creio que logo Robert me mandará voltar a servir as mesas, não posso
entrar naquele salão e ter que encarar Dominic normalmente.
estou.
por não encontrá-lo em lugar algum. Olho pela milésima vez para a mesa onde
Por sorte não o vi pelo restante da noite. A única coisa que quero de
Dominic é distância.
— Por nada.
— Pensei que não iria revê-la. — Uma voz grossa soa atrás de mim,
fazendo com que todos os pelos do meu corpo se arrepiem.
— Não, não precisamos conversar absolutamente nada, acho que tudo foi
dito a quase dois anos atrás. — Enxugo as lágrimas, meus olhos mais parecem
chegado rápido. — Tudo já foi dito. — Minhas últimas palavras saem carregadas
de ódio.
Vou caminhando até o táxi quase que correndo, Dominic faz menção de
dizer algo, mas sou mais rápida e entro no veículo.
Ver Dominic foi como se alguém tivesse mexido em uma ferida que
estava apenas adormecida, uma ferida que não está totalmente cicatrizada.
Pensei que com o tempo essa ferida iria parar de doer, mas ainda está doendo
como doeu no dia em que ele me humilhou.
Olho de relance para o canto da sala, vendo que minha mãe está no
telefone. Por mais que queria, não consigo ouvir o que está dizendo.
Dominic não deveria ter voltado, já sofri o bastante com aquele homem,
passei dois meses chorando todos os dias por ele. O abandono dói mais que
qualquer coisa. Nos primeiros meses fiquei completamente perdida, não sabia o
que fazer, não fazia ideia de como seria minha vida, afinal estava sozinha e com
uma bebê a caminho.
Alguém bate na porta e minha mãe vai atender. Vejo Evelyn entrar
desesperada com Bela nos braços, ela entrega a bebê para minha mãe, vindo em
minha direção com um semblante preocupado.
chorar.
— Não sei. Agora vamos para o seu quarto, você precisa descansar,
amanhã conversaremos direitinho.
— Não irei permitir que ele te fazer mal, Soph. Fique calma, não adianta
ficar tão nervosa. — Ela beija o topo da minha cabeça.
não estava preparada para tal coisa, na verdade, acho que nunca estarei. Me sinto
como um animal que é arrisco por conta de feridas.
Evelyn volta a mexer nos meus cabelos, com o tempo o cansaço toma
conta e acabo adormecendo.
Encaro o convite a minha frente, buscando uma boa desculpa para não
Fui um tremendo covarde com Sophia. A deixei por medo de assumir que
realmente a amava. Não conhecia o amor antes daquela mulher, foi ela quem me
apresentou esse sentimento tão intenso. Demorou até que eu percebesse que o
que eu sentia era realmente amor, logo no início imaginei que seria uma paixão
passageira.
Não há motivos cabíveis para explicar o que fiz a ela. A culpa me coroe
todos os dias, não a tiro dos meus pensamentos em nenhum momento.
amava para me dar conta que estava sendo um ser humano desprezível.
do Wesley.
— Fala logo o que você quer. Não tenho paciência para suas voltas, então
da sua empresa?
nada contente.
— Espero que até lá você tenha melhorado esse humor. Lembre-se que
precisa distribuir sorrisos amigáveis para todos.
ser bom.
projetos. Optei por trabalhar em casa, não estava com um pingo de paciência de
ir para a empresa.
Me lembrar dessas palavras faz meu coração doer, me faz sentir o pior
homem do mundo. Eu tinha tudo para ser feliz. Sophia era uma companheira
incrível, ao contrário das outras mulheres com quem me relacionei, ela não
ligava para minha condição social. Se eu tivesse sido homem o suficiente
estaríamos felizes com nosso filho.
Uma raiva imensa me consome só de imaginar que meu filho pode estar
chamando outro de pai, afinal o recusei quando ainda estava no ventre da mãe.
Avisto meus pais em uma mesa no centro do salão, e aproveito para ir até
Meu coração acelera assim que tenho a visão completa de seu rosto.
Estou diante da Sophia, a mulher que habita meus pensamentos vinte e quatro
horas por dia.
Foco meu olhar em seus grandes olhos verdes, vendo que está
aparentemente assustada. Sophia é dona de uma beleza angelical, seus traços são
delicados. Quando a vi pela primeira vez tive a sensação que estava diante de um
verdadeiro anjo.
— Sophia... — Toco seu braço, sem saber o que dizer.
carregado de ódio.
Seu olhar não é o mesmo da última vez que nos vimos, algo mudou.
Antes que eu fale algo, ela sai andando com passos largos. Estou estático,
tanto que não consigo segui-la. Tenho a sensação que meus pés estão grudados
Tenho tantas perguntas para fazer. Quero saber do nosso filho, saber onde
ela está morando atualmente. Saber se está com outra pessoa, se algum dia será
capaz de me perdoar por tudo que fiz. Mas sinto medo das respostas que posso
receber.
encarando.
Olho para o Wesley, que está com os olhos arregalados fixos a mim.
Assim como eu, ele a viu.
Logo depois outro garçom veio servir nossa mesa, de certa forma fiquei
um tanto decepcionado.
Minha maior vontade era procurá-la, mas não posso, meus pais iriam me
bombardear de perguntas que ainda não estou preparado para responder. Como
vou falar para eles que já sou pai?! Pelo que os conheço, ficariam em choque.
poderia procurar Sophia, mas fui impedido por diversas pessoas. Não foi fácil
algum.
reflete diretamente em seu perfeito rosto. Seu olhar parece um tanto perdido.
— Saia de perto de mim. — Pede com a voz trêmula por conta do choro.
— Por favor.
Ao vê-la chorar desta maneira, vejo o quanto a machuquei, esse choro me
mostrou o tamanho da ferida que deixei em seu coração. Ferida a qual preciso
ajudar a cicatrizar.
— Não, não precisamos conversar absolutamente nada, acho que tudo foi
dito a quase dois anos atrás. — Ela leva as pequenas mãos até o rosto, tentando
Recordo-me das palavras que desejo falar desde há última vez que nos
vimos.
tanto atordoado.
Cada lágrima que ela derramou foi como se eu estivesse levando uma
facada.
perceber que não a terei novamente. Sophia ainda está machucada por tudo que
aconteceu no passado, e não a julgo.
anterior. Queria poder apagar da memória tudo que envolve Dominic Watson.
Quando pensei que minha vida estava começando a entrar nos eixos,
Sempre contei tudo para Evelyn. Ela foi a primeira a saber da minha gravidez, na
época brigou bastante comigo, falou que eu deveria ter me prevenido, e ela
estava realmente certa, fui inconsequente. Mas nem por isso me virou as costas,
a sentir as dores do parto, foi ela que se dispôs a me acompanhar até o hospital.
Dominic. Ele estava no evento em que trabalhei ontem. Fui servir a mesa em que
ele iria sentar, e sem querer acabei esbarrando nele. Na hora, fiquei em choque,
— Você não tem que se desculpar, Evelyn. Até porque não sabia que ele
— Ele não irá te fazer mal, não irei permitir. — Fala, me abraçando.
envolvi com ele pela primeira vez, não imaginava que tudo acabaria de uma
— Então, não fique triste, Sophia. Ele não merece nenhuma lágrima sua.
Seus lindos olhos azuis estão brilhantes, indicando que está contente.
— Você é forte, mais do que possa imaginar. Passou por tantas coisas
ruins e mesmo assim não perdeu a doçura, continua a mesma pessoa gentil. Se
tudo tivesse acontecido comigo, eu com certeza me tornaria uma pessoa
amargurada.
— Sou burra, isso sim. Eu deveria odiá-lo com todas as minhas formas.
— Não. O ódio nos destrói sem que ao menos possamos perceber.
tem total razão, estou péssima. A maquiagem borrada por conta do choro me faz
Aproveito que Evelyn está cuidando da minha pequena, para tomar um longo
banho.
— Olha como a sua mamãe está bem mais bonita, Bela. — Evelyn diz,
quando entro no quarto. Ela está sentada na cama com Bela nos braços.
mãozinhas macias correm por todo meu rosto, me trazendo uma imensa paz.
gordinhas da Bela.
cama.
quarto com uma expressão nada contente. Ela olha com desdém para Evy,
— Desculpe, Sônia, mas não poderei tomar café da manhã com vocês. —
Se desculpa, pegando a bolsa que estava sobre a cômoda. — Queria mesmo
acompanhá-las.
— Por nada. Sabe que sempre que precisar, estarei aqui, Sophia.
forma diferente. O filho passa a habitar seus pensamentos vinte e quatro horas
por dia.
palavra. Não é nada fácil dedicar todo seu tempo a um pequeno ser humano.
diz "Melhor sozinha que mal acompanhada", não quero alguém que só me faça
sofrer. Já sofri o bastante.
mamadeira a ela.
— Até que enfim desceu. — Minha mãe murmura, assim que me sento
na mesa.
E agora o que digo a ela? Claro que não posso falar que vi o pai da Bela,
ela iria surtar.
— Nada.
Nunca vi uma mulher tão insistente. Ela sempre quer saber de tudo. Tem
coisas que simplesmente não queremos falar, e ela deveria respeitar, assim como
a respeito. Nunca toco no assunto do divórcio, pois sei que é algo que ainda a
machuca.
— Sophia, como não aconteceu nada? Você chegou chorando igual uma
louca e agora vem me falar que não aconteceu nada. Pare de mentir.
possível.
— Não acha que está na hora de parar de mentir? Você não é mais
nenhuma adolescente para ficar mentindo descaradamente assim. Agora tome a
atitude de uma mulher e me fale o que aconteceu.
Pode parecer um tanto dramático da minha parte, mas não gosto quando
ela me trata de forma grosseira.
— Quer dizer que para ter uma atitude de mulher preciso contar o que
aconteceu? — Sorrio falsamente.
— Sim. — Sua voz sai firme. — Sabe por quê? Porque você mora na
minha casa, me deve satisfação de exatamente tudo que faz.
Não tenho que sustentar minha mãe depois de tudo que ela já me falou.
Continuo sustentando porque sou uma boba de coração mole. Ao contrário dela,
— Acho que no fundo a senhora sabe que eu não tenho obrigação alguma
Às vezes penso que nunca mais terei uma conversa digna com ela. Há
meses não temos um diálogo civilizado. Sinto falta de uma mãe que me escute.
Na verdade, ela nunca escutou. Sempre que eu ia falar algo ela falava que não
queria saber. Outras vezes, falava que não tinha tempo para ouvir minhas
Ela tem uma enorme mágoa por eu ter engravidado. Mamãe esperava que
eu tivesse um futuro brilhante, o que infelizmente não consegui.
Mas ela precisa colocar na cabeça que sou um ser humano, tenho
diversas falhas, não sou perfeita. A entendo, eu não ficaria contente se minha
filha aparecesse grávida e não me contasse quem é o pai, mas independente de
Cada pessoa enfrenta uma situação de uma forma, ela usa a indiferença.
Termino de dar banho no meu anjo, enrolando-a em uma toalha rosada. A
coloco sentada na bancada, entregando uma boneca para que fique entretida,
Desde ontem minha mãe faz questão de me ignorar, nem um mero "bom
dia" falou. Ela realmente ficou chateada com nossa discussão. Acho que já
estava bem claro que eu não desejava falar de tal assunto, mas ela simplesmente
não aceitou.
As duas seguem para o quarto e eu desço até a sala de estar para atender
o telefone.
— Bom dia! Sophia Brant? — Uma voz feminina indaga do outro lado
da linha.
semana a procura de um emprego. Surgiu uma vaga, a senhorita poderia vir fazer
Volto para o quarto, vendo que Bela está no berço brincando com um
Não vai contar? Irá preferir falar para aquela sua amiguinha? Só não se esqueça
— Acho que a senhora se esqueceu que quem sempre me apoiou foi ela.
Evelyn foi a única pessoa que permaneceu ao meu lado nos momentos bons e
ruins.
— Sério? Claro que eu não iria apoiar um erro seu. Só você mesmo para
achar que eu aceitaria sua bastarda sem pestanejar.
— Não quero que a ofenda nunca mais. Pode falar o que quiser sobre
mim, não me importo. Bela é apenas uma criança inocente, não merece lidar
com seu ódio gratuito.
Não é a primeira vez que ela se refere dessa maneira a minha filha, e isso
sempre foi algo que me incomodou bastante. Se ela quer punir alguém, que seja
eu, não a Bela, pois minha pequena ainda é um ser humano inocente.
Dói ver que a própria avó a trata dessa maneira. Normalmente os avós
Bela começa a chorar alto, chamando minha atenção. Ela com certeza se
assustou com a discussão. Pego-a nos braços, abraçando seu corpo frágil,
tentando a acalmar.
ralos do seu cabelo, ouvindo seu choro. — Está tudo bem, Bela.
olhá-la.
— Oi, Maísa.
entrar.
Andamos até o sofá, onde nos sentamos de frente uma para outra.
te atrapalhando?
sabe o quanto adoro a companhia da Bela. Essa casa é tão solitária quando
Evelyn não está.
olho no celular.
nervosismo.
amigavelmente.
Olho de relance para ele, vendo o quanto é bonito. O terno bem alinhado abraça
perfeitamente seu corpo.
Ele indica a cadeira a sua frente. — Então a senhorita se chama Sophia Brant?
resultado final.
costumam fazer.
profissional. — Pontua, analisando o papel que está em suas mãos. — Por que
minha direção.
— Acho ótimo. Irei fazer de tudo para ser uma excelente profissional,
senhor.
tanto empolgada.
segundo andar.
— Está bem.
em troca.
Saio da sala saltitante. Na verdade, queria sair gritando para todos que
emprego. O que significa que poderei sair da casa da minha mãe daqui alguns
meses, quando já estiver estável financeiramente.
Confesso que quando a deixei, senti meu coração apertar. Nunca fiquei longe
Olho para o céu, vendo que o sol nasceu mais radiante do que nunca.
Paro em frente ao prédio, pronta para iniciar mais uma fase da minha
apressadas.
— Olá, Sophia. Bem-vinda! — Ouço uma voz grossa soar atrás de mim.
lado.
formal.
bochechas.
concentrada nos papeis a sua frente, tanto que leva alguns segundos para
— Sim.
— Muito obrigada.
― Ainda não.
agenda, arrancando uma folha da mesma. ― Aqui está. Terá uma hora para o
deixa intrigada.
lo.
Quando penso que vai esclarecer o motivo pelo qual se assustou com minha
presença, ele sai andando rapidamente até sua sala, sem me dar explicações.
de tocar. A todo minuto alguém ligava desejando marcar uma reunião com o
senhor Montgomery.
Pego uma folha em branco, anotando um recado deixado por uma mulher
nada simpática que ligou há alguns minutos.
— Estou de saída, senhorita Brant. — Meu chefe diz ao sair de sua sala.
— Está bem.
da mesa.
Assim que saio do prédio, sou recebida bela brisa suave do início da
noite. Por mais que o dia tenha sido cansativo, estou me sentindo extremamente
carro branco, seu olhar fixado a mim deixa claro que ele estava apenas me
aguardando sair do prédio.
atrapalhando seu trajeto. Posso muito bem ir de ônibus, será melhor para ambos.
Mas de qualquer forma, agradeço pelo convite.
motorista.
— Não, moro com minha mãe e minha filha. — Sorrio ao falar na minha
princesa.
sobrancelha.
como eu havia planejado. Desde a infância tinha em mente que me casaria com
— Não. — Esclareço.
― E você, é casado?
― Não. Como minha mãe costuma dizer: sou um solteiro solitário. Mas
cidade.
Sinto um certo alivio assim que Henrique estaciona o carro em frente a minha
casa.
— Por nada, Sophia. Foi um prazer acompanhá-la. Tenha uma boa noite!
Meus sapatos fazem um barulho muito incômodo. Esse é um dos defeitos dos
saltos. Eles não nos deixam andar discretamente.
Levo um imenso susto ao entrar em casa e ver que tudo está fora do
pais. Eles nunca tiveram um relacionamento saudável, tanto que meu pai não
fazia questão de esconder que traia minha mãe com inúmeras mulheres. Como
eu era apenas uma criança, ficava um tanto perdida, pois amava os dois. Essa
situação durou por muito tempo, até se divorciarem, meu pai foi morar com
outra mulher em Nova Jersey, e acabou levando minha irmã consigo. Com isso,
— De um colega.
sem se prevenir. Não quero ter que suportar outra criança dentro da minha casa.
— Te conheço muito bem, tão bem que sei que você não vale nada. Se
fosse uma mulher tão integra, ao menos saberia quem é o pai da sua filha.
― Tem certeza? ― Indaga com uma certa ironia contida em seu tom de
Fico em silêncio, disposta a não trocar mais nenhuma palavra com ela.
Olho-a mais uma vez, antes de caminhar até as escadas.
Essa tortura está prestes a acabar, afinal agora tenho uma renda, logo
passou voando, já faz três dias desde que vi Sophia. Até pareço um bobo por
estar contando os dias, mas quero tanto vê-la novamente, sentir o calor de sua
pele, sentir o cheiro suave de seu perfume. Aparentemente ela está bem, o que
me tranquiliza. No dia em que nos reencontramos percebi que não será uma
tarefa fácil reconquistá-la, mas estou disposto a tudo para ter uma segunda
chance. Se eu tiver que ser um maldito príncipe encantado que tanto as mulheres
sonham, serei sem problema algum.
Natália está de volta com a mesma petulância de sempre. Desde o dia que
pensamentos.
em minha sala como um verdadeiro furacão. Sua expressão deixa claro que
parece estar assustado com algo.
— Cala a porra da sua boca e escuta o que eu tenho para falar! Acredite,
— Vou ser direto. — Diz brincando com os dedos das mãos, um forte
indício que está nervoso. — Como sabe, estou há um tempo sem secretária, e
ontem contrataram uma, como não sou responsável pelas contrações, não fazia
ideia de quem se tratava. Minha nova secretária é a Sophia.
Paro por alguns instantes, tentando absorver tudo que acabei de escutar.
A minha Sophia está trabalhando para o meu melhor amigo. Mal consigo
— Quero vê-la.
Aparentemente ela não está disposta a conversar com você, e deixou isso bem
Wes está certo, Sophia não quer conversar, tanto que fugiu de mim há
três dias. Eu a magoei, e agora preciso lidar com as consequências dos meus
atos. Não há nada pior que lidar com as consequências de algo que apenas você é
responsável.
— Não precisa dizer o óbvio. Sei que Sophia não quer me ver nem
pintado de ouro, mas preciso conversar com ela, saber do nosso filho.
vi meu filho, não imagina o quanto isso dói. Você não sabe porque nunca teve o
— Dom, você é meu amigo, mas precisa entender que não posso te
passar essa informação, seria antiético. Tente descobrir da maneira correta.
— Cuidado com o que irá falar, aquela mulher ainda está machucada.
— E não se esqueça de que está noivo, Dominic. Se não quer nada com
maneira certa.
— Você está parecendo meu pai. Não irei me esquecer de terminar com a
minha "noiva". Não me importo de ficar sozinho. Não amo Natália, não posso
ficar com alguém que não amo pelo resto da minha vida.
mais ame outra mulher, talvez eu nunca mais saiba o que é dividir uma vida com
a pessoa amada.
— Você está ciente que a minha tia Verônica irá te matar quando souber
que deixou Natália?
deveria, está na hora de parar de pensar no que ela irá achar. Não posso me casar
com uma pessoa apenas para deixá-la contente. — Dou uma pausa, aproveitando
para respirar fundo. — Quando estava com Sophia não parava de pensar no que
nossa família acharia, e mesmo que de forma indireta, isso nos afetou.
— Sophia não era a nora dos sonhos de tia Verônica, e você sabia muito
Mas essa decisão não depende apenas de mim. Somente Sophia pode decidir se
Uma parte de mim teme pela reação de Sophia, e a outra implora para vê-
la novamente.
Sei que não conseguirei provar que mudei em poucas horas. A mudança
só pode ser demonstrada a partir de pequenos atos do dia a dia.
Assim que paro no sinal vermelho, vejo meu reflexo através do espelho
do retrovisor, constatando que minha aparência não está das melhores. Durante a
madrugada não consegui dormir nem por míseros segundos, meus pensamentos
estavam a mil.
O trânsito está mais lento que o normal. O universo parece não estar cooperando
comigo.
novamente. Desde há última vez que nos vimos tenho sonhado com ela todos os
dias.
Caminho até ela, temeroso por sua reação. Acho que nunca estive tão
Ela não se parece nem um pouco com a Sophia de quase dois anos atrás.
Seu olhar que antes carregado de doçura, agora está carregado de ódio.
vitória.
Durante o curto trajeto Sophia não disse uma única palavra, seu silêncio
era agonizante. Ela sequer fez questão de direcionar seu olhar a mim. Eu sabia
que não seria fácil convencê-la a conversar comigo, mas não estava preparado
distante das demais, para que possamos conversar em paz. Puxo a cadeira para
ela, me sentando a sua frente.
interesse? Pelo que eu saiba, não somos nada um do outro, você fez questão de
Respiro fundo.
de Dominic.
O que eu respondo? Não posso dizer a verdade. Não quero falar que ele
tem uma filha que é a sua cópia fiel. Ele não a quis, afinal me mandou abortar no
— Não pode ser, me diz que isso é mentira, Sophia. Por favor. —
Vejo seus olhos ficarem levemente marejados. Uma bela encenação. Esse
homem não quis a filha, a negou quando ela ainda estava em meu ventre.
Tive medo de fraquejar quando vi seus belos olhos azuis ficarem marejados, tive
vontade de abraçá-lo e dizer que tudo não se passava de uma mentira, mas o
Quando penso em protestar, ele me olha no fundo dos olhos, como se buscasse
algo neles.
Por mais que eu tente negar, ainda sou vulnerável ao Dominic, até mais
do que imaginava.
soltando o ar que eu nem havia percebido que estava segurando. Ele não tinha
que ter voltado, não tinha que me procurado, não tinha que perguntar
da minha filha.
Desde que saí da vida de Dominic venho procurando a paz, e agora que
Eu não poderia ter aceitado conversar com ele, desde o momento em que
o vi sabia que deveria manter distância para o bem da minha saúde mental.
"entre''.
— Ok.
Estou contente por não ter sido demitida, mas triste porque não poderei
passar a noite com minha bebê. Se saudades matasse eu já estaria morta, minha
vontade era de tê-la pertinho de mim. O que me tranquiliza um pouco é saber
que minha amiga e Maísa cuidam muito bem dela.
Quando Bela chegou ao mundo, eu chorei como nunca tinha chorado
antes. Não um choro de tristeza, mas sim um choro de felicidade, naquele dia me
— Claro que sim. Esse convite se trata sobre o evento de hoje, sei que o
Wesley pediu que a senhorita comparecesse. Então vim lhe perguntar se deseja
— Claro. — Sorrio.
— Então passarei na sua casa para te pegar. Tudo bem para você?
vestido longo preto, com um pequeno decote em V nos seios. Usei esse vestido
na formatura do ensino médio, não é algo que está na moda, mas terei que me
caiu perfeitamente em meu corpo. Meu cabelo está preso em um coque bem
arrumado. Há muito tempo eu não me via arrumada desta maneira.
culpada por isso, mesmo que Evy já tenha dito mil vezes que não estou a
incomodando.
abrindo a porta para que eu entre. Enquanto coloco o cinto de segurança, vejo-o
Olho pela janela do carro, vendo que minha mãe estava nos observando
da janela da sala de estar com um olhar nada agradável. Quando eu chegar ela
— É quase isso.
de seu elogio. — Com certeza terá mulheres mais bonitas que eu.
— Acho melhor você parar antes que eu comece acreditar nisso tudo.
— Pode acreditar.
Aceno sorrindo.
Claro que os elogios dele me fizeram muito bem. Toda mulher gostar de
ser elogiada, ainda mais por alguém bonito e gentil como Henrique.
questão de me olhar a todo instante. Sabe aquele silêncio bom? Foi esse tipo de
A noite está linda, a lua cheia no céu embeleza tudo, assim como as
diversas estrelas.
entrada.
Por dentro o lugar está muito bem decorado em cores claras. Olho ao
redor, vendo alguns rostos conhecidos. Mas com certeza não conheço nem 1%
das pessoas que estão aqui. Estou me sentindo um peixe fora d'água.
Avisto meu chefe em uma mesa no centro no salão, juntamente com mais
algumas pessoas.
— Vamos nos sentar com eles? — Pergunto baixinho, para que somente
Henrique ouça.
— Sim, foi uma exigência do Wesley. Ele irá aproveitar a festa para
— Entendi.
Olho para as pessoas que estão na mesa, e levo um susto assim que vejo
um par de olhos azuis que me avaliam atentamente. Dominic está a minha frente,
vestindo um belíssimo terno cinza que contrasta muito com a cor de seus olhos.
Sua expressão deixa claro que ele parece estar tão surpreso quanto eu.
a Dominic. Henrique puxa uma cadeira para mim ao lado do "pai" da minha
da mesa.
Tento sorrir para demonstrar que está tudo bem, para não acabar
olhar, tanto que parecia completamente absorto da conversa animada das pessoas
que estão conosco na mesa.
redor.
Dominic arqueia a sobrancelha, me avaliando com seu típico olhar
intimidador.
atentamente.
possui um longo cabelo preto, que contrasta muito bem com seus olhos
castanhos, seu rosto está perfeitamente maquiado. Ela parece ter saído
diretamente de uma capa de revista.
tanto que meus pulmões começam a clamar por ar. Tento assimilar tudo, mas é
chorar por esse idiota, ele não merece minhas lágrimas. Pisco algumas vezes,
agradável.
Eu não vou chorar. Não vou. Repito mentalmente até que as batidas de
meu coração se acalmem.
vejo que tem alguns casais dançando na pista de dança, e a luz do ambiente está
Realmente fico agradecida com seu pedido, quanto menos tempo ficar
Ele segura minha mão, guiando-me até o centro da pista de dança, onde
atenção na dança.
Estou em uma luta interna para não olhar para a mesa onde o Dominic
está, não quero ver os dois juntos.
— Sophia, por que você está estranha desde que aquela mulher chegou
na mesa? — Pergunta, se aproximando ainda mais do meu rosto.
Ele não diz nada, só me aperta um pouco mais meu corpo ao seu. O que
faz com que eu me aproveite para apoiar a cabeça em seu ombro, na tentativa de
que ele não faça mais nenhuma pergunta.
meus pensamentos.
Henrique com toda certeza percebeu que eu não estava muito bem, então
conhecesse tão bem deixaria passar batido o tom de ironia contido em sua voz.
com isso.
— Dominic — chamo sua atenção, chegando perto dele assim que vejo
Henrique se distanciar. — O que quer de mim? Não deveria estar fazendo
— Natália já não está mais aqui, e ela não é mais minha companheira. O
que acha de conversarmos em um lugar mais calmo?
— Eu não vou a lugar algum com você. E eu já disse que não temos nada
Olho para o outro lado do salão, vendo que o senhor Montgomery está
nos observando. Não posso perder meu emprego por conta das idiotices de
Dominic. Respiro fundo, decidida a aceitar conversar com ele, ou pelo menos
aguardar estar em um lugar mais reservado para finalmente falar tudo que tenho
vontade.
salão de festas. Seu toque faz com que arrepios involuntários corram por todo
meu corpo. Eu não deveria reagir ao seu toque.
Caminhamos até o estacionamento que fica na parte exterior em silêncio.
Estou com um leve medo que ele acabe me matando. Ninguém sabe o que esse
escuro não seja o lugar mais adequado para conversarmos. — Explica, abrindo a
porta do carro.
— Não vou dizer onde eu moro para você. — Falo, cruzando os braços
na altura dos meus seios.
— Não irei te fazer mal, Sophia. Só quero te acompanhar até a sua casa.
— Não quero que me leve até a minha casa.
filha está viva, ao contrário do que eu disse. Talvez agora eu esteja um pouco
— Ótimo, vamos para a minha casa então, já que a senhorita não quer me
Meu Deus!
— Não quero ir para a sua casa, afinal sua namorada pode não gostar
— Jamais, já está tarde, não posso te deixar em uma rua deserta. — Diz
Olho para a janela do carro, vendo que está começando a chover. Parece
que o mundo está conspirando contra mim. Tinha que chover logo agora?
Como não falei onde moro, ele toma um caminho diferente, seguindo
para um bairro nobre, onde provavelmente mora. E eu tenho a certeza assim que
ele adentra a um condomínio.
Dominic desce do carro, vindo abrir a porta para mim assim que
estaciona o carro na carnagem.
descer do veículo.
— Vamos conversar lá dentro, aqui fora está frio. — Ele passa a mão nos
cabelos, uma pequena mania de quando está nervoso. — Não vou fazer nada
— Não estou com frio, posso muito bem conversar aqui. — Minto
descaradamente.
— Me perdoe.
Pisco algumas vezes, não acreditando que ele está me pedindo perdão.
Você não faz ideia do quanto afetou todas as áreas da minha vida, Dominic.
Quando nos conhecemos eu não passava de uma menina inocente que acreditava
veementemente que você me amava, o que nunca aconteceu. — Dou uma risada
tempestade.
— Não conseguiu? — Aceno que sim. — Pode ficar aqui até que a
tempestade passe, Sophia. Depois eu te levo em casa, caso você aceite, ou pode
Queria muito negar sua sugestão, mas não posso. O mundo parece estar
— Vem, vou te levar até o quarto onde você irá dormir. — Olho-o com a
Olho pela milésima vez para a janela da sala de estar, vendo que a
tempestade ainda não se acalmou, ao contrário, parece estar piorando a cada
minuto. As árvores do jardim estão sendo chacoalhadas pelo vento forte. Tantos
dias para acontecer um dilúvio, tinha que ser justo hoje?
Retiro os saltos, fazendo uma breve massagem nos pés, constatando que
eles foram destruídos. Com certeza não nasci para passar o dia de salto.
Mulher teimosa! Definitivamente essa Sophia não se parece nada com a
que eu conheci a quase dois anos atrás. Custava ao menos dormir no quarto de
hóspedes? A cabeça dura preferiu dormir no sofá, que não é tão confortável
Hoje o dia foi uma total catástrofe, não estava esperando que Natália
fosse dar as caras na festa da empresa do Wesley. Eu já havia adiantado que
Desço as escadas, vendo que Sophia encolhida no sofá, com certeza com
frio. Caminho lentamente até ela, tentando ser silencioso para não a acordar. Ao
Sem pensar duas vezes pego-a nos braços. Não posso deixá-la aqui
passando frio.
— Sim, sou eu. — Aconchego-a ainda mais contra meu peito. — Agora
durma, anjo.
Caminho com ela nos braços até o quarto de hóspedes. Empurro a porta com os
pés. A coloco sobre a cama com cuidando, cobrindo seu corpo com uma coberta.
Admiro o fato dela possuir um sono tão pesado. Dou um leve beijo em sua testa,
risos, mas agora, percebo que realmente estou de quatro por Sophia, tanto que
enfrentaria o mundo por ela.
seguindo o som que vem da sala de estar. Assim que chego no ambiente vejo o
— Cadê a Sophia pelo amor de Deus? — Pela sua voz aflita, posso
tocando levemente seu ombro. Ela abre os olhos, ainda sonolenta. — Ligação
para você, a mulher disse que era urgente. — Entrego o celular.
posso perceber isso através de sua feição. Sophia sempre foi uma pessoa
— O que aconteceu? — Pergunto, indo até ela, que está parada na porta
— Está bem.
Fico um tanto aflito por ela ter aceitado tão facilmente, algo realmente
sério aconteceu.
primeiro andar, me acompanhando até a garagem. Abro a porta para ela, vendo-a
entrar no veículo um tanto aflita.
Olho para o lado, vendo que Sophia está com a cabeça escorada no vidro
estar doente.
Prefiro ficar calado, se ela não quer falar, não ficarei insistindo. O resto
mas é como se ela tivesse criado uma bolha ao seu redor para que eu não me
aproxime de forma alguma. É até normal, afinal fui um completo filho da puta
com ela.
rapidamente.
dela. Não sei o que aconteceu, mas acho que não devo deixá-la sozinha, quero
reconquistá-la nas pequenas atitudes.
Entro no hospital, varrendo o local com o olhar, até vê-la seguindo por
um corredor. Sophia para na porta de um quarto, onde conversa com uma mulher
contrária.
Vejo Sophia parada ao lado de um berço, onde há uma criança sentada. A bebê
está de cabeça baixa, o que dificulta que eu veja seu rosto. Ela começa a mexer o
carinhosamente.
Olho para ela, que ainda não percebeu minha presença no quarto.
Finalmente a bebê ergue a cabeça, permitindo que eu veja seus belos olhos azuis
como os meus. Leva pouco tempo para que eu perceba tudo. Essa criança só
do meu peito. Abro a boca, mas é como se a minha voz tivesse desaparecido.
Apoio no batente da porta, tentando me acalmar.
A criança é um perfeito clone meu. Ela mentiu quando disse que nosso
filho havia falecido, não consigo acreditar que Sophia teve coragem.
agora você mentiu em troca de que? De me fazer sofrer? Então meus parabéns,
você conseguiu. Eu fiquei mal em saber que nosso filho havido morrido, mas
tudo não passou de uma mentira. Pode até parecer mentira, mas eu queria essa
criança. — Digo, me aproximando do berço.
lágrimas. — Só tente entender, tive medo que você tentasse tomá-la de mim.
Você destruiu tudo de bom que havia em mim, e depois reaparece do nada
— Eu jamais a tiraria de você. Não sou esse monstro que você acha.
— Não acredito. Pessoas como você não mudam. Por favor, me deixe em
— Para com isso. O que você quer de mim agora? Por que você quer
— Quero reparar o tempo perdido. Tudo que fiz não pode ser apagado,
mas quero fazer tudo diferente.
Pelas suas palavras, percebo o quanto gosta dessa criança. Jamais tiraria
a bebê dela.
Até o momento fui um péssimo pai, não estive presente quando ela
— Sophia, não estou aqui para tirá-la de você. Não tenho esse direito, só
Ela não diz nada, apenas olha para a bebê, que abre um largo sorriso para
a mãe.
a examinar nossa filha, explicando em seguida que a febre era por conta dos
que fiz no passado. Perdi um tempo que jamais poderei recuperar. Esse pequeno
— Bela. — Ela pega a bebê nos braços, beijando sua bochecha. — Quer
pegá-la?
— Espero que sim. Já errei tanto com ela. — Passo o polegar pela
bochecha rosada de Bela, encantado com os traços delicados da minha filha. —
amará.
Abraço minha princesa, vendo-a sorri. Esse sem dúvidas foi o momento
mais emocionante da minha vida, pois finalmente conheci minha filha. A partir
de hoje tenho um motivo para tentar ser uma pessoa melhor, um motivo cheio de
dobrinhas.
Ela passa as mãos gordinhas pelo meu rosto, brincando com os botões da
minha camisa.
— Ela é linda.
— Ela puxou para o papai, né? — Pergunto para a Bela sorrindo. — Ela
brincar com ela. Até que o cansaço venceu e ela dormiu em meus braços.
motorista.
— Para a minha casa, por favor. Agora não tenho nada a esconder. — Dá
Sophia digita seu endereço no GPS, não me deixando nada contente. Ele
mora em um bairro perigoso.
— É complicado, ela era minha noiva até essa noite. Quando Natália
finalmente dei um ponto final, senti uma imensa paz, foi como se eu estivesse
— Ah sim.
Respiro fundo assim que Dominic estaciona o carro em frente a minha
casa. Tenho certeza que mamãe não estará nada contente, até porque já está
Dominic pega minha filha nos braços com cuidado. Espero que isso não
seja passageiro. As crianças se apegam rapidamente as pessoas, e eu odiaria ver
Quando Evelyn me ligou desesperada falando que Bela estava com febre
e ela estava a levando para o hospital, não pensei duas vezes antes de aceitar que
Dominic me levasse. Mas eu não contava que ele iria me seguir até o quarto da
Bela. Pensei que ele me mataria por conta da mentira, o que felizmente não
aconteceu, tenho consciência que errei ao falar que havia perdido nosso filho.
Por mais que eu não o queira perto da minha filha, ele tem o direito,
afinal é o pai. O medo que Dom a tome de mim ainda me atormenta desde que o
vi na porta do quarto do hospital, mesmo que ele já tenha dito que não irá fazer
tal coisa.
Abro a porta da casa, entrando na mesma, vendo que Dominic está logo
Não demora muito até que ela perceba que não estou sozinha. A vejo
braço, estendendo a outra mão para minha mãe. — Prazer, Dominic Watson.
parte. Pretendo falar com ela, mas não agora, quero conversar com calma e a sós.
Quero contar só parte da história, não quero que ela saiba o quanto sofri e o
quanto ele me fez mal. Também não pretendo contar isso um dia para Bela, é
deplorável uma mãe envenenar o filho contra o pai, esse problema foi entre eu e
ele, Bela não tem nada com isso. Quero que ele seja responsável por criar apenas
antes de mim. Assim que entra no cômodo, Dom avalia tudo com o olhar,
colocando Bela em seu berço com cuidado. Antes de se afastar, ele faz questão
de beijar a testa da nossa bebê, que esboça um sorriso ainda de olhos fechados.
Bela parece estar usando todas as suas armas para ganhar o coração de Dominic.
que colocar as coisas dela aqui, já que minha mãe não quis ceder o quarto que
estava vazio. Mas é confortável na medida do possível.
— Quero poder comprar coisas para a Bela. Dar a ela tudo do bom e do
melhor. Sou o pai dela, tenho que arcar com as despensas também. Tudo que é
Ouço-o suspirar.
— Você tem a sua filha, pode tentar fazer tudo diferente com ela. —
Sorrio.
— Quero fazer tudo diferente com você. Quero tentar te reconquistar. Não te
valorizei, mas só agora percebi a mulher que perdi por ser um idiota.
vez.
noção do quanto sofri por você. Me lembro de tudo o que você me disse, cada
palavra. — Uma lágrima escorre livremente por meu rosto.
— Eu errei. Não fui um homem quando falei tudo aquilo. Me perdoe, por
favor.
Ele volta a me abraçar, só que dessa vez mais forte. É como se quisesse
demonstrar através desse gesto o quanto está arrependido pelo que fez.
acho que para isso teremos que procurar um advogado para organizar tudo da
ele.
bater contra minha pele. Ele toca meu rosto, acariciando-o com o polegar. Assim
que faz menção de me beijar, viro o rosto, escutando seu suspiro de pura
Não podemos fingir que nada aconteceu entre nós no passado, não posso
esquecer de tudo facilmente. Dom parece estar disposto a provar que mudou,
Ainda é cedo, mas com certeza minha mãe vai estar na sala me
aguardando. Desço as escadas devagar, minhas mãos estão suando, assim como
no dia em que decidi contar a ela que estava grávida.
encarando com cara de poucos amigos. Bom, essa conversa será exaustiva.
Não consigo decifrar seu olhar, não sei se ela está com raiva, ou não.
— Se aquela criança não se parecesse tanto com ele eu diria que era
mentira. Você, uma pobre que não tem onde cair morta ter uma filha com um
homem como aquele. Eu percebi, Sophia, ele tem dinheiro, você foi bem esperta
ao engravidar de um homem rico.
Meu Deus! Como ela pode ter coragem de pensar isso de mim? E como
sempre, não perdeu a chance de me menosprezar.
— Me poupe. Eu não sou boba, Sophia. Claro que você se envolveu com
Ela estava escutando a conversa que tive com Dominic? Claro que
estava, eu já deveria imaginar que ela faria isso, bem típico dela. É muita falta de
educação fazer uma coisa dessas, nem privacidade nessa casa eu posso ter.
abaixo dos meus olhos. Na verdade, não sei como irei trabalhar hoje. Estou
exausta, não descansei nada esta noite.
depositando um beijo no topo da sua cabeça. — Você está com fome, bebê?
a blusa para que ela comece a mamar. Não estou a amamentando muitas vezes
ao dia, já que passo horas longe dela. Mas apesar das poucas vezes que a
amamento, essa é e sempre será a melhor parte do meu dia. Aliso seus cabelos,
sentindo seu cheirinho de bebê que está por toda parte da casa. Seus olhinhos
azuis me olham atentamente enquanto ela suga o leite. Eu a amo tanto, nunca
imaginei que amaria tanto alguém, e esse amor só cresce dia após dia.
Já faz cinco dias que não vejo Dominic. Ele simplesmente desapareceu,
não ligou, não mandou mensagem e nem apareceu na empresa do Wesley, nem
sinal de vida deu. Realmente ele não se preocupa, porque alguém que some do
que não quer saber mais da filha e muito menos de mim. É por esse motivo que
não quero que Bela se apegue a ele.
Meu coração parece que foi feito para ser pisoteado, mesmo não
querendo-o novamente me sinto mal. Estou preocupada, mesmo sabendo que ele
pode estar com outra nesse exato momento.
Nos últimos dias minha mãe se empenhou em infernizar minha vida, faz
questão de perguntar a todo instante onde Dominic está, se já aceitei a pensão.
Não suporto mais isso, será que o mundo resolveu se virar contra mim
Henrique também não quis tocar no assunto da festa. Pensei que ele iria
me bombardear de perguntas no dia seguinte, o que felizmente não aconteceu.
— Adoraria, porém, não vou poder. Não tenho com quem deixar minha
filha, e não posso abusar da minha amiga pedindo que ela cuide dela esta noite.
— Ah não. Não quero ficar curiosa por tanto tempo. Me conte, por favor,
não irei te deixar em paz.
— Para de rir de mim, Henrique. Agora é você que não está parecendo
Estava tão distraída que nem percebi Dominic entrar e nos encarar. Sua
feição está fechada, acho que ele está com raiva. Mas raiva de que? Nem falar
com ele eu estava falando, ou seja, não fiz nada. Então ele só pode ter brigado
com alguém, algo não deve ter dado certo nos negócios já que ele está aqui na
empresa.
de Dominic.
vestindo um terno preto muito bem alinhado ao seu corpo. Ele para a nossa
— Acho que aqui não é lugar para ficar rindo. — Resmunga com a voz
rouca, direcionando o olhar para Henrique. — O senhor não tem afazeres?
— Não precisava falar com ele daquele jeito. — Saio de trás da mesa,
ficando de frente para Dominic. — Custava ser um pouco mais educado? Ele
não fez nada demais para você tratá-lo tão mal.
evoluído como pessoa, mas com o que acabou de fazer, vejo que estava
enganada.
cruzando os braços.
Seu olhar é firme. É como se apenas com um olhar pudesse desvendar até
intensidade, desafiando-o.
— Isso não diz respeito a você. — Me viro, voltando para minha mesa.
afaste.
— Mas posso ser. — Pisca, sorrindo se lado. — O que acha de ser minha
esposa? Poderíamos dar mais uns três irmãos para a Bela.
Engulo em seco com sua frase, sentindo o impacto de suas palavras. Não
consigo acreditar que ele está dizendo a verdade, tenho a sensação que está
apenas me usando como passatempo novamente.
Quando descobri que estava grávida imaginei que formaria uma bela
família com Dominic. Eu sonhava em ficar ao seu lado pelo resto da vida, mas
diz ao sair de sua sala, interrompendo nossa conversa. Assim que ergue o olhar,
sorri ao notar a presença de Dominic. — Você não disse que viria me visitar.
— Fique calma, eu conheço muito bem esse senhor aqui, sei o quanto ele
nos lábios. — Aproveitando que está aqui, preciso conversar com você.
Dom me lança um olhar intenso, acompanhando meu chefe até sua sala.
Então vá embora, por favor. Não quero perder esse emprego por conta sua.
— Fique tranquila, Wesley não fará isso. Até porque você não fez nada
de errado, Sophia. Wes até te elogiou, disse que você está fazendo um ótimo
rosto.
— Muito obrigada, mas não. Como irei confiar em alguém que sumiu por
cinco dias? É tão fácil fazer uma ligação. — Retiro minha mão de seu rosto.
— Desculpe. Eu tive imprevistos e tive que viajar, pensei que você não
ficaria preocupada.
amaldiçoo por ser tão traidor. Eu queria ser imune aos charmes de Dom.
de um pequeno descanso.
— Vim avisar que não poderei sair com você esta noite, tenho muito
trabalho. Nós podemos marcar para outro dia. Nos vemos depois, Sophia.
— Não acredito que aquele imbecil teve coragem de te chamar para sair
com ele.
— Sim, eu fiquei com ciúmes. Fiquei puto quando ele disse que iria sair
com você.
— Para, Sophia.
épica.
— Preciso ir, mais tarde passarei em sua casa para ver a Bela. Estou com
— Tomarei cuidado. Quero ser um verdadeiro pai para ela. Nos vemos à
noite, Sophia.
Assim que ele se afasta, me pergunto como será o futuro, agora que ele
meu corpo clama por um descanso. O dia não foi fácil, e a madrugada passada
contente.
uma pessoa um tanto solitária, até porque não possui amigos, vive trancada em
casa.
Começo a cortar algumas verduras, colocando água para ferver. Pretendo
fazer um macarrão, algo que é rápido, mas não deixa de ser saboroso.
Dominic.
Me viro, vendo Dominic com Bela nos braços. Ela passa as mãozinhas
rechonchudas na barba do pai e sorri. Nunca o vi tão descontraído, Dom está
momento sinto o olhar de Dom queimar em minha pele. Minutos depois, coloco
Pego minha filha, colocando-a em sua cadeirinha, pego o prato com sua
Vejo Dominic nos olhando com um sorriso bobo pairando em seus lábios.
nossa filha, realmente as duas são as mulheres da minha vida. — Volta a sorrir.
Tento ignorar sua última frase. Não posso deixá-lo me enganar por uma
segunda vez.
tudo não foi nada agradável. Aprendi da pior maneira que palavras bonitas
Volto a alimentar minha filha, que estava faminta, essa criança tem um
apetite enorme. Assim que termino, pego Bela nos braços, fazendo uma careta
ao ver que ela está toda suja.
molhe.
Desço para o primeiro andar, preocupada com o que Dominic possa ter
feito na cozinha.
— Olha, já está pronto para casar-se. — Chamo sua atenção, vendo que
— Realmente estou pronto para casar. Mas com uma mulher específica,
uma certa loirinha dos olhos verdes, e que tem um sorriso maravilhoso, e por
último, ela é a mãe da minha filha. — Caminha até mim, enlaçando os braços em
minha cintura.
Apoio a cabeça em seu peito, fechando os olhos. É nesse momento que
vejo que jamais deixei de amá-lo. Eu o amo com a mesma intensidade de antes,
— Acho que já está tarde, é melhor você ir para a sua casa. — Digo, me
afastando.
— Pare de tentar fugir, Sophia. — Toca meu queixo, fazendo com que eu
— Ainda não estou pronta para isso. Dominic, ainda tenho uma
insegurança gigantesca, não estou pronta para me entregar novamente.
bochecha, acariciando-a.
Tento explicar.
— Pode ser que leve muito tempo, mesmo assim irei esperar. Você não
entende que eu quero te reconquistar, mesmo que leve uma vida inteira. Assim
como as coisas não acontecem de uma hora para a outra, o amor não morre.
— Está bem.
Não posso me entregar a ele novamente, mesmo que meu coração queira
isso. Até porque não darei conta de juntar os cacos do meu coração caso ele se
Irei tentar resistir a ele, prometi a mim mesma que não me entregaria
novamente.
minha direção. Evelyn não tem ideia, como pode andar sozinha uma hora
— Estou com saudades de você e queria conversar, então resolvi vir aqui.
— Sorri, entrando em minha casa.
afligindo. Pensa que eu não vi essa sua carinha agoniada quando foi buscar a
Bela? Foi por esse motivo que vim aqui. Sempre fomos amigas, então pode ir
contando. — Diz, segurando em minha mão. — Ah, e eu acabei de ver o
Dominic passando. Ele estava aqui?
— Respondendo a sua pergunta, sim, ele estava aqui. Veio ver a Bela. —
Esclareço.
com a cabeça. — Naquele dia ele descobriu quando foi me levar ao hospital. No
início, ficou nervoso por eu ter mentido ao falar que havia perdido o bebê.
— Você tinha que ter me contado antes. — Ela leva as mãos até a boca.
— Mas não estou entendendo. Ele mesmo falou que não queria a criança?
— Disse sim. Ele me falou que se arrependeu de tudo e que queria a filha
por perto, reconheceu que foi um infeliz quando fez aquilo comigo.
Evelyn.
— Amiga, o que você decidir, não irei te julgar, mas não deixe ele te
escolhemos quando vamos ser feridos. Acho que se eu encontrasse uma lâmpada
mágica e tivesse que fazer um pedido, pediria para ter o total controle dos meus
sentimentos, e que assim pudesse mandar no meu coração. Até hoje não entendo
que não podemos escolher a quem amar? No começo, achava que amava uma
Arrumo um colchão no chão do meu quarto para Evy. Indo dar uma
olhada na Bela, ao me aproximar do berço vejo que ela está dormindo igual a um
anjo, até o seu jeito de dormir parece com o jeito que o Dominic dorme. Os dois
reaproximando, tanto que faz questão de ver a Bela todos os dias. A pessoa mais
contente de toda essa história é a minha mãe, que provavelmente está gostando
Pego minha bebê nos braços, levando-a até o banheiro, dando um banho
Antes de sair do quarto com meu anjo nos braços, vejo meu reflexo no
— Vou sair com o Dominic. Não sei bem quando voltaremos, mas creio
Vejo-o arrumar Bela na cadeirinha, vindo abrir a porta do carro para mim
— Irei conversar com eles hoje. Nem sei por onde começar. No começo não será
Volto minha atenção para janela, podendo ver a bela lua cheia no céu
estrelado.
Não conheço os pais de Dominic, não sei qual reação esperar deles.
Confesso que quando namorávamos eu tinha uma certa curiosidade sobre sua
família, como qualquer namorada costuma ter, mas infelizmente ele nunca me
apresentou a eles.
incoerentes.
— Sophia.
Olho para o lado, vendo que Dominic já desceu do veículo e está com
Bela nos braços. Seguro em sua mão, sentindo que minhas pernas estão
trêmulas.
Uma senhora extremamente bonita abre a porta. Ela tem o cabelo preto e
olhos azuis como os de Dominic. Com certeza é a sua mãe. A mulher a minha
frente está usando um vestido preto com um singelo decote nas costas, ela
Dou uma rápida olhada ao redor, um tanto perdida com tanto luxo.
voz ríspido.
não quis assumir a criança, nunca me perdoarei por isso. Mas o tempo passou, e
— Não estou acreditando que você foi idiota ao ponto de engravidar uma
explodir.
— Ficar calma? Acabei de descobrir que você tem uma filha, Dominic.
— A mulher se levanta, começando a andar de um lado para o outro.
— Não posso ficar calma. Você tem certeza de que essa criança é mesmo
sua filha?
— Se a senhora fizer quentão, posso fazer um DNA. — Ergo o olhar,
olhando no fundo dos olhos de Verônica, não me intimidando.
alguma. Eu tenho certeza absoluta que Bela é minha filha, e isso basta. —
Dominic intervém, colocando uma mão sobre a minha, como uma forma de me
acalmar.
— Se você fosse um pouco esperto aceitarei esse DNA, pois assim teria
certeza.
poucos.
resposta de sua parte. — Não quero ficar em um lugar onde não sou bem-vinda.
— Filho, não pode se afastar por conta dessa mulher. — Aponta para
mim, indignada.
— Se a senhora não quisesse isso, teria a tratado bem. Sophia e Bela são
o meu presente e o meu futuro, e vocês precisam aceitar. — Ele lança um olhar
Assim que saímos do condomínio, percebo que meu corpo está trêmulo.
Nunca imaginei que teria coragem de desafiar a mãe de Dom.
— Acho que fui grossa com sua mãe. — Sussurro, quebrando o silêncio.
— Você fez o que era correto. — Dom esboça um sorriso. — Não sabe o
rosa. A vida não me deu a chance de amadurecer aos poucos, em um belo dia ela
— Sim, você deveria. Poderia ter permanecido ao meu lado como pai da
minha filha. Eu amo a Bela, mas você não tem noção do trabalho que uma
criança pode dar. Passei quase dois anos sendo mãe e pai para a minha filha.
— Me culparei eternamente, nada que eu faça diminuirá a parcela de
culpa que tenho.
casa dos seus pais. Eu já esperava que eles não iriam gostar da novidade, afinal
estavam esperando que o filho se casasse com outra mulher, e não que
aparecesse com uma filha de maneira inesperada.
calmamente. Às vezes não acredito que um ser humano tão lindo foi gerado em
meu ventre.
entregando para mim. — Desde que me reaproximei, agradeço todos os dias por
opinião formanda sobre essa reaproximação, mesmo que ele tente provar
diariamente que mudou.
— Boa noite, loira! Tenho a sensação de que está mais linda do que
nunca.
— Não menti, você está linda. Mas vamos focar no que interessa, tenho
uma empregada, e ela é muito especial. Contei sobre vocês, e ela quer as
conhecer. Pensei em jantarmos juntos hoje.
— Só se você garantir que ela não vai me tratar como a sua mãe. Não
— Ela não irá te tratar mal, pode ficar despreocupada. Quer uma carona?
— Tudo bem.
Todo o trajeto foi feito em silêncio, o que de certa forma achei bom.
ver o livro.
— Obrigada, Dominic! — Agradeço, folheando o livro de romance. — É
um tremendo golpe baixo usar livros para me reconquistar.
— Se quiser, posso até ler o livro para conversar com você. — Pisca,
cruzando os braços.
— Vai entrar?
— Sim. — Confirma.
rodeadas de brinquedos.
sorrindo abertamente.
— Oi, amor da minha vida. — Abaixo para pegá-la. — Como você está
estou indo, estou cansada e tenho que descansar um pouco. Talvez amanhã à
noite venho ver vocês. A titia te ama, Bela.
degrau, vejo minha mãe me observando. Eu sabia que não conseguiria sair
despercebida.
onde hoje?
Decido ignorar sua frase, indo até a porta e entrada, abrindo a mesma.
Vou até Dominic, que está nos observando apoiado no carro. Um belo sorriso
surge em seus lábios assim que seus olhos pousam no pequeno ser humano em
meus braços.
— Oi, filha. — Dom pega Bela nos braços. — Já estava com tanta
aqui. Olho para o lado, vendo Dominic sussurrando algo para Bela. Ele percebe
que estou os observando, e apenas esboça um sorriso fraco, apoiando uma mão
A noite está particularmente fria, tanto que o vento gélido que abraça
meu corpo faz com que todos os pelos do meu corpo se arrepiem.
lábios.
Dominic entrega Bela para Vanessa, que caminha até o sofá, sentando-se
Dom para ao meu lado, as observando. Seu olhar transmite uma paz a
qual nunca havia visto. Quando namorávamos ele não era uma pessoa contente,
contrário da mãe do Dom, que mal olhou na minha cara. Ela fez questão de fazer
um delicioso jantar para nós, me senti extremamente bem acolhida por ela.
Tento sorrir, evitando demonstrar que estou incomodada com sua atitude.
Ainda tenho um certo receio que ele tente pegar minha filha.
— Sophia, aqui também será a casa da Bela. Quero que ela tenha um
espaço apenas seu. — Seus olhos azuis como o mar fixam em meu rosto, como
— Realmente você não tem motivos para acreditar em mim, e não a julgo
por isso. Venha, quero que conheça o quarto da nossa filha. — Se levanta,
pelúcia de cores claras. É o quarto que sempre sonhei para minha filha, mas
— Mais filhos?
— Bela iria adorar ter um irmão. Sou filho único, por muito tempo
desejei um irmão.
queixo.
— Dom. — Fecho os olhos, sentindo todo meu corpo implorar por seu
— Sinto sua falta, Sophia, sinto falta de ter seu corpo junto ao meu, sinto
falta das nossas noites. — Apoia a testa na minha, levando a outra mão até meu
não quero. Desejo mais que tudo passar a noite com ele.
Ele me deita em sua cama com cuidado, deitando-se sobre meu corpo,
apoiando todo seu peso nos cotovelos. Seus lábios quentes correm por toda
extensão do meu pescoço, deixando o clima mais quente do que deveria estar.
Seu olhar procura o meu, em busca de um consentimento. Em resposta,
passo os braços ao redor de seu pescoço, colando nossos lábios, sentindo suas
fechados. Começo a distribuir beijos por seu rosto, deslizando uma mão até sua
cintura.
Não há dúvidas que a amo intensamente, amo de uma forma que julgava
ser impossível. Quero passar o restante dos meus dias ao lado de Sophia, desejo
acordar ao seu lado todas as manhãs.
Aos poucos Sophia abre os olhos, fazendo com que eu me perca em suas
duas lindas esmeraldas. Sempre fui apaixonado pelos seus olhos verdes.
acho que a senhorita poderia dormir aqui sempre. — A aperto em meus braços,
— Por quê?
mais em meu peito. Levo as mãos até os fios dourados de seu cabelo. Seu
perfume suave de rosas paira por todo o cômodo, e parece impregnado em meu
corpo. Se eu pudesse, tornaria o tempo mais lento apenas para passar mais algum
tempo com Sophia.
momento.
berço.
Não sou merecedor de tê-la em minha vida. Fiz tudo errado, e mesmo
assim o destino me presenteou com essa criança perfeita.
enquanto desço para o primeiro andar, onde me sento com ela no sofá. Ligo a
televisão em um programa infantil, observando Bela ficar vidrada na mesma.
Ouço passos vindo das escadas, e assim que viro vejo Sophia caminhar
em nossa direção como um verdadeiro anjo. Ela consegue ser ainda mais linda
pela manhã.
— Sem problemas. Vou fazer a mamadeira para a Bela, ela deve estar
com fome.
— Quer ajuda?
mamadeira.
Enquanto Sophia não retorna, fico na sala de estar com a Bela, que ainda
está um pouco sonolenta.
comprei, imaginei que seria feliz, mas com o tempo ficar aqui passou a ser algo
incômodo, pois sempre parecia estar faltando algo, e agora vejo que faltava essas
duas mulheres.
infantis, mas é inevitável, sofri muito com tudo que aconteceu, e tenho medo que
— Não sabe o quanto sofri por conta dos erros do passado. Paguei por
cada um deles, Sophia. Em hipótese alguma quero te fazer sofrer.
Cada dia que passei longe de Sophia pude sofrer com a dor da culpa, uma
das piores dores, pois você sabe que foi o responsável por tudo que aconteceu, e
— Estou tentando.
Estou tentando, não queria ouvir essa frase. Sei que não posso exigir
muito dela, não posso exigir um eu te amo. Irei esperar seu tempo, esperar a
confiança dela, reconquistá-la aos poucos.
precisando de um banho.
Desde a adolescência sonhava em ser pai, mas sempre tive receio de ser
um pai ausente como o meu. O medo nos torna covardes, nos impende de
— Elas ainda estão aqui, isso é bom. Vou preparar um café da manhã
delicioso para vocês. O senhor Wesley pediu para avisar que irá vir te visitar. —
Saber que Wesley irá me visitar me assusta, nunca sei o que esperar
daquele maluco. Normalmente ele não costuma vir aqui muitas vezes.
Talvez eu esteja com medo de falar com meus pais novamente, eles
Há anos o trabalho tem sido meu maior vício, o coloquei como uma
forma de preencher todo o vazio que sentia dentro de mim. Eu ainda era muito
jovem quando comecei a ajudar meu pai, e quando finalmente consegui a
presidência, a Watson engenharia estava à beira da falência, não foi fácil
reerguer tudo em poucos anos.
— Está tudo bem. — Sorrio, ainda não acreditando que a tenho tão perto.
Afasto seu cabelo, aproveitando para fazer uma trilha de beijos por seu pescoço,
sorrindo de lado.
— Vanessa ama crianças. Sempre sonhou em ter uma nessa casa para
mimar. Bela será como uma neta para ela. — Explico, distribuindo beijos por seu
ombro.
— Vamos tomar café da manhã, você ainda não comeu nada. — Diz se
levantando, segurando em minha mão.
Essa mulher desperta minha melhor versão, talvez o amor seja isso.
Com o passar dos meses longe de Sophia, percebi que necessitava ser
uma pessoa melhor por mim, para depois fazê-la feliz. De nada adiantaria mudar
Penso em negar, mas acabo desistindo assim que olho para o seu rosto
Caminho até a cozinha, onde a mesa está posta. Puxo a cadeira sentando-
adoçante.
— Vamos.
minha direção.
chama.
A pequena sai dos meus braços, indo até a mãe que está ao meu lado.
Como eu queria ter visto o nascimento da minha filha, ter estado ao lado
da Sophia, ouvir o primeiro choro da nossa princesa, daria tudo para ter uma
— Dom, não adianta se martirizar por algo que você não pode fazer nada
para mudar. Infelizmente não modificamos o passado.
humor.
— O que você fez com meu amigo ogro, Sophia? — Indaga. — Porque
com esse homem todo bobo aqui não é o homem que eu conheço.
O momento teria sido melhor se meus pais também estivessem. Eles não
foram os melhores pais, mas eu os amo, quero que eles aceitem minha decisão.
— Preciso conversar com você. — Wesley fala, assim que vê que Sophia
já subiu as escadas.
— Do que se trata?
— Sua mãe, Dominic. Ela não está nada contente desde que descobriu
que você rompeu o noivado com Natália. Na cabeça dela você e a Natália ainda
vão reatar, e acredita que você irá se arrepender de tudo. Ela está criando falsas
Respiro fundo, tentando conter a raiva. Não sou um maldito boneco para
que minha mãe tente me controlar.
— Espero que não façam nada com Sophia, sou capaz de tudo para
protegê-la.
— Ela nunca me terá de volta, mesmo que Sophia não queira manter um
relacionamento.
Felizmente fui muito bem recepcionada em sua casa por Vanessa, que me tratou
muito bem, assim como Wesley. Confesso que foi um tanto estranho ver meu
chefe tão descontraído, eu estava acostumada com um senhor Montgomery sério.
Desde que cheguei minha mãe está procurando algum motivo para
da Bela, que precisa que os pais mantenham uma boa convivência. Ainda não sei
bem se estamos em um relacionamento amoroso, ou se futuramente teremos um.
homem rico não faz nada. Olha aqui, se você não der um jeito de terem algo, vai
aparecer outra mulher na vida dele.
Reviro os olhos.
— Mãe eu não estou nem aí. Não quero e não preciso do dinheiro do
Dominic.
— Mas eu estou. Não aguento mais viver nessa miséria. Quero ser rica,
não quero passar o resto da vida aqui, com você e aquela criança.
isso, afinal até o seu pai e a sua irmã me deixaram, por que você não me
deixaria?
Minha mãe pode até negar, mas guarda uma mágoa enorme por minha
irmã mais velha tê-la deixado para morar com nosso pai. Tudo aconteceu há
Eu optei por não acompanhar meu pai, não tive coragem de deixar minha
mãe sozinha. Confesso que fiquei com dó dela, mas Sabrina não teve a mesma
de ficar com nossa mãe. De certa forma, me arrependi, sofri muito com ela. Por
outro lado, meu pai prometeu que manteríamos contato, o que não aconteceu, já
não o vejo há anos. Acho que não tive muita sorte com pais.
— É você que está me afastando. Já não suporto mais ter discussões com
Abro a porta do quarto com cuidado para não acabar acordando a Bela.
Me sento na cama, aproveitando para velar o sono da minha filha. Eu a amo
tanto. Ela está crescendo tão rápido, parece que foi ontem que eu descobri que
— Olá.
— Passamos o dia juntos, não era para estar com saudades. — Não
— Não é o bastante para mim, sempre terei saudade de você. Mas vamos
ao ponto, te liguei para te chamar para jantar. Aceita meu convite?
— Tudo bem, eu amo passar um tempo com nossa filha. Irei passar aí na
Encerro a ligação.
Quero tanto ser feliz por completo, ter minha família, ter a minha casa,
um cantinho apenas meu. Um lugar onde não tenha minha mãe discutindo
comigo diariamente.
Escuto um choro baixinho, que me faz sorrir. Vou até o berço, pegando
pois estou com Bela de um lado, e uma bolsa do outro. Minha mãe me olha, mas
Assim que abro a porta, Dom caminha em nossa direção, pegando Bela
nos braços.
Caminhamos até seu carro, ele acomoda Bela no banco de trás em sua
cadeirinha, e depois abre a porta do carro para que eu entre. Ele dá a volta e
ocupa o banco do motorista, me lançando um olhar.
Estamos nos dando bem, as coisas parecem estar se encaixando, mas até
quando? Tudo pode acabar em um piscar de olhar.
— É coisa boba.
— Não existe ninguém melhor que você, não irei te deixar, coloque isso
na sua cabeça. Nenhuma mulher tomará seu lugar. Você é e sempre será a dona
do meu coração. — Dom acaricia meu rosto com a ponta dos dedos.
Finalmente ele liga o carro, dando partida. Posso sentir que ficou
Sempre fui a típica adolescente insegura, mas pensei que era apenas uma
Se trata um restaurante luxuoso, não sei como me portar em um lugar como esse.
Só percebo que Dominic já desceu do carro, quando ele abre a porta para mim.
— Obrigada. — Agradeço.
Sua mão vai até a minha cintura. Ele me guia até a entrada luxuosa do
restaurante de comida italiana. Ao adentrarmos ao local, sou recebida pela luz
mesma. Ele faz questão de puxar a cadeira para mim, se sentando a minha frente
com Bela nos braços.
Dom chama o garçom com um aceno, fazendo nosso pedido. Ele se volta
para Bela, cochichando algo para nossa filha, que apenas sorri.
corpo e alma sem antes ter certeza que ele realmente mudou.
muitas pessoas.
me trocou por essa sem sal, e ainda por cima com uma bagagem. — Aponta para
a Bela.
feição do Dominic fechar. — E fique bem longe delas, vai ser melhor para você.
estava indo tão bem, por que essa mulher tinha que aparecer e acabar com o
ela, e você não foi a culpada por termos nos separado. Uma hora ou outra nós
iríamos romper aquele noivado de fachada, porque não havia sentimentos, nem
sei o porquê estava com ela.
casa. Sei que ela irá mandar mais de mil mensagens perguntando onde estou, e
lábio inferior ao ver que ele está vestindo apenas uma calça de moletom branca.
Aproveito que Dom não notou minha presença, e sigo sorrateiramente até
— Por mim você dormiria sem nada, mas como sei que a senhorita é uma
moça recatada irei te emprestar uma camisa.
Dom vai até seu enorme closet, trazendo consigo uma camisa azul nas
mãos.
Pego a camisa, seguindo até o banheiro do quarto. Tiro o vestido,
vestindo a peça de roupa que Dominic me emprestou. Retorno ao quarto, vendo
sorrindo de lado.
Vou até a cama, me deitando ao seu lado. Dom sorri fraco, passando os
de vir trabalhar, mas hoje o cansaço parece ter tomado conta do meu corpo por
completo.
o olhar que estava preso em meus sapatos no instante em que o elevador para no
andar seguinte, dando de cara com Henrique.
— Boa tarde, Sophia! Há quanto tempo não nos vemos, a correria do dia
Pode ser apenas coisa da minha cabeça, mas tenho certeza de que
Henrique não está se sentindo confortável quando está próximo a mim, tanto que
Direciono o olhar para o outro lado da rua, vendo Dom apoiado no capô
de seu carro. Ele está vestindo um terno preto bem alinhado ao seu corpo
Ando em passos largos até ele, quando já estou próxima o bastante, Dom
enlaça os braços em minha cintura, esboçando um sorriso fraco.
— Vocês vão para a minha casa hoje? Estou sentindo tanta falta das
— Não acha melhor nos mudarmos para lá? — Questiono, com uma
certa ironia.
Está fora de cogitação ir morar tão rápido com Dominic, quero que as
chocolate.
— Chocolate não. — Ele faz uma expressão de reprovação. — Odeio
chocolate, não sei como as pessoas conseguem comer.
pedido.
— Não, muito obrigado. Pode ficar com seu sorvete de péssimo sabor.
que quero guardar para sempre em meu coração, em uma caixinha de momentos
especiais e importantes.
— Vamos para a minha casa, Sophia, por favor. Só hoje. Quero dormir ao
seu lado, me sinto confortável quando estou com você. — Praticamente implora,
assim que deixamos a sorveteria.
— Ela está crescendo tão rápido. — Digo, sorrindo ao lembrar que minha
bebê cada dia está maior. — Daqui alguns anos Bela estará nos apresentando seu
namorado.
— Você ficou louca? Ela será apenas nossa por muito tempo, não gosto
nem de imaginar minha bebê com algum homem. Posso ser cardíaco, Sophia,
não brinque com essas coisas.
— Um dia ela vai conhecer uma boa pessoa, irá namorar, se casar e ter
até assustadora a forma com que minha menina se apegou a ele. Em poucos dias
Ainda tenho receio, não quero que Dom a machuque como me machucou
no passado.
— Quer ajuda?
Entro na enorme casa, como não estou mais aguentando a dor nos pés,
deixo meus sapatos ao lado do sofá, me sentando com Bela em meu colo.
— Dominic... — Chamo-o.
— O que você quer? Sempre que me chama desta forma é porque está
precisando de algo.
— Pode dar um banho na Bela? Estou exausta para fazer isso, meus pés
— Está bem, Sophia. — Ele vem em minha direção, pegando Bela nos
braços. — Posso dar um banho nessa princesa, só espero não a derrubar, afinal
não tenho prática alguma com isso.
calafrio correr por todo meu corpo. Odeio hospitais. — Me traga um analgésico,
por favor.
Sempre tive um certo pavor de hospitais, e não sei muito bem de onde
surgiu esse pânico.
Dominic me guia até a escada, seguindo até seu quarto. Ele abre a porta do
banho.
ajudando a secar todo o corpo. Caminhamos até sua cama, onde ele me ajuda a
som do chuveiro.
Sua frase carrega um peso imenso. Dividir a vida com alguém não é uma
missão nada fácil, tanto que muitas pessoas não conseguem. O casamento é mais
complicado do que imaginamos.
— Você terá a vida toda para fazer isso. Ficaremos velhinhos juntos.
rosto.
— Boa noite. Durma, quem sabe assim essa dor de cabeça passa.
pelos próximos dez anos, eu gostava da vida sem preocupações que levava.
zumbi.
Entro no quarto, vendo que Bela está sentada no berço. Assim que me vê,
passa a mãos nos olhos, parando de chorar por alguns segundos.
Papai, uma palavra tão pequena, mas com um significado enorme. O pai
é o primeiro exemplo de homem que os filhos terão. Quero que Bela e meus
futuros filhos sintam orgulho de mim, que me amem. Desejo ser diferente do
meu pai, não quero abandonar meus filhos por conta do trabalho, a família é mil
vezes mais importante, quero ser o marido que a Sophia sempre sonhou.
Pego-a nos braços. Bela sorri fraco, recostando a cabeça em meu ombro,
visivelmente mais calma. Sento-me na poltrona, acariciando o cabelo da minha
pequena. Ela acordou assustada, certamente por estar em um quarto ao qual não
está habituada.
Olho para ela minutos depois, vendo que meu anjo já está dormindo
profundamente abraçada a mim. Coloco-a no berço com cuidado para não
despertá-la.
Retorno para meu quarto, sorrindo ao ver que Sophia ainda continua
dormindo. Me deito ao seu lado, a puxando para os meus braços, inspirando o
Vejo Bela sair de trás da mãe sorrindo, ela engatinha até mim, subindo
— Não existe um bom dia melhor que esse. — Aperto Bela em meus
— Ótimo! Eu também não irei trabalhar, irei passar o dia com as duas
Vanessa sai sem dizer mais nenhuma palavra, fazendo com que um clima
Realmente estou preocupado, nunca mais falei com minha mãe desde que
apresentei Sophia e Bela. Preferi dar um tempo para que ela digerisse a
novidade.
— Vou descer para falar com ela. — Aviso, entregando Bela para Sophia.
— Tudo bem.
encontro a minha mãe, que está me aguardando na sala de estar. Apenas pela sua
expressão sei que não está nada contente.
— Ainda pergunta? Você sabe muito bem o que eu vim conversar com
você.
coisas enquanto ainda há tempo. Vá atrás de Natália, reate seu noivado, você não
percebe que está cometendo a pior besteira da sua vida. Se não quiser abandonar
Não queria escutar essas palavras, eu não sou um monstro para tirar a
Bela da Sophia.
— Mãe, não estou com Sophia pela nossa filha — Fecho os olhos para
manter a calma. — Estou com ela porque a amo, eu sei que poderia tomar a
criança dela, mas jamais faria isso.
Minha mãe idealizou Natália como a nora perfeita, talvez ela realmente
seja a mulher que sempre sonhou que eu me casasse.
Nunca deveria ter me envolvido com Natália, não deveria ter cedido a
pressão da minha família, assim teria evitado muitos problemas.
horrível.
isso sei perfeitamente que ela não é a mulher ideal para mim.
— O que aquela mulher fez para você ficar tão cego? — Pergunta, me
analisando.
trouxe a paz que procuro há muito tempo. Aquela mulher será minha futura
— Meu filho, você está ficando maluco, não pode se casar com ela.
— Acontece que ela não é qualquer mulher, ela é a mulher que amo. E
acho que só somos capazes de amar apenas uma vez.
— Mãe, uma hora ou outra a senhora terá que aceitá-la, porque com toda
Acompanho minha mãe até a sala de estar, onde Sophia está juntamente
Sem falar mais nada, mamãe se vai, deixando para trás um clima
carregado de tensão.
forma com que minha mãe a olhou. — Não fazia ideia de que ela viria.
— Por que ela não gosta de mim? — Sua voz sai baixa.
bem, e nada mais importa. Com o tempo ela irá te aceitar, fique tranquila.
— Tenho a sensação de que ela nunca gostará de mim. Sei que não sou
— Isso não importa, Sophia. Gosto de você do jeito que é, e para ser
sincero, não quero que mude apenas para agradá-la.
Sorrio entre o beijo, sabendo que Bela não irá permitir que eu sequestre
— Oi, amor da minha vida. — Me volto para minha filha, indo até ela.
homem mais feliz do mundo, nunca imaginei que essa palavra iria causar tanto
puras, as coisas mais simples do mundo as fazem felizes, por isso elas são mais
felizes que os adultos, não possuem ambição, sempre preferem as coisas simples
da vida.
Me sento no gramado, puxando Sophia para sentar-se no meio das
minhas pernas. Passos os braços ao redor de sua cintura, beijando seu pescoço,
vendo o quanto ela está linda hoje. Entrelaço os dedos de nossas mãos, vendo a
Bela dormiu há alguns minutos, o que não foi uma surpresa, já que
minha namorada?
Tenho plena certeza que quero essa mulher ao meu lado pelo resto de
nossos dias, se eu tivesse certeza que não iria assustá-la, faria logo um pedido de
casamento.
Olho para ela, aguardando ansiosamente uma resposta de sua parte. Meus
batimentos cardíacos só se normalizam no instante em que um sorriso singelo
passar o dia com elas, mas eles foram interrompidos por investidores ingleses
mãos, enquanto Bela está sentada no chão retirando algumas panelas de dentro
do armário.
— Oi, meus amores. — Digo, indo até Sophia, beijando seus lábios. —
Senti sua falta. — Abaixo posteriormente, ficando de frente para Bela. — Você
— Então o senhor vai surtar ao saber que ela mexeu em seu guarda-
roupa, eu me descuidei por alguns míseros segundos. — Ela se levanta, vindo até
— Bela já é uma completa terrorista, e ainda nem sabe andar. Não quero
brancos.
segundo que passa bate com mais força nas panelas, provocando um som
estridente.
Quando o barulho da Bela piora, Sophia sai dos meus, pegando nossa
dormir.
Paciência.
É difícil brigar com ela, realmente terei que aprender a colocar limites, se
Bela puxou meu gênio, isso não será uma tarefa nada fácil.
— Acredite, não foi uma tarefa fácil arrumar essa princesa. — Pego Bela
no colo.
— Me dê ela, preciso amamentá-la.
Entrego minha filha para ela, ficando abobalhado com sua beleza..
por perto sempre, apenas para ter a certeza de que estão bem.
já adormecida.
experiência, mas ao mesmo tempo estou com medo de falhar com Bela.
deitamos.
— Não precisa, estou sem fome. Acho que a única coisa que eu quero é
dormir durante um ano. — Confesso, encarando o teto branco.
— Você está bem cansado mesmo. — Ela leva as pequenas mãos até meu
Faço uma nota mentalmente de tudo que aconteceu hoje, não chegando a
nenhuma conclusão.
— Vanessa foi a um encontro essa noite. — Ela sorri. — Ela parecia uma
adolescente de tão animada que estava.
Vanessa merece encontrar um bom homem que a faça feliz. Ela está
solteira há anos, pelo pouco que sei, foi casada com um homem que só a fez mal,
Ela possui traços extremamente delicados, sua pele pálida tem total harmonia
— Pode ficar tranquilo, eu sei me cuidar muito bem, não preciso que seja
superprotetor comigo. Sempre me cuidei sozinha, e olhe só, estou inteira.
— Vou tentar. Não sabe o quanto sou grato por ter você em minha vida,
Sophia.
uma mulher incrível, e que eu não poderia ter uma namorada melhor.
Sophia. Ao lado dela, percebo que o sexo não é a parte mais importante de nosso
relacionamento.
adormeceu, até porque quando ela está acordada faz questão de tagarelar.
tempestade.
Com certeza aconteceu algo grave para ele me ligar a essa hora da
madrugada.
— A sua mãe... — Ele faz uma longa pausa antes de continuar. — Ela
garganta.
Olho para ela, vendo o quanto está preocupada.
— Eu sei que não sou a melhor pessoa para te consolar, mas fique calmo,
tudo vai ficar bem. — Sinto ela acariciar meu cabelo. — Você vai ver que logo
— Tomara que sim. Vou para o hospital, não posso deixar meu pai lidar
— Eu vou com você, acho que a Vanessa pode ficar cuidando da Bela. —
colocado em meu caminho. Sophia é a pessoa mais pura que já tive o prazer de
conhecer.
quarto.
dou a notícia para ela, a vejo se assustar, se recompondo minutos depois para
cuidar da Bela.
Mesmo que a mãe de Dominic tenha sido uma verdadeira crápula quando
nos encontramos, não consigo desejar mal a ela, ao contrário, torço para que se
olhos de seu pai estão levemente avermelhados, o que indica que estava
chorando.
estende a mão.
— Não, meu filho. Ela deu entrada há uma hora, desde então não tive
nenhuma informação sobre ela.
nossa atenção.
suas mãos. — Ela não teve nada de grave, apenas uma fratura no braço, algumas
— Vou ver minha mãe. — Dom avisa. — Prometo que voltarei logo,
amor.
muito tempo. Fico em paz em saber que você está fazendo bem ao meu filho. —
— Amo seu filho. E ao contrário do que sua esposa disse, não estou com
ele por dinheiro.
filho.
tempo distorcem o amor, o colocam como um vilão, mas ele não é, as pessoas
são.
percebeu que não tem mais total controle sobre a vida de Dominic.
— Ela vai. E como está minha neta? Ainda estou assimilando que sou
avó. Dom ao menos poderia ter preparado o terreno, meu velho coração quase
Pelos próximos minutos conto a Marco tudo sobre minha pequena, afinal
ele a viu apenas uma vez. Quero que Bela tenha um bom relacionamento com a
família de Dominic.
apenas pelo seu semblante sei que já não está tão preocupado como antes.
— Tudo bem. Até mais, Sophia, foi bom poder conversar com você.
— Digo o mesmo, Marco.
O vento frio bate contra meu corpo assim que desço a escadaria do
dedos de nossas mãos, colocando seu casaco sobre meu corpo, plantando um
— Aliviado. Minha relação com ela nos últimos dias não estava das
— Meu pai tem sido uma boa pessoa nos últimos anos.
muito bem.
— Ele acabou deixando a bebida alcoólica tomar grande parte de sua
vida, foram anos para finalmente se livrar desse maldito vício.
Dom abre a porta do café, fazendo que o barulho de um sino ecoe por
tornou uma pessoa melhor quando entrou em um coma alcoólico, antes disso, ele
sequer aceitava que era um viciado.
Dom ainda não me contou tudo sobre sua vida, e eu respeito sua escolha,
processo, sinto que estamos reescrevendo nossa história aos poucos, sem pressa
alguma.
Não posso dizer que está sendo fácil tentar um relacionamento com Dom
pela segunda vez, ainda não tenho total confiança nele. Mas suas pequenas
atitudes do dia a dia me fazem acreditar que ele realmente está disposto a
permanecer ao meu lado.
ótima pessoa quando estava sóbrio, uma pena que tal coisa durava muito pouco
tempo. E o seu pai? Não me recordo de você ter falado sobre ele.
— Não o vejo há muitos anos, Dom. Ele não foi um bom marido para
minha mãe, traia ela com diversas mulheres, e em um belo dia simplesmente
avisou que estava saindo de casa para se casar com uma mulher que até então era
sua amante.
— Guarda mágoas?
pai se mudou de cidade, eu repetia diariamente que não deveria guardar mágoas,
e foi um longo processo até aceitar que ele realmente havia me deixado por
completo.
— Ele disse que não iria me abandonar, mas foi isso que fez. Tenho um
certo trauma com abandonos. Vamos mudar de assunto, por favor. Como foi com
sua mãe?
— Acho bom que vocês tentem se entender. Se sua mãe preferir, posso
me manter distante dela. Só espero que ela me respeite, assim como a respeito. O
que vai pedir?
— Apenas um café.
que eu faça nosso pedido. — Preciso aprender a dizer não para você.
Agradeço o garçom com um sorriso gentil assim que ele coloca nosso
pedido sobre a mesa se retirando, nos deixando a sós novamente. Ergo o olhar,
vendo que Dom está me encarando fixamente enquanto um sorriso genuíno paira
em seus lábios.
sorriso.
— Nós dois estamos tão bem. Tenho medo que com o tempo isso acabe.
— Loira, nós aceitamos reconstruir nossa história, nada será como antes.
O passado está para trás. Nenhum livro conta a mesma história do anterior.
— Estamos há dois meses juntos, e esse tempo ao seu lado tem sido
incrível.
problemas, porque infelizmente isso está fora do meu controle, mas posso te
prometer que estarei ao seu lado em cada um deles, enfrentaremos tudo juntos.
Confiar em alguém depois que ela cometeu um grande erro não é fácil,
afinal a confiança foi quebrada. Mas sei que se pretendo seguir em frente com
Vanessa nos ligou há alguns minutos, nos comunicando que Bela estava
— Ela quer falar com você. Posso afirmar que não será como da última
vez. — Afirma, aguardando que eu aceite. — Por favor, Sophia.
Mordo o lábio inferior, com medo de acabar brigando com Verônica uma
segunda vez.
— Confie em mim.
Acompanho Dom até o quarto onde sua mãe está, temendo pela reação
da mulher que aparentemente nutre um ódio mortal por mim. Ele abre a porta,
Verônica não está com uma aparência nada agradável, não se parece com
a mulher que vi há algumas semanas. Seu olho esquerdo está levemente inchado,
Dominic vem até mim, pegando Bela nos braços. Minha pequena abre
um largo sorriso para o pai, o que me causa uma pontada de ciúmes. Ele a coloca
— Bela se parece muito com você, só que ela é uma versão feminina. —
Comenta, analisando cada traço do rosto delicado da Bela.
Pela primeira vez, Verônica demonstra carinho pela neta. Entendo que
para ela não foi nada fácil assimilar a ideia de que já era avó.
Desde que Dom me comunicou que contaria aos pais eu senti medo pela
— Acho que devo desculpas a você, Sophia, não a tratei bem em nosso
primeiro encontro. Já que seremos uma família, devemos nos dar bem.
— Temos que nos dar bem pela Bela. — Marco se aproxima da cama,
— Eu amo essas mulheres, estou disposto a tudo para tê-las ao meu lado.
— Dom reforça.
algum, são apenas palavras vazias. A primeira vez que me envolvi com Dom,
falávamos um eu te amo que não era verdadeiro, o que tínhamos estava longe de
No fundo, todas as vezes em que ele dizia que me amava, eu sabia que
não era verdade, e bastava olhar em seus olhos para ter certeza, mas eu preferia
fingir que acreditava, apenas para não aceitar a realidade e continuar vivendo
uma completa ilusão. De certa forma, a ilusão sana alguns de nossos desejos.
que surge do dia para a noite, ele precisa ser cultivado com paciência
diariamente.
Dom segura em minha mão, me ajudando a descer do carro. Ele sorri,
— Ela não te tratará mal. — Dom passa a ponta dos dedos em meu rosto,
acariciando-o. — Foi Dona Verônica que instituiu que você viesse almoçar
conosco.
acidente, pois desde que a vi pela manhã no hospital, a mulher parece uma outra
pessoa.
contrário de mim.
— Nada disso, não irei te deixar aqui. — Dom me lança um olhar sério.
— Vamos, querida.
— Não, ela está te tratando bem por livre espontânea vontade. Eu apenas
deixei bem claro que não te deixaria apenas por um capricho dela. Eu te amo
— Eu também te amo.
entrada. Assim que entro na casa é impossível não me recordar das palavras de
chance.
abraço.
mim.
consigo me lembrar perfeitamente de como foi a última vez em que estive aqui.
Mesmo que Verônica tenha sido simpática no hospital, tenho medo que tudo
adentra a sala de estar. Como sempre, ela está parecendo uma modelo que
— Boa noite! Fiquei sabendo que você sofreu um acidente, Verônica, não
sabe o quanto fiquei preocupada. — Natália se aproxima da minha sogra, sem ao
Verônica a acalma.
Pode ser coisa da minha cabeça, ou apenas uma implicância boba, mas
— Então você vai permitir que essa mulher frequente sua casa quando
bem entender?
— Natália, acho que você ainda não entendeu muito bem que a Sophia é
a namorada do meu filho e a mãe da minha neta.
— E eu apoiava, mas chegou ao fim, agora ele está com outra pessoa. E
eu como mãe dele tenho apenas que apoiá-lo.
— Pode ficar tranquilo, Marco. Não pretendo voltar nessa casa uma
segunda vez. Já vi que não sou nada bem-vinda. — Ela caminha até a porta. —
Espero que você se arrependa amargamente por aceitar essa mosca morta em sua
casa, Verônica.
Antes que minha sogra retruque, ela se retira da casa pisando duro. Tenho
certeza que se tivesse como matar alguém apenas com um olhar, ela teria me
— Onde eu estava com a cabeça quando imaginei que essa mulher seria
uma boa companheira para Dom? — Verônica questiona, tentando se levantar.
levantar.
— O dia está cheio de emoções, tenho até medo do que ainda vira pela
frente. — Digo, apoiando a cabeça no ombro de Dominic.
— Desculpe por isso. Se eu soubesse que Natália iria visitar minha mãe,
— Então somos dois, loira. Bela, solte esse vaso. — Ele se levanta
rapidamente, pegando um vaso de flores que Bela havia pegado. — Você tem
algum problema em ficar quieta? — Dom a pega nos braços, trazendo-a para
Bela sorri para o pai, começando a mexer em seu relógio, ignorando tudo
que não quieta nem por um mísero segundo. Ela quer descobrir o mundo.
invés do que imaginei, ela não passou, parece estar piorando a cada minuto.
porta de entrada.
uma fisgada ainda mais intensa que a interior. — Tudo bem, acho que podemos
ir.
Ando de um lado para o outro da sala de espera do hospital, preocupado
com Sophia. Desde que chegamos não tive notícia alguma sobre minha mulher, o
que está me deixando atormentado. Sei que só se passaram alguns minutos, mas
quando realmente está mal, e isso é o que me preocupa. Não consigo entender
como não percebi que ela não estava bem, acho que estava tão focado no que
aconteceu com minha mãe que mal vi que minha mulher não estava bem.
Minha pequena ficou visivelmente preocupada com a mãe, por mais que não
soubesse muito bem o que estava acontecendo.
recíproco.
cuidado. Sorrio fraco ao ver Sophia deitada na cama, assim que percebe minha
— Como você está se sentindo, loira? — Vou até minha mulher, parando
Eu obviamente sonhava em ter mais filhos com Sophia, mas eram planos
futuros. E a julgar pela expressão da loira ao meu lado, um bebê também não
estava nos seus planos.
precisará fazer alguns exames para saber por que o método contraceptivo falhou.
E logo em seguida, começa a explicar o porquê ocorre os sangramentos no início
da gestação.
Aproximo de Sophia, que ainda está estática, tanto que parece estar fora
de órbita. Eu a entendo perfeitamente, minhas pernas mais parecem duas
gelatinas. Quando acordei pela manhã, não imaginava que receberia a notícia
juro que deceparei seu pescoço sem piedade alguma. — Cruza os braços na
altura dos seios, me lançando um olhar mortal.
pousando uma mão em sua barriga, a acariciando. — Não sabe o quanto estou
contente por saber que mais um fruto do nosso amor está a caminho.
desse bebê eu acho que irei retirar o útero, só assim para ter certeza que não
engravidarei novamente.
— Nossa família irá surtar quando souberem que tem mais um bebê a
caminho. — Beijo seu pescoço, inspirando o cheiro de seu perfume. — Apesar
do cabelo dourado atrás da orelha. — Mais um bebê, Dom. Eu estava com tantos
planos, e nenhum deles envolviam um bebê.
deixando claro que está apavorada, por mais que tente demonstrar ao contrário.
Não consigo dimensionar o quanto foi difícil para Sophia enfrentar todas
Por mais que ela já tenha me perdoado, eu ainda não consegui me perdoar, me
culpo todos os dias por ter a deixado.
momentos, você não estará sozinha. Farei o possível e o impossível para ser um
bom pai para Bela e para o bebê que está a caminho.
diu teria duração de dez anos, e olha só o resultado, serei mãe pela segunda vez
em menos de três anos.
uma lágrima escorre lentamente por seu rosto. — Não sei se tenho capacidade de
cuidar de mais uma criança, Dom.
Ela não teria esses medos se eu tivesse a apoiado quando descobriu que
estava grávida da Bela.
— Não tenha essas inseguranças, tenho certeza que você será uma mãe
Entrego a chupeta para Bela, a deitando em meu ombro, vendo o quanto minha
filha é perfeita. — Prometo que tentarei ser um bom pai para vocês dois.
— Papa, papa. — Bela leva uma mão até meu rosto, abrindo um lindo
— Você não sabe o quanto te amo. — Retiro uma mecha do seu cabelo
Começo a cantar para Bela, que está me fitando com os enormes olhos
azuis, indicando que não está com muito sono, o que me apavora. Depois de
Paro por alguns segundos, apenas para admirar minha filha. Já não
consigo imaginar como seria minha vida sem essa criança, minha casa ganhou
novas cores desde que ela chegou.
Vou até ela, a cobrindo com o edredom, apagando a luz do quarto. Antes
de me afastar, planto um beijo em sua bochecha, acariciando sua barriga.
Caminho até a sacada, retirando o celular do bolso da calça. Digito o número do
ligação.
métodos contraceptivos?
Compre um colete à prova de balas quando for contar a tia Verônica. Você não
pode morrer, tem dois filhos para cuidar. Cara, seu salário irá apenas para
fraldas.
Desabafo.
— Sophia ainda sente medo, tente demonstrar que você não irá deixá-la,
— Faço isso todo os dias, mas parece que não é o bastante. — Apoio no
parapeito, observando o céu incrivelmente estrelado.
Lamenta, ironicamente.
paciente.
barriga, sentindo um amor imenso tomar conta de mim. Nos últimos meses estou
conhecendo o amor.
em meu peitoral.
próxima ao balcão. Abro a porta, indo em sua direção, sentindo minhas mãos
um encontro. No fundo, ela sabe que estou escondendo algo, afinal me conhece
muito bem.
Respiro fundo, buscando coragem para contar a ela que estou grávida.
Passei os últimos dias na casa do Dominic, ainda não tive coragem para
Descobri há dois dias que serei mãe pela segunda vez, mas parece que até
o momento não consigo acreditar que uma nova vida está crescendo em meu
pouquíssimo tempo, como pode ser tão inconsequente? Ou melhor, vocês dois
usando, e acabei quebrando a cara. Não estou triste por estar gerando uma vida,
só acho que não estava preparada, minha vida ainda está uma bagunça.
― Até melhor que eu, ficou contente com a notícia. Me senti um pouco
culpada, pois imaginei que ele não aceitaria nada bem.
― Se ele te deixasse grávida e sozinha por uma segunda vez, juro que o
mataria. Não acho que foi certo ter engravidado, Sophia, mas compreendo que
não teve total culpa. E apesar de tudo, saiba que continuarei aqui para te apoiar
em tudo.
— Eu te amo tanto, amiga. Você sabe que é como uma irmã para mim.
Nós duas sabemos que a reação dela não será nada boa. Estou adiando o
Se algum dia alguém me disser que só engravida quem quer, juro que
esgano a pessoa sem um pingo de dó. Eu e mais milhares de mulheres caem nas
situação seria mil vezes pior se eu não tivesse desejo algum de ser mãe. Apesar
das dificuldades, amo ser mãe, mas compreendo que existem mulheres que não
se veem cuidando de um bebê.
Não culpo minha amiga por ter se decepcionado, ela mais do que
ninguém sabe o quanto foi difícil quando eu descobri que estava grávida da Bela.
Não foi um período fácil, e teria sido ainda pior se eu não tivesse o apoio da
Evelyn.
Pela manhã combinei com Dom que iríamos almoçar juntos, já que
ontem não tivemos tanto tempo, pois Dom passou grande parte do dia envolvido
com o trabalho.
Meu olhar vaga pelo ambiente luxuoso, o que faz com que eu me sinta
desconfortável, fecho os olhos, buscando coragem para não sair correndo desse
lugar. Essa é a primeira vez que venho aqui desde que tudo aconteceu.
computador.
― Desculpe, senhor Watson. Eu não fazia ideia de que ela era sua
namorada.
sala.
importante.
Dom abre a porta, indo até sua mesa, onde pega um embrulho lilás.
dura. ― Não que eu esteja reclamando, amo ganhar livros de presente. ― Passo
os dedos nas letras douradas do título, desejando ter a tarde livre para devorar a
história.
― Não seja boba. Sei que adora ganhar livros de presente. Não há mal
algum em mimar um pouco a mulher da minha vida. Tenho uma reunião daqui
― Tem uma bela biblioteca em minha casa, caso fosse morar comigo,
― Sabe, não estou com fome. ― Ele se distancia, indo trancar a porta.
― A cada dia que passa você fica mais linda, loira. ― O vejo se
acomodar entre minhas pernas, abrindo o fecho do sutiã, libertando meus seios.
elas podem mudar, Dom é um grande exemplo. Dia após dia ele demonstra com
pequenas atitudes que não é a mesma pessoa que conheci. Aprendi a não cobrar
amor, ou qualquer outra coisa. Quando cobramos esse sentimento tão belo, ele
assim que passamos por sua secretária, que me lança um olhar enigmático.
― No fundo, acho que todos ainda não confiam 100% em mim. ― Dom
sorri fraco, entrelaçando os dedos de nossas mãos assim que as portas do
restaurante. ― Mas provarei a eles que não cometerei o mesmo erro novamente.
― Sua indireta foi recebida com sucesso, loira. Tudo que eu mais quero é
me casar com você. ― Ele abre a porta do restaurante, permitindo que eu entre
― Ainda é cedo para nos casarmos, Dominic. ― Comento, assim que ele
― Amor, você já está grávida do nosso segundo filho, acho que estamos
atrasados, deveríamos estar casados há anos. ― Dom sorri de lado, me
— Estou com tanta fome, que seria capaz de pedir no mínimo três pratos
diferentes.
— Não sabe o quanto estou ansioso para ver sua barriga crescendo.
Queria ter acompanho esse processo quando estava grávida da Bela. — O olhar
Mesmo que não comente muito, eu sei que a culpa o coroe dia após dia. Nos
perdoar é uma das coisas mais difíceis. Não posso fazer nada para ajudá-lo, pois
acompanhar, e por incrível que pareça, fez mais perguntas do que eu. Em alguns
momentos cheguei a ter pena da pobre obstetra. Tenho a sensação que ele deseja
está ficando encantado com cada pequeno detalhe desse mundo ainda
desconhecido por ele.
puxando para sentar-se em seu colo. — Ele já passou a manhã aqui, deveria ir
embora.
Wesley chegou ainda pela manhã com diversos brinquedos para Bela,
desde então não se desgrudou da minha filha. Imaginei que ele apenas a
presentearia, mas não, ele fez questão de experimentar cada brinquedo com
minha pequena.
Ainda não tive coragem de retornar para casa, passei a última semana
com Dom. Não me sinto preparada para enfrentar os julgamentos da minha mãe.
estar amando.
— Pelo amor de Deus, Dom! Pare de ser infantil, ele está apenas se
— Você vai agradecer ao Wesley quando ele ficar com a Bela daqui
alguns meses. — Retiro os óculos de sol. — Estou com fome, vou ver o que
Olho mais uma vez para a piscina, vendo que Wesley está conversando
com Bela como se ela já fosse uma adulta que está entendendo tudo. Ele
naturalmente leva bastante jeito com crianças, tanto que minha pequena está
grudada a ele.
Como Dom já havia dito, ela é uma pessoa incrível, e tem cooperado para eu
— Acabei de preparar uma torta de limão, o menino Dom disse que você
amava.
— Estou grávida. — Conto para Vanessa, que para o que está fazendo
imediatamente.
mais uma vida. — Coloco uma mão sobre a barriga, sentindo um amor imenso
ter um irmãozinho.
— Tenho certeza que sim. Mas será uma loucura quando o bebê nascer,
— Estou preparada há muito tempo. Sempre desejei que essa casa fosse
um bebê saudável.
Estou vivendo a vida que sempre sonhei, mas ao mesmo tempo sei que é
algo passageiro, nem tudo continuará tão perfeito por tanto tempo. Infelizmente
Avisa, se jogando sobre a cama. — Amor, venha se deitar, deixe para organizar
óculos de leitura.
— Esse seria meu sonho, mas vamos esperar esse bebezinho nascer.
Ultimamente seu maior hobby tem sido admirar minha barriga todos os dias.
Viro o bastante para ficar de frente para Dom, aproveitando para beijá-lo.
Ele aprofunda o beijo, deslizando as mãos pelo meu corpo. Afasto quando
percebo suas intenções, sorrindo ainda com os lábios grudados aos seus.
beijo em meu pescoço, passando a ponta dos dedos sobre minha barriga.
— Boa noite, Sophia! Desculpe por estar te ligando tão tarde, mas eu
lado.
— O papai acabou sofrendo um infarto. Ele ainda não está muito bem, e
Meu pai passou anos sem ao menos me fazer uma simples ligação, me
excluiu da sua vida sem pensar duas vezes. E agora, que percebeu que corre
risco de vida resolveu me procurar, talvez ele queira apenas se sentir em paz, o
que não adianta tanto, afinal teve tempo o suficiente para me procurar.
Tive tanto medo que Bela passasse pela mesma dor que passei no
— Meu pai sofreu um infarto, e minha irmã quer que eu vá vê-lo. Não sei
nem que pessoa ele se tornou, sendo sincera, eu não consigo nem me recordar da
Somos completos estranhos, por mais que doa, já entendi que não somos uma
família, e estamos longe de sermos. Mas sei que posso ficar com a consciência
pesada caso algo de ruim aconteça a ele. — Desabafo, completamente perdida,
guardar mágoas daquele homem. Não consigo o ver como meu pai, o vejo
apenas como uma pessoa que convivi no passado.
— Posso te acompanhar, loira.
Essa é uma parte da minha vida que diz respeito apenas a mim, não quero
que Dominic se envolva. Preciso enfrentar os fantasmas do passado para
finalmente dizer que estou livre para ser feliz. Há coisas que precisamos
enfrentar sozinhos.
dia, então não tem motivos para você se preocupar. — Apoio a cabeça em seu
peitoral, ouvindo as batidas do seu coração.
— Não me agrada saber que você viajará sozinha para uma cidade
distante, me preocupo tanto com você. Nunca imaginei que amar alguém poderia
doer tanto, diariamente tenho medo que algo de ruim aconteça a você. Não sei se
consigo sobreviver sem ter a senhorita ao meu lado.
— O amor não é perfeito, assim como tudo na vida. E você não vai me
perder, então fique tranquilo. Acho que agora só terminaremos nossa história
quando estivermos velhinho.
amor.
está agindo como se fôssemos passar anos em outro estado, e não poucos dias.
— Amor, tem certeza que não quer que eu vá com você? Já disse que
— Pode ficar tranquilo, vou me cuidar muito bem. — Passo a ponta dos
dedos em seu rosto, sentindo sua barba me causar cócegas. — Agora me dê essa
pequenininha, não podemos perder o voo.
— Não consigo viver sem vocês. Me ligue assim que o avião aterrissar,
mentalmente a todo instante para não pensar o pior. Controlar meus pensamentos
ela. É tão estranho pensar que temos um laço sanguíneo, não consigo a enxergar
como minha irmã, talvez seja pela pouca convivência que tivemos.
como uma versão mais jovem de nossa mãe. Mesmo que tenha puxado a cor do
cabelo de nosso pai, o restante parece ter sido apenas copiado de mamãe,
principalmente o sorriso.
— Foram anos sem ao menos ouvir a voz dele. É impossível não sentir
pensamentos.
Entro no quarto de hospital, e assim que o olhar do meu pai recai sobre
mim sinto um frio na barriga. Em passos curtos, me aproximo da cama, vendo-o
me analisar minuciosamente.
como seria tal momento, principalmente no dia dos pais, onde eu mais sofria
com sua ausência.
contrário, parece que estou de frente com um estranho ao qual nunca tive contato
algum.
— Quando aceitei vê-lo o propósito não era falar sobre meus problemas
pessoais.
— Engraçado, não fui sua filha por muitos anos. — Minha voz sai
quanto foi ruim ter um pai ausente por anos. Acha que eu ficava feliz quando
chegava o dia dos pais?
— Não te chamamos aqui para você julgar seu pai. — Minha madrasta
murmura, se colocando ao lado do meu pai, me olhando feio, deixando claro que
não está nada satisfeita com minha presença.
certeza que não preciso de mais. — Fecho os olhos, tentando me manter calma,
não posso perder a compostura.
assim eu pude ter certeza que o homem que me abandonou no passado não
mudou.
que me receberia muito bem. Por que insistimos em pensar que uma pessoa que
nos causou dor no passado pode ter mudado? Meu pai me não deu nenhuma
evidência de que estava arrependido, ou que ao menos queria tentar reparar todo
parte do meu passado para trás, vendo Sabrina me acompanhar até a saída do
hospital.
— Me desculpe, Sophia! Ele pediu tanto para te ver, não imaginei que
reagiria tão mal. Quer que eu fique no hotel com você? É o mínimo que poderia
fazer, já que te fiz viajar horas para aguentar insultos do nosso pai.
ligação alguma. Infelizmente não somos uma família, não conheço vocês, como
posso dizer que são meus familiares? E pode ficar tranquila, posso ficar sozinha.
quiser, podemos tentar uma aproximação. Não me esqueci de você, senti sua
Apenas aceno que sim, desejando mais que tudo me afastar logo desse
lugar.
— Tudo bem.
nossa mãe.
— Claro, creio que podemos ser amigas.
Desejo não perder o contato com Sabrina mais uma vez, infelizmente não
poderemos recuperar o tempo perdido, mas podemos construir novas memórias a
partir de agora.
ruins. Agora, a única sensação é que acabei de chegar ao fim de uma fase, eu
poderia questionar o porquê ter vindo de tão longe para não ser bem recebida,
mas eu precisava disso, precisava olhar nos olhos do homem que me deixou na
infância e ver que ele se manteve distante por escolha, e que infelizmente não
posso fazer nada para mudar nossa relação.
Bela engatinha até mim, se deitando sobre minhas pernas, sorrindo
abertamente, fazendo a chupeta cair. Esse pequeno ser humano me trouxe mais
Digito o número de Dom, me culpando por não ter ligado antes. Minha
cabeça estava tão exausta com os acontecimentos das últimas horas que quando
— Foi horrível, Dom, ele não me tratou nada bem, foi pior do que
imaginei. — Desabafo, passando a ponta dos dedos sobre o rosto da minha filha,
— Sim, eu não poderia ficar na casa do homem que se diz meu pai.
Assim como minha mãe, ele não ficou nada contente quando viu que já era avó.
Amanhã já estarei de volta.
— A única pessoa que perderá algo é ele, você fez sua parte, o que faz
com que eu sinta mais orgulho ainda. Infelizmente não podemos mudar a escolha
das pessoas.
Dom tem razão, eu não posso e nunca poderei fazer escolhas para os
outros. Tenho controle apenas sobre a minha vida.
Olho para o relógio em meu pulso, constatando que já se passa das duas
da manhã quando entro no táxi, seguindo até o hotel onde Sophia está
hospedada.
Quando ela me contou tudo que havia acontecido com seu pai, não
pensei duas vezes antes de arrumar as malas e comprar uma passagem para
encontrá-la.
Seus olhos levemente inchados indicam que ela chorou nas últimas
horas.
sua testa, inspirando o cheiro agradável que seu cabelo exala, desejando protegê-
la de qualquer pessoa que se aproxime apenas para machucá-la.
por uma segunda vez prometi a mim mesmo que sempre estaria ao seu lado, e é
isso que estou fazendo nesse momento. — Acaricio sua bochecha com o polegar,
vendo um sorriso tímido brotar em seus lábios.
digamos que não foi o encontro mais agradável do mundo. — Comenta, dando
saudades de vocês.
Caminho até a cama, onde meu pequeno anjinho está dormindo rodeada
por travesseiros. Aproximo com cautela para não acabar a acordando, dando um
beijo rápido em sua bochecha rosada.
Nesse exato instante, tenho tudo de mais precioso em minha vida em meus
braços.
Comprimo os lábios, tentando não rir da falha tentativa de minha mãe de
bordar uma toalha. Pelo que me disse, estava tentando bordar seu nome, mas só
de olhar superficialmente sei que falhou miseravelmente. Ela está em uma fase
que quer aprender novas coisas, apenas essa semana tentou ser confeiteira e
bebida amarga, tomando coragem para contar meus planos a minha mãe.
Talvez seja cedo para noivarmos, mas tempo nunca foi nosso forte. Na
verdade, o tempo é algo relativo de casal para casal, alguns levam anos para
Não esperava que ela fosse ficar contente, já esperava preparado para
— Essa não era bem a reação que eu esperava da senhora, por isso
— Dom, como sua mãe, preciso reconhecer que Sophia tem sido ótima
para você. Nunca te vi tão radiante antes. — Mamãe sorri. — No início pensei
que ela não era a mulher apropriada para você, e me envergonho disso, afinal ela
Sempre fui uma pessoa indecisa, nunca tive certeza de nada, mas desde
que Sophia me deu uma segunda chance soube qual é a sensação de ter certeza,
agora sei que a quero ao meu lado pela eternidade.
ocupar o banco do motorista repasso tudo que desejo falar para ela mentalmente,
pedindo ao universo que ela aceite o pedido. Preciso dessa mulher para sempre
em meu lado tanto quanto as estrelas precisam do céu.
— Que flores lindas, Dom. — Suas mãos delicadas correm pelo buquê de
Aos poucos estou aprendendo que preciso a conquistar todos os dias com
pequenos gestos.
Assim que contei a minha mãe que já havia comprado o anel no dia anterior ela
prontamente se dispôs a me ajudar.
meu coração, a única coisa que posso afirmar com convicção é que a quero ao
— A cada dia que acordo ao seu lado tenho mais certeza de que você é a
mulher da minha vida. Sei que no início não soube te amar da maneira correta, e
se for preciso estou disposto a dedicar toda a minha vida para provar o quanto
com diversos diamantes cravejados ao redor. Não foi fácil escolher um anel,
pedra de esmeralda.
com ela.
— Te farei a mulher mais feliz desse mundo. — Beijo sua barriga, antes
de me levantar. — Obrigada por me apresentar o amor.
predestinação, tenho certeza que meu coração pertence a ela mesmo antes de
nossas almas se encontrarem. Eu não poderia em hipótese alguma amar nenhuma
A guio até o centro da plantação, onde pedi que minha mãe preparasse
lembre desse dia daqui alguns anos e sorria como uma boba, assim como eu
provavelmente farei.
torta de chocolate recheada com morangos. Ela se serve com uma fatia, vindo se
Deslizo a mão pelos fios loiros do seu cabelo, encantado com a beleza de
— Essa torta está maravilhosa, tenho certeza que o bebê também amou.
pequenininho. — Ela coloca a mão sobre a minha que está em sua barriga. —
mas sinto que ele veio no momento certo. O inesperado muitas vezes reflete o
que desejamos no nosso mais profundo.
simples ciclo natural nunca foi tão especial, tanto que desejei eternizar esse dia
para sempre em minha memória, cada pequeno detalhe, cada sentimento que
com o passar do tempo fui aprendendo que a vida não é como um conto de
fadas, então fui obrigada a deixar meus sonhos bobos para trás e me conformar
com a realidade.
insistiu em me vendar por uma segunda vez, dizendo que as surpresas ainda não
haviam chegado ao fim.
A única luz provém das lâmpadas que estão em volta das árvores.
vezes tudo que precisamos é de um gesto clichê, como ganhar flores. Caminho
pelo estreito caminho de pedras que levam até a mesa acompanhada por
Dominic.
preparadas.
Desde que decidi que daria uma segunda chance para Dominic venho o
avaliando dia após dia, e me surpreendo em ver seu empenho para me ver sorrir,
mesmo que seja com coisas bobas.
também não serei, afinal somos seres humanos sujeitos a errar sempre. A
diferença é que vejo seu esforço em tentar ser a melhor versão de si dia após dia.
Não posso dizer que fui a culpada pela mudança de Dominic, porque sei
que não sou, nenhum ser humano ter o poder de mudar o outro. Dom mudou por
livre espontânea vontade. Sinto orgulho dele por tal feito, mudar hábitos e
Fito o anel presente em meu dedo anelar, ainda não acreditando que estou
noiva.
esteja enganada, mas tenho a leve impressão que Dominic está mais animado
que eu, pois parece já ter escolhido até o local da cerimônia.
São exatamente 00h00 quando Dom estaciona o carro em frente à sua
casa, vindo rapidamente abrir a porta para mim, como o bom cavalheiro que é.
maçaneta dourada, sorrindo ao ver minha filha dormindo nos braços da avó a
sala de estar mostram que a noite da mãe do Dominic foi bastante animada.
Aproximo das duas com a pouca luz que a lareira emana, vendo o quanto
o ambiente está agradável. Deixo a bolsa na mesa de centro com cuidado para
não provocar nenhum barulho e acabar acordando minha filha, parando ao lado
de Verônica.
— Sinto falta de quando Dom ainda era um bebê que amava dormir em
— Creio que também sentirei falta quando Bela estiver adulta. — Sento-
— Nos últimos dias estive pensando em adotar uma criança, até comentei
com meu esposo, que apesar de achar loucura amou a ideia.
Olha-a surpresa.
— Não sou mais uma jovem, o que me impede de gerar uma vida da
maneira convencional, e para ser sincera, esse nem é o meu desejo. Quero gerar
um filho do coração. Me perdoe por não ter sido gentil com você em nosso
como tenho visto nos últimos dias. Não existe nada melhor para uma mãe do que
— Tudo bem.
Não preciso ser melhor amiga da Verônica, mas precisamos ter um bom
relacionamento para o bem dos meus filhos e do meu noivo.
entra na sala de estar, indo diretamente até sua mãe. — Estava com saudades da
minha princesinha. — Com uma delicadeza imensa, Dom pega Bela nos braços,
plantando um beijo em sua testa.
— A leve para o quarto, meu filho, enquanto isso vou preparar um chá
para mim e para a Sophia. — Verônica se coloca de pé, passando as mãos sobre
o vestido.
casa, assim que o perco de vista, vou de encontro a Verônica, que já me aguarda
para o anel em meu dedo, nos servindo com uma xícara de chá. — Quando falei
com Dom pela última vez pensei que meu filho teria um ataque do coração por
conta do nervosismo, ele estava morrendo de medo que você dissesse não.
— Foi perfeito. Dom é um bobo por pensar que eu diria não. — Pego o
adoçante, colocando algumas gotas em minha xícara. — Estou tão ansiosa para
começar os preparativos do casamento.
em seguida. — Fiquei tão entretida com a Bela que nem percebi o passar das
horas, disse ao meu marido que não voltaria tão tarde, preciso ir. Nos vemos
amanhã, Sophia. Tenha uma boa noite.
Acabo de tomar meu chá, seguindo até o quarto que venho dividindo
com Dom nos últimos dias, aos poucos acabei me mudando para esta casa sem
que ao menos percebesse. Abro a porta, percebendo que Dom não está no
cômodo.
— Se soubesse que estava aqui teria vindo antes. — Dom diz no instante
quando a coloquei no berço e precisei cantar para que ela dormisse. Minha mãe
já se foi?
— Sim, ela não havia percebido que estava tão tarde. — Apoio a cabeça
Tento fazer a típica cara de coitada que uso quando quero algo.
processar o fato de que estou noiva e me casarei nos próximos meses. Tenha a
impressão que estou vivendo um sonho e que a qualquer momento acordarei
— Não quero algo tão chamativo, prefiro um vestido mais simples e sem
tanto tecido. Temos que nos lembrar que até o casamento eu estarei com algumas
arara de roupas.
nossa frente.
— Apoio a ideia da sua sogra, será ótimo fazer um vestido do jeito que
desejar.
— Tudo bem.
daqui.
improváveis.
pouco tempo. Dom é maluco em optar por se casar em tão pouco tempo.
noiva fomos diretamente para o ateliê que Verônica havia nos indicado, onde
passei três horas descrevendo como queria o vestido, enquanto a estilista tirava
minhas medidas. No final fiquei mais que satisfeita com o esboço do desenho do
e posso dizer que por alguns instantes cheguei a cogitar a possibilidade de ficar
portifólio, admirando os lindos arranjos feitos por ele. — É a minha flor favorita
desde sempre.
— Ele não tem noção do quanto é perigoso dizer isso a uma mulher.
— O que acha de um mix com lírios rosas e brancos. — Verônica sugere.
Bela nos braços, o semblante de cansaço presente em seu rosto deixa claro que
Pela manhã, Dom se prontificou para passar o dia com nossa filha
cansaria o pai.
— Você merece o mundo por ter cuidado dela por tanto tempo sozinha.
— Com certeza.
— Acho que precisarei de uma boa massagem nos pés, sua mãe me fez
andar tanto.
adolescência.
preparativos. Minha salvação foi aos dez anos de idade, quando Wes me deu a
uma gargalhada.
Confiro se Bela dormiu, saindo de seu quarto, deixando a porta
entreaberta. Minha pequena estava exausta, um forte indício que deu bastante
trabalho para o pai durante o dia. Desço as escadas, atravessando a sala de estar,
entrando na cozinha.
Doce tem sido meu maior desejo até o momento, tenho a leve
desconfiança de que conseguiria falir Dom caso entre em alguma loja de doces.
estava enjoada comia como um dragão tudo que encontrasse pela frente, o que
Vanessa, enquanto ela me serve uma fatia de torta de maça. — O sabor da sua
comida é sensacional.
— Tem certeza, senhorita?
— Será uma honra participar desse momento tão especial para o meu
vi tão radiante, e olha que eu conheço Dom há muitos anos. Você e Bela
trouxeram vida para essa casa.
— Ele está me fazendo tão bem. Eu não fazia ideia de que o amor
— Vai ver que ficará ainda mais lindo com o passar dos anos.
Não sei o que o futuro nos reserva, só espero do fundo do meu coração
estou em uma contagem regressiva para ter Sophia oficialmente como minha
esposa.
esquisita.
— Você tem razão. Noivas atrasam. — Repito em alto e bom som, para
— Preparou os votos?
Apenas assinto que sim com um aceno, vendo meu amigo dar a volta no
altar, indo em busca da minha noiva.
Passo a ponta dos dedos pelo tecido rendado do vestido, pairando a mão
sobre a barriga pontuda, a renda florida combinou muito bem com o modelo
que tenho uma nova experiência pela frente, afinal descobrirei como é ter um
de que fui pedida em casamento na semana passada, e não a cinco meses atrás.
marejados. — Sempre quis que Dominic se casasse, e fico feliz por ele estar
— Obrigada!
— Esse bebê está tão agitado hoje. — Apoio a mão na barriga, sentindo
— Aquele bobão está pensando que você desistiu de se casar com ele. —
Wesley se aproxima. — Vamos?
— Tem certeza de que não quer fugir? — Wesley pergunta, com uma
pitada de humor presente em sua voz. — Eu sei o quanto Dominic pode ser
ranzinza as vezes.
Resolvi entrar acompanhada por Wesley, já que não fazia muito sentido
meu pai me levar até o altar. Dou uma olhada rápida para os convidados, vendo
mantendo o olhar fixo ao meu, deixando que uma lagrima escorra por seu rosto.
— Te amo, Dominic.
— A cada dia que passa estou aprendendo a te amar ainda mais, loira. Os
últimos meses que passamos juntos foram os mais felizes da minha vida, e eu
tenho plena certeza de que desejo passar o restante dos meus dias ao seu lado.
Não te prometo uma vida sem problemas, mas prometo estar ao seu lado em
— Eu, Sophia Brant, aceito você, Dominic Watson, como meu legítimo
esposo e prometo amar-te e respeitar-te na alegria e na tristeza, na saúde e na
doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias da minha vida, até que a
morte nos separe. — Digo, colocando a aliança em seu dedo, mantendo o olhar
fixo ao seu.
— Eu, Dominic, aceito você, Sophia Brant, como minha legítima esposa
e prometo amar-te e respeitar-te na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na
riqueza e na pobreza, por todos os dias da minha vida, até que a morte nos
separe.
meu menino. Minha barriga está gigantesca, parece que a qualquer momento
posso explodir.
Foi uma briga para escolhermos o nome no bebê, todos queriam opinar,
Wesley chegou a preparar uma lista com os possíveis nomes. Depois de muito
bebê já comecei a montar o quarto dele. Tudo já está pronto para a chegada do
meu menino.
nele.
Ele sorri.
— Meu anjo, você é a mulher mais linda que existe no mundo, e está
mais linda agora que está grávida. Nenhuma mulher é capaz de ser tão bonita
quanto você, e essa barriga redondinha te deixou ainda mais perfeita. — Ele
corretamente.
do que já é.
Verônica é outra que baba bastante na Bela, todos os dias faz questão de
vir ver a neta
— A vovó vai vir aqui mais tarde. Agora vamos tomar café da manhã.
Vanessa nos cumprimenta com um sorriso, ela vem sendo um anjo para mim.
reconhecesse.
— Como você pode ver, ele está elétrico, se mexeu a noite inteira.
Dominic até tentou conversar com ele, mas que ouviu a voz do pai ficou mais
agitado do que já estava. — Explico como foi minha noite.
analisando.
— Vanessa é um anjo em nossas vidas, não sei o que seria de nós sem
ela.
Bela.
Ele a pega no colo, já que eu não estou dando conta. A minha barriga já
está bastante pesada para conseguir segurar uma criança nos braços.
Seguro na mão de Dom, enquanto ele me guia pelo tapete branco. O
salão está repleto de mesas da cor dourada, tudo está decorado no estilo clássico
antigo.
Dominic.
— Obrigado.
Dom volta a pegar em minha mão, para irmos até a mesma onde está
nossa família.
pergunta de uma forma divertida, ele quer ser o padrinho do nosso bebezinho,
ele já vem pedindo isso há um bom tempo. — Por favor.
— Sim, Wesley, você será o padrinho do Edward, e a minha amiga
Evelyn será a madrinha.
falar, ela está com um sorriso lindo no rosto, o que indica que é uma boa notícia.
Depois do jantar pedi para Dominic para irmos embora, meu bebê estava
agitado, e quando ele começa a se mexer muito minha coluna fica dolorida, sem
contar que todo meu corpo doe quando fico sentada por muito tempo.
Tiro a minha sapatilha, me jogando na cama. Logo Dom surge em minha
pé. Fecho os olhos quando ele passa a barba áspera pelo meu pescoço, fazendo
seus braços.
madrugada.
Agora é oficial, a qualquer momento meu bebê pode nascer, já estou com
nove meses de gestação. Eu optei pelo parto normal, e estou na doce espera.
Nessa última semana Edward está bastante agitado, é até difícil dormir a noite, já
que ele não quieta. Acho que ele pensa que a minha barriga é uma espécie de
pior, eles doem muito, eu mal consigo andar por conta da dor e a falta de ar.
Ele se coloca de pé, indo até o closet pegar um paletó preto para poder ir
finalmente trabalhar.
Levanto-me para ir pegar o robe, mas assim que coloco os pés no chão,
sinto uma dor terrível e um líquido quente escorrer por minhas pernas.
Ele sai rapidamente do closet, vindo até mim com uma expressão
carregada de preocupação.
nascer.
— Fique calma, vou ligar para minha mãe enquanto você troca de roupa.
— Fica calmo, d por favor pegue aquele vestido ali. — Aponto para um
Faço uma careta de dor quando outra contração me atinge. Coloco a mão
carro a caminho do hospital. O trajeto não foi nada tranquilo, e parece ter durado
— Fica calma.
chorar. Quando sinto que a dor passa abro os olhos. — É um pouco difícil ficar
calma, dói muito.
— Eu também te amo.
Depois de quatro horas sofrendo com contrações finalmente já está na
hora de dar à luz ao meu filho. Minhas forças já estão quase esgotadas quando
Não vejo a hora de ver o rostinho do meu bebê, ver se ele será loirinho
Aceno em concordância.
A contração vem e eu empurro o bebê com força, tenho quase certeza que
quase quebrei a mão do Dominic pela força que usei para apertar. Dominic me
incentiva com um olhar terno, ele sabe que estou quase no meu limite, minha
testa já está banhada pelo suor.
lágrimas caírem, meu corpo todo está dolorido, não aguento mais essa dor.
Tenho medo de não dar conta de trazer meu bebê ao mundo e algo de ruim
acontecer com ele.
Fecho os olhos e empurro meu bebê com força, agarro a mão do meu
marido. A sala é preenchida por um choro forte e alto. Olho para Dominic que
está com os olhos marejados olhando para a enfermeira que pega o nosso bebê.
da cor azul. Ela me entrega Edward, e eu não consigo me conter, acabo deixo
mais lágrimas caírem. Seguro ele com todo amor do mundo, passando a mão no
rostinho pequenininho do meu filho.
— Sim.
O nosso bebê abre os olhos e nos sorrimos para ele, os olhos de Edward
são azuis como o do pai. Ele é tão lindo, é uma bela mistura minha e de
Dominic.
— Oi garotão. Você é muito lindo, e ainda por cima nasceu com os olhos
iguais aos meus. — Ele pega na mão de Edward, que agarra o dedo do pai.
enfermeira diz, pegando meu bebê. — Prometo que mais tarde levarei o seu
Como eu queria ficar com ele, tê-lo pertinho de mim, sentir o calor do
corpo dele, sentir o cheirinho de bebê, mas entendo que ele precisa fazer alguns
exames para ver se está tudo bem, aparentemente Edward parece estar bem, mas
é sempre bom ter total certeza. A saúde dele vem em primeiro lugar, e eu terei
uma vida inteira para mimá-lo.
Assisto Dom pegar uma cadeira e se sentar ao meu lado, ele também está
aparentemente cansado. Meu marido sussurra um "durma" e é o bastante para
braços.
o meu pequeno, que está enrolado em uma manta azul, vestindo um macacão
vocês.
Foi tão bom poder amamentar meu filho pela primeira vez, ele é bastante
guloso, assim que eu coloquei o peito próximo a boca dele Edward começou a
parto entrei em desespero, mas tentei não demonstrar para não a deixar ainda
mais apavorada. Todo o meu nervosismo se esvaiu quando ouvi o choro do meu
filho, foi um dos momentos mais importantes da minha vida, nunca havia
presenciado o nascimento de uma nova vida.
degraus que levam até a entrada de nossa casa, o bebê ainda está dormindo
tranquilamente. Abro a porta, deixando que Sophia entre primeiramente, Bela é a
primeira a vir em nossa direção sorrindo.
muito.
Sorrio ao ver o jeito carinhoso que minha mulher está explicando para
Bela.
quanto essas duas mulheres e esse garotão fazem minha vida perfeita.
Ajudo Sophia a sentar-se no sofá, entregando Edward para ela. Bela por
Demora poucos segundos para Vanessa vir até nós como um furacão.
— Eles estavam aqui mais cedo, mas o menino Leo passou mal e eles
tiveram que levá-lo ao hospital. Não foi nada grave, apenas uma virose, eles
mandaram desculpas por não estarem aqui, e avisaram que em breve vão vir
visitar vocês. E enquanto Verônica não estiver aqui posso te ajudar com as
crianças, Sophia. — Oferece ajuda. — Eu vou fazer uma sopa para você
olho na Bela, por favor. — Grito para a Vanessa, que estava indo para a cozinha.
quarto. Vamos até o nosso quarto, onde ajudo minha esposa a se deitar, ocupando
olhar cansado.
— É filho, acho que aquele berço só pode ter espinhos ou você prefere o
bebê chorão.
amamentar meu pequeno. Levanto, indo até o quarto, sorrindo ao ver Dom na
Nos sentamos na mesa e logo Vanessa nos serve com uma deliciosa sopa
de legumes.
— Titi. — Bela grita, animada por ver Wesley. Ele a mima muito, faz de
nos braços. — A cada dia você está maior, daqui a pouco já vai estar
bochecha.
tanto.
Acho que seria impossível me sentir mais feliz, tenho um ótimo marido,
Há quase dois eu estava perdida, sem saber o que fazer da minha vida,
não sabia como iria cuidar do bebê que estava dentro de mim. Como Evelyn diz:
Evelyn, segundo meu marido, não sou muito confiável atrás de um volante.
vindo abrir a porta para mim. Retiro Edward de seu acento, enrolando-o com
uma manta azul de tricô, que foi feita por Verônica, saindo do veículo.
Minha mãe está a alguns metros de distância, sua aparência não está das
melhores, seu olhar está cansado, e as olheiras abaixo dos olhos indicam que não
está dormindo nada bem.
está?
Durante toda minha gestação ela não fez questão alguma de estar
presente, sequer uma ligação recebi de sua parte. Eu também acabei me
afastando completamente, apenas enviava dinheiro todos os meses para que ela
pudesse se manter.
nos levar. — Proponho, apontando para o motorista, que ainda está parado ao
lado do carro.
Ela apenas confirma que sim com um aceno, aceitando entrar no carro.
Desço do carro com Edward nos braços. O trajeto foi feito em um
passagem para entrar. Tudo está como dá última vez em que estive, ao mesmo
tempo que esse lugar me traz lembranças ruins, me lembro dos momentos bons
primeira vez em meus olhos. — Não fui uma boa mãe para você nos últimos
anos, quando você mais precisou eu não te apoiei, ao contrário, fui a primeira a
você ao meu lado, quero ter a chance de recomeçarmos como mãe é filha.
nos braços.
— Quer pegá-lo?
— Ele é um bebê bem chorão, não se parece com Bela, que era mais
calma.
nunca havia conversado com ela, nem consigo me recordar quando foi a última
cabelo.
em sua bochecha.
conversamos bastante, ela me pediu perdão por tudo. Sai de lá aliviada, agora
sinto que estou feliz por completo. — Conto animada.
— Fico feliz por você, amor. Vou colocar as crianças para dormirem. —
Ele levanta-se com Bela nos braços, indo pegar o Edward.
trocar fraldas, checar a temperatura da mamadeira para poder dar para a Bela. E
sempre que pode brinca até de bonecas com nossa filha, ele faz questão de ser
um pai presente.
acompanhar no banho. Chego para frente, deixando que ele se acomode atrás de
— Amor... — O chamo.
— Você fica tão linda rendida aos meus encantos. — Diz, beijando o meu
pescoço.
— Eu te amo muito.
beijando-o carinhosamente.
É com esse homem que desejo passar o resto dos meus dias.
Quatro meses depois...
Não me canso de agradecer a Deus pela família maravilhosa que tenho.
amor, cumplicidade, brigas, troca de carícias. Nesse período percebi que nem
tudo é fácil, algumas coisas são mais difíceis do que aparentam. Um casal tem
temos muitas diferenças, mas com o tempo aprendemos a lidar com cada uma
delas.
menino.
Duas semanas após mamãe me pedir perdão meu pai fez o mesmo, não
foi uma conversa fácil. Eu o perdoei, acho que todos merecemos uma segunda
chance na vida, gradativamente nossa relação está melhorando.
discreto. — Obrigada pela maravilhosa festa. Estou tão feliz por estarmos
— Você merece. — Ele beija minha testa. — Esse vestido te caiu muito
bem. — Dom elogia, olhando para meu vestido verde água, que tem o
— Para de fazer esses comentários aqui, com toda nossa família ao redor.
com belos arranjos com as mesmas rosas. Nosso jardim está abarrotado de
— Oi, anjinho. — Beijo a bochecha dela que está rosada por conta do
calor. — O que aconteceu? — Coloco uma mecha do seu cabelo atrás da orelha.
outro lado do jardim, onde Verônica está com o nosso pequeno chorão nos
braços.
— Filho, não coloque meu cabelo na boca. — Olho feio para Edward,
que ignora minha frase, continuando a colocar os fios de cabelo na boca.
— Esse meninão vai dar trabalho para vocês. — Minha sogra comenta.
— A cada dia que passa admiro mais você como mãe, Sophia.
— Obrigada, Verônica. — Sorrio para ela. — Tento ser uma boa mãe
todos os dias.
— Ele está comendo o sapato. — Bela aponta para o irmão, fazendo uma
careta. — Bobão.
— Ele é apenas inocente, não bobo. — Sorrio, vendo que Bela ainda está
— Já falei para você ter seus filhos e parar de querer roubar os meus. —
O dia foi uma loucura, eu e Dom nos esforçamos o máximo para dar
atenção a todos os nossos familiares. Há três anos eu jamais imaginava que teria
uma família tão grande e unida, parece que nos últimos tempos a vida finalmente
resolveu sorrir para mim. Minha relação com minha mãe mudou drasticamente.
combinando muito com meu humor. A lua cheia e as estrelas refletem a alegria
Acho que finalmente o meu “felizes para sempre” parece ter chegado,
isso não quer dizer que não terei problemas, mas poderei estar feliz mesmo
diante deles.
Olho sorrindo como um bobo para Sophia, que está sentada no chão da
sala vendo Bela e Edward brincarem, minha pequena está desenhando, enquanto
Posso ter um dia estressante ao extremo, mas assim que chego em casa
encontro minha calma em minha família.
Por sorte Sophia está trabalhando comigo, não é todos os dias que ela
— Papai, papai, papai — Bela grita, assim que me vê, vindo correndo em
minha direção com um largo sorriso nos lábios.
Edward vê sua irmã correr e logo se levanta, vindo correndo até mim de
forma desengonçada, equilíbrio ainda não é o seu forte.
filhos.
Vanessa surge da sala de jantar, vindo até nós sorrindo. Ela está sendo
uma espécie de faz tudo em nossa casa.
Puxo a Sophia pela cintura, trazendo-a para perto do meu corpo. Parece
ser algo impossível, mas a cada dia que passa ela fica ainda mais linda.
A guio até o sofá, a puxando para sentar-se em minhas pernas. Ela se
senta, colocando a cabeça apoiada na curva de meu pescoço enquanto uma de
Nesses últimos meses minha esposa está bastante feliz, pois seu pai
acabou de vez o relacionamento que tinha há vários anos com sua ex-madrasta
da Sophia. E agora ele está tentando conquistar a Sônia novamente, ele precisará
ter muita paciência, porque minha querida sogra não é a pessoa mais gentil desse
mundo.
Claro, Sônia melhorou muito a relação com Sophia com o passar do tempo, mas
no fundo sei que minha esposa ainda tem medo de se abrir totalmente para a
mãe.
local.
somente hoje desconfiei do que poderia realmente ser. Então fui até uma clínica
no período da tarde e resolvi fazer o exame de sangue para ver se estava grávida
ou não — Ela se levanta do meu colo, caminhando até a cadeira que fica ao lado
do sofá, pegando um envelope branco. — Parabéns Dominic, você será papai
novamente.
novamente. Com delicadeza ela ergue um pouco sua blusa, deixando a barriga
exposta, pegando em minha mão levando-a até sua pele desnuda. — Aqui dentro
Passo minha mão pela sua barriga, acariciando o local enquanto uma
lágrima escorre pelo meu rosto. É tão mágico saber que uma vida que carrega o
meu sangue virá ao mundo daqui alguns meses. Mesmo já sendo pai de duas
— Por alguns segundos até imaginei que você não gostaria. — Sophia
confessa, dando um selinho rápido em meus lábios.
sorriso para ela. — Bela ficará muito feliz, vai que agora ela dá sorte e venha
uma menininha. — Dou uma gargalhada alta ao lembrar que minha filha quer
roubar os filhos dos outros.
Sophia parece um anjo, tanto pela sua beleza quanto pela doçura. Ela é a
Passo a mão novamente em sua barriga que ainda não aparenta os sinais
ao mesmo tempo especial. Claro que a gravidez mexeu muito com as emoções
da Sophia, ela ficou mais sensível, as vezes era até chata. Mas compreendo que a
Ouço passos vindos da escada e logo vejo um bebê loiro subir em cima
— Papai. — Grita, assim que nota minha presença, vindo até mim
correndo. Ela se senta nas pernas da mãe. — Amanhã a vovó vai me levar para
tomar sorvete.
Bela aprendeu chamar Vanessa de vovó quando ainda era muito pequena.
começar a chorar.
— Sim, meu amor, Edward é um bebê muito chorão. Assim a Luna não
vai querer casar-se com você. — Sophia fala, passando a mão no rosto dele.
Wesley acabou ensinando para o meu filho que a pequena Luna é sua
namorada, eu só espero que Edward não acabe soltando isso perto do pai da
menina.
pegá-la?
Pelo jeito teremos mais uma luta para explicar para Bela que não
podemos escolher o sexo do bebê.
hoje não sei muito bem de onde veio a inspiração, só me lembro da sensação
gostosa que foi escrevê-lo, acho que foi o livro que escrevi mais rápido em
minha vida
Quero agradecer a cada leitor que tirou um tempinho do seu dia para ler a
história do Dominic e da Sophia, vocês fizeram esse livro ser ainda mais
especial.
E claro, não poderia deixar de agradecer a L.A. Design por essa capa
incrível, que combinou perfeitamente bem com a história.
Wattpad - @MariaVitoriaSantos1
UM COWBOY PARA AMAR
SINOPSE:
Sabe aquela decisão que muda tudo, que chegou de uma maneira inesperada?
Pois é dela que estamos falando.
vida, mas até então ambos nutriam apenas um sentimento de amizade. Mas tudo
muda no instante em que um casamento por interesse surge nessa equação.
bailarina profissional. Forçada a trabalhar para ajudar o pai nas despesas da casa
e comovida com o câncer da mãe, aceita o cargo de babá na casa de Fernando
Matarazzo, o pai de Noah e magnata das joias, tão belo quanto taciturno e
depressivo. Fernando é um homem que luta contra os demônios do passado, um
pai solteiro que vive para o trabalho e o filho. Contrariado com a presença de
Mirela, tenta afastá-la de todas as formas possíveis, mas acaba tocado por sua
beleza e atraído para seus braços. Mirela se encanta por Noah e aguenta calada
as provocações do patrão, enquanto reluta contra o sentimento que ele desperta
em seu corpo e coração. A paixão desperta e o amor acontece, fazendo-os lutar
Oliver Nicolazzi é um juiz respeitado por toda Santa Catarina. Sua vida
estava em perfeita ordem, junto à sua esposa e dois filhos. Entretanto, tudo muda
e ele assiste seu conto de fadas ser destruído, sendo transformado em um terrível
pesadelo sem fim. Em sua vida Oliver não enxerga um recomeço, para ele a sua
cada passo que dá. Deste modo, nunca imaginou que conheceria alguém capaz
acredita que sorrir é sempre o melhor remédio, assim como, a melhor escolha. O
que o olhar através da vidraçaria de um café pode resultar?